caso 12 e 20

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  • 7/26/2019 Caso 12 e 20

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    Caso 20

    Em aco executiva proposta por Rita contra Sofia, com base num requerimento de

    injuno, ao qual foi aposta frmula executria, Sofia ope-se execuo com base nos

    seguintes fundamentos:

    (i) No fora notificada em sede de processo de injuno

    (ii) A dvida em causa encontrava-se prescrita j antes da aposio de frmula

    executria no requerimento de injuno

    1. Pronuncie-se desenvolvidamente sobre a defesa de Sofia

    Estamos perante um ttulo judicial imprprio. So ttulos cuja fora executiva resulta de

    disposio especial da lei que se formam no decurso de um processo. Tm na sua base, o

    artigo 713./1 d). Neste caso, est em causa um processo de injuno regulado pelo DL

    269/98 de 1 de Setembro e o DL 32/2003 de 17 de Fevereiro. Assim, o titular de um direito de

    crdito pecunirio, decorrente de contrato, cujo valor no exceda a alada do Tribunal de 1

    instncia, ou que constitua remunerao estabelecida em contrato de fornecimento de

    mercadoria ou prestao de servios, celebrado entre empresas ou empresas e entidades

    pblicas, pode requerer, na secretaria do Tribunal do lugar do cumprimento da obrigao ou

    do domicilio do devedor, a injuno deste para o cumprimento da obrigao. Desta forma, a

    injuno um procedimento que permite a um credor de um dvida ter um documento que lhe

    possibilita recorrer a um processo judicial de execuo para recuperar junto do devedor o

    montante que este lhe deve. Nos termos do artigo 11., entregue o requerimento, a secretaria

    recusa ou receber. Em caso de recebimento, deve proceder notificao do requerido em 5

    dias, para, no prazo de 15 dias, pagar ao credor ou deduzir oposio injuno. Se se opuser,

    tal como se a notificao se frustrar, seguem-se os termos do processo especial de aco

    declarativa criado pelo mesmo diploma. A notificao realiza-se por carta registada com aviso

    de recepo. Sendo esta via frustrada, passa-se notificao por via postal simples (art. 12./

    1 e 4 DL 269/98)

    No est em causa uma citao, pois no estamos perante uma aco judicial. A

    citao o acto pelo qual se d a conhecer ao ru que contra ele foi instaurada uma aco e

    que dispe de um prazo peremptrio para contestar. Em vez de citao, no requerimento de

    injuno temos a figura da notificao. No lugar de uma sentena condenatria, existe aaposio da frmula executria. Dispe o artigo 2. do DDL 269/98 que a notificao segue o

    regime da citao.

    Se o requerido proceder ao pagamento da dvida e das custas, extingue-se o processo. Se o

    requerido no deduzir oposio, o secretrio judicial, sem que o processo seja concluso ao

    juiz, escrever no requerimento de injuno que este documento tem fora executiva, a

    menos que no se verifiquem os requisitos do processo de injuno, nos termos do artigo 14.

    n 1 e 3 do regime anexo. O credor passa a ter ento, um ttulo judicial imprprio.

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    O requerente passa a poder propor, no competente juzo cvel, aco executiva com base no

    ttulo executivo assim formado pelo requerimento de injuno a que aposta a formula

    executria.

    A taxatividade dos fundamento de oposio execuo baseada em sentena, estendem-se

    oposio execuo fundada em requerimento de injuno quando lhe tenha sido aposta afrmula executria, com as particularidades que o 857. CPC dispe. Discute-se na doutrina

    se da equiparao do requerimento de injuno sentena, resulta o principio da precluso

    dos factos no supervenientes. No plano legislativo concreto, as garantias processuais

    apresentam-se formalmente aligeiradas no procedimento de injuno portugus, o prprio

    regime da notificao imprime uma maior celeridade no procedimento. No se pode

    considerar a introduo de um efeito preclusivo dos meios de defesa na sequncia de uma

    notificao que no assegura, suficientemente, a respectiva cognoscibilidade pelo requerido,

    nem alude a esse efeito preclusivo: esta soluo levaria a uma restrio dos direitos de defesa.

    No caso concreto, Sofia alega no ter sido notificada em sede de processo de injuno. Cabe

    analisar esta situao.

    Se Sofia no foi efectivamente notificada, estamos perante a situao prevista no artigo 729./

    1 d), ou seja, perante um vicio formal, aplicvel ao requerimento de injuno ao qual tenha

    sido aposta frmula executria por fora do 751./1 do CPC.

    Para este efeito, equipara-se a falta de citao em sede de aco declarativa falta de citao

    em sede de procedimento de injuno.

    A falta de citao constitui uma violao do principio do contraditrio, prejudicando a defesa.

    A falta de citao est prevista no artigo 188. do CPC gerando nulidade, no s do prprio

    acto, mas de tudo o que depois dele se tiver processado aps o requerimento de injuno. A

    excepo encontra-se no 188./e) em que o ru tem de alegar e provar que, sem culpa sua, a

    citao no chegou ao seu conhecimento. A falta de citao deve ser conhecida oficiosamente

    pelo juiz nos termos do 196. CPC.

