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Caso clínico: Glomerulonefrite Difusa Aguda Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Apresentação: Camilla Miranda Carla Silva Coordenação: Ana Lúcia 03/04/2013

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Page 1: Caso clínico: Glomerulonefrite Difusa Aguda Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Apresentação: Camilla Miranda Carla Silva Coordenação: Ana Lúcia 03/04/2013

Caso clínico: Glomerulonefrite Difusa

Aguda

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)Apresentação: Camilla Miranda

Carla SilvaCoordenação: Ana Lúcia

03/04/2013

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GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA

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Processo inflamatório agudo, de origem imunológica que acomete todos os glomérulos de ambos os rins, consequente a um microorganismo

CONCEITO

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GNDAs INFECCIOSASPós-estreptocócicaNão pós-estreptocócica

Bacterianas: Endocardite, abscesso, doença pneumocócica, sepse.

Virais: Hepatite B, Hepatite C, Mononucleose infecciosa, Sarampo, Caxumba, Varicela.

Parasitárias:Malária,Toxoplasmose, Esquistossomose

ETIOLOGIA

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GNDAs NÃO-INFECCIOSAS

Doenças renais primárias: Doença de Berger, GN membranoproliferativa, GN por imunocomplexos idiopática, GN pauci-imune, GN anti-MBG, GN fibrilar-imunotactóide.

Doenças multissistêmicas: LES, Púrpura de Henoch-Schölein, PAN microscópica, Granulomatose de Wegener, Crioglobulinemia Mista Essencial, Doença de Goodpasture

ETIOLOGIA

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GNDA PÓS-ESTREPTOCÓCICA

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A GNPE é a principal causa de GNDA .

É caracterizada pelo acometimento renal após infecções (faringoamigdalites ou piodermites) causadas por cepas nefritogênicas de estreptococos beta-hemolíticos do grupo A de Lancefield (Streptococcus pyogenes).

CONCEITO E ETIOLOGIA

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Rara antes dos 2 anos de idade.Acomete mais meninos do que meninas ( 2:1 ).Na faixa pré-escolar ( 2-6 anos ) é mais

comum após piodermites.Na faixa escolar e adolescência ( 6-15 anos ) é

mais freqüente após faringoamigdalites.A freqüência da doença tem diminuído nas

últimas décadas

EPIDEMIOLOGIA

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FISIOPATOLOGIA

Estreptococcia Ligação de antígenos no tecido glomerular renal deposição de imunocomplexos e ativação do complemento processo inflamatório agudo diminuição da filtração glomerular oligúria retenção de Na+ e água edema + hipertensão arterial + congestão .

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A lesão do glomérulo, decorrente do processo inflamatório, leva à proteinúria + cilindrúria + hematúria.

FISIOPATOLOGIA

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Anatomia Renal

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CLÍNICA

Quadro clássico: Edema Hematúria macro ou microscópica Hipertensão arterial Oligúria Proteinúria leve

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CLÍNICA

Pode ainda apresentar: Mal-estar Anorexia Febre Dor abdominal Fraqueza

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DIAGNÓSTICO

Urinálise: Hematúria macro ou microscópica (dismorfismo

eritrocitário) Proteinúria leve (<3,5g/24h) Leucocitúria estéril Cilindros hemáticos e leucocitários

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DIAGNÓSTICO

Complemento sérico: Diminuição das concentrações séricas de CH50 e C3 C4 normal ou baixo

VR C3=85 a 185 mg/dl. C4= 20 a 58 mg/dl. CH50 = 65 a 145 U/ml

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DIAGNÓSTICO

Anticorpo anti-estreptocócico: Antiestreptolisina O (ASLO) Antidesoxirribonuclease B Anti-hialurinidase

Uréia e creatinina séricos: normais ou elevados

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DIAGNÓSTICO

Na/K: Hiponatremia dilucional K normal

Hemograma: anemia dilucional

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Outras glomerulonefrites pós-infecciosas: endocardite bacteriana

Glomerulonefrite membranoproliferativa: suspeitada quando há proteinúria nefrótica ou complemento baixo por mais de 8 semanas

Glomerulonefrite rapidamente progressiva: pode ser de inicio abrupto ou subagudo, tomando em seguida um curso acelerado. A oligúria é marcante podendo evoluir para anúria.

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TRATAMENTO

Repouso relativo Restrição hídrica (20 ml/kg) e sódica (1-2g/dia) Avaliação diária (peso, edema, PA, diurese 24h) Antibioticoterapia profilática:

- penicilina benzatina IM 600.000 UI para <25kg e 1.200.000 UI para >25kg por 10 dias

- eritromicina 30-50 mg/kg/dia por 10 dias

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COMPLICAÇÕES

Congestão circulatória (dispnéia, taquicardia, derrame pleural)

Encefalopatia hipertensiva (cefaléia, sonolência, crises convulsivas)

IRA (oligúria acentuada, hipercalemia, uremia)

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COMPLICAÇÕES

Congestão circulatória Decúbito elevado Restrição hidrosssalina O2 Diurético (furosemida 1-4 mg/kg/dia) Digitálicos ou diálise

