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_______________________________________________________________ Anais do 6 o Seminário de Pesquisas em Lingüística Aplicada (SePLA), Taubaté, 2010. ISSN: 1982-8071, CD-Rom. 29 O CONTEXTO DE PRODUÇÃO E A RELAÇÃO INTERPESSOAL NA ANÁLISE DE TEXTO E NO ENSINO DE LEITURA Adriana Cintra de Carvalho Pinto 1 UNITAU/ Faculdade Dehoniana RESUMO: Contribuindo com o desenvolvimento de capacidades de linguagem do sujeito para uma leitura mais eficaz de diferentes textos, podemos encontrar diversos modelos de análise textual. Mas, neste trabalho, destacamos dois deles: o do Interacionismo Sociodiscursivo e o da Análise da Conversação, cujos quadros teórico- metodológicos valorizam, além dos níveis de textualidade, o conjunto de representações sobre os elementos do contexto de produção textual, assim como o conjunto de representações sobre as relações interpessoais que se formam entre os interlocutores. De forma específica, com intuito de clarificar o conceito de interação verbal e apontar elementos importantes a serem discutidos durante o ensino de leitura, discutiremos esses dois conjuntos de representações. Palavras-chave: análise textual; contexto de produção textual; relações interpessoais na interação verbal; ensino de leitura. 1. Introdução Para correntes científicas sociointeracionistas que estudam a linguagem, como o Interacionismo Sociodiscursivo, doravante chamado ISD, e a Análise da Conversação, as características composicionais de um texto dependem das propriedades da situação de interação e das atividades gerais que elas comentam, assim como das condições histórico-sociais de sua produção. Dessa forma, “os textos se distribuem em múltiplos gêneros, que são socialmente indexados, isto é, reconhecidos como pertinentes e/ou adaptados a uma determinada situação comunicativa” (BRONCKART, 2008, p.113). Em outras palavras do mesmo autor (1997a/2003), os textos, produtos da atividade humana, veiculariam uma mensagem linguisticamente organizada e se articulariam às necessidades, aos interesses, às condições de funcionamento das formações sociais no seio das quais são produzidos. Assim, para interpretar um texto, o leitor/ouvinte deve, primeiramente, levantar hipóteses sobre o contexto de produção, ao qual, de certo modo, se incluem as representações sobre os tipos de relações interpessoais estabelecidas entre os 1 Doutora em Linguística Aplicada pela PUC/SP; professora do Programa de Pós-graduação em Linguística Aplicada da UNITAU, desenvolvendo estudos vinculados à linha de pesquisa “Ensino e Aprendizagem de Línguas; professora de Língua Portuguesa do Departamento de Comunicação Social da UNITAU e dos cursos de Filosofia e Teologia da Faculdade Dehoniana.

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    Anais do 6o Seminrio de Pesquisas em Lingstica Aplicada (SePLA), Taubat, 2010. ISSN: 1982-8071, CD-Rom.

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    O CONTEXTO DE PRODUO E A RELAO INTERPESSOAL NA ANLISE DE TEXTO E NO ENSINO DE LEITURA

    Adriana Cintra de Carvalho Pinto1 UNITAU/ Faculdade Dehoniana

    RESUMO: Contribuindo com o desenvolvimento de capacidades de linguagem do sujeito para uma leitura mais eficaz de diferentes textos, podemos encontrar diversos modelos de anlise textual. Mas, neste trabalho, destacamos dois deles: o do Interacionismo Sociodiscursivo e o da Anlise da Conversao, cujos quadros terico-metodolgicos valorizam, alm dos nveis de textualidade, o conjunto de representaes sobre os elementos do contexto de produo textual, assim como o conjunto de representaes sobre as relaes interpessoais que se formam entre os interlocutores. De forma especfica, com intuito de clarificar o conceito de interao verbal e apontar elementos importantes a serem discutidos durante o ensino de leitura, discutiremos esses dois conjuntos de representaes.

    Palavras-chave: anlise textual; contexto de produo textual; relaes interpessoais na interao verbal; ensino de leitura.