    Poder-se-ia equacionar o facto de se estar perante um justo impedimento

    Quando o requerido notificado em sede de processo de injuno, este tem 15 dias para

    proceder ao pagamento ou deduzir a oposio, e, no o fazendo, aposta a frmulaexecutria. Na situao de justo impedimento no procedimento de injuno, a lei remete, no

    essencial, para a regra geral constante do 140.. assim, a alegao de meios de defesa no

    supervenientes em oposio execuo pressupe, antes de mais, a verificao de um evento

    no imputvel parte que impea a prtica atempada do acto (140./1) numa situao de justo

    impedimento, determina que o executado possa alegar quaisquer meios de defesa que pudesse

    de deduzir no processo declarativo (731. ex vi 857./2 CPC) trata-se de facultar parte a

    possibilidade de exercer o contraditrio com a qual no contou no procedimento de injuno,

    em virtude do justo impedimento. Neste caso imaginemos que Sofia no tinha tido

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    conhecimento da notificao, por facto a esta no imputvel, podia agora vir invocar

    quaisquer meios de defesa que pudesse ter deduzido no procedimento de injuno.

    O segundo fundamento invocado por Sofia a prescrio antes da aposio de frmula

    executria. A prescrio um facto extintivo das obrigaes e encontra-se previsto no artigo729./1 g) aplicvel ao requerimento de injuno por fora do artigo 857. ainda importante

    que ter em conta que a alnea g) autonomiza a prescrio face aos diversos modos de extino

    ou modificao das obrigaes, no exigindo para esta, a prova documental. Para o professor

    Lebre de Freitas, a excepo funda-se na natureza do facto que conduz prescrio, que no

    se prova, normalmente, por documento.

    Decorre do artigo 303. CC que a o Tribunal no pode arguir, de oficio, a prescrio. Ela tem

    de ser invocada por aquele a quem aproveita. O artigo 304. dispe ainda que a prescrio d

    ao beneficirio a faculdade de recusar o cumprimento da prestao, ou de se opor ao exerccio

    do direito prescrito. A prescrio constitui um facto extintivo das obrigaes. Consubstanciam

    aquilo que na jurisprudncia se entende como inexistncia de obrigao. Os factos

    extintivos podem ser comuns como a anulabilidade por incapacidade do devedor, ou

    especficos, como o caso da prescrio da divida por decurso do prazo ordinrio. O

    professor Lebre de Freitas entende que a prescrio no tem efeito extintivo do crdito ou do

    direito real, mas sim um efeito preclusivo. O artigo 857./1 refere que apenas podem ser

    alegados os fundamentos de embargos previstos no artigo 729., com as devidas adaptaes,

    em prejuzo do disposto nos nmeros seguintes. A reforma de 2013 veio alargar a

    possibilidade de deduo de oposio, em tais casos, em situaes de justo impedimento ou

    em que se debatam questes ou excepes dilatrias de conhecimento oficioso. Esta norma,

    veio dispor, no mbito do processo sumrio, que alm dos fundamentos de oposio

    execuo baseada em sentena, a oposio deduzida execuo baseada em requerimento de

    injuno apenas poder comportar os outros fundamentos previstos nos 2 e 3, ou seja, tal

    oposio poder sempre basear-se em qualquer questo que, sendo de conhecimento oficioso,

    pudesse determinar a improcedncia, total ou parcial, do requerimento de injuno ou na

    ocorrncia evidente, no procedimento de injuno de excepes dilatrias de conhecimento

    oficioso.

    Mas, alm desses fundamentos, tal oposio poder ainda radicar em qualquer outra

    questo que pudesse ser invocada no processo de declarao desde que se verifique

    justo impedimento deduo de oposio no procedimento de injuno e desde que

    tal impedimento seja tempestivamente declarado nos termos ali previstos.

    (Seguindo a posio do professor regente se que andou bem a reforma de 2013 no que

    dispe ao art. 857, defendendo a sua constitucionalidade, o professor refere que a

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    nova e definitiva declarao de inconstitucionalidade por parte do tribunal

    constitucional conduz o sistema de injuno portugus e dos ttulos executivo

    extrajudiciais a um beco, para alm de que o tribunal parte de postulados ao qual no

    adere, at porque no plano terico a presena de uma preclusivo associada a um onusde exerccio do direito de defesa em tempo implica uma equiparao sentena, para

    efeitos de embargos execuo.)

    Pelo que importa, analisar os nmeros seguintes do art. para determinar se podemos

    enquadrar a prescrio como algum dos fundamentos previstos

    2. A sua resposta seria diferente se Sofia tivesse sido regularmente notificada em

    sede de injuno?

    Sofia invoca, alm da falta de notificao, a prescrio da obrigao antes da aposio da

    frmula executria. Esta, tal como j foi dito anteriormente, verifica-se nas situao em que o

    devedor, sendo notificado, no procede ao pagamento das custas e no deduz, tambm,

    oposio em sede de procedimento de injuno.

