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Hugo Ferreira Catálogo de Obras 2012

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Hugo Ferreira

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Hugo Ferreira

Catálogo de Obras

2012

Apresentação

Hugo Ferreira - Um alquimista

experimentador

Podemos começar a falar de sua arte em sua própria multiplicidade e incertezas. Seu movimento é circular, perpassa e dialoga em várias linguagens e ao mesmo tempo explora novos materiais incluindo-os em suas construções. Seu pensamento está no espaço real; como podemos ver nas peças da série APARIÇÃO, que particularmente gosto muito, construídos com conduites e pneumáticos de vários diâmetros, ou mesmo construído com pneus iguais. São peças orgânicas simples e comunicativas, bem resolvidas plasticamente e concorrem com a escala humana, fazendo parte e ocupando esse mesmo espaço do homem cidadão.

Suas MULHERES (como vários outros artistas pintaram mulheres: Picasso, Modigliani, Willem De-Kooning etc.) referem-se direta (ou indiretamente) às mulheres do Candomblé, onde através das cores e contas aplicadas sobre a pintura identifica-se o Vodum (Orixá) o qual homenageia ou mesmo reverencia. HUGO, como Doté D’Azonsu (Pai de Santo) da roça «Centro Cultural das Tradições Africanas - Segy Agyotum» - divide seu tempo, ou melhor, soma em sua vida particular essas duas atividades sublimes: O culto ao Vodum e a dedicação à Arte, percebendo que o primeiro cuida e o segundo alegra o espírito, é através do olhar, parodiando Merleau-Ponty, «a janela da alma» comunica-se com o mundo real.

Estar no mundo, marcar o mundo, recortar o mundo, geometrar o mundo são atitudes do artista, e nessa busca de anos de estrada, vem construindo sua mitologia marcada por prêmios e participações em importantes exposições.

Hugo Ferreira, um batalhador, um semeador, sendo a semente sua matéria/cor que organiza geometricamente no plano da pintura orgânica, como os dripping de Jackson Pollock a tela vista de topo, como o campo arado na hora do plantio, e ao semear, brota em busca (sempre) de um Sol, e assim mostrar sua produção na qual percebe-se sua intensidade e verdade no que crê e realiza.

É um exemplo de perseverança e continuidade naquilo que planta, porque seu tempo é o tempo da germinação, do crescimento, do cuidado, da frutificação, da colheita, da poda e da morte. Em fim é o ciclo da vida expressa em cores, formas e fé.

Rio de Janeiro, julho de 2012

Ronald Duarte Artista de Ação

O F

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A A cor e a ausência dela, os espaços vazios (negros) ritmando os cheios de cor, o volume do barbante pintado e a marca da cor deixada por ele discutem o limite entre o bi e o tridimensional, as contas ( miçangas) completam, tonificam e extrapolam para além da tela os valores da construção do pensamento visual, desafiando a capacidade criativa que é a ação que transpõe outras possibilidades latentes para o mundo real, revelando uma situação que nunca foi mostrada antes. As evoluções da imagem real e da memória caracterizam, portanto, a experiência de inventar novos meios de expressão a partir de novas técnicas, onde a arte registra e evidencia, denunciando propostas surgidas na execução da obra.

O artista cria um outro mundo em função de sua cultura, de suas experiências de vida, das orientações e das ideias que lhes são inerentes. Neste universo de formas e transformações, amplia-se seu campo de atuação, onde as estruturas de representação, através da imagem, abordam técnicas representativas que exploram elementos e substâncias apropriadas para a composição visual.

Sempre projetando, traçando ou esboçando algo, em que o conteúdo visual desta comunicação é composta por uma série de Elementos Visuais. Esses elementos constituem a substância básica daquilo que vemos. São muitos os pontos de vista a partir dos quais podemos analisar qualquer manifestação visual , são elementos reveladores que constituem a forma que

melhor possamos compreender o todo. A linguagem visual constitui fundamentos ou conceitos, com relação à organização visual, que podem resolver situações problemáticas na realização de um pensamento visual.

O gosto pessoal e sensibilidade estética são muito importantes, porém, uma compreensão dos fundamentos ampliará sua capacidade de organização, facilitando enormemente seu processo de criação.