    1. Introduo

    Para correntes cientficas sociointeracionistas que estudam a linguagem, como o Interacionismo Sociodiscursivo, doravante chamado ISD, e a Anlise da Conversao, as caractersticas composicionais de um texto dependem das propriedades da situao de interao e das atividades gerais que elas comentam, assim como das condies histrico-sociais de sua produo. Dessa forma, os textos se distribuem em mltiplos gneros, que so socialmente indexados, isto , reconhecidos como pertinentes e/ou adaptados a uma determinada situao comunicativa (BRONCKART, 2008, p.113).

    Em outras palavras do mesmo autor (1997a/2003), os textos, produtos da atividade humana, veiculariam uma mensagem linguisticamente organizada e se articulariam s necessidades, aos interesses, s condies de funcionamento das formaes sociais no seio das quais so produzidos. Assim, para interpretar um texto, o leitor/ouvinte deve, primeiramente, levantar hipteses sobre o contexto de produo, ao qual, de certo modo, se incluem as representaes sobre os tipos de relaes interpessoais estabelecidas entre os

    1 Doutora em Lingustica Aplicada pela PUC/SP; professora do Programa de Ps-graduao em

    Lingustica Aplicada da UNITAU, desenvolvendo estudos vinculados linha de pesquisa Ensino e Aprendizagem de Lnguas; professora de Lngua Portuguesa do Departamento de Comunicao Social da UNITAU e dos cursos de Filosofia e Teologia da Faculdade Dehoniana.

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    interlocutores da interao verbal, como veremos nas duas primeiras sees seguintes. Na ltima seo, mostraremos, de forma conclusiva, possveis implicaes desses conhecimentos para o ensino de leitura.

    2. O contexto de produo textual

    Quando o autor produz um texto, ele mobiliza, no momento da produo, um conjunto de parmetros a respeito de determinados aspectos dos trs mundos formais (fsico, social e subjetivo), que Bronckart (1997a/2003; 2008) chama de contexto de produo e que exerce influncia sobre a forma, o contedo e o estilo de um texto. E, quando o leitor interpreta o texto, ele retoma esse conjunto de parmetros, ainda que por meio de hipteses.

    Apoiando-se no quadro da unidade genebrina da didtica de lnguas2, o ISD elaborou uma srie de procedimentos para anlise e interpretao de textos. Em primeiro lugar, est a identificao do contexto de produo; em segundo lugar, o reconhecimento do gnero de texto; finalmente, a identificao das categorias lingustico-discursivas, para que se analise o texto em trs nveis: infraestrutura, mecanismos de textualizao e mecanismos de enunciao. Esses nveis superpostos e em parte interativos definem o que Bronckart (1997a/2003, p.119) denomina de folhado textual.

    A infraestrutura, primeiro nvel de textualidade, envolve o plano global do texto, os tipos de discurso que o texto comporta e as sequncias que nele eventualmente aparecem. Apesar da eventual heterogeneidade da infraestrutura textual, que pode ser formada de mais de um tipo de discurso ou de mais de uma sequncia ao mesmo tempo, a coerncia temtica dos textos, segundo Bronckart (1997a/2003) pode ser assegurada pelos mecanismos de textualizao.

    Os mecanismos de textualizao, que compreendem o segundo nvel de textualidade, esto fundamentalmente articulados linearidade do texto e se

    2 As primeiras pesquisas desse quadro foram as de Bronckart et al (1985), Bronckart (1997b), Dolz &

    Scheneuwly (1998), Pasquier & Dolz (1996), Scheneuwly (1994/2000), entre outras, ampliadas, posteriormente, pelo Grupo GRAFE, dirigido por Scheneuwly, e pelo Grupo LAF, dirigido por Bronckart.

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    constituem pelos mecanismos de coeso nominal, de coeso verbal e de conexo.