    No dito, no caso, os termos exacto em que a dvida prescreveu, pelo que se deve ter em

    conta duas situaes.

    Assim, cabe, antes de mais, ter em conta se a prescrio pode ou no ser um fundamento de

    oposio execuo

    A prescrio interrompe-se, pela citao ou notificao judicial de qualquer acto que exprima,

    directa ou indirectamente, a inteno de exercer o direito, independentemente do processo a

    que o acto pertena e mesmo que o Tribunal seja incompetente. O n4 deste artigo equipara

    citao ou notificao, qualquer acto judicial atravs do qual se d conhecimento do acto

    quele contra quem o direito pode ser exercido.Desta forma, ou se considera que a dvida prescreve pouco antes da aposio da frmula

    executria, e ainda que haja notificao e a interrupo da prescrio seria irrelevante, porque

    a divida j estava prescrita, ou se considera que a prescrio ocorre mesmo antes da aposio

    de frmula executria e portanto, com a notificao, havia interrupo do prazo e

    consequentemente no haveria prescrio, produzindo-se os efeitos do 323./1 CC.

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    Caso 12

    1. ttulo executivo por fora do artigo 703./ b), assim sendo, h exequibilidade

    extrnseca. Quando exequibilidade intrnseca, a obrigao certa e liquida, oproblema coloca-se na exigibilidade da obrigao exequenda, na medida em que este

    contrato de garantia autnoma no vem acompanhado de clusula de garantia on first

    demand. fundamento de oposio execuo, nos termos do artigo 729. alnea a)

    ex vi artigo 731.

    2. ttulo executivo nos termos do artigo 703./b). H exequibilidade extrnseca.

    Quanto exequibilidade intrnseca, a obrigao certa, liquida e exigvel.

    3. DL 268/94 a acta da assembleia de condminos ttulo executivo

    4. ttulo executivo nos termos do artigo 703. alnea b)

    5. H ttulo executivo nos termos do artigo 703./b, logo h exequibilidade extrnseca.

    No que toca exequibilidade intrnseca, h falta de liquidez (716.)

    6. Cabe desde j averiguar se uma das condies das quais depende a exequibilidade do

    direito prestao esto verificados, que o requisito da exequibilidade intrnseca. A

    exequibilidade extrnseca consiste na necessidade de o deve de prestar ter de estar

    contido num ttulo executivo, de modo a conferir um grau de certeza que o sistema

    tem como suficiente para a admissibilidade do ttulo executivo. Nos termos do 703./

    1 c) CPC, constituem ttulos executivos os ttulos de crdito, ainda que meros

    quirgrafos, desde que os factos constitutivos da relao subjacente constem doprprio documento ou sejam alegados no requerimento executivo, o que nos leva a

    inseri-la nesta alnea. A letra em branco consiste num documento que, no contendo

    todas as menes obrigatrias essenciais, (art. 1 da LULL) possui j assinatura de,

    pelo menos, um dos signatrios cambirios, acompanhado de um acordo Express ou

    tcito futuro das menes em falta e sendo que tem de respeitar 3 requisitos da

    LULL. No caso em analise, no tinha sido anexado requerimento executivo o pacto

    de preenchimento da letra. Ainda assim, a mesma foi preenchida antes da propositura

    da aco executiva, pelo que tnhamos um ttulo executivo e como se presumiu que

    no falhavam os requisitos da exequibilidade intrnseca, h ttulo executivo

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    7. Nos termos do art. 15./1 alnea d) do NRAU. S vale como ttulo executivo se

    houver comunicao ao arrendatrio do montante da divida.

    8. ttulo executivo, nos termos do artigo 703./b. No que toca exequibilidadeintrnseca, falta o pressuposto da exigibilidade (713.) estamos perante uma

    prestao futura strictu sensu, sendo que resta saber se no caso o exequente tem em

    seu poder um ttulo que s por si no constitui a obrigao exequenda, sendo esta,

    por isso, futura ou um ttulo que j se constituiu ou reconheceu uma obrigao por

    isso actual mas no vencida. (ver distino 707. e 715.) no entender do professor

    Rui Pinto o contrato de empreitada um contrato de execuo continuada cujas

    obrigaes pecunirias se constituem na data do contrato, mas que se vencem com a

    realizao da prvia entrega da coisa. Ou seja, estamos perante obrigaes j

    constitudas mas ainda no vencidas, sujeitas a uma condio. Uma vez que a

    obrigao ainda no exigvel em face do ttulo, cabe fazer a sua prova no caso. Esta

    entrega deve ser demonstrada nos termos do 715. este artigo trata da condio

    material, isto , da exigibilidade da obrigao. Assim sendo, podia o empreiteiro

    exigir o pagamento antecipado desde que provasse, no requerimento executivo, que

    j tinha entregue a prova. Esta prova no necessita de ser feita por documento 715./2

    apenas se exige caso no seja