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FGV Projetos CE Nº 1974/15
APOSTILA DO PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DE DIRIGENTES –
CATEGORIA CONSELHO FISCAL
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
Sumário
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................9
2. O SISTEMA COOPERATIVISTA DE CRÉDITO ............................................................................. 11
2.1 OS ALICERCES CONCEITUAIS DO COOPERATIVISMO ............................................................. 11
2.1.1 VALORES DO COOPERATIVISMO .............................................................................................. 12
2.1.2 PRINCÍPIOS DO COOPERATIVISMO ........................................................................................... 13
2.2 PERCURSO HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO NO BRASIL..................................................... 15
2.3 EMPREENDIMENTO COOPERATIVO NA ESSÊNCIA .................................................................. 23
2.4 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS COOPERATIVAS X BANCOS: DISTINÇÕES RELEVANTES......... 24
2.4.1 POR QUE FAZER PARTE DE UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA
PARA A SOCIEDADE? ................................................................................................................ 28
2.4.2 MARCO REGULATÓRIO ESSENCIAL DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO FINANCEIRO ......... 32
2.5 FUNDO GARANTIDOR DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO - FGCOOP .................................... 40
3. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - SFN ................................................................................... 44
3.1 ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ................................................................. 44
3.2 OUTROS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS OU AUXILIARES FINANCEIROS: CONCEITOS E
ATRIBUIÇÕES............................................................................................................................. 48
3.2.1 BOLSAS DE VALORES ............................................................................................................... 48
3.2.2 SOCIEDADES CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS - CTVM ........................ 48
3.2.3 SOCIEDADES DISTRIBUIDORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS - DTVM ................... 49
3.2.4 SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA - SELIC ..................................................... 49
3.2.5 SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP.......................................................... 50
3.2.6 ESTRUTURA DO SISTEMA DE COOPERATIVAS DE CRÉDITO DO BRASIL ............................... 50
4. O SICOOB ................................................................................................................................... 51
4.1 COOPERATIVAS SINGULARES .................................................................................................. 54
4.2 COOPERATIVAS CENTRAIS ....................................................................................................... 56
4.3 SICOOB CONFEDERAÇÃO ......................................................................................................... 56
4.4 BANCO COOPERATIVO DO BRASIL S.A. - BANCOOB ............................................................... 57
4.5 CABAL BRASIL........................................................................................................................... 58
4.6 FUNDAÇÃO SICOOB DE PREVIDÊNCIA PRIVADA - SICOOB PREVI .......................................... 58
4.7 BANCOOB DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA - BANCOOB DTVM59
4.8 PONTA ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIOS ........................................................................... 59
4.9 SICOOB SEGURADORA ............................................................................................................. 60
4.10 SERVIÇOS DE ADQUIRÊNCIA DE MEIOS ELETRÔNICOS DE PAGAMENTOS............................ 60
4.11 PRODUTOS E SERVIÇOS ........................................................................................................... 60
4.11.1LINHAS DE CRÉDITO E APLICAÇÕES........................................................................................ 60
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4.11.2PRODUTOS E SERVIÇOS ........................................................................................................... 61
5. GOVERNANÇA CORPORATIVA .................................................................................................. 62
5.1 CONCEITUAÇÃO ........................................................................................................................ 62
5.2 NORMAS LEGAIS RELATIVAS À CONSTITUIÇÃO DA GOVERNANÇA NAS COOPERATIVAS.... 64
6. A FORMAÇÃO DA GOVERNANÇA NO ÂMBITO DO SICOOB ...................................................... 66
6.1 FUNDAMENTOS.......................................................................................................................... 66
6.2 NORMAS E PROCEDIMENTOS DA GOVERNANÇA - ÂMBITO DO SICOOB ................................ 66
7. OPERADORES DA GOVERNANÇA COOPERATIVA .................................................................... 70
7.1 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO .............................................................................................. 70
7.1.1 CONCEITUAÇÃO ........................................................................................................................ 70
7.1.2 ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................ 71
7.2 DIRETORIA EXECUTIVA ............................................................................................................. 74
7.2.1 CONCEITUAÇÃO ........................................................................................................................ 74
7.2.2 ATRIBUIÇÕES DOS DIRETORES ................................................................................................ 74
7.3 CONSELHO FISCAL .................................................................................................................... 75
7.3.1 CONCEITUAÇÃO ........................................................................................................................ 75
7.3.2 ATRIBUIÇÕES DO CONSELHEIRO FISCAL ................................................................................ 75
7.3.3 FUNCIONAMENTO DO CONSELHO FISCAL ............................................................................... 77
7.3.4 O PAPEL DO CONSELHO FISCAL E A ASSEMBLEIA ................................................................. 79
7.3.5 ROTINAS DO CONSELHO FISCAL .............................................................................................. 80
7.3.6 ELEIÇÃO ..................................................................................................................................... 82
7.3.7 EDUCAÇÃO COOPERATIVISTA .................................................................................................. 83
7.3.8 FISCALIZAÇÃO E CONTROLE NO ÂMBITO DO CONSELHO FISCAL ......................................... 84
7.4 COMITÊ DE AUDITORIA.............................................................................................................. 87
7.4.1 CONCEITUAÇÃO ........................................................................................................................ 87
7.4.2 ATRIBUIÇÕES DO COMITÊ DE AUDITORIA ................................................................................ 87
7.5 ASSEMBLEIA .............................................................................................................................. 88
7.5.1 ATRIBUIÇÕES DA ASSEMBLEIA ................................................................................................ 88
7.6 OUTROS INTEGRANTES DO PROCESSO DE GOVERNANÇA .................................................... 88
8. COOPERATIVAS BEM POSICIONADAS EM GOVERNANÇA ....................................................... 89
8.1 ÂMBITO INDIVIDUAL DOS ASSOCIADOS ................................................................................... 90
8.2 ÂMBITO DA ASSEMBLEIA GERAL DE ASSOCIADOS ................................................................ 91
8.3 ÂMBITO DOS CONSELHOS ........................................................................................................ 92
8.4 ATUAÇÃO DE CARGOS ESTATUTÁRIOS NAS COOPERATIVAS ............................................... 93
8.4.1 RESTRIÇÕES E VEDAÇÕES EM RELAÇÃO AOS CARGOS ESTATUTÁRIOS ............................. 95
8.4.2 CAPACITAÇÃO TÉCNICA EXIGIDA PARA CARGOS ESTATUTÁRIOS ........................................ 96
8.4.3 CARGOS ESTATUTÁRIOS - DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES .............................................. 96
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9. DOCUMENTOS SOCIETÁRIOS.................................................................................................... 97
9.1 CONSIDERAÇÕES ...................................................................................................................... 97
9.2 ESTATUTO SOCIAL .................................................................................................................... 97
9.3 ATAS DAS ASSEMBLEIAS........................................................................................................ 100
9.3.1 ASSEMBLEIA DE CONSTITUIÇÃO ............................................................................................ 100
9.3.2 ASSEMBLEIAS GERAIS DE ASSOCIADOS ............................................................................... 101
9.3.3 REPRESENTAÇÃO POR DELEGADOS ..................................................................................... 102
9.3.4 ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA ........................................................................................... 103
9.3.5 ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA ................................................................................ 104
9.3.6 ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA ......................................................... 104
10. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............................................................................................. 105
10.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO SICOOB ......................................................................... 105
10.2 DIRECIONADORES ESTRATÉGICOS DO SISTEMA SICOOB .................................................... 106
11. CONCEITOS BÁSICOS DE FINANÇAS ...................................................................................... 107
11.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 107
11.2 VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO ............................................................................................ 108
11.2.1INFLAÇÃO ................................................................................................................................ 109
11.2.2ANÁLISE DE RISCO.................................................................................................................. 109
11.2.3PREFERÊNCIA PELA LIQUIDEZ ............................................................................................... 110
11.3 ANÁLISES DO FLUXO DE CAIXA (CAPACIDADE DE PAGAMENTO) DOS TOMADORES DE
EMPRÉSTIMO ........................................................................................................................... 110
12. CONCEITOS DE ECONOMIA ..................................................................................................... 112
12.1 NOÇÕES DE ECONOMIA .......................................................................................................... 112
12.2 MICROECONOMIA .................................................................................................................... 112
12.2.1ANÁLISE DA DEMANDA OU PROCURA ................................................................................... 113
12.3 MACROECONOMIA................................................................................................................... 114
12.4 MODELOS DE POLÍTICAS ECONÔMICAS................................................................................. 114
12.5 FATORES RELACIONADOS AO PROCESSO INFLACIONÁRIO................................................. 116
12.5.1DÉFICIT PÚBLICO E INFLAÇÃO ............................................................................................... 117
13. INDICADORES ECONÔMICOS .................................................................................................. 118
13.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 118
13.2 INDICADORES DE NÍVEL DE ATIVIDADE.................................................................................. 118
13.2.1PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) ........................................................................................... 118
13.2.2DESEMPREGO ......................................................................................................................... 119
13.3 ÍNDICES DA FGV....................................................................................................................... 119
13.3.1ÍNDICE GERAL DE PREÇOS - DISPONIBILIDADE INTERNA (IGP-DI) ....................................... 119
13.3.2ÍNDICE GERAL DE PREÇOS DE MERCADO (IGPM) ................................................................. 119
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13.4 ÍNDICES DO IBGE ..................................................................................................................... 120
13.4.1ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO (IPCA) ........................................................... 120
13.4.2ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR (INPC) ...................................................... 120
13.4.3ÍNDICE DA FIPE (ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR - IPC) .............................................. 120
13.4.4ÍNDICES DO SETOR EXTERNO ................................................................................................ 121
13.5 ÍNDICES FINANCEIROS ............................................................................................................ 121
14. PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO ......................................................................................... 122
14.1 CONCEITUAÇÃO ...................................................................................................................... 122
14.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO X ORÇAMENTO ................................................................... 123
14.3 ORÇAMENTO X PROJEÇÕES ................................................................................................... 123
15. CONTABILIDADE E GESTÃO FINANCEIRA .............................................................................. 125
15.1 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS....................................................................... 125
15.1.1BALANÇO PATRIMONIAL......................................................................................................... 126
15.1.2ATIVO CIRCULANTE - DISPONIBILIDADE E RELAÇÕES INTERFINANCEI RAS ........................ 128
15.1.3OPERAÇÕES DE CRÉDITO E PROVISIONAMENTO ................................................................. 128
15.1.4OUTROS CRÉDITOS E OUTROS VALORES E BENS ................................................................ 129
15.1.5REALIZÁVEL A LONGO PRAZO/OPERAÇÕES DE CRÉDITO/OUTROS CRÉDITOS .................. 130
15.1.6PERMANENTE .......................................................................................................................... 130
15.1.7PASSIVO CIRCULANTE - DEPÓSITOS E RELAÇÕES INTERFINANCEIRAS ............................. 130
15.1.8 PASSIVO CIRCULANTE - RELAÇÕES, INTERDEPENDÊNCIAS, OBRIGAÇÕES POR REPASSES E
OUTRAS OBRIGAÇÕES E EXIGÍVEL DE LONGO PRAZO ......................................................... 131
15.1.9PATRIMÔNIO LÍQUIDO - CAPITAL SOCIAL, RESERVAS LEGAIS E SOBRAS ACUMULADAS.. 132
15.2 DEMONSTRAÇÃO DE SOBRAS OU PERDAS - DSP ................................................................. 132
15.2.1RESULTADO OPERACIONAL ................................................................................................... 134
15.2.2RESULTADO NÃO OPERACIONAL, ANTES DA TRIBUTAÇÃO E PARTICIPAÇÕES ................. 135
15.2.3 SOBRAS/PERDAS ANTES DAS DESTINAÇÕES, JUROS AO CAPITAL E SOBRA LÍQUIDA DO
EXERCÍCIO ............................................................................................................................... 135
15.3 DEMONSTRAÇÕES NAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO - DMPL ............................... 136
15.4 DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA .................................................................................. 138
15.5 ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO .................................................................... 140
15.5.1LIQUIDEZ CORRENTE .............................................................................................................. 141
15.5.2LIQUIDEZ IMEDIATA................................................................................................................. 141
15.5.3ÍNDICE DE INADIMPLÊNCIA ..................................................................................................... 141
15.5.4PROVISÃO DE CLD/OPERAÇÕES DE CRÉDITO....................................................................... 141
15.5.5ENDIVIDAMENTO ..................................................................................................................... 142
15.5.6ADIANTAMENTO A DEPOSITANTE .......................................................................................... 142
15.5.7RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO DO PLA ............................................................................ 142
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15.5.8RENTABILIDADE DO ATIVO ..................................................................................................... 142
15.5.9SPREAD GLOBAL .................................................................................................................... 142
15.5.10DESPESAS DE PESSOAL / MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO..................................................... 143
15.5.11HONORÁRIOS E CÉDULAS C.A / MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO ........................................... 143
15.5.12PLA POR ASSOCIADOS ......................................................................................................... 143
15.5.13ATIVO POR ASSOCIADO ATIVO ............................................................................................. 143
15.5.14DEPÓSITOS POR ASSOCIADOS ATIVOS ............................................................................... 143
15.5.15OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ASSOCIADOS ATIVOS ........................................................ 144
15.5.16RENDAS DE SERVIÇO POR ASSOCIADOS ATIVOS ............................................................... 144
15.5.17ÍNDICE DE COBERTURA (PESSOAL) ..................................................................................... 144
15.5.18ÍNDICE DE COBERTURA (ADM.)............................................................................................. 144
16. GESTÃO DE RISCO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO ......................................................... 145
16.1 CONCEITO ................................................................................................................................ 145
16.2 FATORES DE RISCO OPERACIONAL NAS COOPERATIVAS ................................................... 148
16.3 ETAPAS DO GERENCIAMENTO DO RISCO OPERACIONAL EM COOPERATIVAS DE CRÉDITO150
16.3.1IDENTIFICAÇÃO ....................................................................................................................... 151
16.3.2AVALIAÇÃO.............................................................................................................................. 153
16.3.3MONITORAMENTO, CONTROLE E MITIGAÇÃO (TRATAMENTO) ............................................. 155
16.4 DOCUMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE INFORMAÇÃO .................................................... 156
16.4.1COMUNICAÇÃO........................................................................................................................ 157
16.4.2PERDAS OPERACIONAIS ......................................................................................................... 158
16.5 TIPOS DE RISCOS MAIS COMUNS ÀS COOPERATIVAS .......................................................... 159
16.5.1RISCO LEGAL........................................................................................................................... 159
16.5.2RISCO DE IMAGEM................................................................................................................... 159
16.5.3RISCO DE CONCENTRAÇÃO.................................................................................................... 159
16.5.4RISCO DE TECNOLOGIA .......................................................................................................... 161
16.5.5RISCO ESTRUTURAL ............................................................................................................... 161
16.5.6RISCO DE FALHA HUMANA E FRAUDES ................................................................................. 162
16.5.7RISCO NA QUALIDADE DOS CONTROLES - COMPLIANCE ..................................................... 162
16.5.8RISCO DE PRODUTOS E SERVIÇOS ........................................................................................ 162
16.5.9RISCO PATRIMONIAL............................................................................................................... 162
17. ROTEIRO SOBRE PRÁTICAS DO CONSELHO FISCAL ............................................................. 164
17.1 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE FISCALIZAÇÃO ............................ 164
17.2 CONTEÚDO ESTRUTURAL/LEGAL ........................................................................................... 164
17.3 CONTEÚDO ADMINISTRATIVO ................................................................................................. 165
17.4 CONTEÚDO ORIENTATIVO ....................................................................................................... 165
18. CONTEÚDO OPERACIONAL DO CONSELHO FISCAL .............................................................. 166
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
18.1 DOCUMENTOS ADMINISTRATIVOS.......................................................................................... 166
18.1.1RELATÓRIOS ........................................................................................................................... 166
18.1.2INFORMAÇÕES FINANCEIRAS E DE TRANSAÇÕES................................................................ 167
18.2 DOCUMENTOS CONTÁBEIS ..................................................................................................... 168
18.2.1DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .............................................................................................. 168
18.2.2ORÇAMENTO DE DESPESAS DIVERSAS, ORÇAMENTO DE COMPRAS.................................. 168
18.2.3RELAÇÃO DE PAGAMENTOS DE COMPRAS ........................................................................... 169
18.3 REGISTRO ................................................................................................................................ 169
18.4 PLANEJAMENTO ...................................................................................................................... 170
18.5 RELATÓRIO .............................................................................................................................. 170
18.6 ATA DO CONSELHO FISCAL .................................................................................................... 171
18.7 PARECER ................................................................................................................................. 173
18.8 RELAÇÕES INTERNAS DO CONSELHO FISCAL E SETORES ADMINISTRATIVOS................... 173
18.9 MÉTODOS E TÉCNICAS DE REUNIÃO DO CONSELHO FISCAL ............................................... 174
18.10 INDICAÇÕES IMPORTANTES PARA REUNIÕES ....................................................................... 174
18.11 PREPARATIVOS PARA UMA REUNIÃO .................................................................................... 175
18.11.1FASES DE UMA REUNIÃO ...................................................................................................... 175
18.12 SUGESTÕES AOS CONSELHEIROS FISCAIS ........................................................................... 176
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1. INTRODUÇÃO
Esta apostila se destina a preparar os membros do Conselho Fiscal (CF) de Cooperativas de
Crédito do Sicoob, para a obtenção da Certificação que tem como objetivo promover o
reconhecimento do sistema de governança do Sicoob.
Ela aborta temas relevantes, mas o texto não esgota o assunto. É fundamental que os
Conselheiros tenham pleno conhecimento dos deveres, responsabilidades e poderes previstos
nas normas legais, objeto da bibliografia mencionada abaixo e, também, das boas práticas de
Governança Corporativa, apresentadas neste trabalho.
O CF como um dos órgãos das sociedades cooperativas, tem o seu funcionamento - ininterrupto e
compulsório - garantido pela Lei nº 5.764/71, mais conhecida como Lei Cooperativista. Essa
mesma norma, em seu Art. 53, informa “que os componentes da Administração e do Conselho
Fiscal, bem como os liquidantes, equiparam-se aos administradores das sociedades anônimas
para efeito de responsabilidade criminal”. Vale ressaltar que, no caso específico das instituições
financeiras cooperativas, agrega-se o reforço da Lei Complementar nº 130/09, que estende o
mandato dos conselheiros para até 3 anos (Art. 6º).
Neste ano de 2015, em 5 de agosto, a importância do CF foi novamente ressaltada pela
Resolução do BACEN de nº 4.434. Essa regulamentação, de grande relevância, consolida as
normas relativas à constituição e o funcionamento de cooperativas de crédito, e altera
substancialmente a Resolução no 3.859/10. Nela, o agente regulador define com precisão e
minúcia, no Art. 31, os poderes, deveres e atribuições do CF. Por todos esses atributos o CF é o
principal agente da Governança Corporativa sendo o legítimo representante dos cooperativados
perante os gestores dos recursos deles captados.
A bibliografia1 recomendada, que trata do tema acima exposto, refere-se a:
Lei Complementar nº 130, de 2009, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Crédito
Cooperativo;
Lei nº 5.764, de 1971, que institui o regime jurídico das sociedades cooperativas;
1 Fontes: http://cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=governanca05; http://cooperativismodecredito.coop.br/2013/08/o-conselho-fiscal-nas-instituicoes-financeiras-cooperativas-outro-importante-tema-da-ordem-do-dia-por-enio-meinen/ Acesso em: 18 set. 2015
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
Lei nº 4.595, de 1964, no que concerne à sua condição de integrantes do Sistema
Financeiro Nacional;
Atos normativos baixados pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do
Brasil, em especial a Resolução nº 4.434, de 2015, que dispõe sobre a constituição e o
funcionamento de cooperativas de crédito, e a Circular nº 3.502, de 2010, que trata dos
procedimentos a serem por elas observados para instrução de processos de
autorização no Banco Central do Brasil; e
Manual SISORF - Manual de Organização do Sistema Financeiro - Banco Central do
Brasil - Cooperativas de Crédito, disponível no site do Banco Central do Brasil.
O conhecimento desses dispositivos é importante para administradores e dão suporte ao texto a
seguir apresentado. Desta forma, nas páginas que se seguem são tratados temas relativos a
Sistema Cooperativista de Crédito, Governança Corporativa, Documentos Societários,
Planejamento Estratégico, bem como são apresentados conceitos básicos sobre Finanças,
Economia, Indicadores Econômicos, Planejamento Orçamentário, Demonstrativos
Contábeis, e, por fim, sobre Gestão de Risco nas Cooperativas Financeiras.
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2. O SISTEMA COOPERATIVISTA DE CRÉDITO
2.1 Os Alicerces Conceituais do Cooperativismo
De acordo com a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), entidade máxima do movimento
cooperativo global:
"COOPERATIVA é uma associação autônoma de pessoas, unidas voluntariamente, para
atender às suas necessidades e aspirações econômicas, sociais e culturais comuns, através
de uma empresa coletiva e democraticamente controlada".
Já segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT),
"COOPERATIVA é uma associação de pessoas que se uniram voluntariamente para realizar
um objetivo comum, através da formação de uma organização administrada e controlada
democraticamente, realizando contribuições equitativas para o capital necessário e aceitando
assumir de forma igualitária os riscos e benefícios do empreendimento no qual os sócios
participam ativamente".
Pelas definições propostas nesses dois fóruns, os mais relevantes para o cooperativismo mundial,
nota-se uma preocupação imediata com valores e ideais humanitários. E aí está a grande
distinção em relação a outras iniciativas de caráter empresarial, por se tratar o cooperativismo, de
um movimento socioeconômico que se desenvolve sob uma mesma orientação doutrinária, desde
seu surgimento, na primeira metade do Século XIX, em Rochdale, na Inglaterra.
Seus direcionadores filosófico-doutrinários são representados especialmente por valores e
princípios de adoção universal. Mas o que vem primeiro, valores ou princípios? Por terem
abrangência além do mundo cooperativista, tratam-se ambos de imperativos morais perenes,
sendo que os valores - como raízes mais profundas - antecedem e dão origem aos princípios, os
quais, por seu turno, traduzem os valores e levam a que esses sejam exercitados no meio
cooperativo, de modo a vincular diretrizes a ações. Os dois tópicos seguintes abordam ambos
esses conceitos à luz dos temas inerentes a presente apostila.
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2.1.1 Valores do Cooperativismo
Diferentemente dos princípios, que são demarcados formalmente, não existe em relação aos
valores um rol conclusivo ou exaustivo a respeito, de modo que em meio às inúmeras referências
feitas por doutrinadores no mundo todo, as enunciações a respeito sempre recaem sobre a:
1) Solidariedade, cuja essência reside no compromisso e na responsabilidade que todos
têm para com todos, fazendo a força do conjunto e assegurando o bem de cada um dos
membros. É uma espécie de reciprocidade obrigacional, justificada pelo interesse
comum. Ser solidário é praticar a ajuda mútua (esta, por vezes aparece como valor
autônomo), é cooperar por definição, é tornar empreendimento sólido.
2) Liberdade, que está no direito de escolha pela entidade cooperativa, tanto na hora do
ingresso como no momento da saída podendo a pessoa, enquanto cooperada, mover-
se e manifestar-se de acordo com a sua vontade e consciência, respeitados os limites
estabelecidos coletivamente.
3) Democracia, que está diretamente relacionada ao pleno direito de o associado
participar da vida da cooperativa em toda a sua dimensão, especialmente pela palavra e
pelo voto, implicando, em contrapartida, respeito às decisões majoritárias. Indica
também acesso universal, sem discriminação de qualquer espécie. É pela democracia
que se exerce a cidadania cooperativa.
4) Equidade, que se manifesta, fundamentalmente, pela garantia da igualdade de direitos,
pelo julgamento justo e pela imparcialidade, tanto em termos em aspectos econômicos
como sociais.
5) Igualdade, que impede a segregação em razão de condição socioeconômica, raça,
gênero ou sexo, ideologia política, opção religiosa, idade ou de qualquer outra
preferência ou características pessoais. A todos devem ser assegurados os mesmos
direitos e as mesmas obrigações.
6) Responsabilidade, que tem a ver com assunção e o cumprimento de deveres. Como
cooperada, a pessoa é responsável pela viabilidade do empreendimento, incumbindo-
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
lhe operar com a cooperativa e participar das atividades sociais. Cada qual responde
pelos seus atos, devendo conduzir-se com retidão moral e respeito às regras de
convívio adotadas coletivamente.
7) Honestidade, que se liga à verdade por excelência. É uma das marcas de pessoas de
elevado caráter. Tem a ver com retidão, probidade e honradez. Dignidade, enfim.
8) Transparência, que diz respeito à clareza, àquilo que efetivamente é, sem
ambiguidade, sem segredo. No meio cooperativo, todos têm de ter conhecimento
preciso sobre a vida da entidade: suas regras, sua gestão, seus números.
9) Responsabilidade socioambiental, que se conecta ao compromisso do
empreendimento cooperativo, naturalmente de caráter comunitário, com o bem-estar
das pessoas e com a proteção do meio ambiente compreendidos na sua área de
atuação, preocupação que envolve desenvolvimento econômico e social e respeito ao
equilíbrio e às limitações dos recursos naturais.
A palavra-chave, aqui, é sustentabilidade. Pelo seu significado e a sua atualidade, estuda-se, no
âmbito da ACI, considera-la como um novo e exclusivo princípio universal do Cooperativismo.
2.1.2 Princípios do Cooperativismo
Os princípios do Cooperativismo abaixo listados2 remontam ao período da fundação das primeiras
cooperativas, por volta de 1844. Não obstante o tempo, eles ainda hoje se mostram consistentes
com esse modelo de associação. São:
1) Adesão voluntária e livre - as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a
todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como
membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas.
2) Gestão democrática - as cooperativas são organizações democráticas, controladas
pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na
2 Fonte: http://www.ocb.org.br/site/cooperativismo. Acesso em: 8 jul. 2015.
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tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos
demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau
os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau
superior são também organizadas de maneira democrática.
3) Participação econômica dos membros - os membros contribuem equitativamente
para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse
capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem,
habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como
condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das
seguintes finalidades:
a) Desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de
reservas, parte das quais, pelo menos será, indivisível;
b) Benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa; e
c) Apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.
4) Autonomia e independência - as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda
mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras
organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem
fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e
mantenham a autonomia da cooperativa.
5) Educação, formação e informação - as cooperativas promovem a educação e a
formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma
que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas
cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de
opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.
6) Intercooperação - as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e
dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das
estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
7) Interesse pela comunidade - as cooperativas trabalham para o desenvolvimento
sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.
15
FGV Projetos CE Nº 1974/15
2.2 Percurso Histórico do Cooperativismo no Brasil
A difícil situação vivida no velho continente, tanto nos centros urbanos como no meio rural,
provocou o surgimento de inúmeras cooperativas em vários países, notadamente na Inglaterra,
Alemanha e Itália. As dificuldades vividas pelos tecelões de Rochdale, na Inglaterra, também
chamaram a atenção de Franz Hermann Schulze Delítzsch e de Friedrich Wilhelm Raiffeisen,
pioneiros do cooperativismo de crédito (financeiro) - urbano e rural, respectivamente – na
Alemanha.
Nesse cenário de crise, entre 1824 e 1899, cerca de 80 mil alemães desembarcaram no Bras il,
vindo a instalar-se, em grande parte, no Rio Grande do Sul (RS). Entre eles, então com 34 anos
de idade, estava o padre jesuíta Theodor Amstad, suíço de nascença, mas ordenado padre na
Inglaterra. O seu primeiro trabalho no Brasil foi o de doutrinar famílias de imigrantes que estavam
chegando ao estado. Como era jovem, Amstad foi destinado pelos padres mais idosos para o
atendimento às capelas do interior, comunidades nas quais também prestava assistência a
pessoas doentes, que precisavam ser visitadas em casa.
Depois de percorrer de mula, por anos seguidos (de 1885 a 1905), o município de São Sebastião
do Caí/RS, que na época tinha uma vasta extensão territorial, o missionário percebeu que muitas
eram as carências socioeconômicas dos imigrantes estabelecidos na região. Foi então que, no
ano de 1899, baseado nas experiências europeias, lançou a sua plataforma cooperativista e
associativista fundando a Companhia de Colonização Bauerverein (Bauerverein) em 1912, o
trabalho iniciado pelo Bauernverein teve continuidade por meio da fundação da Volksverein
(Sociedade União Popular). Nessa fase, a igreja assumiu para si um papel de fundamental
importância, organizando os agricultores e constituindo escolas, asilos, hospitais, sindicatos e
também cooperativas.
Baseado nos ideais do Padre Amstad, inicialmente disseminados por meio do Bauerverein, no ano
de 1902, em Linha Imperial, no município de Nova Petrópolis - RS, foi constituída a mais antiga
instituição financeira cooperativa da América Latina, atual Sicredi Pioneira RS, e uma das maiores
cooperativas financeiras do Brasil. À iniciativa de Amstad atribuiu-se a criação de outras 37
cooperativas de crédito, das quais oito permanecem em funcionamento sendo uma delas em
Santa Catarina (SC). As cooperativas criadas nessa época, a exemplo da Pioneira, seguiam,
normalmente, o modelo alemão Raiffeisen (de caixas rurais), que se adaptava ao perfil econômico
16
FGV Projetos CE Nº 1974/15
e social das comunidades dos imigrantes alemães, caracterizadas pela presença nas pequenas
localidades, com capital limitado.
Sob o ponto de vista legal, em 6 de janeiro de 1903, poucos dias após a fundação da cooperativa
pioneira, o Decreto do Poder Legislativo nº 979, posteriormente regulamentado pelo Decreto nº
6.532/1907, permitia aos sindicatos a organização de caixas rurais de crédito agrícola, bem como
de cooperativas de produção ou de consumo, sem qualquer detalhamento do assunto. A primeira
norma a disciplinar o funcionamento das sociedades cooperativas, no entanto, foi o Decreto do
Poder Legislativo nº 1.637/1907, que permitia que as cooperativas fossem constituídas sob a
forma de sociedades anônimas, sociedades em nome coletivo ou em comandita, sendo regidas
pelas leis específicas. Garantia ainda condições para que, no prazo de trinta anos, a sociedade
optasse por outra natureza societária que não cooperativa, permitindo que muitas cooperativas de
crédito (ou cooperativas financeiras)3 fossem transformadas, no decorrer de sua história, em
Sociedades Anônimas.
Em 1906 (12 de março), no Município de Lajeado - RS, o Padre Amstad ainda patrocinava a
constituição de uma cooperativa de crédito denominada Spar Und Darlehnskasse - Caixa de
Poupança e Empréstimos, atual Sicredi Vale do Taquari RS, que em 1926 transformou-se em
Luzzattí, sendo a mais antiga desse segmento em atividade no país. Esse modelo de cooperativa
de crédito tem por referência os "bancos populares" da Itália, movimento liderado por Luigi
Luzzattí, cujo vínculo associativo é aberto ao público em geral (não segmentado).
Nas décadas que se seguiram as cooperativas se multiplicaram por todo o país, muito em função
de legislação moderna e flexível. As cooperativas de crédito - que, em 8 de setembro de 1925, no
RS (em reunião de 18 entidades singulares, conceberam a primeira central no Rio Grande do Sul,
Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada) figuravam entre os principais agentes de
financiamento da atividade rural -, chegou a conceder crédito até mesmo para aquisição de terras.
O cooperativismo de crédito no interior do país levou a que um grupo de bancários da capital
gaúcha, liderado, entre outros, por Protheu Fontoura Ribeiro e Newton Riograndino Fiori Rebem, a
constituírem, em 1946, a Cooperativa de Crédito dos Funcionários da Matriz do Banrisul Limitada,
a número 1 entre as entidades tipicamente urbanas. A Assembleia de fundação ocorreu em Porto
3 Existem estudos sobre a adoção do termo cooperativismo financeiro em virtude da atuação das cooperativas, que passaram a oferecer nos últimos anos serviços e produtos f inanceiros mais amplos, acompanhando uma tendência mundial.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
Alegre, no dia 2 de maio daquele ano, vindo a ser registrada no Ministério da Agricultura no dia 24
de julho de 1947.
Alguns anos depois, em 1960, seria constituída, no Estado do Rio de Janeiro, a Cooperativa dos
Colaboradores da CNBBPax, composta por colaboradores do Palácio São Joaquim do
Episcopado, iniciativa liderada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Essas
cooperativas, como aspecto distintivo das inspiradas em Raiffeisen e Luzzattí, têm em comum o
fato de serem formadas exclusivamente por colaboradores/trabalhadores assalariados da
iniciativa privada e (posteriormente) por servidores públicos, desenvolvendo-se nas regiões
metropolitanas. A influência vem do modelo Desjardins, movimento liderado por Alphonse
Desjardíns, baseado em Quebec, no Canadá.
Nessa época, em que o movimento cooperativo também teve forte apoio institucional /
governamental, foi criado o Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), por meio da Lei nº
1.412/1951, instituição que, por longos anos, foi uma importante fomentadora e apoiadora do
cooperativismo de crédito, fazendo surgir novas cooperativas, além de permitir a integração de
entidades ao sistema financeiro, garantindo a compensação de cheques e outros papéis, e
assegurando remuneração em escala para sobras de caixa.
A trajetória promissora do cooperativismo de credito brasileiro, entretanto, começou a sofrer forte
revés a partir de 1962, com a edição do Decreto Lei nº 1.503 e posteriormente pela reformulação
da legislação bancária (Lei nº 4.595), em que foram fortemente prestigiados os bancos oficiais
como instrumentos canalizadores de recursos para o campo.
Os órgãos de normatização e de controle também decidiram restringir sobremaneira o espectro
societário e operacional das cooperativas. Não bastasse a recaída regulatória (na verdade, um
atraso histórico de lamentável proporção) e a opção privilegiada pelas instituições financeiras
públicas no sistema de crédito rural, alguns administradores, entre a 1930 e 1960, especialmente
de cooperativas do tipo Luzzatti, resolveram, ainda, destoar dos melhores padrões de gestão (por
vezes confundindo interesse coletivo com interesse particular, em que muitas vezes se fazia
prevalecer este último). Todos esses eventos fizeram com que, nos anos seguintes, sucumbissem
as associativas, incluindo todas as cooperativas centrais, então em atividade.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
Nos anos que se seguiram, amparado pela legislação restritiva, o Banco Central do Brasil
(BACEN) desenvolveu rigorosa fiscalização sobre o cooperativismo de crédito, sendo responsável
pelo cancelamento do registro e autorização de funcionamento de muitas cooperativas: “Um dos
motivos alegados pela fiscalização, além de outras irregularidades segundo notícias da época, era
o regime de dinastia presidencial adotada, ficando sempre a presidência da cooperativa na
mesma família”. Destaca também que “havia na verdade, contabilidades atrasadas, associados
não pertencentes ao meio rural, e outras irregularidades perfeitamente sanáveis se houvesse um
pouco mais de tolerância e sensibilidade sócia por parte do órgão fiscalizador”.
Já no início dos anos oitenta, tendo em vista a acentuada diminuição do volume de recursos
oficiais destinados ao financiamento da atividade rural (menor presença do Estado), e com
recrudescimento do quadro inflacionário (surgia a indexação de preços e diminua as subvenções
ao crédito), abriu-se nova possibilidade para o movimento. No Estado do Rio Grande do Sul,
liderado por Mario Kruel Guimarães, o cooperativismo de crédito, como que “ressurgindo das
cinzas”, recompôs-se na forma de modelo sistêmico integrado (em dois níveis) sob modernos
preceitos de gestão, reagrupando, de partida, nove das 13 cooperativas sobreviventes no Estado,
as quais passaram a ser coordenadas por uma nova e remodelada central estadual – Cooperativa
Central de Credito Rural do rio Grande do Sul Ltda. (COCECRER) -, fundada em 27 de outubro de
1980 - hoje Central Sicredi Sul - a primeira dos novos tempos.
Segundo o Dr. Mario Kruel Guimarães,
“é lógico que os cooperativistas que, comigo, planejavam a reestruturação do cooperativismo
de crédito rural, reconheciam quão errônea era a maneira como funcionavam as cooperativas
de crédito no Brasil. Diante algumas raras exceções, elas eram isoladas, pequenas, sem
pessoal treinado, mal instaladas, com administradores improvisados, sem nenhuma habilitação
para o exercício das funções, além de operar com associados indiferentes, decepcionados e
não participativos. Dificilmente poderiam manter-se e progredir, competindo com o sistema
bancário tradicional”.
E continua:
“A primeira certeza com que nos deparamos, diante disso, foi a de que jamais
poderíamos pensar na reestruturação do cooperativismo de crédito apenas propugnando
pelas mudanças das normas vigentes e permitindo que ele fosse recomposto com os
mesmos defeitos e vícios estruturais do passado. Era mister que se pensasse na criação
de um modelo Cooperativista que, conquanto com características adaptadas às
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
condições brasileiras, fosse orientando pelos inumeráveis sistemas que tiveram sucesso
em quase todos os países de primeiro mundo. Esse pensamento nos levou a fazer um
aprofundado estudo do cooperativismo de crédito de uma série de onde ele funcionava
com grande sucesso".
A iniciativa arrojada do Dr. Mario Kruel Guimarães faz surgir um novo definitivo formato
organizacional do cooperativismo financeiro, mais conhecido como “sistêmico”, baseado na
integração horizontal e vertical das cooperativas, em que, unidas e estruturando-se com entidades
estratégicas e operacionais de nível superior, se tornariam mais fortes e eficientes, pois esse
rearranjo institucional, além de permitir ganhos de escala e gerar economia de escopo, facilitaria a
aplicação de conceitos de autorregularão, autogestão (com forte ênfase em capacitação) e
autofiscalização, pilares que já há muito sustentavam o vigoroso cooperativismo financeiro
europeu e canadense. Segundo ele,
“O pensamento era o de criar uma organização financeira pujante, que pudesse
liberar,paulatinamente, o produtor e suas cooperativas de usura bancaria e evitasse que
as pequenas economias do interior, depositadas em cadernetas de poupança bancária,
continuassem a financiar, como era corrente acontecer, a construção de majestosos
edifícios nas capitais e até, em sofisticados balneários, por ser a atividade imobiliária,
como é natural. Muito mais rentável que o credito rural para pequenos produtores”.
Mediante ações de fomento da central recém-criada, e com o apoio das cooperativas de produção
e comercialização (agropecuárias) lideradas pela Fecotrigo (Federação das Cooperativas de Trigo
e Soja do Rio Grande do Sul), inúmeras novas cooperativas de crédito rural surgiram no Rio
Grande do sul, expansão que se fez sentir em outros estados, onde logo em seguida foram
também formadas centrais, tais como em: Santa Catarina (SC), Paraná (PR), São Paulo (SP),
Minas Gerais (MG), Rio de Janeiro (RJ), Espírito Santo (ES), Mato Grosso do Sul (MS), Mato
Grosso (MT), Goiás (GO) e Pernambuco (PE).
Esse ambiente, positivo, também chamou a atenção das lideranças do cooperativismo de crédito
mútuo (urbano) que, sob a coordenação de Dona "Therezita" e de Alzira Silva, partiram para a
criação das próprias cooperativas centrais, sendo a Central das Cooperativas de Credito Mutuo do
Rio de Janeiro (Cecrerj) a primeira ser autorizada pelo BACEN, em 1984. Logo depois, surgiam a
Cecresp, em São Paulo (SP); a Cecrest, no Espírito Santo (ES); a Cecrespa, no Para (PA); a
Cecremge, em Minas Gerais (MG); a Cecremat, no Mato Grosso (MT); a Cecredif, no Distrito
Federal (DF), e a Centracoop, na Paraíba (PB).