    O terceiro nvel da textualidade, segundo Bronckart (1997a/2003) constitudo pelos mecanismos de enunciao, que contribuem para dar ao texto sua coerncia pragmtica (ou interativa). Eles consistem, primeiro, na construo de uma instncia geral de gesto do texto, que alguns tericos chamam de narrador ou de enunciador, e que o ISD chama de textualizador, instncia qual o autor emprico do texto confia a responsabilidade sobre aquilo que vai ser enunciado. A partir dessa instncia que se d a distribuio das vozes que so ouvidas no texto3 (vozes de personagens, de instncias do prprio autor, instncias contrrias ao autor, traduzidas por formas pronominais, sintagmas nominais, pessoas do verbo, ndices de pressuposio, etc), e, a partir dessas vozes, eventualmente se manifestam avaliaes (julgamentos, opinies, sentimentos) sobre determinados aspectos do contedo temtico, que so marcadas por modalizaes de enunciados. As modalizaes podem ser lgicas ou epistmicas, denticas, apreciativas e pragmticas (BRONCKART, 1997a/2003, p. 330-336)

    Embora, para se ler bem um texto, tenhamos de passar por todos esses procedimentos, aqui nos deteremos discusso do contexto de produo textual.

    O conjunto de parmetros fsicos do contexto de produo engloba as representaes sobre um ato verbal concreto, realizado por uma pessoa, situada no tempo e no espao. Define-se por quatro elementos: lugar de produo (escritrio, por exemplo), momento de produo (s duas horas do dia cinco de janeiro do ano de dois mil) emissor (Maria), receptor (Joo). O conjunto de parmetros sociossubjetivos envolve as representaes sobre os elementos de uma interao comunicativa, realizada por uma pessoa submetida a normas, valores, regras sociais e sua prpria subjetividade. Decompe-se em: lugar social - instituio social em que o texto foi produzido, meio no qual circular ou possivelmente circular (ambiente de trabalho de

    3 Cf. Authier-Revuz (1982).

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    uma empresa, por exemplo); posio social do emissor e seu papel na interao (supervisora e chefe); posio social do receptor e seu papel na interao (encarregado e subordinado); objetivo efeito que o autor quer produzir no destinatrio em relao sua prpria imagem (ser visto como algum que sabe comandar) e em relao ao ato comunicativo (organizar, distribuir, avaliar tarefas, etc.).

    Essa teoria parte do princpio de que a realizao de um agir (como a produo ou a leitura textual) necessariamente se efetua considerando-se diferentes determinaes que se organizam em sistemas chamados mundos formais ou representados. Inspirando-se na ao comunicativa de Habermas (1987), Bronckart (1997a/2003) prope a existncia de trs mundos formais: o mundo objetivo, o social e o subjetivo, constantemente modificados.

    O mundo objetivo rene e organiza pr-construes do agir humano no seu aspecto fsico ou material; o mundo social rene e organiza pr-construes das modalidades convencionais e histricas de realizaes do agir humano, como regras e normas configuradas num meio, e o mundo subjetivo rene e organiza pr-construes das modalidades de autoapresentao das pessoas durante o agir.

    Para Bronckart (1997a/2003), ainda com base em Habermas, em determinado estado sincrnico, esses trs mundos se constituem como sistemas de coordenadas formais, em relao aos quais qualquer agir humano exibe pretenses validade. Em primeiro lugar, pelo fato de que qualquer agir produzido no contexto do mundo objetivo, ele exibe pretenses verdade dos conhecimentos, verdade essa que condiciona a eficcia da interveno no mundo. Essa dimenso, chamada de agir teleolgico, pode se tornar mais complexa ou, em outras palavras, tornar-se um agir estratgico, quando as situaes implicarem a mobilizao de outros participantes humanos sobre os quais tambm se deve ter um conhecimento objetivo ou verdadeiro. Em segundo lugar, pelo prprio fato de que qualquer agir produzido no contexto do mundo social, ele exibe pretenses conformidade em relao s regras e valores que esse mundo organiza, sendo essa dimenso chamada de agir

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    regulado por normas. Finalmente, pelo fato de que o agir produzido no contexto do mundo subjetivo, ele tambm exibe pretenses autenticidade ou sinceridade em relao ao que as pessoas mostram de si mesmas, sendo essa dimenso chamada de agir dramatrgico. Essas dimenses levariam o autor de um texto a sempre querer criar uma imagem positiva si.

