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Casos de estupro aumentam no Maranhão: foram 1.119 registros apenas em 2017 Em oito anos o aumento é de 42%. Segundo especialistas, o número pode ser ainda maior porque o crime é um dos que tem maior índice de subnotificações. Cultura do Estupro O caso Alanna Ludmila chocou o Brasil em 2017. A tragédia que aconteceu no município de Paço do Lumiar, região metropolitana de São Luís, comoveu muita gente. Alanna tinha apenas 10 anos quando o seu padrasto, casado com a mãe da menina há cerca de cinco anos, a estuprou, matou e enterrou o corpo no quintal de casa. Robert Serejo estava separado de Jaciana há dois meses e pretendia se vingar da ex-mulher. Um ano após o crime, Jaciana ainda ten- ta superar o acontecido. Atualmente, é pro- fessora em uma escola comunitária e mora com seu filho de quatro anos. “Meu filho não perdeu uma pessoa; ele perdeu duas pesso- as importantes na vida dele. Ele tem acom- panhamento psicológico. Ele pergunta sobre Alanna direto. Eu falei que ela virou uma es- trelinha lá no céu. Ele respondeu que também quer virar uma estrelinha para brincar com a irmã. Sobre o pai, ele pensa que está viajando a trabalho”, afirma Jaciana. Robert Serejo está preso desde novem- bro de 2017, quando tentou fugir em uma van para o interior do estado. Ele será levado a júri popular pela 3ª Vara de Paço do Lumiar, e será julgado por feminicídio, estupro de vulne- rável e ocultação de cadáver contra a entea- da. O julgamento deve acontecer no primeiro semestre de 2019. Alanna é apenas uma das centenas de vítimas que sofrem um dos crimes mais he- diondos: o estupro. Segundo o Fórum Brasi- leiro de Segurança Pública, a cada 11 minutos 1 uma mulher é violen- tada sexualmente no Brasil. No Maranhão, em 2017 foram regis- trados 250 casos do crime. Em São Luís, depois de fazer a de- núncia, a vítima pode pedir medida protetiva de urgência contra o agressor para ser afas- tada imediatamente dele. Kazumi Tanaka, coordenadora das Delegacias da Mulher De acordo com o Código Penal bra- sileiro, a sentença por estupro dura de 06 a 10 anos. Em São Luís, um presídio especial foi inaugurado em 2016 no bairro do Olho D’ água, para receber detentos desse tipo de delito. Segundo o secretário de Administração Penitenciária, Murilo Andrade, a lógica de se Alanna Ludmila, 10 anos, vítima de abuso sexual e feminicídio. Foto: Reprodução/O Imparcial “Os crimes de estupro ge- ralmente não têm testemunhas que presenciaram a agres- são” do Estado do Maranhão, destaca os procedi- mentos quando é denunciado um crime des- se: “Os crimes de estupro geralmente não têm testemunhas que presenciaram a agressão, é nessa condição que a palavra da vítima tem um grande valor”. Foto: Janilson Silva

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Page 1: Casos de estupro aumentam no Maranhão: foram …...Alanna é apenas uma das centenas de vítimas que sofrem um dos crimes mais he-diondos: o estupro. Segundo o Fórum Brasi-leiro

Casos de estupro aumentam no Maranhão: foram 1.119 registros apenas em 2017

Em oito anos o aumento é de 42%. Segundo especialistas, o número pode ser ainda maior porque o crime é um dos que tem maior índice de subnotificações.

Cultura do Estupro

O caso Alanna Ludmila chocou o Brasil em 2017. A tragédia que aconteceu no município de Paço

do Lumiar, região metropolitana de São Luís, comoveu muita gente. Alanna tinha apenas 10 anos quando o seu padrasto, casado com a mãe da menina há cerca de cinco anos, a estuprou, matou e enterrou o corpo no quintal de casa. Robert Serejo estava separado de Jaciana há dois meses e pretendia se vingar da ex-mulher. Um ano após o crime, Jaciana ainda ten-ta superar o acontecido. Atualmente, é pro-fessora em uma escola comunitária e mora com seu filho de quatro anos. “Meu filho não perdeu uma pessoa; ele perdeu duas pesso-as importantes na vida dele. Ele tem acom-panhamento psicológico. Ele pergunta sobre Alanna direto. Eu falei que ela virou uma es-trelinha lá no céu. Ele respondeu que também quer virar uma estrelinha para brincar com a irmã. Sobre o pai, ele pensa que está viajando a trabalho”, afirma Jaciana. Robert Serejo está preso desde novem-bro de 2017, quando tentou fugir em uma van para o interior do estado. Ele será levado a júri popular pela 3ª Vara de Paço do Lumiar, e será julgado por feminicídio, estupro de vulne-

rável e ocultação de cadáver contra a entea-da. O julgamento deve acontecer no primeiro semestre de 2019.