20
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Ainda na área urbana, foi criada em 1 de novembro de 1986, na cidade de Vitoria - ES, a primeira
confederação do setor, a Confederação Brasileira das Cooperativas de Credito (Confebras),
(como sucessora da Federação Leste Meridional de cooperativas de Credito (FELEME), nascida
em 3 de agosto de 1961, cuja sede inaugural foi Belo Horizonte (MG), estando atualmente
estabelecida em Brasília (DF).
Um pouco mais tarde, no dia 10 de agosto de 1989, concebia-se, no município de Casca (RS),
sob a liderança do médico Antônio Moacir de Azevedo, a primeira cooperativa de crédito de
médicos e demais profissionais da saúde, denominada Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo
dos Profissionais da Saúde Vinculados à Unimed do Vale das Antas Ltda. (UNICRED Vale das
Antas), cujo exemplo, em rápida sequência, serviria para o acelerado e salutar alastramento
próprias do segmento.
A partir de 1992, colhendo os efeitos benéficos do novo padrão regulamentar que começava a ser
ditado sob os auspícios do BACEN, as cooperativas de crédito urbano, compostas de múltiplos
setores econômico-profissionais, efetivamente passaram a ostentar representatividade ao lado
das - já melhor desenvolvidas - cooperativas de crédito rural. Nesse contexto, em 19 de outubro
de 1995, com a também pioneira Central das Cooperativas de Economia e Crédito do Estado de
Minas Gerais Ltda. (Cecremge), era constituída a primeira cooperativa de crédito de
empreendedores do país, a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo de Comerciantes de
Confecções do Pará de Minas Ltda. (ASCICRED), hoje de livre admissão.
Desta forma, nos anos 1990 foi intenso o ritmo de criação de novas cooperativas, que já somavam
mais de 800 unidades no início da década.
O cenário de abertura normativa, somado aos componentes da liquidação do BNCC - iniciada em
15 de março de 1990 (MP 151) - e a diferença dos bancos convencionais, (inclusive os públicos)
em relação ao movimento cooperativista de crédito, também permitiu que surgissem os bancos
cooperativos - Banco Cooperativo Sicredi e Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob) -, nessa
ordem. O primeiro deles foi constituído em 16 de outubro de 1995, em Porto Alegre - RS, e o
segundo, em 4 de novembro de 1996, na Capital Federal, com o propósito de integrar as
cooperativas ao sistema nacional de pagamentos, gerir liquidez sistêmica e prover soluções
corporativas de negócio. A chegada desses bancos cooperativos, aliás, foi um triunfo histórico,
uma espécie de marco da independência do cooperativismo de crédito nacional.
21
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Aos bancos cooperativos seguiram-se as confederações dos principais sistemas de crédito
cooperativo hoje existentes, a saber: Unicred do Brasil, em 11 de julho de 1994; Confederação
Sicredi, em 31 de março de 2000; Sicoob Confederação, em 28 de dezembro de 2001; e
Confesol, em 6 de agosto de 2008. Essas confederações tinham como macro-objetivos coordenar
estrategicamente e representar os respectivos sistemas, desenvolver soluções corporativas de
apoio aos negócios e alocar componentes organizacionais a serviço do conjunto das cooperativas
dos sistemas associados.
No ano de 2003, nascia a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Pequenos Empresários,
Microempresários e Microempreendedores da Produção Industrial do DF Ltda. (Credindústria),
que atualmente se denomina Sicoob Empresarial, englobando todos os setores do micro e
pequeno empresariado, sendo a primeira desta modalidade de cooperativas autorizada pela
Resolução CMN no 3.058/2002.
Ainda sob a égide do aprimoramento regulamentar, com suporte na festejada Resolução CMN nº
3.106/2003, em 18 de dezembro 2003 surgia, por conversão, a primeira cooperativa de crédito
de livre admissão do país, cujo pioneirismo coube à (então) Cooperativa de Crédito de Livre
Admissão de Associados Missões - Sicredi Missões (hoje Sicredi União RS). Em linha com essa
postura, a Resolução nº 4.434/15 permite que qualquer cooperativa financeira do país atue com
todos os públicos, a exemplo das referidas cooperativas de crédito de livre admissão, desde que
aprovado pelos associados em assembleia geral que proponha a mudança estatutária.
Digna também de registro é a constituição, em 9 de agosto de 2007, da Confederação Nacional
de Auditoria Cooperativa (CNAC), primeira iniciativa societária intersistêmica (unindo Sicoob,
Sicredi e Unicred), que tem por finalidade executar auditoria externa nas cooperativas financeiras.
A criação da CNAC teve forte incentivo do BACEN, que, aliás, vem estimulando um maior número
de adesões aos serviços da entidade, além de coordenar debates com vistas à eventual expansão
do seu escopo.
Ainda sobre auditoria, o BACEN através da mencionada Resolução no 4.434 assim se
manifestou:
Art. 43 As cooperativas de crédito, na contratação de serviços de auditoria de
demonstrações contábeis, devem certificar-se da observância da regulamentação em
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
vigor sobre auditoria independente, especialmente da Resolução nº 3.198, de 27 de maio
de 2004, no que não conflitar com esta Resolução.
§ 1º A auditoria a que se refere este artigo pode ser realizada por auditor independente
ou por entidade de auditoria cooperativa destinada à prestação de serviços de auditoria
externa, constituída e integrada por cooperativas centrais de crédito e/ou por suas
confederações.
Mais recentemente, cada um dos sistemas vem, ainda, constituindo empresas e entidades de
natureza não-cooperativa, para cuidar de negócios específicos e de atividades especializadas -
não atribuíveis aos bancos e às confederações - no interesse do conjunto das cooperativas
(corretoras de seguros, seguradoras, administradoras de cartões e de consórcios, DTVMs,
fundações, associações sem fins lucrativos, entre outras).
Por fim, merece todo o destaque a criação do FGCoop, até aqui o mais relevante e abrangente
movimento societário intersistêmico. A iniciativa alcança a totalidade do cooperativismo financeiro
brasileiro, e é voltada para assegurar a solidez das empresas associadas (cooperativas e seus
bancos cooperativos), e também garantir o pagamento, até o valor-limite definido pela
regulamentação, dos investimentos financeiros do quadro social e clientes. A entidade – uma
associação civil sem fins lucrativos - foi constituída em Assembleia geral, de 27 de setembro de
2013, e entrou oficialmente em funcionamento no dia 12 de fevereiro de 2014, quando seus atos
foram arquivados no cartório competente da Capital Federal, onde fica sediada.
Considerando os seus desdobramentos, que em muito ultrapassam o simples - embora não
irrelevante - objetivo de garantir depósitos do quadro social em casos de insucesso de entidades
vinculadas, pode-se dizer que a criação do FGCoop significa um passo concreto de cooperação
(societária) intersistêmica e identifica um novo recomeço na história recente do movimento
cooperativo financeiro.
Essa iniciativa conduzirá à aproximação dos diferentes subsistemas cooperativos e o grupo de
cooperativas independentes, atualmente isolados estratégica e operacionalmente porquanto seus
representantes estarão frequentemente reunidos em um mesmo fórum para discutir múltiplos
aspectos de interesse comum, com foco na solidez do conjunto dos empreendimentos. Em outras
palavras, a solidariedade fará aumentar o interesse e o diálogo e, nesse ambiente, haverão de se
descortinar e tomar forma inúmeras oportunidades de fortalecimento intersistêmico, entre elas a
atuação conjunta em projetos negociais ou de apoio ao negócio.
23
FGV Projetos CE Nº 1974/15
2.3 Empreendimento Cooperativo na Essência
O cooperativismo é uma iniciativa socioempreendedora (ou socioeconômica) baseada em valores
e princípios cujo objetivo é a construção de uma vida melhor para mais de um bilhão de pessoas
ao redor do mundo, constituindo-se na maior organização não governamental do planeta.
Mas o que liga, de fato, o cooperativismo a uma existência mais digna, mais justa, enfim, a um
mundo melhor?
Começa que esse movimento coloca as pessoas no centro das atenções, reservando ao capital
um papel instrumental (de respaldo operacional). As individualidades cedem espaço à construção
conjunta da prosperidade. Os ganhos, obtidos com equilíbrio e isonomia pelo trabalho coletivo,
são de todos, na proporção de seus esforços em prol da iniciativa4.
Os excedentes apurados ao fim de cada ciclo anual, tendo em vista a dupla condição dos
membros da cooperativa, de donos e de usuários, não se confundem com lucro, inerente a
empreendimentos, cujo capital é preponderante e, muitas vezes, a serviço de poucos. No caso do
cooperativismo a cooperação satisfaz necessidades econômicas recíprocas, em diferentes
campos, apreço justo e à luz de preceitos éticos.
Por sua inserção de natureza comunitária, por tratar-se de contexto em que elas também
costumam emergir, as cooperativas estão naturalmente vocacionadas a beneficiar nos locais em
que se estabelecem. Daí a razão do 7º Princípio Universal, referente ao interesse pela
comunidade que trata da preocupação em se gerar progresso, conforme a aptidão das
populações, de acordo com o potencial econômico da região cooperativada.
Pelas mesmas razões, as cooperativas lideram inúmeras iniciativas de caráter sócio-cultural-
humanitário. Aliás, é difícil imaginar um evento cultural, um encontro esportivo ou uma mobilização
comunitária para arrecadar fundos com propósitos filantrópicos, sem o engajamento de
associados, dirigentes e colaboradores de alguma cooperativa. O apoio não se limita à simples
entrega de fundos financeiros. Usualmente, a própria organização e a execução são confiadas
aos representantes das cooperativas.
4 Fonte: http://cooperativismodecredito.coop.br/2015/07/cooperativismo-equidade-em-essencia/ Acesso em 10 jul. 2015.
24
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Aqui não se cogita recorrer ao apelo midiático-mercadológico da "responsabilidade social",
utilizado para iludir a população visando atraí-la para compor uma legião de clientes, pois é da
essência do movimento - faz parte de seu "DNA" - ocupar-se das necessidades e dos interesses
dos seus membros e do meio em que vivem ou operam.
Nessa forma organizativa, o social confunde-se com o econômico. Tal associação de propósitos,
por sinal, foi bem traduzida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em pronunciamento
em 2012.
"A cooperativa, como uma empresa caracteriza-se por aliar diretamente, na mesma
organização cooperativa dois aspectos fundamentais do desenvolvimento sustentável:
racionalidade econômica e o sentido da solidariedade social. Um híbrido de entre
empresa e organização do terceiro setor, uma empresa com o coração".5
A manifestação cooperativa pode assumir diferentes formas operacionais. A mutualidade, com
efeito, envolve atividades de prestação de serviços nas mais diversas áreas profissionais,
inclusive nas cooperativas.
As cooperativas, enfim, são os únicos formatos empresariais realmente diferentes. Só elas são, de
fato, comprometidas com a comunidade. Por esse motivo, as Organizações das Nações Unidas
(ONU), em 2012, ao fazer o que jamais fizera (e possivelmente fará) em relação a qualquer outra
organização socioempreendedora, elegeu o cooperativismo como tema-destaque para o seu
calendário de ações globais.
Em síntese, com legitimidade e expressão não equiparável a nenhuma iniciativa socioeconômica,
o cooperativismo é um movimento propulsor para a construção de uma sociedade mais
equilibrada e sustentável.
2.4 Instituições Financeiras Cooperativas x Bancos: Distinções
Relevantes
A manifestação cooperativa pode assumir diferentes formas operacionais. A mutualidade, com
efeito, envolve desde atividades de produção e comercialização até oferta de itens para consumo
5 Fonte: http://cooperativismodecredito.coop.br/2015/07/cooperativismo-equidade-em-essencia/ Acesso em 8 jul. 2015
25
FGV Projetos CE Nº 1974/15
e prestação de serviços nas mais diversas áreas profissionais, inclusive no setor financeiro, em
que se inserem as instituições financeiras cooperativas. Nesse particular, a primeira pergunta que
surge é: por que optar por uma cooperativa de crédito e não por um banco convencional?
A fim de responder a essa indagação, é importante conhecer as diferenças entre uma e outra
iniciativa societária. No quadro a seguir, é possível ter uma noção dos aspectos (relevantes) que
diferenciam tais organizações.
26
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Quadro 2.4.1
Diferenças entre bancos e instituições financeiras cooperativas
Bancos Cooperativa
São sociedades de capital. São sociedades de pessoas.
O poder é exercido na proporção do
número de ações. O voto tem peso igual para todos (uma pessoa, um voto).
As deliberações são concentradas. As decisões são partilhadas entre muitos.
Os administradores são terceiros (homens do mercado).
Os administradores-líderes são do meio (associados).
O usuário das operações é mero cliente.
O usuário é o próprio dono (cooperado).
O usuário não exerce qualquer
influência na definição dos produtos e na sua precificação.
Toda a política operacional é decidida pelos próprios associados por meio do papel de conselheiro.
Podem tratar distintamente cada usuário.
Não podem distinguir: o que vale para um, vale para todos os demais na mesma situação.
Preferem público de maior renda e as maiores corporações.
Não discriminam, servindo a todos os públicos.
Priorizam os grandes centros (embora
não tenham limitação geográfica).
Não restringem, tendo forte atuação nas comunidades mais
remotas.
Tem propósitos mercantilistas. A atividade mercantil não é cogitada.
A remuneração das operações e dos serviços não tem parâmetro/limite.
O preço das operações e dos serviços tem como referência
os custos e como parâmetro as necessidades de reinvestimento.
Atendem em massa, priorizando, ademais, o autosserviço.
O relacionamento é personalizado/individual, com o apoio da informática.
Não tem vínculo com a comunidade e o público-alvo.
Estão comprometidas com as comunidades e os usuários.
Avançam pela competição. Desenvolvem-se pela cooperação.
Visam ao lucro por excelência. O lucro está fora do seu objeto, seja pela sua natureza, seja por determinação legal e sim a prestação de serviço com melhor custo/benefícios.
O resultado é de poucos.
O excedente (sobras) é distribuído entre todos (usuários), na proporção das operações individuais, reduzindo ainda mais o preço final, pago pelos cooperados e aumentando a
remuneração de seus investimentos.
No plano societário, são regulados pela Lei das sociedades anônimas.
São reguladas pela Lei Cooperativista e por legislação própria (especialmente pela Lei Complementar 130/2009).
Fonte: Adaptado de MEINEN, PORT. Cooperativismo Financeiro: percurso histórico, perspectivas e desafios.
A apreciação comparativa dos dois modelos organizacionais não deixa dúvida: cooperativa de
crédito não é banco e com banco não se confunde. Por isso mesmo, é vedado a elas o emprego
do vocábulo "Banco" (Lei no 5.764/1971, Art. 5º, parágrafo único).
27
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Como essa matéria, apesar da clareza da distinção, tem permeado recorrentemente as diversas
instâncias do poder judiciário, ora envolvendo aspectos da relação trabalhista cooperativa x seus
colaboradores, ora questões tributárias, ou ainda a aplicação do código de defesa do consumidor
nos atos cooperativos, vale reprisar trechos de manifestações proferidas por representantes dos
tribunais superiores que não deixam a menor margem para pretensas equiparações entre os dois
tipos societários:
Do Ministro Barros Levenhagen (Tribunal Superior do Trabalho - RR 720.811/2001.7) tem-se que:
“A cooperativa de crédito é distinta de instituições bancárias, não estando incluída entre
aquelas discriminadas no enunciado n° 55 do TST e não se aplicando a seus
empregados as disposições próprias dos bancários. Ainda que haja semelhança no
funcionamento das entidades, a cooperativa não se confunde com as instituições
financeiras, pois distintas são a sua forma jurídica e a sua finalidade social, uma vez que
as atividades ali desempenhadas são de interesse comum apenas dos filiados então
visam lucros".
Já a Orientação Jurisprudencial (OJ) do Tribunal Superior do Trabalho, de nº 379 afirma que:
"EMPREGADO DE COOPERATIVA DE CRÉDITO. BANCÁRIO. EQUIPARAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. Os empregados de cooperativas de crédito não se equiparam a
bancário, para efeito de aplicação do art. 224 da CLT, em razão da inexistência de
expressa previsão legal, considerando, ainda, as diferenças estruturais e operacionais
entre as instituições financeiras e as cooperativas de crédito. Inteligência das Leis nº
4.594, de 29.12.1964, e 5J64, de 16.12.1971".
Para finalizar, o Ministro Gilmar Mendes (Supremo Tribunal Federal, no AI 756974-MG) afirma:
"Em que pesem as cooperativas de crédito exercerem atividade econômica com alguma
similitude com a atividade bancária, com ela não se identifica, de modo que os
recorrentes hão de deter representação limitada aos empregados dos Bancos, abrindo-
se a possibilidade constitucional, pelo princípio da unicidade sindical, de as cooperativas
de crédito serem representadas por sindicato específico e seus empregados pelo
correlato sindicato profissional”.
28
FGV Projetos CE Nº 1974/15
2.4.1 Por que Fazer Parte de uma Cooperativa de Crédito e qual a sua
Importância para a Sociedade?
Não são poucas as motivações para ser associado de uma instituição financeira cooperativa ou,
simplesmente, apoiador da causa. Sem desconhecer as vantagens comuns a todos os ramos
cooperativos, precedentemente estudados, poder-se-ia iniciar relembrando que nas cooperativas
financeiras o destinatário das soluções é o próprio dono do empreendimento, o associado, ao
passo que na atividade bancária clássica o usuário é um terceiro, cliente, estranho à empresa.
Como instrumentos de desenvolvimento local, as cooperativas asseguram a reciclagem dos
recursos nas próprias comunidades. Ou seja, o resultado monetário do que se gera é reinvestido
ali mesmo, produzindo novas riquezas. Além disso, as entidades têm plena autonomia para
ajustar a sua política creditícia e de gestão da poupança à realidade do lugar. Essa liberdade
permite acompanhar adequadamente o ciclo econômico de cada região e respeitar as suas
aptidões e potencialidade sócio-econômico-culturais, com geração e incremento de renda
estimulando, ainda, a fixação dos jovens nas próprias comunidades.
Se os investimentos dos cidadãos e das empresas forem destinados às cooperativas, estas,
muitas vezes junto com outros recursos captados no mercado financeiro (trazidos de fora), os
realocam na mesma região; redistribuídos, geram renda e aumentam o poder aquisitivo da
população, que passa a consumir mais; em decorrência, há incremento nas vagas de trabalho,
absorvendo especialmente o público jovem; o aumento também repercute na arrecadação de
impostos; com mais cidade produtiva, gerando novas riquezas. O resultado final é a qualidade de
vida na área de abrangência da cooperativa.
Há, também, mais flexibilidade, democracia e justiça no relacionamento negocial entre a
cooperativa e seu associado, na comparação com o relacionamento entre banco e cliente. No
meio cooperativo, existe um maior protagonismo por parte de quem é o principal interessado (o
cooperado). Como corolário, os produtos e serviços vêm ao encontro das experiências do usuário-
dono, alinhando-se à sua vocação e às suas possibilidades econômicas.
Já o dimensionamento dos excedentes deve ter como referência as necessidades de
reinvestimento (para solidez e o crescimento) da própria organização cooperativa. O que passar
29
FGV Projetos CE Nº 1974/15
disso deve ser devolvido aos próprios usuários, na proporção de suas operações, medida que, de
um lado, faz reduzir as taxas de juros pactuadas nos empréstimos e também as tarifas pagas no
exercício, e, de outro, amplia a remuneração dos depósitos. Nesse ponto, aparece com toda a
nitidez a singularidade societária representada pelo “ato cooperativo”.
Assim cumprem duplo papel nesses locais: promovem o desenvolvimento econômico e
asseguram o exercício da cidadania pela inclusão financeira. Nos dizeres de Henrique Meirelles,
como ex-presidente do Banco Central, “a importância do cooperativismo de credito para a
econômica brasileira baseia-se no binômio concorrência e inclusão financeira”.
As cooperativas também se diferenciam no quesito diluição do crédito. Nesse particular,
considerando as operações de custeio agrícola (R$ 74,4 bilhões - base: 2013), por exemplo, o
setor é responsável por aproximadamente um quarto de todos os contratos, embora o volume total
emprestado seja de apenas 14%.
Enquanto isso, o sistema bancário tradicional privado, detendo 28% do volume emprestado,
responde por apenas 13% dos contratos. Nessa mesma linha de desconcentração, reforçando a
importância socioeconômica das cooperativas, mais um indicador relevante: cerca de 76% de
suas operações de crédito, em todas as modalidades, estão abaixo de R$ 5.000,00 (Banco
Central do Brasil data-base abril de 2015). No caso do Sicoob, 79% das operações de crédito são
menores que R$ 5.000,00.
No que se refere ao público de interesse mais imediato do sistema convencional (de maior renda),
tem-se visto movimentos cada vez mais arrojados dos bancos no sentido de recuperar antigos
clientes que resolveram migrar para suas próprias instituições financeiras, ao tornarem-se
associados de cooperativas. Para isso, oferecem condições atrativas a esses usuários,
notadamente reduzindo spreads, estendendo prazos de suas linhas de crédito, remunerando
melhor os investimentos e propondo-se a atendê-los de forma mais personalizada ou atenciosa.
Nessa linha, o presidente do Banco Central do Brasil, Ministro Alexandre Tombini, como grande
conhecedor e incentivador do movimento, proclama que:
“a importância do cooperativismo de credito para o país concentra-se nos objetivos de
prover e ampliar a oferta de serviços financeiros, fomentando assim a promoção da
inclusão financeira e do desenvolvimento regional. Consequentemente, contribui também
30
FGV Projetos CE Nº 1974/15
para a melhoria da qualidade e redução dos custos da atividade de intermediação
financeira”.
Em outra manifestação (em depoimento dado por ocasião do lançamento da agenda legislativa do
cooperativismo, Brasília - DF, 28 de fevereiro de 2012), o dirigente máximo do BACEN lembra
que:
“onde há presença forte do cooperativismo, há uma tendência de as tarifas financeiras e as
taxas dos empréstimos serem menores do que nos municípios onde o cooperativismo de
credito não está presente”.6
É dizer que uma é a realidade do sistema financeiro nacional com a presença - em notável
progressão - das cooperativas e outra, na sua ausência, em que se beneficiam, não apenas
associados, mas também clientes dos bancos em geral que buscam tornar seus produtos mais
competitivos, de modo que quem ganha é a sociedade.
No que diz respeito à segurança e solidez do empreendimento, vale frisar que as cooperativas
têm de cumprir regras operacionais e diretrizes de governança semelhantes às dos grandes
bancos brasileiros, e, para as (pouco prováveis) situações de insucesso, dispõem de fundo
intersistêmico nacional (FGCoop) que, em situação extrema, garante o pagamento dos depósitos
dos associados até o limite regularmente definido. Ou seja, tem de reunir capital/patrimônio
suficiente para fazer face aos riscos de suas operações, cumprindo as diretrizes (internacionais)
de Basiléia; contar com gestores idôneos e qualificados, cujos nomes são submetidos ao BACEN,
e acumular reservas, em regime de solidariedade com as coirmãs, para apoiar as ações que
reestabeleçam o equilíbrio econômico-financeiro de entidades em dificuldades ou, em casos de
inviabilidade e irreversível/descontinuidade da operação, assegurar a devolução dos depósitos
aos cooperados.
Além disso, afora a supervisão executada pelo Conselho de Administração, estão sujeitas à
fiscalização do BACEN; à auditoria independente; à auditoria interna direta e permanente de suas
respectivas centrais, sem contar que muitas delas têm, adicionalmente, os seus próprios agentes
de controles internos ligados ao conselho de administração; ao monitoramento indireto por parte
de suas centrais, confederações, bancos cooperativos (no que se refere à gestão de riscos de
crédito, mercado e liquidez); e pelo fundo garantidor, além de disporem de conselho fiscal.
6 Fonte: http://br.reuters.com/article/businessNews/idBRSPE81S00S20120229. Acesso em: 8 jul. 2015
31
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Em síntese, além de movidas pelo compromisso com o bem-estar econômico e social dos
associados e das comunidades, as cooperativas são tão (ou mais) seguras quanto os melhores
bancos brasileiros. Uma inequívoca evidência nesse sentido é o fato de apenas nove (todas
independentes/solteiras), de um universo médio de cerca de 1.150 entidades, terem sido
submetidas à decretação de regimes especiais pelo BACEN nos últimos seis anos (2009-2014),
ao passo que, no mesmo intervalo, 46 instituições financeiras convencionais, de um total de 776
(dez/14), passaram pela ação interventiva do órgão de supervisão. Ou seja, apesar de representar
60% do conjunto das instituições financeiras do país, as cooperativas responderam por apenas
16% das intervenções feitas pelo BACEN no sistema financeiro nacional.
Estes são alguns dos muitos apelos para o incremento do quadro de beneficiários do
cooperativismo de crédito brasileiro. Seguramente, há inúmeras outras razões que remetem para
a causa da cooperação e a recomendam. Portanto é também de todo justificável o apoio e o
estímulo institucionais ao movimento cooperativo, representados, entre outras ações, pelo
aprimoramento constante do marco regulatório e sua inclusão em Programas e Políticas de
Estado e Governo, neste caso, especialmente quando os associados estiverem entre os
beneficiários das medidas. Não é sem motivo, portanto, que a Constituição Federal de 1988, em
seu Art. 174, §2, determina que “A lei apoiará e estimulará o cooperativismo".
32
FGV Projetos CE Nº 1974/15
2.4.2 Marco Regulatório Essencial do Cooperativismo de Crédito
Financeiro
Os principais instrumentos regulatórios estão apresentados nos quadros abaixo:
Quadro 2.4.2.1
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Artigo Definição
Art. 5º
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
Art. 146,
III
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas.
Art. 174 § 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.
Art. 192
O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento
equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital
estrangeiro nas instituições que o integram.
Fonte: Constituição da República Federativa do Brasil.
33
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Quadro 2.4.2.2 Lei Cooperativista no 5.764/71
Artigo Definição
Art. 3º
Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.
Art. 4º
As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos
associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características: I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;
II - variabilidade do capital social representado por quotas-partes; III - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais
adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; IV - incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e
confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade; VI - quorum para o funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no
número de associados e não no capital; VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral;
VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social; IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa; XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle,
operações e prestação de serviços.
Art. 5º
As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão "cooperativa" em sua denominação.
Parágrafo único. É vedado às cooperativas o uso da expressão "Banco".
Art. 11 As sociedades cooperativas serão de responsabilidade limitada, quando a responsabilidade do associado pelos compromissos da sociedade se limitar ao valor do capital por ele subscrito.
Art. 12
As sociedades cooperativas serão de responsabilidade ilimitada, quando a
responsabilidade do associado pelos compromissos da sociedade for pessoal, solidária e não tiver limite
Art. 13 A responsabilidade do associado para com terceiros, como membro da sociedade, somente poderá ser invocada depois de judicialmente exigida da cooperativa.
Art. .79 Denominam-se atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados,
para a consecução dos objetivos sociais.
Art. 111 Serão considerados como renda tributável os resultados positivos obtidos pelas
cooperativas nas operações de que tratam os artigos 85, 86 e 88 desta Lei.
Fonte: D.O.U. 16/12/1971.
34
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Quadro 2.4.2.3
Lei Complementar no 130, de 2009
Art. 1o As instituições financeiras constituídas sob a forma de cooperativas de crédito submetem-
se a esta Lei Complementar, bem como à legislação do Sistema Financeiro Nacional - SFN
e das sociedades cooperativas.
§ 1o As competências legais do Conselho Monetário Nacional - CMN e do Banco Central do
Brasil em relação às instituições financeiras aplicam-se às cooperativas de crédito.
§ 2o É vedada a constituição de cooperativa mista com seção de crédito.
Art. 2o As cooperativas de crédito destinam-se, precipuamente, a prover, por meio da mutualidade,
a prestação de serviços financeiros a seus associados, sendo-lhes assegurado o acesso
aos instrumentos do mercado financeiro.
§ 1o A captação de recursos e a concessão de créditos e garantias devem ser restritas aos
associados, ressalvadas as operações realizadas com outras instituições financeiras e os
recursos obtidos de pessoas jurídicas, em caráter eventual, a taxas favorecidas ou isentos
de remuneração.
§ 2o Ressalvado o disposto no § 1
o deste artigo, é permitida a prestação de outros serviços
de natureza financeira e afins a associados e a não associados.
§ 3o A concessão de créditos e garantias a integrantes de órgãos estatutários, assim como
a pessoas físicas ou jurídicas que com eles mantenham relações de parentesco ou
negócio, deve observar procedimentos de aprovação e controle idênticos aos dispensados
às demais operações de crédito.
§ 4o A critério da Assembleia geral, os procedimentos a que se refere o § 3
o deste artigo
podem ser mais rigorosos, cabendo-lhe, nesse caso, a definição dos tipos de
relacionamento a serem considerados para aplicação dos referidos procedimentos.
§ 5o As cooperativas de crédito, nos termos da legislação específica, poderão ter acesso a
recursos oficiais para o financiamento das atividades de seus associados.
Art. 3o As cooperativas de crédito podem atuar em nome e por conta de outras instituições, com
vistas à prestação de serviços financeiros e afins a associados e a não associados.
Art. 4o O quadro social das cooperativas de crédito, composto de pessoas físicas e jurídicas, é
definido pela Assembleia geral, com previsão no estatuto social.
Parágrafo único. Não serão admitidas no quadro social da sociedade cooperativa de
crédito pessoas jurídicas que possam exercer concorrência com a própria sociedade
cooperativa, nem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios bem como suas
respectivas autarquias, fundações e empresas estatais dependentes.
Art. 5o As cooperativas de crédito com conselho de administração podem criar diretoria executiva
a ele subordinada, na qualidade de órgão estatutário composto por pessoas físicas
associadas ou não, indicadas por aquele conselho.
Art. 6o O mandato dos membros do conselho fiscal das cooperativas de crédito terá duração de
até 3 (três) anos, observada a renovação de, ao menos, 2 (dois) membros a cada eleição,
sendo 1 (um) efetivo e 1 (um) suplente.
Art. 7o É vedado distribuir qualquer espécie de benefício às quotas-parte do capital, excetuando-
se remuneração anual limitada ao valor da taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia - Selic para títulos federais.
Art. 8o Compete à Assembleia geral das cooperativas de crédito estabelecer a fórmula de cálculo
a ser aplicada na distribuição de sobras e no rateio de perdas, com base nas operações de
cada associado realizadas ou mantidas durante o exercício, observado o disposto no art.
35
FGV Projetos CE Nº 1974/15
7o desta Lei Complementar.
Art. 9o É facultado às cooperativas de crédito, mediante decisão da Assembleia geral, compensar,
por meio de sobras dos exercícios seguintes, o saldo remanescente das perdas verificadas
no exercício findo.
Parágrafo único. Para o exercício da faculdade de que trata o caput deste artigo, a
cooperativa deve manter-se ajustada aos limites de patrimônio exigíveis na forma da
regulamentação vigente, conservando o controle da parcela correspondente a cada
associado no saldo das perdas retidas.
Art. 10. A restituição de quotas de capital depende, inclusive, da observância dos limites de
patrimônio exigíveis na forma da regulamentação vigente, sendo a devolução parcial
condicionada, ainda, à autorização específica do conselho de administração ou, na sua
ausência, da diretoria.
Art. 11. As cooperativas centrais de crédito e suas confederações podem adotar, quanto ao poder
de voto das filiadas, critério de proporcionalidade em relação ao número de associados
indiretamente representados na Assembleia geral, conforme regras estabelecidas no
estatuto.
Art. 12. O CMN, no exercício das competências que lhe são atribuídas pela legislação que rege o
SFN, poderá dispor, inclusive, sobre as seguintes matérias:
I - requisitos a serem atendidos previamente à constituição ou transformação das
cooperativas de crédito, com vistas ao respectivo processo de autorização a cargo do
Banco Central do Brasil;
II - condições a serem observadas na formação do quadro de associados e na celebração
de contratos com outras instituições;
III - tipos de atividades a serem desenvolvidas e de instrumentos financeiros passíveis de
utilização;
IV - fundos garantidores, inclusive a vinculação de cooperativas de crédito a tais fundos;
V - atividades realizadas por entidades de qualquer natureza, que tenham por objeto
exercer, com relação a um grupo de cooperativas de crédito, supervisão, controle,
auditoria, gestão ou execução em maior escala de suas funções operacionais;
VI - vinculação a entidades que exerçam, na forma da regulamentação, atividades de
supervisão, controle e auditoria de cooperativas de crédito;
VII - condições de participação societária em outras entidades, inclusive de natureza não
cooperativa, com vistas ao atendimento de propósitos complementares, no interesse do
quadro social;
VIII - requisitos adicionais ao exercício da faculdade de que trata o art. 9o desta Lei
Complementar.
§ 1o O exercício das atividades a que se refere o inciso V do caput deste artigo,
regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional - CMN, está sujeito à fiscalização do
Banco Central do Brasil, sendo aplicáveis às respectivas entidades e a seus
administradores as mesmas sanções previstas na legislação em relação às instituições
financeiras.
§ 2o O Banco Central do Brasil, no exercício de sua competência de fiscalização das
cooperativas de crédito, assim como a entidade que realizar, nos termos da
regulamentação do CMN, atividades de supervisão local podem convocar Assembleia geral
extraordinária de instituição supervisionada, à qual poderão enviar representantes com
direito a voz.
36
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Art. 13. Não constitui violação do dever de sigilo de que trata a legislação em vigor o acesso a
informações pertencentes a cooperativas de crédito por parte de cooperativas centrais de
crédito, confederações de centrais e demais entidades constituídas por esse segmento
financeiro, desde que se dê exclusivamente no desempenho de atribuições de supervisão,
auditoria, controle e de execução de funções operacionais das cooperativas de crédito.
Parágrafo único. As entidades mencionadas no caput deste artigo devem observar sigilo
em relação às informações que obtiverem no exercício de suas atribuições, bem como
comunicar às autoridades competentes indícios de prática de ilícitos penais ou
administrativos ou de operações envolvendo recursos provenientes de qualquer prática
criminosa.
Art. 14. As cooperativas singulares de crédito poderão constituir cooperativas centrais de crédito
com o objetivo de organizar, em comum acordo e em maior escala, os serviços econômicos
e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem
como facilitando a utilização recíproca dos serviços.
Parágrafo único. As atividades de que trata o caput deste artigo, respeitada a competência
do Conselho Monetário Nacional e preservadas as responsabilidades envolvidas, poderão
ser delegadas às confederações constituídas pelas cooperativas centrais de crédito.
Art. 15. As confederações constituídas de cooperativas centrais de crédito têm por objetivo orientar,
coordenar e executar atividades destas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos e
a natureza das atividades transcenderem o âmbito de capacidade ou a conveniência de
atuação das associadas.
Art. 16. As cooperativas de crédito podem ser assistidas, em caráter temporário, mediante
administração em regime de cogestão, pela respectiva cooperativa central ou confederação
de centrais para sanar irregularidades ou em caso de risco para a solidez da própria
sociedade, devendo ser observadas as seguintes condições:
I - existência de cláusula específica no estatuto da cooperativa assistida, contendo previsão
da possibilidade de implantação desse regime e da celebração do convênio de que trata o
inciso II do caput deste artigo;
II - celebração de convênio entre a cooperativa a ser assistida e a eventual cogestora, a ser
referendado pela Assembleia geral, estabelecendo, pelo menos, a caracterização das
situações consideradas de risco que justifiquem a implantação do regime de cogestão, o
rito dessa implantação por iniciativa da entidade cogestora e o regimento a ser observado
durante a cogestão; e
III - realização, no prazo de até 1 (um) ano da implantação da cogestão, de Assembleia
geral extraordinária para deliberar sobre a manutenção desse regime e da adoção de
outras medidas julgadas necessárias.
Art. 17. A Assembleia geral ordinária das cooperativas de crédito realizar-se-á anualmente, nos 4
(quatro) primeiros meses do exercício social.
Art. 18. Ficam revogados os arts. 40 e 41 da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e o § 3º do
art. 10, o § 10 do art. 18, o parágrafo único do art. 86 e o art. 84 da Lei no 5.764, de 16 de
dezembro de 1971.
Art. 19. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
Fonte: D.O.U. de 17/04/2009.
37
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Quadro 2.4.2.4
Resolução Nº 4.434, de 5 de agosto de 2015
Art. 2º Os pedidos envolvendo a constituição, a autorização para funcionamento, a
alteração estatutária, a mudança de categoria na qual a cooperativa se enquadra e
as demais autorizações e aprovações previstas na regulamentação aplicável às
cooperativas de crédito devem ser submetidos à aprovação do Banco Central do
Brasil (BCB), nos termos da legislação em vigor.
Art. 3º O funcionamento de cooperativa de crédito pressupõe a constituição na forma da
legislação e da regulamentação em vigor e a autorização para funcionamento.
Art. 4º Os interessados na constituição de cooperativa de crédito devem indicar responsável
tecnicamente capacitado para acompanhamento do processo junto ao BCB.
Art. 5º A autorização para constituição de cooperativa de crédito singular que não pretender
se filiar a cooperativa central está condicionada, previamente ao atendimento do que
dispõe o art. 6º, à apresentação ao BCB de sumário executivo do plano de negócios,
de que trata o inciso IV do art. 6º, cujo conteúdo mínimo será definido pelo BCB.
Art. 14º Os pedidos de mudança da categoria em que a cooperativa de crédito se enquadra e
de alteração estatutária envolvendo modificação nas condições de admissão de
associados e da área de atuação, fusão, incorporação ou desmembramento podem
ser submetidos, a critério do BCB, às condições estabelecidas no art. 6º.
Art. 15º A cooperativa de crédito singular, de acordo com as operações praticadas, se
classifica nas seguintes categorias: I - cooperativa de crédito plena: a autorizada a
realizar as operações previstas no art. 17; II - cooperativa de crédito clássica: a
autorizada a realizar as operações previstas no art. 17, observadas as restrições
contidas no art. 18; e III - cooperativa de crédito de capital e empréstimo: a
autorizada a realizar as operações previstas no art. 17, exceto as previstas em seu
inciso I, observadas as restrições contidas no art. 18.
Art. 16º As condições de admissão de associados e área de atuação, conforme definido pela
assembleia geral, devem constar no estatuto social da cooperativa de crédito.
Art. 17º A cooperativa de crédito pode realizar as seguintes operações e atividades, além de
outras estabelecidas na regulamentação específica.
Art. 18º Às cooperativas de crédito enquadradas nas categorias previstas nos incisos II e III
do art. 15 é vedada a prática de: I - operações nas quais assumam exposição
vendida ou comprada em ouro, em moeda estrangeira, em operações sujeitas à
variação cambial, à variação no preço de mercadorias (commodities), à variação no
preço de ações, ou em instrumentos financeiros derivativos, ressalvado o
investimento em ações registrado no ativo permanente; II - aplicação em títulos de
securitização de créditos, salvo os emitidos pelo Tesouro Nacional; III - operações
de empréstimo de ativos; IV - operações compromissadas, exceto: a) operações de
venda com compromisso de recompra com ativos próprios; ou b) operações de
compra com compromisso de revenda com títulos públicos federais prefixados,
indexados à taxa de juros ou a índice de preços; e V - aplicação em cotas de fundos
de investimento, exceto em fundos que atendam aos seguintes requisitos: a)
observem as restrições estabelecidas nos incisos I a IV; b) não mantenham
exposições oriundas de operações de crédito; e c) sejam classificados, nos termos
da regulamentação da CVM, como Fundo de Curto Prazo, Fundo de Renda Fixa,
Fundo Referenciado cujo indicador de desempenho seja a taxa de Depósitos
Interfinanceiros (DI) ou Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento
38
FGV Projetos CE Nº 1974/15
classificado como uma das três modalidades mencionadas nesta alínea.