    Ampliando a necessidade de estudar as determinaes do agir linguageiro chamado produo textual, o grupo ALTER/CNPq4, defende o levantamento das condies de produo dos textos, antes mesmo de qualquer anlise da textualidade. Para identificar as condies de produo dos textos, segundo Machado & Bronckart (No prelo, 2009), so levados em conta cinco aspectos: o contexto scio-histrico mais amplo em que o texto se produz, circula e usado, o suporte em que o texto veiculado, o contexto linguageiro imediato, o intertexto e o contexto de produo. Sobre cada aspecto Machado e Bronckart (No prelo, 2009) d um exemplo:

    - o contexto scio-histrico mais amplo em que o texto se produz, circula e usado: o quadro das reformas neoliberais empreendidas nos anos 90 no Brasil, que do maior sentido aos textos oriundos das instncias governamentais, conforme constata Bronckart & Machado (2004);

    - o suporte em que o texto veiculado: revista da mdia impressa destinada a professores que veicula crnicas sobre o trabalho do professor. Nelas, Buttler (2008) identifica modelos de agir docente ultrapassados, mas valorizados pelos editores da revista, que buscam que os professores os assumam.

    - o contexto linguageiro imediato texto(s) que acompanha(m), em um mesmo suporte, o texto analisado: exerccios de reflexo que acompanham, num mesmo suporte, algumas crnicas analisadas por Buttler (2008) e que reconfiguram os modelos de agir docente expressos nessas crnicas.

    4 ALTER/CNPq (Anlise de Linguagem, Trabalho Educacional e suas Relaes) um grupo de pesquisa

    (do qual a autora deste artigo membro) sediado no Programa de Estudos Ps-graduados em Lingustica Aplicada e Estudos da Linguagem da PUC/SP e coordenado pela Profa. Dra. Anna Rachel Machado.

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    - o intertexto texto(s) com o(s) qual(is) o texto analisado mantm relaes facilmente identificveis: instrues dadas para a produo de projetos de interveno e de textos discutidos nas aulas do curso de formao de professores, dois tipos de texto analisados por Bueno (2008).

    - o contexto de produo representaes do produtor que exercem influncia sobre a forma do texto, distribudas em oito parmetros (emissor, receptor, local, tempo, papel social do enunciador e do receptor, instituio social e objetivo da produo), de acordo com Bronckart (1997a/2003).

    Em relao ao contexto de produo, tal como defendido por Bronckart (1997a/2003), o Grupo ALTER/CNPq, segundo Machado e Bronckart (No prelo, 2009), considera atentamente trs questes a mais que sero fatores que interferiro diretamente na forma dos textos produzidos e, portanto, devem ser considerados nas anlises dos textos:

    - no processo de produo, o emissor assume diferentes papis ao mesmo tempo, que no se confundem apenas com seu papel social e, assim, esses papis devem ser identificados, o que, alis, Fillietaz (2002) tem buscado desenvolver em alguns de seus trabalhos.

    - a grande parte das situaes de produo envolve mais de um destinatrio, presentes ou ausentes, a quem a produo pode se destinar de modo direto ou indireto, e que podem ter vrios papis sociais e praxiolgicos.

    - o produtor pode ter representaes de mais um objetivo a ser alcanado, inclusive pelos diferentes papis que pode assumir.

    Essa complexidade dos parmetros da situao de produo pode ser exemplificada pela situao de coleta dos dados de Abreu-Tardelli (2006). Tomando a situao de produo de uma professora-formadora, que tem a tarefa de gerir um chat educacional, verificamos que a mesma se encontra fisicamente em sua casa, em um sbado, mas em interao sncrona com receptores que se encontram em diferentes lugares fsicos. Para isso, a formadora deve coproduzir um texto em um espao virtual comum aos diversos

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    participantes, sobre quem ela tem informaes muito vagas. Seus destinatrios diretos, institudos socialmente como tais, ocupam o lugar social de professores em formao. Entretanto, h ainda outros destinatrios, embora com funes diferentes na prpria situao: no espao virtual, h a tutora do curso e, no espao fsico, uma pesquisadora, observando e filmando o trabalho desenvolvido. Alm disso, a formadora observada sabe que seu trabalho ficar registrado, podendo ser visto posteriormente por outros pesquisadores e que o texto do chat, como parte desse trabalho, tambm ficar gravado, podendo ser acessado tanto por alunos quanto por representantes da instituio empregadora e que, portanto, seu trabalho poder ser posteriormente sujeito a avaliaes de diferentes indivduos, pautadas por diferentes critrios.