Alanna é apenas uma das centenas de vítimas que sofrem um dos crimes mais he-diondos: o estupro. Segundo o Fórum Brasi-leiro de Segurança Pública, a cada 11 minutos

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uma mulher é violen-tada sexualmente no Brasil. No Maranhão, em 2017 foram regis-trados 250 casos do crime. Em São Luís, depois de fazer a de-núncia, a vítima pode pedir medida protetiva de urgência contra o agressor para ser afas-tada imediatamente dele. Kazumi Tanaka, coordenadora das Delegacias da Mulher

De acordo com o Código Penal bra-sileiro, a sentença por estupro dura de 06 a 10 anos. Em São Luís, um presídio especial foi inaugurado em 2016 no bairro do Olho D’ água, para receber detentos desse tipo de delito. Segundo o secretário de Administração Penitenciária, Murilo Andrade, a lógica de se

Alanna Ludmila, 10 anos, vítima de abuso sexual e feminicídio. Foto: Reprodução/O Imparcial

“Os crimes de estupro ge-ralmente não

têm testemunhas que presenciaram a agres-

são”

do Estado do Maranhão, destaca os procedi-mentos quando é denunciado um crime des-se: “Os crimes de estupro geralmente não têm testemunhas que presenciaram a agressão, é nessa condição que a palavra da vítima tem um grande valor”.

Foto: Janilson Silva

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separar as pessoas que cometem crimes de estupro é dar a eles segurança no sistema, já que são discriminados dentro do complexo penitenciário de Pedrinhas. “A rotina é basica-mente igual a dos outros presos, eles ficam na cela, cerca de 22 horas por dia e duas horas em banho de sol, caso eles tenham atividades como cursos de qualificação e capacitação. Os detentos ainda desenvolvem atividades na padaria do presídio e outros exercícios corre-latos como artesanato, costura e serigrafia”.

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Importunação sexual:a Lei que pune o assédio entra em vigor no Brasil A importunação sexual é o ato libidinoso na presença de alguém sem o consentimento. A Lei 13.718/18 passou a valer no dia 24 de setembro deste ano. Desde então 10 casos já foram registrados em São Luís, de acordo com dados da Casa da Mulher Brasileira na capital maranhense. Segundo a advogada Manuela Feitosa, a maioria dos casos ocorre em transportes co-letivos. “Esses crimes agora são tipificados no Código Penal. Antes da legislação entrar em vigor, estava num rol apenas de contraven-ções penais”, esclareceu a advogada. Antes da nova lei crimes de importunação sexual eram enquadradas na lei de contraven-ções penais, de 1940, que previa a importuna-ção ofensiva ao pudor e foi revogada agora. A punição estabelecida era a assinatura de um termo circunstanciado (que contém o resumo dos fatos) e o pagamento de multa. Agora com a nova legislação as punições previstas para crimes de importunação sexual seguem de 1 a 5 anos de prisão. Um dos casos em flagrante de importuna-ção aconteceu no último dia 31 de outubro no Terminal de Integração do São Cristóvão, em São Luís. José Ricardo Fonseca Carvalho, 49 anos, foi preso suspeito de cometer esse tipo de crime contra uma adolescente de 14 anos. José Ricardo foi conduzido para a Delega-cia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), e deve responder pelo crime de im-portunação sexual.

O que mudou nos casos de estupro? A pena para crime de estupro é de 6 a 10 anos de prisão. Com a nova lei, a pena aumenta de um a dois terços se o crime for cometido por duas ou mais pessoas (estupro

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Denúncias

Vítimas de importunação sexual ou estupro podem realizar denúncias na Casa da Mulher Brasileira, localizada na Avenida Professor Carlos Cunha, Nº572, no bairro Jaracati, em São Luís. Além dis-so, pode acionar a Polícia Militar pelo número 190.

Sociedade e a cultura do estupro “Existe um mito de quem é o agressor, normalmente pensam que é um monstro, que não é homem, está sempre associado a ideia de monstruosidade. Colocamos o estuprador numa não humanidade”, conta a socióloga Ananda Marques. A sociedade tende a abo-minar o estupro, até mesmo os próprios cri-minosos consideram os estupradores seres humanos da pior espécie. Para eles pior do que a punição da lei, é a justiça paralela feita pelos outros presos.

