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MOVTMENT© un ftliça». -ciii.i n.ii bfnsiitii.i th> Depois de 15 anos de ragim* militar qua prometeu acabar com a inflação e a corrupção, o custo de vida chega a um dos níveis mais altos da história brasileira e os abusos administrativos campeiam INFLAÇÃO "«¦"""MEU OeOVERHO Ê- ****•"Z£Z^3_**\__*\W___^mJVÍ.WtyiÚiifil^ \\*YmmW*__I vxirf NOSSO REPÓRTER MURILO CARVALHO NARRA 0 ATAQUE DOS GUERREIROS XAVANTE A FUNAI, EM BRASÍLIA E EM BARRA OO GARÇA, MATO GROSSO, ASSISTIU À ABSOLVIÇÃO DO FAZENDEIRO E PISTOLEIRO JOÃO MINEIRO, ASSASSINO DO PADRE RODOLFO LUBENKEIN E DO ÍNDIO SIMAO BORORÓ. Xavantes contra opressio e corrupção! ___ fl _____h_7-"jBTfl m* ''ERt**\*^*m.***** :ONOMISTA INGLESA JOAN ROBINSON RESPONDE A CHARLES BETTELHEIM À China está no rumo certo O JORNALISTA ALAIN JACOB, DO LE MONDE-AFIRMA*. É falsa a democracia ÍXTRA: s grandes mordomias de Delfim, Simonsen e Rischbieter ^d^engJCiao-pin^^ _____ _BH *w ^**^*^—*^^^mmtm A_****** m**\*\W **E^\\ ¦i ^'_^r^_W__ 1 j ¦ \*mW^***mmmm**mA*d- _3 _________^w*ttÊ**mf *m\**\*\ ______________________**¥¦¦ %H ____________________________ m\\f*\\\mR*. 1 1 __-_d______________________________________. * w— ¦ \*****m\\ *\ ***********?¦ ,____________ ¦ ___m____I___H_i .. I - jj __________

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Page 1: CARVALHO NARRA 0 ATAQUE DOS INFLAÇÃOmemoria.bn.br/pdf/318744/per318744_1979_00198.pdfflámavel foram esquecidas abertas. Um dia antes do acidente, três mil pessoas de Maringá —

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Depois de 15 anos de ragim* militar qua prometeu acabar com a inflação e a corrupção,o custo de vida chega a um dos níveis mais altos da história brasileira e os abusos

administrativos campeiam

INFLAÇÃO"«¦"""MEU

OeOVERHO

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NOSSO REPÓRTER MURILO

CARVALHO NARRA 0 ATAQUE DOS

GUERREIROS XAVANTE A FUNAI,

EM BRASÍLIA E EM BARRA OOGARÇA, MATO GROSSO,

ASSISTIU À ABSOLVIÇÃO DOFAZENDEIRO E PISTOLEIRO JOÃOMINEIRO, ASSASSINO DO PADRE

RODOLFO LUBENKEIN EDO ÍNDIO SIMAO BORORÓ.

Xavantes contraopressio e corrupção!

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:ONOMISTA INGLESAJOAN ROBINSON

RESPONDE A CHARLES BETTELHEIM

À China está no rumo certoO JORNALISTA ALAIN JACOB,

DO LE MONDE-AFIRMA*.

É falsa a democracia

ÍXTRA:s grandes mordomias de Delfim, Simonsen e Rischbieter

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•Mera da »eca e dai enchentes, flagelados também enfrentam a corrupção-

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Barracas

DESASTRES

> para os flagelados. No interior a temperatura chega a 45 graus.

Amaldiçoada

e idolatrada seca nordestina

Este ano, o primeiro sinal evidente daseca no Ceará veio com a invasão de Icópor 600 flagelados.Mas o governo, comosempre, ainda preferia escamotear asituação com discursos, minizando os

^raves efeitos da falta de chuvas. Na.emana passada, porém, o número deflagelados rondando as cidades atingiaa cifra de 50 mil, obrigando asautoridades a decretar «estado decalamidade» em M municípios do CearáRio Grande do Norte e Paraíba-

O Ceará, com mais de 50 municípios emgrave crise, foi o mais contemplado,com 25 deles considerados em situaçãode «seca irreversível». A maioria delescercados durante toda a semana passadapor milhares de lavradores à proc.ra detraoalho, dinheiro, alimentos e remédios.Em Mombaça o prefeito distribuiu sacos com

pão e bolachas para evitar o saquedo comércio local. Em Quixeramobim, ondeo ex-ministro Armando Falcão tem seulatifúndio, cinco mil flageladosassediaram a sede municipal, sendocontrolados por numerosos efetivospoliciais enviados pelo governo.

Este ano, ao invés das tradicionaisfrentes de trabalho para construção deestradas, o governo estadual, em acordocom a Sudene. resolveu financiar açudes,tanques, bebedouros, poços fundos,desmatamento e destoca para pastagense plantio, tudo* em propriedadesparticulares. Os verdadeiros

prejudicados pela seca, os camponesessem terra, receberão CRI 37,00 pordia de trabalho. E os grandesproprietários rurais, Tecéberiopolpudos financiamentos.

Os latifundiários que possuírem maisde 500 hectares terão 50% do dinheirode graça e os outros 50% financiadosa longo prato, com carência, semJuros nem correção monetária. Taismedidas atendem às chamadas«lideranças empresariais cearenses»preter.samente preocupadas, em memorialao governador Virgílio Távora, com as«frentes de serviço», que consideram«fonte de malandragem, vicio edespovoamento das propriedades».

A seca deste ano promete ser dura e

prolongada para os camponeses. Para oslatifundiários, fortuita e banhada em

prosperidade.Lnfs C. Aatere

• Nos Estados atingidos pelas enchentesnu últimas semanas, a situação da maiorparte da população também é calamitosa.Em Pernambuco e na Bahia, com a descida

Idas águas, as famílias voltam para suas

propriedades, mas normalmente encontramtudo arrasado. Por sua ves, asautoridades demonstram incapacidade paraatender aos flagelados, preferindo

à disputa ptlaa verbas que o

governo federal destinou à região

procurando tirar o máximo proveito dasenchentes. A coisa chegou a tal ponto

que o capitão que comandava adistribuição de alimentos ao longo do

Rio São Francisco, ameaçou parar seu

trabalho caso nâo acabasse a troca de

alimentos por futuros votos.Em Juazeiro, na Bahia, o máximo que a

Sudene e a Comissão de Defesa Civilconseguiram para os flagleados, em termosde abrigo, foram barracas de plásticoda Cruz Vermelha da Alemanha. No interior

destas barracas a temperaturachega a 45 graus.

Luiz Falcão

POLUIÇÃO

Na madrugada,o rio explodee queima

No último dia 4, ao amanhecer, o lavrador

João Batista Prado, de Andirá, Norte doParaná, vinha caminhando calmamente

pelasmargens do córrego São Joaquim em direçãoà roça. Quando atravessava uma pequenaponte de madeira jogou o toco de cigarroaceso no leito do riacho, que .imediatamente incendiou-se. As pressaso lavrador teve que ser internado numhospital, com queimaduras de primeirograu. Três dias depois a Superintendênciados Recursos Hídricos e Meio Ambiente doParaná responsabilizou a indústria deóleos Andirá - 200 operários — pelolançamento de grande quantidade deciclohexano no riacho, depois quetorneiras de tanques do liquido altamente in-flámavel foram esquecidas abertas. Umdia antes do acidente, três mil pessoasde Maringá — também no Norte do Paraná

fizeram uma passeata de protesto contra

o desmatamento, uso de pesticidas einseticidas. Na mesma semana, a Associação'Paranaense de Meio Ambiente denunciouà opinião pública uma relação de 20médias e grandes indústrias de Londrinaresponsáveis pela poluição do Lago Igapó,único local de lazer coletivo da cidadecom 400 mil habitantes. E, por último,na sessão do dia 9 da Câmara Municipalde Londrina, nada menos que 4 projetosrelacionados a problemas ambientaisentraram em discussão.

Todos estes acontecimentos poderiam serencarados como rotineiros nesta épocaem que as conseqüências da economiacapitalista na qualidade da vidatornam-se cada vez mais visíveis. No caso

do Norte do Paraná, no entanto, ganhamum destaque especial. Muitos dos

pioneiros da região ainda são vivos e

testemunhas de que há apenas 40 anos

todo o Norte do Paraná era uma vasta fio-

resta úmida e com uma das floras e

faunas mais ricas do continente. Há menos

de 10 anos ainda existiam áreas onde se

plantava arroz com a maior produtividadedo Pais, sem adubos.O desmatamento desenfreado liquidou a

antiga floresta e está promovendo um

violento desequilíbrio ecológico. Segundo

o engenheiro agrônomo e especialista em

climatologia, Antônio de Paula Rocha -

de Bandeirantes, Norte do Paraná - o

desmatamento desenfreado de regiões do

Estado de São Paulo e Paraná, situadas

a menos de 400 quilômetros do Trópico de

Capricórnio, é o principalresponsável pelas mudanças climáticas

dos últimos três anos. Ele prevê quenessa região ocorrerão, num futuro

próximo, os primeiros furacões -

brasileiros.

Roberto de Souza

Duas toneladas de peixes foramencontradas boiando no lago Ibirapuera,de São Paulo, no último dia 7. Os peixesmorreram devido à contaminação da água

por esgotos de residências, óleo diesel

queimado e até material anestésico dedentista. O mais interessante dahistória é que o lago Ibirapueraestá localizado exatamente no parqueonde funciona a Prefeitura de São Paulo.

Mais de cinco mil pessoas participaramdo ato público pela preservação danatureza realizado em Divinópolis,Minas Gerais, no último dia 7. Oato, que também contou com uma passeatae missa ecológica, foi promovido pelaIgreja como parte das comemoraçõesde encerramento da Campanhada Fraternidade, cujo tema este ano foia preservação da natureza. Osparticipantes do ato protestaramcontra as «chaminés sem filtros, onão cumprimento das leis, o crescimentodas favelas e o esvaziamento doscampos ».

Também em Curitiba, no Paraná, houve

passeata ecológica, no último dia 9,promovida pela Arquidiocese local.A manifestação, que terminou com umamissa ao ar livre, reuniu três milpessoas.

DENUNCIA

O grandedesastreO prefeito de Resende, no Estado do Rio,advertiu na semana passada: qualqueracidente que ocorrer com os reatoresinstalados em Angra dos Reis poderápoluir o rio Paraíba do Sul. Istosignifica o colapso quase total noabastecimento de água de 9 milhõesde pessoas, ou seja: quase todo oEstado do Rio de Janeiro.

IGREJA I

Os generaise os «marxistas»de batina

Nos seus primeiros dias de mandato, o

presidente Geisel mandou realizar umcompleto levantamento da «penetraçãoesquerdista» na Igreja Católica. Umlongo documento, publicado na revistaVEJA n" 553, foi o resultado dainvestigação, que esteve sob aresponsabilidade dos órgãos deinformação do regime,principalmente oCISA (Centro de Informação e Segurançada Aeronáutica). Na coleta de dados, oCISA não se inibiu para interceptarcartas, infiltrar agentes nos cursosreligiosos. Uma das cartasinterceptadas foi a que o entãoministro da Educação Jarbas Passarinhoenviou a D. Evaristo Arns, respondendo ásindagações deste sobre as verdadeirascausas da morte do estudante AlexandreVanucchi ^eme. Nela Passarinho dizque Alexandre foi morto não por serestudante, mas em razão de suamilitância na guerrilha urbana, dandoa entender que isso justificava seuassassinato. Acrescentava ainda que aIgreja protegia guerrilheiros eesquecia-se das «vitimasda subversão».O CISA estabeleceu cinco pontos onde,segundo ele, «incide com maior vigor aação do clero comunista». São osseguintes: 1) Conscientização dasclasses menos favorecidas; 2) Negaçãodo capitalismo; 3) Submissão à

I. Aras: «F eaçlo grosseira >

filosofia marxista; 4) Defesa dosmembros do clero envolvidos nasubversão; 5) Falta de autoridade parareprimir os membros mais atuantes.A assessoria de imprensa do Planaltoconfirmou a existência do documentoatribuindo-o uma «iniciativaespontânea de um procurador da JustiçaMilitar». A reação do clero não tardou.D. Evaristo Arns tachou como«falsificação grosseira» uma das cartasinterceptadas, atribuída a D. AgneloRossi, que pedia a D. Arns quedesmoralizasse um ex-padre convertidoao protestantismo. D. Angélico Sândalo,bispo da Zona Leste, disse que odocumento configura «mais um fatoobscurantista destes 15 anos deditadura, ora clara, ora disfarçada».D. Ivo e D. Aloisio Lorscheider tambémrepudiaram as conclusões do relatório.O ministro da Aeronáutica, brigadeiroDélio Jardim de Matos, declarou no STMque o «o pais não suporta revanchismo»e que por isso não mandaria apurar asresponsabilidades dos elaboradores dodocumento.

IGREJA 2

Os da lista negra

nãorecebemcartaiSó ameaças

«E inviolável o sigilo da correspondênciie das comunicações telegráficas» E o quediz o artigo 153 da ConstituiçãoBrasileira.Medidas contrárias só poderioser tomadas quando o Pais estiver sobestado de sitio, em guerra, ou, de acordocom as mais recentes salvaguardas, quandouma região estiver submetida a medidasde emergência.

Nenhum destes casos estava ocorrendo jocorreu em Belo Horizonte nos últimostrês anos. Nesse periodo, porém, os

padres da Pastoral Operária da CidadeIndustrial tiveram quase toda suacorrespondência violada. As cartaschegavam abertas, grosseiramente colada

de novo, e muitaschegavam com sinais feitos a lápis ou

caneta, bastante visíveis. Além disso.

várias revistas procedentes do exterior

não foram recebidas.Cansados de terem seus direitos

desrespeitados e depois de terem reunido

muitas provas, os padres resolveramdenunciar o fato publicamente, através

de um documento entregue à ImpreMi»

autoridades, recentemente. Segundo Frei

Eduardo Metz, da Pastoral Operária,o principal motivo da denúncia foi«mostrar á opinião pública que seus

direitos mais elementares sãodesrespeitados». Em grande parte eu»

conseguiram: o assunto ganhou desut".

na imprensa e o diretor da ECT na cip»

mineira. Moacyr de Paula Jr. acabou

colocando a agência local à disposição

de todos aqueles que quisessem ver seu

funcionamento. Não abriu, porém, nem»

sindicância para apurar as denuncias o»

padres, que inclusive se basearam em

depoimentos dos próprios carteiros.Segundo eles, a ECT lhes fornecia og

«lista negra» de nomes para os quaii "JL

deveriam entregar a correspondência ***¦

de uma primeira «verificação».Os padres aguardam, no entanto, ¦

sindicância e prometem apresentar fw*

mais contundentes de suas denuncias,»»

os fatos voltarem a se repetir.A revelação também serviu para

confirmar que náo são eles os únicos

Bírseguidos pelos serviços de seguranç»

a semana passada, a presidente ao

Movimento Feminino Peta Anistia «

Belo Horizonte também informava qne

correspondência é violada e reu»

Além disso seu telefone é censurado. j»também através dele que recebe cons—

ameaças). vUma Fi

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O ginete quer cheiro de povoLutando para reverter a maré de grevese manifestações de descontentamento

com o regime e sua política, o governovem fazendo concessões e promessas:fim do atual sistema de censura ao

cinema e teatro - e sua substituição

por um regime de classificação de

filmes e peças por idade e publico —,

anistia parcial e parcelada, liberdade

para mais 2 ou 3 partidos, e algunsaumentos acima da atual elevação docusto de vida. Para o dia Io de maioestá sendo prometida nova «abertura»:

Figueiredo anunciaria uma revisão daCLT para permitir reajustes a cada 4meses - de acordo com a elevação no eus-to de vida: negociações diretas de

patrões e empregados; redução dodireito de intervenção nos sindicatos;ampliação do atual direito de grevee das possibilidades de saque do FGTS.0 governo, segundo deliberou em suaúltima reunião do Conselho deDesenvolvimento Social, realizada naquarta-feira, dia 12, passará aadmitir alguma forma de reajustesalarial para os trabalhadores acimado aumento do custo de vida, e emfunção do lucro das empresas ou setor.0 novo tipo de aumente salarialvisaria quebrar o surto grevista.A greve continuaria a ser possívelapenas após prazo oficial e através decomplicado processo de votação quenenhuma greve atual respeitou. Ossindicatos continuam atrelados aoMinistério do Trabalho e não se prevênenhum mecanismo que possibilite aostrabalhadores optar pelo regime deestabilidade no emprego ao invés doFGTS, como prevê a Constituição.

governo já anunciou também para odia 1 de maio um grande acontecimentocívico-musical-recreativo para oPacaernbu, estádio de futebol emSão Paulo. A ele comparecerá o próprioFigueiredo. O general-ginete, segundoos analistas, está cada vez mais

'

necessitado - oh! tempos — de cheirode povo

I SINDICATOS E O Io DE MAIO

volta dalemocracia deJi\a Euclides

)s sindicatos paulistas que mais senobihzaram contra a intervençãolovernarnental no ABC pretendemmô , ?r ? Próx"no 1° de maio emrahiha!]de

den?onstração de unidade dosrabalhadores. Na terça-feira daIpW ,passada. dia 10, uma comissãoe 40 deles conseguiu do prefeito de

Ía ,rd° do Campo, o emedebistamoderado» Ttto Costa, o estádio deHa Euchdes - onde se realizaram

nef£„-s assembl*ias da greve dos

Sill EKPVT -i*n as festividades

írece' íJh D™ d° Trabalh°- ™0

!E>T? J**?80 de *w al«umaTumit íde/al confiaque o estádiowr um ato de força. Mas já se?55KLÍU

a ProYid.enciar até ônibus,a/« os trabalhadores. -

nSSfS re"niram-se de novo

è Sãò 5,°as}ndicato dos Metalúrgicosoaqurn HU„l0cCeíid0 por seu P«*identeSos ínS

Santos A"d«<íe. Sinal dosS0SumJOdaoqsUlm

~ C°nheCÍd0

585^ *¦"«••*¦¦° MDB „ V" ?C0nl0 ° setor trabalhistanisUa n MCe"tro

Bra8»eiro pelaa Unián SS&fS

Contra a Care»tiaoram

Estadual dos Estudantes.fam "Pwvadaa várias medidas que

^^*mmm !

garantiriam um comparecimento dedezenas de milhares de trabalhadores:contratação de ônibus pelos sindicatospara levar os filiados; realização deassembléias preparatórias por categoria;mutirões nos bairros; e piquetes emporta de fábrica, para distribuir aconvocatória do movimento.Os sindicalistas pretendem montartambém um grande show com artistaspopulares, para se contrapor àencenação do governo. Um dos presentesà reunião do dia 11 lembrou que épreciso convocar amplamente os artistaspara neutralizar o esforço do governode puxar os «astros» menos avisados.Estes, por azar, podem ter um grandepúblico.Nâo é novidade, porém, que haja umareunião oficial e uma de trabalhadores.O conflito entre essas duas festaslembra o 1" de maio de 1968, na Praçada Sé, em São Paulo, quando asoposições sindicais expulsaram asautoridades e pelegos do palanqueoficial. O governador Abreu Sodré foiferido por uma pedrada na cabeça.A intensa repressão dos anos seguintesquase impossibilitou as manifestaçõesautênticas do 1" de maio. Em anosrecentes, o governo iniciou esforçosde «popularizar-s.». No 1" de maio de1976, Geisel esteve em Volta Redonda elembrou Getulio Vargas: «a voz doPresidente Vargas reclamava vosso apoioincansável ao progresso do país e vosprometia dias melhores no futuro». Noano passado, ao lado da festa oficial,os trabalhadores promoveram váriasconcentrações do 1" de maio em S. Paulo.

METALÚRGICOS DO ABC

O acordo precárioaumenta a tensãoO acordo entre empresários emetalúrgicos do ABC é provisório — valeapenas por 45 dias; e precário — porqueos patrões náo o estão cumprindo. Háporisso, na região do ABC,Um clima de conflito e tensão.O Ministro do Trabalho, Murillo Macedo,diz que é clima de indisciplina. Citoua Mercedez como exemplo: os operáriosconvidados a fazer hora-extra estariamtomando atitudes de «frontal provocação».Recomendou ao advogado do sindicato quepoderiam aumentar o número de demissõespor justa causa». De fato, ninguém estáfazendo hora-extra. Na Ford, porexemplo, onde há mais de dez anos se fazuma hora-extra por dia, a moda acabou,depois que Lula e outros dirigentesestiveram na porta da fábrica fazendopropaganda contra a hora-extra. A Fordchamou Lula depois para pedir que elevoltasse atrás, já que o expedienteseria indispensável á empresa. Ostrabvalhadores não acham que isso éindisciplina: não fazer hora-extra é umdireito — mesmo MuriloMacedo reconheceisso. Dizem que são os patrões que criamo clima ruim, por sua intransigência.

O qoe mais causa conflito, no momento,sio •¦ demissões e a tentativa patronalde descontar as horas de greve.Qnaato aos descontos _ trabalhadores devárias empresas estão parando emprotesto por receberem hollerits comanotações de descontos. Em Sio Bernardo,por exemplo, pararam a Scania Vabis e aPolimatic — nesta o hollerit anunciavadesconto das horas paradas, a ser feitoem cinco vezes. A Schuller, outra grandeempresa estrangeira da área, tambémparou. Ela é um exemplo de como é grandeo ânimo dos trabalhadores e de como asempresas não podem maispensar em romperos compromissos impunemente.Na segundadia 9, os operários se revoltaram aoreceber o hollerit anunciando o descontodas horas paradas. Junto com o hollerit,marcado com zero ou uma quantiainsignificante, vinha um vale para serassinado. O vale dizia que a quantia queo operário recebesse seria descontada.No dia seguinte, a empresa distribuiu aseguinte explicação: o código do holleritno mês de março significaria «o pagamentodas horas do período de paralisação,compreendido de 13 a 17 de março, queserá ou não descontado de acordo com oque ficar estabelecido pela ComissãoTripartite e que está negociando o acordo».

Em reunião à noite, os operáriosdecidiram que, ou a empresa entregava oHollerit com o salário e recolhia a pa-peleta, ou se entrava em greve, na 3ade manhã, junto com o representante dosindicato, foram feitas várias reuniões,por seção. Ao meio dia, a fábrica entou emgreve. Imediatamente os diretoreschamaram representantes para negociar.Foi eleita então uma comissão de 5operários que, além de novo holleritreivindicou melhor atendimento noambulatório, reconhecimentoda comissão, adicional deinsalubridade e noturno. Emcontrapartida, a empresa pediu aliberação de 27 operários para horaextra. Pediu também para que não serabiscasse os banheiros, pois isso davamuito trabalho à faxina. Os operáriosdisseram que esse era o meio decomunicação entre eles, uma vez que nãoforam atendidos no pedido de um localonde pudessem colocar seusavisos, desde a greve de maio doano passado. Agora, acomissão ficou de fazer uma pesquisa comos trabalhadores para ver se barganhamou não as horas extrascom as outras reivindicações.

Quanto às demissões _ as empresascontinuam desrespeitando o acordo, dizemBenedito Marcílio e Lula, dirigentesdepostos. E continua sendo falsa ainformação do ministro de que Volks eMercedez estariam admitindo os demitidos.A Mercedez disse ao sindicatoque não assumiu nenhumcompromisso comrelação à admissão de operáriosdispensados de outras fábricas por causada greve. Mas a grande novidade no casodas demissões é a reação dos operáriose do sindicato. O caso da MotoresBuffalo, uma empresa 100% estrangeira, éexemplar. A empresa éuma subsidiária da Emerson Electric Co.,americana, uma das maioresde seu ramo, que em 1975vendeu mais de 1 bilhão de dólares.Ela demitiu 82 operáriosalegando péssima situação financeira.Mas contratou genteno lugar dos dispensados.Em reunião realizada na 3', os operáriosdecidiram fazer greve.No dia seguinte,às 5h30 os demitidos e diretores dosindicato fizeram piquete em frente àfábrica. Com isso, ninguém, nemda administração pôde trabalhar. Atarde a fábrica entrou em acordo com osdemitidos. Não os readmitiu, mas vai

pagar todos os direitos, inclusive osdias parados, além disso, a Volks secomprometeu a empregar os 82 num prazomáximo de 30 dias.

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Os operários ao estádio, em 8. Bernardo: o ministro acha qae reina perigosa indisciplina.