Acrílico, gesso, colagem

de juta sobre tela

Trabalhando com questões tridimensionais e bidimensionais, simultaneamente, neste trabalho apresenta pintura com questões construtivistas, onde a construção de planos, a transparência e a intuição agem como fertilizadores, seguindo uma construção lógica, não rigorosa, a sobreposição de planos, que se cruzam ou se interrompem, determinam horizontais e verticais que dinamizam o emprego de valores tonais, sugerindo maior ou menor luminosidade.

Um outro elemento que motiva a sensibilidade do artista é de caráter afetivo-religioso. Daí o uso da juta (tecido, que com a palha da costa é a vestimenta do Vodum Omulú -p Deus da Terra-Nação Gege - culto Afro-Brasileiro), material usado como suporte, e que carrega em si, um baixo teor de luminosidade e cuja porosidade e a trama enriquecem a abordagem da transparência.

Acrílico sobre diversas aplicaçõesSeguindo uma construção lógica não rigorosa de linhas (ou áreas) horizontais e verticais que determinam e compõem o entrelaçamento de planos que se cruzam ou se interrompem. Esta dinamização e o emprego de valores tonais sugerem maior ou menor luminosidade, provocando o reconhecimento do jogo de luz e sombra, bem como as laterais da tela (objeto) e a parede dialogam (avanços e recuos), jogos da percepção visual e dados intencional-mente criados pelos recursos da pintura, onde os valores racionais e emocionais são explorados sem perder o senso de equilíbrio.

O conjunto de obra experimenta uma evolução visual, que a partir de um olhar frontal, num segundo momento, muda devido às laterais e à parede que passam a integrar a obra. No terceiro e quarto momento, a obra assume características de minimal, pois funciona através de projetos (quase ausência do artista - telas cruas formam módulos que são ajustados por parafuso).

módulos de tela crua

ajustados à parede

A intuição e a construção agem tanto como fertilizadores, tanto como controle mútuo, bloco de escalas diferentes ou não (parafusados por dentro) provocam relevo, sombra e lateralidade que se definem enquanto problemas de proporção e contornos de cálculos intuitivos; e a obra se faz de horizontais e verticais, balanceando equilíbrio, razão, emoção, geometria e visceralidade.

O rompimento da superfície bidimensional da tela (objeto), a inclusão das laterais como parte integrante dentro e fora da tela (objeto), o dialogo com a parede,as variações das sombras provocadas pelas laterais,bem como os campos brancos e pretos, os avanços e recuos estimulam a percepção,impondo às formas percebidas um estado de contínua vibração e mutabilidade.

A busca da terceira dimensão do movimento real, da ação do espectador exigem multidireciona-mento no seu modo de olhar, e mediante sua locomoção física provoca uma nova dimensão e dão, neste momento,a idéia da linha fronteiriça entre bi/ tridimensionalidade.

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co

m a

ra

me O artista se propõe a trabalhar a

construção do movimento. O pneu ao ser manipulado assume outras características, apresentando um novo corpo, à medida que outros pneus lhe são somados_ Uma construção, em que o objeto seguirá incorporando-se em suas possíveis orientações, relacionando-se, direta ou indiretamente com o mundo percebido.

O artista tende a abordar uma profundidade, que nunca poderá ser vista. A carga informativa do pneu vai além de sua forma: Sua vida útil nos remete à memória visual repetições de movimentos, como se fosse um espiral infinito; sua matéria-prima (látex) nos remete aos seringueiros e sua saga; seu aprimoramento nos remete á industria com seu consumismo e enriquecimento e seu desgaste nos remete ao asfalto (as marcas feitas pela indústria são desfeitas pelo asfalto, como se fosse o trabalho de um artesão), que é de onde o pensamento artístico se estrutura.

Os pneus sejam de carros, caminhões, motos, bicicletas, etc, embora com características diferentes, fazem a mesma coisa (rodam) e as repetições de seus movimentos são como ecos.

grãos & sementes

esculturas Sementes da Terra é uma exposição itinerante, que é composta por esculturas de diversos tamanhos com altura de 20 centímetros a 2 mts de altura, são potes com cabeças, onde a etnologia do povo afro é representada através da cor, dos lábios

grossos, diversas sementes, búzios e miçangas, pedaços de tudo que possa remeter a um olhar ancestralizados de nossas tradições, bem como o pote que em termos de religiosos representa a metamorfose, a transmutação da vida para muitos costumes e rituais africanos.