catequese de bento xvi sobre santa teresa de jesus

7/21/2019 Catequese de Bento XVI Sobre Santa Teresa de Jesus

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Catequese de Bento XVI sobreSanta Teresa de JesusQUARTA-FEIRA, 2DE FEVEREIRO DE 2011, 13H33

Caros irmãos e irmãs,

Depois do ciclo de catequeses que quis dedicar aos padres da Igreja e às grandes

figuras de teólogos e mulheres da era medieval, eu quis concentrar-me, desta vez, sobre

alguns santos e santas que foram proclamados doutores da Igreja por causa da elevada

doutrina deles !oje, gostaria de iniciar uma breve s"rie de encontros para completar a

apresenta#ão dos Doutores da Igreja Come#o com uma santa que representa um dos

v"rtices da espiritualidade cristã de todos os tempos$ %anta &eresa d'(vila )de *esus+

la nasceu em (vila, na spanha, em .., com o nome de &eresa de /humada 0a

sua autobiografia, ela mesma menciona alguns particulares da sua inf1ncia$ o

nascimento e a educa#ão por parte de pais virtuosos e tementes a Deus, no interior de

uma fam2lia numerosa com nove irmãos e tr3s irmas /inda crian#a, com menos de 4

anos leu a vida de alguns m5rtires que a inspiraram o desejo do mart2rio, tanto que

chegou a improvisar uma breve fuga de casa para morrer m5rtir e subir ao c"u

)cf Vida ,6+

78uero ver Deus9, disse a menina aos seus pais /lguns anos depois, &ereza falar5 dassuas leituras de inf1ncia e afirmar5 ter descoberto a verdade, que se resume em dois

princ2pios fundamentais$ de um lado 7o fato que tudo aquilo que pertence ao mundo

daqui, passa9: do outro, que somente Deus " para sempre, sempre, sempre, tema

tamb"m presente na famos2ssima poesia “Nada te perturbe, nada de amedronte, tudo

passa, Deus não muda, a paciência alcança tudo. A quem tem Deus nada falta, só

Deus basta" &eresa, que ficou órfã aos ; anos, pede à <irgem %ant2ssima que seja a

sua mãe )cf Vida, ,=+

%e na adolesc3ncia a leitura dos livros profanos a levaram às distra#>es de uma vida

mundana, a e?peri3ncia como aluna junto às irmãs agostinianas de %anta @aria dasAra#as de (vila e a leitura dos livros espirituais, sobretudo aqueles cl5ssicos da

espiritualidade franciscana fez com que ela aprendesse a import1ncia do recolhimento e

da ora#ão /os ;B anos, &eresa entra no mosteiro carmelitano da ncarna#ão, em (vila

0a vida religiosa, ela assume o nome de &eresa de *esus &r3s anos depois, ela adoece

gravemente ao ponto de ficar quatro dias em coma, aparentemente morta )cf Vida .,4+

&amb"m na luta contra as próprias doen#as, a santa v3 como um combate contra as

fraquezas e resist3ncias ao chamado de Deus$ 7Desejaria viver escreve porque

entendia bem que não estava vivendo, mas esta lutando com uma sombra de morte e

não havia ningu"m que me desse vida, nem mesmo eu poderia alcan#a-l5, e aquele que

poderia dar-me tinha raz>es para não me socorrer, haja visto que tantas vezes le mecolocou diante dele e eu mesmo assim, o abandonei )Vida ,;+ m .6E, &eresa perdeu



alguns dos seus familiares$ o pai morreu e todos os irmãos foram para a /m"rica 0a

quaresma de ..6, aos E4 anos, &eresa chega ao cume da luta contra as próprias

fraquezas / descoberta por acaso de um Cristo muito chagado marcou profundamente

a sua vida )cf Vida 4+ / santa que naquele per2odo encontra profunda afinidade com o