PARTIDOS

Nasce um PTB«De repente, nasce um PTB» - foi a

manchete com que um jornal brasilienseanunciou o inesperado requerimento doregistro do Partido TrabalhistaBrasileiro, entregue dia 11 no TSE.O acontecimento apanhou de surpresainclusive correi igionários de Doutelde Andrade, o principal aglutinadordas correntes petebistas que requereramo registro. A resolução foi tomada àspressas depois que se soube que a ex -deputada Ivete Vargas pretendiadivulgar um manifesto de lançamento doPTB, por ocasião do aniversário donascimento de Getulio Vargas, dia 19.Doutel e outros passaram anoite de segunda para terça-feira emclaro, elaborando o requerimento para oregistro e o manifesto de lançamento dopartido. Tudo foi feito sob o maiorsigilo, e, exatamente às 9h30 daterça-feira, emissários petebistasdo Rio e os dirigentes do núcleo deBrasília já protocolavam orequerimento de registro do PTB,assinado por 109 pessoas (oito a maisque o número exigido pela lei >Além de Maerle Lima, assinavam omanifesto alguns parentes do ex-presidente João Goulart e do ex-governador do Rio Grande do Sul,Leonel Brizola, como também diversospetebistas históricos comoDarci Ribeiro, Doutel de Andrade,Matheus Schmidt e Sereno Chaise,entre outros.O ato foi completado mais tarde, na Câ-mara, onde os deputados GetulioDias, Magnus Guimarães (aquele querecentemente denunciou supostasarticulações de Jarbas Vasconceloscom Prestes e Arraes para boicotarBrizola) e José Mauricílio leram natribuna o manifesto de lançamento doparti»ln trabalhista. Em Washington,onde se encontra atualmente, LeonelBrizola manifestou seu apoio àiniciativa, conclamando os«trabalhistas históricos» a aderirem.Atropelada pelos acontecimentos,Ivete Vargas protestou contra a«tentativa de usurpação do símbolo doPTB». O grupo de trabalhistas querequereu o registro do partido é, serrdúvida, a mais forte de todas ascorrentes que lutam pelo ressurgimentodo Partido Trabalhista. Na verdade, éuma aliança entre «petebistashistóricos» — como o ex-prefeito dePorto Alegre Sereno Chaise e o ex-deputado petebista Wilson Vargas — eos chamados «petebistas ideológicos»,corrente que inclui os intelectuaistrabalhistas que se reuniram em tornoda publicação Cadernos Trabalhistas edos quais os mais representativos são oex-ministro Darci Ribeiro e o sociólogo

pguel Bodea. Este grupo se propõe aSLt ao PTB um cunho socialista e«transformá-lo», como diz um de seusmembros mais influentes, «no PartidoBrasileiro do Compromisso Histórico»,numa alusão à linha política doPartido Comunista Italiano.

Além dos três deputados emedebistasque discursaram na Tribuna essemovimento pelo renascimento do PTBainda conta com o comprometimento deoutros deputados do MDB, como o mineiroGenival Tourinho e ofluminense J.G. de Araújo Jorge.Apesar das declarações de Getulio Dias,afirmando que eles são mais de 40, porenquanto não chegam a dez.Para conseguir a legalização do PTB,dentro da legislação atual, os seusarticuladores, além de outros entravesde ordem legal - como, por exemplo, aproibição da adoção de nomes e símbolosde partidos extintos — precisarãoconseguir o apoio de 10% dos deputados

•e 10% dos senadores (ou seja, 42deputados e 7 senadores) ou assinaturade um milhão de eleitores.O pedido de registro requerido naquarta-feira passada não temo objetivo de dar inicio a umprocesso de legalização do PTB dentrodas regras atuais, conforme explicaramos seus responsáveis. Visava,exclusivamente, a ocupação do espaçoameaçado pelo grupo de ex-petebistasadesistas, liderados pela ex-deputadaIvete Vargas, cuias ligações com ochefe da casa civil do governo, generalGolbery do Couto e Silva, são do amploconhecimento público. O MDB, em suaampla maioria, reagiu argumentandoque o novo partido pode dividir aoposição. Os dirigentes do governo naCâmara, porém, em sua totalidade, nãoesconderam a satisfação com oPartido Trabalhista — «salutar»,segundo o líder da Arena no Senado,Jarbas Passarinho. Não foi, porém, arealização dos sonhos do Palácio doPlanalto, que pretendia ver ainiciativa da criarão do PTB nas mãosdo Chagas Freitas governador do rio eda ex-deputada Iv te Vargas.

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W'fc-AÍSÍ^V

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Em Porto Alegre, 18 mü professores em assembléia decidem conttauar a greve.

GREVE DE PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS

0 cansaço dos «heróis anônimos»

Professores, médicos e funcionários

públicos, habitualmente acostumados aapertar os cintos sem protestos, parecemcansados de seu papel de «heróisanônimos». Na. semana passada, no RioGrande do Sul, em meio a uma greve geralos professores chegaram a reunir 10 mil

pessoas numa assembléia;em São Paulo, ressurgiu agreve dos professores, reunindo tambémfuncionários públicos; no Rio Grande doNorte o governador do Estado reconheceu

Sue mesmo um pedido de aumento de 200%

justo.Em São Paulo, em carta abertadistribuída à população, os professoresdizem: «O funcionalismo estadual emunicipal desde fevereiro entrou emcontato com o senhor governador e com osenhor prefeito, reivindicando 70% maisCr$ 2 mil. Apesar da perda real de nossossalários chegar a atingir 246%, nossareivindicação procura apenas cobrir aalta do custo de vida nos últimos 12meses». Isto, de um modo geral,reflete a situação e a disposição dos

Sue, em vários pontos do Pais, se

ecidem pela greve.• Em São Paulo, onde se estima que60% das escolas estiveram paralisadas, o

governo respondeu que a perda de 246%no poder aquisitivo na realidade nãoocorreu. E que, pelo contrário, osfuncionários de salários mais elevadosforam até beneficiados com aumentos jáconcedidos. É curiosa a forma como o

governo encara a situação de 28% dofuncionalismo, afirmando que fica paraos de renda mais baixa (funcionários deaté Cri 4 mil), alguma «prováveldeterioração».

O funcionalismo público e osprofessores das três universidadesoficiais (1), com faculdadesespalhadas por todo o Estado, tambémparticipam do movimento, dento de umacampanha salarial unificada, que congrega19 entidades - de engenheiros e médicosa serventes - com as mesmas exigências,ameaçando paralisação a partirdesta terça-feira, 17.

Apesar de ser uma campanha unificadade todo o funcionalismo, existem setoresmais mobilizados, que já avançam na luta:no dia 10 de abril, 3.500 funcionáriosdo Hospital do Servidor Público cessaramsuas atividades, mantendo apenas umserviço de emergência, de acordo com umsistema montado pelos próprios funcionários.

O movimento deve prosseguir diantedo reajuste concedido pelo governo nodia 11: de 30 a 55%, descontados os 20%concedidos no fim do ano passado.

A proposta desagradou profundamente efoi considerada falsa.« O governo está concedendo,na prática, sumentos de 6,3 e 31,3%,

pois descontaram os 20% concedidos em 78e ainda aplicaram percentuais sobre

percentuais».No Rio Grande do Sul, onde a greve

chegou a atingir 90% das escolas dePorto Alegre, a proposta do governo -

de conceder 55% de aumento — foirejeitada durante uma assembléia quereuniu 10 mil professores no auditórioAraújo Viana, no dis 10. O comando dagreve pretende conseguir que o Estadoassegure o aumento de 70%, com ummínimo de Cri 4 mil.

No Rio Grande do Norte os professoresreivindicam 200%, o que o governoconsidera justo, mas declara que não

poderá atender por falta de verbas.No Rio de Janeiro o movimento dos

professores é acompanhado por 1200bolsistas - sextanistas de medicina -

que exigem dois salários mínimos ecarteira assinada. Os professores dasredes estadual, municipal e particularameaçam entrar em greve esta semana.Os particulares lutam por 60% deaumento e 100% sobre a hora-aula; os

professores das redes estadual emunicipal acusam a Câmara Municipal ea Assembléia Legislativa de estarem

Krotelando a aprovação do decreto-

ii que atende suas reivindicações.Ainda no caso de Sáo Paulo, tanto o

governador paulo Maluf, quanto oSecretário da Fazenda Afonso CelsoPastore afirmam que, para atender a umreajuste acima do previsto noorçamento, forçosamente «alguma coisatem de ser cortada. E não está afastadaa hipótese de uma pequena demissão defuncionários públicos».Dessa forma, os grevistas sãolevados a crer que alguns serãosacrificados para que as reivindicaçõessejam atendidas. Assim, osfuncionários e professores, além delutar por melhores salários,vêem-se á frente de mais um problema: oda luta pela manutenção das contratações.

(1) Universidade de Sáo Paulo,Universidade Estadual de Sáo Pauloe Universidade ds Campinas.

O pesadelo das águas

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õnoj^ücamp^iete* reaaides em Santa Heleaa: para onde vás?

Ninguém esperava que viesse tanta gente.Nem mesmo oa órgãos que promoveram aassembléia (Federação dos Trabalhadoresna Agricultura do Parsná, Pastoral daTerra e Comissão de Justiça e Paz).

Afinal, poucos haviam confirmado sua

Sresença. Mas, apesar da chuva e do frio,

a 9 horas ds manhã, quando a assembléiacomeçou, o campo de futebol de SantaHelena, pequeno município no extremooeste do Paraná, estava quase quetotalmente tomado por quase dois milcamponeses. Durante quase três horas,marcadas por dezenas de emocionadosdepoimentos, eles discutiram o drama,cada vez mais próximo, que terão queenfrentar: o alagamento de suas terras

Silas águas da Hidrelétrica de Itaipu.

o total serão oito mil famílias (quase40 mil pessoas) que sofrerãodesapropriações. Para estas famíliasexistem dois graves problemas: o baixovalor das indenizações e aimpossibilidade de continuarem no Paraná,onde «o preço das terras está muito sitoe as áreas á disposição sáo insuficientespara nossas famílias», conforme odepoimento de um camponês. Muitasfamílias já começaram a ir para o nortedo Pais em busca de um pedaço de terra,e algumas até já retornaram, vencidaspelas dificuldades.

Depois de ouvir os depoimentos, FranciscoUrbano, secretário geral da Contag,recomendou que «ninguém deixe suasterras». E lembrou a situação de 70 milfamílias desapropriadas em Sobradinho,no Nordeste, que «na grande maioria vivehoje em condição de calamidade públicaporque deixaram suas terras sem qualquerorientação governamental».

Além da Itaipu Binacional (que-enviou umfuncionário do Departamento de RelaçõesPúblicas no lugar do coronel CostaCavalcanti, diretor geral da empresa),foi bastante criticada a inoperáncia doIncra. Num clima de exaltação, oslavradores gritaram diversas vezes«Incra, Incra», reclamando a presençado órgão. No final da assembléiaaprovaram s formação de ema comissão

?iue tentará negociar com a direção da

taipu novos preços para as indenizações.Também foi aprovado um documento ondereivindicam urgente reforma agrária:«O Incra deveria promover oreassentamento dos desapropriados aquimesmo, no Paraná, implantando programasde reforma agrária, em latifúndios porexploraçio • extensão».

DEMISSÕES NA BAHIA

Jogando areiano Hyde Park*A proposta de criar um Hyde Park* emSalvador, anunciada recentemente pelo

Sovernador da Bahia, Antônio Carlos

lagalhães, poderá ser frustrada, antesde nascer, pelos 20 mil funcionáriospúblicos demitidos recentemente por umdecreto governamental. No último sábadoexpirou o prazo legal para readmissàodos atingidos pelo decreto e, como nãorecua de sua disposição de só aproveitar20% dos 20 mil, Magalhães vai enfrentarum duplo problema. De um lado asdemissões continuam provocandogrande descontentamento popular, poisgeraram problemas graves emvários setores dos serviços públicos. EmSalvador o Hospital «Roberto Santos»chegou a ser fechado por falta defuncionários. O segundo aspecto da

Juestão é que o movimento dos demitidos

everá crescer e ocupar novamente uruas, para denunciar sua situação à

população, frustrando a prometida «praça

de protesto á moda inglesa».O mais grave é que todo o quadrodesolador que existe hoje na Bahia -

cerca de 100 mil pessoas, entre familiarese funcionários, foram atingidas - foifruto apenas das divergências das classesdominantes baianas: com o objetivo dedesgastar a administração anterior e sobo pretexto de acabar com o empreguismoeleitoreir o do ex-governador RobertoSantos, o vice-rei do Nordeste partiu

para a demissão em massa de todos osfuncionários contratados no último anodo governo de seu antecessor. Mas o iro

saiu pela culatra, pois não foi possívelesconder os reais objetivos ds medida.O atual secretário de Educação do Esta .

Eraldo Tinoco, sem querer, numaentrevista á imprensa, se encarregoude mostrar a farsa: o governo vaiaceitar a colaboração de políticos, sega»o Secretário, para efetivar a recontrataç»dos funcionários «necessários».Ests semana deverão ocorrer novasmanifestações em Salvador, quando os

demitidos entregarão um abaixo-assinadoao governador exigindo a revogação flo

decreto. No começo da semsns "mmzm

o documento já tinhs mais de cinco mü

assinaturas. ^ Ffl|Be)B,

(•) Um grande parque existe*

em Londres, onde se manií«£sem restrições as msis varia»

tendências políticas.

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Conselho de DireçãoAKuiruldo UM, Álvaro Antônio Carapreso. Antõ-nio Carlos ferreira, Antônio Carlos Moura, Anló-,no Nelo, Armando Sartori, Benedito Cintra, ChicoPinto. Clovis Moura, Eduardo M Suplicy, EIrias•Xndreato, Fernando Penoto. Flivio Carvalho, |ai-ms leio. laime Saulchuck, |air Borin, losé Crisós-tomo de Sou/a. lurt Mirnw. luiz Bernardev luiz

t .trio* Antero, Márcio Bueno, Marcos Come.,Mjna Amélia Tellev ******** Helena Pereira, Maria

I--.W10I Viana. Mauríuo \/rdo. Murilo Carvalho,l',ii lo Barbou. Raimundo R Pf . ira. RaimundoIr.^loro dc Oliwna. Renato Codinho, Samuel

K.mImkupv Sérnio Buarqur, SAni.i Rodrigues. Teo-

ilomiro Braga

Conselho EdHoral de MovimentoAlencar fmtaé*, André f******, ****** Dantas,

Chico Buiitii és mamam l********** mamamcmAom,, ç£m*> ya» eo*. Men-a. **a»m**ts777m2-2/*/n7*).

Diretor Responsável********* Carie* ferreira

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VEM Ai O«MILAGRE AGRÍCOLA»

DE DELFIM:

Todo poder aolatifúndio capitalista

por Alfredo Pereiraa.

Depondo na Comissão de Agricultura doSenado, no dia 4 de abril, o ministro daAgricultura, Delfim Netto, reafirmou que oaumento da produção e da produtividadeagrícolas é a meta prioritária do governoFigueiredo. Delfim justificou a importânciaatribuída à agricultura por três motivos:«O primeiro é que, se a agricultura nãoampliar rapidamente a sua oferta alimen-tar, o desenvolvimento se fará, necessa-namente, sob tensões inflacionárias crês-ccntes, ajt* laminarão por impedir o fun*rionamento do sistema econômico. Emsegundo lugar, se o setor não expandir asua oferta de exportação, o desenvolvimen-Ui encontrará, rapidamente, um teto, poishá uma ampliação «)e importações queproduzirá déficit crescente no balanço depagamentos e o sistema entrará em colap-so. E, por fim, se a agricultura não puderliberar rapidamente mão-de-obra para a in-.íústria, o processo de desenvolvimentotambém entrará em colapso, porque seterá um aumento, rápido de salários nosetor industrial.» Entre os motivos que jus-tifícam a importância dada pelo governo àagricultura, Delfim não mencionou apreocupação com a melhoria do bem-estardos trabalhadores do campo e da cidade.Deixou claro, portanto, que o governo dogeneral Figueiredo se volta com tanto in-teresse para a agricultura porque ela, peloseu atraso relativo, vem se constituindonum obstáculo cada vez maior à conti-nuidade do desenvolvimento capitalistadependente. E o governo pretende atacar oproblema acelerando a penetração docapitalismo no campo, quer através daoferta de facilidades para que as grandesempresas estrangeiras e nacionais façaminvestimentos na produção e na comer-cializaçSo agrícolas, quer através da con-cessão de empréstimos, incentivos fiscais eassistência técnica aos latifundiários paraque eles próprios modernizem suas pro-priedadea e adotem métodos capitalistas deexploração de suas terras e de seus tra-balhadores,

Por isso, no mesmo depoimento, depoisue reafirmar que a expansão agrícola é a¦neta

fundamental, Delfim esclareceu queis desapropriações e partilhas de terras

nao constituem, no entanto, problemasprioritários para o governo Figueiredo,segundo Delfim, elas somente serão feitasem casos isolados, quando ocorrerem «ten-soes sociais graves». Em outras palavras:trata-se de aumentar a produção e aprodutividade agrícolas apoiando-se nosBrandes capitalistas estrangeiros e na-cionali e nos grandes proprietários deterras, e não nos operários rurais e noscamponeses. Por isso, Delfim, que já de-ciarara em entrevista aos jornais quereforma agrária é assunto para economis-ta desocupado», aproveitou a oportunidade

para fazer novas blagues sobre assunto

"" *"-•"-¦. aurmanao que «todo mundo é afavor da reforma agrária porque parece«JUe as DeSSOaS têm troronnha Aa cor -nn.tra». Referindo-se em tom depreciativo aospequenos lavradores brasileiros, Delfimdeclarou também que a reforma agrária'¦ao daria certo, porque em cada pedaço« «erra distribuído a um brasileiro teriamae ser colocados dois japoneses, e não«¦verta onde arranjar 220 milhões dejaponeses».

__1? Posições do ministro Delfim têm; ^ecido.

como era de se esperar, osaplausos entusiasmados dos fazendeiros e

grandes capitalistas. Numa recepção

S ¦ Delfim, em Brasília, pelosd,ntes das federações estaduais de

C>r'f('u.ltura». F-ávio Brito, presidente dauntederaçao

Nacional da Agricultura,'^" < Hiando-se com o ministro de quemaa divergira tanto no passado, afirmou: «O

nn. «.' quand° ministro da Fazenda, deu-

ti rL Tltos apegos. Mas aquilo era a ati-«ae normal de um homem que sabe bri-

to- h gora- nos confiamos no senhor, cer-•os de que será um Zico da Agricultura,

que nenhuma defesa segurará». E Delfim,respondendo em tom arrependido e con-ciliador: «Em outras épocas, a moda foiprivilegiar o setor industrial . Mas a lógicamostra agora que foi um procedimentoerrado, porque o Brasil tem melhores con-dições para equilibrar sua economia com osetor rural».

Apesar da troca de elogios, nada garan-te que a política de modernização capitalis-ta do campo, defendida por Delfim, aumen-tara a produção e a oferta de alimentos nomercado interno. Os fazendeiros podemaproveitar os favores do governo apenaspara comprar mais terras com fins es-peculativos. E mesmo que ampliem autilização produtiva de suas terras, serãolevados- pela própria lógica do desenvol-vimento capitalista, a produzirem os bensde preço mais remunerador e colocaçãomais fácil, ou seja, os produtos de expor-tação. O governo pretende conter essas ten-dências com medidas fiscais e adminis-trativas. Assim, o governo estuda a refor-mulação do Imposto Territorial Rural demodo a taxar rigorosamente as áreas im-produtivas e premiar até com isenções osfazendeiros que provarem usar intensamen-te toda sua terra; quer forçar todos os la-tifundiários a se aburguesarem. O governopretende também, em troca da concessãode crédito para culturas economicamentefortes, como soja, café e trigo, exigir emcontrapartida a destinação de uma área depelo menos 5% das lavouras desses pro-dutos ao plantio de alimentos básicos, comoarroz, feijão e milho.

E duvidoso que essas medidas sejamrespeitadas na prática e produzam umaumento na oferta de gêneros alimentícios,como o governo anuncia. O que não éduvidoso, porém, é que a política agrícolado governo Figueiredo aumentará a con-centração da terra e do capital no campo,intensificará a expulsão e a proletanzaçãode pequenos proprietários, posseiros, ren-deiros, parceiros e índios, e agravará a ex-ploração dos assalariados agrícolas. A esserespeito, o ministro do Interior, Mário An-dreazza, anunciou no dia ti de abril aprovável extensão do Fundo de Garantiapor Tempo de Serviço ao trabalhador docampo, obviamente para facilitar a con-tratação e a demissão de assalariadosagrícolas.

Por esses motivos, ao contrário daalegria reinante na Confederação Nacionalda Agricultura, a Confederação Nacionaldos Trabalhadores na Agricultura (Contag)emitiu nota protestando contra as decla-rações de Delfim, insistindo na reformu-lação urgente do regime de posse e uso daterra e lembrando que «os latifúndios con-trolam mais de 70% das terras e canalizama maior parte do crédito e dos incentivosgovernamentais; mas são os posseiros,pequenos proprietários, parceiros e arren-datários que, trabalhando em apenas 20%da terra cultivada, são responsáveis pormais de 40% da produção agropecuária epor mais de 50% da produção de alimen-tos». E Roberto Horiguti, presidente daFederação dos Trabalhadores na Agricul-tura do Estado de São Paulo, comentandoas declarações de Andreazza, denunciou

que «pela atual legislação o trabalhador naagricultura ainda tem direito à estabilidadee a introdução do FGTS no meio rural seriamais um mecanismo para facilitar as dis-pensas e aumentar o número de traba-lhadores volantes».

Quando era ministro da Fazenda, Delfimficou célebre como amigo prestimoso dosgrandes industriais estrangeiros e nacionaise adversário implacável dos trabalhadoresurbanos, cujos índices de reajustes sala-riais manipulou sem escrúpulos. Nospróximos anos. como ministro da Agricul-tura, Delfim promete ficar famoso tambémcomo amigo dos fazendeiros e inimigoferrenho da reforma agrária, dos ram-

poneses e dos operários rurais.

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BRASIL IMPORTATRIGO, CARNE, ARROZ,FEIJÃO, MILHO, ALHO...

A amarga ironiado «celeiro do mundo»

por Tiago Santiago

Paste ano o Brasil deve importar 4,5milhões de toneladas de trigo, 130 mil to*neladas de carne, 700 mil toneladas dearroz. 100 mil toneladas de feijão, 1 milhãode toneladas de milho e mais alho, cebola,bacalhau etc. Há estimativas de que o Paispoderá gastar algo em torno de 2,4 bilhõesde-dólares na importação de alimentos,mais, poi tanto, do que no ano passado,quando foram gastos 2 bilhões de dólares.

As» projeções oficiais não são otimistas arespeito das conseqüências desses gastosadicionais sobre a balança comercial.Prevê-se .um déficit de 2,6 bilhões de dó-lares, uma-vez e meia maior que o de 1978,que foi de 989 milhões de dólares. Assim,no quadro da dependência econômicabrasileira, ao Jado das compras de equi-pamentos, que em 1979 deverão orçar 4,7bilhões de dólares, do petróleo (US$5 bi-lhões), das matérias-primas industriais(US$4,3 bilhões), vaj-se expandindo a im-portação de produtos %gricolas.

E, se todo o processo em seu conjuntovai resultando sempre num progressivoaumento da dependência externa da eco-nomia, o aspecto da crescente importaçãode alimentos é um resultado amargamenteirônico do modelo econômico adotado há 15anos. Serviu-se da crescente exportação deprodutos agrícolas para pagar a implan-tação da industrialização dependente.Beneficiou-se largamente a produçãoagrícola para exportação em detrimento daagricultura para consumo interno, a qualestagnou.quando não decresceu. Os créditossubsidiados aos latifundiários, o controle daagricultura pelos monopólios internado-nais, seja através do fornecimento deequipamentos, fertilizantes e outros insu-mos, seja através do controle da comer-cialização. resultaram numa maior concen-tração da propriedade da ten*?, ruína e ex-pulsãò de milhões de pequenos produtores,tangidos para as cidades ou convertidos embotas - frias. Esses desdobramentos, seproduziram uma ainda maior concentraçãoda riqueza dos bancos, indústrias e latifún-dios, tiveram uma outra face: arruinarama produção agrícola ao mesmo tempo quecrescia a demanda de alimentos. Em con-seqüência, a agricultura foi se convertendotambém ela num grande setor importador.

Carece de fundamento a justificativaoficial de que a importação de alimentos sedeve às secas e enchentes dos últimos tem-pos, embora esses fatores a tenham

agravado. O fato é que desde 1975 o Paísvem fazendo grandes importações de ali-mentos, à media de cerca de 1 bilhão dedólares por ano

A amarga ironia é que, no momento emque o regime decidiu mais que nurch de-positar na agricultura suas esperanças delivrar-se da crise através de exportações deprodutos agricotafl para pagar a catas-trófica divida externa do Pais, a agricul-tura também se torna um grande setor im-portador e contribui para agravar aindamais o déficit comercial com o Exterior.

Fazem-se críticas aos intermediáriosporque eles realizam a façanha de fazer oproduto agrícola custar para o consumidorfinal oito vezes mais que ao ser vendidopelo produtor Entretanto, o intermediárioé apenas o elo mais fraco da cadeia de es-poliação do pequeno produtor agrícola e doconsumidor. Não se critica o capital finan-ceiro nem a indústria de equipamentos efertilizantes, nem os grandes monopóliosque controlam a comercialização dessesprodutos desde a fazenda até o mercado in-ternacional. E que são os principais res-ponsáveis pelo agravamento da crise daagricultura, junto com os grandes pro-prietários de terra. Pois converteram aagricultura numa área de grande espe-culação de capitais que desorganizou aprodução. Os grandes produtores, porexemplo, desviavam os créditos agrícolaspara comprar mais terras ou para espe-cular no mercado financeiro, enquanto aárea plantada ia se reduzindo. O abate des-controlado de matrizes, a destruição departe das safras, para provocar escassez eobter melhores preços, tornou-se a regra deacumulação dos capitais investidos nosetor. Nesse clima de especulação seriasurpreendente se não vicejassem os inter-medianos e atravessadores.