    Esses procedimentos podem ser utilizados para qualquer tipo de texto, mas se tratando de textos com estrutura dialogal, o Grupo ALTER/CNPq destaca, pelos trabalhos de Carvalho (2007), Machado & Brito (2008) e Tognato (2009), com base em Marcuschi (2003) e em Kerbrat-Orecchioni (1996/2006), alguns outros procedimentos da anlise da conversao.

    Em primeiro lugar, a conversao, tanto para Marcuschi (2003) quanto para Kerbrat-Orecchioni (1996/2006), expoentes da Anlise da Conversao, apresenta-se como um dilogo. E, para Kerbrat-Orecchioni (1996/2006), os ingredientes do contexto de produo desse dilogo entendendo contexto da mesma forma que Bronckart (1997a/2003), ou seja, conjunto de parmetros que podem exercer uma influencia sobre a forma como o texto organizado so a cena, os objetivos e os participantes.

    A cena composta pelo lugar e pelo momento fsico e social, sendo que a conversao deve acorrer durante o mesmo tempo fsico para os falantes, mas pode acontecer na condio de que os falantes estejam face a face ou no. Os objetivos residem na finalidade da interao, podem pr-existir (objetivos globais) ou serem construdos na interao (objetivos pontuais). Os participantes podem ser considerados no seu aspecto fsico e biolgico (idade, sexo, etnia etc.), social (profisso, status etc.) e psicolgico (carter e humor), em suas relaes mtuas (graus de conhecimento, natureza dos laos sociais

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    familiares ou profissionais e dos laos afetivos simpatia, antipatia, amizade, entre outros) e no quadro participativo (os papis interlocutivos emissor e receptor que se alternam, os diferentes tipos de receptores participantes reconhecidos ou destinatrios diretos, que oficialmente fazem parte do grupo conversacional, e os participantes no-reconhecidos ou destinatrios indiretos, que so os receptores ocasionais e espies).

    As representaes sobre os ingredientes do contexto nem sempre so as mesmas para todos os participantes, de modo que pode haver mal-entendidos em relao ao contrato de comunicao. No que diz respeito produo, o contexto determina o conjunto de escolhas discursivas que o falante deve efetuar; seleo dos temas e das formas de tratamento, nvel de lngua, atos de fala (perguntar, por exemplo) etc. No que diz respeito interpretao dos enunciados pelo receptor, o contexto desempenha, igualmente, um papel decisivo, em particular, para a identificao da significao implcita do discurso dirigido. , portanto, indispensvel que o analista tenha acesso aos dados contextuais para poder descrever adequadamente o que se passa na interao, o que tambm defende Bronckart (1997/2003).

    Em segundo lugar, para Marcuschi (2003) a conversao implica uma interlocuo, ou seja, uma troca de palavras de carter semi-improvisado (temas abordados, ordem dos turnos). Os turnos, produo de um falante enquanto est com a palavra, incluindo a possibilidade de silncio, compem sequncias em movimentos coordenados e cooperativos. Algumas dessas sequncias, devido relao de contiguidade entre elas, so chamadas de pares adjacentes ou pares organizacionais. Como exemplo de par conversacional, podemos citar, entre outros, o par pergunta-resposta.

    As perguntas podem ser expressas na forma interrogativa direta ou indireta, divididas em dois grandes grupos: as totais, em que a informao demandada diz respeito ao valor de verdade atribudo pelo produtor 2 ao contedo proposicional global (como em Voc leu o jornal hoje?) por meio de respostas do tipo Sim/No, e as parciais, construdas com pronomes

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    interrogativos, com as quais se pede a identificao de um dos constituintes da frase (como em Qual sua cor preferida?) e que trazem o pressuposto da existncia de uma informao genrica (como o interlocutor prefere alguma cor) em relao pergunta anterior.