%anto /gostinho das 7Confiss>es9, assim descreve a jornada decisiva da sua

e?periencia m2stica$ 7/contece que, de repente me veio um sentido da presen#a de

Deus, que em nenhum modo poderia duvidar que era dentro de mim ou que eu era toda

consumida por le9 )Vida B, +

Faralelamente à maturidade da sua própria interioridade, a santa come#a a desenvolver

concretamente o ideal de reforma da ordem carmelitana$ em .G;, funda em (vila, com

o apoio do bispo da cidade, Dom (lvaro de @endon#a, o primeiro carmelo reformado e

pouco depois recebe tamb"m a aprova#ão dos superior geral da ordem, *oão Hatista

ossi

0os anos posteriores, prosseguem as funda#>es de novos carmelos, que atingiu o total

de dezessete Jundamentalmente " o encontro com %ão *oão da cruz, com o qual, em

.G, constitui em Duruelo, vizinho a (vila, o primeiro convento dos Carmelitanos

descal#os m .B, obt"m de oma a funda#ão a Frov2ncia autKnoma para os seus

carmelos reformados, ponto de partida da ordem religiosa dos carmelitas descal#os

&eresa termina a sua vida terrena enquanto era empenhada nas atividades de funda#ão

m .;, de fato, depois de ter constitu2do o carmelo de Hurgos e, enquanto estava

cumprindo a viagem de retorno para (vila, morreu na noite de . de outubro em /lba de

&ormes, repetindo humildemente duas e?press>es$ 70o fim, morro como filha da Igreja e

agora meu esposo, nos vejamos9 Lma e?ist3ncia consumada na spanha, mas

considerada pela Ireja inteira Heatificada pelo Fapa Faulo < em G6 e canonizada em

G;; por Aregório M< " proclamada 7Doutora da Igreja9 pelo servo de Deus Faulo <I,

em 4=B

&ereza de *esus não tinha uma forma#ão acad3mica, mas sempre viu como tesouros os

ensinamentos dos teólogos, liter5rios e mestres espirituais Como escritora, sempre

levou em considera#ão aquilo que vivia pessoalmente ou havia visto a partir da

e?peri3ncia dos outros )cf Frologo de Caminho da perfeição+ &eresa teve

relacionamentos de amizade espiritual com muitos santos, em particular com %ão *oão

da Cruz /o mesmo tempo, se alimentava com as leituras dos padres da Igreja, como

%ão *erKnimo, %ão Aregório @agno e %anto /gostinho ntre as suas maiores obras, se

destaca a sua autobiografia intitulada Livro da Vida, que ela chamava de livro das

misericórdias do %enhor, composto no carmelo de (vila em .G., que traz um percurso

biogr5fico e espiritual no qual, afirma &eresa, foi submetida sua alma ao discernimento

do 7mestre dos espirituais9, %ão *oão de (vila

N objetivo " de evidenciar a presen#a e a a#ão de Deus misericordioso na sua vida For

isto, a obra conduz frequentemente a um dialogo de ora#ão com o %enhor O uma leitura

que fascina porque a santa não somente narra, mas revive a e?peri3ncia profunda do

seu relacionamento com Deus m .GG, &ereza escreve o Caminho da perfei#ão, porela chamado ?orta#>es e conselhos de &ereza às suas irmãs Doze novi#as do carmelo



de %ão *os", em (vila, foram as destinat5rias / elas, &eresa prop>e um intenso

programa de vida contemplativa a servi#o da Igreja, cujas bases estão nas virtudes

evang"licas e na ora#ão ntre as passagens mais preciosas, o coment5rio do Fai

0osso, modelo de ora#ão / obra mPsstica mais famosa de %anta &ereza " o Castelo

Interior , escrito em .==, em plena maturidade %e trata de uma releitura do próprio

caminho de vida espiritual e ao mesmo tempo de uma codifica#ão da vida cristã em

dire#ão a sua plenitude, a santidade, sob a a#ão do spirito %anto &eresa se refere a

um castelo com sete quartos, como imagem do interior do homem, introduzindo ao

mesmo tempo, o s2mbolo do bicho da seda que renasce como uma borboleta para

e?primir o passagem do natural para o sobrenatural / santa se inspira na %agrada

scritura, em particular no C1ntico dos C1nticos, por causa do simbolo final dos dois

esposos que na s"tima morada, representa o cume da vida cristã nos quatro aspectos$

trinit5rio, cristológico, antropológico e eclesial m sua atividade de fundadora dos

carmelos reformados, &ereza dedica o livro das funda#>es, escrito entre .=E e .;, no

qual ela fala da vida do grupo religioso nascente Como na autobiografia, a história quis

evidenciar, sobretudo, a a#ão de Deus na obra de funda#ão de novos mosteiros

0ão " f5cil resumir em poucas palavras a profunda e articulada espiritualidade teresiana