Mas a solução não está à vista. Ao ladoda duvidosa declaração de que «este será oúltimo ano que o Brasil importa alimen-tos», o ministro Delfim Netto esmera-se emanúncios de soluções imediatistas e de-magógicas. E enquanto recusa a reformaagrária como um absurdo, prepara con-dições para a continuidade da dominaçãodo capital monopolista sobre a agricultura,o qual, agora, ao que se diz, também in-tervirá diretamente na produção.

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ammommmmomoa-a-o-o-tro*o'r*wm'*

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áHtaass «Mt, algumas teses mbre o Estado ao Brasil gaiharant¦ma certa repercussão. Ne eutau-te, se encampadas pela oposição

popular essas teaet pedertsitlrséastr • eficácia da lata qae esta travaeeatra a dltadari militar. Isso porque têmama característica comum: ebseureeer arelação eulre • Estado e ddsvmluados la-twsssos de elas»»

1A tese de queo Estado domina

a «sociedade civil»

.A primeira delas apaga a relação entre

0 Catado e o conjunto da classe dominante,

ao afirmar a existência de uma dominação

crescente do «Estado» sobre a «sociedade

civil», no Brasil pós-1964. Constatar Ul

dominação, é o que pretendem os autores

para os quais existe, no Brasil atual, uma

separação entre o «Estado» e a «sociedade

civil». Francisco Weffort, por exemplo,

afirma em artigo recente que se teria

desenvolvido, a partir de 1964, «(...) uma

autonomização dos aparatos do Estado em

face da sociedade civil, levando ao colapso

conceitos antigos, tanto de origem liberal

quanto de origem marxista, que tendiam a

ver no aparelho de Estado um instrumento

neutro cujo significado dependeria de quemo controlasse de fora». (1)

Essa tese apresenta, em geral, o seguin-

te conteúdo: a burocracia militar e tec-

nocrática teria estabelecido, a partir do

golpe de 1964, sua dominação sobre o con-

junto da sociedade brasileira, tolhendo a

expressão da «cidadania» e cerceando o

funcionamento das «associações interme-

diárias» (isto é, aquelas que promoveriama mediação entre «indivíduo» e «Estado»:

associações políticas, econômicas, reli-

giosas, culturais, etc). Essa tese parecelegitimar-se pela evidência dos fatos. No

Brasil atual, não é clara a ascendência do

Executivo sobre o Parlamento, da buro-

cracia estatal sobre os partidos? No entan:

to, é preciso superar essa «evidência», ja

que ela nos diz muito sobre o modo pelo

qual se define a politica do Estado, mas

nada sobre os interesses de classe servidos

por essa mesma política. Não basta afir-

mar que a politica de Estado é formulada

(1) sem maior participação de partidos, as-

sociações patronais,Igrejas, sindicatos,etc;

é preciso verificar B quem ela interes-

sa.

Quando se esclarece quais interesses deHasse comandam a política de Estado, per-cebe-se que alguma «parte» dessa «so-ciedade civibnão se constitui em objeto dadominação estatal, nem se encontra tão«inativa» quanto supõem os arautos da«sociedade civil». Esse fato fica obscure-cido quando se engloba o conjunto das cias-ses-sociais num todo - a «sociedade civil»— cujas partes estariam igualmente do-minadas pelo Estado -, tendo igual inte-resse em extinguir essa dominação. Essaconcepção tem suas raízes na fetichizaçãodo modo pelo qual se define a política deEstado, e leva a propostas políticas quecolocam num mesmo campo forças anta-

gônicas. Em tal erro incorre, por exemplo,Fernando Henrique Cardoso, com a sua

proposta de «reativação da sociedade ci-vil»: «Em poucas palavras: é preciso iritecendo os fios ria sociedade civil de talforma que ela possa expressar-se na ordem

política e possa contrabalançar o Estado,tornando-se parte da realidade politica daNação.» (2) O caráter néoliberal dessatese nào é difícil de ser detectado.

2A tese do«Estado bonapartisíaacima das ciasses

Igualmente criUcável è a tese que, em-bora reconhecendo, cm termos gerais, queo poder político continua a ser exercido, no

pós-64, pela burguesia, ressalva que tal

poder é exercido de modo indireto. Essatese obscurece o fato de a politica de Es-tado, nesse períodu, satisfazer pnorita-riamente os interesses de unia das fraçõesburguesas; isto é, desconhece a hegemoniade uma fração burguesa no seio da ciassedominante. Esse tipo de análise ignora, naverdade, a própria existência de frações noseio da classe dominante, por considerar

Jue, para além do interesse político geral

o conjunto da ciasse dominante (manu-tenção da propriedade privada dos meiosde produção (3) o da exploração do tra-balho, náo existem senão os interesseseconômicos imediatos de cada capitalistaIndividual. Esse é o caso de algumasanálises que atribuem um caráter bonapar-tlsta ao Estado brasileiro no pós-64 (4).

Tais autores, ao reduzir assim o interes-

se econômico da burguesia, ignoram que as

diferentes funções do capital aglutinam os

capitalistas individuais em subgrupos queBS definem como adversários na luta pela

Três tesesequivocadas(A

RESPEITO DE QUEM \DOMINA O ESTADO BRASILEIRO /

km nLA—m

——tB amam. fe~—--"T.*"

SaaarmTar-_¦ kaII BuSu

gj ¦iffilfj) *

por Armando Boito Jr. e Décio Saes

repartição do total da mais-valia extraída.Ao ignorar a existência de frações no seioda classe dominante são levados a in-terpretar toda e qualquer oposição que a

política de Estado por ventura encontre noseio da burguesia, como prova de que o Es-ta está sacrificando genericamente os in-teresses econômicos imediatos do conjuntoda burguesia para assegurar seu interes? -

político geral. Da existência desses atritosno Brasil atual, deduzem que a burguesianão exerce o poder político senão indire-tamente, através do grupo militar. Descar-tam, portanto, a possibilidade de o grupomilitar estar representando diretamente osinteresses de uma fração burguesa, nãoconsiderando a possibilidade de que osatritos entre o governo e alguns cap:*alistassejam a expressão da oposição das deme...frações à política de Estado.

A tese de que o

Estado serve igualmente

a todo o CapitalA eficácia da luta travada pela oposiçâc

popular, contra a ditadura militar, dependede uma definição correta de quem seja oinimigo principal e, conseqüentemente, doconhecimento de quais as forças suscetíveisde integrar a frente política de luta contraesse inimigo. Localizá-lo significa detectara fração hegemônica no seio do bloco nopoder. Mas como se exprime essa hege-monia? Não como o predomínio econômicode uma fiação burguesa sobre as demais,mas sim como a capacidade política, de-monstrada por uma fração, de fazer comque a politica econômica de Estado satis-faça prioritariamente os seus interesse.-,econômicos, em detrimento dos interesseseconômicos das demais frações. Ora, aanálise da politica econômica implemerirtada pela ditadura militar, ao longo dos u!-tunos quinze anos, evidencia a sua relaçãoprioritária com os interesses do grandecapital (grandes empresas industriais ecomerciais, bancos e sociedades fitian-ceiras).

Essa relação aparece claramente quan-do se examina as linhas gerais — e não assuas adaptações táticas — da políticaeconômica executada sucessivamente porKoberto Campos, Delfim Netto e MárioHenrique Simonsen. Na verdade, a poli-tica de crédito fácil ao que tem sidochamado de «setor dinâmico da indústria»(a grande empresa monopolista), os ser-viços prestados aoé' grandes monopólios im

periahstas (preocupados em assegurar 6

remuneração do capital investido no pais)pela orientação antiinflacionária — «gra-dual» ou «de choque» —da política mone-tária, o monopólio do acesso aos incentivosfiscais usufruído pelas grandes empresas;tais medidas constituem diferentes aspectosde uma política econômica que não fazsenão aumentar o quinhão do grande ca-

pitai monopolista na repartição do total damais-valia extraída. A outra face dessapolítica é a asfixia crescente da média em-

presa rural e industrial, sujeita a taxas dejuros extorsivas, bem como aos preços im-

postos por oligopsônios e pelas grandes in-dústrias (5 e 6).

Se a relação acima estabelecida entre a

política do Estado e os interesses do grandecapital é efetiva, ela deverá ser confirmadana observação da posição que o grande,capital tem assumido diante da politicaeconômica da ditadura. Ora, o grandecapital tem identificado a política econô-mica do Estado como correspondendo aosseus interesses, mesmo quando essa iden-tificaçüo se faz por via complexa, indiretae plena de tensões (7) (lembrem-se oscasos em que os interesses do grandecapital só chegam a prevalecer, ao nível dapolítica de Estado, após um bloqueio dasmedidas que os seus representantes re-putam danosas aos seus interesses i (8)).De resto, essa é a razão que leva o grandecapital a ver na ditadura militar um ins-trumento de realização da sua hegemonia:o «pacote de abril», muitas vezes consi-derado um exemplo da dominação do «Es-tado» sobre a «sociedade civil», foi ela-borado, convém lembrar, após a divulgaçãode um longo documento dos banqueiros queexigia, uma a uma, as medidas impostasdurante o recesso parlamentar (9). Essaidentificação não exclui, é claro, a possi-bilidade de uma oposição localizada deuma ou outra empresa monopolista à po-lítica econômica da ditadura militar. E queo sacrifício dos interesses imediatos de ai-guns capitalistas monopolistas pode ser,muitas vezes, necessário para a defesa dosinteresses econômicos do conjunto dafração monopolista — veja-se a situaçãoatual da industria automobilística frente ànecessidade do grande capitai de conter ainflação e de contornar a crise energética.

Finalmente, note-se que a hegemonia dogrande capital não exclui uma estreitasolidariedade entre os grupos monopolistase alguns setores da média burguesia, cujasituação dependente para com o grandecapital determina a aceitação das linhasgerais da política econômica pró-

monopolista, fi o caso da indústria de auto-

peças, cuja expansão depende da evoluçãodos negócios da industria automobilística.

Contudo a maior parte do médio capitalnao participa desse «bloco monopolista»;

ao contrário, temi na expansão do capitalmonopolista s maior rasio de suas dificui

dades. Não seria esse o caso da média in-dústria de bens de cojisumo leves, per-manentemente ameaçada pelo processo d«modernização» monopolística da economia?

É necessário concluir esta análise comuma advertência. O Estado brasileiro atuaiorganiza a hegemonia do grande capita ,sem deixar, todavia, de organizar a do-minação do conjutno da classe dominai.sobre o proletariado e demais classestrabalhadoras — função primordial de toeie qualquer Estado burguês (10). Isso sinifica que as frações não-hegemônicas daclasse dominante exercem, conjuntamercom a fração hegemônica, o Poder politicna medida em que o interesse político geral(manutenção da propriedade privada domeios de produção e da exploração dotrabalho) de todas as frações, hegemôni.e não-hegemônicas, é coincidente. E a essacoexistência de hegemonia de fração e deexercicio conjunto do Poder político que serefere o conceito de bloco no poder (11

São essas relações que explicam, de res-to, a posição contraditória da média bur-guesia frente à ditadura: De um lado, osseus interesses econômicos (de fração,levam-na a se opor à política do gran icapitai e ao regime ditatorial que a susteta. De outro lado, o seu interesse politicdeixa sempre aberta a possibilidade derecuos nessa luta- Essa posição contradi-tória da média burguesia se exprime, dcmodo característico, na oscilação politicada «tendência moderada» do MDB. E, en-quanto a média burguesia dirigir a frentepolítica contra á ditadura, a tendência zoscilação será dominante no seio da opa-sição democrática.

(1) Francisco Weffort, «Liberaís-regim.o paradoxo ideológico», em O Estado de S.Paulo de 31 de marco de 1979.

(2) Fernando Henrique Cardoso, Auto •

tarismo e Democratização, Editora Pa;Terra, Rio de Janeiro, 1975, capítuVII p. 239. Aqui estamos longe doconceito gramsciano de sociedade civil,

pois este designa a organização da bege-monia burguesa e não o conjunto das ins-tituições destinadas a promover a me-diação entre «indivíduo» e «Estado».

(3) E possivel a existência do capitalismosem propriedade privada dos meios deprodução; no entanto, esse fato não é capa-de levar os capitalistas privados a aceitarem o capitalismo de Estado como form?dominante de organização da economia.

(4) Ê o^caso de Jorge Pinheiro, no artigo«Um Luís Bonaparte?», Revista Versus, n"29, fevereiro de 79, São Paulo.

(5) Como ilustração, convém lembrar a

permanente circulação dos mesmos intíi-víduos por entre os cargos ministeriais e aoresidência das grandes empresas mono-

polistas. A esse fenômeno, tão bem co-nhecido dos leitores de Movimento, osanalistas políticos franceses chamam de«pantoufflage».

(6) Cabe lembrar que o capital monopolistano Brasil é, em sua maior parte, capit'ilimperialista. Na sua parte restante, talcapital, ainda que de origem interna,solidário ao capital imperialista, o que faz

com que a luta antiimperialista seja neces-

sariamente antimonopolista.

(7) Essas tensões advêm do fato de asdemais frações da classe dominante (la-tifundiários, médio capital industrial, etc;ocuparem posições no seio do aparelho d

Estado, embora este, no seu conjunto, cor>-tinue sob controle dos representantes do

grande capital.

(8) Eli Diniz Cerqueira e Renato Raul Bos

chi chamaram a,atenção para esse aspect'

do processo de tomada de decisões:

bloqueio, ou «comportamento reativo» dos

grandes empresários. Dos autores, ver

«Elite industrial e Estado: uma analise aa

ideologia do empresariado nacional noa

anos 70a, in Carlos Estevam Martins (org.).Estado de Capitalismo no Brasil, HUCIil:- CEBRAP, São Paulo. 1977.

(9) Tal documento apareceu na grande un-

prensa um mês antes da edição do «pseote

de abril». Consultar O Estado de Bao

Paulo, de 10 de março de 1977.

(10) Por isso, é incorreto afirmar, corne

fazem Sydney Sérgio F. Sólis e Cláudio

Roberto Frischtak, que o Estado Brasileir

«(...) é o Estado do Grande Capitai

(grifado no original). Ver, dos autores,

«Notas sobre a evolução da crise atuai

a questão da democracia», revista con-

tr aponto n" 2, p.82.

(11) Portanto, não existe fração burguesa

excluída do bloco do poder, ao contrário c

que afirmam Sólis e Frischtak, às pp. <« -

seguintes do artigo citado.

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MOVIMENTO 11 a Wll-.

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Supermercados: áveis por menos de 50% do abastecimento.

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Nn nnlniSn An _>/>nnnmlata Panl Cin<-~-.— wr.._..-v -w „„.».-.„.__..._ . ... __.»(«, asmedidas adotadas pelo governo podemresultar na «estagf Jnção», ama combinaçãosimultânea de recessão e inflação. E issoocorreria devido à acentuada presençados monopólios na estrutura industrialbrasileira.

Os preços dos supermercados foram congelados por um prazo de sessenta dias? Os supermercados desmentem

o governo e dizem que existe apenas « um acordo de cavalheiros», uma « ação psicológica» contra a inflação.

EMVKft)&0(X)NG_^^PSICOLÓGICO DOS PREÇOS

Convencido de que o atual surto infla-cionário tem uma forte «componente psi-cológica», o governo partiu para as pri-meiras medidas de impacto contra osaumentos dos preços. Chamada por algunsde fase «psicorrepressiva» contra a in-fiação, seu primeiro lance foi jogado comgrande estardalhaço na semana passada,ao ser anunciado o «congelamento» dospreços dos produtos vendidos pelos super-mercados por um prazo de sessenta dias.

Já na segunda-feira, os ministros daFazenda, Planejamento e ComunicaçãoSocial reuniram-se em Brasília com osdirigentes da Associação Brasileira deSupermercados (Abras), firmando com elesum «acordo de cavalheirqs» para conter aalta de preços. Como explicou William Eid,diretor da Associação Paulista de Super-mercados, o que se pretendeu com a me-dida foi «causar um impacto psicológico.avorável neste momento em que a eco-nom ia nacional está em convulsão porcausa de movimentos de reivindicaçãosalarial e, também, por causa do índicerecorde de 5,8% de inflação registrada! nomes passado». A tática do governo, segun-do um editorial do programa Vos do BrasUdo dia 10 seria através do congelamento, aae «ganhar tempo, obtendo uma reversãoda tendência atual da inflação até que sur-tam efeitos as novas medidas antiinfla-cionanas que a nação conhecerá nospróximos dias». Estas novas medidas — ol°!?;Pa(cole» contra a inflação - estavamsendo intensamente discutidas no decorrerda semana passada pelos ministros da áreaeconômica e seu anúncio oficial foi nova-u2 í

ad,Iado* agora Pflra • dia 18. em vir-rir, L

d,ver.8encias que estariam existin-do entre os ministros.

Depois do congelamento,muitas explicações

os EüLÜÜ ***d_* ° acordo entre ° governo e

SrarX i erc»ados para «congelamento » de

SroE»drUrante sessenta dias nâ0 deixou de

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e assmaturas. Nesse aspecto, aimportaní "SS» nSo deixa de ser ui^adefendS íífft parclal das posiçõesVida. pel° Movimento do Custo de

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"*"*«•*•¦ estante dis-in ao se trata de um congelamento

efetivo de preços dos bens de primeiranecessidade -- como carne, arroz, feijão,leite, ovos, óleo de cozinha — mas de umcontrole dos preços de todos os bens ven-didos pelos supermercados. E nem se trata,realmente, de um «congelamento», já queos supermercados se comprometeramapenas em não remarcar os preços dosprodutos que também não forem reajus-tados pelos fornecedores. Como explicouem Recife o próprio presidente da Abras,João Carlos Paes Mendonça, «não se tratapropriamente de congelamento de preços,mas de um esforço conjunto dos supermer-cados no sentido de restringir ao máximoos aumentos, por intermédio da recusa emcomprar dos fornecedores que tenham seuspreços aumentados, exceto aqueles auto-rizados pelo governo».

Ou seja*, a única coisa que os supermer-cados se comprometem a fazer é usar deseu grande poder de compra para pres-sionar os fornecedores a não aumentaremseus preços. Portanto, essa medida pres-supõe que os fornecedores dos supermer-cados devem se submeter, voluntariamentea uma redução de seus lucros, já que seuscustos continuarão a se elevar, no período,no ritmo da inflação. Estes setores terão deabsorver os aumentos de preços das ma-térias-primas e da mão-de-obra que ocdr-rerão i nesses sessenta dias. Poderão con-formar-se com isso ou então reagir buscan-do outros pontos de venda, recorrendo aomercado negro ou provocando a escassezde produtos não-perecíveis, como óleo decozinha, feijão, arroz, açúcar.

Proposta«absurda e inviável *»

Já no decorrer da semana passada,inúmeros empresários criticaram o acordoestabelecido entre o governo e os super-mercados, demonstrando pouca disposiçãode se submeter a ele. Em São Paulo, odiretor da Plásticos Trol, Dilson Funaro,disse que seu setor acabou de absorver umaumento de preços das matérias-primas eque terá de repassar parte desse aumentoaos preços de seus produtos, mesmo quevendidos a supermercados. Segundo ele, « ocongelamento de preços em um único setorda economia é impossível, por gerar dis-torções», afirmando que o congelamento sóseria viável se também atingisse os preçosdas matérias-primas, o que não ocorreu.

Com muito mais violência reagiram osempresários ligados à agricultura e à in-dústria alimentícia. O presidente da Fe-deração Gaúcha de Cooperativas de Arro?,Homero Guimarães, disse que o acordo en-tre o governo e os supermercados é «amais sórdida e audaciosa manobra degrupos econômicos contra o produtor na-cionai». As críticas convergiam semprepara o fato de o governo querer controlaros preços finais dos bens, sem controlar oscustos de produção. Na opinião do em-presário Odilon Populin, diretor-comercialda Germani — uma das maiores produ-toras de massas alimentícias do Paraná —,

a proposta do governo é «absurda e in-viável» e que, por isso, «as indústriasprodutoras de alimentos vão preferir es-tocar os |produtos a vendê-los, se nãohouver um controle do governo de ponta aponta, ou seja, da matéria-prima ao pro-duto acabado». Para muitos empresários,as medidas adotadas pelo governo bene-ficiariam apenas os supermercados, queantes de assinar o «acordo de cavalheiros»com o ministro da Fazenda, teriam remar-cado seus preços, elevado seus estoques eainda jogariam com a retaguarda oficialnos próximos sessenta dias para jque seusfornecedores não remarcassem seuspreços. De fato, aparentemente os super-mercados nada teriam a perder com oacordo firmado. Ao contrário, podemavançar rapidamente em novas fatias domercado que aos poucos vão monopolizan-do, contando com a possibilidade de muitosconsumidores, que atualmente não com-pram neles, virem a ser atraídos peloanúncio de preços «congelados». Isso re-forçaria, aos olhos da população, a imagemde que são os armazéns, os botecos, asvendas, os pequenos empórios etc,os gran-des «especuladores» responsáveis pela in-fiação, em contraste com os supermer-cados, que supostamente venderiam maisbarato.

Pobre não compraem supermercado

Na verdade, o fato de o congelamentoocorrer apenas em relação aos supermer-cados evidencia que o governo não estácentralmente preocupado com o abaste-cimento da maior parte da população — ade menor poder aquisitivo. Conforme dadosdo IBGE, de 1975, na maior parte do Pais osupermercado está longe de ser o principalponto de compra de alimentos pela popu-lação. Ele tem mais importância nas gran-des capitais e, mesmo assim, em nenhumadelas o supermercado é responsável pormais de 44% do abastecimento (caso deBrasília). Na área metropolitana de SãoPaulo, por exemplo, os supermercados con-centram 41% da venda de alimentos. Amaior parte cabe portanto aos armazéns,feiras, vendas e outros. Além disso, ossupermercados concentram-se nas zonasmais centrais das cidades, onde vivem aspessoas de mais posses. Portanto, a maiorparte da população do País e justamente amais pobre, será pouco beneficiada por es-se «congelamento*» de preços temporário.

Quais seriam os efeitos da «ação psi-cológica» do governo visando conter a in-fiação? Pode ser que o governo seja ten-tado a manipular novamente os índices in-flacionários dos próximos meses. Isto é, separa os futuros cálculos do aumento docusto de vida o governo utilizar somente ospreços «congelados» dos supermercados,ignorando os que se praticarem nos outrossetores do comércio.lno(mercado hegroetc,ele | poderá , conseguir, nas suas estatls-ticas, redução do nível de crescimento dainflação. E estará promovendo, uma re-

petição, em escala ampliada, da mani-pulação dos dados oficiais sobre a inflaçãaocorrida em 1973.

E o que aconteceráem junho?

A outra hipótese é que os planos dogoverno — depois de baixado o tão anun-ciado «pacote» no dia 18 — dêem certo.Como observou a Movimento o economistaPaul Singer, à primeira vista, após ospróximos sessenta dias, todos os preços quedeixaram de ser reajustados o serão deuma só vez, e o governo sabe disso. Ouseja, índices inflacionários menores nosmeses de maio a abril seriam largamentecompensados por um enorme aumento dainflação no mês de junho, que poderá si-tuar-se além dos 10%. No entanto, segundoS2°ger, a estratégia governamental seria ade combinar o controle dos preços commedidas monetárias baixadas através do«pacote antiinflacionário» para conter ademanda (conter o crescimento do nível decompra dos consumidores e o nível daatividade econômica das empresas). Apósos sessenta dias, a demanda estaria tão en-fraquecida que, supõe o governo, tanto osindustriais quanto os intermediários es-tariam pouco encorajados a aumentar ospreços, evitando-se assim um grande es-touro inflacionário em junho.

Para Singer, tudo leva a crer que há umgrave perigo de se lançar a economianuma recessão como fórmula de se di-minuir o impacto da inflação. Ele consi-dera que a possibilidade de o Pais viver umperiodo de «estagnação»)— ou seja, umacombinação simultânea de recessão e deinflação — é bastante grande, em virtudeda presença de empresas monopolistas naestrutura industrial do pais ser muito acen-tuada. Essas grandes empresas tendem emgeral a ajustar os preços a seus custos, quesão em grande parte determinados pelaseconomias de escala que podem fazer. Seforem baixadas medidas que provoquemuma queda na demanda — o que significaum menor consumo para todos os produtos,inclusive os das grandes empresas — estaqueda levará as empresas monopolistas areajustar seus preços para cima, na me-dida em que operarão com custos unitáriosmais elevados. Segundo Paul Singer, «issopoderá fazer com que estejamos no piordos mundos, tanto em termos de inflaçãoquanto em termos de queda no nível deatividade da economia».

Em Brasília, os ministros da áreaeconômica continuavam discutindo os úl-timos detalhes do «pacote » antiinflacio-nário, que deverá ser anunciado nestasemana. E no intervalo de acaloradas dis-cussões sobre o que fazer para conter opreço do quilo de tomate, ou forçar oreaparecimento do óleo de cozinha sumidodos supermercados, alguns deles compa-reciam ao restaurante Gaf para beber uis-que escocês e comer «perninhas de caran-guejo». (Veja na página seguinte.)

MOVIMENTOU a W/4/71

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5> de uísque, o ministro Antô-

ua Delfim Netto, gastou Cr$ 5

Mt.