Art. 19º
A cooperativa de crédito deve observar os seguintes limites mínimos, em relação ao
capital integralizado e ao Patrimônio Líquido (PL): Art. 19. A cooperativa de crédito
deve observar os seguintes limites mínimos, em relação ao capital integralizado e ao
Patrimônio Líquido (PL): I - cooperativa central de crédito e confederação de
centrais: integralização inicial de capital de R$200.000,00 (duzentos mil reais) e PL
de R$1.000.000,00 (um milhão de reais); II - cooperativa de crédito de capital e
empréstimo, classificada nos termos do inciso III do art. 15: integralização inicial de
capital de R$10.000,00 (dez mil reais) e PL de R$100.000,00 (cem mil reais); III -
cooperativa de crédito clássica, classificada nos termos do inciso II do art. 15, filiada
a cooperativa central: integralização inicial de capital de R$10.000,00 (dez mil reais)
e PL de R$300.000,00 (trezentos mil reais); IV - cooperativa de crédito clássica,
classificada nos termos do inciso II do art. 15, não filiada a cooperativa central:
integralização inicial de capital de R$20.000,00 (vinte mil reais) e PL de
R$500.000,00 (quinhentos mil reais); V - cooperativa de crédito plena, classificada
nos termos do inciso I do art. 15, filiada a cooperativa central: integralização inicial
de capital de R$2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) e PL de
R$25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais); e VI - cooperativa de crédito
plena, classificada nos termos do inciso I do art. 15, não filiada a cooperativa central:
integralização inicial de capital de R$5.000.000,00 (cinco milhões de reais) e PL de
R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
Art. 20º Para efeito de verificação do atendimento dos limites mínimos de capital
integralizado e de PL das cooperativas de crédito, devem ser deduzidos os valores
correspondentes ao patrimônio líquido mínimo fixado para as instituições financeiras
de que participe, ajustados proporcionalmente ao nível de cada participação.
Art. 22º São vedados à cooperativa de crédito: I - a integralização de quotas-partes mediante
a concessão de crédito ou retenção de parte do seu valor, bem como a concessão
de garantia ou assunção de coobrigação em operação de crédito com essas
finalidades, exceto quando realizada mediante a concessão de crédito com recursos
oriundos de programas oficiais para capitalização de cooperativas de crédito; II - o
rateio de perdas de exercícios anteriores mediante concessão de crédito ou
retenção de parte do seu valor, bem como concessão de garantia ou assunção de
coobrigação em operação de crédito com essas finalidades; e III - a adoção de
capital rotativo, assim caracterizado o registro, em contas de patrimônio líquido, de
recursos captados em condições semelhantes às de depósitos à vista ou a prazo.
Parágrafo único. O estatuto social pode estabelecer regras relativas a resgates
eventuais de quotas de capital, quando de iniciativa do associado, desde que
preservado, além do número mínimo de quotas, o cumprimento dos limites
estabelecidos pela regulamentação em vigor e a integridade e inexigibilidade do
capital e PL, cujos recursos devem permanecer por prazo suficiente para refletir a
estabilidade inerente à sua natureza de capital fixo da instituição.
Art. 23º A cooperativa de crédito deve observar os limites de exposição por cliente.
Art. 24º A cooperativa central de crédito que, juntamente com a adoção de sistema de
garantias recíprocas entre as cooperativas singulares filiadas, realize a centralização
financeira das disponibilidades líquidas dessas filiadas pode valer-se do limite de
exposição por cliente de 10% (dez por cento) da soma do PR total das filiadas,
limitado ao PR da central, nas seguintes operações.
Art. 26º As cooperativas de crédito devem observar política de governança corporativa
39
FGV Projetos CE Nº 1974/15
aprovada pela assembleia geral, que aborde os aspectos de representatividade e
participação, direção estratégica, gestão executiva e fiscalização e controle, e que
contemple a aplicação dos princípios de segregação de funções na administração,
remuneração dos membros dos órgãos estatutários, transparência, equidade, ética,
educação cooperativista, responsabilidade corporativa e prestação de contas.
Art. 27º A cooperativa de crédito clássica que detiver média dos ativos totais, nos três últimos
exercícios sociais, igual ou superior a R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais)
e a cooperativa de crédito plena devem adotar estrutura administrativa integrada por
conselho de administração e por diretoria executiva a ele subordinada.
Art. 28º Compete ao conselho de administração, como órgão de deliberação colegiada, no
caso de cooperativas de crédito que adotem estrutura administrativa segregada nos
termos do art. 27, entre outras funções estratégicas.
Art. 29º O estatuto da cooperativa de crédito que adotar estrutura administrativa segregada
nos termos do art. 27 deve estabelecer: I - o número de diretores, ou o máximo e o
mínimo permitidos; II - o modo de designação e destituição; III - o prazo de mandato,
que não será superior a quatro anos, permitida a reeleição; IV - as atribuições e
poderes de cada diretor; e V - a forma de tomada de decisões.
Art. 30º O estatuto deve estabelecer as atribuições e os poderes de cada diretor ou membro
do conselho de administração com função executiva, podendo estabelecer que
determinadas decisões sejam tomadas em reunião colegiada.
Art. 31º Compete ao conselho fiscal, entre outras atribuições estabelecidas no es tatuto
social.
Art. 32º A cooperativa central de crédito deve prever, em seu estatuto e normas operacionais,
dispositivos que possibilitem prevenir e corrigir situações que possam configurar
infrações a normas legais ou regulamentares ou acarretar risco para a solidez das
cooperativas filiadas e do sistema cooperativo.
Art. 33º A confederação constituída por cooperativas centrais de crédito pode incumbir-se,
em relação a suas próprias filiadas, das atribuições e correspondentes obrigações de
que trata este capítulo, mediante disposições específicas nos estatutos das
entidades envolvidas.
Art. 34º O sistema cooperativo deve estabelecer, por ato da respectiva confederação, ou, na
sua ausência, da respectiva central de crédito, diretrizes de atuação sistêmica com
vistas à observância dos princípios da eficiência, da economicidade, da utilidade e
dos demais princípios cooperativistas.
Art. 35º Para o cumprimento das atribuições de que trata este capítulo, a cooperativa central
de crédito, ou a confederação, deve desempenhar as seguintes funções, com
relação às cooperativas filiadas, conforme as disposições estatutárias adotadas em
função dos arts. 32 e 33.
Art. 36º A cooperativa central ou a confederação, conforme o caso, deve comunicar ao BCB.
Art. 37º A cooperativa central deve designar administrador responsável perante o BCB pelas
atividades tratadas neste capítulo, bem como por parte de confederação, visando ao
exercício da faculdade estabelecida no art. 32 e das funções referidas no § 1º do art.
35.
Art. 43º As cooperativas de crédito, na contratação de serviços de auditoria de
demonstrações contábeis, devem certificar-se da observância da regulamentação em
vigor sobre auditoria independente, especialmente da Resolução nº 3.198, de 27 de
maio de 2004, no que não conflitar com esta Resolução.
Art. 44º Aplicam-se à realização de auditoria externa pela entidade de auditoria cooperativa
40
FGV Projetos CE Nº 1974/15
referida no art. 43, § 1º, as seguintes disposições [...]
Art. 45º A auditoria de que trata este capítulo deve ter por objeto [...]
Art. 46º As demonstrações contábeis de encerramento de exercício, acompanhadas do
respectivo relatório de auditoria, devem ser divulgadas pela cooperativa com
antecedência mínima de dez dias da data de realização da respectiva assembleia
geral ordinária.
Art. 47º A dissolução da cooperativa de crédito implica o cancelamento da respectiva
autorização para funcionamento.
Art. 48º São requisitos indispensáveis para o cancelamento, a pedido, da autorização para
funcionamento da cooperativa de crédito.
Art. 49º O BCB poderá cancelar a autorização para funcionamento da cooperativa de crédito
quando constatada, a qualquer tempo, uma ou mais das seguintes situações [...]
Art. 52º O BCB, no exercício de suas atribuições de fiscalização, caso constate deficiências
na estrutura de controles internos e de gerenciamento de riscos ou insuficiência na
estrutura física e tecnológica utilizadas na operação, gerenciamento e colocação de
produtos de cooperativa de crédito singular, pode determinar a suspensão da
admissão de novos associados pela cooperativa de crédito singular, enquanto não
sanadas as deficiências.
Art. 54º Respeitadas a legislação e a regulamentação em vigor, a cooperativa de crédito
somente pode participar do capital de [...]
Art. 55º É vedado aos membros de órgãos estatutários e aos ocupantes de funções de
gerência de cooperativa de crédito participar da administração ou deter 5% (cinco por
cento) ou mais do capital de outras instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo BCB, bem como de empresas de fomento mercantil,
excetuadas as cooperativas de crédito.
Art. 57º As infrações aos dispositivos da legislação em vigor e desta Resolução, bem como a
prática de atos contrários aos princípios cooperativistas, sujeitam os diretores e os
membros de conselhos administrativos, fiscais e semelhantes de cooperativas de
crédito às penalidades previstas na Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, sem
prejuízo de outras estabelecidas na legislação em vigor.
FONTE: BACEN: http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo=/Lists/Normativos/Attachments/4850 7/Res
_4434_v1_O.pdf/ Acesso em 17 set. 2015.
2.5 Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito - FGCOOP
O FGCoop é um dos mecanismos da rede proteção do sistema financeiro, cujos instrumentos são
utilizados preventivamente para evitar o risco sistêmico a partir da mitigação do risco de crises
localizadas. São instituições associadas ao FGCoop as cooperativas singulares de crédito e os
bancos cooperativos. As confederações e centrais são associadas, representantes constituídas
pelas cooperativas singulares, com o propósito exclusivo de representá-las, não tendo aquelas
direito a qualquer tipo de garantia, assistência ou suporte financeiro prestados pelo FGCoop.
41
FGV Projetos CE Nº 1974/15
O FGCoop contará com número ilimitado de instituições associadas e terá por finalidade: (i)
proteger depositantes e investidores das instituições associadas; (ii) contribuir para a manutenção
da estabilidade do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC); (iii) contribuir para
prevenção de crise sistêmica no segmento cooperativista.
É vedado ao FGCoop ressarcir, mesmo que parcialmente, crédito de cooperados e clientes de
instituições que não sejam suas associadas, bem como créditos de associadas representantes.
O FGCoop tem por objeto prestar garantia de créditos nas instituições associadas em situações
de decretação da intervenção ou da liquidação extrajudicial de instituição associada.
São beneficiários da garantia ordinária prestada pelo FGCoop às instituições associadas os
investidores e depositantes de tais instituições. Os seguintes recursos estão cobertos por esta
garantia:
Depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio e depósitos de poupança;
Depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado;
Depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques, destinadas ao registro
e controle do fluxo de recursos referentes à prestação de serviços de pagamento de
salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares; e
Letras de câmbio; letras imobiliárias; letras hipotecárias; letras de crédito imobiliário;
letras de crédito do agronegócio; operações compromissadas que têm como objeto
títulos emitidos.
Não são cobertos pela garantia ordinária os demais créditos, incluindo:
Os depósitos, empréstimos ou quaisquer outros recursos captados ou levantados no
exterior; as operações relacionadas a programas de interesse governamental instituído
por lei; os depósitos judiciais; qualquer instrumento financeiro que contenha cláusula de
subordinação, autorizado ou não pelo Banco Central do Brasil a integrar o Patrimônio
de Referência das cooperativas singulares de crédito e bancos cooperativos integrantes
do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC).
Os depósitos e quaisquer outros créditos de titularidade de:
42
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Associadas representantes, exceto os depósitos à vista e a prazo mantidos nos
bancos cooperativos; e
Cooperados e clientes de instituições que não sejam associadas ao FGCoop.
Não são cobertos pela garantia ordinária os créditos por cotas de Fundos de Investimento
administrados por instituições associadas. A afiliação ao FGCoop pelas cooperativas singulares
de crédito e pelos bancos cooperativos constituídos a partir de 25 de novembro de 2013 deve ser
comprovada ao Banco Central do Brasil previamente ao início de suas operações. Não possuem
direito à garantia do FGCoop os créditos de titularidade dos membros dos órgãos de Conselho de
Administração e Conselho Fiscal da associada que:
Estiver no exercício da função à data da decretação do regime especial;
Tenha exercido nos últimos 24 (vinte e quatro) meses anteriores à decretação do
regime especial; ou
Esteja com os seus bens indisponíveis em razão da decretação da intervenção; ou
Esteja em liquidação extrajudicial, respeitado o disposto na Lei nº 6.024/1974, e
legislação posterior.
São direitos das associadas:
Usufruir dos serviços, garantias e ações desenvolvidas pelo FGCoop, desde que
preenchidos os requisitos e as condições fixadas em Estatuto e no Regulamento
próprio;
Tomar parte nas Assembleias gerais, discutindo e votando os assuntos que nelas se
tratarem, ressalvadas as vedações legais e estatutárias, e respeitado o disposto no art.
15 do estatuto do FGCoop; e
Propor ao Conselho de Administração ou à Assembleia Geral medidas de interesse do
FGCoop ou das próprias associadas.
São deveres das associadas:
Cumprir e fazer cumprir o Estatuto e o Regimento Interno;
Votar, respeitar e cumprir as decisões da Assembleia Geral;
Respeitar e cumprir as decisões dos órgãos de administração do FGCoop;
43
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Honrar pontualmente com as contribuições, conforme critérios estabelecidos; e
Disponibilizar ao FGCoop, até 30 de abril e 30 de setembro de cada ano, e sempre que
solicitado, cópia das demonstrações financeiras semestrais e dos relatórios de auditoria,
e outras informações solicitadas pelo Fundo.
São órgãos do FGCoop: a Assembleia Geral; o Conselho de Administração, a Diretoria Executiva;
e o Conselho Fiscal. Os integrantes dos órgãos do FGCoop não respondem, subsidiária ou
solidariamente, pelas obrigações sociais do FGCoop, nos termos do inciso V do Art. 46 do Código
Civil Brasileiro. A Assembleia Geral é o órgão deliberativo máximo do FGCoop e as associadas
serão nela representadas da seguinte forma:
As cooperativas singulares de crédito integrantes de sistemas cooperativos organizados
em 2 (dois) ou 3 (três) níveis, conforme o caso, serão representadas na Assembleia
Geral do FGCoop por sua Central ou Confederação, respectivamente;
Os bancos cooperativos serão representados na Assembleia Geral pela respectiva
Confederação do sistema cooperativo ao qual está vinculado; e
As cooperativas singulares não filiadas a centrais serão representadas pela
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
O exercício do direito de voto na Assembleia Geral do FGCoop constitui prerrogativa de todas as
instituições associadas adimplentes, observadas as seguintes regras:
Os representantes legais ou procuradores com poderes específicos das associadas
representantes terão direito de voto correspondente ao somatório das unidades de voto
das respectivas associadas representadas; e
Cada real desembolsado na última contribuição ordinária antes da respectiva
Assembleia Geral, desprezados os centavos, conferirá à instituição associada uma
unidade de voto.
Até 30 de abril de cada ano, as instituições associadas devem reunir-se em Assembleia Geral
Ordinária para apreciar as contas dos administradores do FGCoop, examinar, discutir e votar
suas demonstrações financeiras, à vista do relatório da auditoria independente e do parecer do
Conselho Fiscal, e até mesmo eleger os membros do Conselho de Administração e do Conselho
Fiscal, quando for o caso.
44
FGV Projetos CE Nº 1974/15
3. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - SFN
3.1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional
Para compreender o funcionamento das cooperativas financeiras, assim como as regras de
mercado que as mesmas estão submetidas, é preciso ter conhecimento da composição de todo o
SFN, assim como da interação entre os diversos órgãos e suas respectivas atribuições
normativas.
Em uma definição clássica, o SFN é um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma
forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de
recursos entre poupadores e investidores. O local onde se processam essas transações é
denominado “mercado financeiro”; ele permite que um indivíduo ou empresa (“agente econômico”)
detentor de poupança, seja colocado em contato com outro, que demanda essa poupança para
investimento. O SFN é composto por instituições que possuem papel de regulamentação,
fiscalização e intermediação financeira. A Figura 3.1.1 apresenta a estrutura simplificada dos
principais órgãos que compõe o SFN.
45
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Figura 3.1.1
Composição do Sistema Financeiro Nacional
Fonte: Sicoob Universidade.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão máximo do SFN e possui a competência de
regular o funcionamento do mercado de financeiro. O CMN é formado pelos Ministros da Fazenda
e do Planejamento e pelo Presidente do BACEN. As principais competências do CMN são:
Autorizar as emissões de papel moeda;
Fixar diretrizes e normas de política cambial;
Regular a oferta de crédito na economia por meio da política monetária;
Determinar as taxas de juros da economia;
Regulamentar as operações de redesconto; e
Regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as instituições
financeiras do país.
O CMN possui dois importantes órgãos que são responsáveis pela execução de suas
determinações, os quais são BACEN e a CVM. O BACEN tem por competência:
46
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Formular as políticas monetárias e cambiais de acordo com as diretrizes do Governo
Federal;
Regular e administrar o SFN;
Conduzir a política monetária;
Administrar o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e o meio circulante;
Emitir papel moeda;
Receber o recolhimento compulsório dos bancos;
Autorizar e fiscalizar o funcionamento das instituições financeiras, punindo-as, se for o
caso;
Controlar o fluxo de capitais estrangeiros; e
Exercer o controle de crédito.
Estão submetidas à fiscalização e supervisão do BACEN as instituições financeiras captadoras de
depósitos a vista, como os bancos múltiplos, de investimento, os bancos comerciais e as
cooperativas de crédito. Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que
realizam as operações ativas (operações de crédito), passivas (operações de captação de
recursos) e acessórias (leasing, seguros, etc.). Os bancos múltiplos atuam nas carteiras
comerciais, de investimento, de desenvolvimento (exclusiva para bancos públicos), crédito
imobiliário, financiamento e investimento e de arrendamento mercantil (leasing) (VIEIRA, 2006).
Por sua vez, os bancos de investimento são bancos essencialmente, direcionados para a
concessão de crédito de médio e longo prazo podendo, simultaneamente, prestar apoio nas áreas
da gestão e administração de ativos financeiros. São instituições financeiras privadas
especializadas em:
Operações de participação societária de caráter temporário;
Financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e capital de giro;
Administração de recursos de terceiros;
Subscrição pública de valores mobiliários;
Operações de maior escala (repasses de recursos oficiais e do exterior); e
Fusões e aquisições.
Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima e adotar, obrigatoriamente, em sua
denominação social, a expressão "Banco de Investimento". Estes bancos não possuem contas
47
FGV Projetos CE Nº 1974/15
correntes e captam recursos via depósitos a prazo, repasses de recursos internos e externos e
administram e vendem cotas de fundos de investimento.
Os bancos comerciais são instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo
principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e médio prazo, o
comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em
geral. A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco
comercial, o qual pode também captar depósitos a prazo. Os bancos comerciais devem ser
constituídos sob a forma de sociedade anônima e na sua denominação social deve constar a
expressão "Banco" (Resolução CMN 2.099, de 1994).
No caso do Sicoob, em 1996 surge o Banco Cooperativo do Brasil S.A, de propriedade das
cooperativas, cujo objetivo é oferecer suporte tecnológico e comercial às transações realizadas
pelas cooperativas singulares. Compreende-se como suporte comercial os aspectos de
normatização, operacionalização e representação dos negócios das cooperativas diante do
sistema financeiro.
O Quadro apresenta o portfólio simplificado dos produtos e serviços financeiros oferecidos pelos
bancos comerciais e, neste caso, também pelas cooperativas financeiras. Ainda cabe ressaltar
que as cooperativas não são por natureza bancos comerciais, porém exercem atividades similares
e, com o suporte do Bancoob, podem se inserir no mercado financeiro.
Quadro 3.1.1
Atividades Oferecidas pelos Bancos Comerciais
Atividade Produto Modalidade
Captação de depósitos
à vista.
Depósitos a vista. Conta corrente.
Captação de depósitos
a prazo.
Depósitos a prazo. CDB, RDB, Recursos de instituições
Financeiras.
Aplicação de recursos. Empréstimos e
transações
Comerciais.
Desconto de títulos, abertura de crédito simples em
conta corrente, limites de crédito, operações de
crédito rural, câmbio e comercio internacional.
Produtos e serviços. Prestação de
serviços
financeiros.
Cartões, seguros, previdência, consignado,
cobrança bancária, arrecadação de tarifas e tributos
federais.
Fonte: Sicoob Universidade.
48
FGV Projetos CE Nº 1974/15
As cooperativas de crédito realizam o mesmo papel dos bancos comerciais, oferecendo a maior
parte dos produtos e serviços, cumprindo função de instituição financeira cooperativa, com a
finalidade de intermediar as transações de seus associados. Dessa forma, as cooperativas
financeiras, assim como os demais bancos, estão sujeitas às regras de gestão e supervisão
estipuladas pelo BACEN.
Assim, é importante que os associados das cooperativas financeiras tenham compreensão da
segurança quanto ao seu funcionamento como instituições financeiras e quanto à submissão às
regras de operação e aos mecanismos de controle estipulados pelas autoridades monetárias
3.2 Outros Intermediários Financeiros ou Auxiliares Financeiros:
Conceitos e Atribuições
3.2.1 Bolsas de Valores
As Bolsas de Valores objetivam garantir a existência de um local adequado para o encontro de
seus membros e a transação por parte deles de compra e venda de títulos e valores mobiliários
pertencentes a pessoas jurídicas (públicas e privadas), em mercado livre e aberto, organizado e
fiscalizado por esses membros e pela CVM. A BM&FBOVESPA é a principal instituição brasileira
de intermediação para operações do mercado de capitais e a única bolsa de valores, mercadorias
e futuros em operação no Brasil.
3.2.2 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários - CTVM
As Corretoras são instituições financeiras que realizam operações de compra e venda de ações e
outros ativos na Bolsa. Elas são responsáveis por intermediar a negociação do investidor na
Bolsa. As Corretoras que operam na Bolsa são autorizadas a funcionar pelo BACEN e pela CVM.
As principais funções são:
49
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Divulgar para o investidor informações sobre preço e volumes das ações e outros títulos
disponíveis;
Orientar nas decisões de compra e venda; e
Distribuir produtos e serviços da BM&FBOVESPA e intermediar negociações.
3.2.3 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários -
DTVM
As Sociedades Distribuidoras atuam na intermediação de Títulos e Valores Mobiliários, nos
mercados Financeiros e de Capitais. Elas se assemelham às Sociedades Corretoras e possuem
atuação regional (cidades), sendo delimitadas, expressamente, na autorização para
funcionamento expedida pelo BACEN. Como instituições auxiliares do SFN, têm como objetivo
intermediar operações com Títulos e Valores Mobiliários. Por exemplo: Título de Renda Fixa,
Ações, Debêntures, e, ainda, atuar no mercado de Commodities na Bolsa de Mercadorias.
No caso do Sicoob, tem-se o Bancoob DTVM cuja finalidade é gerenciar os ativos financeiros por
meio dos fundos de investimento.
3.2.4 Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC
O SELIC é um sistema eletrônico que processa o registro, a custódia e a liquidação financeira das
operações realizadas com títulos públicos federais, garantindo segurança, agilidade e
transparência nos negócios. Esse sistema realiza as transações primárias e secundárias com os
títulos públicos, a saber
Letras Financeiras do Tesouro (LFTs);
Letras do Tesouro Nacional (LTNs); e
Notas do Tesouro Nacional (NTNs).
50
FGV Projetos CE Nº 1974/15
3.2.5 Superintendência de Seguros Privados - SUSEP
A SUSEP é o órgão responsável pela fiscalização dos mercados de seguro, previdência aberta,
capitalização e resseguro. A atuação da SUSEP está no monitoramento das companhias de
seguros e objetiva proteger a captação de poupança popular, que é feita por meio de operações
de seguros, previdência e capitalização.
Cabe também à SUSEP o aperfeiçoamento das regras comerciais das instituições, primando pela
qualidade dos processos, e a segurança para os clientes, garantindo a liquidez das companhias e
ofertando segurança e confiança ao mercado segurador.
3.2.6 Estrutura do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil
As cooperativas de crédito fazem parte do Sistema Financeiro Nacional (SFN) que é formado
por um conjunto de instituições, reguladoras e operacionais, e tem por objetivo garantir o fluxo de
recursos entre emprestadores e tomadores de recursos.
Em relação ao Sicoob, tratado em detalhe no tópico a seguir, refere-se a um sistema que
congrega as cooperativas singulares, centrais, confederação, banco e empresas coligadas, as
quais ocupam diferentes papeis dentro do SFN. Esse tema está detalhado no capítulo referente a
Conceitos de Economia.
51
FGV Projetos CE Nº 1974/15
4. O SICOOB
O Sicoob é o maior sistema financeiro cooperativo do País com mais de 3,0 milhões de
associados 2,3 mil pontos de atendimento, distribuídos em 25 estados e no Distrito Federal. É
composto por cooperativas financeiras e empresas de apoio, que, em conjunto, oferecem aos
associados serviços de conta corrente, crédito, investimento, cartões, previdência, consórcio,
seguros, cobrança bancária, adquirência de meios eletrônicos de pagamento, dentre outros. Ou
seja, tem todos os produtos e serviços bancários, mas não é banco. É uma cooperativa de crédito,
onde os clientes são os donos e, por isso, os resultados financeiros são divididos entre os
cooperados.
Figura 4.1
Modelo Organizacional Sicoob
Fonte: Relatório Anual 2014 Sicoob.
52
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Figura 4.2
Sicoob no território nacional
Fonte: Sicoob Confederação.
COOPERATIVAS CENTRAIS
ESTADOS E DISTRITO FEDERAL
COOPERATIVAS SINGULARES
AGÊNCIAS NO PAÍS
MILHÕES DE COOPERADOS
EMPREGADOS E DIRIGENTES
MUNICÍPIOS BRASILEIROS
ATENDIDOS EXCLUSIVAMENTE PELO SICCOB
15
25
498
3,0
2.305
227
31.601
53
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Figura 4.3
Evolução dos principais números do Sicoob Confederação 2012-2014
Fonte: Relatório Anual 2014 Sicoob.
54
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Quadro 4.1
Grandes Números do Sicoob
Indicadores Março / 2015
Singulares 498
PA’s 1.807
Pontos de Atendimento (Sing. + PA) 2.305
Associados 2.978.889
Funcionários 24.223
Dirigentes Estatutários 7.378
Fonte: Sicoob Confederação.
Quadro 4.2
Grandes Números (em milhões)
Indicadores Março / 2014 Março / 2015 Variação %
Operações de Crédito 27.726.244 31.576.408 13,9%
Depósitos 28.266.974 33.732.819 19,3%
Depósitos à Vista 5.125.486 6.044.349 17,9%
Depósitos a Prazo 23.141.489 27.688.470 19,6%
Patrimônio Líquido 10.318.288 12.446.366 20,6%
Capital Social 6.968.201 8.362.126 20,0%
Sobras (Resultado) 407.681 536.378 31,6%
Ativos 44.544.865 52.826.284 18,6% Fonte: Relatório Anual 2014 Sicoob.
4.1 Cooperativas Singulares
As Cooperativas de Singulares do Sicoob são instituições financeiras resultantes da união de
pessoas integrantes de diferentes segmentos econômicos, que buscam a melhor maneira de
atendê-las nas suas necessidades financeiras. Os cooperados, portanto, tornam-se ao mesmo
tempo usuários dos produtos e serviços da cooperativa e também seus donos.
Ainda no âmbito das Singulares o BACEN, através da Resolução 4.434/15, realizou um
aprimoramento no arcabouço regulatório do segmento de cooperativas
financeiras, introduzindo uma nova classificação para essas entidades de acordo com as
operações realizadas e, consequentemente, eliminando da regulamentação as restrições
ao quadro associativo. Nesse sentido, as cooperativas financeiras singulares passaram a
ser classificadas nas seguintes categorias:
Plenas - que podem praticar todas as operações autorizadas às cooperativas
financeiras, previstas no art.17 da referida Resolução;
55
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Clássicas - não podem realizar operações que geram exposição vendida ou
comprada em ouro, moeda estrangeira, variação cambial, variação no preço de
mercadorias, ações ou em instrumentos financeiros derivativos, bem como a
aplicação em títulos de securitização, empréstimos de ativos, operações
compromissadas e em cotas de fundos de investimento; e
Capital e Empréstimo - não podem realizar a captação de depósitos e a realização
de operações que geram exposição vendida ou comprada em ouro, moeda
estrangeira, variação cambial, variação no preço de mercadorias, ações ou em
instrumentos financeiros derivativos, bem como a aplicação em títulos de
securitização, empréstimos de ativos, operações compromissadas e em cotas de
fundos de investimento.
O novo dispositivo legal manteve o vasto conjunto de documentos (Art. 6º), para a
criação de novas cooperativas, dentre os quais se incluem: planos de negócios com
projeções financeiras; plano mercadológico; plano operacional; plano de negócios
financeiros e ampliou de três para cinco os anos de abrangência esses estudos.
Também exigiu que pelo menos um dos fundadores possuam conhecimento sobre o
ramo de negócio e o seu segmento.
Outro aspecto relevante, diz respeito ao detalhamento das operações passíveis de
serem realizadas (Art.17) por cada categoria de cooperativa, assim como as referidas
restrições/vedações (Art.22). Da mesma forma foram instituídos novos limites de créditos
(Art.23), visando dar maior segurança ao sistema.
Considerando a segmentação proposta, foram definidos novos valores de capital inicial e
de patrimônio líquido (Art.19). A estrutura de governança exigida e o regime de apuração
do capital requerido também serão diferenciados de acordo com a classificação da
cooperativa financeira.
O Governança Corporativa foi explicitada no Capítulo VII, com destaque para as
atribuições do Conselho de Administração (Art.28), e do Conselho Fiscal (art.31), assim
como das obrigações estatutárias referentes à Diretoria (Art. 29). A Auditoria Externa,
Capítulo X, também mereceu item específico. As relações envolvendo Cooperativas
Centrais e Confederações, inclusive perante o BACEN, foi objeto do Capítulo VIII, onde
estão listadas as responsabilidade dessas entidades perante as cooperativas filiadas.
Por conta dos dispositivos acima mencionados, pode-se dizer que qualquer cooperativa
financeira do país, mesmo que hoje atue apenas com o público rural, ou com alguma
categoria profissional específica (médicos, policiais, advogados, professores,
funcionários públicos, …), poderá passar a atuar com todos os públicos, a exemplo das
atuais cooperativas de livre admissão de associados, desde que aprovado pelos
associados em assembleia geral que proponha a mudança estatutária. 7
7Fonte: Parte do texto acima foi retirada do site: http://cooperativismodecredito.coop.br/tag/resolucao-443415/ Acesso em 29 set. 2015.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
4.2 Cooperativas Centrais
Com o intuito de incrementar a qualidade dos serviços prestados aos associados, as cooperativas
singulares do Sicoob se organizaram e constituíram as Cooperativas Centrais do Sicoob, como
forma de ampliar ainda mais a capacidade de atendimento. As Centrais são instituições
independentes, promotoras da integração regional e estadual das cooperativas do Sistema.
O Sicoob possui 15 cooperativas centrais, as quais atuam proativamente na prevenção e
correção de situações que acarretem risco para a solidez das cooperativas filiadas e do Sistema.
Elas prestam diversos serviços, entre os quais: centralização dos recursos captados pelas suas
cooperativas, padronização e supervisão de sistemas operacionais e de controle de depósitos e
empréstimos, supervisão auxiliar, educação e capacitação, adoção de medidas corretivas,
assessoria jurídica, assessoria de comunicação, compras em comum, intercâmbios para
qualidade e treinamento profissional.
A prestação de tais serviços propicia a redução de custos e o fortalecimento do Sistema perante o
mercado, mediante a união de projetos e de forças. Serve de alicerce para empreendimentos
cooperativos, que buscam encontrar soluções dos problemas comuns e necessidades coletivas.
4.3 Sicoob Confederação
A Confederação Nacional das Cooperativas do Sicoob Ltda. - Sicoob Confederação é uma
cooperativa de terceiro grau, segundo a legislação cooperativista e, como instituição, possui
personalidade jurídica própria. Foi constituída pelas cooperativas centrais do Sicoob, com a
finalidade de defender seus interesses, promovendo a padronização, supervisão e integração
operacional, financeira, normativa e tecnológica. Define ainda, políticas e estratégias de
comunicação e marketing, principalmente em relação à marca Sicoob.
Por meio da Confederação, as cooperativas de crédito do Sicoob, de primeiro e segundo grau,
têm acesso a serviços de auditoria direta e indireta, ouvidoria e relacionamento com associados,
capacitação de pessoas, informações gerenciais e soluções tecnológicas - como o Sistema de
Informática do Sicoob (Sisbr), criado em 2001.
57
FGV Projetos CE Nº 1974/15
O Sisbr integra de forma operacional em nível nacional as cooperativas do Sicoob, permitindo
que os associados possam utilizar a estrutura das agências das cooperativas para realizar
transações financeiras. Esta integração fortalece a marca do sistema, além de oferecer mais
conforto aos associados durante seu deslocamento.
A Confederação representa a materialização da proposta de consolidação, organização e
fortalecimento do Sicoob, com vistas à atuação sistêmica, formando, em conjunto com as
Cooperativas Centrais, Cooperativas Singulares e o Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), uma
rede de negócios de produtos e serviços financeiros.
A representação das cooperativas do Sicoob também é exercida em parceria com os demais
sistemas cooperativos por intermédio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), na
busca do aperfeiçoamento da regulamentação que disciplina o segmento. Em sintonia, os órgãos
cooperativos ampliam o campo de atuação, fazendo esforço adicional em benefício de todos.
4.4 Banco Cooperativo do Brasil S.A. - Bancoob
O Banco Cooperativo do Brasil S.A. (Bancoob) é um banco comercial privado, sociedade
anônima de capital fechado, cujo controle acionário pertence às cooperativas centrais de crédito
do Sicoob. Criado em 1996, é regido e regulamentado pela Lei no 4.595/1964 e pela Resolução
2.788/2000 do Conselho Monetário Nacional.
Juridicamente independente das demais entidades do Sicoob, o Bancoob foi constituído com a
finalidade de oferecer produtos e serviços financeiros às cooperativas, ampliando e criando novas
possibilidades de negócios e gestão centralizada dos recursos financeiros do Sistema.
O Bancoob atua como agente facilitador na redução dos custos das cooperativas, desenvolvendo
e disponibilizando produtos e serviços tipicamente bancários para elas. Desta forma, as
cooperativas de crédito assemelham-se às demais instituições do mercado bancário, contando
com uma linha de cartões de crédito, poupança, cobrança bancária, linhas de créditos de recursos
repassados por instituições governamentais, fundos de investimentos, entre outros, em condições
significativamente competitivas.
58
FGV Projetos CE Nº 1974/15
4.5 Cabal Brasil
A Cabal Brasil, bandeira, administradora e processadora de cartões, foi constituída em 2000 e
tem sede em Brasília - DF. Ela é resultado da aliança entre duas importantes entidades de origem
cooperativista, o Bancoob, que detém 80% do capital da empresa. e a Cabal Cooperativa de
Provisión de Servícios Ltda, com sede em Buenos Aires - Argentina.
Com uma estratégia de atuação bem definida para o mercado brasileiro, oferece aos emissores
de cartões, instituições financeiras ou não, a possibilidade de uso de uma nova bandeira, bem
como toda a infraestrutura de processamento e apoio operacional, fundamental para o sucesso da
operação.
4.6 Fundação Sicoob de Previdência Privada - Sicoob Previ
A Fundação Sicoob de Previdência Privada - Sicoob Previ é uma entidade fechada de
previdência complementar, sem fins lucrativos. Constituída como Fundação, em conformidade
com a Lei Complementar nº 109, teve seu funcionamento autorizado em 5 de maio de 2006, pela
Portaria nº 394 do Ministério da Previdência Social. Em novembro do mesmo ano, foram iniciadas
as operações da instituição.
Com o objetivo de constituir e executar planos de benefícios de caráter previdenciário,
complementares aos assegurados pelo Regime Geral de Previdência Social, a Sicoob Previ
administra os planos Sicoob Multipatrocinado e Sicoob Multi Instituído.
O plano Sicoob Multipatrocinado é voltado, especificamente, aos empregados de empresas que
celebram convênio de adesão junto à Fundação. Por sua vez, o plano Sicoob Multi Instituído é
direcionado, exclusivamente, aos membros e associados de entidades denominadas
"instituidoras" - de caráter profissional, classista ou setorial - que, igualmente, celebrem convênio
de adesão com a Sicoob Previ.
Detentora de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, a Sicoob Previ tem como
empresas patrocinadoras além da própria fundação, o Bancoob, o Sicoob Confederação, a
59
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Bancoob DTVM a Cabal Brasil e a Ponta Administradora de Consórcios. Como instituidoras estão
a Confederação Nacional, as Centrais e as Singulares do Sicoob.
4.7 Bancoob Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda -
Bancoob DTVM
A Bancoob Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda (Bancoob DTVM) é uma
empresa especializada na administração e gestão de recursos do Sicoob e de terceiros, tendo
como sócio majoritário o Bancoob. É credenciada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e
foi constituída com a finalidade de gerenciar ativos financeiros por meio de Fundos de
Investimento, inclusive Fundos exclusivos para as cooperativas do Sicoob. As cooperativas de
crédito poderão relacionar-se com a Bancoob DTVM como:
a) Cotistas: investindo nos Fundos administrados; e
b) Distribuidoras: disponibilizando Fundos de Investimentos aos cooperados.
4.8 Ponta Administradora de Consórcios
Há 40 anos no mercado, a Ponta Administradora de Consórcios é uma das mais tradicionais
empresas do segmento e conta com o diferencial de ter sido a primeira administradora de
consórcios a obter autorização de funcionamento pelo órgão regulador no País, servindo de
modelo para a estruturação de outras empresas do ramo.
Desde julho de 2011, a Ponta Administradora de Consórcios integra o conjunto de instituições que
formam o Sicoob, a partir de sua aquisição pelo Bancoob. A operação ampliou o ambiente de
atuação da instituição, que passou a administrar também o Sicoob Consórcios, produto feito para
que as cooperativas possam atender, de forma diferenciada e completa, as necessidades de seus
associados.
60
FGV Projetos CE Nº 1974/15
4.9 Sicoob Seguradora
A Seguradora do Sistema Sicoob é constituída através de uma Joint Venture entre Mongeral
Aegon Seguros e Previdência, primeira seguradora do Brasil constituída em 1835 e o Bancoob.
Esta Seguradora atende, inicialmente, aos ramos de Vida e Previdência e os demais através de
contratos de distribuição com as melhores seguradoras do mercado brasileiro. O objetivo desse
empreendimento, a exemplo dos demais, é proporcionar aos associados ainda mais segurança e
tranquilidade através de produtos desenvolvidos sob medida.