Aostaria de mencionar alguns pontos essenciais m primeiro lugar, Santa Terea

prop!e as irtudes ean#$licas como base de toda a ida cristã e %umana m

particular, a renQncia dos bens ou pobreza evang"lica e isto est5 relacionado a todos

nós: o amor uns pelos outros como elemento essencial da vida comunit5ria e social: a

humildade como amor à verdade, a determina#ão, como fruto da aud5cia cristã e a

esperan#a teologal, que ela descreve como sede de 5gua viva For"m, sem esquecer-se

das virtudes humanas$ afabilidade, veracidade, mod"stia, cortesia, alegria, cultura msegundo lugar, %anta &ereza prop>e uma profunda sintonia sobretudo com a esposa do

C1ntico dos c1nticos e com o apóstolo Faulo, al"m disto, com o Cristo da pai?ão e com

o *esus ucar2stico

/ santa destaca o quanto " essencial a ora#ão Nrar, diz ela, 7significa encontrar-se com

amizade, j5 que encontramos cara a cara aquele que sabemos que nos ama9 ) Vida , .+

/ ideia de %anta &eresa coincide com a defini#ão de %ão &om5s de /quino sobre a

caridade teologal, como 7amicitia quaedam hominis ad Deum9, um tipo de amizade do

homem com Deus, que antes de tudo ofertou sua amizade ao homem: a iniciativa vem

de Deus )cf Summa Theologiae II-II, ;E,+ / ora#ão " vida e se desenvolvegradualmente paralela ao crescimento da vida cristã$ come#a com a ora#ão vocal, passa

para a interioriza#ão atrav"s da medita#ão e do recolhimento, at" chegar a união do

amor com Cristo e com a %ant2ssima &rindade Nbviamente,não se trata de um

desenolimento no qual subir os de#raus mais altos quer dier dei&ar o modo de

oração anti#o, mas $ sobretudo um aprofundar'se #radual do relacionamento com

Deus que enole toda a ida. (ais que uma peda#o#ia da oração, o modelo de

Teresa $ uma erdadeira )mista#o#ia)* ao leitor das suas obras ela ensina a orar

orando ela mesmo com ele: e em alguns momentos, interrompe a narra#ão e a

e?posi#ão para iniciar uma ora#ão



Lm outro tema caro para a santa " a centralidade da humanidade de Cristo Fara

&eresa, de fato, a vida cristã " rela#ão pessoal com *esus, que culmina na união com

le por gra#a, por amor e por imita#ão Disto a import1ncia que ela atribui a medita#ão

da pai?ão e a ucaristia, como presen#a de Cristo, na Igreja$ ela manifesta um vivo

7sensus ecclesiae9 defronte aos episódios de divisão e conflito na Igreja do seu tempo

eforma a ordem carmelita com a inten#ão de servir melhor e melhor defender a santa

igreja católica romana e est5 disposta a dar a vida por ela )cf Vida EE,.+

Lm Qltimo aspecto essencial da doutrina teresiana que gostaria de destacar " a

perfeição, como aspiração de toda a ida cristã e meta final da mesma / santa tem

uma ideia muito clara da plenitude de Cristo, revivida pelo cristianismo 0o fim do

percurso do Castelo interior, na ultima morada, &eresa descreve tal plenitude realizada

na trindade, na união com Cristo atrav"s do mist"rio da sua humanidade

Caros irmãos e irmãs, %anta &eresa de *esus " a verdadeira mestre de vida cristã para

os fi"is de todos os tempos 0a nossa sociedade tão carente de valores espirituais,

%anta &eresa nos ensina realmente esta sede de Deus que e?iste na profundidade do

nosso cora#ão, este desejo de ver Deus, de procurar Deus, de ter di5logos com le e de

sermos seus amigos sta " a amizade necess5ria para todos nós e devemos procura-l5

dia após dia, de novo N e?emplo desta santa, profundamente contemplativa, e

eficazmente operosa, nos leva a dedicar a cada dia um justo tempo de ora#ão, a esta

abertura em rela#ão a Deus, a este caminho para procurar Deus, para v3-lo, para

encontrar sua amizade e assim a verdadeira vida: porque realmente muitos de nós

deviamos dizer$ 7nao vivo, não vivo realmente, porque não vivo a ess3ncia da minha

vida9 For isto, este tempo de oração não $ um tempo perdido, $ um tempo no qual

se abre a estrada da ida para aprender com Deus um amor ardente por +le, pela

#re-a e uma caridade concreta para com nossos irmãos Nbrigado

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