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6( . _ •nia Delfim Netto, gastou Cr$ 5*

mil. na terça-feira da semana

passada. O Jantar, cujo pratoprincipal foi «picadinhe a Hum-berto Barreto», ficou em Cr$

3.500,00. Quem conta é o gerente do Gaf.

um dos restaurantes de Brasília frequen-tado por ministros, altos funcionários do

governo, parlamentares e diplomatas.Podem os responsáveis pela política eco-nômica do governo entender de fato o

que é inflação e sentir seus efeitos que serefletem no avassalador aumento do custode vida nos últimos tempos? Movimentoouviu uma dezena de pessoas, antigos eatuais membros do governo, jornalistas e o

gerente do restaurante Gaf, para mostrarcomo vivem nossos ministros. Manipulandofriamejite números e fórmulas, eles fixamos níveis dos reajustes salariais, discutem osumiço do óleo de cozinha e as taxas de

juros, e baixam «pacotes antüinflacioná-rios». Para um ministro, porém, pouco im-

porta se o quilo de carne custa Cr$ 50,00 ouCr$ 500,00. Afinal, a vida de um alto ser-vidor do poder executivo em Brasília éfrancamente saudável e mansa. E a docevida de ministros de estado.

Delfim, de volta ao Gaf

O ministro da Agricultura, Delfim Netto,sempre foi uma pessoa de finos hábitos,bom de garfo e de copo. Sua presença nosmelhores restaurantes do pais é famosa. OLe Bistrot, o Antônio'», no Rio de janeiro,

por exemplo, sempre foram assiduamentefreqüentados por Delfim. O ministro voltoua freqüentar o Gaf, seu restaurante pre-dileto desde a sua inauguração, quandoainda era ministro da Fazenda no governoMediei.ILocalixado no centro comercial Gil-berto Salomão, próximo ao setor de em-baixadas, o Gaf é um tradicional ponto deencontro dos privilegiados na capital fe-deral.

Habituais freqüentadores do Gaf são al-tas personalidades do mundo politico ediplomático, como o ministro da Justiça,Petrônio Portella e ainda o atual gover-nador do Distrito Federal, amigo e com-

padre de Figueiredo, o coronel Aimee La-maison. O atual ministro da Fazenda,Karlos Rischbieter, também costuma pas-sar algumas noitadas no Gaf, sempreacompanhado de sua família ou de umamigo, como o próprio Delfim. Os preçosdo restaurante justificam tantos astros:uma «entrad» de Salmão» custa Crf 450,00e uma champanha Moet Chandon alcançaos Crf 3.500,00.

O prato preferido de Delfim é o «pi-cadinho a Humberto Barreto», cuja receitaleva, entre outros ingredientes, filé commolho branco, petit poi. e banana à mi-lanesa. O «ptcadinho a Humberto Barreto»tem esse nome em homenagem ao ex-assessor de imprensa da presidência daRepública. Conta o gerente do restaurante

que. na terça-feira da .emana passada,Delfim esteve no Gaf, acompanhado doatual presidente do Banco Central, Carlos

Brandão e de mais dois amigos. Durante

algum*! horas o» gueto* ficaram no bar,

tomando uísque «-•«"•'•ípWilj^ Cr* _°,00

a dose. saboreando u"..tftüMÉvo coitfert:«perninhas de caranguejo?uJKconta já es-

tava em Cr$ 5 mil quando Oiümu ami

de Delfim resolveram voltar para casa.

Delfim e Carlos Brandão, porém, conti-

nuaram comendo e bebendo até altas horasda noite, ao som dos acordes de um pianode cauda, cujo executante -conhece as

preferências musicais de Delfim. Ao final

do jantar, Delfim e Brandão foram Mn-dados com a modesta conta de Crf 3.500,00.Não é raro um jantar desses alcançar cifras

que variam de 15 a 20 mil cruzeiros, fatoabsolutamente corriqueiro para os altosfuncionários do poder.

10 suites e 16 banheiros

Antônio Delfim Netto sempre primoupela originalidade. Um ex-funcionário dogoverno passado afirmou que ele «teve a

primazia de inaugurar a mordomia para osministros, quando essas regalias eramprivilégio exclusivo da presidência daRepública. Às custas do ministério daFazenda, no governo Costa e Silva, Delfimalugou o mobiliou um apartamento noedifício Sevilha, na Avenida Atlântica, noRio de Janeiro». Ainda no Rio, Delfim cos-tumava ir ao Antônio _ acompanhado deMário Herique Simonsen, quando este ain-da era professor da Fundação Getulio Var-gas e presidente do Mobral. Segundo umjpr.ialista, os dois sempre faziam umaaposta: quem parasse de comer ou beberprimeiro era obrigado a pagar a conta.

Quando Simonsen assumiu o ministérioda Fazenda, em 1974, foi residir em Bra-sflia numa mansão à beira do lago, quetinha sido a residência do ex-presidente doBanco do Brasil, Nestor Jost. X mão dis-

põe de 10 suites, dois amplos salões e ainda16 banheiros. Posteriormente, a pasta daFazenda comprou sua própria mansãoministerial, também no lago, localizadanuma área de 10 mil metros quadrados, queainda hoje é ocupada por Simonsen.Equipada com piscina, quadra de tênis, umcampo para o que é chamado de «futebolsoçaite», a mansão foi avaliada há trêsanos atrás em 14 milhões de cruzeiros.

A ilustrada família Simonsen costumareceber em casa algumas celebridades, en-tre as quais o grande mestre de xadrezMequinho, que sempre vai a Brasília parajogar com o ministro e com a sua mulherIliuska, uma arqueóloga que tem combhobby caçar jacarés. Certa vez, ela chegoua passar por alguns constrangimentos juntoao Instituto Brasileiro de DesenvolvimentoFlorestal (IBDF), por ter feito uma caçadafora da temporada oficial,

Piscina e uísque: relax

«Monumentais» é a palavra que define cque são» as mansões da Península dos MSnistros, no lago Sul. Foi com espanto quecertos ministros, se detpnraram pelaprimeira vez com as dimensões de suasnovas residências. O atual ministro doTrabalho, Murilo Macedo, hoje ocupa acasa do ex-presidfcrte do Banco do Brasil,Nestor Jost (a que dispõe de 16 banheiros)

*"Nos primeiros dlaT_e ministério, Macedo

chegou a confessar que nâo se sentia «à

*ummmiíin^3Tr^i\s.porém.,veio rápida: em São Paulo, durante

a greve do ABC, um repórter econômico,

ávido per notícias, ligou para a casa de

Macedo. Quem atendeu o telefone fofo as-

sessor do ministro para as «Relações de

Trabalho», Alencar Rossi: «No momento

ele não vai poder atendê-lo. O ministro estána piscina tomando um uísque, para serelaxar um pouco».

Os banquetes em Brasília são gran-

Siosos. «Churrasco de gaúcho só com carne

o Rio Grande», afirma um gaúcho queconhece bem o ministro da PrevidênciaSocial, Jair Soares. Desde que trouxe umVerdadeiro batalhão de rio-grandenses paraassessorá-lo em Brasília, as churrascadasnão param. E até hoje não ficou bem es-clarecido quem paga pelas grandes quan-tidades de carne trazidas do Rio Grande doSul para Brasília por funcionários do mi-nistério da Previdência Social. Em 1976,

quando estourou o escândalo das mordo-mias, o ex-ministro do Trabalho, ArnaldoPrieto, cujas despesas acusaram gastoscom gêneros alimentícios medidos emtoneladas, desmentiu a denúncia de quetransportava do Rio Grande do Sul paraBrasília,'100quilos decarne por semana. Naépoca, Prieto ficou conhecido como «oministro que come um boi». Uma fontecom livre trânsito no palácio do Planaltodurante o governo Geisel, afirma catego-ricamente: «ora, sempre foi assim, desde aépoca do Mediei. Naquele tempo o presi-dente mandava buscar carne em Uru-

guaiana ou Bagé, sempre quei havia chur-rascos. O Geisel também costumava darchurrasco, pelo menos uma vez por mês,na Granja do Riacho Fundo, para cerca decem pessoas, ele que não gosta de festas. Emuito churrasco tem também na Granja doTorto (residência do general Figueiredo). Evocê pode ter certeza, churrasco de gaúchotem que vir do Sul, porque eles não trocamsuas vacas por nada deste mundo».

Alta de 200%? tudo bem.

E quem custeia tanta festa f Os cofrespúblicos, naturalmente. Por maiores quesejam as suas despesas, um ministro nãotem por que se preocupar comgastos. Alémde altos salários, os ministros t&n à dis-posição generosas mordomias e facilidades,que tornam a vida muito leve.

Os reajustes salariais previstos no de-creto lei n° 1660 de 24 de janeiro de 1979,«para os servidores civis do poder exe-cutivo, dos membros da magistratura e doTribunal de Contas da União», estabelecemo salário de um ministro de Estado em Cr|55.255,00, acrescidos de uma representaçãomensal no valor de 70% sobre o salário,que dá um total de Crf 93.933,50.

«Foi Gelítl quem institucionalizou asmordomias, aue antigamente eram ilegais,imorais e além de tudo, clandestinas»,acusa um ex-assessor do Palácio do Planai-to. De fato, antes de entrar em vigor odecreto-lei 1.390, de 25 de janeiro de 1975,promulgado pele ex-presidente e que dispõe

Mm da

pjhs des-'pf «Vistas

sobre a utilização «-ocupaçãoadmijUstração federal em Bn

pesas de mordomias não er«-_ ,-.,...».em lei e ènetasivenem havia fórmulas paracontabilizar esses gastos. O decreto de

Geisel veio, no entanto, apenas tornar legal

uma ampla prática ilegal e corrente há

muito tempo. O decreto-lei n" 1.390 já prevêuma verba especial, que assegura ao mi-

nistro, além de recursos para os gastoscom a criadagem, a regalia de não ter que

pagar pela «compra de alimentos, serviços

de lavanderia, telefones (inclusive interur-

banos nacionais e internacionais), água,

gás, energia elétrica e conservação de

áreas verdes nos limites do imóvel» Essas

regalias foram ampliadas ainda mais com

o decreto n° 78.070, de 15 de julho de 1976,

Sue também regula a ocupação de imóveis

a administração federal.Tem mais: cada ministro tem direito a

um automóvel, geralmente um Galaxie ou

um Landau LTD, para seu uso pessoal e um

outro automóvel paraousode sua mulher e

família. Fica à disposição do ministro tam-

bém um jatinho HS, da FAB, que deveria

ser utilizado apenas em «caráter excep-

cional». Náo é segredo, porém, que esses

aviões são semanalmente franqueados aos

ministros para as suas viagens de lazer a

seus Estados de origem. «Durante cinco

anos, o ministro Armando Falcão voou, m-

variavelmente todos os fins de semana,

para o Rio de Janeiro no seuHS», afirma

um ex-alto funcionário do Palácio do

Planalto, acrescentanto: «o Ângelo Calmon

de Sá (ex-ministro da Indústria e do .o-

mércio) sempre viajava para Ilhéus, na

Bahia, para visitar as sua», fazendasj de

cacau e tomar banhos de mar. Outro que

viaja multo é o Simonsen, sue voa ate o

Galeão,de lá segulndopara Teres^ohs em

um automóvel atéa Vila Comari, onde pos-

sul uma magnífica casa». —Com os privilégios e as vantagens que

fazem doce e fácil a vida no Planalto Cen-

trai, os ministros e os altos funcionários do

governo não t.m como sentir o mínimo dos

efeitos da inflação, que hoje infelicita a

ampla maioria da população brasileira.Como confessou a Movimento um alto fun-

cionárlo federal, ligado á Secretaria do

Planejamento, cujo salário é de cerca oe

Crf 90 mil: «Olha, de fato se a inflação

aumentar em tantos por cento e os preçosdos alimentos subirem 200 por cento, eu

nem percebo. Na minha casa isso nao faria

nenhuma diferença. Eu só sinto o problemapor causa do meu trabalho e quase que

apenas no plano teórico».

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e o governo» desesperado,começa a admitir que as fórmulas tecno»cráticas nio servem para fazer eom que espreços subam menos, inflação virou «casode policia». O negócio agora é ameaçar,demagogicamente, os especuladores com acadeia. Como é que se chegou a isso? Oque é que houve? Como é que com tantoarrocho salarial os preços continuaram dis»parando? Por que é que um governo, queteve e tem tanto poder para reprimir ostrabalhadores, não conseguiu «reprimir» asaltas dos preços?

Bem,a fragorosa derrotada «redentora»,contra a inflação, não écoisa apenas dos últimos anos comoquerem fazer crer algunsideólogos do regime. A verdade é que a«redentora» jamais conseguiu colocar asaltas de preços sob controlemos dados es-tao ai para comprovar isso. E verdade quef'"facão baixou em relação ao período de1960-1964, quando atingiu 56% ao ano (emmedia). Mas, excetuando esse período, astaxas de inflação de lVtf4 para cá forammuito superiores às de anos anteriores. De?4La l950, a taxa média d« inflação foi de

íifá%5Jf.l_- a. I954» de «S* 5* e de 1955 a959, de 18,7%. Ja nos períodos da «reden-S2\«a,2 taxaLforam de 37-3* d« 196S aSn % de im a 1973 e M'4% de 1974 a„..l?Ü!.a derrota é ainda maia vergonhosaquando se sabe que a «redentora** pro-meteu controlar a inflação em três anos.isso consta do Plano de Ação Econômicado governo Castelo Branco (está lá, naePT3 l1'' \&*Ê* »** d« »% em 19»Sp ^"t,10* em 19M <«*• realidade foialhi%)*

Pa" cheaar lá, a «redentora»;SS°U

com as liberdades democráticas eadotou uma p0iItica de arrasa-quarteirãoiS?

efonômica, jogando a economiaStj!_*2 turva» *•*¦ «"«cessão. O economia»\Ji,Á

Serra' da Unicamp, em palestrajani?rnda,nausemana PaMada no Rio derece2riín)brou 0S

£*+** P°ntoa docom s a

°i -«nocrático aue prevaleceu,R,»™pla,

Ca?PM-Bu.hoes (ministro dóte noJa^entoeoda -fazenda respectivamen-•C no governo Castelo Branco):cargos1eqStÇiâv°osdaS tMÇ** "^ ^

PoderloqSiÇcâa01de ****** ™««*° d*• arrocho salarial;•eliminaçãoda

estabilidade no emprego;investisc:l!r?decrédit0Para<luc a» empresasvestimín^ menos com «M« r«c*«> do in»e íi»*- gente seria empregada-UâSS-J": mecadoria cairia; esse

e receita.?' das diferenças entre despesasnheiro S *para evitar a emissão dV di-vam as Pm

ecPocratas oüc^ considera-dos maiorl?

Ssoes -ff? ***** mortal, um

1964 eÍ£J*?0! d0? «overnosanterloresa'acào nã„ -ZÍ*** de dinheiro em circu-m«nto na n^í,aaac5mpanhada d« •"* au*

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D# Roberto Cmmfios a Símoutêm. sio 15 amos dê promessmsdêsmoralue*rdm*s dê acêbwr com a infUção. Por que o gover-uo, com tantos poderes, nâo conseguiu reprimir a alta dospreços?

A inflação ganha de goleada

Por Ricardo Bueno

ficava com uma quantidade maior dedinheiro em mãos para disputar as mesmasquantidades de mercadorias. Esse «leilão»puxava os preços das mercadorias para o alto.

Esse receituário tenocrático custou caroao País. A inflação continuou alta, apesardo desaquecimento da economia (as taxasde crescimento da economia foram de 2,9%em 1964, de 2,7% em 1965 e de 5,1% em1966). O aperto do crédito e o recuo dademanda levaram milhares de empresasnacionais á falência (do que se aprovei-taram as multinacionais para ampliar seudomínio sobre a economia brasileira). Odesemprego avançou. Essa politica co-meçou a desagradar até setores empre-sariais que tinham apoiado o golpe de 1964.Era hora de mudar (em especial porque ogoverno considerava afastado o fantas»ma da inflação galopante).

O reinado da dupla Campos-Bulhõeschegou ao fim, em 1986. Com o inicio dogoverno Costa e SUva, as rédeas da eco-nomia passaram para o controle deDelfim Netto. Este resolveu aceleraraeconomia rapidamente e abriu as comportasdo crédito. Como as empresas estavamcom enorme margem de capacidade ociosa,devido ao fraco crescimento dos anos an-teriores, a produção aumentou rapidamen-te. A demanda também, em virtude dasfacilidades do crédito direto ao consumidore da política de concentração da renda, quepermitiu aos que ganhavam muito aumen-tar ainda mais seus salários e lucros, ecomprar quantidades crescentes de pro-dutos sofisticados. Foram os anos «Jo«milagre» (1966-73), em que a economiacresceu em média 10% ao ano.

E a inflação? A inflação,recuoude25%,em 1967, para 15,7%,eml972.0s tecnocratasoficiais afirmavamqueoBrasil conseguira aproeza decombínar altíssimas taxas de crês-cimento com uma inflação em queda. Umfeito raro para um país capitalista, tantoque o «modelo brasileiro de desenvolvlmen-to» começou a ser estudado com grande in-teresse por economistas dos Estados

Unidos, da Alemanha, da Inglaterraetc ,, .Simonsen e Campos, cantando suas glórias,chegaram a afirmar que, «desde 1964, oBrasil vem conseguindo acumular um knowhow de politica antiinflacionária que nãoera conhecido nos textos da economia doinicio da década de 1960».

Que técnicas mágicas eran. essas, Muitcsimples: a) intensificação da política doarrocho salarial, com»- compi «viu. ÜlEESEem seu estudo «Dez anos de política sa*larial». Está lá: «Houve uma forte quedanos salários reais de 64/65 até 68/69, umaligeira recuperação de 69/70 a 70/71 paratornar a cair fortemente de 71/72 até o fimdo período» (ou seja, 1973, 74 ); b) controlede inúmeros setores industriais, através doConselho Interministerial de Preços (CIP).

Essas técnicas, combinadas com a vio-lenta repressão política, faziam com quetudo parecesse correr bem. Assim pen»savam, pelo menos, os tecnocratas oficiais.

Uma surpresa desagradável os aguar-dava. Com o rapidíssimo crescimento daeconomia, diversas matérias-primas co-maçaram a escassear. Máquinas e equi-pamentos também. E achar mão-de-obraqualificada (em alguns setores até não»qualificada) Já não era tarefa fácil. Sur-giram assim, a partir de 1972, uma série debarreiras físicas á expansão da economia.Matérias-primas e alimentos* começaram aser disputados no mercado negro a preçosmuito superiores aos estipulados pelostabelamentos oficiais. Em meados de 1973,afirmava o economista Paul Singer: «Sãosintomas de inflação reprimida, que co-meçaram a aparecer no ano passado, quandopecuaristas, frigoríficos e açougueiros re-duziram a oferta de carne, em protestocontra os preços oficiais, julgados insufi-cientes. Este ano, os mesmos sintomas vol-tam a aparecer, de forma mais aguda e,sobretudo, generalizada. Faltam à mesa doconsumidor, ao lado da carne, o leite e ofeijão, produtos considerados essenciais ádstro ac.yular. Mas faltam também os

automóveis: para certos tipos de carro, ocomprador tem que esperar dois meses emeio pela entrega a náo ser que pague um«extra», o que indica que está se consti-tuindo um verdadeiro mercado negro deveículos. E há escassez de matérias-primas. Os fabricantes de refrigeradoresestlo produzindo 15% abaixo de sua ca-paridade, devido á dificuldade de obtermatérias-primas. A produção de papel estácontida por falto de celulose. Também háfalto de fertilizantes e até de defensivosagrícolas, sendo a produção destes contidapelvfalta de embalagens...»

E evidente qae, eom tal escassos, osoreços dispararamJfas os aumentes alaapareceram nes fndtcsi oficiais, qae em>•fa»» a levar em conta os preços ta-tateáss. Os dades sobre inflação e eastedevida foram, •"_,- escaadalesaamite¦ ¦¦lliijsÉij em mi OfieiakMale. a av^^mVmmTm'9'oaçaa i»m*****). vm ***** T****MM*¦Isesslri Márle iSãrtane. Simeaia

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Quais as causas desse fracasso? Umadas principais, sem dúvida, foi que o go-verno Geisel (por inspiração de Simonsen)embarcou na canoa de que a inflaçãobrasileira era «de demanda». Haveria ex»cesso de dinheiro em poder público, paracomprar mercadorias disponíveis. Erapreciso, portanto, retirar dinheiro de dr-culação. A partir de 1976, os salários vol-taram a ser arrochados. Mais uma vezcabia aos trabalhadores pagar pelo com-bate à inflação, mesmo sendo evidente queos salários não eram a causa das dispa»radas dos preços. Afinal, os salários foramarrochados desde 1964 e a inflação náo2'ixou de avançar. Mas o ministro MárioHenrique Simonsen não parou por aí. Con-vencido de que a inflação era «de demanda»mesmo, resolveu tentar desaquecer aeconomia para què os preços ficassemmais bem comportados. Como desaquecer?Simonsen propôs cortes nos investimentospúblicos e apertos de crédito. O governo,temeroso de uma recessão, não embarcoucompletamente nessa canoa. Simonsenadotou, então, outra tática: liberou astaxas de juros. Os bancos receberam sinalverde para cobrar taxas de juros absurdasnos empréstimos ás empresas. Com di-nheiro caro, pensava o ministro da a-zenda, as empresas teriam menos ânimopara investir, e isso levaria á criação deum número reduzido de empregos. Menosempregos significa menos renda para con-sumir, o que por sua vez levaria à conten-ção da demanda. Pura ilusão. Os empre-sérios continuaram pegando dinheiro nosbancos, mesmo a taxas de juros salgadas-simas, porque suas fontes de recursospróprios eram insuficientes para levar osnegócios avante. O tiro de Simonsen saiupela culatra. O dinheiro caro elevou os eus-tos financeiros das empresas. Estas pro-curaram repassar esses custos para os con-sumidores, aumentando os preços dosprodutos que vendem. Resultado: a políticade altos taxas de juros acabou contribuindopara alimentar a inflação. E enquanto sededicava à tolice de atacar a inflação dedemanda, o governo Geisel deixava into-içadas as verdadeiras causas da inflaçãonos últimos anos: a redução da oferta degêneros alimentícios de primeira neces»sidade, que se tornou campo ideal paramanobras especulativas visando elevarpreços; a especulação no mercado finan»ceiro; os empréstimos a juros baixos agrandes grupos (não previstos no or-çamento da União, o que forçou o governo aemitir, só em 1977, cerca de Crf 82 bi»Ihões), etc., etc, etc.

E a inflação avançava enriquecendo osbanqueiros e (como sempre) penalizando ostrabalhadores, que, no entanto, já come-cam a demonstrar que não estão mais dis»postos a continuar pagando pelo que não f ize -ram.

KOV-MENTOlo;»,^ «*r

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1947íAT0BTÜKA ES

m**_

Por Teodomiro Braga

Este

parlamento não tem- força para levar o Exe-cutivo ao banco dos réus.Este é o principal argu-mento a que recor-reram para explicar suaposição os emedebistascontrários à constituição

de uma ComissãoParlamentar de Inqué-rito para apurar os cri*

mes praticados pelo regime em sua des-vairada repressão política. E, em socorrode seu argumento, recordam o insucessodas CPIs semelhantes constituídas pelaCâmara no passado. A CPI formada duran-te o funcionamento da Assembléia Cons-tituinte, em 1946, a fim de apurar asatrocidades praticadas durante a ditaduraVargas, foi dissolvida ao final dos traba-lhas da Constituinte e sem sequer ter con-seguido iniciar a sua tarefa. Renovada em1947, por iniciativa do deputado paulista,Plínio Barreto, da UDN, a CPI desapareceuno ano seguinte sem chegar a apresentar orelatório final. Outra Comissão de Inquéritosemelhante, na década de 50, teve resul-tado ainda mais infeliz Criada em 15 dedezembro de 1952, para apurar as torturaspraticadas contra presos políticos nopresidio naval do Rio, a comissão não saiudo papel. Os parlamentares emedebistascontrários à CPI da tortura também citama fracassada tentativa do Parlamento, em1961, de levar o então ministro do Exército,Odylio Dennys, a depor na Câmara sobreas violências feitas contra estudantes, emPernambuco, pelas tropas do Exército. Oministro nem leu a convocação que aCâmara lhe enviou: devolveu fechado o en-velope aos impotentes deputados.

E evidente que o governo vai colocartodas as dificuldades possíveis ao funcio-namento dc uma eventual CPI de invés-tigação das violações dos direitos humanosverificadas ao longo dos últimos 15 anos.Esta não e, contudo, razão definitiva parajustificar a desistência da CPI. A própriajustificativa apresentada pelo deputadoPlínio Barreto em seu requerimento aoledir a constituição da CPI enfoca exa-

lamente i dilema atualmente em discussãode notável atualidade: «Não desa-

pareceu, entretanto, ate agora, a neces-sidade de se proceder a tais investigações,pois que persiste o clamor público contraaqueles abusos e delitos», escreveu o de-putado, acrescentando em seguida: «Seriacontrário a todos os princípios de justiça econtra o espírito das instituições demo-crátiras que delitos e abusos que tantodepõem contra a nossa civilização per-manecessem impunes».