    Segundo Kerbrat-Orecchioni (2001), essas perguntas parciais veiculam pressupostos muito mais precisos do que as totais (mesmo que estas tambm no sejam neutras), impondo um quadro muito mais restritivo s respostas, que frequentemente so determinadas por eles. Assim, normalmente, quando o questionado se encontra em posio inferior do questionador, ele evita entrar em conflito, respeitando o tpico temtico colocado em pauta e as pressuposies porventura propostas pelo questionador, mantendo, desse modo, a coerncia do dilogo.

    Conforme Marcuschi (2003) e Kerbrat-Orecchioni (1996/2006), para produzir e sustentar uma conversao, duas pessoas devem partilhar um mnimo de conhecimentos comuns. Entre eles, esto a aptido lingustica, o envolvimento cultural e o domnio de situaes sociais. E o dilogo propriamente dito seria o simtrico, ou seja, aquele em que vrios participantes tm supostamente o mesmo direito auto-escolha da palavra, do tpico5 a tratar e de decidir sobre seu tempo.

    Mas a simetria de papis e direitos quase impossvel, pois a diferena de condies socioeconmicas e culturais ou de poder entre os indivduos criam um tipo de relao interpessoal e deixa-os em diferentes condies de participao no dilogo. Dessa forma, surgem os dilogos assimtricos, ou seja, aqueles em que um dos participantes tem o direito de iniciar, orientar, dirigir e concluir a interao e exercer presso sobre o(s) outro(s) participante(s).

    5 Segundo Marcuschi (2003), tpico aquilo acerca de que se est falando.

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    3. A relao interpessoal entre os participantes de uma interao verbal

    Kerbrat-Orecchioni (1996/2006) considera que a relao interpessoal que podemos estabelecer com os demais participantes se organiza a partir de duas dimenses gerais, que so: a relao horizontal e a relao vertical:

    A dimenso da relao horizontal refere-se ao fato de que, na interao, os participantes podem se mostrar mais ou menos prximos ou afastados: o eixo da relao horizontal um eixo gradual, orientado ou para a distncia social ou para a familiaridade e intimidade que h entre os falantes. Para determinar essa relao, h alguns fatores contextuais mais relevantes: o grau de conhecimento recproco, a natureza da relao socioafetiva que os une e a natureza da situao comunicativa (informal, formal, cerimonial). Essa relao pode ser identificada por marcadores verbais e no-verbais. Neste trabalho focalizaremos apenas os marcadores verbais, como os pronomes de segunda pessoa, o uso de voc, os nomes de tratamento que incluem os ttulos, o uso do nome ou do apelido, os termos de parentesco, o nvel de linguagem, visto que so suficientes para nossos objetivos. Em Carvalho (2007), por exemplo, vemos que, num discurso de formatura, a natureza da situao comunicativa (formal e solene) do cerimonial de Colao de Grau faz com que o orador se mostre mais afastado de alguns ouvintes que de outros, numa dimenso de relao interpessoal horizontal: a distncia social entre os interlocutores maior quando relacionada ao reitor, ao chefe do departamento e aos professores, e menor quando relacionada aos familiares, convidados e formandos, dada a diferena nas formas de tratamento e os nveis de linguagem formal e informal.

    A relao vertical ou relao de posies refere-se ao fato de que os participantes em presena no so sempre iguais na interao: um dentre eles pode se encontrar em posio de dominante, enquanto o outro posto em posio de dominado. Para marcar a relao vertical, encontram-se as formas de tratamento, como os pronomes de tratamento: seu uso recproco reflete uma relao de igualdade entre os interlocutores; seu funcionamento no-simtrico exprime uma relao fortemente hierrquica, na qual aquele que usa

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    voc ocupa posio de dominador e o que usa senhor ocupa posio de dominado. H tambm a questo quantitativa referente aos turnos de fala: o que fala mais, durante mais tempo, aparece geralmente como quem domina a conversao. O responsvel pela abertura e pelo fechamento das principais unidades conversacionais deve tambm ser considerado como aquele que ocupa uma posio alta, o caso do reitor numa sesso de formatura, assinalado por Carvalho (2007).