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COMPLICAÇÕES

Encefalopatia hipertensiva: Restrição hidrossalina Diurético Hipotensores (nifedipino SL 0,25 mg/kg) Anticonvulsivantes

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COMPLICAÇÕES

Emergência hipertensiva:- nitroprussiato de sódio: 0,3-0,8 mg/kg/min EV- nifedipino: 0,25-0,5 mg/kg SL manutenção: 0,5-1 mg/kg/dia VO- hidralazina: 0,25-0,5 mg/kg EV

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COMPLICAÇÕES

IRA: Restrição hidrossalina Diuréticos Restrição protéica Restrição de K Resinas de troca VO ou VR 1g/kg (Sorcal® ou

Kayscelate®) Diálise

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EVOLUÇÃO

Resolução do edema e oligúria em 7-14 dias Normalização da PA em 2-3 dias Melhora da macrohematúria em 1-2 semanas Normalização dos niveis de complemento em 2-3

semanas Apresenta ao EAS proteinúria leve até 6 meses Persiste microhematúria até 1-2 anos

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BIÓPSIA RENAL

HAS >4 semanas Macrohematúria > 4 semanas Microhematúria > 1-2 anos Complemento baixo >8 semanas Oligoanúria > 48-72h

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CASO CLÍNICO

Data da história clínica : 18/03/13.

ID: RWAF, 8 anos, pardo, sexo masculino, natural de Coroatá –MA, residente em Peritoró – MA.

QP: “Febre e doença renal”

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CASO CLÍNICO

HDA:Há 45 dias apresentou lesões exantemáticas

pruriginosas em MMSS e MMII e fez uso de Bactrim e Amoxicilina sem melhora. Após 20 dias apresentou EDEMA em face, pescoço e membros; URINA ESCURA e CEFALEIA, foi internado em Peritoró e evoluiu com ANASARCA, HEMATÚRIA e HIPERTENSÃO.

Paciente transferido para São Luís em intubação orotraqueal (IOT), com parada cardíaca e reanimação cardiopulmonar durante o deslocamento (sic).

Internado no Hospital Infantil na UTI por Insuficiência Renal Aguda (IRA), permaneceu em IOT por 15 dias e realizou 4 sessões de diálise peritoneal.

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Após melhora, o paciente foi transferido para a enfermaria e apresentou FEBRE persistente mesmo em uso de antibióticos (meropenem e teicoplamida), VÔMITO diário, FEZES DIARRÉICAS por 1 dia. Nega tosse ou dor abdominal.

Foi encaminhado para o HUMI para tratamento especializado.

CASO CLÍNICO

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CASO CLÍNICO

Exame FísicoConsciente , orientado, hipocorado (++/4), hidratado,

acianótico e anictérico.Aparelho Respiratório = MV presente, ruídos

adventícios ausentes, som claro pulmonar à percussão.

Aparelho Cardiovascular = RCR em 2T BNF s/ sopros.Abdome: globoso, flácido, com cicatriz do cateter e

sem visceromegalias. Membros: MMII com cicatrizes das lesões

exantemáticas.

PA: ?? Fc: ?? Fr: ?? Febre ?? Edema ?? Cefaleia ??

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CASO CLÍNICO

Data 20/03/13Hematócrito 24,1%Hemoglobina 8,3 g/dLLeucócitos 5600Plaquetas 144.000

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CASO CLÍNICO

Data 20/03/13Uréia 44

Creatinina 0,5

Na 133

K 4,7

Albumina 3,6

Ácido Úrico 8,1

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CASO CLÍNICO

Exames complementares EAS

Proteinúria em 24 horas, hematúria, cilindrúria,oligúria.

Exames imunológicosComplemento.ASLO, Anti-DNAse B e Anti-hialuronidase.

BIÓPSIA RENAL ?

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Ausência de evidências de infecção estreptocócica.Desenvolvimento de insuficiência renal aguda ou síndrome nefrótica.Oligúria por mais de uma semana.Hipocomplementenemia que ultrapassa 8 semanasAusência de hipocomplementenemia.Doença sistêmica.Persistência de hematúria ou proteinúria acentuada.

INDICAÇÕES DE BIÓPSIA RENAL

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Evolução

Fez uso de espironolactona nos dias 18 e 19/03/13; de furosemida do dia 18 ao dia 20/03/13; e de anlodipino, captopril e minodixil do dia 18 ao dia 21/03/13.

Evoluiu com dor epigástrica em barra após a alimentação para a qual foi receitado um protetor gástrico.

Até a data do recolhimento dos dados, paciente teve 1 episódio de dor abdominal e 1 episódio de vômito, que melhorou com uso de dimeticona.

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BIBLIOGRAFIA

Nelson Tratado de Pediatria. Kligman, Behrman, Jenson, Stanton. 18ª Edição.

Tratado de Padiatria da Sociedade Brasileira de Pediatria. Fábio Ancona Lopez e Dioclécio Campos Júnior. 2ª Edição.

Pediatria Consulta Rápida. Paula Xavier Picon, Paulo José Cauduro Marostica, Elvino Barros e cols. 2010.