A segunda assinatura do requerimento éa do deputado F-uclides Figueiredo, tam-bem da UDN, pai do atual presidente daRepública. Ao lado do general EuclidesFigueiredo, que foi eleito pela Guanabara,também assinavam o requerimento algunsdos mais importantes representantes dabancada comunista no Parlamento:Maurício (Irabois, Jorge Amado, GregórioBezerra, Carlos Marighella, Osvaldo Pa-checo e João Amazonas. Eos mais expres-sivos representantes da UDN,como PradoKelly, Magalhães Pinto, - e inclusive, ohistórico Zezlnho Bonifácio, até recente-mente líder da Arena na Câmara, além dealguns parlamentares de partidos me-nores.

Na verdade a Comissão fora convocadacontra a vontade do partido majoritário, oPSD, graças à União da UDN e do PC e oapoio de diversos partidos menores O quetornou possível reunir o número de assi-naturas necessário à convocação da CPI,equivalente a um terço dos membros daCâmara —tal como pode fazer hoje, o MDB,independentemente da Arena. Outrarelativa semelhança em relação ao quadroatual: os principais responsáveis pela exis-tência das atrocidades que a CPI pretendiaapurar ainda continuavam, de uma formaou de outra, no poder: o ex-ditador GetulioVargas, como senador; o ex-ministro daGuerra, Eurico Gaspar Dutra, como novopresidente da República; e o ex-chefe depolícia, Filinto Müller, também como se-nador e, supremo acinte... membro daComissão de Constituição e Justiça.

Embora tivesse sido contrário à for-mação da CPI, o PSD, naturalmente, nãoquis ficar de fora da Comissão, escolhendo,por força de sua condição de partidomajoritário, quase a metade dos seusmembros.

Os membros mais ativos da CPI foram

Íustamente Euclides Figueiredo e José

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A bancada do Partido Comunista na Constituinte de 1946, que desempenhou importante papelna convocação do que seria a «CPI dos direitos humanos» daquela época. José Maria Crispim(o último na linha de frente, da esquerda para a direita) era o representante do partidona CPI. Luiz Carlos Prestes (o quarto da linha de frente) fez depoimentos, acusando astorturas de operários e também de sua mulher, Olga Prestes, entregue à Gestapo, atravésde navio cargueiro, no 7* mês de gravidez. Marighella (o sexto da linha de trás) foitorturado de modo a «fazer piedade a um coração empedernido», como disse naépoca João Mangabeira, deputado eleito pela UDN.

PC, sendo os dois responsáveis pela con-vocação da maioria das pessoas que de-puseram na Comissão durante o seu fun-cionamento. Crispim convocou para deporalguns dos militantes ou simpatizantes doPartido Comunista que mais sofreram noscárceres da ditadura. Euclides Figueiredo,por sua vez, foi responsável pela presençana CPI de alguns dos integralistas quecompartilharam com ele o sofrimento naprisão após o fracasso do ataque integralis-ta ao Palácio Guanabara. (1)

Internando os dissidentes

No decorrer de suas sessões, a Comissãoreuniu impressionantes depoimentos eprovas sobre os crimes praticados na di-tadura recém-derrubada. Provou, porexemplo, que a policia política internoucomo loucos, no hospital dos alienados D.Pedro II, no Rio, pelo menos dois presospolíticos — Elisário Alves Barbosa eDiocezano Martins, que não tinham ne-nhuma perturbação mental. Recolheudepoimentos sobre os mais escabrososcasos de torturas, como o odiento trata-mento concedido ao militante comunistaHarry Berger, preso durante quase doisanos.no quartel da Polícia Especial, no Rio,numa cela improvisada debaixo do corri-mão de uma escada — sem cama, mesa,cadeira ou banco; também sem luz e semar renovado. Sem poder falar com nin-guém, proibido de qualquer leitura e man-tido alheio a tudo o que acontecia do ladode fora da solitária, viveu nessa situaçãodurante quase dois anos — dos quais, du-rante mais de um ano, vestido com a mes-ma jaqueta e calça com que entrara naprisão, em outubro de 1937, depois que forasubmetido a «torturas indescritíveis». Ber-ger perdeu a noção do tempo e foi fisica-mente reduzido a «pele e osso». Quando foitransferido a Casa de Detenção, em ou-tubro de 1937, já estava irremediavelmentelouco.

Em quase todos os depoimentos à Co-missão, além dos nomes dos torturadores:sempre apareciam, quase invariavelmente!os nomes de altas autoridades do antigoregime, não só do chefe de polícia, FilintoMüller, mas também de Getulio Vargas eDutra, acusados de participação, direta ouindireta, nas atrocidades cometidas.

De todos os membros da Comissão,Euclides Figueiredo era o mais disposto alevar os trabalhos da CPI até as últimasconseqüências. Em agosto de 1946, quandoo deputado petebista Rui Almeida, daGuanabara, apresentou um requerimentoquestionando a inconstitucionalidade dasatribuições da Comissão, Euclides defendeufirmemente a sua legitimidade.

Ao final do depoimento de Carlos Ma-righella, então deputado eleito pelo PartidoComunista, Euclides Figueiredo lhe fezinesquecível apologia: «E impressionante o

depoimento do nobre deputado sr. CarlosMarighella. Reputo o dia de hoje de nossostrabalhos, talvez, o de maior culminânciaporque, tendo sido uma vitima corajosa, odeputado Carlos Marighella se impôs,apesar de tudo quanto acaba de revelarque sofreu, à consideração dos seus com-panheiros de prisão e ao respeito até mes-mo dos seus algozes. Tendo sido eu seucompanheiro de prisão, numa dessas fasesque acaba de citar, dou meu testemunho elouvo duplamente sua atitude. Como re-presentante do povo brasileiro aqui, prestouesse depoimento, e como cidadão desas-sombrado contou tudo quanto viu e sofreu».

« Não há perguntas a fazer, depois deexposição tão completa, tão lúcida», acres-centou. «Tal exposição, penso, não precisaser detalhada com perguntas. Quero, sim-plesmente, sr. presidente, fazer, ao finaldessa narrativa de coisas horripilantes,umas observações à nossa Comissão. Queroperguntar se poderia haver argumentosjurídicos ou constitucionais que impedissemou tentassem impedir-nos de continuara exercer nossos mandatos aqui dentro, sequalquer pedra que se puser sobre essescasos não eqüivalerá a fugirmos às nossasresponsabilidades, não significará a nossaconivência em abafar crimes tão odiosos».

Euclides Figueiredo também apresentouà comissão, no dia 25 de agosto de 1947, umrelatório escrito a respeito do depoimentodo jornalista David Nasser, onde ele vol-tava a insistir na necessidade de incri-minação das altas autoridades do regime.

«Servem (as informações apresentadaspor David Nasser) para dar maior relevoaos delitos da ditadura, para a responsa-bilidade que se deve apurar das suasmaiores figuras _ o próprio ditador e o seuchefe de polícia».

Transportado para a situação a atual, oGeneral Euclides Figueiredo estaria — ahironia! — identificado com o grupo eme-debista considerado radical pelo regime porpretender, através da Constituição de umaCPI semelhante à de 1946, a investigaçãodos delitos praticados durante os últimos 15anos e a apuração da responsabilidade dasprincipais figuras do regime — das quais oseu filho hoje é a mais notória. A morte deCarlos Marighella, a quem o pai do pre-sidente Figueiredo dirigiu aqueles me-moráveis elogios a respeito de sua conduta,é — ah ironia! - um dos odientos crimespolíticos a serem apurados pela eventualCPI.

A CPI de 1946/47, inicialmente, preten-dia ouvir apenas as pessoas que tivessemdenúncia a oferecer, mas acabou arrolandotambém, em suas convocações, pessoasacusadas-da prática de torturas e outroscrimes desta natureza. Sempre com apreciosa participação do general EuclidesFigueiredo, um de seus mais assíduosmembros, a CPI estava formando umlibelo cada vez mais violento contra aditadura estadonovista quando veio o gol-pe, no início de 1948: a cassação dos par-

ii ^ilBiliirarti

Euclides Figueiredo, na Câmara, em 1947:qualquer pedra que se puser nesses casosde tortura eqüivalerá a fugirmos às nossasresponsabilidades, significará a nossaconivência em abafar crimesdos mais odiosos.

lamentares eleitos sob a legenda do Par-tido Comunista.

Era preciso mais força

Depois da exclusão do PC do Parlnmen-to, a Comissão, evidentemente sem apresença do deputado José Maria Crispim(hoje exilado na Europa), ainda se reuniumais algumas vezes, até se esvaziar devez, desaparecendo melancolicamente erameados de 1948, sem apresentar o relatóriofinal e sem ouvir dezenas de pessoas.

Como se vê, a CPI não fracassou apenaspor causa de fraqueza do Parlamento dian-te do Executivo. Ela sucumbiu dentro deum contexto mais amplo, em meio à sériede reveses políticos que as forças popu-lares sofreram depois da conquista dademocratização, dos quais o cancelamentodo registro do Partido Comunista e a cas-sação de seus representantes foi o pontomáximo. O esvaziamento da CPI, mais doque as limitações do Parlamento, refletiu aprópria conjuntura política da época. Emostrou de forma insofismável, que, para

3ue não se repetissem mais aqueles fatos

enunciados na CPI, como proclamavamalgumas pessoas em seus depoimentos àComissão, as forças populares precisariamter uma força política muito maior.

De qualquer forma, apesar de ter en-cerrado prematuramente e, em consequên-cia não ter levado a responsabilizaçãocriminal nenhum dos responsáveis pelosdelitos que apurou, a CPI não deixou deregistrar significativas vitórias. Afinal,levou a questão das torturas e dos crimespolíticos praticados durante a ditadura aoamplo conhecimento da opinião pública,além de ter reunido para a história umdossiê das atrocidades praticadas na épocae que, infelizmente, seriam repetidas comvirulência ainda maior apenas três décadasdepois.

(1) Conforme registram diversos de-

poimentos, embora não fosse integralista,Euclides Figueiredo foi um dos participan-tes mais ativos do planejamento do ataqueintegralista ao Palácio Guanabara, ondeGetulio Vargas morava com sua família.

Segundo o almirante integralista NunoBarbosa, em entrevista publicada no Diáriode Noticias do Rio de Janeiro, em 13 de

setembro de 1955 e mencionada pelo es-

critor Hélio SUva em seu livro «1938: ter-

rorismo em campo verde»,«foi o próprioPlínio Salgado (em reunião realizada na

residência do dr. Lanari) quem apresentouo então coronel Euclides de Figueiredocomo incumbido da direção militar ao

movimento nesta capital». .„Além de diversas anotações de punno

Eróprio feitas no plano de ataque ao Et*

.cio Guanabara, Euclides Figueiredo atn-

da escreveu no documento:«Desta vez o

homem cai». O papel caiu nas mãos oa

polícia e ele, identificado, confirmou ¦

autoria da frase. E levou quatro anos ae

prisão.

MOmtimm^T^H

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17ironia db destine —1 Eucli*4**s Figueiredo, o pai do atual presidente tia República,

th, líder comunista e vitima do terror fascista.muntst*a e vntma ao terror jasctsia. ^

BANCO DOS RÉUS

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Bi<jfl Ht>.*^H

ietúlio (acima, â direita), senador eleito em 1M7. Situação semelhsate ss <.i principais responsáveis pele existência das atrocidades qae a CPI pretendia apurar aindaintitulavam, de uma forma os de oatra, so poder: o ex-ditador como senador, o ex-ministroi Guerra, Eurico Gaspar Dutra (à direita), como aovo presidente da Republica; e o ex-

hefe de polícia, Filinto Mnller (acima, à esquerda), também cemo senador e, supremo'cinte... membro da Comissão de Constituição e Justiça.

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I ^\w^ I Tr**,*m I I Jl

Comemoração integralista em 1934

David Nasser, Prestes, João Mangabeira e outrosdescrevem as torturas e acusam os seus mandantes.

Falam as vítimas do terror policialTrechos de alguns dos principais de-

limentos à CPI, que pretendia, com seurabalho, rontribuir para que aqueles fatosili denunciados nunca mais se repetissem.

De Olínto Semeraro, militante integralis-I, a 17 de julho de 1947:«Assisti a muitas barbaridades... Vi in-

estigadores, com alicates, puxar bicos deeios de mulheres; outros, como um sr.uencar, que era chefe de uma seção (dafliiçia), hoje com emprego na imprensa«ciai, queimar senhoras com jornais.

k"1 J0?os eram tratados com a mesmairbandade, até crianças. Vi uma criança,»m tres anos de idade, e soube que uminhor Caruso era acusado, como inte-a lista, de ter colocado bombas na políciantal e estava desaparecido - exilado,

ffi8 I na embaixada portuguesa. Umivestigador perguntou á esposa de Caruso¦ sabia onde estava seu marido. Como dis-3?/iaJque-nâ0 sabia» • investigador,m dado de Buck Jones, ameaçou queimarcriança com um charuto. Protestaram asssoas que se encontravam na sala (...)T.llmeaça foi levada a efeito (...)

úi n m m

?ssistiu a esses fatos o senhor! í?/a- viu ° estado em que fiquei.oia*-!?

d0 com cano de ferro e 'aca,ri otTTf .soladosoés.fizeram tudo, en-?rsrr*raá0

ful Para a policia especial, era.irí.Te5-

Já estava todo Preto e tiveatamento durante 40 dias

D°rpV<lquem assistisse a isso - esposaspresos violentadas na polícia. Como a'!e!norí°H Sr* „Agildo Barata- Também

fiS? d° sr Harry Ber«er, o qual foi

ScTZLmaÇuarico de *°ld*> * cima!a a'niJambém havia a tortura de más-¦* misníroa

comunuistas e integralistas.ada TZ t

era hermeticamente fe-

ClêtamíyIduo ei? colocado dentro,dela«WahH^ nu« havend0 ""»¦ "níueto'ha soprando^.1"8 "**"*<>> * <*™ ** *

iâpe^anínbN,raf'entâ0 deputad0 ,adera1'1 iulhn Ha VooN' díscurso pronunciado a 9

•ido nor r93. na.Camaw dos Deputados,

3Ide 2. HCarlos Marighella na sessão daae 21 de agosto de 1947:

»« anTlS 4hâo de comparecer à Cã-estàçio íprlst,

a rosí°' P°r ocasião daiero ve? a $*! do Estado de Guerra.Parir coí,

at,!tude da Câmara Quandoe se fei

m„ aqueles corpos mutilados. Oirlos Marffhin0

estudante de engenharia"* Piedad! !Ua

no dia l°demaio é de)

P dade a um coração empedernido..

Tudo isso se passou, realmente, sob achefia do sr. Muller. Tudo isso, de que aCâmara não tem noticia, monstruosidadescomo essa que degradam a civilizaçãobrasileira e desonram o nosso nome peran-te o mundo civilizado, tudo isso foi per-petrado por esse Chefe de Policia que hojetem a desfaçatez de aparecer de públicodizendo que o governo agiu com bran-dura (...).

Não me calarei! Não é possível que oscrimes e violência du governo fiquem im-punes. Há marinheiros e operários cujostornozelos, cujas carnes foram arranca-das, queimadas a maçarico.

Hei de trazer aqui, traremos todos nós,deputados que fomos demitidos, haveremosde trazer provas materiais do que se pas-sou com os presos».

Carlos Marighella, então deputado peloPartido Comunista, eleito pela Bahia, de-poimento em 21 de agosto de 1947:

«(...) guando, em 1936, em pleno Estadode Guerra eu me encontrava no DistritoFederal e ouvia falar das atrocidadescometidas pela policia do sr. Filinto Muller,não podia imaginar chegasse ao ponto queverifiquei, ao acabar nas garras da policia.

Contava-se que a policia mutilava, es-pancava até a morte e citava-se mesmonomes de pessoas que haviam desaparecidoapós terem sido levadas até a Bastilha darua da Relação.

Mais tarde, com a minha prisão — o queocorreu a 1* de maio de 1936 — pude cons-tatar que os fatos eram reais: a políciaefetivamente matava, espancava até amorte os que lhe caiam ao alcance da mão.

(...) Fui testemunha dos processos em-pregados com maçaricos, com que searrancavam as solas dos pés dos presos.ls-to se fez na Policia Central, ainda em 1940,

Suando se deu no Rio de Janeiro a prisão

e cento e tantas pessoas, que tiveram desofrer as mesmas torturas.

Já em 1946, conheci um marinheiro denome Justino, que não tinha uma parte dasnádegas; esto havia sido arrancada atravésde processos especiais empregados pelapolícia (...)

O processo adotado era este: arrancaros cabelos do corpo com alicates, além deoutros processos que nos deixam de cabelosarrepiados, como os que usavam com assenhoras. Isso a polícia fez no caso dacompanheira de um militante que haviasido preso, Sebastião Francisco: essa se-nhora acabou por suicidar-se.

Mas há ainda mais: nessa mesma sala

Santo Fé, um dos marinheiros de nomeMaximiliano, foi espancado com o chamado«box inglês». Um dos policiais, usando esseinstrumento, assentou um soco violento norosto do marinheiro, que caiu, esvaindo-seem sangue. Enquanto isso, outros invés-tigadores obrigavam um dos demais ma-rinheiros, cujo nome não me ocorre, aabaixar-se e lamber o sangue do que haviasido espancado, dizendo-lhe: Lambe, ca-chorro, o sangue de seu companheiro».

João Alves da Moto, ex-militar, expulsodo Exército, trabalhava em oficina me-•cânica:

«(...) Fui entretanto preso (em 1939) emCuiabá, por um primo do sr. Filinto Muller,por nome João Batista, e enviado paraColônia das Palmeiras, em Mato Grosso,onde fiquei cinco meses. E uma fazenda deum irmão do sr. Filinto Miiller, ondetrabalham os presos. Todos os operáriosque não concordavam com os ordenadoseram presos e mandados para lá. Traba-lha vam de graça. Recebiam um pouco defarinha e um pedaço de carne. Trabalha-vam de quatro horas da manhã até o pordo sol, sob um regime de cacete. O tal sr.João Batista tinha até um rosário de ore-lhas cortadas dos presos. Dou disso meutestemunho, porque o vi»,

David Nasser, jornalista, convocadopara depor na CPI na condição de autor deum livro sobre os crimes praticados naditadura, intitulado «Falta alguém emNurenberg», depoimento em 31 de julho de1947:

«Segundo relata Severo Fournier(N.R.:o comandante do ataque integralistaao Palácio Guanabara, em 1938), uma dasvitimas a que se refere meu livro, suamorte foi causada pelos agentes da dito-dura. Foi uma execução lenta e fria, desdesua prisão. O próprio general Dutra era deopinião que ele deveria ter sido fuzilado,mas parece que nâo chegaram a um enten-dimento.

Fournier ficou em uma cela úmida, atéque ficasse bastante gripado, depois foiremovido para outra prisão e colocado numlote de tuberculosos que morreram meiahora antes, no mesmo lençol, cheios dehemoptises etc. Contraiu então a tuber-culose, na prisão. Relato ele depois a di-ficuldade que tinha para poder tratar-se:não lhe deram assistência médica. Lutouoito meses para tomar pneumotorax.tirarchapa radiográfica que só quatro ou cincomeses depois foi possível e o depoimentodele, de próprio punho, assim o revela.

Quando ia ao Instituto Médico Legal tirar achapa, o aparelho já estava defeituoso.O pai dele se propôs adquirir a lâmpadamas objetaram-lhe que isso só seria pos-sivel pelos canais competentes, o que só severificou quatro ou cinco meses depois. Adoença, lenta e insidiosa, dominou-o e veioa morrer de tuberculose adquirida na prisão.

(...) Em certo ocasião o pai de Fournierpediu ao sr. Filinto Muller que tornasse

mais humano o tratamento do filho e re-cebeu como resposta que a única coisa queele poderia fazer era entregar-lhe o ça-dáver do filho quando morresse, foi a rés-posta textual».

Luiz Carlos Pre»:.-« então senador,eleito pelo Partido Comunista, — depoi-mento em 8 de setembro de 1947:

«(...) Ornais doloroso, porém, duranteminha permanência no quartel da PolíciaEspecial foi assistir ao que se passava comoutras pessoas, cujas categorias não possodefinir, porque não pude falar com elas.Eram operárias, inclusive mulheres — poisouvia os gritos pela janela do meu quarto,através do qual, olhando enviesado, se per-

2»ebia a garagem da Polícia. AU todas asnoites, desde às 10 ou 11 horas até altamadrugada, às 2 ou 3horas da manhã, seouviam e viam as mais degradantes cenasde espancamentos, provocando gritos do-loroslssimos. (...)

(...) Chamo particularmente a atençãodos ilustres membros da Comissão paratudo que assisti quanto a espancamentos naPolicia Especial. Muito mais do que eu, so-freram os homens do povo, operários,marinheiros, inclusive mulheres, nas mãosdos policiais. Os culpados por todos essescrimes não são somente o chefe da Policiada época, o delegado da Ordem Política eSocial Miranda Corrêa, para o qual apeleivárias vezes, o coronel Riograndino Kruel,inspetor de policia, cuja presença mais deuma vez exigi para protestar contra asviolências, o comandante da Policia Es-pecial, seu imediato, homem já idoso, masque assistia a tudo impassível, de nomeVitor Hugo. Culpados também são os mi-nistros da Justiça da época e o ditador.

,(...).(...) Sr. presidente, antes de terminar o

depoimento, desejava falar sobre o dolorosocaso de minha esposa.

Ela era alemã e se bem que não possuis-se documentos .comprovantes do casamen-to, em conseqüência da própria situaçãoem que nos encontrávamos de perseguidospolíticos, nunca negamos essa situação etudo envidamos para legalizá-la.

Presa comigo, já no sétimo mês degravidez, foi arrancada da Casa de De-tenção, sob os protestos dos reclusos, e en-tregue ao nazismo. Acentuo, sr. presidente,que ela não foi expulsa do País, mas en-tregue ao nazismo. Embarcada num naviocargueiro alemão e acompanhada de doispoliciais brasileiros, foi entregue, em Ham-burgo, á Gestapo, juntamente com a esposade Berger.

V. Exa. há de compreender, sr. presi-dente, que colocar num navio cargueirouma mulher no sétimo mês de gravidez éuma tentativa de assassinio. Um grandemovimento de senhoras inglesas conseguiuque não fosse ela imediatamente sacrifi-cada pelo nazismo, o que aconteceu, no en-tanto, em 1941. A criança nasceu na Ale-manha e minha mãe conseguiu tirá-la des-se pais em janeiro de 1938. (...)»

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A prosonço dos Cbo/os dssoUomas Xavoato om Brasília,om meados io mês passadopassado, agressivamente dis*

postos o * limpar o Funai* do

maus olomontos, foi mm oco*'tocimonto importante nm bis-tórim dos lutas do índio brm*siloiro. A vitòrin conseguida,ainda quo parcial, nio deixa do

sor rolovanto: através do umaatitude firmo, os. cbofos o

guerreiros Xavante conse-guiróm quo a maioria dosmaus o corruptos diretores da

Funaifossom substituídos.O ropórtor do Movimentol

Murilo Carvalho, acompanhoudo instante a instante aspressôtio discussões dos Xavantes

0

vento do amanhecer é

gostoso, soprando livre

pelo cerrado e balan-

çando a bandeira do Bra-sil que dois guardashasteiam em frente aoantigo prédio do Minis-tério do Interior, emBrasília, onde funciona

agora a FUNAI - Fundação Nacional do In-

dio. No pequeno estacionamento que rodeia o

edifício, alguns índios Xavante esperam,

pacientes, que as portas se abram e os fun-cionários comecem a chegar. Ali estão os

principais chefes das aldeias e os mais des-tacados guerreiros — os matadores.

Viemos falar duro com o presidente daFunai. Chega de ladroagem e injustiça comíndio. Viemos com disposição, prontos quenem na guerra, que isso também é guerra.Tomam a terra do índio, deixam os fazen-deiros lá, e os funcionários maus da Funaificam, não tiram e querem tirar os bons, osamigos dos índios vão embora. Vamos falarduro, mandar embora da Funai os ruins, quesão como raiz podre — não dá fruto —, emandar ficar de volta os bons, como oCláudio, o Odenir, o Olímpio Serra, amigosdo índio.

Mário Junina, João Evangelista, Sorum-

pré, Gustavo, Aniceto, Apoena, Luiz, Tomásao todo 27 guerreiros — estão começando

outra batalha da guerra Xavante. Desta veznos corredores de Brasília, bem diferente desuas matas destruídas, dos cerrados onde acaça míngua, mas uma batalha importante,talvez uma das mais importantes que játravaram os guerreiros Xavante.

t

índio: o que deve morrer

A.s lutas dos Xavante contra os brahcos éuma longa série de combates e fugas, quecomeçou ainda por volta de 1784, com as

primeiras tentativas de pacificação por umtenente dos Dragões, José Rodrigues Freire.Os Xavante, arredios, foram atacados pelosbrancos, auxiliados por alguns Caiapó;muitos foram mortos 0 alguns feitos pri-sioneiros e levados para a capital da provín-ci* de Goiás. Começava a pacificação Xa-Vante, que, ao longo dos anos, foi se tornandocada vez mais violenta, cheia de traições,mentiras e mortes.