    Os atos de fala, que so os atos de linguagem produzidos durante a interao, segundo Kerbrat-Orecchioni (1996/2006), constituem a categoria mais rica e mais complexa no conjunto de marcadores verbais que expressam os objetivos pontuais da interao e, principalmente, as relaes de posies. Temos o exemplo em Carvalho (2007) em que o orador do discurso de formatura ora prega conselhos, ora d ordens aos colegas formandos, marcando a posio de dominador que o orador exerce sobre esses ouvintes. Atos de fala semelhantes no acontecem quando o orador se refere aos professores, porque a posio do orador em relao aos professores de dominado.

    O produtor 1 pode se colocar em posio de dominador em relao ao produtor 2, quando realiza um ato potencialmente ameaador para seu territrio (ordem, proibio, conselho, crtica, refutao, insulto, ironia etc.). O produtor 1 se pe em posio de dominado quando sofre um ato ou quando produz algum ato ameaador para seu prprio territrio (desculpa, confisso, autocrtica etc.). Para que os atos de fala que estabelecem a relao vertical possam ser atenuados, o falante pode fazer uso dos mecanismos de polidez, cuja funo de preservar o carter harmonioso da relao interpessoal. Temos um exemplo retirado de Carvalho (2007): o orador do discurso de formatura faz uso de uma citao de autoridade para aconselhar os colegas, atenuando o ato ameaador ao territrio do outro.

    Segundo Brown & Levinson (1987) apud Kerbrat-Orecchioni (1996/2006), a polidez um meio de conciliar o desejo recproco da preservao das faces, pelo fato de que a maioria dos atos de fala so

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    potencialmente ameaadores para uma ou outra dessas faces. Todo indivduo, conforme esses autores, possui duas faces: a face negativa, que corresponde ao que Goffman (1974) apud Kerrat-Orecchioni (1996/2006) descreve como territrios do eu (territrio corporal, espacial ou temporal, bens materiais ou conhecimentos secretos...); a face positiva, que corresponde mais ou menos ao narcisismo e ao conjunto de imagens valorizadas de si mesmos que os interlocutores constroem e tentam impor na interao.

    Na interao as quatro faces se encontram postas em presena, o que Kerbrat-Orecchioni (1996/2006) exemplifica assim: o ato de dar um presente, em relao ao doador, produtor 1, pode-se dizer que lesa a face negativa do doador, pois ele retira algo de si para o outro, mas valoriza a face positiva do doador, produtor 1, pois mostra sua generosidade. Em relao ao destinatrio, produtor 2, o mesmo ato um ato antiameaador da face negativa do destinatrio, porque todo presente uma transferncia de bem, porm tambm ato ameaador para a face positiva do destinatrio, porque, ainda que lisonjeado pelo presente, o destinatrio se encontra em posio de devedor, obrigado a pagar a dvida.

    Portanto, existem atos ameaadores para a face negativa e para a face positiva daquele que os realiza e atos ameaadores para a face negativa e para a face positiva daquele a quem so dirigidos os atos. Apresentamos outros exemplos dados por Kerbrat-Orecchioni (1996/2006): atos que ameaam a face negativa do emissor (o caso da oferta ou da promessa, pelas quais se prope ou se compromete a efetuar um ato suscetvel de lesar seu prprio territrio, num futuro prximo ou distante); atos que ameaam a face positiva do emissor (a confisso, a desculpa, a autocrtica e outros comportamentos autodegradantes); atos que ameaam a face negativa do receptor (perguntas indiscretas, ordem, interpelao, proibio ou o conselho); atos que ameaam a face positiva do receptor (critica, refutao, reprovao, insulto, injria, chacota, sarcasmo).

    Especificamente sobre o ato de perguntar, Kerbrat-Orecchioni (2001, p. 87) considera que ele se constitui como um ato duplamente ameaador para

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    a face dos dois interlocutores, variando o grau dessa ameaa, conforme o contexto e a informao demandada. De um lado, ameaador para quem questionado ( produtor 2), pois coloca quem pergunta ( produtor 1) em posio superior e, ao mesmo tempo, coloca o produtor 2 na posio de ter de responder, pressupondo-se que ele tem as capacidades necessrias para tal, podendo esse ato chegar a ser uma intruso no que do domnio pessoal.