O crime de estupro também pode ser vis-to em outro dado histórico como o vivido em guerras, soldados alemães violentavam mu-lheres russas. Na época foram relatados vá-rios casos, mas todos foram silenciados. Ainda que a prática vitimize homens e mulheres, historicamente as mulheres são as mais atingidas. A permanência deste padrão é conhecida pelo que chamamos de cultura do estupro.

Atualmente na Unidade Presidial de Res-socialização (UPR), existem 275 internos dis-tribuídos na UPR do Anil e do Olho D’água. Desses, 259 detentos respondem por crime de estupro, o que corresponde a 94% da população carcerária. “Inicialmente foi criada essa unidade do Olho D’água para trazer se-gurança aos encarcerados, uma vez que eles são discriminados dentro do sistema em que estão inseridos. Diante da quantidade de indi-víduos, os presos são distribuídos também no bairro do Anil”, explicou o Secretário de Segu-rança Penitenciária, Murilo Andrade.

A ressocialização

O sistema prisional faz ações com os detentos para que após o cumprimento da sentença eles retornem a sociedade. As ações de ressocialização envolvem os cursos de capacitação, atividades na padaria dentro do presídio, salas de aula, hortas suspensas e malharia. As atividades ocorrem de segunda a sex-ta-feira nos turnos matutino e vespertino, sen-do dividido em turmas de 20 alunos. “Os de-tentos possuem atividades durante todo o dia, como o trabalho na serigrafia, costura, além de cursos de capacitação profissional em par-ceria com o SESI, SENAC e IEMA, para que os presos possam estar aptos para serem re-colocados à sociedade”, concluiu Murilo. Em 2016, seis alunos da UPR do Olho D’água conseguiram sua aprovação do Ensi-no Médio através do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), alcançando a meta mínima de 450 pontos. O método de ensino empre-gado segue a rotina convencional com trans-missão de conteúdo e distribuição de livros didáticos. No mesmo ano, o Governo do Ma-ranhão entregou a segunda malharia do siste-ma prisional, com mais de 40 novas vagas. A malharia tem sete novas máquinas de corte, costura e uma para bordar. Segundo a Secretaria de Estado da Ad-ministração Penitenciária (SEAP), os detentos confeccionam seu próprio fardamento, com produção diária de 80 peças. A UPR do Olho D’água ganhou ainda em 2016, a 2° edição do prêmio Gestão por Resultados do Sistema Prisional (Gespri).

coletivo) ou se tiver o objetivo de controlar o comportamento sexual ou social da vítima. Se o criminoso for parente, cônjuge ou compa-nheiro, empregador, tutor ou tiver posição de autoridade sobre a vítima, a pena é aumenta-da pela metade.

O estupro não é um crime da atualidade e vem de uma sociedade patriarcal, em que

Acesse o QR Code e ouça o podcast da entrevista com o Secretário de Estado da Admi-nistração Penitenciária Murilo Andrade.

A violência contra mulher é concretada por dados reais e números assustadores que são publicados por organizações que cuidam sobre o assunto. Ações como duvidar da vítima, objetificar o corpo da mulher, relativizar por conta do pas-sado da pessoa que sofre o crime é cultura do estupro, já que tiram a responsabilidade do estuprador e reflete sobre a vítima.

o homem tem posse sobre a mulher. “Exis-tem mulheres que passaram toda uma vida sofrendo estupro conjugal, que é quando a mulher não quer e o homem, por ser marido, entende que tem direito daquele corpo”, expli-cou Ananda.

Não é culpa

minha

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Cincos dos seis detentos que foram aprovados no ENEM 2016 em sala de aula.Foto: Reprodução/Assessoria da UPR

Curso de Padaria da UPR do Olho D’àguaFoto: Reprodução/Assessoria da UPR

Interno da UPR do Olho D’água exibe com orgulho sua certificação do ensino médio.Foto: Reprodução/Assessoria da UPR.

Curso de Padaria da UPR do Olho D’àguaFoto: Reprodução/Assessoria da UPR

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Psicóloga explica como funciona a mente de um estuprador

O que motiva umestuprador? O estupro tem a ver com poder, o estu-prador geralmente quer adquirir poder sobre outro indivíduo. As motivações são as mais variadas como por exemplo, a pedofilia que é um motivo muito comum em relação aos casos de estupro e na perspectiva do adul-to que estupra outro adulto se têm variadas motivações como a vingança, a imposição da vontade de um indivíduo sobre o outro, o ato pervertido em si, alguns estupradores não conseguem ter uma ereção em um uma re-lação casual, alguns não se sentem capazes de conquistar uma mulher, por isso forçam a situação.