Os velhos caciques passaram então a in-ternar-se com seu povo cada vem mais paradentro dos matos, atravessando rios, pro-curando esconder-se dos contatos com osbrancos. Mas de pouco adiantou. As fazendasde gado iam chegando, os bois, os pastos eas inatas sendo destruídos, a caça espan-tada, a terra encolhendo sob os pés dos

guerreiros. Já reconhecidos como selvagense hostis, por não aceitarem de boa paz a in-vasão dos brancos, eram dizimados sempre

quo possivel, e os fazendeiros que começa-ram a chegar à área há cerca de 30 anos,ainda se vangloriam até hoje da «limpeza»

que fizeram entre os Xavante.Na história recente da colonização de

Barra do Garças e São Félix do Araguaia,os Xavante ocupam um papel de destaque:eram o empecilho a ser vencido pelos fazen-deiros. Os empecilhos Xavante começaram aser removidos pelo sertanista FranciscoMeirelles que em 1946 chegou na região,subindo o Rio das Mortes. Mais tarde os

firópnos fazendeiros iniciaram a seu modo a

impeza da área, que concentrava grandenúmero de aldeias, espalhadas desde o RioColuene até as proximidades do Araguaia.

Mas as principais aldeias, há pouco maisde 25 anos, estavam localizadas justamenteonde é hoje a fazenda Xavantina, que, depoisde aberta por um grupo norte-americano, foicomprada por brasileiros e é dirigida pelogeneral Clovis Ribeiro Cintra, e segundo cons-ta, tendo como um dos sócios o ex-ministroNei Braga, atualmente governador nomeadodo Paraná. Na verdade a sede da fazendaXavantina está exatamente onde era a prin-cipal aldeia velha Xavante - Parabubure —,

além dos mais importantes cemitérios, hojeprofanados.

Um pouco mais ao norte, próximo aomunicípio de Sáo Félix, estavam as aldeiasnovas, que acabaram sendo invadi4a«. esua

população transferida à força para outras

áreas, a fim de limpar o terreno para a im-

Elantação do projeto agropecuário de Suiá-

íissu, do grupo Ómetto, que há alguns anos

vendeu-o ao grupo Liquigás. Das famílias

que moram na área poucas sobraram, res-

tando hoje quatro famílias na reserva de Sâo

Marcos e três em Couto de Magalhães; o res-to morreu ou foi morto.

A GUERRA SEM

Foto Murilo Carvalho

Caciques e guerreiros xavantes em Brasilia:vamos ficar até limpar a Funai.

Ar W , m* -..ir

« A finalidocupação doa abertura iindígenas tidas mesmas,Fundação llatifundiária

povo, can..

fiscais, vaiio pequeno,o posseiros

(Padre A%\\

Mas os índios resistiam e náo se entre-

gavam sem lutar. Escaramuças se inten-sificavam e no princípio de 1950 grupos defazendeiros passaram a fazer expedições

punitivas contra os Xavante, e a primeirabatalha de porte se deu a 8 km de Xavan-tina, sem entretanto alterar nada. No anoseguinte, liderado por Alipão e Otacílio(fazendeiros que ainda hoje vivem na re-gião) uma expedição atacou a aldeia deParabubure.

Golpe final: sarampo

— De madrugadinha eles vieram, todos osíndios estavam dormindo. Deixaram lá oscavalos amarrados; eram três horas damanhã, onde é hoje a cabeceira da pista de

o uso da Xavantina.E pegáramos índios desurpresa. O fogo comeu e nós nem vimosdireito, pá, pá, pá, mataram mais de muitagente, mulheres, crianças — conta um velhoque estava na aldeia e saiu de lá com algunsferimentos.

Como os índios ainda insistissem em ficar,os fazendeiros resolveram dar um golpefinal, colocando roupas com vírus de gripe esarampo espalhadas em torno das aldeias, nocaminho das roças, para que Xavante asachasfem. O resultado foi bastante rápido:uma forte epidemia grassou nas aldeias, e osXavantes começaram a morrer em grandequantidade, uma vez que seus remédiostradicionais nenhum efeito surtiram no com-bate ás novas doenças que desconheciam. Asalda foi encontrar os brancos boas, fugindopara os postos do SPI que se instalavam na

região ou para as missões Salesianas que jácuidavam dos Bororó.

A área principal Xavante foi então mo-mentaneamente abandonada e rapidamenteocupada pelos fazendeiros Mas os índios nãotinham intenção de permanecer longe de suaaldeia velha, e assim que se sentem maisfortes, alguns grupos, liderados por BeneditoLoase, retornam a Parabubure, encontrandoa aldeia já ocupada pela fazenda Xavan-tina. Impossibilitados de se aproximar;fixam-se por perto; construindo outras ai-deias na região.

O grupo americano que instalava a fa-zenda, procurou então o SPI e propôs umacordo. O sargento Ivan Baiochi (na épocado SPI e hoje delegado da 7a DR da FUNAIem Goiânia) resolve atender os apelos dosamericanos e transferir os Xavante da áreapara outras reservas. Mas os Xavante nãoaceitam e quase começam uma guerra. Ain-da hoje a luta continua e por diversas vezesos Xavante ameaçaram tomar a fazenda,que mantém constantemente 300 peões pron-tos a receber os Índios á bala. No mês pas-sado mesmo, um grupo de soldados da PMde Mato Grosso foi levado em vários aviõespra a fazenda Xavantina, onde se entri-cheiraram com fuzis e metralhadoras, atrásde sacas de arroz, para impedir os índios dese aprumarem.

Fazendeiro entra no pau

Esse mesmo clima de tensão tem sido cons-tante em todas as outras áreas *.*jff»*¦

ainda não demarcadas. No começo *

por exemplo, os Xavante incendiara»fazendas na reserva de Pimenteit™expulsando alguns fazendeiros.como resultado de sua atitude firme,

ser assinado há três semanas o r

presidencial que lhes devolveu parte o

primitiva da reserva.

Apesar de vários decretos e

demarcação, a verdade é que a i

áreas Xavante ainda hoje se c

vadida por brancos, e só mesmo o»1

onde os próprios índios enfrentaram»os fazendeiros é que há uma relsw*

qüilidade. Assim foi, por exemplo, m

va de São Marcos, que mesmo\m

delimitada ainda estava entranhadsoedeiros renitentes. Alipão, Manoel»

Manoel Brito, Otacílio, que «»'

combatiam os índios, decldlraawXavante se armaram e preP**r3tirá-los á força. Era o começo de

~

PM, como sempre do lado dos m

decidiu que era hora de desarmar m

Mas o Xavante foram mais íofWJv•*

com a policia e ainda conseguiram ¦

armas extras. Nessa época o m

Alipão tentou envenenar alguns w*

gerou uma revolta maior e fez cmm

grupo, liderado por Juruna; **

Cipriano, chefes <fe aldeias em m*

atacasse a fazenda. Prenderam

amarraram-no e o levaram aw •

«Apesar de ser o mais valente, W'l

a sair» afirmam sorrindo os ind»»-u

contam, meio misturada, a hision*

lutas. a

Mas Otacílio, irmão de AUpã^]

resistir e vingar-se. ReunmJ.1"homens bem armados, entnnci**

»>.VfO xo t\. xtn/if* ^'«mmitotf*1

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0, conversou com todos

chefes • mais tarde os

mpanhou para suas áreas

Hiato Grosso* onde* em

m do Garça, estava sendo

julgado o fazendeiro JoãoMineiro, que comandou achacina de Meruri, assassinaido o Pe. Rodolfo Lubenhein,o índio Simão Bororó e um

jovem de H anos* Muriloapresenta aqui seu relato, queé na verdade um pedaço dahistória do índio brasileiro,esquecido, humilhado, des-

truído, mas que aos poucoscomeça a despertar paraa necessidade de abrir umanova frente de luta pela sualibertação.

m DOS XAVANTEStai é possibilitar a

)S vazios (de bois),

j nas áreas

to seguro através

palavra, a Funai é a

do Investidor, do

om o dinheiro do

vis de incentivos

donio,

José Soruprée sua borduna:a importânciade falar duro.

Foto Murilo Cirv-Wio

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Foto B. giaccaria • A. heide

Roohã: no corpo,as marcas dasbalas dos fazendeiros.

____£_' .utlllfzaundo-se até mesmo de doiscanhões dc fabricação caseira. Os índios

boa nar?' Lorna/am a fazenda, entregando

ScfaarFeed;S.faZendeÍr0S C áaS armaS à

DuiLluia Confin,uava. Os fazendeiros, ex-

índio, í! Um la.do' invadiam

por outro; osíndios esquecendo velhas inimizades tribaispara se umrem contra o verdadeiro inimigo

£TJ'-mtim outro «rup°de fa«n-ve Lf

]!.ntou contra os «avantes, desta

sínlpnt h S P°r Vald0n Varíâ0- «tual

ório Hp rde lenador tônico, dono do car-

K. _nre£Utro de imóveis. ex-Prefeito de

MU_i_ Ã parças- AP°iad<> Pelo chefe de

C aiírt Barra' mai°r PM Moacir Couto

ffiuSS i Peri"a,}ece no cargo) e pelo

21 federal da Arena, Ladislau (o

dentro ri» ,resolYe" -"ar um patrimôniopSwirrí

ea l?dI8ena, levando para láSR _Lcom

° fJm de 8erar uma guerraP bem!qUenos,' de maneira a -riar um<V coXf

°clal,.e ?a_s tarde aproveitar-se

wntra 1°: aflna1' é mais «mples lutar

Wbo de L.posseiro d0 Que contra umade»75

Jáínte_C..aJ0Sa eícoesa- Em j_lh0

em 76 a \?i_ au3?0 P0-seiros no povoado e

soas. a abn8ava mais de 1.000 pes-

Funai vende a terra

resSivneradmos.nde jentar dialogar, os índios

Derru&lnavad,r e destruir ° Povoado.rat|ae nã?dalpontM' -^pediram » es-

tos de Barr,eixaram mais que suprimen-«solado

^r?HW|MiMB até o povoado,no centro da área indígena. Aos

poucos, os posseiros, postos ali pelo biônicoVarjão, foram cedendo e acabaram aban-donando a área. Os índios destruíram todoo povoado e agora restam apenas as ruínasdos casebres.

Mas a tranqüilidade ainda está longe dechegar para os xavantes. Várias reservasainda não foram demarcadas, e outras oforam arbitrariamente, tirando-lhes gran-des áreas de terra em regiões tradicionaisde caça.

Durante todo esse processo de luta pelaterra, a Funai, como entidade, praticamen-te nada fez pelos Xavante. Um ou outrofuncionário mais consciente, capaz de en-tender e amar o índio como companheiro,permaneceu ao lado dos Xavante, denun-ciando, fazendo relatórios á direção daFunai, enfrentando as ameaças de mortedos fazendeiros. Mas pouco puderam fazer,pois a maioria da direção da Funai estavametida até o pescoço no processo de en-trega das terras aos fazendeiros. Até mes-mo um dos funcionários da Funai, na épocaresponsável pela demarcação das terras,chegou a trocar os nomes de dois córregose diminuir a área Xavante em milhares dehectares, que depois ele mesmo loteou evendeu, além de se ter tornado um dosgrandes fazendeiros da área.

Por esse tempo os fazendeiros come-

çaram «a ter razão» segundo afirma Diogo,um dos principais criadores da região. Poistodos receberam um atestado de ausênciade índios em suas terras, passado pelaprópria Funai, num intenso esquema decorrupção. A situação estava tão confusa econflitante, que o Ministério do Interiormandou instalar uma Comissão deInquérito para apurar as irregularidades e

responsabilidades de funcionários da Funai

na venda de terras e de certificados frios.A Comissão, auxiliada pelos Índios e por al-guns funcionários de campo, apurou o en-volvimento de vários diretores, principal-mente da Dra. Laia Mattar, responsávelpelo Departamento de Terras da Funai, deGetulio Barros, assessor jurídico, de JoséAguiar, diretor do Departamento Geral deOperações e outros. Mas como o Inquéritoera secreto, foi parar não se sabe onde,desaparecido nas próprias gavetas doministério. O coronel Joel de Freitas, queconduziu o inquérito, acabou oedindoafastamento da Funai, desgostoso com opouco caso e a impunidade dos funcionárioscorruptos, acobertados pelo general Ismar-th de Araújo, então presidente da Funai.Na verdade, o que acabou acontecendo foidemissão por justa causa dos funcionáriosque haviam descoberto as falcatruas contraos índios: o antropólogo Cláudio Romero eOdenir, indigenista.

— Nós viemos limpar mesmo essa Funai,e pedir que rasguem a ordem de demissãodo Cláudio e do Odenir. Eles deixam os la-drões e botam os bons pra fora, os amigos doÍndio. Nós viemos corrigir, mostrar que estáerrado, que o direito é perguntar ao índioquem é funcionário bom, quem é ruim. Maseles fazem tudo no nariz deles, isso é errado.

Na porta da Funai, esperando abrir, osXavante procuram falar com os jornalistas,contar o que vieram fazer e buscá-los comotestemunhas dessa nova batalha. Os fun-cionários vão chegando e aos poucos osXavante sobem pelos elevadores, aos poucosenchem os corredores, entram nas salas ecomeçam sua guerra de pressões, que vaiterminar numa boa vitória, quando conse-guem a demissão de toda a direção da Fu-

*', .-¦.NYi

nai, embora nenhum funcionário acabassesendo punido (ver Mov. 196).

Mas a situação da Funai, como órgãocaótico e mal administrado, fica bem claranas declarações do ex-secretário do Cimi(Conselho Indigenista Missionário), Pe. An-tônio Iasi Jr., em seu depoimento na Câmarados Deputados durante a CPI do índio, em1977: «A finalidade da Funai é possibilitaraocupação dos espaços vazios (de boisi, aabertura das estradas nas áreas Indígenas e *

o trânsito seguro através das mesmas. Numapalavra, a Funai é a Fundação Nacional doInvestidor, do latifundiário, que. com d di-nheiro do povo, carreado através d tncen-tivos fiscais, vai desalojando i pequenoproprietário, o posseiro, o índio»

Ladrão e prostitutana chefia do posto

E até mesmo nas bases, onde a falta defuncionários qualificados e grande, chega-sea situações que, se não fossem tão trágicas,seriam irônicas. No posto indígena de Ko-luene, por exemplo, um dos principais al-(.eamentos Xavante, até há pouco tempo haviaapenas dois funcionários: Jamiro e Leia.Leia acumulava seu cargo na Funai com adireção de um cabaré, onde também fatu-r.iva seus extras como prostituta. E JiiMm.ti chefe do posto, foi preso em flagranteriitlbmido um carro em Brasília, justamenteii»• (lia em que os Xavante chegavam comsuas reivindicações.

Depois das promessas do Ministro do In-terior, Mário Andreazza, a quem os Índios jáolham com desconfiança, os Xavante deci-dirani voltar às aldeias, assim que conheces-sem o novo presidente da Funai, AdemarRibeiro da Silva.

— Vamos confiar pia ver se eie é bom.vamos deixar sete Xavante aqui todo tempopra olhar se não vem mais porcaria ai. Agente vai trocando, vêm uns vão outros, massempre vai ficar uns Xavante aqui cmBrasilia pra controlar o presidente Ademar ever se ele não faz coisa errada. A gente vaiconfiar nele ainda, ele, nos conhecemos.

O presidente contrabandista

Mas a confiança dos Xavante n«« ex-dá"' ! •

do DNER tem uma séria ra/a< pra seTvão. No ano passado o etiuei ' • iro Ad '. ~rRibeiro da Silva foi denunciai pelo 1 h :<.* do2" Núcleo de Polícia do 1 Distrito Rodo-viário Federal, sediado no Amazonas, JoãoCarlos Barreto Costa, por fazer um con-trabando de quase três toneladas de ele-trodorrfésticos, retirados ilegalmente da Zona __,'Franca e apreendidos pessoalmente pelochefe dos patrulheiros federais. Mas as pres-soes e as reconhecidas amizades de Ademarforam tão grandes, que a muamba foi pas-sada pra frente e o patrulheiro João Carlossumariamente despedido, depois de recebergraves ameaças. Seu relatório, lido na Câ-mara pelo deputado Mário Frota, é extre-mamente minucioso e torna impossível qual-quer defesa do engenheiro Ademar, que saiuincólume do episódio e ainda foi premiadocom o cargo de presidente da Funai, por ser«muito amigo dos índios» enquanto abria es-tradas na Amazônia.

Enquanto os Xavante retornavam parasuas áreas, estava sendo julgado num júripopular, em Barra do (.arcas, o fazendeiroJoão Mineiro, que, comandando um grupo dehomens armados, chacinou o Pe. RodolfoLebenkein, o índio Simão Bororó e ummenor, além de ferir dezenas de índios, namissão salesiana de Meruri. Os Xavante,vizinhos dos Bororó e sofrendo as mesmaspressões, tinham grande interesse em vercondenados João Mineiro e sua gang. Masnão puderam assistir de perto ao julgamento.Temendo algum confronto, a Funai levou-osdireto de Brasília para suas reservas im-pedindo-os de estar presente ao julgamento,uma vez

que já se presumia que tudoseria uma farsa e os matadores absolvidos.

Agora os Xavante estão confusos. Comoconfiar na lei dos brancos? Como esperaroutros índios e padres serem assassinadospelos fazendeiros sem fazer nada? Semdúvida, com a absolvição de João Mineirosob a alegação dç defesa da propriedade,inaugurou-se uma nova e sangrenta tem-porada de caça aos índios. Matar índio nãoé crime: é defesa de propriedade.

— Nós sabemos o que fazer pra acabarcom essa vergonha — declara um dos poucoXavante a permanecer em Barra durante ojulgamento, mas impedido de ir ao Fórum —vamos começar a aplicar a justiça Índia,porque só assim branco vai respeitar a gen-te. Vai ser como sempre foi: matar oumorrer.

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Am Í943, pr*tsio**do psitu fòrctu Pop*ktr*s, G*túlio V*rjg*s conc*d*u um* snistia

smpls, porém restrito. A Htttsçio mtusl tsm mlguntãs ssmslbsmços inporU*t*$

som ***sls Pr*c*sso* * csmPsts ds fòrçss oposicio*istss *stu*U4*s s compr*s*di-las.

As liçoésda anistia de 45m******^ oe últimos dias inten-

^A^P sificou-se o debata emM¦ torno da anistia. As vo-

¦MH sas da oposição qae¦ MM ae muito tempo lutam po-

m^UWM *e anistia como uma de¦PV suas principais bandei-

ras, vieram somar-sepronunciamentos de re*

presentantes govornlsUs e att Jornais ul-traconaervadores, como O Globo que abriuno último dia 8 uma página inteira para oassunto, depois de ter sido sempre con-trário à anistia, mesmo parcial.

O coronel Jarbas Passarinho, líder arenis-ta no Senado, lembrou a anistia de 1945, afir-mando que «Getulio Vargas deu a fórmula,anistiando os mllitares,mas qual deles voltouà tropa?». E acrescentou algumas infor-mações erradas, como a de que os militaresanistiados receberam os atrasados.

• • De tudo isso pode-se tirar duas conclusões:

primeiro, o governo, nio mais podendo resis-tir à avalanche por anistia, resolveu concede-Ia de alguma forma; segundo, o seu grandeproblema é como fazer as restrições quepretende e como somar forças políticas pararespaldá-las. Neste sentido procura estudaras fórmulas do passado, em especial a de1945, por entender que a situçio politieaatual tem algumas semelhanças com o

processo então vivido.

Também cabe às forças populares e de-mocráticas estudar as experiências nio só daanistia como de todo o processo de demo-cratização em 45. a fim de extrair-lhe os en-sinamentos positivos e evitar a repetiçãodos erros.

ANISTIA E O FIM DO ESTADO NOVO

Implantado em 1937, num período em,que no mundo o nazi-fascismo estava emofensiva, o Estado Novo representou, doponto de vista interno, uma tentativa àdireita de resolver a crise política e socialque já havia levado à Revolução de 30. Os«tenentes» de 30 ao fracassarem em seu

irojeto de estabelecimento de uma de-nocracia burguesa, deram margem a que

uma grande parte rumasse para a esquer-da, formando, juntamente com os comunis-tas, socialistas, democratas e nacionalistas,a Aliança Nacional Libertadora — ANL.

Frente democrática e antifascista, a ANLgalvanizou em curto prazo grandes massas,mas náo teve condições de preparar uma-evolução. Com seu fechamento, desencadeouuma insurreição restrita a quartéis, em'novembro

de 1935 que também fracassou.Dai a instalação do Estado Novo, que duroude 37 a 45, foi um passo.

Mas a maré enchente do nazi-fascismo nomundo durou pouco. Quando a correlação deforças no plano da II Guerra começa amudar favoravelmente aos aliados, tambéminternamente a situação vai semodificando. Dentro do Estado Novo semprehouve contradições entre forças pró-nazistase pró-americanas e estas começaram a

Eredominar do meio para o fim. E com a en-

¦ada do Brasil na guerra, ao lado dosaliados, aprofunda-se a contradição entrecombater o fascismo externamente e mantê-lo dentro do Pais.

Depois da entrada do Brasil na guerra, aanistia passa a ser a principal bandeira dasoposiçòes á ditadura. Não só porque'quasetodos os setores políticos foram reprimidos erepresentantes seus encontravam-se noexílio, na cadeia ou na clandestinidade, comotambém porque este seria o primeiro e indis-pensável passo para estabelecer a demo-cratização.

Inicialmente tímida, clandestina, a cam-panha pela anistia vai aos poucos ganhandoas ruas e atinge grande amplitude. Em finsde 44 e inicio de 1945 adquire um caráter demassa e espraia-se rapidamente por todo oPais. Organizações pela anistia são formadasem todas as cidades. Comícios, assembléiase passeatas se sucedem.

Getulio Vargas, o chefe do movimento de1930e do Estado Novo,que jà havia decretadoanistia ampla e irrestrita em 30, compreendea situcáo e procura adiantar-se. Em entre-vista a imprensa, a 2 de março de 45, co-meça preparar o terreno. Diz que a anistianio era oportuna, ficaria para ser resolvidapelo Parlamento a ser eleito, já convocado. Eque haveria resisténcialdaslforçasarmadas aoretorno dos militares participantes da ins-surreiçio de 1935.Mas, ao mesmo tempo, es-

Ao deixare presidioea 1949 Prestesdisse (pe anistia«é esaaeclmeatoe ea, da minha

SS-***"a esquecer».Na época,efetivamente,aa tertaras¦ie leramaparadas,apesar desprotestes deepestcleaistaLcarne o paido atoaipresideate,o parlamentarEaclldesFigueiredo.Na foto abaixo,ae aaistiadosde 1941 voltandoda Ilha Grandepara o Riode Jaaeiro.Hoje o regimeprocura repetiraa mesmas manobraida época,esqueceado porémqae o povoacumaloaexperiênciaspolíticas.

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tava articulando uma anistia sob certas con-dições, mesmo porque o Estado Novo jácomeçava a estyeroar-se, a censura a imprensafora rompida, a campanha eleitoral estavaem curso e a reivindicação de anistia nasruas.

Não podendo resistir, Getulio tenta umasalda do Estado Novo, sob sua direção, dan-do uma guinada para a esquerda. Começapela decretação da anistia.

18 de ABRIL _ ANISTIA AMPLAA anistia foi uma conquista de todas as

forças que se opunham à ditadura, atravésde sua memorável campanha de massas.Representou o ponto de viragem na cor-relação das forcas políticas e sociais quederrubaram a ditadura implantada com oEstado Novo.

Sendo ampla, a anistia de 45 beneficioua todos, sem exceção. Foram soltos os 563presos políticos então existentes, entre osquais os participantes da insurreição de1935. Retornaram os exilados e reapare-ceram os clandestinos. Não estabeleceu

Como será a anistia de 1979?

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______________________________

No próximo dia 18 de abril, será co-memorado o Dia Nacional dai Anistia. Adata marca o 34' aniversário da anistiageral de 1945, quando 513 presos políticosdeixaram as cadeias do Estado Novo. Ainstituição desta data, como dia de anis-tia, foi uma resolução do CongressoNacional pela Anistia realizado em ao-vembro do ano passado em Sio Paulo. OCongresso levou em conta a importânciadesta anistia na história recente das lutasde nosso povo pela liberdade.

As comemorações deverão ocorrer emtodo o Pais, conforme orientação tratadaaa recente reunião da comissão executiva

nacional dos movimentos pela anistiaem Brasília em inicio de março.Cada comitê brasileiro pela anistia, ounúcleo local do movimento feminino pelaanistia, realizará am ató em sua cidade,haveado já nm grande número de pro-gramações. O ceatro das comemoraçõesserá a reafirmação da bandeira da anistiaampla geral e irrestrita, ao momeoto emque o regime se prepara para decretaruma anistia-parcial, que deixará fora deseus benefícios não só os oposloalstasacusados de terem praticado os chamados«crimes de sangue», como tambémevitará a reintegração dos militarespunidos, nas forças armadas.

distinção entre os que pegaram em armasou cometeram simples delitos de opinião.ao mesmo tempo os anistiados puderamdefender suas idéias livremente, estabe-lecendo-se, nio só liberdade partidária,como liberdades democráticas — as maisamplas qne o Brasil já conhecera-,o quedurou alguns anos. Até os comunistas, cujopartido fora legal apenas por alguns meseslogo após sua fundação am 1922, vieram apúblico com sua própria fisionomia, par-ticipando da Assembléia Nacional Consti-tuinte de 1946.