    Machado & Brito (No prelo/2009) comparam essa ideia com o que defende Delamotte (1996): as perguntas pr-construdas, como normalmente o so as perguntas de questionrio e de algumas entrevistas, impem uma obrigao a mais ao produtor 2: dado que frequentemente portam os pressupostos do pesquisador sobre a informao requerida, colocam os informantes no dever de responder a partir desses pressupostos e no a partir de sua prpria posio. Assim, para as autoras, esse ato aparece frequentemente em situaes interativas j marcadas por uma relao hierrquica ou em situaes em que, teoricamente, essa relao no existe, mas em que o prprio ato de perguntar serve como um meio para um dos interactantes assumir a posio superior. Entretanto, esse ato tambm duplamente ameaador para quem pergunta ( produtor 1): ao mesmo tempo que o produtor 1 se d o direito ou a autoridade de perguntar, ele confessa sua ignorncia em relao ao que perguntado, colocando-se em posio inferior, de pedinte, em relao ao produtor 2 e permitindo que este ocupe o terreno.

    Durante a conversao comum que haja o conflito entre sinceridade e polidez (a fidelidade a si mesmo e o respeito pelo outro) ou conflito interior do mesmo sistema de polidez entre uma e outra regra constitutivas desse sistema (quanto mais valorizamos a face positiva de nosso parceiro, mais ameaamos correlativamente sua face negativa, e inversamente, como no caso do elogio). Como conciliar a preservao de si e o respeito pelo outro? Como ser polido sem se sacrificar demasiadamente, mas tambm sem ferir a lei da modstia? Como atenuar as ameaas face do outro? a essa conciliao que visa o exerccio da polidez, afirma Kerbrat-Orecchioni (1996/2006). Etimologicamente, polidez tem funo de arredondar os ngulos e polir as engrenagens da

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    mquina conversacional, a fim de preservar seus usurios de graves leses. A polidez pode ocorrer tanto nos aspectos lingusticos como paralingusticos da conversao, mas nesta tese, dados nossos objetivos de pesquisa, tomamos apenas a polidez em relao aos procedimentos verbais:

    - os procedimentos substitutivos: formulao indireta do ato de fala (voc pode apagar o cigarro, em vez de apague o cigarro); uso do condicional (Voc poderia fechar a porta?); uso do passado de polidez (eu gostaria que voc fechasse a porta); apagamento da referncia direta aos interlocutores (no se fuma aqui); pergunta na negativa (Voc no quer me atrapalhar?), e

    - os procedimentos subsidirios: uso de certas expresses de polidez (por favor, por gentileza, desculpa, com licena); minimizadores ou reparadores (eu queria simplesmente que voc fechasse a porta, no est to ruim minha comida), os modalizadores (me parece que..., na minha opinio... etc.); os desarmadores, pelos quais se antecipa uma possvel reao negativa do destinatrio do ato, e se tenta neutraliz-la (No queria te importunar, mas...); os moderadores (Feche a porta, meu amor).

    A nosso ver, o estudo das relaes interpessoais no cabe apenas para a anlise de textos orais dialogais, mas a todo tipo de texto, uma vez que todo texto uma interao verbal com locutor e interlocutor. Assim, os procedimentos metodolgicos de anlise de texto da conversao podem ser adaptados anlise de texto escrito, mesmo daqueles que no expressem diretamente o dilogo por meio de um discurso interativo ou de uma sequncia dialogal.

    4. Implicaes para o Ensino de Leitura

    Parece-nos que, para as novas teorias sobre leitura, a destacar a interacionista e a discursiva, incontestvel a importncia de se levar em conta o contexto de produo e as relaes interpessoais da interao verbal. Portanto, na construo de uma sequncia didtica para o ensino de leitura de determinado gnero de texto, no se pode deixar de incluir atividades iniciais que ensinem o aluno a fazer o levantamento do contexto de produo e de

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    interpretar as relaes interpessoais estabelecidas entre os interlocutores da interao verbal.

    Assim sendo, a sequncia didtica, logo de incio, cria subsdios para que o aluno entenda, com mais clareza, as caractersticas do contedo, da forma e do estilo do gnero lido, pois estas so determinadas pela situao real de produo. E, dominando essas caractersticas, o aluno tambm pode comear a produzir esse gnero.

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