Quais são as características do perfil de uma pessoa que co-mete estupro?

Geralmente o estuprador tem baixa auto-estima, se ele não tivesse baixa autoestima ele não se sentiria não confiante a ponto de conseguir aquilo de maneira voluntária, tem ainda as ações que estão relacionadas à ne-cessidade no sentido sexual, que não está sendo saciada pelo que seria comum e habi-tual de ter, muitos estupradores estão ligados aquele perfil de o macho tem que ter aquilo que ele quer e ele vai conseguir isso de qual-quer forma, mesmo que seja através da vio-lência. Se eu fosse elencar algo geral sobre o perfil de um estuprador, ele seria aquele que não entende o limite daquilo que ele quer e daquilo que o outro não quer, ele vai ser uma pessoa que não vai respeitar esse limite.

A forma como uma pessoa é educada em um ambiente familiar determina que uma pessoa seja um estuprador? Só a questão da educação não é o úni-co determinante, temos uma pré-disposição, uma pessoa que passou por uma experiência nesse sentido e acaba se comunicando sexu-almente dessa forma, essa pessoa acha que isso é um único meio de ter relações sexuais.

O estupro tem alguma relação com a cultura do machismo?

Tem diretamente porque o perfil do ma-chismo é aquele que o homem é mais pode-roso, ele é o forte, ele tem o que ele quer, basta ele querer, ele é um impositivo, ele é um agressivo. Então se a gente tem todas essas coisas como perfil, isso do machismo, não ne-cessariamente do macho, porque o macho é a representação de macho real, no machismo o homem acredita que ele vai conseguir tudo que ele quer, da forma como ele deseja, no momento que ele quiser, então o outro tem que se submeter a ele, e aquele que não se submete a ele é forçado a se submeter, impo-sitivamente.

Se você recebesse um paciente que diz ter tendência a praticar abusos sexuais, comolidaria nesse caso? Eu teria que verificar se é uma pessoa que está tentando controlar isso, ou seja ele nunca praticou abusos sexuais, mas ele percebe que ele tem um instinto, vontade ou curiosidade. Isso está ligado no perfil de perversões sexu-ais, ou seja, isso está dentro dessas perver-

O estuprador possui algum tipo de transtorno cientificamente comprovado?

Temos pesquisas relacionadas a fazer exames neurológicos físicos do cérebro das pessoas que são estupradores recorrentes. Assim como sociopatas, têm mudanças nas características cerebrais, não está ligado ne-cessariamente a formação neurológica com a ação, mas se tem a recorrência em certos casos que isso acontece com frequência, têm as questões neurológicas, químicas, sociais e dessa forma se tem como dizer que dentro das características, é uma doença.

sões, mas a pessoa nunca cometeu ou se isso está dentro das minhas perver-sões e a pessoa já cometeu e a pessoa está tentando con-trolar a vontade. Se eu recebo alguém nesse caso, eu pre-ciso perceber se ele

Evelyn Lindholm, PsicólogaFoto: Janilson Silva

Acesse o QR Code e assista o vídeo da entrevista com a Psi-cóloga Evelyn Lindholm.

é um risco a alguém ou pra ele mesmo, nes-se caso, se ele for um perigo para alguém eu preciso fazer a denúncia. Se eu tenho alguém que antes de cometer um ato como esse, ele quer se tratar, vamos levar em consideração que não existe tratamento para cura, existe controle comportamental, ele não vai deixar de desejar, querer, pensar, fantasiar, não im-porta a terapia que eu faça com ele, isso não vai acontecer, agora o que pode acontecer é eu trabalhar as questões de empatia, controle comportamental, trabalhar de que forma ele passa a ver o outro, limites do outro, a per-cepção social, a percepção criminal da ação e fazer com que ele tenha todos esses parâ-metros para ajudá-lo no controle. Existe um controle clínico, que é a inibição da testostero-na, que pode ser indicado pelo psiquiatra, eu como psicóloga posso direcionar para que ele procure um profissional desses. Com o nível de testosterona baixo se tem menos libido, ou seja, menos vontade sexual, vale lembrar que o estupro não está relacionado só a desejos sexuais, mas sim relação de poder. Muitos homens não têm ereção, mas mesmo assim estupram, através de objetos e outros tantos mecanismos que são possíveis de agredir, es-tuprar e violentar alguém.