4.10 Serviços de Adquirência de Meios Eletrônicos de Pagamentos
Serviço de captação dos meios de pagamentos através de máquinas preparadas para receber os
cartões das bandeiras Cabal, Mastercard e Visa. Os usuários da nova operação de adquirência
que forem associados/domiciliados das cooperativas financeiras do Sicoob utilizarão a marca
“SIPAG”, sendo que os não associados/domiciliados em cooperativas poderão utilizar o serviço,
porém com a marca “Bin”.
4.11 Produtos e Serviços
O Sicoob, através das várias entidades parceiras, pode oferecer um portfólio bastante variado de
produtos e serviços aos seus associados, segundo o seguinte perfil:
4.11.1 Linhas de Crédito e Aplicações
Para Pessoa Física:
Cheque especial;
Empréstimos;
Financiamentos;
61
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Crédito rural (custeio, comercialização e investimentos); e
Aplicações financeiras.
Para Pessoa Jurídica:
Cheque especial;
Empréstimos para Capital de Giro;
Descontos de Títulos;
Financiamentos; e
Aplicações financeiras.
4.11.2 Produtos e Serviços
Cartões;
Adquirência;
Seguros;
Cobrança; e
Prestação de Serviços (arrecadação e prestação de serviços de recebimento).
62
FGV Projetos CE Nº 1974/15
5. GOVERNANÇA CORPORATIVA
5.1 Conceituação
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define Governança Corporativa como
sendo o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os
relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselheiros de administração, diretoria, auditoria
independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm como finalidade
aumentar o valor da sociedade, facilitar o seu acesso ao capital e contribuir para a sua
perenidade.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entende que Governança Corporativa deve ser
entendida como o conjunto de procedimentos que tem por finalidade:
i. Otimizar o desempenho de uma companhia;
ii. Aumentar o valor da companhia;
iii. Reduzir o custo de capital;
iv. Aumentar a viabilidade de obtenção de recursos no mercado de capitais como
alternativa de capitalização; e
v. Proteger as partes interessadas contra desvios de ativos por indivíduos que têm poder
de influenciar ou tomar decisões em nome da companhia.
Ainda segundo a CVM, as boas práticas de governança corporativa relacionam-se, principalmente
a:
i. Transparência;
ii. Equidade de tratamento entre os acionistas/cotistas;
iii. Prestação de contas (accountability); e
iv. Responsabilidade corporativa.
Embora as práticas acima estejam voltadas para todas as entidades, o objetivo maior da sua
aplicabilidade, por serem companhias de capital aberto, é a redução dos custos de captação e a
maximização dos resultados.
63
FGV Projetos CE Nº 1974/15
A priori, as cooperativas não necessitam dos instrumentos de governança por serem sociedades
de pessoas e não de capital e, principalmente, pelo fato de que:
a) sua gestão é plenamente democrática, pois cada associado possui um único voto nas
Assembleias, independente do seu poder econômico; e
b) o objetivo da entidade não é ter lucro e suas metas são de longo prazo, uma vez que o
objetivo maior é atender às necessidades dos associados, que são efetivamente, “os
donos do negócio”.
Ainda que seja difícil priorizar a natureza desses conflitos, o mais latente diz respeito a não
distinção entre órgãos de decisão estratégica e órgãos voltados para o processo de execução.
Nas empresas que seguem as melhores práticas de governança corporativa, este conflito vem
sendo minimizado pela segregação entre:
a) o órgão político-estratégico de representação, que é o Conselho de Administração; e
b) o órgão que executa as decisões, que é a Diretoria Executiva ou assemelhada.
Outro aspecto a ser ressaltado, diz respeito ao maior conhecimento possuído pelos executivos -
que tocam o dia a dia da entidade e, por isso, acumulam maior quantidade de conhecimentos,
especialmente técnicos - em relação ao acervo de conhecimentos dos Conselheiros. Por conta
dessa não simetria de conhecimentos, com o passar dos anos, os executivos podem debilitar o
papel de monitoramento que o Conselho de Administração deve desempenhar. Por conta dessa
possibilidade, a redução do desequilíbrio de conhecimentos, deve ser tratada no âmbito da
Governança.
Ainda no âmbito da necessidade da adoção das boas práticas de governança está a não
participação efetiva dos associados, por entender que a sua contribuição individual representa
pouco para o todo ou que ela não irá lhe proporcionar benefícios particulares. Por conta disso o
cooperado se omite e segue “descontente” com a maioria.
Finalizando essa exemplificação, temos o processo de gestão da própria entidade que, embora
não busque o lucro, tem a árdua missão de gerar uma remuneração adequada aos participantes
e, ao mesmo tempo, conceder-lhes empréstimos a taxas inferiores às praticadas pelo mercado e,
ainda, gerar saldos passíveis de serem distribuídos.
64
FGV Projetos CE Nº 1974/15
No contexto acima, vale ressaltar que, como os cooperados são os proprietários da entidade e a
eles cabe o processo de gestão, é possível a existência de situações em que o cooperado, na
condição de conselheiro/diretor, seja o agente da decisão sobre a operação de crédito, em que o
próprio seja o beneficiário. Tal fato configura nítido conflito de interesse.
Como foi exposto, fica evidente a necessidade da aplicação das boas práticas de governança
também nas cooperativas e nos demais agentes que integram o Sistema, razão pela qual o
segmento mereceu dos estudiosos uma definição própria de governança cooperativa:
“É o conjunto de mecanismos e controles, internos e externos, que permite aos cooperados
definirem e assegurarem a execução dos objetivos da cooperativa, contribuindo para sua
continuidade e para fortalecimento dos princípios cooperativistas”.
Nesse sentido, as diretrizes da boa governança para as cooperativas devem contribuir para:
Assegurar a gestão eficiente e monitorar a atuação dos gestores;
Equilibrar os sistemas internos e externos de controles, visando minimizar custos e
melhorar o desempenho;
Promover o alinhamento de interesse dos gestores e dos técnicos com as prioridades
da cooperativa; e
Preservar a equidade no tratamento dos interesses dos diversos associados.
5.2 Normas Legais Relativas à Constituição da Governança nas
Cooperativas
Atualmente, a constituição e o funcionamento de cooperativas de crédito são disciplinados pela
Resolução nº 4.434/2015, editada em consonância com a Lei Complementar nº 130/2009. Além
das normas legais mencionadas, o estatuto social (aprovado pela Assembleia Geral), também
aborda a política de governança cooperativa no que tange aos aspectos de representatividade e
participação, direção estratégica, gestão executiva e fiscalização e controle, e que contemple a
aplicação dos princípios de segregação de funções na administração, transparência, equidade,
ética, educação cooperativista, responsabilidade corporativa e prestação de contas.
65
FGV Projetos CE Nº 1974/15
No âmbito da segregação de funções, que são os pilares da boa governança, a referida
Resolução, nos Arts. 26 e 27, determina que as cooperativas de crédito devam observar política
de governança corporativa aprovada pela assembleia geral, que aborde os aspectos de
representatividade e participação, direção estratégica, gestão executiva e fiscalização e controle,
e que contemple a aplicação dos princípios de segregação de funções na administração,
remuneração dos membros dos órgãos estatutários, transparência, equidade, ética, educação
cooperativista, responsabilidade corporativa e prestação de contas.
A adoção de estrutura administrativa integrada por conselho de administração e por diretoria
executiva a ele subordinada, torna-se obrigatória para as cooperativas de crédito clássicas, que
detiverem média dos ativos totais, nos três últimos exercícios sociais, igual ou superior a
R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais) e para as cooperativas de crédito plenas.
Ainda no âmbito da boa governança, é explicitado que os membros da diretoria executiva devem
ser indicados pelo conselho de administração entre pessoas naturais associadas ou não
associadas, nos termos do Art. 5º da Lei Complementar nº 130, de 2009, sendo vedado o
exercício simultâneo de cargos no conselho de administração e na diretoria executiva.
Ainda visando à segurança do sistema, o BCB também pode determinar, para outros conjuntos
definidos de cooperativas de crédito, a adoção da estrutura administrativa acima referida.
Com referência à vedação de acumulo das presidências do Conselho de Administração e da
Diretoria Executiva, mencionada no parágrafo anterior, serão assim considerados,
respectivamente, o Presidente do Conselho e o diretor indicado no estatuto, como os principais
executivos, observadas as atribuições a eles conferidas, independentemente de ser utilizada ou
não a denominação “presidente” para o principal executivo. A vedação deve ser observada
inclusive nos casos de substituição em decorrência de ausências temporárias dos titulares.
66
FGV Projetos CE Nº 1974/15
6. A FORMAÇÃO DA GOVERNANÇA NO ÂMBITO DO SICOOB
6.1 Fundamentos
O Sicoob considera como pilares da Governança Cooperativa:
i. Transparência
Mais do que a obrigação de informar é o desejo de disponibilizar para as partes
interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas
impostas por disposições de leis ou regulamentos. A adequada transparência resulta em
um clima de confiança, tanto internamente quanto nas relações da instituição com
terceiros. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando
também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que
conduzem à criação de valor.
ii. Equidade
Caracterizam-se pelo tratamento justo de todos os sócios e demais partes interessadas.
Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis.
iii. Prestação de Contas (accountability)
Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo
integralmente as consequências de seus atos e omissões.
iv. Responsabilidade na gestão da cooperativa
Os agentes de governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando
à sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na
definição dos negócios e operações.
6.2 Normas e Procedimentos da Governança - Âmbito do Sicoob
A política de Governança Corporativa do Sicoob que contém as diretrizes de atuação sistêmica é
aprovada no âmbito do Sicoob Confederação, do Bancoob e das cooperativas centrais e
67
FGV Projetos CE Nº 1974/15
singulares através das respectivas Assembleias Gerais. Posteriormente, cabe à área de Normas
do Sicoob Confederação manter atualizada através de revisões, caso seja necessário, em
decorrência de fatos relevantes, de alterações estatutárias e por sugestões encaminhadas pelas
cooperativas centrais e singulares e pelo Bancoob. A política de Governança lança diretrizes
aplicadas à:
i. Representatividade e participação;
ii. Direção estratégica;
iii. Gestão executiva, fiscalização e controle;
iv. Princípios de segregação de funções na administração;
v. Transparência, equidade, ética e educação cooperativista;
vi. Responsabilidade corporativa e de prestação de contas das entidades integrantes do
Sicoob; e
vii. Necessidade de cumprimento das exigências legais e regulamentares.
Na descrição da política também são considerados os resultados dos testes das auditorias
internas e externas, a experiência dos órgãos componentes da estrutura de governança
corporativa das entidades integrantes do Sicoob e as normas aplicáveis. A estrutura de
governança cooperativa adotada visa assegurar os direitos e os interesses dos associados das
entidades integrantes do Sicoob e favorece o alinhamento de direitos, de clientes, de
empregados, de fornecedores, das esferas de Governo e da comunidade em geral.
Tanto o Sicoob Confederação quanto o Bancoob são administrados por Conselho de
Administração e por Diretoria Executiva a ele subordinada, sendo a composição, as competências
e as condições de elegibilidade fixadas nos respectivos estatutos sociais, e de forma
complementar, nos regimentos internos. Esse modelo também é adotado por algumas Centrais e
Singulares.
Os conselheiros de cooperativas de crédito podem participar no Conselho de Administração (ou
conselho equivalente) de instituições financeiras e demais entidades controladas, direta ou
indiretamente, pelas referidas cooperativas, não assumindo, como consequência, funções
executivas nessas controladas. É importante ressaltar que o Conselho de Administração, ou na
ausência desses, a Diretoria, desempenha atribuições estratégicas e eletivas, não abrangendo
funções operacionais ou executivas (segregação de funções).
68
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Com o objetivo de resguardar os interesses das entidades integrantes do Sicoob, que prevalecem
sobre quaisquer interesses pessoais, existem vedações, requisitos e impedimentos legais e
regulamentares (normativos internos e sistêmicos) para ocupação e atuação do Conselho de
Administração, ou, da Diretoria.
A administração das entidades coligadas do Sicoob utiliza comitês para a tomada de decisões
técnicas e de negócios, de forma a garantir agilidade, qualidade e segurança aos processos dos
quais seja responsável, conforme normativos internos e sistêmicos.
A gestão executiva das entidades integrantes do Sicoob é realizada por Diretoria Executiva, ou na
ausência desses, por outro órgão executivo da estrutura organizacional, cuja função é de cumprir
e fazer cumprir o Estatuto Social, as deliberações da Assembleia Geral e do Conselho de
Administração, ou na ausência desses, da Diretoria.
Para assegurar a fiscalização dos atos da gestão estratégica e executiva, as entidades integrantes
do Sicoob possuem Conselho Fiscal, Unidade de Auditoria Interna e contratam serviços de
auditoria externa. Os conselhos fiscais são compostos de membros com condições efetivas de
independência em relação aos integrantes do Conselho de Administração, ou na ausência desse,
da Diretoria, e da Diretoria Executiva das entidades do Sicoob.
A área de Auditoria Interna, se reporta, diretamente, ao Conselho de Administração ou, na
ausência desse, à Diretoria da entidade (conselho de diretores).
As entidades integrantes do Sicoob possuem mecanismos destinados ao acolhimento de
reclamações, de denúncias e de sugestões de clientes e de cidadãos (Ouvidoria), que auxiliam no
monitoramento da observância das normas relacionadas à ética e à conduta.
Além de requisitos, exigências e vedações aplicáveis à participação nos Conselhos de
Administração e Fiscal e na Diretoria Executiva, para diminuir possíveis conflitos de interesses, as
entidades integrantes do Sicoob pautam-se em definições estratégicas. Para proporcionar
transparência na condução dos negócios, as entidades integrantes do Sicoob se referenciam nos
seguintes requisitos:
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
a) Fortalecimento da credibilidade e da imagem do Sicoob, ao garantir que quaisquer
informações sejam transitadas de forma objetiva, clara, confiável e tempestiva;
b) Proteção de informações de caráter restrito e protegidas por lei, por meio da adoção de
mecanismos mitigadores de riscos; e
c) Divulgação ampla e oportuna de informações financeiras e não financeiras, permitindo
que as partes interessadas acompanhem e entendam de forma inequívoca os
fundamentos econômicos e os resultados da entidade.
A administração das entidades integrantes do Sicoob prestam contas, continuamente e de forma
clara e transparente, aos associados, aos órgãos de fiscalização e demais partes interessadas
sobre os atos praticados no exercício de seus mandatos.
70
FGV Projetos CE Nº 1974/15
7. OPERADORES DA GOVERNANÇA COOPERATIVA
Como já mencionado, a governança objetiva possibilitar o perfeito funcionamento da entidade.
Para tal, busca tornar mais eficiente os instrumentos de gestão (normas de atuação, metodologia
de execução, o funcionamento dos controles, avaliação/verificação dos procedimentos), de forma
absolutamente transparente, dando tratamento rigorosamente igual a todos os associados e
atendendo, em toda a sua extensão, às normas legais e estatutárias que regem a entidade. Para
tanto, os seguintes organismos participam ativamente do processo de governança:
Conselho de Administração;
Diretoria Executiva;
Conselho Fiscal;
Comitê de Auditoria (se existente);
Assembleia Geral.
7.1 Conselho de Administração
7.1.1 Conceituação
O Conselho de Administração é o órgão de maior poder e, também, o que possui maiores
responsabilidades, reportando-se apenas à Assembleia dos Associados. Efetivamente, cabe ao
Conselho, conforme dispuser o estatuto, e à Diretoria, ou somente à Diretoria, a administração da
entidade.
Por conta dessa atribuição, cabe ao Conselho propor à Assembleia linhas de ações relativas à
condução dos negócios. Uma vez aprovadas pela Assembleia, essas ações se transformam em
políticas, metas e objetivos da entidade.
O Conselho tem como principal função fazer com que as políticas sejam implementadas mediante
ações que serão executadas pela Diretoria. Essa delegação é o principal componente do sistema
de governança, pois se torna o elo entre os associados e a gestão visando orientar e
supervisionar a relação destes últimos com as demais partes interessadas. O Conselho recebe
71
FGV Projetos CE Nº 1974/15
poderes dos associados e presta contas a eles mediante relatórios, demonstrativos contábeis,
pareceres e outros documentos necessários ao completo entendimento da situação da entidade.
No caso do Bancoob, além das condições básicas inerentes a esses cargos estabelecidas pela
legislação e regulamentação (Estatuto Social) em vigor, os conselheiros e diretores terão de
atender as de capacitação técnica compatível com as atribuições do cargo, comprovada pela
formação acadêmica, por experiência profissional ou por outros quesitos julgados relevantes.
(Para maiores conhecimentos, consultar o Estatuto Social do Bancoob).
7.1.2 Atribuições do Conselho de Administração
Nos termos do Art. 28 da Resolução no 4.434/15, compete ao conselho de administração, como
órgão de deliberação colegiada, no caso de cooperativas de crédito que adotem estrutura
administrativa segregada - nos termos do Art. 27 da mencionada Resolução - dentre outras
funções estratégicas:
i. Fixar a orientação geral dos negócios da cooperativa de crédito;
ii. Indicar e destituir os diretores e fixar-lhes as atribuições, observadas as disposições
contidas no estatuto;
iii. Fiscalizar a gestão dos diretores;
iv. Examinar, a qualquer tempo, os livros e papéis da cooperativa de crédito;
v. Solicitar informações sobre contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer
outros atos;
vi. Convocar a assembleia geral;
vii. Manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;
viii. Manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir;
ix. Autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo não
circulante e a constituição de ônus reais; e
x. Escolher e destituir os auditores externos.
Numa tentativa de decomposição das macrocompetências, poder-se-ia atribuir os seguintes
papéis descritos a seguir.
72
FGV Projetos CE Nº 1974/15
a) Orientação geral e estratégica no campo dos negócios e das atividades de
apoio/retaguarda da cooperativa;
b) Aprovação dos planos estratégicos da cooperativa, incluindo as metas quantitativas de
negócios e de expansão geográfica e associativa, bem como as metas qualitativas da
gestão;
c) Avaliação e aprovação das políticas e diretrizes relativas aos controles internos, à
segurança e à gestão de riscos e aos planos de contingência/continuidade de negócios
da cooperativa, propostos pela diretoria;
d) Fixação de normas de controle das operações e serviços, verificando periodicamente o
estado econômico/financeiro da sociedade e do desenvolvimento das operações e
atividades em geral;
e) Definição de programas relacionados à organização do quadro social, desenvolvimento
e gestão, a fim de garantir a continuidade do negócio e a formação de novas lideranças
cooperativistas;
f) Apreciação de regras sistêmicas definidas no âmbito das cooperativas centrais e
entidades corporativas do sistema associado, inclusive quanto à alocação centralizada
de componentes organizacionais de gestão e controle/supervisão;
g) Aprovação de instrumentos normativos internos (regimentos, regulamentos, manuais e
outros expedientes que veiculem normas gerais);
c) Definição e execução de plano com vistas à sucessão dos diretores da cooperativa;
h) Autorização para contratação de operações (ativas e passivas) e realização de outros
negócios cuja expressão financeira, em face do patrimônio líquido da cooperativa,
recomende a intervenção;
i) Proposta à Assembleia quanto ao pagamento de juros às cotas-partes de capital,
73
FGV Projetos CE Nº 1974/15
j) Definição de mecanismo claro, incondicional e formal de acesso de todos os
administradores, em conjunto e individualmente, aos resultados dos trabalhos o
controles internos, auditoria e fiscalização;
k) Exame e apuração das denúncias de infrações praticadas no âmbito da cooperativa,
inclusive as que lhe forem encaminhadas pelos órgãos de controle, auditoria e
fiscalização, determinando, se for o caso, a aplicação das sanções pertinentes;
l) Deliberação acerca da eliminação e exclusão de associados, incluindo, nos termos do
estatuto a orientação quanto à devolução do capital social para as diferentes hipóteses
de desfiliação, mediante aprovação da Assembleia Geral;
m) Decisão prévia sobre participações de capital em outras empresas ou empresas e
entidades, fixando diretrizes, mediante aprovação da Assembleia Geral;
n) Autorização para abertura de dependências e alteração de endereço da sede e das
demais unidades da cooperativa, mediante aprovação da Assembleia Geral;
o) Prestação de contas anual à Assembleia Geral;
p) Definição de regras para os casos omissos, nos casos de matérias sujeitas à sua
deliberação;
q) Avaliação de aspectos intangíveis como marca, reputação, relacionamentos e
credibilidade da cooperativa; e
r) Além das atribuições acima, é importante mencionar a possibilidade da existência de
outras, razão pela qual é fundamental a atenta leitura do Estatuto Social e, no caso das
instituições financeiras, como já mencionadas, também se faz necessária a leitura das
normas específicas do BACEN, em especial ao contido no Capítulo VIII da Resolução no
4.434/15, que trata das atribuições especiais das Cooperativas Centrais de Crédito e das
Confederações de Centrais.
74
FGV Projetos CE Nº 1974/15
7.2 Diretoria Executiva
7.2.1 Conceituação
Tratam-se dos gestores responsáveis pela execução do negócio, ou seja, pela implementação das
estratégias e dos objetivos da cooperativa fixados pelo Conselho.
Como abordado anteriormente, deve-se haver uma clara segregação entre funções de estratégica
e de execução, sendo esperado dos administradores executivos, as qualificações, posturas e
responsabilidade descritas adiante.
Oportuno mencionar que o estatuto da cooperativa de crédito que adotar estrutura administrativa
segregada nos termos do Art. 27 da Resolução no 4.434/15, deve estabelecer:
i. O número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitidos;
ii. O modo de designação e destituição;
iii. O prazo de mandato, que não será superior a quatro anos, permitida a reeleição;
iv. As atribuições e poderes de cada diretor; e
v. A forma de tomada de decisões.
A referida norma também exige que o estatuto estabeleça as atribuições e os poderes de cada
diretor ou membro do conselho de administração com função executiva, podendo estabelecer que
determinadas decisões sejam tomadas em reunião colegiada.
7.2.2 Atribuições dos Diretores
Os ocupantes de funções executivas (diretores) devem assegurar o cumprimento dos planos de
trabalho, das metas e das demais diretrizes fixadas pelo conselho de administração:
a) Competência técnica gerencial especializada compatível com a complexidade do
empreendimento;
b) Comprometimento e tempo para desincumbir-se de suas tarefas que:
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
a) Assegurem aos executivos contratados o adequado preparo para o cumprimento de
suas tarefas;
b) Assegurem a instalação e o regular funcionamento de comitês técnicos;
c) Estejam disponíveis e mostrem solícitos para atender aos chamados dos
conselheiros de administração e fiscais; e
d) Respondam tempestivamente e precisamente aos apontamentos feitos pelos
agentes/órgãos internos e externos de controle e supervisão, promovendo as
regularizações e os ajustes pertinentes.
c) Racionalidade e transparência em suas ações; e
d) Postura ética (conduta exemplar/observância de atributos de caráter).
7.3 Conselho Fiscal
7.3.1 Conceituação
A administração da cooperativa será fiscalizada, assídua e minuciosamente, por um Conselho
Fiscal, constituído de três membros efetivos e três suplentes, todos associados, eleitos pela
Assembleia Geral.
7.3.2 Atribuições do Conselheiro Fiscal
Tarefas ligadas ao Conselho Fiscal:
A já mencionada Resolução no 4.434/15, em seu Art. 31 informa que compete ao Conselho Fiscal,
entre outras atribuições estabelecidas no estatuto social:
I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos administradores e verificar o
cumprimento dos seus deveres legais e estatutários;
II - opinar sobre as propostas dos órgãos de administração, a serem submetidas à assembleia
geral, relativas à incorporação, à fusão ou ao desmembramento da cooperativa;
III - analisar as demonstrações contábeis elaboradas periodicamente pela cooperativa;
76
FGV Projetos CE Nº 1974/15
IV - opinar sobre a regularidade das contas da administração e as demonstrações contábeis do
exercício social, elaborando o respectivo parecer, que conterá, se for o caso, os votos
dissidentes;
V - convocar os auditores internos e externos, sempre que preciso, para prestar informações
necessárias ao desempenho de suas funções;
VI - convocar assembleia geral, por deliberação da maioria de seus membros, sempre que
ocorrerem motivos graves ou urgentes;
VII - comunicar, por meio qualquer de seus membros, aos órgãos de administração, à
assembleia geral e ao BCB, os erros materiais, fraudes ou crimes de que tomarem ciênc ia,
bem como a negativa da administração em fornecer-lhes informação ou documento; e
VIII - Exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em vista as disposições especiais
que a regulam.
Quadro 7.3.2.1 Atuação do Conselho Fiscal
Aconselhar Fazer suas recomendações e/ou sugestões por escrito
Acompanhar Registrar as ocorrências no Livro de Atas
Ouvir Solicitar esclarecimentos
Participar Exigir cumprimento da legislação, do Estatuto Social e das
normas
Recomendar Dar ou negar parecer de balanço
Verificar Verificar todos os documentos da cooperativa
Fiscalizar Analisar os registros e os fluxos
Fonte: Sicoob Universidade.
Além dessas atribuições, tem-se como boa prática para as reuniões de agendamento a não
coincidência de datas com as reuniões de Conselho Administração, propiciando melhor fluxo de
informações entre os conselhos com relação às deliberações. A ata do Conselho Fiscal deve ser
lida na reunião do Conselho Administração. Quando houver temas de interesse do Conselho
Fiscal, o presidente ou o coordenador pode ser convidado a participar como ouvinte, seja para
prestar informações ou acompanhar deliberações.
Os membros do Conselho Administração devem buscar o melhor para a cooperativa em
detrimento de benefícios individuais próprios. Os normativos da cooperativa devem dispor de
mecanismos que possibilitem e exijam esclarecimento de eventuais benefícios ou prejuízos
individuais decorrentes das decisões a serem tomadas.
77
FGV Projetos CE Nº 1974/15
7.3.3 Funcionamento do Conselho Fiscal
Os órgãos de administração são obrigados, através de comunicação por escrito, a colocar à
disposição dos Conselheiros Fiscais, cópias das atas de suas reuniões e cópias dos balancetes
e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente e, quando houver, dos relatórios
de execução de orçamentos.
O escopo de fiscalização do Conselheiro Fiscal deve ser o mais amplo possível, em virtude das
responsabilidades legais que lhe são impostas, em caso de má conduta. O Art. nº 1.070 do Novo
Código Civil e o Art. 53 da Lei nº 5.764/1971 estabelece que os componentes da Administração
e do CF se equiparam aos administradores das sociedades anônimas para efeito de
responsabilidade criminal, podendo responder a ações oriundas de cooperados ou terceiros.
Além disso, o CF pode requerer à administração os recursos humanos, materiais e financeiros
para consecução de suas funções e, a pedido de qualquer dos seus membros, poderá:
i. Solicitar aos órgãos de administração esclarecimentos ou informações, desde que
relativos à sua função fiscalizadora, bem como a elaboração de demonstrações
financeiras ou contábeis especiais;
ii. Solicitar aos auditores externos e internos esclarecimentos ou informações e a apuração
de fatos específicos; e
iii. Convocar membros do Conselho de Administração, da gestão executiva ou do quadro
funcional, bem como convidar associados, a fim de prestar esclarecimentos.
A eficácia da atuação do Conselho Fiscal depende de sua independência e imparcialidade na
realização dos trabalhos, podendo o estatuto da cooperativa e/ou o regimento do conselho
estabelecer regras para isso, ponderando as características da cooperativa e os limites da lei. A
legislação estabeleceu algumas regras para assegurar a independência desse conselho Lei no
5.764/71.
Os participantes de ato ou operação social em que se oculte a natureza da sociedade podem ser
declarados pessoalmente responsáveis pelas obrigações em nome dela contraídas, sem prejuízo
das sanções penais cabíveis. Os componentes do Conselho de Administração e do CF, bem
como os liquidantes, equiparam-se aos administradores das sociedades anônimas para efeito de
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
responsabilidade criminal sem prejuízo da ação que couber ao associado, a sociedade, por seus
diretores, ou representada pelo associado escolhido em Assembleia Geral, terá direito de ação
contra os administradores, para promover sua responsabilidade.
Entretanto, observa-se que os membros do Conselho Fiscal não devem:
iv. Ter qualquer tipo de envolvimento, especialmente de negócios, com a cooperativa além
daqueles realizados na condição de associados;
v. Ser empregados de entidade e/ou empresa que esteja oferecendo algum serviço ou
produto à cooperativa;
vi. Ser cônjuge ou parente até segundo grau de membros da diretoria executiva ou de
gerentes da cooperativa;
vii. Interferir na administração da cooperativa;
viii. Decidir atos administrativos; e
ix. Interferir no processo operacional
Embora o CF e as auditorias sejam órgãos pertencentes à estrutura de fiscalização e controle,
suas funções dentro da cooperativa são distintas e complementares. As auditorias devem prestar
contas tanto ao Conselho de Administração quanto ao CF. Portanto, o CF não só pode, mas
deve usar os relatórios, pareceres e recomendações das auditorias, interna e externa, como fonte
de informação para realização e conclusão de seus trabalhos, bem como reunir-se com a auditoria
de forma a buscar a colaboração mútua.
No CF deve predominar a capacidade técnica dos seus membros. A esse respeito, vale
mencionar que, de acordo com o Art. 56 da Lei no 5.764/1971, as cooperativas devem ser
fiscalizadas assídua e minuciosamente. Mas, uma fiscalização com alto nível de profundidade só
é possível com pessoa qualificada, que deve, se possível, ser adequadamente remunerada.
Tendo em vista que o CF tem a atribuição específica de fiscalizar e a razão de sua existência é
dar mais segurança aos associados. A cooperativa deve adotar também canais institucionais para
que os associados possam acompanhar e cobrar o trabalho desse conselho. E, uma vez que os
conselheiros devem prestar contas aos associados e à Assembleia Geral, recomenda-se que
pelo menos um dos membros do CF compareça às reuniões da Assembleia Geral para
responder aos pedidos de informações formulados pelos associados.
79
FGV Projetos CE Nº 1974/15
7.3.4 O Papel do Conselho Fiscal e a Assembleia
A limitação das responsabilidades dos sócios ao montante do capital subscrito, nos termos do Art.
11 da Lei no 5.764 - Cooperativas de Responsabilidade Ltda.- tende a reduzir os seus riscos e,
também, a reduzir a motivação para o monitoramento do processo de gestão.
Nesse contexto, o processo de debate entre os proprietários da entidade e seus gestores, debate
este identificado como Conflitos de Agência, deixa de existir podendo acarretar falta de
aprimoramento nos negócios e nos controles, propiciando desvios de poder.
Por conta dessa ineficiência, as cooperativas devem implantar estímulos, financeiros ou não, para
despertar, de forma urgente, a participação crítica e criativa dos associados no âmbito da gestão
das entidades. Efetivamente, a questão central desse modelo de autogestão está centrada na
baixa participação dos associados, o que pode favorecer as chances de “captura” política da
organização por um grupo que pode instituir mecanismos para assegurar sua continuidade no
poder.
As cooperativas carecem de fatores externos que influenciem sua governança. Os únicos fatores
atuais são órgãos reguladores e associados. A representatividade dos associados pode ser
favorecida por ações como as assembleias, pré-assembleias, assim como outros canais de
comunicação em que são discutidas as posições e expectativas. A participação confere
legitimidade aos processos de controle interno.
A Assembleia Geral é o órgão supremo da cooperativa, conforme os limites legais e estatutários,
com poderes para decidir os negócios relativos ao objeto da cooperativa e zelar por seu
desenvolvimento e defesa.
Devido à baixa participação dos associados nas assembleias, cabe à cooperativa realizar esforços
para garantir a participação destes, assim como nos conjuntos ou grupos de interesse que
compõem o quadro social.
80
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Segundo Marucci et. al (2009)8 “A participação passiva foge ao espírito cooperativista e pode
representar risco à organização. É direito e obrigação fundamental dos proprietários definir os
objetivos de sua organização“. Isso ocorre em virtude da percepção do cooperado na sua
“insuficiente capacidade individual” de influenciar os destinos da organização, distanciando-se da
tomada de decisão nas Assembleias.
Para prestação de conta, a deliberação deve ser precedida da leitura dos pereceres da Auditoria
Interna e do CF. A leitura desses pareceres sinaliza a política da prestação de contas, facilitando
ao associado o entendimento e orientação de debates para as deliberações de pontos críticos ou
frágeis.
7.3.5 Rotinas do Conselho Fiscal
a) Fiscalizar nas reuniões:
i. Livros de Atas de Assembleias e de Reuniões do Conselho de Administração e
Diretoria Executiva;
ii. Análise dos Resultados;
iii. Aspectos contábeis e financeiros do Balanço;
iv. Aspectos comerciais e orçamentos de contratos e licitações;
v. Relatórios dos Controles Internos da Cooperativa;
vi. Relatórios da Auditoria da Cooperativa;
vii. Acompanhamento dos encargos referentes à Folha de Pagamento da Cooperativa; e
viii. Acompanhamento dos processos judiciais e destinação de reservas.
b) Elaborar Atas de Reuniões e de Relatórios;
c) Verificação de Caixa;
d) Relatórios:
8 BANCO CENTRAL DO BRASIL, Governança cooperativa: diretrizes e mecanismos para fortalecimento da governança em cooperativas de crédito. Brasília: BCB, 2008. Disponível em: <https://w w w .bcb.gov.br/pre/microFinancas/coopcar/pdf/DiretrizesVersaoCompleta.pdf> Acesso em: 15 out. 2015.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
No mínimo uma vez ao mês o Termo de Conferência de Caixa deve ser lavrado pelos
funcionários da área referente. Esse documento deve ser apresentado ao Conselho
Fiscal na reunião, assinado por dois funcionários (Caixa, Gerente, Tesoureiro ou
Encarregado), bem como pelos Auditores, no ato de suas fiscalizações, para
averiguação das conferências dos Caixas.
Alguns dos relatórios que devem fazer parte da análise do Conselheiro Fiscal em sua
rotina de verificação:
Relatório de Operações Vencidas: o documento demonstra os títulos vencidos,
indicando nome, data de vencimento, valor nominal, taxa de mora, correção pelo
atraso e total a receber;
Relatório dos Maiores Devedores: o documento demonstra a concentração dos
empréstimos concedidos a associados, o quanto cada empréstimo representa
sobre o total da carteira/patrimônio líquido;
Relatório de Maiores Depositantes: o documento identifica a concentração dos
valores depositados sobre o total de depósitos;
Relatório de Adiantamentos: o documento apresenta os associados com saldo
negativo, apontando aqueles que emitiram cheque sem fundo e a quantidade de
dias com saldo em aberto;
Relatório do Cheque Especial: o documento aponta os associados que estão
utilizando o limite do cheque especial e os respectivos encargos;
Relatório de Inventário Contábil: o documento traz as operações de empréstimo por
conta contábil;
Relatório de Conciliação de Despesas: o documento apresenta os saldos das
aplicações financeiras dos correntistas; e
Relatório da Conta Capital: o documento mostra o saldo individual da conta capital
de cada associado.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
7.3.6 Eleição
Nas cooperativas e confederação, o CF é composto exclusivamente por associados eleitos pela
Assembleia Geral. O mandato dos membros do CF das cooperativas de crédito terá duração de
até três anos, observada a renovação de, ao menos, dois membros a cada eleição, sendo um
efetivo e um suplente, com base no Art. 6º da Lei Complementar nº 130/09 e:
a) Devem ser eleitos pelo menos um membro efetivo e um membro suplente que não
tenham integrado o Conselho Fiscal que está sendo renovado. A eleição, como efetivo,
de um membro suplente, não é considerada renovação para efeito do dispositivo legal; e
b) No caso das cooperativas Centrais e Confederação, a renovação exigida na lei deve ser
atendida mediante a rotatividade entre as cooperativas singulares filiadas, sendo
insuficiente a mera substituição das pessoas físicas que as representam, exceto se isso
não for possível sob a perspectiva fática, por não haver número suficiente de filiadas em
condições de exercer, por meio de seus representantes, função no referido órgão.
Se o Estatuto Social da cooperativa de crédito estabelecer condições mais restritivas do que as da
lei, exigindo maior renovação do Conselho Fiscal, prevalecem as condições estabelecidas no
Estatuto, que devem ser observadas no ato de eleição.
Os novos conselheiros fiscais ao serem empossados, devem receber dos administradores e dos
conselheiros fiscais remanescentes, informações necessárias à efetividade de atuação:
a) Ambiente interno: histórico, estrutura e planejamento da cooperativa, regras de
funcionamento do CF, legislação pertinente ao exercício do cargo, processos e sistemas
gerencias e de controle, relatórios anuais, atas das AG e das reuniões dos órgãos de
administração e do CF; e
b) Ambiente externo: características do mercado financeiro e de crédito e do segmento de
cooperativas de credito, como a estrutura do sistema está organizada, os principais
concorrentes e as políticas dos órgãos reguladores.
83
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Nos termos do Art. 4º da Lei nº 5.764, que trata da neutralidade política das cooperativas, deve
ser inserido no estatuto um prazo para desincompatibilização prévia dos cargos eletivos,
ocupados na cooperativa, para cargos públicos ou vice-versa. A instituição de uma “quarentena”,
que é o período subsequente à ocupação de um cargo público, em que um ex ocupante do cargo
fica impedido de empregar-se no setor privado, evita a utilização de informações privilegiadas em
benefício próprio ou de outrem.
7.3.7 Educação Cooperativista
O processo educativo, ao enfatizar o papel do associado como proprietário e usuário da
cooperativa, esclarece seus direitos e deveres, ao mesmo tempo em que destaca os benefícios da
cooperação e estimula sua prática. A evidenciação da condição de proprietário explicita, ao
mesmo tempo, a responsabilidade do associado e a segurança da cooperativa. Assim, o
associado poderá cuidar melhor de seus interesses, qualificando-se para tarefas de controle,
fiscalização e administração da cooperativa.
A formação cooperativista contribui para preparar futuros administradores e conselheiros fiscais
qualificados a planejar, se autodesenvolver e dar continuidade às ações institucionais.
Programas de formação de novas lideranças podem estimular o ensinamento de estratégicas
comportamentais de partilha de poder, necessárias ao processo decisório em ambiente
participativo e fundamental na gestão democrática.
A preparação dos dirigentes para o desempenho das suas funções é tema de especial
importância para as boas práticas de governança. É importante que ele se submeta a programas
de capacitação para atualizar e reciclar os conhecimentos. Os temas que os conselheiros
precisam conhecer:
a) Estratégia;
b) Avaliação de desempenho;
c) Funcionamento dos mercados financeiros;
d) Gestão de risco;
e) Responsabilidades legais dos conselheiros; e
84
FGV Projetos CE Nº 1974/15
f) Recursos tecnológicos.
A Resolução nº 3.041/06 estabelece condições para o exercício da função em órgãos estatutários,
e determina a existência de capacitação técnica compatível com as atribuições do cargo como
condição para o exercício do cargo de conselheiro, estabelecendo parâmetros.
Com relação à capacitação, diferentemente do Conselho de Administração, que é um órgão de
representatividade política, no Conselho Fiscal deve predominar a capacidade técnica dos seus
membros. Oportuno citar que, nos termos da Lei nº 5.764/71, as cooperativas devem ser
fiscalizadas assídua e minuciosamente, o que somente é possível, com a profundidade exigida,
por pessoas com a devida qualificação.