Mas, apesar de ampla, a anistia de 45nio foi irrestrita. O retorno dos militarespunidos aos quartéis, ao qual Vargas antesse referia, foi obstaculizado por um arti-flcio aparentemente inofensivo. Militares ecivis afastados de suas funçóes, para re-verterem ao serviço ativo dependeriam doparecer de uma ou maia comissões, no-meadas pelo presidente da República. Estesparecerea, via de regra, só foram favo-ráveis aos integralistas e a outros militaresparticipantes do putsch de 1938 e a outrosoficiais de alta patente. Quanto aos par-ticipantes da insurreição de 35, especial-mente os de baixa patente, estes, nuncareverteram aos postos e ninguém recebeuvencimentos atrasados, aspecto que odecreto de anistia vedava expressamente.Neste sentido, para a grande maioria dosmilitares de 35, especialmente os que nãotinham patende de oficial, a anistia de 45foi uma farsa. Janto é assim que conti-nuaram a lutar por anistia, até serembeneficiados novamente pela anistia geralde 1961, que também manteve o dispositivorestritivo ao retorno dos militares que nãoagradavam ao regime, a partir da análisede cada caso.

A TORTURA NAO FOI APURADA

Outro aspecto que diz respeito ao pro-cesso de democratização de 45, e gue serelaciona com a anistia, é quanto a apu-ração dos crimes contra os direitos hu-manos cometidos durante o Estado Novo.Na verdade a anistia não foi reciproca.Nunca houve anistia reciproca no Brasil.Mas a maioria das forças democráticas deentão não cobrou estes crimes, per-mitindo que, com o tempo, fossem es-quecidos por inteiro. Luiz Carlos Prestes,por exemplo, afirmou pouco depois de sairda cadeia: «Anistia é esquecimento e eu,da minha parte, estou disposto a esquecer».Como de fato esqueceu.

Algumas vozes, no entanto, se levan-Aram contra esse puro esquecimento. Porparadoxal que pareça entre eles estava odeputado constituinte general Euclides deFigueiredo (pai do atual presidente), quepropôs na Câmara uma Comissão Parla-mentar de Inquérito. O jornalista DavidNasser moveu uma campanha pela impren-sa e, através do seu memorável livro FaltaAlguém em Nuremberg, depois de com-parar os crimes da polícia brasileira comos da Gestapo nazista, questionava porqueFilinto Müller e seus acólitos eram man-tidos impunes. Mas a CPI, que chegou aser formada, não funcionou. Nada apurou.Os crimes de tortura foram esquecidospara virem ser repetidos logo mais adiante.

As lições que as forças democráticastêm a tirar desses episódios estão mate-rializadas na sua compreensão de anistiaampla, geral e irrestrita. Não pode ficarbrecha na anistia que permita, depois, aanulação de um de seus efeitos práticos, is-to é: a reintegração de todos os militares ecivis afastados de seus postos. De outrolado, a lição positiva é de aue ninguémpode ser discriminado no benefício da anis-tia, e que deve ser o caminho para o es-tabelecímento de efetivas liberdades de-mocráticas.

Quanto aos crimes de tortura, terão queser apurados para que o povo brasileirofique vacinado contra sua repetição futura.

Do lado do regime, eles procuram nãosó repetir as restrições da anistia de 4-,

como aumentá-las. Da mesma forma queGetulio, estão procurando adiantar-se na

questão da anistia, dentro de seu projeto de

sair de «mansinho» da ditadura, conservan-do o poder. Procuram dividir as forças de

oposição e obter respaldo para seu projetojunto a algumas delas. Mas talvez os mi-litares de hoje nio se lembrem que o povobrasileiro acumulou experiências políticas e

de que, em 45, Getulio caiu.

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Three Milc Island tornou-se o si

lrffiÊE MILE ISLAND

da ameaça nuclear no mundo inteiro.

A reação em cadeiado movimento ecológico

A energia nuclear está condenada? As

centenas dc milhares de pessoas que se

manifestaram a semana passada, no mundointeiro, acham que sim, pelo menos nosmoldes atuais.

Nos EUA enquanto se descobriam novosvazamentos e noves falhas no reatoravariado de Three Mile Island, as

passeatas cm todo o pais exigiam ofechamento de centrais e revisão do

programa nuclear, sob o slogan: «ThreeMile nunca mais!»

Também advertiam que isso era apenaso «prelúdio» para uma marcha monstroque irá até Washington no próximomês. Foi criado ainda um verdadeiro«lobby» de parlamentares, que se juntamna denúncia dos perigos nucleares.

Esse movimento de protesto estácrescendo no mundo inteiro, dos EUA áAustrália.Na Europa, ÍO mil pessoas emEstocolmo pediram o fim das pesquisaso fechamento das 6 usinas do pais e umplebiscito para decidir sobre a questãotendo por animador o Movimento Popular,contra a Energia Nuclear. Em Hamburgo eFrankfurt, Alemanha, ocorreram protestossemelhantes, e em Hanover a manifestaçãojuntou 50 mil pessoas. O movimentosecológicos na Alemanha são muito fortese conseguiram entre 10 a 15% dos votosnas eleições. Seus adeptos são em geralagricultores. ..

Na Espanha, a polícia dissolveu uma pas-seata em Santiago de Compostela é oPartido Socialista (PSOE) sugeriu asuspensão do programa nuclear. Os bascostambém anunciaram que protestarão. NaDinamarca, 20 mil desfilaram. NaAustrália, 15 mil. E, na Bélgica, já foifechada uma das três usinas do pais.

Enquanto isso, Thrèe Mile mostrou quenao so não está dominada, como seusestragos estão longe de uma avaliaçãocorreta. No início da última semana foidescoberto que o leite de Nova Iorque, a200 quilômetros de Three Mile, continhaioao-131, vazado dessa usina. Sabe-se quea radiação que escapou com o acidentenao pode ser medida exatamente e que 2

doí de, pJessoas receberão o que vale

K,í?e?ll-dosesderaio-* 500 milp ra dPiÍerao

*_* ffzer 4 ««me» ******

P oceS Cçao de câncer e estão abrindoprocesso para receber a indenização.

NICARÁGUA

Somoza maispróximodePahlevide enir!1^113 está novamente em climapenúítim\com.a ofensiva iniciada noS nSfe í". te dia 8» Pela Frenteoanainista de Libertação Nacional. O

ataque, coordenado em várias frentes,já levou à ocupação da cidade de Esteli,a 150 quilômetros de Manágua, e aderrubada de dois aviões da GuardaNacional (GN) do presidente Somoza.Isto é importante porque a força aéreafoi o principal fator da derrota dossandinistas em setembro do ano passado,quando ocuparam 4 das maiores cidades dopais, depois da capital, Manágua.

Ao mesmo tempo, o ditador Somozadeixava seu país rumo aos EUA (com ogoverno americano negando ter qualquercoisa a ver com a visita, e dizendo nãosaber o que o visitante «teria vindofazer»). Coincidência ou não, o fatolembrou a fuga do xá, também em viagemde «férias», ás vésperas de sua queda. Aofensiva de agora ainda não atingiu onivel de sublevação do ano passado, masos sandinistas exortavam a população apreparar-se para o seu clímax na SemanaSanta,quando também, segundo eles,poderá haver um golpe de Estado dedireita para instaurar um «somozismo»sem Somoza.

Esteli, que agora tem 10 mil moradoresapenas - contra os 40 mil anterioresexpulsos pelos bombardeiros violentos — foiocupada facilmente; e os «guerrilheirossaem e entram à vontade», dizem asfontes militares. Outras vilasestratégicas foram tomadas, do Norteao Sul, onde as perdas da GN foram maispesadas. Houve 78 mortos nos trêsprimeiros dias de luta, em comparaçãocom os 4 mil do ano passado, em 30 dias.

A tática dos sandinistas parece ter semodificado, evitando confrontos diretos,e suas armas também, para melhor, comomostram os aviões derrubados. Há tambémalgo novo, a exoneração do chefe da GNem Esteli, acusado de ser «mole», o quemostra que a ofensiva geral da SemanaSanta poderá ser fatal a Somoza. Nocampo politico, a FSLN voltou a juntarseus 3 ramos sob um só comando, e alémdisso, formaram com o Grupo dos Doze,movimento de intelectuais e empresáriosanti-Somoza, a Frente PatrióticaNacional.

UGANDA

O demorado golpede misericórdia

Idi Amin parece estar durando mais do

Sue o previsto por diversas vezes nas

ltimas semanas.Agora, mesmo sob forteataque das tropas tanzanianas, dasforças de oposição e dos amotinados deseu próprio exército, sua derrubadapoderá exigir violentos combates.

O ataque pesado de artilharia do dia

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Cntt-oZoaXá? Vlagem de íérta» "oi EUA» enqusnto a Nicarágua vive clima de guerra civil.

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J__ I vV .AmmTropas da Tanzânia passam pelos destroços de um Mig de Amin no aeroporto de Entebbc.Nafoto menor, dois dos quatro jornalistas executados como «mercenários».

10, embora descrito como o mais violentojá sofrido pela capital, parece ter sidobem suportado pelas forças ainda leais.O ataque veio depois de um anúncio daFNLU (Frente Nacional de Libertação deUganda) de aue Kampala havia caído, eempregou artilharia, aviões e foguetestanzanianos. Embora negue a informaçãoda queda de Kampala, está sendo vistocomo uma possivel preparação para oscombates finais da tomada da capital.

Prevendo isso, Amin estariaconcentrando suas forças na segundacidade dó Pais, Jinja, que, no entanto,também está sendo atacada, ainda que emmenor escala. O aeroporto de Entebbe, játrocou de mãos pelo menos duas vezes, eé quase certo que está definitivamentemas mãos dos rebeldes.

Um duro golpe a Amin foi a retiradadas forças líbias que lutavam a seulado. O presidente líbio Kadafi, disseagora que não tem nada a ver com oconflito, embora afirme que a «ação daTanzânia é um grave precedente».

Seja como for, a oposição já seprepara para a sucessão. FNLU, formadahá pouco tempo por um coalizão de forças,inclui desde monarquistas atépartidários do ex-presidente MiltonObote, deposto por Amin em 71. Ela édirigida por um politico neutro, YusufuLule.

Amin usou durante longa data o jogode influências na região para obter ajudade todos os lados: EUA, URSS, Israel(onde ele fez um curso de pára-quedismo);e, apesar das suas bravatas contra oReino Unido, sabe-se que a Inglaterrafoi o primeiro pais a reconhecê-lo em71; porque temia Obote (este acusou-anessa época de vender armas á África doSul, contra o embargo mundial).

A Arábia Saudita tem ajudado Idi Aminem financiamentos, em nome de umislamismo um tanto retórico (Amin aindaagora lançou apelos patéticos a uma«Guerra Santa» contra o sionismo, naesperança de atrair a simpatia dosárabes. Mas Uganda só tem 6% demuçulmanos). Mas a própria ajuda daLíbia tem sido baseada neste aspecto,pelo menos como desculpa.

Agora a Tanzânia teria advertido quenão apoiará Obote, apesar de este tervivido os oito anos de exílio em Dar EsSaiam, e julga-se que isto seja um meiode evitar a reprovação de meiosislâmicos. Seu apoio iria para a FNLU,através do comitê executivo (do qualObote não participa). Este comitê prevêa formação de um Governo Provisório quedirigirá o pais por dois anos antes da con-vocação de eleições.

O governo de Idi Amin executou quatrojornalistas na penúltima sexta feira,como «mercenários armados em uniforme».Dois deles eram suecos e dois, alemães,da agência de fotografia Gamma e darevista Stern.CHINA

Berlinguer veráa Grande Muralha

O secretário geral do PartidoComunista Italiano, Enrico Berlinguer,foi convidado a visitar a China. Oconvite foi feito pelo embaixadorchinês em Roma, Zhang Yue, que assistiu

ao 15" Congresso do P.C.I., encerradono último dia 3.

A imprensa chinesa noticiou arealização do Congresso, dando umdestaque especial ao discurso deBerlinguer, sobretudo à sua condenaçãoexplicita da invasão do Camboja peloVietnã e à sua afirmação de que «aChina pode e deve ser uma força capazde trabalhar também pela paz».

Essas duas posições de Berlinguercontrastam de modo flagrante com aorientação de Moscou, que apoiou eapoia a ação vietnamita e, para quem,«uma China forte e moderna énecessariamente um fator de ameaça paraa paz e a coexistência».

Aliás, é justamente essa relativaindependência do P.C.I., e

particularmente de Berlinguer, emrelação à União Soviética que vemmotivando a reaproximação da China com oPartido italiano.

Desde 1963, quando publicou seudocumento «As divergências entre ocamarada Togliatti e nós», o PC daChina esfriou seu relacionamento com oP.C.I.,1jue os chineses passaram a

qualificar como «revisionista*-. Essa _.va-Mação provavelmente não mudou, mas

2"á há algum tempo a China considera quesuas divergências ideológicas comoutras forças do mundo devem estarsubordinadas ao que considera ser hojesua tarefa principal: formar uma amplafrente para combater o «social-imperialismo» soviético.

Nesse sentido, aliás, o convite aBerlinguer não é uma novidade. Em 1971,quando Mao ainda estava à frente do P.C.da China, foi convidada a visitarPequim uma delegação do PartidoComunista Espanhol, chefiada porSantiago Camilo. Os delegados do P.C.E.foram recebidos não como membrosde um< Partido irmão», mas como membrosde um Partido amigo». Isso significavaque, embora não houvesse umaconvergência ideológica entre o P.C.C.,e o P.C.E., Pequim cosiderava opartido espanhol uma força com a qual se

podia buscar uma unidade políticalimitada. Essa deve ser também suaexpectativa atual em relação ao P.C.I..

José Tadeu Arantes

MAURITÂNIA

«Linha dura»contra a Argélia

A facção «dura» do exército daMauritânia, sob o tenente-coronel AhmedBuceif, deu um golpe de Estado dia seisafastando o presidente Saleck, o mesmoque derrubou o governo de Uld Dadah, emjulho de 1978. O novo governo informouque as Forças Armadas assumirão o poder.

Anunciou também que «buscará apaz, com honra e responsabilidade». Ogolpe de fato é um endurecimento faceà Argélia e sua aliada, a Polisário,frente de libertação do Saara Ocidental.

O Marrocos, que tem grande inflênciasobre a Mauritânia, e junto com elaexerce a «tutela» sobre o Saara, jáhavia iniciado seus preparativos para oque chama de «ameaça de guerra daArgélia».

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É A CHINA UM PAÍS SOCIALISTA?

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Á esquerda, Chu En-lal, M>o e Cha Té; a velha «ird. ¦_ ****** ** *-**—*- * mm .. ,,-.,,„ ¦•¦¦*** '¦.. '^"A^MnffMRPMRiL^HJilinjRM

«aag-raaaeperiededaresistéacla. Adiretta,U XiaaateatHaaGaefea,e W«, D,,.,!,.^ eovesdirigeatesgareatirãe a ceatiaaid.de d. revolução?

esquerda no poderDepois de sua famosa carta de afasta-

mento da Associação de Amizade Franco-Chinesa, Charles Bettelheim foi convidado avisitar a China, mas declarou que não eranecessário, para ele, aceitar o convite, pois

1 c?m,° * * «ttasçâo atual da Chinapelas declarações oficiais e através dasnoticiais da imprensa. Isso me parece serum grave engano: o conteúdo e o estilo dapropaganda interna chinesa são bastante

&teTid£t.rndo I,dos de um p0"10 de

Simpatizo, até certo ponto, com a rea-í -°-í."^1"!.^ Bettelheim. Penso gue todosC™«T «** ¦**e"elfte"n Penso que todos comunas, que organizam três quartos daEi-^-imj*.**â*****m SH*Lfifí! ."A'?S". •JSSm Snum pais socialista, a política pudesse tersido o esporte da ambição pessoal, e eradesammador sabermos que a RevoluçãoCultural estava acabada e que a nova metapolítica era a modernização. Sabemos bemdemais o que significa ser moderno.

Porém, seria tolo julgar a políticameramente a partir dos slogans. Existe,agora, mais liberdade e franqueza de dis-cussáo, entre os próprios chineses e entreestes e os estrangeiros, do que existiu pormais de vinte e cinco anos. Mas ainda per-

(* ) Joaa Roblason i professora emérita deeconomia da Universidade de Cambridge eestudiosa dos problemas chineses.

'if4?1? Tni0* <1° pasaado na propagandaoficia, que permanece fortemente mono-pollstica, e, portento, obscurecedora.

Um exemplo da má leitura de Bettelheimdos slogans diz respeito á doutrina quediz: «a cada um segundo o seu trabalho»Poraue enquanto a ultra-esquerda prega oigualttarismo, a linha oficiarenfatizaque oprincípio .« aquece que trabalha mais deveganhar mais» é socialista. Isto deu a im-pressão de aue um novo sistema de «incen-tivos materiais» havia sido introduzido naindustria chinesa.

No sistema de trabalho por ponto dascomunas, que organizam três quartos da

Por Jowi Robinson (• )

— ¦*- — "—---—•» .wvwiwi, v principio ueremuneração por trabalho foi introduzidodesde o inicio. Isto não é enfatizado napropaganda corrente que recomenda o sia-tema primitivo de trabalho por cotasapesar de as comunas mais avançadasterem há muito, adotado métodos maisflexíveis e eficientes de ligar recompensasmateriais á qualidade e i quantidade deesforço despendido.

O slogan «aquele que trabalha mais deveganhar mais » é endereçado á indústria e érepetido sem análise ou qualificação, con-tinuamente. Ainda durante a campaníia deestudos sobre a ditadura do proletariado(1974-5), éramos informados de que oPresidente Mao tinha dito que o sistema desalários de oito graus, na indústria, havia

sido tomado dos soviéticos e que ers umelemento do «direito burguês»Para os ouvidos ocidentais, o slogan «a

tíSJSL seguídS °.wu t™baÍho» aoa comoincentivos materiais ou mesmo como umtipo de «reforma econômica» que se reveladesastrosa, atualmente, na tíungria Naverdade, nenhuma mudança desse tipo estáem andamento. £ claro que um sistema de

££&*2 *»1 toda^uma glSção dímuaStííores

M «cm^ou. nío pile sermudado de uma só vez.Quando houve um aumento de salários

mS^rJsJsL * « wffsSsBse os dos trabalhadores de salários mais5STJS?

8rau acima en«uanto o» de graímais alto permaneceram constantes. Esteaumento exigiu alguma educação políticaitllll" Sue*

na,0 ativeram quVlqueíelevação. Porém, isto não tem nada a vercom o principio «aquele que trabalha maisÍZL ganhar ,mais»- p«»e SH3S2como a maneira mais simples possível dereparar injustiça.«i

potencial? de prowar oretorno ao trabalho regukr deoois díquebra de produção e a5S%i«r?2jotí-nadas pela ultra-esquerda, e de faier usosodalmenteç-mais benéfico do aumínto mprodução de bens de consumo que oconíu

SS. restaurafâ0 da ord2m Ss7áí

m.2«P?nt0 P1-*1101»»1 n<> slogan de paga-íffíSSsí6/00"10 com ° trabalh0 * » lS-tificação de um novo sistema de bonS-

cação. Na Revolução Cultural, um elabo-rado sistema de bônus e multes, copiadodos soviéticos, foi abolido. Para impedirque isto causasse uma perda geral nos ren-dimentos, foi dado a cada empresa um sub-sldio suplementar á sus folhs normal de

pagamento, e igual à soma dos antigosbônus: este subsidio, que ainda é fornecido,está a disposição da empresa individual.Algumas distribuem como uma taxa adi-cional aos salários; outras como umaadição proporcional, em porcentagemmaior nos salários do que nos rendimentosdos quadros da empresa; e outras distri-buem somente aos trabalhadores de nivelmais baixo.

Afora isso, um novo sistema de boni-ficação está sendo tentado em bases ex-perimentais. Umas poucas empresas decada ramo foram escolhidas para implan-tarem-no. Suas experiências deverão serdiscutidas e o sistema se generalizará sefor considerado eficiente. A idéia geral é deque, quando uma empresa cumpriu o seuplano quanto á qualidade, variedade deprodução, economia dos custos e uso dematerial, deve-se fornecer a ela um sub-sldio de dez por cento em sua folha depagamentos total. Quando o plano não forcumprido, o subsidio deve ser menor e des-tinar-se a bônus para somente uns poucostrabalhadores proeminentes. O dinheiro dobônus é então distribuído a oficinas e agrupos de trabalho e cada um destes decide

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MOVMÊNTOlf a 22/4/79

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íp.

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Acima, o trabalho ainda manualna Comuna deTachai, considerada um modelo deeficiência a serseguido nas atividades rurais.Abaixo, a Comun. £--."'. Iv^fô-de Changshou: a meta agora é mecanizar.

[Ã esquerda, o complexo petroquímico de Llao-yang, na Mancharia, construído com ajuda francesa: parte do projeto das «quatro modernizações

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; deveífl ser fodois a

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fiadoresafoté^ ^.._,Isso, evidentemente, ni

para um sisfema dei__, „„¦ais. Os bônus sãortdbi^o»'còrao prêmioIara restaurarem e reforçarem a disciplinaio entusiasmo, oue sucumbiram onde asIfluéncias de ultra-esquerda prevalece-

[ Temos um exemplo deste feito benéfico.[província de Wuhan era orgulhosa da boakputa;ão de seu serviço de ônibus; nofcríodo da anarquia, o serviço foi ao caos eI condutores estavam freqüentementeligando com os passageiros. Assim, foram

[colhidos para a experiência com os bô-Is; agora, os ônibus são pontuais e osTndutores atenciosos. Uma tal transfor-pção não pode ser atribuída ao incentivoI ganhar a mais o equivalente a doisfcços de cigarros. Deve ser conseqüênciaI efeito moral de ter de examinar que tipo[conduta merece uma recompensa.[O sistema de bonificação pretende,Ira mente, reforçar e não enfraquecer oTncípio que afirma que «a política deve

lar no comando». O sistema deverá serlerahzado com cuidado. Um aumentotal de 10 por cento nos ganhos deve serRespondido por um aumento da dispo-¦jlidadç de bens para comprar.

Comitês revolucionários

Putro ponto que aflige Bettelheím é apse renovada na exigência de que aspresas devem obter lucros. Os fundos depnos e de bônus sâo fornecidos h em-pa e os preços de tudo o que entra e sai1fixados. O lucro - excedente do valorP ae produção sobre os Custos -éZ

acamente um reflexo do uso econômico¦ciente dos materiais (inclusive as fon-|Ie

energia).Ior qJe isso deve ser considerado comola tomada do caminho capitalista»? SeVUMadi da produção é servir ao povo,[mente quanto mais eficiente ela for.por a sua finalidade será cumprida,p

lucros sio transferidos para o Es-Lri éj Para ° nIvel seguinte naf

rquia administrativa) e nfio são des-¦dos pela empresa particular da qual¦Provem. Os fundos de investimentos são¦¦aos a nível nacional, «tomando-se todopis como um tabuleiro de xadrez». Bet-¦m nao explica porque acredita que es-Tstema promova a desigualdade re-P» e freie o desenvolvimento da indús-Pe pequeno porte. Ele parece reagir à[ L

cr? sem considerar o que ela sig-l

no contexto chinês.Peiheim também se mostra alarmado[a

remoção dosComitêsRevolucionériosTmpresas industriais. A instituição dosfctf

SUL8,U ,esPontoneamente e a esmo

fie a Revolução Cultural. No inicio, a¦sentaçao do Exército Popular deP«W> nos comitês era um elementojwnte. do sistema que desapareceuPaimente. Na nova Constituição, a es-fa política foi racionalizada. Os Co-

«evoiucionários formam o «órgão

der de Estad

komiacionai

^"Povo, coi* vários grupt ,

por dois anos,;-sável pela ele'nário correspoiseus problemas.

WBvelhiio de- ips*ociecCada Co

%m% <e peli cessão de ¦

Um retorno à disciplina

No papel, esta é, certamente, a maisdemocrática constituição do mundo, mas oscomunistas chineses sabem muito bem quea democracia emerge da prática e nãopode ser garantida por um conjunto deregras.

Nestas bases, não seria apropriado in-cluir empresas industriais e comerciais nahierarquia dé Comitês Revolucionários.Numa empresa, a política emana do comitêdo Partido edeve ser levada a cabo por todoo corpo de trabalhadores, sob a liderançada gerência executiva. Comoiantes, o planode produção é traçado «da base para cimae do topo para baixo» em acordo com oMinistério e autoridade local em questão. Aexperiência varia largamente de uma em-

presa para outra. Em algumas, a impo-sição de um segundo nível de diálogo entreo comitê do Partido e o Executivo reduziua eficiência sem garantir a democracia.

Bettelheim considera que a busca demaior produtividade significa disciplinamais rígida, regras mais duras e menosconsulta entre os trabalhadores e os qua-dros. Mas, se isso destrói a disposição e oânimo, não há qualquer aumento na pro-dução. A Constituição da Siderúrgica deAnsham permanece a ideal, apesar de exis-tirem diferenças entre uma empresa eoutra quanto a saber até que ponto ela foirealizada.