7.3.8 Fiscalização e Controle no Âmbito do Conselho Fiscal
Na constituição de uma estrutura de fiscalização e controle, necessária à boa governança, deve-
se ter alguns mecanismos de controle para arbitragem dos efeitos dos comportamentos
oportunistas dos agentes. Porém, os custos de controle, que buscam alinhar os interessem dos
dirigentes aos associados, são conhecidos como custos de agência, e apresentam os custos de:
a) Constituição da estrutura e de elaboração de contratos entre cooperados e dirigentes;
b) Monitoramento das atividades;
c) Custos promovidos pelos próprios dirigentes para prestar contas aos cooperados;
d) Custos residuais - inerentes à divergência de interesses entre gestão e associados; e
e) Custos de monitoramento, que são compostos por:
1) Controle interno - são obrigatórios conforme a Resolução no 3.442 do CMN (Art. 3º)
estabelecendo plano de negócios, com definição da estrutura de controles internos e
mecanismos que garantem a supervisão adequada por parte da administração e
atuação efetiva de auditoria interna e externa como instrumentos de controle.
85
FGV Projetos CE Nº 1974/15
2) Conselho Fiscal - refere-se a instrumento de fiscalização legal obrigatório segundo a
Lei nº 5.764 (Art. 56) e que atende segundo suas atribuições, podendo gerar impactos
financeiros na instituição.
A estrutura de fiscalização e controle em uma cooperativa de crédito deve ser compatível com a
capacidade financeira da instituição, os potenciais riscos oportunistas e os custos , de modo a
reduzir as eventuais diferenças de interesses múltiplos dos atores envolvidos com a cooperativa
de crédito - administradores, gestores executivos, associados, funcionários, órgãos
governamentais.
A eficiência e eficácia de qualquer instrumento de fiscalização e controle, tanto interno quanto
externo, estão fortemente associadas à quantidade e à qualidade das informações divulgadas aos
agentes responsáveis pela função. Os instrumentos de controle interno não são constituídos
apenas formalmente (sistema de controle padronizado), mas pelas partes interessadas. O
Conselho Fiscal é o mais importante agente de fiscalização e controle, pois está subordinado
exclusivamente à AG.
Visto de forma equivocada, como um órgão que se atém a assuntos de natureza contábil
(balancetes e demonstrações financeiras), a sua principal e mais importante função é fiscalizar os
atos dos administradores e verificar o cumprimento de seus deveres legais e estatutários.
Entende-se como ato dos administradores qualquer ato de gestão praticado pelo Conselho de
Administração e pela Diretoria.
O escopo de fiscalização do CF deve ser o mais amplo possível em virtude de suas
responsabilidades legais. O Art. 1.070 da Lei no 10.406 do Código Civil considera que a
responsabilidade dos membros do CF é a de obedecer a regras que define a responsabilidade
dos administradores – respondendo solidariamente perante a sociedade e os terceiros
prejudicados por culpa no desempenho de suas funções.
Os membros do CF podem responder por crimes tipificados na Lei no 7.492/86 - que define os
crimes contra o sistema financeiro nacional - na condição de autor e coautor, por suas ações e
omissões no exercício de sua função, uma vez que o Art. 53 da Lei no 5.764/71 estabelece que os
componentes do Conselho de Administração e do CF se equiparam aos administradores das
sociedades anônimas para efeito de responsabilidade criminal.
86
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Para o bom exercício de sua função, o CF precisa de autonomia para acessar informações
pertinentes à sua atribuição, podendo comunicar à Assembleia as situações em que os órgãos da
administração estejam dificultando ou impedindo esse acesso.
O inciso IV do Art. 163 da Lei no 6.404/76 e o inciso IV do Art. 1.069 da Lei no 10.406/02 (que
institui o Código Civil) conferem poderes ao CF para denunciar aos órgãos de administração e, se
não forem tomadas as providencias necessárias para proteção dos interesses da organização à
Assembleia, os erros, fraudes ou crimes por eles descobertos. Inclusive permite ao Conselho
Fiscal sugerir providências úteis à cooperativa.
A eficácia da atuação do CF depende de sua independência e imparcialidade na realização dos
trabalhos. O estatuto da cooperativa e regimento do conselho podem estabelecer regras para
isso, ponderando as características da cooperativa e da lei. O novo Código Civil – parágrafo 1º do
Art. 1.066 assegura algumas regras desse conselho.
Sugere-se também que o CF tenha um regimento interno que discipline o funcionamento do órgão
e o planejamento de suas atividades. O documento deve conter, no mínimo, plano de trabalho e
forma de divulgação dos resultados de sua atuação, podendo ser através de pareceres, opiniões,
recomendações, e encaminhamento de denúncias recebidas. O relatório de trabalho deve
expressar a atuação do órgão, abordando aspectos relevantes constatados em sua análise e
fazendo referência às recomendações dos auditores.
Os conselheiros representam o elo entre o associado “pessoa física” e a “pessoa jurídica“ da
cooperativa. Segundo o BACEN, o Conselho Fiscal é o organismo protagonista de fiscalização de
governança de cooperativas de crédito, sendo estruturas capazes de funções de fiscalização e
controle da instituição, já que representam a função fiscalizadora do associado inserida no
contexto da alta administração. Dessa forma, ele dispõe do melhor nível informacional para
execução das funções de atores fiscalizadores.
Vale destacar que fiscalizar não quer dizer interpor-se entre o ilícito e a atividade exercida.
Fiscalizar quer dizer participar, oferecer sugestões, acompanhar, promover, sugerir, enfim,
partilhar de ações honestas que visem ao melhor desenvolvimento, e atendimento igualitário,
dentro da proporcionalidade recíproca de cada associado.
87
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Para que o modelo de governança seja visto como um processo eficaz, a cooperativa deve
associar a funcionalidade de fiscalização interna com os outros agentes de governança. O modelo
de gestão aplicado pelo Conselho de Administração e Diretoria Executiva, em conjunto com o
Conselho Fiscal, apresentará resultados de crescimento e correspondência das expectativas dos
associados que eles representam. A mitigação de conflitos de interesse nos órgãos estatutários é
fundamental para o alcance das melhores práticas de governança, de forma a melhor posicionar a
instituição que administra, num contexto do mercado financeiro cooperativo, que se caracteriza
pelo dinamismo e constante expansão.
7.4 Comitê de Auditoria
7.4.1 Conceituação
Caso tenha sido implantado o Comitê de Auditoria, tanto por decisão dos associados como por
determinação do BACEN (como ocorre em algumas instituições) é importante que o conselheiro -
a quem esse comitê presta assessoramento - esteja atento a sua formação e, principalmente, aos
seus relatórios produzidos, todos de grande importância no processo de gestão. Em relação aos
profissionais, é desejado que sejam especialistas em auditoria, compliance, contabilidade e
tributação e, ainda, em avaliação e gerenciamento de riscos.
7.4.2 Atribuições do Comitê de Auditoria
O Comitê de Auditoria tem como principais atribuições, avaliar:
i. Integridade e qualidade dos serviços executados pelos auditores internos e externos;
ii. Qualidade e suficiência dos controles internos;
iii. Controles de gerenciamento de riscos legais, de inadimplências, tributários e
trabalhistas;
iv. Aderência dos atos praticados pelos administradores com as normas constantes na lei,
no estatuto social e nas atas de Assembleias;
v. Credenciais e recomendação para contratação de auditor externo;
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
vi. Manifestação sobre operações atípicas, como hedge, opções, contratos futuros, etc.;
vii. Atendimento a eventuais consultas do Conselho de Administração; e
viii. Participação das reuniões do Conselho de Administração e da Assembleia Geral.
7.5 Assembleia
A Assembleia Geral é o órgão soberano da cooperativa. É o local onde os sócios reunidos
podem e devem exercer seu direito de proprietários/cooperados.
7.5.1 Atribuições da Assembleia
As Assembleias devem deliberar sobre os planos de desenvolvimento e sobre a aprovação das
contas, considerando o planejamento estratégico do ano anterior. Os orçamentos anuais ou
plurianuais também devem ser pautados em Assembleia para aprovação. De acordo com as
competências/deliberações, as Assembleias Gerais podem ser ordinárias ou extraordinárias, tema
que será discutido no tópico adiante.
7.6 Outros Integrantes do Processo de Governança
Apesar dos poderes atribuídos ao CF, também cabem aos empregados pela adoção de valores
éticos institucionais da cooperativa, a comunicação de preocupações relativas a práticas ilegais ou
antiéticas. O entendimento dos processos de controle aprovados pela gestão executiva e pelo
Conselho de Administração é fundamental para que esse monitoramento ocorra.
89
FGV Projetos CE Nº 1974/15
8. COOPERATIVAS BEM POSICIONADAS EM GOVERNANÇA
A par dos muitos bons exemplos, dignos de reconhecimento, é preciso admitir que ainda há
deficiências e vulnerabilidades na gestão das entidades. Nessa direção, são consideradas
práticas inadequadas:
1) Inatividade do quadro social, com inexpressiva participação nos fóruns (mal organizados),
em que são avaliados a prestação de contas e os planos de trabalho para os exercícios
subsequentes;
2) Falta de independência dos órgãos conselhos, especialmente do Conselho Fiscal como
discutido anteriormente;
3) Não segregação entre atividades reservadas ao Conselho de Administração e atribuíveis
à Diretoria Executiva, denotando-se forte acúmulo de poder (estratégico e
executivo/operacional) pelos componentes do último conselho, e consequente
fragilização ou baixo protagonismo do Conselho;
4) Ausência de comitês técnicos e de alçada claras de deliberação, notadamente no âmbito
das operações de crédito;
5) Pouca representatividade do quadro social no Conselho de Administração;
6) Despreparo e inatividade dos Conselhos de Administração e Fiscais;
7) Pouca atenção aos comportamentos sugeridos pelo código de ética;
8) Falta de transparência na gestão, especialmente por parte dos dirigentes executivos;
9) Abuso de poder por parte de dirigentes, conduzindo em alguns casos a benefícios
(pessoais) indevidos em razão do cargo;
90
FGV Projetos CE Nº 1974/15
10) Ingerência político-partidária e de entidades de classe, estimulando relações que
invariavelmente conduzem à sobreposição ou prevalência de interesses pessoais/ou de
baixa densidade técnica; e
11) Baixa supervisão dos membros do Conselho de Administração sobre os dirigentes
executivos, potencializando o descompasso destes com o quadro social (risco de
desmutualização).
A partir desse retrato, buscando amparo na melhor doutrina sobre a matéria e nas melhores
práticas de gestão, é possível traçar, em algumas linhas gerais, um modelo referencial de boa
governança em cooperativa singular, extensivo em grande parte às demais organizações
sistêmicas, suficiente para corrigir as distorções diagnosticadas.
Além de clara e adequada definição de papéis dos principais órgãos de administração, e da
suficiente preparação de seus membros, o êxito na gestão passa essencialmente pelo cultivo das
práticas descritas adiante.
8.1 Âmbito Individual dos Associados
Os cooperados devem ter participação efetiva (atitude de dono) na vida corporativa:
a) Valendo-se das operações e dos serviços de sua entidade;
b) Comparecimento às Assembleias e aos demais fóruns do seu interesse;
c) Compondo ativamente os núcleos que forem organizados em seu benefício;
d) Sendo assíduo nos eventos de formação;
e) Requerendo esclarecimentos acerca das práticas de gestão e propondo medidas de
aprimoramento; e
f) Pleiteando acesso a cargos em órgãos de administração e fiscalização respeitado o
percurso estatutário-regimental para tanto traçado.
A participação mais efetiva do associado na vida da cooperativa pressupõe a adoção de
mecanismos que facilitem e estimulem o acesso a informações (da administração para os
91
FGV Projetos CE Nº 1974/15
associados) e manifestações (dos associados para a administração). Para isso, é fundamental
que sejam instituídos canais formais e informais para levar informações aos associados e, da
mesma forma, para deles receber reclamações e colher sugestões e recomendações. Um dos
mecanismos mais eficazes, devidamente testado, é a organização/nucleação do quadro social,
com base em critérios geográficos e/ou afinidade socioeconômica entre os associados, elegendo-
se líderes e definindo-se agenda (datas, temas etc.) periódica de encontros. É fundamental para a
credibilidade dos fóruns que os encaminhamentos feitos pelos associados tenham o devido
tratamento com retorno breve (positivo ou negativo).
A adequada organização do quadro social, além de facilitar a comunicação, permite a instituição
de programas de formação de cooperados (sobre seus direitos e deveres na entidade; mercado
financeiro; cooperativismo e administração), fortalecendo os vínculos associativos e
potencializando o surgimento de novos líderes a assegurarem a continuidade da gestão do
empreendimento. É desejável, aliás, que as renovações nos Conselho de Administração e
Fiscal sejam feitas com associados que se destacam nesse ambiente.
8.2 Âmbito da Assembleia Geral de Associados
A Assembleia Geral deve, realmente, funcionar como órgão máximo de deliberação da
cooperativa. Sua efetividade está no nível de participação do quadro associativo. Daí que é
indispensável que:
a) Sejam escolhidos o dia horário e local mais apropriados ao comparecimento do maior
número possível de associados nos certames;
b) Sejam as convocações feitas com boa antecedência, inclusive para dar tempo de os
associados apresentarem considerações prévias à administração (destinadas à
Assembleia) e difundidas por meios/veículos a que os associados efetivamente tenham
acesso;
c) Sejam os itens da pauta escritos de maneira a permitir a adequada compreensão pelos
associados, evitando-se textos com sentido duvidoso;
92
FGV Projetos CE Nº 1974/15
d) Sobre a ordem do dia, especialmente os que envolvam matérias complexas ou de
grande impacto econômico ou societário, haja pré-discussão em núcleos/pequenos
(grupos de associados ou equivalentes) e em pré-assembleias, com a presença dos
administradores com vistas a permitir a adequada compreensão e a estimular debates
acerca das diferentes matérias; e
e) Nos casos de cooperativas com grande número de associados, ou cuja área de atuação
envolva localidades muito distantes entre si, seja praticado o regime de representação
por delegados, permitindo, assim, uma participação mais densa e assídua do quadro
social. Nesse caso, é necessária a realização de encontros prévios dos delegados com
seus representados com vista à discussão preliminar e encaminhamentos sobre os
assuntos pautados para a Assembleia Geral.
8.3 Âmbito dos Conselhos
O Conselho deve ser representativo dos interesses do quadro social, servindo de elo e controle
entre associados e os dirigentes executivos. Para isso deve:
a) Buscar melhor alternativa para os associados;
b) Reunir adequada preparação, participando dos eventos de capacitação;
c) Comparecer às reuniões e preparar-se previamente sobre os itens da pauta;
d) Examinar atentamente os pareceres das auditorias internas e externas e buscar
informações e documentos sobre ressalvas e/ou parágrafos de ênfase contidos no texto;
e) Prover o Conselho Fiscal dos recursos necessários ao cumprimento de seu papel
fiscalizatório, e dar aos demais agentes/órgãos de supervisão as condições adequadas
ao cumprimento de suas atividades; e
93
FGV Projetos CE Nº 1974/15
f) Assegurar que o Conselho Fiscal, assim que empossado, receba dos gestores
executivos as necessárias informações sobre aspectos relevantes da gestão da
cooperativa, incluindo contato e familiarização com os principais relatórios gerenciais.
8.4 Atuação de Cargos Estatutários nas Cooperativas
São condições para o exercício de cargos em órgãos estatutários de Cooperativas de Crédito,
além de outras exigidas pela legislação e pela regulamentação em vigor:
a) Ter reputação ilibada;
b) Ser residente no país;
c) Não estar impedido por lei especial, nem condenado por crime falimentar, de sonegação
fiscal, de prevaricação, de corrupção ativa ou passiva, de concussão, de peculato, contra
a economia popular, a fé pública, a propriedade ou o Sistema Financeiro Nacional, ou
condenado a pena criminal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos
públicos;
d) Não estar declarado inabilitado ou suspenso para o exercício de cargos de conselheiro
fiscal, de conselheiro de administração, de diretor ou de sócio administrador em
instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN ou em
entidades de previdência complementar, sociedades seguradoras, sociedades de
capitalização, companhias abertas ou entidades sujeitas à supervisão da Comissão de
Valores Mobiliários;
e) Não responder, nem qualquer empresa da qual seja controlador ou administrador, por
protesto de títulos, cobranças judiciais, emissão de cheques sem fundos,
inadimplemento de obrigações e outras ocorrências ou circunstâncias análogas;
f) Não estar declarado falido ou insolvente; e
94
FGV Projetos CE Nº 1974/15
g) Não ter controlado ou administrado, nos dois anos que antecedem a eleição, firma ou
sociedade objeto de declaração de insolvência, liquidação, intervenção, falência ou
recuperação judicial.
Nos casos de eleitos que não atendam às condições previstas nas alíneas “e”, “f” e/ou “g” do item
precedente, o BACEN poderá analisar a situação individual dos pretendentes, com vistas a avaliar
a possibilidade de aprovação de seus nomes. Para avaliar o cumprimento, pelo eleito, do requisito
de reputação ilibada, o BACEN poderá levar em conta as seguintes situações e ocorrências:
a) Processo crime ou inquérito policial a que esteja respondendo o eleito ou qualquer
sociedade de que seja ou tenha sido, à época dos fatos, controlador ou administrador;
b) Processo judicial ou administrativo que tenha relação com o Sistema Financeiro
Nacional; e
c) Outras situações, ocorrências ou circunstâncias análogas julgadas relevantes pelo
BACEN.
Na análise, o BACEN considerará as circunstâncias de cada caso, bem como o contexto em que
ocorrer a eleição dos pretendentes, com vistas a avaliar a possibilidade de aceitar ou recusar seus
nomes, tendo em vista o interesse público. Sem prejuízo dos demais documentos necessários à
instrução do processo, os eleitos deverão apresentar ao BACEN:
a) Caso se enquadre em quaisquer das situações previstas, o eleito deve indicar as
ocorrências na própria declaração, apresentando descrição detalhada da sua natureza,
informação acerca de sua situação atual, bem como justificativa para que tais fatos não
sejam considerados como restritivos para o cumprimento das condições estabelecidas
para o exercício do cargo, juntando a documentação comprobatória;
b) Autorização à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fornecimento, ao BACEN, de
cópia da declaração de rendimentos, de bens e direitos e de dívidas e ônus reais,
relativa aos três últimos exercícios fiscais, para uso exclusivo no respectivo processo; e
c) Autorização ao BACEN para acesso a informações a seu respeito constantes de
qualquer sistema público ou privado de cadastro e informações, inclusive processos e
95
FGV Projetos CE Nº 1974/15
procedimentos judiciais ou administrativos e inquéritos policiais para uso exclusivo no
respectivo processo.
8.4.1 Restrições e Vedações em Relação aos Cargos Estatutários
Só podem ser eleitos para cargos estatutários de cooperativa singular de crédito pessoas físicas
associadas da própria instituição, não sendo admitida, portanto, a eleição de representante de
pessoa jurídica integrante do quadro de associados. No caso de cooperativa central ou
confederação de crédito, o eleito deve ser pessoa física associada de cooperativa singular de
crédito filiada.
Constitui exceção à obrigatoriedade de o ocupante de cargo estatutário ser associado da
cooperativa a eleição, pelo Conselho de Administração, de membros de Diretoria Executiva
criada nos termos do Art. 5º da Lei Complementar nº 130, de 2009, e do Art. 18 da Resolução
CMN nº 3.859, de 2010, descritos no Sisorf 5.1.30.32, itens 4 e 8.
De acordo com o Art. 117, inciso X, da Lei nº 8.112/1990, com a redação dada pela Lei nº
11.094/2005, é permitido aos servidores públicos civil federais participar de Conselho de
Administração e de CF de cooperativas. Quanto a outros órgãos da cooperativa, ou ainda quanto
a servidores de outras esferas públicas, cabe aos interessados certificarem-se de que não estão
impedidos, por lei especial, para o exercício do cargo pretendido.
Não podem ser eleitos ao mesmo tempo, seja para cargos na Diretoria ou no Conselho de
Administração, sejam para cargos no CF, os parentes entre si até segundo grau, em linha reta,
colateral ou por afinidade. O associado não pode exercer cumulativamente cargos nos órgãos de
administração e de fiscalização.
É vedado aos membros de órgãos estatutários e aos ocupantes de funções de gerência de
cooperativa de crédito participar da administração ou deter 5% (cinco por cento) ou mais do
capital de outras instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo
BACEN, bem como de empresas de fomento mercantil, excetuadas as cooperativas de crédito.
Esta vedação não se aplica à participação de membros de órgãos estatutários de cooperativas de
crédito no Conselho de Administração ou conselho equivalente de instituições financeiras e
96
FGV Projetos CE Nº 1974/15
demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pelas referidas cooperativas, desde que
não assumidas funções executivas nessas controladas.
É vedado aos membros de órgãos estatutários e aos ocupantes de funções de gerência de
cooperativa de crédito ocupar cargo de conselheiro fiscal em sociedades que possam ser
consideradas concorrentes no mercado financeiro ou tenham interesse conflitante com a
cooperativa, salvo dispensa das Assembleias Gerais, da cooperativa e da sociedade em
questão.
8.4.2 Capacitação Técnica Exigida para Cargos Estatutários
É também condição para o exercício dos cargos de Conselheiro de Administração e Fiscal e de
Diretor em cooperativa de crédito possuir capacitação técnica compatível com as atribuições do
cargo para o qual foi eleito, a qual deve ser comprovada com base na formação acadêmica, na
experiência profissional ou em outros quesitos julgados relevantes, por intermédio de documentos
e de declaração firmada pela instituição, submetida à avaliação do BACEN quando da instrução
do processo de eleição.
8.4.3 Cargos Estatutários - Disposições Complementares
A posse de administradores e conselheiros fiscais das cooperativas de crédito, bem como de
membros de quaisquer outros órgãos estatutários, depende de prévia aprovação de seus nomes
pelo BACEN. Os órgãos de administração podem contratar gerentes-técnicos ou comerciais não
pertencentes ao quadro de associados, fixando-lhes as atribuições e os salários.
Os administradores e os membros do CF responderão a qualquer tempo, salvo prescrição
extintiva, pelos atos que tiverem praticado ou pelas omissões em que houverem incorrido. Os
administradores da cooperativa respondem solidariamente pelas obrigações por ela assumidas
durante sua gestão, até que se cumpram. A responsabilidade solidária circunscrever-se-á ao
montante dos prejuízos causados.
97
FGV Projetos CE Nº 1974/15
9. DOCUMENTOS SOCIETÁRIOS
Por conta disso, são apresentadas as matérias tratadas, os objetivos e quórum das Assembleias
de Constituição, Ordinária e Extraordinária.
9.1 Considerações
Os documentos societários são à base do processo de gestão, principalmente o Estatuto Social,
e as Atas das Assembleias. Esses são os documentos finais e definitivos que norteiam a
atuação dos Conselheiros e Diretores. Toda decisão relevante (consoante norma estatutária)
deverá estar registrada em ata e o seu atendimento é obrigação dos gestores. Posições contrárias
às decisões deverão ser consignadas, com os respectivos fundamentos. Em qualquer processo
de auditoria e fiscalização, especialmente visando à apuração de responsabilidades, as atas são
instrumentos vitais para confrontar as práticas adotadas pelos gestores com as decisões tomadas
pelos associados.
9.2 Estatuto Social
As cooperativas de crédito são regidas pelo seu Estatuto Social, que constitui a lei interna da
sociedade. O Estatuto da cooperativa, além de atender aos conceitos relacionados no Sisorf -
BACEN deve conter:
A denominação, a sede, o prazo de duração, a área de atuação, o objeto da sociedade,
a fixação do exercício social (que no caso das cooperativas de crédito deve ser de um
ano, encerrando-se em 31 de dezembro, por força do que determinam os princípios
gerais do Cosif - Plano Contábil das Instituições Financeiras, instituído pela Circular nº
1.273/1987) e a data do levantamento do balanço geral (no caso das instituições
financeiras, inclusive cooperativas de crédito, devem ser levantados balanços gerais em
30 de junho e 31 de dezembro, por força do que determina o Art. 31 da Lei nº
4.595/1964);
98
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Os direitos e os deveres dos associados, a natureza de suas responsabilidades e as
condições de admissão, demissão, eliminação e exclusão e as normas para sua
representação nas Assembleias Gerais;
O capital mínimo, o valor da quota-parte, o mínimo de quotas-partes a ser subscrito pelo
associado, o modo de integralização das quotas-partes, bem como as condições de sua
retirada nos casos de demissão, eliminação ou exclusão do associado;
A forma de devolução das sobras registradas aos associados, ou do rateio das perdas
apuradas por insuficiência de contribuição para cobertura das despesas da sociedade;
O modo de administração e fiscalização, estabelecendo os respectivos órgãos, com
definição de suas atribuições, seus poderes e seu funcionamento, a representação ativa
e passiva da sociedade em juízo ou fora dele, o prazo do mandato (que deve ser
definido de forma precisa, sem utilização de expressão do tipo “mandato de até x anos,
que não define este prazo”), bem como o processo de substituição dos administradores
e dos conselheiros fiscais;
As formalidades de convocação das Assembleias Gerais e a maioria requerida para a
sua instalação e validade de suas deliberações, vedado o direito de voto aos que nelas
tiverem interesse particular, sem privá-los da participação nos debates;
Os casos de dissolução voluntária da sociedade;
O modo e o processo de alienação ou operação de bens imóveis da sociedade;
O modo de reformar o Estatuto; e
O número mínimo de associados, que não pode ser inferior a vinte pessoas físicas,
quando se tratar de cooperativa singular de crédito.
A indicação da sede deve se dar pelo registro no estatuto social do seu endereço completo. Tais
definições podem dar-se por meio da nominação de todos os municípios ou entes da federação
nos quais existam unidades das entidades definidas nas condições de associação, inclusive para
99
FGV Projetos CE Nº 1974/15
efeito de verificação das possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços,
uma vez que a extensão da área de atuação pode exigir a representação dos associados por meio
de delegados, nas Assembleias Gerais. O valor do Capital mínimo expresso no Estatuto deve
atender aos seguintes aspectos:
Não ser inferior ao resultado da multiplicação dos números fixados pelo próprio
Estatuto, relativos ao mínimo de associados, ao valor da quota-parte e ao mínimo de
quotas-partes a ser subscrito por cada associado; e
Não ser inferior ao limite mínimo regulamentar para o capital integralizado, aplicável ao
tipo de cooperativa. É permitido o estabelecimento, no Estatuto Social de cooperativa
de crédito, de limite mínimo de subscrição de capital diferenciado, tendo em vista o
associado ser pessoa jurídica, pessoa física empregada da cooperativa ou pessoa física
não empregada. A diferenciação consiste nas características dos três tipos de
pretensos associados (pessoa jurídica associada, pessoa física não empregada e
pessoa física empregada da cooperativa de crédito) e deve ser considerada apenas
para a subscrição do limite mínimo de capital social, não devendo servir de base para a
imposição de tratamento diferente aos associados, aos quais são assegurados direitos
iguais pela Lei nº 5.764/1971.
Carece de respaldo legal a eventual inserção, no Estatuto Social de cooperativa de crédito, de
artigo dispondo sobre a incorporação de saldos de conta de depósito e quotas de capital de
cooperativados demitidos, eliminados ou excluídos. O Estatuto Social não pode conter
dispositivo que contrarie o princípio da igualdade de direitos entre os associados ou que
estabeleça restrições de qualquer espécie ao livre exercício dos direitos sociais. O Estatuto da
cooperativa de crédito deve conter, ainda, cláusula explicitando que o mandato dos ocupantes de
cargos estatutários estender-se-á até a posse dos seus substitutos.
100
FGV Projetos CE Nº 1974/15
9.3 Atas das Assembleias
9.3.1 Assembleia de Constituição
A Ata da Assembleia de Constituição ou dos Fundadores é o documento básico para
formação de uma cooperativa. A partir dessa Assembleia e da obtenção da documentação legal
exigida, dá-se o registro e a autorização para funcionamento pelo BACEN. Efetivamente, a
Resolução no 4.434/15, em seu Art. 6o definiu um conjunto de documentos necessários a
constituição de cooperativas, dentre os quais se incluem:
i. Documentos aptos à comprovação das possibilidades de reunião dos associados, de
controle, de realização de operações e de prestação de serviços na área de atuação
pretendida, bem como de manifestação da respectiva cooperativa central ou
confederação, na hipótese de existência de compromisso de filiação;
ii. Identificação dos integrantes do grupo de fundadores e, quando for o caso, das
entidades fornecedoras de apoio técnico e/ou financeiro;
iii. Declarações e documentos que demonstrem que pelo menos um dos integrantes do
grupo de fundadores detém conhecimento sobre o ramo de negócio e sobre o segmento
no qual a cooperativa de crédito pretende operar, inclusive sobre os aspectos
relacionados à dinâmica de mercado, às fontes de recursos operacionais, ao
gerenciamento e aos riscos associados às operações;
iv. Plano de negócios, dividido em: plano financeiro, plano mercadológico, plano
operacional e
v. Minutas dos atos societários de constituição da cooperativa de crédito.
Ainda sobre o tema, o Art. 8º § 2º da referida Resolução:
I - formalizar e submeter ao BCB os atos societários de constituição da cooperativa a ser
objeto da autorização para funcionamento, contemplando a eleição para os cargos
estatutários e a aprovação, pela assembleia geral, de estatuto social contendo cláusula
estabelecendo expressamente que, até a expedição da autorização para funcionamento
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
da instituição, é vedada a realização de qualquer atividade, especialmente as operações
privativas de que trata o Capítulo IV, permitidas somente aquelas necessárias ao
cumprimento do disposto neste artigo.
9.3.2 Assembleias Gerais de Associados
A Assembleia Geral dos Associados é o órgão supremo da sociedade, dentro dos limites legais e
estatutários. Essa Assembleia tem poderes para decidir os negócios relativos ao objeto da
cooperativa e tomar as resoluções convenientes ao desenvolvimento e à defesa desta. Suas
deliberações atingem a todos os associados, mesmo aqueles que discordam ou que estejam
ausentes. As Assembleias Gerais devem ser convocadas com antecedência mínima de dez dias,
em primeira convocação, de forma tríplice da seguinte forma:
a) Editais afixados em locais apropriados das dependências comumente mais freqüentadas
pelos associados;
b) Publicação em jornal; e
c) Comunicação aos associados por intermédio de circulares.
Para a contagem do prazo, considera-se o número de dias corridos, úteis ou não. Assim, está
regular a convocação se, entre a data da Assembleia e a data da convocação, transcorrerem dez
dias, excluindo-se a data da convocação e incluindo-se a data da Assembleia. Exemplo: para uma
Assembleia a ser realizada no dia 30, a convocação deve ter sido feita até o dia 20 do referido
mês.
Não havendo, no horário estabelecido, quórum de instalação, a Assembleia poderá ser realizada
em segunda ou terceira convocações, desde que assim permita o Estatuto e conste no edital,
quando, então, deve ser observado o intervalo mínimo de uma hora entre a realização por uma ou
outra convocação.
A convocação é, usualmente, feita pelo presidente, mas pode ser feita também por qualquer dos
órgãos de administração ou pelo Conselho Fiscal em casos especiais. Associados em pleno
gozo dos seus direitos que representem pelo menos 1/5 (um quinto) do quadro social podem
solicitar a convocação da Assembleia Geral e, em caso de não atendimento, podem efetivar a
convocação. O quórum de instalação das Assembleias Gerais deve ser o seguinte:
102
FGV Projetos CE Nº 1974/15
a) 2/3 (dois terços) do número de associados, em primeira convocação;
b) Metade mais um dos associados, em segunda convocação; e
c) Mínimo de dez associados na terceira convocação, ressalvado o caso de cooperativas
centrais e confederações de cooperativas, em que podem ser instaladas com qualquer
número.
É de competência das Assembleias Gerais a destituição dos membros dos órgãos de
administração ou fiscalização. Ocorrendo destituição que possa afetar a regularidade da
administração ou da fiscalização da entidade, poderá a Assembleia designar administradores e
conselheiros provisórios, até a posse dos novos, cuja eleição deve efetuar-se no prazo máximo de
30 dias.
Nas Assembleias gerais das cooperativas centrais e das confederações de cooperativas, a
representação deverá ser feita por delegados indicados na forma dos seus estatutos e
credenciados pela diretoria das respectivas filiadas.
As cooperativas centrais de crédito e suas confederações podem adotar, quanto ao poder de voto
das filiadas, critério de proporcionalidade em relação ao número de associados indiretamente
representados na Assembleia Geral, conforme regras estabelecidas no Estatuto.
Prescreve em quatro anos a ação para anular as deliberações de Assembleia Geral viciadas de
erro, dolo, fraude ou simulação, ou tomadas com violação da lei ou do Estatuto, contado o prazo
da data em que a Assembleia foi realizada.
9.3.3 Representação por Delegados
Se o número de associados ultrapassar três mil ou, ainda, se a área de atuação da cooperativa
tiver ampla abrangência (associados residindo a mais de 50 quilômetros da sede, âmbito regional,
estadual ou nacional), pode ser adotada a representação por meio de delegados que tenham a
qualidade de associados no gozo de seus direitos sociais e que não exerçam cargos eletivos na
sociedade, para tratarem de todas as matérias que constituem objeto de decisão da Assembleia
Geral de Associados.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
9.3.4 Assembleia Geral Ordinária
A Assembleia Geral Ordinária deve ser realizada anualmente, nos quatro primeiros meses do
exercício social.
As demonstrações contábeis de encerramento do exercício, acompanhadas do respectivo
relatório de auditoria, devem ser divulgadas pela cooperativa com antecedência mínima de 10
dias da data de realização da respectiva Assembleia Geral. A Assembleia Geral Ordinária
deliberará sobre os seguintes assuntos, que deverão constar na ordem do dia.
a) Prestação de contas dos órgãos de administração, acompanhada de parecer do
Conselho Fiscal, compreendendo relatório da gestão, balanço e demonstrativo das
sobras apuradas ou das perdas decorrentes da insuficiência das contribuições para
cobertura das despesas da sociedade;
b) Destinação das sobras apuradas ou do rateio das perdas, deduzindo-se, no primeiro
caso, as parcelas para os fundos obrigatórios;
c) Eleição dos componentes do órgão de Administração, do Conselho Fiscal e de outros,
quando for o caso;
d) Quando previsto, fixação do valor dos honorários, das gratificações e da cédula de
presença dos membros do Conselho de Administração ou da Diretoria e do Conselho
Fiscal; e
e) Quaisquer assuntos de interesse social, excluídos os de competência exclusiva da
Assembleia Geral Extraordinária.
Os membros dos órgãos de administração e fiscalização não poderão participar da votação das
matérias referidas nas alíneas “a” e “d” do item anterior.
104
FGV Projetos CE Nº 1974/15
9.3.5 Assembleia Geral Extraordinária
A Assembleia Geral Extraordinária realizar-se-á sempre que necessário e poderá deliberar
sobre qualquer assunto de interesse da cooperativa, desde que mencionado no edital de
convocação.
É de competência exclusiva de Assembleia Geral Extraordinária deliberar sobre os seguintes
assuntos. Deliberações cuja validade depende dos votos de, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos
associados presentes:
Reforma do Estatuto Social;
Fusão, incorporação ou desmembramento;
Mudança do objeto da sociedade;
Dissolução voluntária da sociedade e nomeação de liquidantes; e
Contas do liquidante.
O BACEN, no exercício de sua competência de fiscalização das cooperativas de crédito, assim
como a entidade que realizar, nos termos da regulamentação do Conselho Monetário Nacional,
atividades de supervisão local, podem convocar Assembleia Geral Extraordinária de instituição
supervisionada, à qual poderão enviar representantes com direito a voz.
9.3.6 Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária
A Assembleia Geral Ordinária e a Assembleia Geral Extraordinária poderão ser
cumulativamente convocadas e realizadas no mesmo local, data e hora e instrumentadas em ata
única. Os requisitos de convocação, instalação, ordem do dia e quórum devem ser observados, de
forma individualizada, em relação a cada Assembleia. A ata não precisa registrar, separadamente,
as deliberações de cada Assembleia. Observe-se que constitui faculdade, e não imposição legal,
a instrumentação em ata única.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
10. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
10.1 Planejamento Estratégico do Sicoob
O Sicoob é um sistema de cooperativas atualizado com as mais modernas metodologias de
negócio aplicadas no mundo empresarial, como, por exemplo, o planejamento estratégico. A
elaboração de um plano estratégico tem como objetivo principal fornecer direcionamento comum a
ser seguido por toda a organização, identificando responsabilidades, garantindo alinhamento e
oferecendo meios para medição do sucesso da estratégia de modo focado, visando o alcance dos
objetivos institucionais e a maximização dos resultados.
O planejamento estratégico do Sicoob é revisto a cada triênio e visa consolidar as suas
orientações estratégicas a partir das experiências e do conhecimento de seus dirigentes. O novo
ciclo estratégico de 2016-2018 apresenta os seguintes movimentos:
1) Ampliar os níveis de estrutura de capitalização nas entidades do sistema;
2) Empreender ações que levem a maior fidelidade no sistema;
3) Empreender ações que consolidem a posição de liderança do Sicoob no
cooperativismo financeiro brasileiro;
4) Promover ações para ampliar o mix de produtos do Sicoob;
5) Desenvolver plataforma de gestão comercial;
6) Estruturar a confederação para conduzir plano de expansão territorial e de novos
associados;
7) Elevar o grau de eficiência no sistema Sicoob;
8) Consolidar a política de comunicação e marketing sistêmica;
9) Manter tecnologia atualizada que atenda às necessidades sistêmicas;
10) Empreender ações que aperfeiçoem a governança sistêmica;
11) Empreender ações que aperfeiçoem a formação e a qualificação de dirigentes e
colaboradores; e
12) Implantar processo sistêmico de planejamento, orçamento e gestão.
O planejamento estratégico visa promover o diálogo aberto em busca da construção de
consensos em relação ao direcionamento estratégico, promovendo o alinhamento entre as
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
entidades Sicoob, sinergia e comprometimento, com o objetivo de enfrentar as incertezas de um
mercado cada vez mais imprevisível e complexo. Cada sistema regional deve construir o seu
planejamento, alinhando as diretrizes gerais apontadas pelo Sicoob com os planos mais
específicos de cada Cooperativa.
10.2 Direcionadores Estratégicos do Sistema Sicoob
VISÃO
"Ser reconhecido como a principal instituição financeira propulsora do desenvolvimento
econômico e social dos associados".
MISSÃO
"Gerar soluções financeiras adequadas e sustentáveis, por meio do cooperativismo, aos
associados e às suas comunidades".
VALORES
Transparência, Comprometimento, Respeito, Ética, Solidariedade, Responsabilidade.
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11. Conceitos Básicos de Finanças
11.1 Introdução
Embora os membros do Conselho de Administração e Conselho Fiscal (CA e CF) não
necessitem ser experts em administração financeira, o conhecimento de alguns conceitos dessa
disciplina, ligados ao setor de atuação, é necessário. Como mencionado em publicação do
BACEN, o principal negócio de uma cooperativa é a concessão de crédito seguro a seus
associados, sendo a rentabilidade dessas operações um dos fatores formadores do seu
desempenho.
É fundamental, portanto, controlar os riscos das operações e conhecer melhor o perfil econômico
de seus associados, cuidados que garantem uma carteira rentável, evitando riscos que possam
levar a instituição a uma situação difícil, como a inadimplência e, até mesmo, a insolvência.
Pelo exposto, fica entendido que, ao conceder crédito, a cooperativa espera obter um retorno para
o capital investido, capaz de lhe permitir atender ao objetivo de continuar operando e atendendo
aos interesses dos associados. Se houvesse certeza de seus ganhos futuros, seria possível
aceitar uma remuneração que compensasse apenas a sua renúncia à liquidez, durante o período
da operação. Essa remuneração, denominada prêmio de liquidez, seria igual à taxa pura de juros
da Economia, que é considerada livre de risco.
Considerando as incertezas relativas ao desempenho da economia e do próprio negócio onde os
recursos foram investidos, entretanto, os rendimentos esperados são incertos. É essa incerteza
que faz a cooperativa fixar um prêmio adicional, como recompensa pelo risco do investimento.
Desse modo, o custo de oportunidade ou taxa mínima de atratividade de um investimento tem
dois componentes distintos: o prêmio de liquidez e o prêmio de risco.
O prêmio de liquidez é a remuneração básica exigida pelo investidor, ao renunciar à liquidez
durante o período da operação. Este prêmio independe do risco a que o capital se encontra
submetido. Por essa razão, é também conhecido na literatura financeira como taxa livre de risco.
108
FGV Projetos CE Nº 1974/15
O prêmio de risco é a remuneração adicional exigida pelo investidor, para compensar o risco
associado à operação. Quanto maior for o risco a que o capital estiver exposto, maior será este
prêmio. Dessa forma, os gestores devem estar atentos à definição e condução das políticas da
cooperativa, zelando para que elas possam conduzir as atividades operacionais dentro de
padrões aceitáveis de risco, atendendo a necessidade dos associados de forma individual, como
também os objetivos da entidade cooperativa, como instituição financeira. Neste contexto, dois
questionamentos são relevantes:
Como reduzir ou amenizar o nível de risco inerente a um investimento?
Como lidar com o risco que não pode ser eliminado ou reduzido?
A primeira questão é respondida com o rápido acesso e tratamento adequado das informações
relevantes aos devedores, de modo a se viabilizar a tomada de decisões eficazes, no tempo
apropriado. Em resumo, o conhecimento da qualidade do credor pode implicar na concessão de
menores taxas de empréstimos.
Contudo, restará sempre uma certeza: a de que a incerteza inerente às decisões econômicas
jamais poderá ser completamente eliminada. Primeiro, porque a enorme complexidade envolvida
nas transformações ambientais impede o controle total das informações relevantes para as
decisões. Segundo, porque os modelos quantitativos utilizados nas previsões e nas avaliações de
investimentos, mesmo os mais sofisticados e abrangentes, sempre se constituirão em
representações simplificadas da realidade. Esta constatação leva à segunda questão proposta
anteriormente: a da necessidade de gerenciamento do risco.
Uma vez constatada a impossibilidade de se eliminar completamente a incerteza associada às
decisões de investimento, torna-se necessário criar regras e técnicas de convivência com o risco
remanescente. Surge, assim, o conceito de administração do risco, tarefa que pode ser
praticada através da diversificação da carteira ou da chamada engenharia financeira.
11.2 Valor do Dinheiro no Tempo
O valor do dinheiro no tempo é um elemento essencial quando de trata de analisar operações de
concessão de crédito. Um velho ditado popular diz “mais vale um pássaro na mão do que dois
109
FGV Projetos CE Nº 1974/15
voando”. Em termos monetários ele significa que o dinheiro em caixa hoje vale mais do que no
futuro. Em outras palavras, o valor do dinheiro muda ao longo do tempo. As três razões que levam
o valor do dinheiro a decrescer, progressivamente, ao longo do tempo são as seguintes:
Inflação;
Risco; e
Preferência pela liquidez.
11.2.1 Inflação
Das três razões acima, a inflação é a única que o administrador de qualquer entidade não possui
gerência direta. Efetivamente, os índices que refletem a perda do poder aquisitivo da moeda -
apresentados no capítulo Economia - deixam claro que diversos fatores e agentes, inclusive o
governo, contribuem para sua formação. De qualquer forma é necessário entender que a
existência da inflação - qualquer que seja a sua natureza - implica na ocorrência de perda.
De fato, se houver uma inflação de 5% ao ano (a.a.), um empréstimo de R$1,00 hoje, concedido
para pagamento neste prazo, será depreciado em R$0,05 e o seu valor, na época do resgate,
será de somente R$0,95.
11.2.2 Análise de Risco
Risco, ou incerteza acerca do futuro, também causa declínio no valor presente do dinheiro pelo
fato de ninguém poder prever, com certeza, as condições futuras, tanto da economia como da
“saúde financeira” do credor.
Toda operação envolve determinado grau de risco. Em algumas, ele é pequeno, como as
aplicações feitas em títulos do governo federal, ou de títulos emitidos por bancos de grande porte,
em operações de curto prazo. No entanto, mesmo nessas operações, na medida em que se tem
um horizonte de tempo mais logo, o risco de inadimplência aumenta.
110
FGV Projetos CE Nº 1974/15
De qualquer forma, na escolha das operações a avaliação de risco, usualmente, está centrada em
três parâmetros: (a) relação entre o fluxo de caixa do credor; (b) garantias ofertadas; (c) período
de tempo da operação. De fato, quanto maior for o tempo fixado para o pagamento da dívida,
maiores serão as possibilidades da ocorrência de fatores (ligados ou não ao devedor) que
poderão inibir o pagamento da dívida.
Portanto, nas políticas de crédito e definição de taxas das operações, os Conselhos de
Administração devem avaliar a relação Risco x Retorno, ou seja, as linhas que oferecem maior
risco devem, de forma racional, ter uma taxa mais elevada, como forma de prêmio pelo risco
incorrido pela cooperativa.
11.2.3 Preferência pela Liquidez
É importante para o credor ter uma perfeita noção da possibilidade da conversão das garantias
em caixa. Em outras palavras: não basta ter uma garantia com valor elevado. É importante,
também, que ela seja passível de se transformar em dinheiro, de preferência em curto espaço de
tempo. Por exemplo: uma trefilaria (processo de fabricação de arame e barras finas de metal) é de
grande importância e valor para uma siderurgia, mas tem pouco valor e utilidade para uma
cooperativa.
Dessa forma, nas políticas de concessão de crédito devem-se observar os critérios de seleção
das garantias, resguardando que as mesmas possam não comprometer a liquidez das
cooperativas e estar alinhado com sua realidade em termos de prazos de captação (depósitos) e
aplicação (operações de crédito).
11.3 Análises do Fluxo de Caixa (capacidade de pagamento) dos
Tomadores de Empréstimo
O Fluxo de Caixa sintetiza o movimento das aplicações e das fontes de recursos utilizadas nas
diversas transações das empresas. Sem dúvida, as decisões relacionadas à compra de matérias-
primas, investimentos, desinvestimentos, aporte de capital, recebimento de empréstimos,
111
FGV Projetos CE Nº 1974/15
reembolso de fundos constituem um contínuo fluxo entre os usos dos investimentos e as fontes
geradoras.
A projeção do fluxo de caixa permite avaliar a capacidade da companhia gerar recursos para
cobrir o incremento de sua necessidade de capital de giro (função do volume de vendas e do ciclo
financeiro da empresa), dos investimentos em Ativo Imobilizado, além de satisfazer as
necessidades relativas ao pagamento de dividendos, de imposto de renda, pagamento de juros e
das parcelas do financiamento de longo prazo que estejam vencendo.
O modelo de fluxo de caixa permite avaliar a política de investimentos e de financiamentos da
empresa, permitindo, inclusive, a comparação entre o fluxo de caixa projetado e o realizado. A
demonstração do fluxo de caixa responde a importantes questões, tais como:
A empresa tem um fluxo de caixa operacional positivo?
Será que mesmo tendo boa geração de caixa operacional a empresa desperdiçou
recursos em investimentos improdutivos?
A busca por empréstimos, de forma sucessiva é condição necessária para a
sobrevivência da sociedade?
Os investimentos de novos ativos, que incorporam mudanças tecnológicas avançadas,
são realmente necessários à manutenção do fluxo de caixa gerado?
Como existe geração de caixa positivo, qual a razão dos vultosos empréstimos junto
aos bancos?
É mais interessante para a empresa comprar a prazo ou obter um desconto a vista?
Será que a empresa somente sobrevive porque está vendendo seus ativos a fim de
financiar a drenagem de dinheiro relacionada à atividade operacional?
Qual é o impacto no fluxo de caixa de uma elevação no prazo concedido aos clientes?
O que acontece com o fluxo de caixa da empresa se houver uma redução pela metade
no prazo médio concedido pelos fornecedores?
Uma das formas mais eficientes de se responder às perguntas acima, e outras mais, é analisar o
Fluxo de Caixa das empresas, considerando seu potencial e sua saúde financeira diante das
condições do mercado em que atuam.
112
FGV Projetos CE Nº 1974/15
12. CONCEITOS DE ECONOMIA
12.1 Noções de Economia
A principal questão da Economia é estudar as formas de comportamento humano resultantes da
relação existente entre a escassez de recursos e as necessidades ilimitadas. A Economia estuda
a alocação de recursos escassos (dinheiro, capacidade de trabalho, energia, etc.) entre fins
alternativos (lazer, segurança, sucesso, etc.) por parte dos proprietários de recursos que buscam
obter o máximo benefício por unidade de dispêndio.
O comportamento individual de pessoas e empresas, bem como sua inter-relação, compreende-se
como objeto de estudo da Microeconomia. Por outro lado, a Macroeconomia se refere ao estudo
do comportamento dos agregados econômicos como, produção, consumo, renda, emprego,
políticas de desenvolvimento econômico e o papel dos governos na economia. As duas áreas de
estudo serão apresentadas a seguir.
12.2 Microeconomia
A Microeconomia estuda o comportamento dos consumidores, produtores e do mercado no qual
interagem. Enfim, estuda a determinação dos preços e quantidades em determinados mercados.
Microeconomia é a parte da Economia que se volta ao estudo e sistematização dos distintos
padrões de produção e determinação dos preços dos bens e serviços transacionados nos mais
diversos mercados.
A Microeconomia tem um núcleo central: o processo de determinação dos preços. E, a despeito
desta determinação não ser homogênea, mas marcada por profundas diferenças nos mercados
organizados sobre bases distintas, comporta uma dimensão universal: todo o processo de
determinação de preços se realiza a partir da interação de compradores (ou demandantes) e
vendedores (ou ofertantes).
113
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Por outro lado, a oferta de determinado produto é definida pelas várias quantidades que os
produtores estão dispostos e aptos a oferecer ao Mercado, em função de vários níveis possíveis
de preços, em dado período de tempo.
12.2.1 Análise da Demanda ou Procura
A procura de determinado produto é determinada pelas várias quantidades que os consumidores
estão dispostos e aptos a adquirir, em função de vários níveis possíveis de preços, em dado
período de tempo. Os fatores de Produção são os elementos básicos utilizados na produção de
bens e serviços e suas respectivas remunerações, conforme o Quadro.
Quadro 12.2.1
Fatores de Produção
Fatores de produção Remuneração
Trabalho Salários
Recursos naturais Aluguel Capacidade empresarial Lucros
Capital financeiro Juros Capacidade tecnológica Royalties
Fonte: Sicoob Universidade.
As cooperativas devem observar o comportamento dos agentes econômicos de sua região,
considerando as sazonalidades da produção, níveis salariais, desenvolvimento tecnológico e
econômico, entre outras variáveis, para estabelecer suas políticas de captação de recursos,
operações de crédito, gestão da cobrança, portfólio de produtos e serviços e as necessidades
específicas de seus associados.
As cooperativas do Sicoob atuam em regiões com realidades econômicas diversificadas e
diferentes umas das outras. Desse modo, uma característica particular das cooperativas é a
capacidade de adequar sua estrutura operacional e comercial para atender às necessidades de
seus associados. Nesta lógica, considerar os fatores microeconômicos torna-se fator essencial
para a consolidação dos negócios assim como a expansão de suas áreas de atuação.
114
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Como os fatores microeconômicos consideram particularidades dos agentes econômicos, a
microeconomia é a área de conhecimento da economia que irá analisar os agregados
econômicos, em seus aspectos de produção, consumo, renda e relação com os agentes
institucionais como governos e órgãos internacionais.
12.3 Macroeconomia
É a parte da teoria econômica que estuda o conjunto de agentes econômicos. Ela tem por objetivo
obter uma visão, mesmo que simplificada, do funcionamento da economia, que permita não
apenas conhecer, mas também atuar sobre o nível de renda e sobre o nível geral de preços de
um determinado país.
A determinação do nível de renda, emprego, utilização da capacidade instalada de uma economia
configura-se em uma das questões mais importantes da análise econômica. Trata-se, em última
instância, de se questionar porque as economias apresentam, ao longo do tempo, ritmos
diferenciados de crescimento. Ou, olhando-se o mesmo fenômeno por outra perspectiva,
investigam-se aqui os determinantes da criação da riqueza em uma economia de mercado.
Não se pretende aqui esgotar as várias respostas que podem ser elaboradas para cada uma das
questões anteriores. Até porque há vários paradigmas dentro das Ciências Econômicas e, dentro
destes, distintas teorias que procuram explicar aqueles e outros fenômenos. Nosso foco aqui será
a análise dos determinantes gerais das flutuações da renda no curto prazo, bem como apontar
para os fatores que explicam o crescimento da renda no longo prazo.
12.4 Modelos de Políticas Econômicas
Para os economistas clássicos, o Estado não deve gastar (G) mais do que arrecada (T). Quando
G > T, o Estado precisa tomar dinheiro emprestado oferecendo juros mais elevados, o que reduz
a poupança disponível. A elevação da taxa de juros reduz o papel da iniciativa privada e eleva o
papel do Estado no PIB (efeito deslocamento ou crowding-out). Para os clássicos, uma política
fiscal expansionista eleva o Produto Interno Bruto (PIB) e os preços no curto prazo e uma política
115
FGV Projetos CE Nº 1974/15
fiscal contracionista reduz o PIB e os preços no curto prazo. No entanto, para os clássicos, esses
efeitos de curto prazo não se sustentam no longo prazo. A Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF)
tem o papel de garantir certo equilíbrio fiscal nas contas públicas, a fim de evitar que políticas de
curto prazo mais expansionistas prejudiquem a economia no longo prazo.
Para os economistas keynesianos (influenciados pelos estudos do economista britânico John
Maynard Keynes) as nações deveriam aceitar que os entes estatais poderiam influenciar os níveis
de produtividade macroeconômicos, aumentando ou diminuindo o número de tributos, bem como
o gasto público.
Tal política, por sua vez, controlaria a inflação e aumentaria o emprego. Ou seja, os governos
passam então a regular os níveis de desemprego, inflação, desaceleração na economia e, para
exercer esse controle, contando com uma combinação das políticas monetárias e fiscais que
serão utilizadas de modo a controlar os fenômenos econômicos.
É nesse momento que, além das políticas econômicas e fiscais, se presencia o nascimento do
"Welfare State", um conjunto de políticas econômicas e sociais promovidas pelo governo de modo
a garantir não só a normalidade do setor econômico, mas também o bem-estar da população em
geral.
Outra forma de intervir no funcionamento da economia dá-se por meio do controle dos meios de
pagamento e no nível de preços dos bens. Esta intervenção refere-se à política monetária, a qual
alude ao controle da moeda (dinheiro) na economia tendo por objetivo manter a inflação sob
controle e, ao mesmo tempo, garantir a liquidez ideal (equilíbrio do sistema econômico) no país.
Para controlar a moeda e a taxa de juros, as autoridades monetárias utilizam-se dos instrumentos
diretos e indiretos, a saber: compra e venda de títulos públicos, recolhimento compulsório,
operações de redesconto e seleção de crédito. A taxa de juros é o instrumento utilizado pelo
BACEN para estabilizar e controlar o nível de preços ou para estimular a economia. Se a taxa de
juros cai (política monetária expansionista), a população tem maior acesso ao crédito, estimulando
o consumo. No entanto, esse aumento no consumo pode estimular uma elevação nos preços,
caso as indústrias e o país não estejam preparados (gargalo na educação - pessoal qualificado - e
infraestrutura, como falta de investimentos em geração de energia, rodovias, portos e/ou
empresas trabalhando perto do limite da capacidade). Por outro lado, se a taxa de juros sobe
116
FGV Projetos CE Nº 1974/15
(política monetária contracionista), a autoridade monetária inibe o consumo e os investimentos. A
redução do consumo ajuda a combater a inflação.
Se há um aumento da taxa básica de juros (Selic), é mais atrativo aplicar em títulos da dívida
pública e menos atrativo aplicar na atividade produtiva; e se a taxa de juros cai, diminui a
atratividade em aplicar em títulos públicos e passa a ser mais vantajoso aplicar na atividade
produtiva.
No entanto, a política monetária está intimamente ligada à política fiscal, pois uma política fiscal
muito expansionista (arrecadação bem inferior aos gastos do governo) força a autoridade
monetária a adotar uma política monetária contracionista (elevação das taxas de juros). Ou seja, é
necessário oferecer juros mais elevados para atrair os recursos para financiar o déficit público
(caso contrário, a autoridade monetária teria que aumentar a emissão da moeda para financiar a
parcela dos gastos de governo que não são financiados via arrecadação, o que significaria mais
inflação).
12.5 Fatores Relacionados ao Processo Inflacionário
A literatura denomina de causas clássicas da inflação aquelas derivadas de problemas
relacionados a (i) excesso de demanda ou (ii) choques de oferta. Assim, a inflação de demanda se
originaria de um aumento nos gastos agregados para além da capacidade produtiva no curto
prazo. Este aumento poderia ter uma fonte eminentemente monetária, qual seja: governos com
orçamentos desequilibrados buscariam se financiar por meio da expansão da oferta de moeda
(para além do crescimento do produto real).
Com mais recursos líquidos, o público em geral buscaria ampliar sua posse de bens e serviços,
pressionando o nível geral de preços. O processo inflacionário se caracteriza por uma elevação
contínua do nível geral de preços, com uma consequente queda do valor da unidade monetária. A
inflação não é um fenômeno simples. Deste modo, não há uma única explicação para as causas
deste processo, sendo necessário considerar fatores estruturais, variáveis econômicas e as
imperfeições de mercado.
Devido às imperfeições do mercado, os estrangulamentos na oferta de setores críticos e quebras
de safras provocam elevações nos preços de determinados produtos e em determinados setores.
117
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Numa economia com o mercado bem organizado, estas elevações nos preços podem ser
corrigidas recorrendo-se, inclusive, ao aumento do volume dos bens importados. No entanto, num
país com mercados mal estruturados e graves problemas no balanço de pagamentos, há
dificuldades para correção desses desequilíbrios setoriais, gerando, como consequência, um
efeito propagador de aumento de preços nos demais setores.
Além das causas associadas às pressões de demanda e às pressões de custo, ou poder de
mercado, há um componente inflacionário associado às expectativas formadas pelos agentes
econômicos sobre os níveis futuros da inflação. Nele os agentes econômicos incorporam, em seus
cálculos e contratos, suas expectativas de taxas de inflação para o futuro (taxas esperadas).
Assim, as expectativas inflacionárias tendem a realimentar o processo, cada vez com maior
intensidade, gerando, em consequência, o encurtamento dos prazos na economia, uma menor
intermediação financeira, forçando para cima os níveis da inflação.
12.5.1 Déficit Público e Inflação
Nos países desenvolvidos as poupanças privadas excedem significativamente os investimentos
privados. Na ausência de déficit público, os países enfrentariam uma contínua queda da renda,
deflação e estagnação. Ao produzir um déficit da magnitude da diferença entre poupança e
investimento privados, os governos evitam a estagnação, e conseguem financiar-se com taxas
reais de juros moderadas, sem provocar inflação.
No caso brasileiro, as poupanças voluntárias privadas não excedem os investimentos privados, e
somente é possível absorver poupança de não residentes através de taxas de juros extremamente
elevadas, provocando uma forte aceleração da dívida interna. O financiamento do déficit público
tem de ser conseguido por mecanismos que, de alguma forma, forcem poupanças privadas
adicionais, ou cortem investimentos privados.
Se o BACEN resiste à monetização do déficit, tem de elevar a taxa real de juros, a fim de atrair
poupança, provocando uma queda de investimentos privados, abrindo espaço para ser ocupado
pelo setor público. Assim, no caso brasileiro, deve haver um controle rigoroso do déficit público,
controlando os gastos e aumentando a fiscalização de impostos.
118
FGV Projetos CE Nº 1974/15
13. INDICADORES ECONÔMICOS
13.1 Introdução
Os indicadores econômicos (IEs) referem-se a dados e/ou informações que sinalizam o
comportamento (individual ou integrado) das diferentes variáveis e fenômenos que integram o
sistema econômico de um país, região ou estado. Eles são importantes porque permitem maior
compreensão da situação presente e o delineamento das tendências de curto prazo da economia,
a fim de subsidiar o processo de tomada de decisões estratégicas dos agentes públicos (governo)
e privados (empresas e consumidores).
Desta forma, procurar-se-á demonstrar os agrupamentos mais convencionais no que tange aos
diferentes IEs - de acordo com a variável macroeconômica principal que os mesmos tentam
explicar - e especificar aspectos como conceito, finalidade, metodologia de determinação e
instituição produtora.
13.2 Indicadores de Nível de Atividade
Os indicadores do Nível de Atividade servem como um “termômetro das condições gerais dos
elementos mais sensíveis às flutuações cíclicas do lado real da economia”, sintetizados no
comportamento do produto interno bruto (PIB), da produção industrial e das estatísticas de
emprego e desemprego.
13.2.1 Produto Interno Bruto (PIB)
O PIB corresponde ao valor de mercado do fluxo de bens e serviços finais disponibilizados por
uma economia em um determinado período de tempo (normalmente um ano), propiciando o
acompanhamento de suas modificações estruturais e de seu curso conjuntural.
O PIB pode ser aferido a preços correntes (nominais ou monetários) e constantes (reais). Ambos
representam importantes medidas de desempenho. Os valores monetários servem para dar uma
119
FGV Projetos CE Nº 1974/15
ideia da dimensão do sistema, pois resultam da agregação da produção física de todos os bens e
serviços pelos respectivos preços, descontadas as transações intermediárias.
13.2.2 Desemprego
O Desemprego constitui preocupação da maioria das economias capitalistas desde o final do
século XX, devido à modernização tecnológica, à automação, à abertura pouco criteriosa dos
mercados e à proliferação de distorções conjunturais. A taxa de desemprego é definida pela
relação entre o número de pessoas desempregadas e a população economicamente ativa (PEA).
A estimativa da taxa de desemprego no Brasil envolve uma polêmica metodológica nada
desprezível entre as instituições que procuram medir o fenômeno, o que acaba se refletindo nos
números finais. As divergências começam com a população em idade ativa (PIA) e terminam com
os conceitos de procura e não obtenção de emprego.
13.3 Índices da FGV
13.3.1 Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI)
É obtido a partir de uma média do Índice de Preços no Atacado (IPA), Índice de Preços ao
Consumidor (IPC) e Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com ponderações 06 (seis),
03 (três) e 01 (um), respectivamente. As coletas de preços abrangem os municípios de Rio de
Janeiro e São Paulo para o IPC, 19 capitais para o INCC, e as capitais e algumas regiões
produtoras no caso do IPA (apesar do cálculo não ser regionalizado).
13.3.2 Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM)
Apresenta praticamente as mesmas características e limitações do IGP- DI. A diferença principal
corresponde à periodicidade da coleta dos preços, cobrindo o intervalo entre os dias 21 do mês
anterior e 20 do mês corrente.
120
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Surgiu em 1989, na época da hiperinflação indexada, dada a necessidade de os agentes
econômicos, notadamente aqueles atuantes no mercado financeiro, disporem de um índice de
atualização de preços logo no começo do mês e atualmente é utilizado especialmente nos
contratos de reajustes de tarifas de telefonia e de energia elétrica.
13.4 Índices do IBGE
13.4.1 Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
Este índice reflete as variações dos preços dos bens e serviços consumidos por famílias com
renda mensal urbana entre 01 e 40 salários mínimos, independentemente da fonte. Os preços são
pesquisados em dez regiões metropolitanas, a saber: Belém, Recife, Fortaleza, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia, além do Distrito Federal. O
IPCA é adotado pelo BACEN para a fixação das metas de inflação do país, acordadas entre o
governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
13.4.2 Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)
Este índice capta a evolução de uma cesta de produtos consumidos por famílias com rendimento
entre um e oito salários mínimos, provenientes exclusivamente do trabalho assalariado urbano. O
indicador cobre as mesmas regiões metropolitanas do IPCA e a agregação é efetuada pela
população residente urbana, levantada pelo Censo Demográfico.
13.4.3 Índice da FIPE (Índice de Preços ao Consumidor - IPC)
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) calcula a variação de preços de bens e serviços para
famílias que ganham entre 01 e 20 salários mínimos no município de São Paulo. É utilizado para
reajustar impostos estaduais e municipais no Estado de São Paulo.
121
FGV Projetos CE Nº 1974/15
13.4.4 Índices do Setor Externo
Refere-se a:
Exportações - valor das vendas e outras remessas de bens e serviços de propriedade
para o exterior, realizadas por agentes econômicos residentes do país, a preços de
embarque, excluindo o pagamento de fretes, seguros, impostos e taxas;
Importações - valor das compras e outros ingressos de mercadorias e serviços
procedentes do exterior do país;
Saldo da balança comercial - exportação menos importação;
Saldo em transações correntes - consolidação da balança comercial e de serviços e
das transferências unilaterais. Os serviços compreendem transportes, seguros, viagens
internacionais, assistência técnica, lucros e dividendos e juros da dívida externa;
Transferências unilaterais - correspondem às doações, remessas de imigrantes etc.; e
Dívida externa - valor total de débitos do país, contratados com residentes no exterior e
garantidos pelo governo, decorrentes de empréstimos e financiamentos, com prazo de
vencimento superior a um ano.
13.5 Índices Financeiros
Refere-se a:
Juros Over/Selic - taxa de juros média (em %) praticada pelo BACEN para a rolagem
dos títulos da dívida pública por um dia. Apesar de terem sido concebidos para propiciar
a gestão da liquidez do sistema econômico, os papéis do governo sempre
representaram ativos de primeira linha, indicando o piso da rentabilidade do mercado
financeiro, devido à sua pronta liquidez e à plena garantia de recompra.
Poupança - rendimento calculado para a remuneração mensal dos depósitos em
caderneta de poupança, a partir da Taxa Referencial de Juros (TR), acrescida de 0,5%.
A TR é obtida a partir da combinação da remuneração média mensal, livre de impostos,
dos depósitos, a prazo fixo, captados pelos bancos comerciais e de investimentos e
agências operadoras com títulos públicos.
122
FGV Projetos CE Nº 1974/15
14. PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO
14.1 Conceituação
O orçamento empresarial é uma ferramenta relevante para todos os tipos de sociedades, inclusive
as sociedades cooperativas. Weston e Brigham (2000)9 conceituam orçamento como um plano
que estabelece os gastos projetados para certa atividade e indica as fontes dos recursos
necessários à sua execução, ou seja, relaciona os recursos financeiros para fazer face a esses
gastos.
Segundo os mesmos autores, ciclo orçamentário é o período no qual se elabora, aprova e executa
um orçamento. Quanto à periodicidade, geralmente os orçamentos são estabelecidos em bases
mensais. Normalmente, comparam-se os valores reais com os projetados no orçamento, sendo
que as diferenças devem ser esclarecidas e os valores projetados para o restante do ano devem
ser revistos, caso as projeções iniciais mostrem-se fora da realidade.
Normalmente o período do orçamento é de um ano. O orçamento empresarial precisa estar
conectado com o processo de planejamento operacional da organização, ou seja, o planejamento
estratégico estabelece as principais premissas a partir das quais o orçamento anual será
elaborado.
O orçamento empresarial corresponde a uma projeção de um ano da demonstração de
resultados, fluxo de caixa e balanço patrimonial de uma organização e constitui-se em ferramenta
importante para a avaliação dos planos e controles organizacionais.
O orçamento permite a apuração de resultados por área de responsabilidade, desempenhando
papel de planejamento e controle. Além disso, envolve a vinculação de recursos para o ano
seguinte. Tal vinculação deve ser programada com clara ideia da direção que a organização
tomará a longo prazo.
9 WESTON, J.F.; BRIGHAM, E.F. Fundamentos da Administração Financeira. São Paulo: Makron Books, 2000.
123
FGV Projetos CE Nº 1974/15
14.2 Planejamento Estratégico X Orçamento
Normalmente o planejamento orçamentário é feito pelo prazo de um ano e o planejamento
estratégico por um período maior, geralmente de três a quatro anos. O planejamento estratégico é
feito antes do orçamento e, desta forma, proporciona a estrutura para a elaboração deste. Ou
seja, o orçamento corresponde a uma fração anual do plano estratégico da organização, mas com
um nível de detalhamento bem maior do que o do planejamento.
14.3 Orçamento X Projeções
Muitas vezes, os gestores elaboram projeções financeiras ao invés de orçamentos, e isso ocorre
frequentemente em sociedades cooperativas. Muitas organizações que dizem usar o orçamento
empresarial utilizam, em verdade, projeções de valores de receitas, despesas e resultados.
Almeida et al. (2009)10 concluíram que as cooperativas agropecuárias da região Sul do Brasil
usam algum tipo de orçamento como parte das atividades de planejamento, execução e controle.
As que declararam não o fazer elaboram projeções de receitas e de despesas.
Anthony e Govindarajan (2006)11 discorrem sobre a diferença entre orçamento empresarial e
projeções financeiras. O orçamento é um plano gerencial que vincula uma área de
responsabilidade ao cumprimento da proposta aprovada pela autoridade superior, da forma mais
realista possível e uma projeção é mera previsão do que se espera que ocorrerá, sem qualquer
compromisso por parte de seu responsável. Esses autores apresentam as seguintes
características da projeção:
a) Pode ou não ser expressa monetariamente;
b) Pode cobrir qualquer período;
c) Seu autor ou responsável não tem a responsabilidade de atingir os resultados
projetados;
d) As projeções não são em geral aprovadas por autoridade superior;
10 ALMEIDA, Lauro Brito de; MACHADO, Esmael Almeida; RAIFUR, Léo; NOGUEIRA, Daniel Ramos. A Utilização do Orçamento como
Ferramenta de Apoio à Formulação de Estratégia, de Controle e de Interatividade: um estudo exploratório nas cooperativas agropecuárias da região sul do Brasil. Revista Contabilidade Vista & Revista. Belo Horizonte, v. 20, n. 3, jul-set, 2009. p. 65-99 11 Anthony, Robert N.; GOVINDARAJAN, Vijay. Sistemas de Controle Gerencial. 10a ed. Americana. São Paulo: Atlas, 2006.
124
FGV Projetos CE Nº 1974/15
e) As projeções são atualizadas rapidamente, tão logo ocorram alterações nas condições
anteriores; e
f) As variações das projeções não são em regra analisadas formal e periodicamente, e o
objetivo das análises é aperfeiçoar a capacidade de projetar.
Diante do exposto, constata-se que são grandes as diferenças entre o orçamento e a projeção,
em especial com relação aos aspectos de compromisso e responsabilização por resultados dos
administradores envolvidos em ambos os processos.
125
FGV Projetos CE Nº 1974/15
15. CONTABILIDADE E GESTÃO FINANCEIRA
15.1 Análise das Demonstrações Contábeis
A contabilidade exerce um importante papel dentro do processo administrativo das cooperativas
de crédito. As análises financeiras são feitas com base em relatórios contábeis, os quais foram
construídos pela área contábil com a finalidade de oferecer aos gestores informações sobre os
fatos e mudanças ocorridas nos ativos, obrigações e resultado das atividades fim da organização.
Além do fator interno, a divulgação das informações contábeis permite que os associados possam
ter conhecimento da estrutura patrimonial da cooperativa, assim como a sua capacidade de gerar
resultados financeiros. A confiança gerada pelos relatórios contábeis aos associados é importante
para ampliar a atuação das cooperativas, haja vista que mais pessoas terão interesse de se
associar a uma organização que possui saúde financeira e adota políticas de transparência de
suas atividades.
Dessa forma, a segurança e confiança das informações prestadas pelos relatórios contábeis são
ampliadas a medida que são auditadas por profissionais externos e também pelos Conselheiros
Fiscais, que conforme exposto, são associados eleitos no formato de representação para conferir,
examinar, auditar e validar as informações fornecidas pela área contábil.
De acordo com Franco (1999)12 a trajetória da área contábil passa pelas seguintes etapas:
i. Registro dos fatos contábeis (escrituração);
ii. Demonstração expositiva destes fatos (relatórios contábeis);
iii. Verificação da adequabilidade dos registros e demonstrações (auditoria); e
iv. Análise e interpretação dos relatórios (análise de balanços e demais demonstrações).
Dessa forma, o propósito deste conteúdo reside em explicitar os conhecimentos
relacionados a identificação dos principais relatórios contábeis apresentados pelas
12 FRANCO, H. A contabilidade na era da globalização. São Paulo: Atlas, 1999.
126
FGV Projetos CE Nº 1974/15
cooperativas, assim como as análises necessárias para atestar a condição financeira
das cooperativas.
Os principais relatórios contábeis que são examinados pelos conselheiros fiscais publicados aos
associados como forma de prestação de contas são: i) Balanço Patrimonial; ii) Demonstração de
Sobras ou Perdas; iii) Demonstração de Mutações no Patrimônio Líquido; e iv) Demonstração de
Fluxos de Caixa. Nas seções a seguir, serão apresentados os principais tópicos de análises que
devem ser observados pelos Conselheiros Fiscais para que possam cumprir de forma adequada
seu papel de fiscalização.
15.1.1 Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial (BP) reflete o a posição financeira da cooperativa de crédito em
determinado momento, sendo considerada uma demonstração estática do patrimônio, que
envolve bens e direitos (ativo), obrigações com terceiros (passivo) e capital próprio (patrimônio
líquido). Dessa forma, tem-se a equação 1 que demonstra o equilíbrio patrimonial.
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Em outras palavras, a equação descrita acima expressa à lógica entre os investimentos realizados
pela empresa (ativo) e o total de recursos captados (passivo + patrimônio líquido) que são
representadas pela forma estruturada do balanço. O Balanço Patrimonial das cooperativas de
crédito segue o plano contábil das Instituições do Sistema Financeira Nacional - COSIF, criado em
1987 com a finalidade de facilitar o acompanhamento, análise e avaliação do desempenho e
controle das instituições financeiras atuantes no país.
O Balanço Patrimonial apresentado a seguir será utilizado para representar a funções e análises
dos principais grupos de contas patrimoniais utilizadas para registrar os eventos e modificações
patrimoniais da cooperativa.
127
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Tabela 15.1.1.1 Balanço Patrimonial Simplificado
ATIVO Balanço Patrimonial Simplificado
Circulante
Disponibilidade
Relações Interfinanceiras
Centralização Financeira - Cooperativa
Operações de Crédito
Operações de Crédito
(Provisão para operações de crédito de liquidação duvidosa)
Outros créditos
Créditos por avais e fianças honrados
Rendas a receber
Diversos
(provisão para outros créditos de liquidação duvidosa
Outros valores e bens
Realizável a longo prazo
Operações de crédito
Outros créditos
Permanente
Investimentos
Participação em cooperativas
Outros investimentos
Imobilizados
Imóveis em uso
Outras imobilizações em uso
(Depreciações acumuladas)
Diferido
(Amortizações acumuladas)
TOTAL
PASSIVO
Circulante
Depósitos
Depósitos a vista
Depósitos a prazo
Relações Interfinanceiras
Repasses interfinanceiros
Correspondentes
Relações Interdependências
Obrigações por repasses do país - Instituições oficiais
Outras obrigações
Exigível a longo prazo
Relações interfinanceiras
Repasses interfinanceiros
Outras obrigações
Resultados de Exercícios Futuros
Patrimônio líquido
Capital Social
Reservas legais
Sobras acumuladas
TOTAL Fonte: Adaptado BACEN (2015).
128
FGV Projetos CE Nº 1974/15
15.1.2 Ativo Circulante - Disponibilidade e Relações Interfinanceiras
Refere-se às disponibilidades que estão sob a forma de aplicações em fundos e geram receitas
para as cooperativas. São originados dos depósitos das cooperativas e outros fundos que estão
aplicados e podem ser utilizados para cobrir possíveis desenquadramentos dos limites técnicos.
Esta conta deve ser monitorada com a finalidade de avaliar a liquidez imediata da cooperativa,
evitando que a mesma tenha problemas de liquidez e tenha que realizar a interrupção de suas
operações de crédito por falta de disponibilidades. Além dos valores aplicados, considera-se como
disponibilidade o valor contido na conta caixa, ou seja, os recursos financeiros disponíveis para
transações de numerário da cooperativa.
Por outro lado, um elevado nível de disponibilidade pode sinalizar que a cooperativa tem sido
pouco efetiva nas transações de empréstimos e deve adotar ações mais objetivas de expansão de
crédito e aplicar recursos em operações de crédito, com vistas a aumentar as receitas
operacionais da cooperativa. O indicador de avaliação é o de liquidez imediata (LI) e deve ser
gerenciado dentro de parâmetros estabelecidos pela cooperativa e o Conselho Fiscal a qualquer
tempo deve ter acesso a tal informação para acompanhar as medidas os possíveis ajustes
realizados pela cooperativa.
15.1.3 Operações de Crédito e Provisionamento
Neste subgrupo encontram-se as operações de crédito realizadas pela cooperativa em suas
diversas modalidades de empréstimos. De forma consolidada apresentam-se as seguintes linhas:
Cheque especial/conta garantida;
Empréstimos;
Financiamentos;
Títulos descontados;
Financiamento Rural Próprio e Repassados; e
Adiantamento a depositante.
129
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Nesta rubrica é possível analisar periodicamente a evolução de cada conta, ou especificamente, a
evolução de cada modalidade de empréstimo. Ao acompanhar a evolução das carteiras é possível
mapear em quais linhas a cooperativa tem conseguido ser mais eficiente, assim como as
modalidades de crédito que estão sendo mais trabalhadas e demandas pelos associados.
Além das carteiras, também é possível avaliar a qualidade do crédito através do estoque de
provisão. A provisão se refere a uma reserva financeira feita de acordo com o risco com que cada
operação foi realizada. A análise deve ser feita pelo índice de provisão (Provisão de CL /
Operações de Crédito). Este índice se refere a participação percentual do estoque de provisão em
relação ao total de operações de crédito. Os Conselheiros Fiscais podem monitorar
mensalmente o desempenho das carteiras através de:
a) Operações de crédito total;
b) Maiores devedores - Consolidado e por carteira;
c) Índice de provisão por carteira;
d) Composição e distribuição da carteira por modalidades de operação;
e) Prazo médio das operações; e
f) Operações de crédito por perfil do tomador.
15.1.4 Outros Créditos e outros Valores e Bens
Nestas rubricas são realizados os lançamentos de direitos a receber pela cooperativa que não são
diretamente lotados nas carteiras de crédito. Também podem ser considerados nesta conta
valores relacionados a bens que serão recebidos pelas cooperativas. Como se trata de direito da
entidade, é considerado um ativo e está em condição de recebê-la. Nestes casos, não se analisa
indicadores, haja vista que são lançados valores menores e não estão diretamente relacionados
com a atividade operacional da cooperativa.
130
FGV Projetos CE Nº 1974/15
15.1.5 Realizável a Longo Prazo/Operações de Crédito/outros Créditos
As operações lançadas nestas rubricas se diferenciam das anteriores, devido ao prazo para
serem realizadas, nestes casos, normalmente superiores a 365 dias, ou seja, operações que
estarão vencendo a contar desta, com prazos superiores ao período de um ano corrente.
15.1.6 Permanente
São os ativos não circulantes que estão aplicados a longo prazo. Podem ser consideradas a
participação em outras instituições, investimentos, bens e equipamentos fixos e diferidos. As
rubricas que compõe o Permanente do Balanço são: Investimentos em outras instituições,
Imobilizado e Diferido.
Os Conselheiros Fiscais podem acompanhar a evolução desta conta patrimonial para monitorar
as aplicações em ativos fixos feitos pelas cooperativas, venda de patrimônio e valor dos
investimentos, como feito na participação nas cooperativas centrais e também no Bancoob. Como
exemplo de ativos fixos, citam-se máquinas e equipamentos, imóveis, automóveis, móveis, entre
outros.
A análise do imobilizado deve ser feita em conjunto com o índice imobilização, visando avaliar se
a cooperativa não está imobilizando recursos acima dos parâmetros aceitáveis.
15.1.7 Passivo Circulante - Depósitos e Relações Interfinanceiras
O passivo circulante contém as obrigações de curto prazo da cooperativa com terceiros. São
registrados nestas rubricas os depósitos a vista e a prazo dos associados pessoa física e jurídica.
Os depósitos são todos os recursos financeiros com saldo em conta corrente e nas aplicações
financeiras.
Já os recursos originados das relações interfinanceiras são aqueles captados pelas cooperativas
junto a terceiros e aplicados em linhas de crédito específicas. Nestas rubricas, os Conselheiros
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
Fiscais poderão acompanhar o desempenho das cooperativas na captação de recursos que, por
sua vez, sinaliza a condição de credibilidade da cooperativa junto aos associados, fluxo de
movimentação financeira e eficiência da política de captação de depósitos. No que se refere à
política de captação de depósitos, é objeto de monitoramento:
Prazos médios das aplicações;
Taxas de remuneração;
Faixas de valores estipulados para aplicação;
Proporção de depósitos a vista e a prazo; e
Perfil dos aplicadores.
15.1.8 Passivo Circulante - Relações, Interdependências, Obrigações
por Repasses e outras Obrigações e Exigível de Longo Prazo
Nesta rubrica, são feitos os registros dos recursos repassados aos associados. Em sua maioria
são financiamentos rurais repassados, além de recursos direcionados, como para aqueles para
investimentos de longo prazo. Os recursos direcionados são importantes para as cooperativas
atenderem demandas específicas de seus associados e o monitoramento destes justifica-se para
avaliar se a cooperativa está cumprindo adequadamente seu papel de agente propulsora do
desenvolvimento econômico.
Vale destacar que os Conselheiros Fiscais devem estar atentos à proporção de tais obrigações
em relação às demais obrigações de curto prazo, considerando que não é recomendável que as
cooperativas atuem com a maior parcela de recursos repassados, pois também é relevante a
aplicações de recursos próprios e de maior giro, resguardando pela saúde financeira e
rentabilidade das operações.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
15.1.9 Patrimônio Líquido - Capital Social, Reservas Legais e Sobras
Acumuladas
Na rubrica de Patrimônio Líquido são lançados os recursos de capital social, reservas legais e as
sobras acumuladas da cooperativa, ou seja, os recursos que são próprios da entidade. O
monitoramento destas contas é importante para avaliar a condição de crescimento do patrimônio
da cooperativa. O crescimento do Patrimônio se faz importante não somente pelo fato de oferecer
maior segurança para atividade operacional da cooperativa, mas também por ampliar os limites
operacionais de captação de depósitos de aplicações (operações de crédito).
A partir destas contas os Conselheiros Fiscais podem monitorar as políticas de capitalização
realizadas pela cooperativa, além de avaliar a proporção das sobras que são destinadas para as
reservas legais, ou seja, verificar se a condição de crescimento patrimonial está alinhada e é
capaz de suportar o projeto de expansão das atividades da cooperativa. A expansão do capital
social se faz importante devido às perdas financeiras inerentes à atividade operacional das
cooperativas. Dessa forma, quanto maior o fortalecimento do patrimônio líquido, maior será a
capacidade de a cooperativa resistir a possíveis perdas ocorridas.
Do mesmo modo, é possível identificar retiradas de capital, ou seja, associados que encerraram
suas contas e solicitaram a retirada do seu respectivo capital. Esta condição pode representar
uma condição desfavorável aos objetivos da cooperativa.
15.2 Demonstração de Sobras ou Perdas - DSP
Conforme apresentado, o Balanço Patrimonial nada mais é do que uma demonstração estática
dos bens, direitos e obrigações da entidade. Já a Demonstração de Resultado de Exercícios -
DRE pode ser classificada como dinâmica, pois informa o total das operações que envolvem
determinada conta no decorrer do período (caráter não cumulativo). Porém, apesar da
diferenciação, a DRE está contida no Balanço Patrimonial na medida em que o resultado apurado
integra o Patrimônio Líquido e as despesas e receitas da entidade têm como contrapartida
alterações das contas ativas e passivas.
133
FGV Projetos CE Nº 1974/15
O instrumento de integração entre o Balanço Patrimonial e a DRE, no que diz respeito ao
resultado líquido das entidades cooperativas, é chamado de “Demonstração de Sobras ou Perdas”
- DSP. As sobras ou perdas apuradas serão incorporadas à conta do Balanço Patrimonial Sobras
ou Perdas Acumuladas. A seguir apresenta-se a estrutura simplificada de tal demonstração.
Tabela 15.2.1
Demonstração de Sobras ou Perdas
Demonstração de Sobras ou Perdas
Descrições das contas
Receitas (ingressos) da intermediação financeira
Operações de Crédito
Resultado das aplicações compulsórias
Despesas (dispêndios) da intermediação financeira
Operações de captação no mercado
Operações de empréstimos, cessões e repasses
Provisão para operações de crédito
Resultado bruto da intermediação financeira
Outras receitas/despesas/ (ingressos/dispêndios) operacionais
Receitas (ingressos) prestação de serviços
Rendas (ingressos) de tarifas bancárias
Despesas (dispêndios) de pessoal
Outras despesas (dispêndios) administrativas
Despesas (dispêndios) tributárias
Ingressos de depósitos intercooperativos
Outras receitas (ingressos) operacionais
Outras despesas (dispêndios) operacionais
Resultado Operacional
Resultado não operacional
Resultado antes da tributação/Participações
Imposto de renda sobra atos não cooperativos
Contribuição social sobre atos não cooperativos
Sobras e perdas antes das destinações
Participação Estatutária no lucro
F.A.T.E. S - Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social
Reserva legal
LUCRO/PREJUÍZO (SOBRAS/PERDA) LÍQUIDO
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO
SOBRA LÍQUIDA DO EXERCÍCIO Fonte: Relatório anual Sicoob.
A DSP apresenta a composição das receitas e despesas com as atividades operacionais da
cooperativa, resultado com atividades não operacionais, destinações legais e resultado apurado
que será submetido à decisão da Assembleia Geral Ordinária quanto a sua destinação.
134
FGV Projetos CE Nº 1974/15
No exercício de suas atividades, cabe ao CF analisar e avaliar o desempenho da cooperativa,
assim como averiguar se os resultados apurados estão alinhados com o projeto estratégico
estabelecido pelo Conselho de Administração para aquele período. Não estando, cabe ao CF,
apoiar a gestão apontando informações adicionais que poderão auxiliar na compreensão do
resultado financeiro, assim como identificar os fatores que contribuíram para a geração de tal
resultado. Como exemplo, cita-se o resultado bruto da intermediação financeira, que pode advir de
uma política de captação feita com taxas de juros mais elevadas e, por esse motivo, apresentar
resultado abaixo do desejado. A seguir serão expostos os principais grupos de análise, que são
objeto de análise do CF.
15.2.1 Resultado Operacional
O resultado bruto da intermediação financeira refere-se à apuração das receitas auferidas com as
operações de crédito e as aplicações obrigatórias (centralização financeira), deduzido as
despesas de captação (juros pagos pelos depósitos a prazo) e também as provisões das
operações de crédito. Nesta rubrica será possível avaliar a eficiência da intermediação financeira,
que é um dos principais objetivos das cooperativas de crédito.
Esta avaliação dependerá dos objetivos estratégicos da cooperativa, sendo que, as cooperativas
que objetivam ter uma política de maior valorização dos depósitos e taxas de operações de crédito
menores terão um resultado operacional menor. Nesta avaliação, o Conselheiro Fiscal poderá
monitorar o spread da cooperativa, que se refere à diferença média entre as taxas de captação de
depósitos e as aplicações financeiras (operações de crédito). O spread das cooperativas em sua
maioria é maior quando o mercado financeiro opera com taxas de juros mais elevadas, pois as
mesmas operam com taxas de empréstimos mais baixas do que o mercado, porém ainda mais
elevada do que em cenários com taxas de juros mais baixas.
Adicionalmente, compõem o resultado operacional as receitas oriundas da comercialização de
produtos e a prestação de serviços. Após somar todas as receitas com as atividades operacionais
da cooperativa, deduzem-se as despesas de pessoal, administrativas, tributárias e os custos dos
serviços bancários. Neste caso, os Conselheiros Fiscais devem observar:
135
FGV Projetos CE Nº 1974/15
1) Proporção de receitas com a intermediação financeira e rendas com a prestação
de serviços;
2) Custo de captação de depósitos;
3) Custo dos serviços bancários (exemplo: tarifas de transações interbancárias como
DOC/TED/compensação e outros);
4) Evolução das despesas administrativas, pessoal, tributárias, outras despesas
operacionais; e
5) Evolução do resultado operacional.
15.2.2 Resultado não Operacional, antes da Tributação e Participações
O resultado não operacional é formado a partir das atividades que não possuem relação direta
com a atividade fim da cooperativa. Como exemplo cita-se a apuração da venda de ativos fixos,
descontados o valor residual (valor restante após depreciação).
Após a apuração do resultado operacional e não operacional têm-se os descontos dos impostos
sobre as operações com atos não cooperativos. Vale destacar que os atos não cooperativos são
receitas auferidas com transações com não associados. Sobre estas transações incidem o
Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o lucro. Descontados os valores dos impostos
sobre atos não cooperativos, o valor é destinado obrigatoriamente para Fundo de Assistência
Técnica, Educacional e Social - FATES.
Nestas rubricas, é importante monitorar a proporção das transações realizadas com não
associados e as condições necessárias para a cooperativa atender à necessidade não somente
de seus associados, como também de não associados e da comunidade onde atua.
15.2.3 Sobras/Perdas antes das Destinações, Juros ao Capital e Sobra
Líquida do Exercício
De acordo com a legislação cooperativista, as cooperativas são obrigadas a destinar parte do seu
resultado para compor o Fundo de Reserva (10%) e o FATES (5%), respectivamente. Os
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
percentuais apresentados são os mínimos exigidos pela legislação, considerando que estes
percentuais podem ser maiores caso seja interesse da cooperativa e constar em seu estatuto
social.
Aos Conselheiros Fiscais cabe o monitoramento para verificar a adequada destinação para os
fundos, assim como o volume do resultado operacional após as destinações. Além destes, cabe a
análise quanto ao pagamento de juros ao capital, que é a remuneração recebida pelo associado
referente ao volume de capital aplicado na singular.
A remuneração do capital tem ganhado maior expressividade nos últimos anos devido à
necessidade de expansão do crescimento do patrimônio das cooperativas singulares e também
para criar incentivo para os associados capitalizarem a cooperativa.
Após dedução do valor destinado ao pagamento de juros ao capital, conforme definido pela
cooperativa, apura-se a sobra do exercício que irá compor a conta patrimonial de Sobras e Perdas
Acumuladas do Balanço Patrimonial.
15.3 Demonstrações nas Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL
A Demonstração de Sobras e Perdas da AGO pode ser complementada pela Demonstração de
Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL que, ao invés de discriminar apenas as alterações da
conta “Sobras ou Perdas a Disposição da AGO”, explicita as alterações feitas em todas as contas
do Patrimônio Líquido. As informações contidas na DMPL destacam-se pela importância de
identificar as ações que geraram maior impacto na variação do patrimônio, sendo este fator
relevante na solidez da cooperativa na ampliação da sua capacidade operacional.
A Tabela 15.3.1 apresenta as contas que compõe a DMPL, as quais apresentam as alterações
ocorridas na estrutura patrimonial da cooperativa.
137
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Tabela 15.3.1
Modelo simplificado da demonstração das mutações no patrimônio líquido - DMPL
Demonstração das mutações no patrimônio líquido - DMPL
Descrições
Capital Reservas de
Sobras Sobras ou
Perdas acumuladas
Total Capital
subscrito Capital a realizar
Legal
Saldo Inicial
(±) Ajustes
Aumento de Capital
Reversões (Reservas)
Sobras líquidas
Reserva Legal
Fates
Fundo desenvolvimento
econômico
Distribuição
Saldo Final Fonte: Adaptado dos Relatórios internos Sicoob (2015).
A DMPL inicia apresentando as informações de saldo inicial do capital subscrito e a ser
integralizado. Essa diferenciação ocorre devido à condição do associado poder realizar a
integralização de capital de forma parcelada. Como exemplo, um associado no ato da abertura do
capital subscreve um valor de R$ 100,00 – ou seja, uma promessa que irá aplicar esse valor em
cotas de capital, e posteriormente divide em dez parcelas mensais de R$ 10,00. No 5º mês, o
mesmo terá capitalizado ainda R$ 50,00 e no valor do saldo de capital consta R$ 100,00. Dessa
forma, através da demonstração contábil será possível identificar quanto de capital subscrito que
foi efetivamente integralizado.
A conta “Ajustes da DMPL” será utilizada para registrar as movimentações de capital como
devolução de cota capital, estorno de capital subscrito, devoluções de capital e subscrições de
capital. Após os ajustes apuram-se os aumentos/reduções de capital advindos das sobras e
perdas, novas capitalizações e subscrições dos associados. Assim, são apuradas as sobras
líquidas e abatem-se os fundos obrigatórios e outros fundos estipulados pela cooperativa.
Por fim, considera-se nesta demonstração contábil a remuneração de juros ao capital adotada por
algumas cooperativas, além de desconto dos impostos, entre outros. E, por último, tem-se a
rubrica de distribuição do capital aos associados e o saldo líquido à disposição da Assembleia.
138
FGV Projetos CE Nº 1974/15
15.4 Demonstração de Fluxo de Caixa
A demonstração de fluxo de caixa tem por objetivo principal apresentar as oscilações de caixa, ou
seja, o volume de numerário (recursos financeiros) aplicado nas transações operacionais. Os
eventos que afetam a disponibilidade financeira são: i) Provisões; ii) Depreciações e
amortizações; iii) Provisão de juros ao capital; iv) Baixa de imobilizado; v) Impostos e outros que
sejam específicos de algumas cooperativas.
Além dos eventos citados, tem-se o aumento/redução em ativos operacionais como operações de
crédito, outros créditos e valores e bens. Considera-se também, o aumento/redução em passivos
operacionais como depósitos, relações interfinanceiras e outras obrigações por empréstimos e
repasses. Também afetam a disponibilidade de caixa as atividades de investimentos,
financiamento, as variações no capital social e as movimentações nos fundos obrigatórios (fundo
de reserva e FATES).
Ao analisar a demonstração de fluxo de caixa, os Conselheiros Fiscais devem analisar as contas
que apresentaram maior oscilação, assim como os eventos para confirmar a efetividade das
ações de crescimento e/ou sugerir melhorias quando necessário. A Tabela 15.4.1 apresenta como
exemplo um modelo simplificado de demonstração do fluxo de caixa.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
Tabela 15.4.1
Demonstração Simplificada do Fluxo de Caixa
Demonstração de Fluxo de Caixa
Descrições das contas da demonstração
Atividades Operacionais
Sobra/Perda do Exercício antes da tributação
Outros ajustes
IRPJ/CSLL
Provisão para operações de crédito
Depreciação e amortizações
Provisão para juros ao capital
Baixa no imobilizado
Aumento (Redução) em ativos operacionais
Operações de crédito
Outros créditos
Outros valores e bens
Aumento (redução) em passivos operacionais
Depósitos a vista
Depósitos sob aviso
Depósitos a prazo
Outras obrigações
Relações interdependências
Relações interfinanceiras
Obrigações por empréstimos e repasses
Resultados de exercícios futuros
Caixa líquido aplicado em atividades operacionais
Atividades de investimentos
Aplicação em diferido
Alienação de investimentos
Inversões em imobilizado de uso
Inversões em investimentos
Outros ajustes
Caixa líquido aplicado/ originado em investimentos
Atividades de financiamentos
Aumento por novos aportes de capital
Devolução de capital à cooperados
Destinação de sobras exercícios anterior - cotas de capital a pagar
Integralização de juros ao capital
IRRF sobre juros ao capital
FATES - Resultado de atos não cooperativos
FATES - Sobras do Exercício
Estorno de capital subscrito
Caixa líquido aplicado / Originado em Financiamento
Aumento/ Redução líquida das Disponibilidades
Modificações em Disponibilidade
No início do período
No fim do período
Variação líquida da disponibilidade Fonte: Adaptado dos Relatórios internos Sicoob (2015).
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
É importante ressaltar que a Lei no 11.638/07 tornou obrigatória a apresentação do Demonstrativo
do Fluxo de Caixa (DFC), e eliminou a exigência relativa à apresentação da Demonstração de
Origens e Aplicações de Recursos - DOAR. Por conta dessa determinação, o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis - CPC emitiu o Comunicado nº 03/2010 (CPC 03), o qual passou a
integrar o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - COSIF: NBC - TG - 03.
As instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN também estão obrigadas a elaborar este
documento, nos termos da Resolução nº 3.604/08. Essa demonstração objetiva a prestação de
informações acerca das alterações históricas no caixa e equivalentes a caixa, por meio de
demonstração dos fluxos de caixa que classifique os fluxos de caixa do período por atividades
operacionais, de investimento e de financiamento.
Entendeu o legislador que os usuários das demonstrações contábeis de uma entidade estão
interessados em saber como a entidade gera e utiliza o caixa e os equivalentes de caixa. Esse é o
ponto, independentemente da natureza das atividades da entidade. Nesse contexto, a
demonstração dos fluxos de caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações
contábeis, proporciona informações que permitem aos usuários avaliarem as mudanças nos ativos
líquidos da entidade, sua estrutura financeira, inclusive, sua liquidez e capacidade de solvência.
15.5 Análise dos Indicadores de Desempenho
O processo de análise de desempenho deve ser feito a partir da avaliação de um conjunto de
indicadores, à luz das políticas fixadas pelos gestores que deverá contemplar o comportamento
atual e esperado da economia para um determinado período de tempo. Não é factível uma
avaliação baseada num único indicador. A análise também não deve contemplar um período
estático. É importante que haja uma avaliação da evolução temporal dos índices, isto é, uma
comparação dos dados/indicadores ao longo de um período de tempo. Muito comum é a
comparação entre o período analisado e o imediatamente anterior, ou o apurado em igual período
do ano anterior. A comparabilidade permite estabelecer uma tendência ou uma reversão, o que
quase sempre permite adoção de medidas capazes de mitigar riscos ou de maximizar as metas
fixadas. Não é necessário um vasto conjunto de indicadores para identificar a situação de uma
entidade. Basta o cálculo de alguns deles, dentro da postura acima mencionada. Alguns
indicadores comumente utilizados estão apresentados a seguir.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
15.5.1 Liquidez Geral
Conceito: Trata-se de um índice de liquidez, que calcula a relação em valor monetário existente
entre o ativo circulante + realizável a longo prazo dividido pelo passivo circulante + exigível a
longo prazo. Este índice nos diz quanto existe de ativo mais realizável para cada R$ 1,00 de
passivo mais exigível. É desejável que este parâmetro seja próximo de 1.
15.5.2 Liquidez Imediata
Conceito: Este índice nos diz quanto existe de Disponibilidade para cada R$ 1,00 de passivo
circulante. Trata-se de um índice de liquidez. O conceito segue o da liquidez corrente.
15.5.3 Índice de Inadimplência
Conceito: Valor percentual das operações de crédito que se encontram vencido no último dia do
mês. As operações vencidas correspondem ao valor da parcela da operação de crédito que esteja
em atraso de pagamento há mais de um dia. Na modalidade de Cheque Especial e Conta
Garantida não existe atraso. É possível ter o índice de inadimplência considerando variações de
dias de operações vencidas, como o INAD 10, INAD 90; os quais consideram apenas as
operações vencidas acima de 10 dias ou operações vencidas a mais de 90 dias, respectivamente.
Quanto menor a inadimplência melhor deverá ser o desempenho financeiro.
15.5.4 Provisão de CLD/Operações de Crédito
Conceito: Valor percentual das Provisões para Créditos em Liquidação em relação ao total de
Operações de Crédito. O ideal é este percentual seja irrelevante.
142
FGV Projetos CE Nº 1974/15
15.5.5 Endividamento
Conceito: Refletem quantas vezes o patrimônio líquido ajustado (PLA) está comprometido com
depósitos, repasses e empréstimos e outras obrigações. Trata-se de um índice de estrutura de
capital. As instituições financeiras devem ater-se aos limites estabelecidos pela legislação em
vigor.
15.5.6 Adiantamento a Depositante
Conceito: Compreende o valor realizado de adiantamento a depositantes pela singular em saldo
final. Deve ser atendida a política fixada pelos dirigentes da cooperativa.
15.5.7 Rentabilidade do Patrimônio do PLA
Conceito: Compreende o valor percentual de quanto foi o retorno do Capital Próprio. Deve ser o
suficiente para atender ao perfeito funcionamento da entidade, inclusive para investimentos e,
também, aos anseios dos cooperados.
15.5.8 Rentabilidade do Ativo
Conceito: Compreende o valor percentual de quanto o ativo foi remunerado pelo resultado da
CREDI. Identifica se houve adequada remuneração dos recursos captados ou o nível de
rentabilidade atingida pela cooperativa.
15.5.9 Spread Global
Conceito: Compreende a diferença entre a rentabilidade média do ativo pelo custo médio do
passivo. Evidencia se a gestão foi eficiente na difícil tarefa de captar recursos e de aplicá-los de
forma adequada aos interesses dos associados.
143
FGV Projetos CE Nº 1974/15
15.5.10 Despesas de Pessoal / Margem de Contribuição
Conceito: Compreende o valor percentual das despesas de pessoal em relação à margem de
contribuição. Demonstra a eficiência do gestor em cobrir os custos diretos, principalmente a mão
de obra direta e, ainda, gerar sobras para pagar os demais custos.
15.5.11 Honorários e Cédulas C.A / Margem de Contribuição
Conceito: Compreende o valor percentual dos honorários e cédulas do conselho de administração
e diretoria em relação à margem de contribuição. Seu objetivo é avaliar a adequação dessas
despesas as realizadas por outras cooperativas como forma de aperfeiçoar o processo de gestão.
15.5.12 PLA por Associados
Conceito: Índice de Produtividade que mede o quanto do Patrimônio Líquido Ajustado à
cooperativa possui por associado, em moeda corrente. O aumento desse parâmetro indica
aumentos ou reduções no patrimônio dos associados.
15.5.13 Ativo por Associado Ativo
Conceito: Compreende a análise de quanto de ativos a cooperativa aplicou por associado ativo.
Evidencia o potencial de realização da entidade.
15.5.14 Depósitos por Associados Ativos
Conceito: Compreende a análise de quanto de depósito a cooperativa captou por associado ativo.
Demonstra a adesão/confiança dos associados no ideal cooperativista e na capacidade dos
gestores.
144
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15.5.15 Operações de Crédito por Associados Ativos
Conceito: Compreende a análise de quanto de operações de crédito a cooperativa efetuou por
associados ativos. Evidencia a capacidade de gestão dos administradores, mas não garante a
existência de sobras.
15.5.16 Rendas de Serviço por Associados Ativos
Conceito: Compreende o quanto das rendas de serviço a cooperativa obteve por associados
ativos. Assim como outros indicadores, mede a eficiência dos gestores.
15.5.17 Índice de Cobertura (Pessoal)
Conceito: Representa o percentual das Despesas de Pessoal pagas pelas Rendas de Serviços
obtidas pela CREDI no período. Para as cooperativas torna-se relevante para explicitar a
necessidade de expandir as rendas adicionais. O ponto de referência é a despesa de pessoal.
Idem anterior.
15.5.18 Índice de Cobertura (Adm.)
Conceito: Representa o percentual das Despesas Administrativas pagas pelas Rendas de
Serviços obtidas pela CREDI no período. Após a cooperativa conseguir custear as despesas de
pessoal com as rendas de serviços, a cooperativa buscará aumentar as rendas de serviços para
custear as despesas administrativas. As rendas com intermediação obtidas serão adicionadas ao
resultado sem necessidade reduzi-las para custeio das operações. Idem anterior
145
FGV Projetos CE Nº 1974/15
16. GESTÃO DE RISCO NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO
16.1 Conceito
Todas as organizações estão expostas a algum tipo de risco, em maior ou menor grau. O risco é
inerente às atividades empresariais e, por isso, necessita de especial atenção quanto ao seu
gerenciamento. De um modo geral, o risco pode ser atribuído à possibilidade de ocorrência de
determinado evento, seja ele positivo ou negativo, bem como atinge, de diferentes formas, as
atividades das empresas.
Os riscos podem ser classificados em dois grupos, risco sistemático e risco não sistemático. O
risco sistemático é aquele que provém do ambiente político, econômico e social e das
características de mercado, como taxas de juros e câmbio, que circundam todas as instituições e
impactam-nas de forma indiscriminada.
Por outro lado, há o risco não sistemático, também chamado de risco próprio, que é consequência
direta dos aspectos financeiros, da administração e do setor de atuação, sendo específico à
posição de cada instituição financeira no mercado. Assim, pode-se denominar a análise de risco
como o estudo dos eventos que tem efeitos sobre a empresa. A Figura 16.1.1 apresenta a
subdivisão do risco.
146
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Figura 16.1.1
Risco Sistemático e Não-Sistemático
Fonte: Sicoob Universidade.
No mercado financeiro, a mensuração do risco está relacionada com a capacidade de mensurar a
chances de ocorrência de oscilações nos preços dos ativos financeiros, como previsão das
oscilações nas cotações de determinada ação, título ou contrato negociados no mercado
financeiro.
O mercado financeiro tem passado por mudanças ao longo dos últimos 40 anos com profundas
implicações para as operações - mudanças em mercados, serviços e produtos, além da mudança
de técnicas e tecnologia, as quais têm alterado as operações e serviços - que tem propiciado
significativo desenvolvimento e sofisticação da gerência de riscos.
Nas cooperativas financeiras, assim como em outros agentes financeiros, há a incidência dos
diversos tipos de riscos. Desse modo, os gestores devem estar atentos aos riscos não
sistemáticos, que podem gerar maior impacto no desempenho das cooperativas. Os riscos
inerentes ao sistema financeiro são os riscos de mercado, de crédito, de liquidez e operacional. O
Quadro 16.1.1 abaixo apresenta os principais riscos a que as cooperativas estão expostas:
147
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Quadro 16.1.1
Principais Riscos que Impactam as Cooperativas Financeiras
Principais riscos Conceitos Forma de mensuração
Risco de Mercado
Possibilidade de perda em posições, dentro e fora do balanço, provocada por movimentos nos valores de
mercado, originadas de alterações nas taxas de juros e câmbio, nos preços das ações e de commodities.
É calculada sobre os depósitos, operações de crédito e em
derivativos, remuneradas pelas taxas de juros pré-fixada ou pós-fixada, ou cujo valor sofra
alteração quando há variação na taxa de juros
Risco de liquidez É causado pelo descasamento de prazo, indexador, moeda e valor entre
os pagamentos e os recebimentos.
Monitoramento das políticas de prazos de captação de depósitos
e nas concessões de crédito.
Risco de Crédito
Risco de crédito é definido pela perda no evento de não pagamento do devedor, ou no evento de
deteriorização da qualidade do crédito do devedor.
Utilização de métodos
quantitativos e análise qualitativa das informações financeiras do tomador.
Risco operacional
Possibilidade de ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou
inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou de eventos externos. (art. 2º. Res. 3.380 / 2006).
Pode ser mensurado a partir de metodologia quantitativa com
pesos diferenciados de acordo com o grau de impacto do risco e chance de ocorrência.
Fonte: Universidade Sicoob.
Os riscos são agrupados de acordo com as áreas de impacto nas atividades das cooperativas.
Entre os grupos, destaca-se o de risco operacional como de maior amplitude organizacional e que
os conselhos, diretorias e área de controles internos devem monitorar de forma sistemática, como
forma de evitar perdas provenientes das falhas causadas por este tipo de risco.
No que se refere ao risco operacional, as cooperativas financeiras não estão acompanhando a
evolução das metodologias mais recentemente adotadas. Por serem organizações que visam o
acesso ao crédito pelos seus cooperados e revertem seus resultados em benefícios do
desenvolvimento próprio, da comunidade e dos cooperados, as cooperativas financeiras devem
conhecer e administrar bem os seus riscos.
Os princípios que compreendem o sistema de gestão de risco operacional devem permear todas
as estruturas da organização para que sejam incorporadas à sua cultura e a todos os seus
métodos gerenciais e operacionais. O principal benefício do gerenciamento específico é garantir
que os riscos operacionais estejam em níveis estrategicamente aceitáveis. Quantificar o risco é
uma maneira de alcançar esse objetivo. O principal requisito é manter sob controle as fontes de
risco, caso tenham ou não ocasionado perdas.
148
FGV Projetos CE Nº 1974/15
16.2 Fatores de Risco Operacional nas Cooperativas
Considerando o conceito de risco operacional como sendo a possibilidade de falhas ocorridas em
processos operacionais, pessoas e também originados de fatores externos à cooperativa, é
importante que os gestores das cooperativas tenham consciência de quais são estes fatores, a
que são atribuídos e como podem ser mapeados, visando reduzir sua incidência no âmbito das
cooperativas.
A identificação de tais fatores não é importante apenas pelo fato de se poder gerenciá-los, como
também para que as cooperativas tenham a real dimensão das dificuldades a fim de que
construam processos e corrijam tais incidências. Desse modo, tais fatores podem ser agrupados
da seguinte forma:
a) Fatores internos: o risco operacional, de fato, está associado à potencial falha nos
fatores de produção, que são as decisões (estratégica ou operacional), os projetos, os
processos e os controles utilizados pela cooperativa. Dessa forma, para minimizar sua
exposição aos riscos operacionais os gestores deverão definir processos e seus
respectivos controles em todos os níveis da organização, considerando que todas as
áreas são relevantes e impactam o nível de atividade do negócio.
b) Fatores externos: os fatores externos são origens frequentes de risco operacional e têm
causas às vezes não gerenciáveis, restando para a organização sua assimilação. Muitas
causas externas, entretanto, permitem a construção de elementos de proteção ou
intervenção mitigadora. A proteção pode ocorrer com o aumento dos meios de
segurança, no desenvolvimento tecnológico e acompanhamento dos atos de ocorrência
e do cenário político e comercial. A intervenção exige atuação em ambientes externos de
modo a neutralizar fontes de ameaças aos interesses da organização.
c) Fatores acidentais: muitos fatores de riscos têm causas imponderáveis, entendidos
como sendo aqueles casos de acidentes que possam ser provocados pelo ser humano
por falhas de equipamento ou por atos da natureza.
Além dos aspectos citados, que são potenciais geradores de riscos operacionais, há outros
relacionados à dificuldade de integrar sistemas quando empresas passam por processo de fusão,
149
FGV Projetos CE Nº 1974/15
aquisição, ou de terceirização. É necessário também ficar atento para que as técnicas financeiras
de redução do risco de crédito e de liquidez não venham incrementar o risco operacional.
Para adotar um processo adequado de contingência de riscos operacionais é necessário ter um
referencial metodológico de seu gerenciamento:
i. Conhecimento, participação e responsabilidade do corpo diretor: sobre esse princípio o
corpo diretor deverá estar ciente de que os principais aspectos dos riscos operacionais
da empresa são uma distinta e controlável categoria de risco e deverá aprovar, e
periodicamente avaliar, a estrutura gerencial montada para este fim.
ii. Auditoria da estrutura de gerenciamento do risco: o corpo diretor deve garantir que a
estrutura de risco operacional seja submetida a uma efetiva e compreensiva auditoria
interna.
iii. Implementação das estratégias de gerenciamento: todos os níveis da organização
devem compreender as suas responsabilidades relativas ao gerenciamento deste risco.
É necessário que cada papel a ser cumprido seja devidamente esclarecido.
iv. Identificação, avaliação, monitoramento e mitigação: devem-se identificar os tipos de
risco para depois elaborar ações para monitorá-los, estabelecendo políticas, processos e
procedimentos de controle e mitigação dos riscos operacionais, além de estabelecer um
plano de contingências e de continuidade.
v. Divulgação das informações: a organização deverá efetuar suficiente divulgação de
informações, de maneira a permitir que os participantes do mercado avaliem sua
exposição aos riscos operacionais e a qualidade do gerenciamento para essa categoria
de risco.
Os argumentos citados na Resolução CMN 3.380/2007 foram construídos a partir da estrutura
jurídica definida pelo Comitê de Basiléia, a qual será mais bem explicitada na Figura 16.2.1.
150
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Figura 16.2.1
Fatores de Risco Operacional de Acordo com a Resolução 3.380/2007
Fonte: Sicoob Universidade.
De acordo com o Art. 2º da Resolução CMN 3.380/2007 o risco operacional pode se originar a
partir de falhas, deficiências ou inadequação de processos internos, pessoas, sistemas ou eventos
externos. Cada fator relacionado considera a possibilidade de emergir diversos eventos e
subeventos que podem ocasionar perdas para as cooperativas financeiras. Os riscos são
agrupados de acordo com perfil e também procedimentos das cooperativas.
16.3 Etapas do Gerenciamento do Risco Operacional em Cooperativas
de Crédito
A partir da definição dos fatores chave para gerenciamento do risco, foram definidas seis etapas
que destacam a importância do gerenciamento do risco operacional. O ciclo de gerenciamento
está representado na Figura 16.3.1:
151
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Figura 16.3.1
Ciclo de Gerenciamento
Fonte: Sicoob Universidade.
16.3.1 Identificação
A identificação é o primeiro estágio do processo do gerenciamento de risco operacional. Ela busca
apontar o evento interno ou externo que pode afetar a implementação da estratégia e o alcance
dos objetivos da cooperativa.
Um exemplo relacionado às cooperativas, é o atendimento das exigências legais atribuídas à
gestão dos cadastros dos associados. O cadastro é peça fundamental para que a Cooperativa de
Crédito conceda e acompanhe os empréstimos a seus associados, usando e observando os
princípios de seletividade, garantias, liquidez, diversificação e concentração de riscos, com a
devida garantia do retorno do capital aplicado. A habilidade na confecção do Cadastro, na
extração das informações e na cautela ao recebimento e aplicação das mesmas, é extremamente
importante para que se obtenha um cadastro confiável e útil. Dessa forma, este será a base
utilizada pelos órgãos competentes no momento da decisão quanto à concessão de limites
operacionais e liberação de crédito.
152
FGV Projetos CE Nº 1974/15
A responsabilidade da identificação dos riscos é atribuída aos gestores (executivos) dos
processos, como superintendente, gerentes, supervisores (funções correlatas), entre outros.
É importante considerar que todo o relacionamento de negócios entre os associados e a
cooperativa se inicia no cadastro. Dessa forma, quando ocorrem descuidos, nesta fase,
provocadas por erros operacionais oriundas de falhas humanas ou do não cumprimento das
normas, há grandes chances de se propagarem deficiências operacionais que podem finalmente
gerar outros riscos para a cooperativa, como o risco de liquidez. A responsabilidade da
identificação desses riscos é atribuída aos gestores (executivos) dos processos, como
superintendentes, gerentes, supervisores (funções correlatas), entre outros.
Para identificação dos mecanismos de risco operacionais é utilizada a Lista de Verificação de
Conformidades - LVC, o registro de histórico de perdas operacionais, o mapeamento dos
processos internos, as entrevistas com o agente de controle interno - ACI (observar os processos
operacionais) e, por fim, os pontos levantados pela auditoria interna e externa e pelo ACI. Assim,
são identificados eventos e subeventos que caracterizam riscos operacionais nas cooperativas de
crédito, tais como:
a) Fraude Interna: Atividades não autorizadas, roubo e atividades fraudulentas internas;
b) Fraude externa: Roubo externo e fraude eletrônica provenientes de deficiências de
sistema;
c) Demandas trabalhistas: Relações trabalhistas e discriminação. Ambiente de trabalho
inseguro;
d) Práticas inadequadas quanto à gestão de produtos e serviços e clientes: neste caso,
pode haver perdas de negócios, pois o associado pode ficar insatisfeito com algum
serviço, ou ainda ver-se prejudicado com a cobrança de algum débito;
e) Danos a ativos físicos: são danos que foram causados por motivos naturais de origem
interna ou externa - como tempestade, incêndio, entre outros. Além deste, podem
ocorrer danos quanto à má utilização de equipamento e acontecimentos internos
involuntários;
153
FGV Projetos CE Nº 1974/15
f) Eventos que acarretam a interrupção dos serviços ao público estes podem se originar de
falhas ou deficiências do sistema de informação da cooperativa. A consequência é a
interrupção dos produtos e serviços ao público;
g) Falhas nos sistemas de TI: tais acontecimentos são suscetíveis de ocorrerem, pois as
cooperativas são 100% dependentes dos sistemas para operacionalização de seus
negócios. São originados por erros de processamento, perda de equipamento por curto
circuito, entre outros; e
h) Falhas no gerenciamento de atividades: essa falha é muito propensa a ocorrer quando
há rotinas manuais e dependentes das pessoas. São perdas na relação com órgãos
reguladores e, principalmente, por falhas na execução dos controles. Outra fonte são as
perdas decorrentes na relação com fornecedores e parceiros, os quais se sentiram
prejudicados ou tiveram relação de desconforto com a cooperativa. E, por fim, têm-se as
falhas que ocorrem na execução dos processos e na comunicação com os associados.
As etapas apresentadas contribuem para detectar os pontos que geram erros no ambiente interno
e externo à organização, além dos processos que envolvem o relacionamento entre a cooperativa
e os associados. Desse modo, o Conselho Fiscal deve acompanhar o cumprimento das políticas e
mecanismos de prevenção a fraudes, os relatórios de monitoramento de perdas operacionais, os
planos de contingências e relacionar os pontos mais vulneráveis a riscos na cooperativa.
O acompanhamento dos riscos operacionais revela um comportamento proativo da cooperativa
em minimizar as perdas financeiras provenientes destes. Identificar os fatores de risco é o
primeiro passo para instituir ações específicas de correção de falhas, revisar as políticas internas
e avaliar o grau de exposição ao risco operacional por parte da cooperativa.
16.3.2 Avaliação
Além de realizar o mapeamento dos riscos operacionais é importante que se tenha parâmetro que
estabeleça qual o nível de exposição ao risco que a cooperativa está disposta a incorrer. Para
tanto, uma ferramenta proposta é a Matriz de Avaliação de Risco Operacional.
154
FGV Projetos CE Nº 1974/15
O grau de exposição ao risco é definido a partir das respostas negativas e dos pontos de controle
da LVC. Cada questão considera seu peso (impacto) e a sua frequência de ocorrência no período
analisado. A Tabela 16.3.2.1 apresenta o modelo de matriz de avaliação de risco operacional.
Tabela 16.3.2.1
Matriz de Avaliação de Risco Operacional
Fonte: Sicoob.
Considerando a execução do papel do Agente de Controle Interno (ACI), no que tange ao
monitoramento e cumprimento das normas e procedimentos, a tabela de avalição de risco
operacional é preenchida e definida como de acordo com os itens estabelecidos. Ao final do
processo tem-se um índice final e uma classificação quanto ao risco, que pode ser baixo, médio
ou alto.
Por outro lado, não se tem apenas esta abordagem para controle e avaliação do risco operacional.
Têm-se também outros procedimentos que as cooperativas podem adotar para evitar sua maior
exposição aos riscos operacionais; quais sejam:
a) Mitigar: um sistema efetivo de controles internos irá reduzir a possibilidade de erros
humanos e irregularidades em processos e sistemas, auxiliando a instituição financeira a
resguardar seus ativos, minimizando o risco de perdas e contravenções contra leis e
regulamentações;
b) Reter: em algumas situações, as instituições financeiras podem decidir reter certo nível
de risco operacional, que poderá ser precificado através de um orçamento para perdas
operacionais;
155
FGV Projetos CE Nº 1974/15
c) Transferir: nem todos os eventos de risco operacional podem ser evitados. Por exemplo,
desastres naturais, ataques terroristas, dentre outros, são tipos de eventos que as
ferramentas ou programas de mitigação de risco operacional não conseguem evitar.
Para estes casos, a instituição financeira poderá definir algumas estratégias para
externar parte da severidade, como, por exemplo, estabelecer políticas de seguro;
d) Recusar: a instituição financeira poderá reduzir o nível de atividades do negócio
envolvido, ou mesmo, retirar-se desta atividade completamente, eliminando o risco
operacional.
Conforme acima exposto, as cooperativas de crédito possuem ferramentas para tratamento e
avaliação do risco operacional. Por esta razão, é importante o pleno engajamento do Conselho de
Administração e da Diretoria no seu uso e, também, o constante monitoramento do Conselho
Fiscal quanto à realização desse trabalho por parte dos gestores.
16.3.3 Monitoramento, Controle e Mitigação (Tratamento)
A terceira etapa do ciclo de gerenciamento do risco operacional está relacionada ao
monitoramento, controle e ações de correção no que toca à política das cooperativas quanto ao
risco operacional. Conforme encerrado na seção anterior, o grande desafio das cooperativas é
construir mecanismos de controles que sejam eficazes e também autossustentáveis.
Dessa forma, a etapa citada propõe que sejam realizadas ações de monitoramento, controle e
mitigação, que nada mais é do que o tratamento adequado aos fatos que são propostos. O
desmembramento das etapas consiste em:
Monitoramento: são as ações que possibilitam manter o risco sob supervisão, inclusive
a performance dos controles aplicados, de forma que qualquer variação que possa
redundar em perdas seja tempestivamente identificada e devidamente corrigida;
Controle: arranjo ou conjunto de arranjos aplicados ao risco com o objetivo de mantê-los
dentro de determinados parâmetros; e
Mitigação: redução da probabilidade e/ou do impacto do risco.
156
FGV Projetos CE Nº 1974/15
Os pontos mencionados recomendam que sejam elaborados planos de ação para tratamento dos
riscos operacionais. Devido à complexidade do assunto, os gestores da organização devem
selecionar os pontos e implementar ações de correção de falhas, procedimentos e
acompanhamento contínuo. Tais ações são aquelas relacionadas ao item monitoramento.
O segundo elemento é o acompanhamento por parte do Agente de Controle Interno e da Diretoria
Executiva. Estes devem estar sempre em contato com a equipe para a construção e
implementação de melhores práticas e alinhamento com as políticas fixadas pelo Conselho.
Outro foco a ser considerado é a necessidade de alteração dos procedimentos, devido à
ocorrência de mudanças nos processos de negócios, volume de produtos e serviços
comercializados e, por fim, até mesmo por restrição legal, que pode ser imposta pelos órgãos
reguladores.
O Agente de Controle Interno deve realizar testes periódicos para medir se as rotinas padrão
estão sendo cumpridas, como testes em nobreaks, conferências de alarmes, senhas, entre outros.
Os principais desafios estão relacionados ao efetivo engajamento dos gestores no constante
processo de melhoria dos sistemas de controles e do processo de gestão.
16.4 Documentação e Armazenamento de Informação
O processo de documentação e armazenamento da informação consiste em realizar a apuração
das informações relativas aos processos, diariamente, de forma a construir uma base histórica
que seja possível fornecer suporte à área de gerenciamento do risco operacional. Os quatro
pontos básicos são:
a) Arquivar a documentação que dá suporte ao tratamento do risco operacional,
evidenciando a efetividade, a tempestividade e conformidade das ações;
b) Relatar todas as informações referentes aos sistemas de controles e planos de ação
para tratamento dos riscos;
c) Manter a documentação à disposição para solicitações e análises das auditorias interna
e externa, pelo Banco Central e pela Confederação; e
157
FGV Projetos CE Nº 1974/15
d) Documentar e comunicar, ao ACI todas as perdas operacionais, mesmo aquelas que
apresentarem dificuldade de mensuração.
Em síntese, esta etapa é a que gera a sustentação para medir e avaliar a efetividade das ações
de controle do risco operacional. A próxima etapa consiste em estabelecer um processo de
comunicação eficaz para integrar setores, departamentos e pessoas em torno de objetivos
comuns.
16.4.1 Comunicação
A etapa de comunicação no processo de gerenciamento do risco operacional consiste em garantir
a adequada integração entre a área de riscos operacionais com todas as demais áreas. Deve
assegurar, por meio de relatórios estruturados, com periodicidade bimestral, o conhecimento ao
CA, CF e a Diretoria executiva das deficiências de controle e do gerenciamento do risco
operacional, permitindo a sua correção tempestiva, bem como a sua transparência.
Considerando o Agente de Controle Interno e o Conselho de Administração como atores principais
no processo de gerenciamento, a comunicação entre eles deve ser efetiva e frequente. Como
proposta, sugere-se que o Agente de Controle Interno informe à Diretoria Executiva sobre:
a) Matriz de Exposição ao Risco Operacional (Matriz de Impacto x Frequência);
b) Relatório de Providências por Área;
c) Relatório de Ações de Regularização de Perdas;
d) Relatório Consolidado de Perdas Operacionais do aplicativo “Exportação Dados para
Excel”;
e) Relatório de Fornecedores Críticos, sempre que houver alterações ou novas inserções; e
f) Relatório de Plano de Contingências, sempre que houver alterações ou novas inserções.
Por outro lado, a Diretoria Executiva deve:
a) Caso considere apropriados os relatórios, encaminhar aos gestores das áreas
responsáveis da cooperativa para que sejam tempestivamente implementados;
b) Caso considere inapropriados, solicitar as adequações julgadas necessárias;
158
FGV Projetos CE Nº 1974/15
c) Na ausência de manifestação formal da Diretoria, no prazo máximo de dez dias, o ACI
deve encaminhar os relatórios ao Conselho de Administração informando o envio prévio
à Diretoria; e
d) Diretoria Executiva, assessorada pelo Agente de Controle Interno, deve apresentar, no
mínimo, semestralmente, ao Conselho de Administração, informações sobre perdas
operacionais.
Por fim, a boa relação entre estas unidades garantirá uma boa gestão do risco operacional nas
cooperativas, reduzindo falhas e determinando responsáveis de novas rotinas e gargalos que
possam aparecer.
16.4.2 Perdas Operacionais
As perdas operacionais estão relacionadas aos prejuízos financeiros ou não, que podem ocorrer
devido às falhas dos fatores críticos oriundos das etapas operacionais. Todas as perdas
operacionais, identificadas pelas cooperativas durante o bimestre de avaliação, deverão ser
registradas nesse aplicativo. Os registros poderão ser relativos às perdas financeiras, de
oportunidade ou de baixa de ativo.
É bastante remota a possibilidade de zerar perdas operacionais. No entanto, elas devem ficar
dentro dos parâmetros suportáveis e aceitos pela Diretoria e Conselho de Administração da
entidade quando do processo de identificação, avaliação e tratamento dos riscos operacionais.
O registro das perdas operacionais possibilita à organização a discussão da qualidade do
processo, objetivando:
a) Verificar se o risco foi identificado e aplicado os controles necessários. Caso não tenha
sido identificado, avaliado e tratado, é necessário que então isso aconteça;
b) Levantar as causas da geração da perda, o que possibilita direcionamento de ações
específicas aos pontos certos;
c) Estabelecer plano de ação para implementação de ações mitigadoras (que minimizam
novas ocorrências), sempre observada à relação benefício/custo, ou seja, não se deve
gastar mais recursos do que a perda potencial; e
159
FGV Projetos CE Nº 1974/15
d) Monitorar se os controles têm efetividade, ou seja, se funcionam adequadamente
mantendo as perdas nos patamares determinados pela diretoria e pelo conselho de
administração.
Por fim, o ciclo de gestão do risco operacional constitui-se em uma importante ferramenta para
subsidiar o CF no desempenho de suas atividades.
16.5 Tipos de Riscos Mais Comuns às Cooperativas
Os gestores das cooperativas devem estar atentos a riscos específicos do negócio. Os principais
riscos que influenciam o desempenho das cooperativas são:
16.5.1 Risco Legal
Risco de perda resultante da não observância de dispositivos legais ou regulamentares, da
mudança da legislação ou de alterações na jurisprudência aplicáveis às transações da
cooperativa.
16.5.2 Risco de Imagem
Risco decorrente da publicação negativa, má qualidade no atendimento, participação de dirigentes
em situações não recomendadas.
16.5.3 Risco de Concentração
É o risco decorrente da concentração de crédito, depósitos, produtos e serviços em região,
segmento de mercado ou dependência de pessoa (associados) para fazer negócios e executar
serviços.
160
FGV Projetos CE Nº 1974/15
As perdas financeiras advindas na inadimplência, de maior impacto no resultado financeiro das
cooperativas, em sua grande parte são geradas pelo elevado nível de concentração de crédito
para um grupo de tomadores. Os motivos para tais condições podem ser atribuídos a diversos
fatores: perfil dos demandantes de crédito (associados que demandam valores mais elevados),
segmento de atuação da cooperativa, pouco diversificada, falta de monitoramento e incentivo a
pulverização do crédito/depósitos na base de associados, cooperativas que possuem associados
vinculados a um único segmento da economia podem estar mais suscetíveis a crises/oscilações
setoriais que venham a impactar o negócio de seus associados, entre outros.
O risco de atuar de forma concentrada não pode ser atribuído apenas às operações de crédito,
pois a concentração de depósitos também pode impactar negativamente as atividades da
cooperativa, pois um grupo de poucos associados com elevados volumes de depósitos podem,
em alguns momentos, retirar seus recursos e comprometer seriamente a capacidade de
empréstimo da cooperativa. Dessa forma, é importante que o CF, em sua sistemática de trabalho,
inclua o monitoramento dos seguintes indicadores de concentração:
Relatório dos Maiores Devedores (podem ser os 20/40/60 maiores devedores -
parâmetro a ser estipulado); e
Relatório dos Maiores Depositantes (podem ser os 20/40/60 maiores depositantes -
parâmetro a ser estipulado).
O gerenciamento do risco de concentração, relacionado aos depósitos e empréstimos, é tão
importante quanto a constituição de provisão das operações de crédito e dos prejuízos, os quais
devem ser objeto de monitoramento por parte dos Conselheiros Fiscais. Para realizar o
monitoramento sugerem-se os seguintes relatórios:
Provisão para créditos em liquidação - CL
Relatório que aponta os valores que são contabilizados como despesas de créditos
provisionados/mês. Deve ser observado também o valor do estoque o estoque de
provisão da carteira de Crédito.
Recuperação de crédito em liquidação - CL
Relatório que aponta os valores que são contabilizados como receita de créditos
liquidados/mês.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
Relatório de créditos baixados para prejuízo
Relatório que aponta os valores que são contabilizados na carteira de prejuízo. Deve-se
observar o crescimento ou decréscimo da carteira de prejuízos.
Operações em aberto
Relatório que aponta as parcelas vencidas e seus respectivos valores.
Conforme as boas práticas de gestão, a pulverização das carteiras constitui-se uma importante
condição para manter a sustentabilidade dos negócios das cooperativas. Além das ações para
manter as carteiras dentro dos padrões de segurança, a administração deve adotar políticas de
crédito com destaque para alguns tópicos relevantes:
Definição de comitês de análise, supervisão e liberação de crédito;
Instituição de alçadas para cada comitê;
Critérios bem definidos e padronizados para elaboração das propostas de crédito;
Procedimentos padronizados para formalização das propostas de créditos;
Análise criteriosa dos coeficientes técnicos e dos cálculos de risco de crédito oferecidos
pelo sistema; e
Adequação das garantias ao perfil de risco da operação.
16.5.4 Risco de Tecnologia
Risco da descontinuidade das atividades apoiadas nos serviços tecnológicos. Falta de meios
seguros de acesso ao sistema, obsolescência de sistemas/equipamentos, falta de back-up, falta
de legalização do software, contingenciamento.
16.5.5 Risco Estrutural
Risco ocasionado pela inexistência ou deficiência de segregação de função, registro, autorização,
normas, regulamentação interna sobre políticas de procedimentos. Risco em que se encontram
todos os produtos, processos e unidades ou sistemas.
162
FGV Projetos CE Nº 1974/15
16.5.6 Risco de Falha Humana e Fraudes
Risco de negligência de funcionários, comportamento fraudulento (desvio de valores, vazamento
de informações privilegiadas, descumprimento de normas).
16.5.7 Risco na Qualidade dos Controles - Compliance
Risco da não observância de normas operacionais e de limites definidos pelo BACEN, não
cumprimento de alçadas de crédito, não implantação de controles, falta de comitê, normas,
monitoramento e conciliação.
16.5.8 Risco de Produtos e Serviços
Risco decorrente da má qualidade dos produtos/serviços, irregularidade na formalização e na
legalização do produto.
16.5.9 Risco Patrimonial
Risco de falta de segurança física das pessoas e falta de segurança dos valores custodiados.
Visando minimizar o impacto dos riscos e propor um modelo de gestão, propõem-se sete etapas
que podem ser utilizadas para mitigar o risco e sua influência na atividade das cooperativas, a
saber:
1) Identificação, avaliação, monitoramento, controle e mitigação do risco operacional;
2) Documentação e armazenamento de informações referentes às perdas associadas
ao risco operacional;
3) Elaboração, com periodicidade mínima anual, de relatórios que permitam a
identificação e correção tempestiva das deficiências de controle e de
gerenciamento do risco operacional;
163
FGV Projetos CE Nº 1974/15
4) Realização, com periodicidade mínima anual, de testes de avaliação dos sistemas
de controle de riscos operacionais implementados;
5) Elaboração e disseminação da política de gerenciamento de risco operacional ao
pessoal da instituição, em seus diversos níveis, estabelecendo papéis e
responsabilidades, bem como as dos prestadores de serviços terceirizados;
6) Existência de plano de contingência contendo as estratégias a serem adotadas
para assegurar condições de continuidade das atividades e para limitar graves
perdas decorrentes de risco operacional; e
7) Implementação, manutenção e divulgação de processo estruturado de
comunicação e informação.
A execução do plano de gerenciamento deverá ser objeto de observância dos gestores da
organização, resguardando para o correto cumprimento de cada etapa, monitoramento dos
relatórios dos controles internos e demonstrações contábeis.
164
FGV Projetos CE Nº 1974/15
17. ROTEIRO SOBRE PRÁTICAS DO CONSELHO FISCAL
17.1 Planejamento e Organização das Atividades de Fiscalização
Esta seção dedica-se ao detalhamento das atividades exercidas pelo CF. Os tópicos discutidos
consideram a natureza das rotinas fiscalizatórias, assim como disponibiliza aos Conselheiros
Fiscais um guia direcionador para execução de suas atividades alinhadas às ações do CF e aos
objetivos e atribuições estabelecidos no estatuto social. A efetiva participação dos Conselheiros
Fiscais não somente fortalece a governança na cooperativa, como também contribui,
significativamente, para o aperfeiçoamento dos processos, considera o planejamento estratégico
definido e o cumprimento dos normativos e políticas instituídas pelo Conselho de Administração.
De forma resumida, pode-se considerar o CF como o representante dos cooperados junto aos
administradores, com a missão de aferir o fiel cumprimento das normas legais e dos regulamentos
da entidade.
Para tanto, os Conselheiros Fiscais devem estar atentos ao planejamento de suas tarefas
garantindo que as mesmas sejam realizadas com esmero, considerando a qualidade das análises
dos processos e informações de desempenho, e mantendo a satisfação dos associados que os
elegeram para representá-los nas decisões executivas e estratégicas de sua cooperativa. De
acordo com Valadares (2015)13
, a atividade de fiscalização do CF deve ser fundamentada em
estruturas formais, considerando a natureza e o alinhamento entre os conteúdos documentais. Os
três principais conteúdos são apresentados a seguir.
17.2 Conteúdo Estrutural/legal
É composto de:
a) Cooperativismo, princípios e valores;
b) Lei nº 5.764/71;
c) Estatuto da Sociedade;
13 Valadares, J.H. Curso de Formação de Conselheiros Fiscais . Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo. Mimeo. 2015.
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d) Leis e regulamentos pertinentes às cooperativas de crédito; e
e) Legislação trabalhista e fiscal.
17.3 Conteúdo Administrativo
Reúne normas, procedimentos e rotinas administrativas, contendo:
a) Estrutura organizacional;
b) Definições de atribuições e competência;
c) Funções, fluxos e rotinas;
d) Normas e instruções de serviços;
e) Política de acesso a sistemas;
f) Regimento interno funcional (políticas de seleção e contratação de funcionários, acordos
coletivos, programas de remuneração variável, outros); e
g) Políticas internas (captação, crédito, cadastro, cobrança e recuperação de créditos,
manual de produtos e serviços - MPS).
17.4 Conteúdo Orientativo
Abrange os seguintes itens:
a) Atas de reuniões do CF;
b) Atas de reuniões do Conselho de Administração e da Diretoria;
c) Ofícios recebidos e emitidos;
d) Relatórios de atividades;
e) Pareceres do Conselho Fiscal;
f) Relatórios de Auditoria; e
g) Comunicação interna formal (comunicados, cartas circulares, memorandos, outros).
As rotinas de trabalho dos Conselheiros Fiscais devem ser transcritas em pauta de reuniões de
trabalho, avaliando os processos da cooperativa e verificando se esta tem cumprido os
normativos, considerando sua estrutura legal, administrativa e de orientação para melhorias de
processos.
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18. CONTEÚDO OPERACIONAL DO CONSELHO FISCAL
Todo o processo operacional do CF deve ser documentado. Não há informalidade no processo.
Todos os atos e fatos administrativos geram, necessariamente, documentos. Os documentos
podem ser de natureza administrativa, contábil ou legal.
18.1 Documentos Administrativos
18.1.1 Relatórios
a) Área de controles internos - o CF remeter-se-á aos apontamentos realizados pelo agente
de controles internos. O acompanhamento deste relatório é de grande importância, pois
permite uma leitura dos processos administrativos e de todos os fatores de risco
operacional. Um dos pilares desse relatório é a Lista de Verificação de Conformidades -
LVC, que possui um conjunto de eventos observados e demonstra a condição
operacional da cooperativa. Dessa forma, o Conselho Fiscal poderá ter uma visão ampla
da situação operacional da cooperativa e atuar de forma mais objetiva naqueles pontos
mais relevantes de melhoria.
b) Auditoria interna e externa - os relatórios da auditoria, tanto interna quanto externa,
também são importantes fontes de informações para o Conselho Fiscal. Os pontos que
são auditados avaliam a adequação das operações de acordo com os manuais e
políticas internas estabelecidas pelo Conselho de Administração. Pode-se averiguar se
operações de crédito realizadas estão de acordo com as políticas de crédito (que define
taxas e prazos) e se as aplicações dos associados estão de acordo com taxas e prazos
estabelecidos. Além destes, considera-se também a adequação dos processos de
cobrança às políticas estabelecidas, assim como os relatórios dos créditos baixados
para prejuízo por mês e o do volume total da carteira de prejuízo.
c) Relatório dos projetos executados - Planejamento Estratégico. Outro importante relatório
que mede a evolução estratégica da cooperativa refere-se aos projetos do planejamento
estratégico. O CF deve monitorar as entregas dos planos estratégicos e, sempre que
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necessário, informar ao Conselho de Administração pontos que devem ser observados
para garantir o sucesso das estratégias definidas no planejamento.
18.1.2 Informações Financeiras e de Transações
a) Fluxo de caixa
b) O CF deve monitorar os relatórios de fluxo de caixa da cooperativa. O objetivo é ter sob
sua supervisão o fluxo de numerários para evitar e identificar ações de tentativas de
lavagem de dinheiro e movimentações suspeitas. Adicionalmente, será possível
identificar fuga de depósitos, aumentos de poupança e o enquadramento técnico de
limite global da singular.
c) Estoque de numerário
O CF verificará, por meio de relatórios gerados pela tesouraria, o estoque de numerário
contido nos Pontos de Atendimento - PA’s, na tesouraria da sede da cooperativa e em
todos os ATMs. Tal monitoramento justifica-se pela necessidade de acompanhar as
despesas com seguros e transportes de valores. Para melhorar a eficiência das
cooperativas, deve ser considerada a possibilidade da redução destas despesas para os
padrões desejados, desde que a qualidade do serviço aos associados seja mantida.
d) Tabelas de taxas de aplicação, empréstimos, tarifas e serviços.
As tabelas de taxas de captação e aplicação devem ser divulgadas a todos os
associados. Além destas, as regras de acesso ao crédito e às linhas de aplicação devem
ser conhecidas pelos associados e as regras devem ser aplicadas a todos. No caso das
cooperativas de crédito, o princípio da isonomia deve ser resguardado, ou seja,
proporcionando a todo associado o acesso às mesmas condições.
e) Certidões legais da cooperativa.
As cooperativas têm de cumprir uma série de obrigações de natureza trabalhistas e
tributárias. Nestes casos, o CF deve monitorar se todas as documentações estão em dia
e se as obrigações com os órgãos fiscalizadores e autoridades governamentais estão
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sendo cumpridas. Como exemplo, cita-se desde os alvarás fornecidos pelos órgãos
locais até confirmação da quitação de débitos junto à Receita Federal.
18.2 Documentos Contábeis
18.2.1 Demonstrações Contábeis
O desempenho financeiro e comercial das cooperativas de crédito pode ser analisado a partir das
demonstrações contábeis, considerando o fechamento mensal, semestral e anual. Mensalmente,
o Conselho Fiscal poderá analisar o Relatório chamado Análise de Produtividade do Negócio -
APN. Esse relatório contém todas as informações das carteiras, dos produtos e dos serviços, além
das despesas administrativas e dos custos dos serviços. É uma importante ferramenta que está
disponível na plataforma de apoio a decisão - PAD no Sisbr.
As informações também poderão ser levantadas a partir dos balancetes dos Pontos de
Atendimento - PA’s e do consolidado da cooperativa, sendo estes também de igual importância
para avaliação da saúde financeira da Cooperativa.
18.2.2 Orçamento de Despesas Diversas, Orçamento de Compras
Faz parte das atribuições do CF o monitoramento do orçamento e despesas da cooperativa, assim
como o de compras. É sugerido que os Conselheiros Fiscais, periodicamente, façam uma
análise dos processos de orçamento, dos fornecedores, avaliem as políticas de compras da
cooperativa e comparem os orçamentos de produtos e serviços contratos no mercado.
A qualidade de tais processos passa pelo acompanhamento do CF com ações de sugestão de
melhoria e, quando necessário, encaminhamento dessas recomendações para o Conselho de
Administração.
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18.2.3 Relação de Pagamentos de Compras
É saudável o monitoramento dos pagamentos, com conferência de notas fiscais, recibos,
checagem da idoneidade de fornecedores e a avaliação da relação custo/benefício dos
fornecedores que tem atendido a cooperativa.
Cabe considerar aqui a verificação das licenças de softwares, o pagamento de equipamentos, as
condições comerciais das compras realizadas e a avaliação da relação custo/benefício dos
fornecedores. Por fim, tais informações irão contribuir para melhorar a eficiência administrativa da
cooperativa. Todos estes documentos têm o sentido legal que tornam os seguintes procedimentos
de cunho obrigatório:
As compras são acompanhadas de nota fiscal, devidamente preenchida com o nome da
cooperativa, seu endereço, seu CNPJ e inscrição estadual, caso tenha. Observação:
nota de venda ao consumidor não é documento legal/contábil para a cooperativa. A
mesma só é válida para o consumidor;
A prestação de serviço, seja a cooperativa a prestadora ou usuária do mesmo, deve ser
acompanhada de nota fiscal. O profissional autônomo que não tem empresa constituída
deve ser pago com recibo de pagamento a autônomo (RPA); e
Pagamentos: O Conselho Fiscal deve analisar a relação dos pagamentos realizados,
notas fiscais e o tratamento dos eventos financeiros junto à contabilidade.
18.3 Registro
O registro das atividades executadas pelo CF, das ocorrências identificadas, bem como as
orientações e as sugestões devem ser registradas de acordo com sua relevância. Os registros
deverão ser apresentados em formato de relatório e encaminhados para as devidas áreas e
responsáveis.
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Exemplo: Constatou-se, quando da conferência do caixa do dia 10/01/20xx, diferença significativa
na ordem de R$ 1.000,00.
18.4 Planejamento
Em sua primeira reunião, do ciclo de gestão ou do ano, o CF deverá planejar suas atividades de
acordo com áreas internas da organização, estabelecendo cronograma de trabalho e os recursos
necessários para a adequada execução de suas tarefas.
No planejamento elaborado, deverão constar, necessariamente, além das atividades definidas no
Estatuto Social, os seguintes assuntos/negócios:
Acompanhamento e cobrança do planejamento Estratégico e Orçamentário;
Verificação e controle do aporte de recursos em investimentos;
Política de produção e de comercialização;
Verificação e aferição dos contratos celebrados entre a cooperativa e clientes,
fornecedores.
Nível de comprometimento e de participação do Quadro Social;
Política social da cooperativa; e
Participação em reuniões de Diretoria/Auditoria e contabilidade.
O planejamento deverá ser formal e objetivo, estabelecendo a data, o conteúdo e o objetivo do
mesmo.
18.5 Relatório
Os relatórios das atividades do CF devem registrar de forma clara e objetivamente o que
aconteceu. Os fatos devem ser relatados com precisão e minúcia de forma a permitir o seu pleno
entendimento pelos associados e, sempre que possível, suas consequências para a entidade.
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Quadro 18.5.1
Exemplo de Relatório de Atividades
Relatório n.º 01 - Data = 00/00/20xx Atividade/Assunto
O Conselho Fiscal, nesta data, desenvolveu as seguintes atividades: a) Verificação dos processos judiciais e contratos inadimplentes;
b) Estoque de numerário nas agências; e c) Monitoramento dos projetos do planejamento estratégico a serem implantados no mês.
Os trabalhos foram executados por todos os conselheiros fiscais e o tempo despendido foi de quatro horas.
Constataram-se durante o processo de aferição as seguintes situações:
a) Foi levantado que a taxa de inadimplência da carteira de empréstimo é de x% da data
levantada. Além disso, verificou-se que todos os contratos com mais 90 dias de atraso já foram encaminhados para o escritório de cobrança para realizar o devido ajuizamento das operações.
b) Verificou-se que as agências estão com estoque de numerário dentro dos parâmetros estabelecidos e de acordo com o plano de contingência.
c) Acompanhando os projetos do Planejamento Estratégico, constatou-se que dois
processos, projetados para serem concluídos neste mês, não foram, ainda, iniciados. São eles:
1º. Integração da Contabilidade. 2º. Mudança do leiaute interno, impossibilitando acesso de pessoas estranhas ao serviço.
Local, 10/10/20xx Conselho Fiscal Efetivo Conselho Fiscal Efetivo Conselho Fiscal Efetivo
18.6 Ata do Conselho Fiscal
Outro instrumento de registro de atividades é a elaboração das atas das reuniões do CF. A Ata é o
registro oficial e legal da atividade do CF. Independente de constatação, ou não, fatos relevantes,
a Ata deve ser elaborada. Sua forma deve ser redacional continuada, observando-se a clareza e a
objetividade. A Ata, sendo documento legal, deve ser assinada, primeiramente, pelos conselheiros
fiscais efetivos, vindo, a seguir dos suplentes (quando estes participarem). Seu conteúdo deve
conter a síntese constante no relatório, evidenciando os assuntos relevantes. A Ata é um
documento formal ao qual a Administração e o Quadro Social têm acesso. Mas, somente a ciência
dos fatos narrados não é suficiente para solucionar as pendências.
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Após a lavratura da Ata, o coordenador do CF oficializa, por escrito, à Administração, sobre os
assuntos relevantes constantes na Ata e solicita à mesma providência sobre os mesmos. A
Administração, por sua vez, retorna ao CF as repostas e justificativas pertinentes a cada questão
apontada na comunicação escrita, com as devidas ações serem realizadas. Quando do
recebimento da resposta, o seu teor deverá constar no relatório e, consequentemente, na Ata.
Acompanhar-se-á a evolução das providências tomadas e, se insuficientes, haverá a geração de
nova correspondência. Em não sendo tomadas as providências necessárias, o Conselho Fiscal
deverá, em casos graves, tomar as seguintes iniciativas:
a) Comunicação formal e tácita de que o assunto pendente será levado ao
conhecimento da Assembleia Geral;
b) Exigir, convocação de Assembleia Geral Extraordinária ou convocá-la; e
c) Oficiar ao BACEN a ocorrência registrada.
Quadro 18.6.1
Exemplo de Ata de Reunião
Ata do Conselho Fiscal Aos doze dias do mês de outubro do ano de dois mil e xx, reuniram-se todos os integrantes
do Conselho Fiscal na sede da cooperativa. Iniciando os trabalhos o coordenador Sr. xxx leu o relatório das atividades realizadas constando: análise da inadimplência e processos judiciais, estoque de numerário e planejamento estratégico. Como o relatório menciona,
tanto os contratos de ajuizamento e estoque de numerário estão de acordo com o parâmetro estabelecido e não registraram nenhuma ocorrência ou fato que deva ser esclarecido.
No tocante, porém, ao planejamento estratégico, constatou-se que o projetado para este mês não foi executado, razão pela qual o assunto será levado a Diretoria para que o
Conselho possa tomar conhecimento das decisões tomadas. Após, deixou livre a palavra aos participantes, como ninguém se pronunciou, ratificou a data da próxima reunião de acordo com o planejamento elaborado, encerrando a reunião.
Local, 00/00/20xx
Conselho Fiscal Efetivo Conselho Fiscal Efetivo Conselho Fiscal Efetivo
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18.7 Parecer
O parecer é a tarefa-fim do CF. É no parecer que o CF sugere e/ou aconselha à Assembleia Geral
de Associados a aprovação, ou não, do processo contábil, devendo conter:
a) Demonstração de Sobras e Perdas; e
b) Balanço Patrimonial, acompanhado de:
1) Notas Explicativas;
2) Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos; e
3) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.
O Parecer do Conselho Fiscal é o atestado formal de verificação e aferições documentais e
contábeis, além dos procedimentos e das rotinas operacionais. O parecer é um documento próprio
de cada sociedade cooperativa. Cada uma delas, independentemente das outras, tem
características e peculiaridades próprias e um CF próprio, o que dificulta a sua padronização.
18.8 Relações Internas do Conselho Fiscal e Setores Administrativos
Considerando que a cooperativa é um empreendimento que tem metas a cumprir e compromissos
diários, é conveniente tomar as seguintes providências ao solicitar serviços junto aos setores
administrativos:
a) Quando se executar a fiscalização em determinado setor, convém que se comunique ao
responsável pelo mesmo;
b) Quando se precisar recrutar alguém para auxiliar, convém solicitar autorização ao
supervisor imediato da pessoa a ser recrutada;
c) Se precisar de funcionários fora do horário normal de expediente, convém que o
coordenador do CF comunique isso com antecedência para evitar transtornos; e
d) Se não for atendido em suas solicitações, o CF deve exercer o poder estatutário,
passando a exigir das áreas responsáveis o atendimento das solicitações apontadas nos
relatórios e atas.
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18.9 Métodos e Técnicas de Reunião do Conselho Fiscal
A reunião é um método de ação social que integra diversas pessoas em torno de um objetivo,
ideia, mensagem ou plano. É uma técnica de comunicação coletiva que, se planejada, pode
proporcionar informações, participação e cooperação de um grupo. É um veículo para que as
ideias sejam coletadas, estruturadas e realizadas.
As reuniões e o trabalho em equipe são cada vez mais usados e precisam ser planejados e bem
dirigidos. Elas são importantes instrumentos de participação coletiva no papel fiscalizatório do CF
e de gestão do Conselho de Administração. No cooperativismo, por ser um sistema democrático e
participativo, as reuniões costumam ser mais frequentes e necessitam de técnicas para melhorar
sua qualidade e tornar as atividades do CF mais efetivas.
18.10 Indicações Importantes para Reuniões
Uma reunião é uma atividade de trabalho e todos devem participar de forma profissional. Assim,
planejar, preparar e coordenar uma reunião garante objetividade na abordagem dos temas em
pauta e a efetiva participação dos convidados.
a) Integrar as pessoas: quando as pessoas se sentem participantes de uma equipe de
trabalho, elas se aproximam mais, discutem os problemas e buscam conjuntamente as
soluções;
b) Diagnosticar os problemas: um problema bem diagnosticado, já está resolvido pela
metade, enquanto que um problema mal diagnosticado pode gerar soluções
inadequadas, que geralmente geram mais problemas. A reunião pode servir para fazer
um bom diagnóstico;
c) Caracterizar os elementos determinantes: a participação de diversas pessoas aumenta a
gama de informações e contribui para estabelecer as relações de causa e efeito. Alguns
chefes discutem apenas os efeitos dos problemas, evitando discutir as causas, pois
estas podem recair sobre eles mesmos. O verdadeiro líder se submete às críticas;
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
d) Coletar críticas e sugestões: é sempre conveniente saber o que os outros pensam e, se
possível, obter as informações e experiências dos participantes. Existem várias formas
de coleta:
1) Caixa de sugestões escritas;
2) Reuniões especiais para desenvolvimento de autocrítica e aperfeiçoamento de
ideias apresentadas; e
3) Reuniões periódicas com a equipe para analisar e julgar as sugestões.
e) Equacionar os problemas: quando os problemas não são resolvidos, a motivação para
participar de reuniões diminui. Líder é aquele que busca as informações necessárias,
com a participação dos colaboradores e com eles encontra a solução adequada.
18.11 Preparativos para uma Reunião
a) Definir o local, o número de pessoas e os detalhes do ambiente em que será realizada a
reunião. É importante verificar quem de direito pode participar e, em caso de votação,
tomar os cuidados com as disposições legais;
b) Providenciar o material de apoio: apostilas, livros, data-show, assessorias, disponibilizar
água e café aos participantes etc.; e
c) Preparar a pauta da reunião e a lista de presença.
18.11.1 Fases de uma Reunião
1ª FASE - ABERTURA
a) Cumprimentar e identificar os participantes;
b) Agradecer a presença e deixar o grupo à vontade;
c) Informar o término previsto para a reunião.
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FGV Projetos CE Nº 1974/15
2ª FASE - APRESENTAÇÃO DA PAUTA
a) Expor o motivo da convocação;
b) Apresentar os objetivos a serem alcançados;
c) Apresentar o assunto.
3ª FASE - CONDUÇÃO DO DEBATE
a) Incentivar a participação de todos;
b) Coordenar a troca de ideias e apresentação de experiências;
c) Evitar a monopolização e a fuga do assunto;
d) Manter a sequência da pauta;
e) Resumir, com frequência, as ideias já apresentadas, buscando consenso; e
f) Obedecer e fazer cumprir o horário pré-estabelecido.
4° FASE - CONCLUSÃO
a) Fazer um resumo geral das principais ideias discutidas;
b) Averiguar o grau de consenso em relação a cada assunto;
c) Chegar a um resultado conclusivo com o grupo;
d) Definir o plano de ação; e
e) Registrar em ata o ocorrido na reunião.
18.12 Sugestões aos Conselheiros Fiscais
Na primeira reunião que se realizar, logo após uma eleição, sugere-se:
a) Solicitar à gerência ou chefes de departamentos que os acompanhem pela cooperativa,
apresentando os funcionários e descrevendo a função de cada um. Fazendo isso, os
conselheiros:
1) Conhecem o empreendimento com maiores detalhes;
2) Sabem o trabalho de cada colaborador, facilitando a fiscalização, pois assim,
quando necessário, podem dirigir-se diretamente à pessoa certa; e
3) Tornam-se conhecidos, evitando estranheza nas primeiras fiscalizações.
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b) Visitar os setores da administração, dependências e entrepostos, conhecendo todas as
atividades, poderes de decisão, dependências com a sede, além dos três itens acima;
c) Programar visitas para um dia inteiro;
d) Evitar reuniões à noite, pois a ação torna-se mais eficaz quando realizada durante o
expediente, vendo a realidade do dia a dia;
e) Programar reuniões, preferentemente, em dias alternados no mês, evitando, assim, a
“preparação dos colaboradores”;
f) Nos dias de fiscalização, conversar com alguns associados que se encontram na
cooperativa sobre os serviços por ela prestados, o atendimento pelos funcionários etc.;
g) Utilizar-se das fiscalizações para propor feedback, ou seja, soluções aos problemas
encontrados, procurando auxiliar a Diretoria Executiva em sua ação administrativa;
h) Convidar, quando possível, mesmo estando presentes todos os membros efetivos, os
suplentes para participarem das reuniões, apesar de não terem direito a voto;
i) Em cada reunião, cobrar dos responsáveis as exigências feitas na reunião anterior;
j) Dividir-se durante a fiscalização, abrangendo, assim, maior número de itens fiscalizados;
k) Para cada reunião, fazer a programação de atividades (do dia), facilitando e agilizando
os trabalhos;
l) Quando as reuniões ocorrerem junto com a Diretoria Executiva, para decisões
importantes, e os conselheiros forem convidados a opinar, lavrar ata em separado,
mesmo que a redação seja igual;
m) Quando não estiver fiscalizando, aproveitar todas as oportunidades: conversas, visita às
unidades de atendimento (PA), ao comércio etc., para conhecer a percepção dos
associados e comunidade quanto ao papel da cooperativa de crédito na comunidade;
n) O planejamento e o respectivo orçamento são peças fundamentais da cooperativa. O
seu acompanhamento é essencial para o trabalho do Conselho Fiscal; e
o) Manter-se sempre atento: conferir, controlar, desconfiar e colaborar constantemente,
com o espírito de zelar pelo patrimônio comum de todos os associados.