Na primeira fase da Revolução Cultural,em muitas empresas, os trabalhadores sedividiram nas discussões e, mais tarde,quando o «Grupo dos Quatro» estava emascendência, os trabalhadores jovens, paradesgosto dos mais velhos, defendiam apregação da ultra-esquerda quanto àcriação de anarquia e o pagamento sem es-forço no trabalho. Uma classe trabalhadorarevolucionária não pode ser criada de umano para outro, jogando-se os filhos doscamponeses na indústria. Considerandocomo teria sido a reação na França, ou naPolônia, com relação a uma tal orgia de in-disciplina, não é muito convincente des-crever o atual modo chinês de restauraçãoda moral como um caminho para o auto-ritarismo

Bettelheim parece haver absorvido adoutrina da extrema esquerda de que estar

preocupado com a produtividade é serinimigo do socialismo. Esta visão foiduramente rechaçada pelo público quandoa influência do «Grupo dos Quatro» co*meçou a causar quedas no abastecimento.

Certamente haverá sérios problemas aose introduzir tecnologia moderna, isto é,ocidental, na indústria chinesa. Esta tec-nologia, desenvolvida sob o capitalismo,tem uma forte propensão a eliminar os«custos de trabalho», isto é, a reduzir a

proporção dos salários no valor da pro-

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íncia de habilidadiia nítida .

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Certamente, estas *ão questêes difíceis.Mas nem como produtores, liem como con-sumidores, querem os líderes e trabalha-dores chineses deixá-las de lado pelo con-selho político de Bettelheim de ir devagar.

Uma outra causa de apreensão é oenrijecimento dos padrões educacionais e ainstituição de um exame único, uniforme enacional,para a entrada nas universidades.A aversão aos intelectuais difundida pelosseguidores do «Grupo dos Quatro» abriuum hiato na estrutura educacional. Todauma geração de estudantes deixou aUniversidade sem ter aprendido qualquercoisa; os cientistas foram duramente per-seguidos e alguns institutos de pesquisaforam destruídos. Para a reparação dosdanos, um certo número de estudantescapazes devem ser levados tão longe quan-to possível, para aprenderem dos sobre-viventes da geração mais velha, antes queseja tarde demais.

A objeção freqüente é que o recrutamen-to por exames colocará os filhos de cam-poneses em desvantagem, mas o objetivodos exames não é dar chances a todas asclasses e sim achar meios de selecionar in-divlduos que poderão melhor contribuirpara o desenvolvimento. Nâo resta dúvidade que muitos talentos naturais são agoradesperdiçados por falta de oportunidade deestudo; a solução deve ser a melhoria donível educacional na zona rural, o que nãopode ser feito da noite para o dia.

Evidentemente, um exame no qual pa-ticipam mais de cinco milhões de candi-datos para 250.000 vagas é um instrumentogrosseiro de seleção, mas, no presente, éconsiderado como uma grande melhoria emrelação ao que acontecia anteriormente.Primeiro porque, agora, estão fechadas asportas pelas quais estudantes eram colo-cados em postos por influência, sem qual-quer mérito; segundo, porque desobriga osprofessores universitários da tarefa de ten-tar ensinar pessoas de todos os níveis, des-de a escola primária, freqüentando a mes-ma classe. Na minha opinião, a desvan-tagem principal dos exames é colocar devolta nas escolas a tendência ao estudoexagerado nas vésperas dos exames, que é,em todo caso, uma característica datradição confuciana que permanece napedagogia chinesa. Quando levantei este

ponto para discussão, descobri que os

professores mais velhos, que tinham sidoeducados no exterior antes dalibertação, sabiam o que eu queria dizer,enquanto os mais novos inclinavam-se a ig-norar o problema. Mas, a menos que es-tejam conscientes do perigo, eles não serãocapazes de combatê-los.

Um outro problema óbvio é a recriaçãode uma elite intelectual, à qual a tradiçãochinesa dá amplo alcance. Aqui também háuma resposta guardada que achei dema-siado simplificada. Não há qualquer pro-blema, fomos informados. E sabido que 97por cento dos candidatos aprovados pro-vinham, de famílias de trabalhadores, cam-

dBr. 4* ex-prJKItáj

riKfsSJUHtorcionarK no^^jMÉIjEp

peses ou funcionários. Houve somentej*por çsal^ provenientes das antigas

bras. Mas não são os filhosiiç? de terra o problema, e

neta natural da educação dearj*JÊfB* para a promoção de

é inerente à próprialectual. Para realizar

qi^^f^tfíbi^òJ^^til, os cientistas eacàdimteos precisam de alguns privilégios,no sentido de facilidades de vida e de se-gurança de rendimentos, para que eles nãose restrinjam, nervosamente, a dizer ascoisas permitidas. Eles devem formar umgrupo distinto na sociedade que entende asi mesmo e que possui gostos em comum.Tal grupo tende a perpetuar-se através dosistema educacional, não necessariamentecolocando seus filhos na Universidade porinfluência, mas forçando-os pela porta dafrente, imbuindo-os de ambição e os aju-dando nos seus estudos.

A solução reside em trazer os intelec-tuais para o espirito dos ensinamentos dcMao, de servir ao povo, combater o egoís*mo e evitar o interesse próprio. Nossa2o-ópria vida intelectual é de tal forma im-uuída do individualismo competitivo que,para nós, isto parece ser um ideal impôs-slvel, mas talvez, na China, valha a penatentá-lo.

(Crescimento e liberdade

Por enquanto, a necessidade mais urgen-te é colocar os cientistas e professores notrabalho novamente. O Partido Comunistada China parece ter aprendido que oprimiros intelectuais destrói sua utilidade e que,agora, a necessidade imediata é restaurara sua autoconfiança.

Penso que o estilo pesado da propagandade que reclamei e o uso de traduções li-terais que soam ridículas em inglês sãoconseqüência da timidez de escritores te-merosos de cometer «enganos políticos»-.Aqui, não digo nada nas costas de nossosamigos chineses, por ter aproveitado todaoportunidade para tornar estes pontosclaros e por achar, em 1978, ouvintes maisatentos do que nunca.

A história da década 1966-76, foi umchoque profundo. Como pode ser que, sob acapa de Mao Tsé-Tung, um drama me-dieval de ambição e deslealdade transcor-respef Como prevenir uma coisa como es-sa no futuro? Somente confiando na cons-ciência política do povo. A ascensão equeda de Lin Pião e de Chiang Ching nosdeu uma clara lição. O povo começa aconstatar que o perigo central não são tan-to as tentações da via capitalista quanto oarraigado respeito confuciano pela hierar-quia. A Revolução Cultural foi um esforçoviolento para dominar uma tendência queestava fugindo ao controle. De qualquerforma, o povo ganhou. A atual liderançatomou um ramo sem precedentes, nosentido de combinar um plano ambiciosopara a acumulação e crescimento com adiscussão aberta c a liberdade de pensa-mento.

Como Mao sen ;ve ensinou, quandouma contradição se resolve, outras apa-recém. Bettelheim parece pensar que elesozinho sabe que novas contradições sur-girão. Esperemos que, desta vez, se levemenos tempo do que dez anos para verporque ele está errado.

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«í

exalai — A China acaba de faser,em sentido inverso, e em algunsmeses, somenos três quartos do

M caminho político percorrido desde¦ a Revolução Cultural. Como uma

parte do mesmo caminho Já se rea-Usara nos dois anos seguintes à mortede Mao, (isto é, do outono de 1976 ao ou-tono de 1978), as sobrevivências das «novasrealidades», surgidas há uns doze anos, tor-naram-se extremamente raras. Quer setrate ds ideologia, da política econômica,das relações sociais, da educação, da or-

ganização do Partido, de tudo que tem realImportância na vida do pais, a tabula éainda quase rasa.

Seria ainda bastante insuficiente dizer

que se recorre às idéias e aos métodoscorrentes nas vésperas da Revolução Cul-tural, no inicio dos anos 60. O ponto his-tórico de referência reporta-se freqüente-mente a quase dez anos antes, na metadedos anos 50. Assim, uma série de editoriais,do «Diário do, Povo» sobre a políticaagrícola concluía, em 28 de Janeiro, que«em relação à época anterior a libertação,o nível de vida dos camponeses era bemmelhor durante o período de instauraçãodas cooperativas agrícolas», mas que, «nosanos seguintes, a produção agrícola pro-grediu lentamente». Ou seja, é a partir dosanos 1957-1958, época de criação das co-munas populares, que se cai em erro. Tudo

que se fez a partir desse momento, ou

quase, teria sido prosseguir sobre novasbases.

Devido também à importância da quês-tão da democracia e dos direitos do homem— na imprensa de Pequim, assim como nosdazlbaos — e ao fato de Deng Xiaoping teroferecido em Washington, depois de Tóquio,a imagem de um chefe de Estado que cum-priu. enfim, as virtudes do liberalismo,sinóíogos experientes saúdam a nova eracom* a «aurora da liberdade» e reconhe-<<>m na República Popular pós-maoístaurna China ao mesmo tempo arrependida e< onfiante.

A nova democracia chinesa clama, no¦ ritanto, por julgamentos mais detalhados.(»bservando-a mais de perto, é preciso,inicialmente, desembaraçá-la de suasvárias camadas para identificar o que elatom de autêntico, de realmente «demo-rrático», na abundância de idéias e dereivindicações dos últimos meses.

Intrigas palacianas

Deixemos de lado inicialmente os«apelos ao presidente Carter» e outrasautoridades estrangeiras ou internacionais,resultantes de contágios ou conivênciaseon acontecimentos ou personalidades quenada têm de chinês. O eco de tais manifes-tações no estrangeiro é, em todo caso, des-proporcional em relação ao seu significadona própria China; e os observadoresamericanos mais qualificados são os pri-meiros e admiti-lo.

Deixemos de lado, também, os textos,ilazibaos ou artigos evidentemente inspi-rados para exercer pressões sobre pessoasdeterminadas, as quais eram alvo deataques certeiros nas reuniões a portasfechadas das mais altas instâncias doregime. Eis um exemplo: a imprensacomunista de Hong Kong revelou que, na«conferência de trabalho» que precedeu areunião plenária de dezembro do ComitêCentral, o general Xu Shiyu, membro doRirô Político e comandante da regiãomilitar de Cantão, referiu-se ao nome deKruchev para acusar Wang DongxingtWang Tung-sing), vice-presidente doComitê Central, de negros projetos quantoá sucessão de Mao. Na mesma ocasião, o«Diário do Povo» lembrava como o «am-bicioso e conspirador Kruchev» se apro-veitou do fato de que os erros de Stalin fos-som insuficientemente esclarecidos parausurpar o poder. Após as decisões conse-cutivas do plenário de dezembro, a reJei-(ura de certos textos é esclarecedora: seusautores se beneficiavam de ligações diretas<cm alguns dos principais agentes da con-frontaçâo em curso, no topo do regime. Opovo tem pouco a ver com essas manobraspalacianas.

Ocorre, assim, o aparecimento de umnovo clima político. Ele é particularmentesensível aos residentes estrangeiros, quec mieçam, finalmente, a poder estabelecerrelações amigáveis no meio chinês. E aber-to um debate de idéias, nào somenteatravés dos dazlbaos, mas também da im-prensa, sobre as futuras transformações dosistema político.

0 debate sobre o «critério da verdade»,lançado em junho por Deng Xiaoping, comi. ia finalidade política precisa - obrigaroa dirigentes de todos os escalões a devotarfi.ielidade à herança maoista e, finalmente,r unir os seguidores do movimento por elet abeçado — ultrapassou seus objetivos eabril caminho para uma nova liberdade deI ->ressào. Liberdade limitada, certamente,e «la qual cada um pergunta se não está.«¦ eaçada mas, de qualquer forma, cria-

Tomando como modelo a soat*dadechinesa tia década da 50, os atu^us dirigentesde Pequim estatiom ptvmttmdo anular todas

as realkaçòes da .Revolução Cultural*E a maior liberdade que existe hoje seria

des/ruíada apenas por uma reduzida elite.

Uma novademocraciaelitista

¦ Por Alain Jácob •

1BA _RÉj_-i _»

Bfe?; lM\ Wí^Sh^^MÊ ^BBPíC '

Muitas das críticas surgidas nos dazibaos e na imprensa seriam orientadas de cima. A re-ferência feita pelo Diário do Povo ao «ambicioso e conspirador Kruchev» estaria ligada ásacusações feitas pelo general Xu Shiyu (foto menor) a Wang Dongxing.

dora de uma incontestável animação dosespíritos, outrora desejada pelo presidenteHua Kuofeng.

Liberdade de expressão ampliada, liber-dade de costumes igualmente mais ampla.Dança-se todas as noites de quarta-feira,em Pequim, nos salões do Palácio dasMinorias, ao ritmo de uma música tipo«discoteque», que as jovens chinesas, deblusas e calças colantes, rapidamenteaprenderam a seguir. Os espetáculos e atelevisão têm mostrado poucas obrasoriginais até agora, mas se abrem cada vezmais às produções estrangeiras. Aguarda-se ainda por uma nova criação literária edeve-se esperar pelas surpreendentes des-cobertas de uma arte moderna em plenaeclosão.

Liberdades platônicasVêem-se, enfim, honradas novamente as

noções de legalidade, de respeito aos' di-reitos do cidadão, de igualdade perante alei, de condenação do arbítrio, que forambastante esquecidas, desde as lutas darevolução cultural, em nome da «ditaduraintegral do proletariado». Será, pois, ummau negócio para a direção reprovar osdesenvolvimentos freqüentemente ambíguosdas relações entre «democracia socialista»e «ditadura do proletariado», e sobre o con-teudo pratico do «central ismo democrá-tico», o regime,depois de tudo, parte do queele é. e não saberia transformar-se a não

ser a partir das bases políticas e sociaissobre as quais ainda repousa.

Como é possível que esta tentativa detransformação, de renovação deixe um gos-to tão amargo de dúvida quanto às suasverdadeiras intenções? Se há democracia,ela conserva, de início, um caráter pia-tônico que representa, certamente, umprogresso em relação ao regime imperial,mas que é insatisfatório em um sistema,em princípio, socialista.

Todos os observadores, chineses ou es-trangeiros, admitem que os debates emcurso concernem essencialmente a umacamada, muito pequena da população, quetem tempo de se interessar por isso. «Apobreza do nível de vida é apenas umproblema secundário — escrevia em ja-neiro o autor de um dazibao —, o maisgrave é a ignorância intelectual». É umpouco chocante ler estas linhas no exatomomento em que o «Diário do Povo» evocao caso, que nada tem de excepcional, doscamponeses cuja renda diária é da ordemde 8 fens (1 cruzeiro aproximadamente).

Em nome de quem falam os defensoresda democracia? Paradoxalmente, os jovenscom os quais se pode discutir diante do«muro da democracia» são conscientes dadisparidade entre suas reivindicações e acondição real de 700 milhões de campo-neses. Mas o acesso destes últimos a umavida democrática, dizem eles, só poderádecorrer da modernização da agricultura.

O que vale para o mundo rural se

aplica, em larga escala, para o mnnHoperário, e chega-se à Idéia de uma tmoerseis, por assim diser, atrelada £classes dirigentes: o Partido, de um Ud!(no selo do qual funciona o centralism« Idemocrático com critica e autocrítica) °

intelectuais, de outro lado, definidosi __S i«Diário do Povo» (4 de janeiro) com0 Scontingente da classe operária que trabaXS Iintelectualmente». "*}

A nova democracia, por outro lado m Iexerce, quase exclusivamente, em sentidoúnico. Sob pretexto de que a vida políticados doze ou vinte últimos anos foi «anormal», a referãncia a este período da revolução é sempre negativa. Ê mais fácilatribuir a Lin Pião e à «Cam_.rilha dosQuatro», do que a Mao, a responsabilidadeexclusiva das decisões tomadas a partir de1966. A persistência de um movimento ouecontinua ligado a certas atitudes dos dezúltimos anos é afirmada pela infatigávelCf mpanha contra as «sobrevivências de in-fluências nefastas» e o repetido convite aosburocratas para «reformularem sua ma-neira de pensar».

Quando se trata da educação, porexemplo, os pontos de vista citados pelo«Diário do Povo» dio a impressão de setratar de uma outra coisa e de que algunsresponsáveis nio estão de acordo com asescolhas «elitistas» que dominam a políticaatual. Estes, no entanto, não têm o direitoà palavra e sio convidados apenas a fazersua autocrítica, para se condicionarem àcorrente dominante. Os comentários da im-prensa são edificantes sobre este ponto, namedida em que explicam que os erros daesquerda são definitivamente mais peri-gosos que os da direita e que a diversificadaexpressão de opiniões é aceitável, namedida em que contribui «à realização das

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quatro modernizações, da estabilidade eunidade». Estimar, por exemplo, que exista«uma burguesia no seio do Partido» não éuma opinião que se tenha o direito deemitir. Pode-se acreditar, porém, que elaseja exclusiva de Zhang Chunquiao (ChangChun-Chiao), membro da «Camarilha dosQuatro»?

No plano dos fatos, enfim, deixa-se levarpelos fatores que o novo regime confere aosgrupos relativamente restritos de privi-legiados. As medidas anunciadas emproveito dos «antigos capitalistas» são oexemplo mais surpreendente disto. Mas elesdependem de um movimento que tende,geralmente, a conferir vantagens aoselementos já favorecidos da população. Dir-se-á que eles — intelectuais, proprietários, <.burocratas — sofreram muito durante arevolução cultural e que têm, por isso, odireito a compensações.

Privilégios da burocracia

A política atual, então, sob pretexto delutar contra o «igualitarismo», gera desi-gualdades em relação ao espirito da de-mocracia socialista. Os autores dos dazi-baos ou os oradores denunciam estas de-sigualdades, como, por exemplo, os privi-légios habitacionais conferidos a alguns emdetrimento das condições em que vive ooperário médio. No geral, trata-se, contudo,de vozes isoladas e, se a imprensa convidaos burocratas a «se interessarem pela vidado povo» e a banir o «burocratismo», ela,

por outro lado, se esquiva de fazer com-

p_*rações perigosas entre o modo de vidadeles 9*0 de seus administrados.

As novas orientações do regime foram

progressivamente definidas a partir da vol-ta ao poder de Deng Xiaoping, em julho de1977. Mas o desenrolar dos acontecimentosdurante os últimos meses deixa os obser-vadores perplexos.

A grosso modo, a cronologia dos fatosfoi mais ou menos a seguinte: por volta de1? de outubro, houve uma reunião geral doBirô Político que já havia tomado umasérie de decisões, principalmente no campoeconômico, e que preparou a «conferênciado trabalho» de novembro, durante a

qual as discussões foram as mais ani-madas. O plenário do Comitê Central, que a

se reuniu de 18 a 22 de dezembro, ratificouas novas decisões. Através deste processode algumas semanas, Deng, que durante o

verão havia oferecido resistência, incor-

porou-as saindo-se bem em todos os aspec-tos. Seus adversários perderam suas fun-

ções e foram obrigados a fazer autocrítica.Os que lhe são próximos, no entanto, sao

nomeados para os postos-chave do Partido.São muitas as conjecturas que tentam

interpretar como se deu esta substituiçãoda maioria. Mas, sob que pressões homenscomo Wang Dongsing e uma meia dúzia de

outros membros do Birô Político tiveram

que se inclinar? Esta resposta tambémconcerne à democracia. O comunicado

publicado no final do plenário, que se es-

tendeu longamente sobre o tema, não res-

ponde a estas questões. Seria possível que,seguindo uma prática experimentada ou-

trora, com sucesso, por Kruchev, a «con- mt}

ferência do trabalho» se compusesse de

maneira que Deng Xiaoping se assegurassede uma maioria de que ele, em realidade,não dispõe no seio do Comitê Central?

isMOVIMENTO II a 11/4/79

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Os órfãos do talvez/• ¦ "< < » W' Mir NI hlUi

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Fagundes e Cleo Ventura em Sinal de Vida: lembrando os 47 brasileiros que desapareceram num período de terror oficial.istória brasileira dos últimos quinzeinda não loi devidamente registrada.temos vários documentos, depoimen-vros de historiadores, militares,grafias precoces, relatos contunden-"olemicos, como, por exemplo, o livroirai Mourão sobre o golpe militar deliteratura, apesar da enxurrada de

s novos», poucos trabalhos ficarão,iar do Juan, Reflexos do Baile,es de Antônio Callado, A Festa, deIngelo, Cabeça de Papel, de Paulo

No teatro brasileiro, aos poucosa ser contada essa história recentemais especificamente a história de* engajou na luta armada contra a

«ora chega ao público, finalmentea Peça de Lauro César Muniz,Vida, escrita em 1972, nos negros

MMe?lci'JPolêmlca* *n*tlgMte, aMuuiz, dramaturgo e autor dePara a televisão, é um documento¦o momento histórico e crucial noendurecimento da ditadura e aàs organizações armadas deIra-

Mar<;í,10* «m Jornalista pe-lr|e;;*„ militante do Partido Co-Brasileiro, vacila e sob os maisPretextos táticos c estratégicos,eronica, jovem estudante, se en-utd armada, caindo na clandes-Logo depois é metralhada quandoreino c descoberto. Porém, asm u mais variadas. Fala-se que» "iva outros afirmam que foram Mates, os jornais apontam

autor quer dizer, fundamental-que a partir do momento da caça101 a viver o silenciou a incerteza,- filhos órfãos de pais vivose, mortos talvez, órfãos do talvez

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1*•• « 8/4/71

Sinal de Vida, teve pré-estréia na se-mana passada no Auditório Augusta embenefício da Anistia. Em entrevista aMovimento o dramaturgo e autor de te-lenovelas Lauro César Muniz reflete sobreos personagens de sua peça, comenta aprodução teatral dos últimos 15 anos,critica a atuação do PC e reforça suacrença no papel das esquerdas brasileiras.

M — Depois de sete anos sob censura apeça foi liberada. Qual o tema de Sinal deVida?

L — A peça trata do desaparecimento deuma militante da guerrilha urbana, cha-mada Verônica, iniciada na politica, cons-cientizada para a realidade social do Paispor um jornalista chamado Marcelo. Apeça começa quando Marcelo recebe umtelefonema dizendo que Verônica foi me-tralhada pela repressão. A partir dai Mar-ceio vive um processo de análise, invocan-do o passado, numa tentativa de avaliarsuas falhas, sua omissão, enfim a culpaque o envolve já que os dois militaram noPartido Comunista Brasileiro. Ele comomacaco velho e ela como jovem estudanteintroduzida por ele. Quando a repressão en-grossou, o aparelho onde militavam foi des-montado e Verônica optou pela guerrilhaurbana, enquanto Marcelo ficou esperandouma palavra de ordem do Comitê Centra!que nunca veio, pois a liderança estava es-facelada. A busca da culpa é a temáticabásica da peça ao mesmo tempo em quefica uma indagação permanente no ar:onde está Verônica? Ou seja, onde estão as47 pessoas desaparecidas até hoje no pais.Até hoje se procura por bancários, ope-rários, estudantes, comerciados e atéelementos das Forças Armadas cujo de-saparecimento misterioso permanece semresposta.

«O momento mais negro »

M — O que o levou a escrever sobre is-so?

L — A peça foi escrita em 1972 nomomento em que a repressão atingia seuponto máximo e no momento justamenteem que a intelectualidade estava um poucoanestesiada, neutralizada pelo falso mi-lagre econômico e pela violenta propagan-da do governo Mediei. O momento maisnegro da história do Brasil, o mais difícilque atravessamos nos últimos 15 anos.Naquele momento eu senti uma necessi-

dade de despejar no papel toda a contra-dição que eu estava vivendo em função dodesaparecimento de uma companheira detrabalho que até hoje não apareceu. Ora seouve dizer que ela esteve na Argélia, oraque já foi morta, outras dizem que estávivendo no País, na clandestinidade, enfim,sem nenhuma explicação real. Essa Iou-cura, esse absurdo, essa situação kafkianame levou a escrever a peça em 15 dias.

M — A liberação foi obra da «abertura»?L — Essa é minha sétima peça de teatro

e ficou inédita sete anos. A explicação paraa liberação é de que realmente há uminicio de abertura, que ainda não se efe-tivou. Apenas um destrancar de portas,uma pequena brecha onde fui sorteado. Es-pero que tudo não passe de uma bolinha desorteio e seja uma abertura que liberetodas as peças.

M — Com a liberação das peças proi-bidas começa-se a contar um período da his*tória brasileira?

L - Com certeza na hora em que li-berarem todas as peças engavetadas cer-

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Lanro César Munii :«A aberta» é apenas nmdestrancar de portas, eade fui sorteado».

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tamente vamos ter um painel rico e com-

SÍS? nmr!aJfdade ***** d<» Attimos 15ff% 7Í?a da*-.m«lhores peças da décadade 70 é Rasga Coração, de^duvaldo Vianamíí-°'„^e Çermanece Proibida. Mas o quemm*.™L.rrec.e

ó que no momento emque começa o entusiasmo com a aberturano teatro uma nova peça é proibida depois?£„ ?e

mirço' escrita P°r steP«n Nerces-

político "0S poemas de um Preso

M A proibição de Sinal de Vida pre-judicouseu trabalho?

L — Depois de escrevê-la em 1972 o vetoda censura funcionou como um balde deágua fria em qualquer autor. Não me sentiestimulado a escrever nada. Talvez tenhasido um erro, mas não estava estimulado.[Fui absorvido pela televisão e fiz cincoInovelas de 72 a 77. A primeira foi CarI-nhoso, depois em parceria com GilbertoBraga fiz A Corrida do Ouro, seguindo-seEscalada, Casarão e Espelho Mágico.Agora estou preparando uma nova novelachamada Paloma. Em teatro tinha escritoSanto Milagroso; Esse Ovo é um Galo; AInfidelidade ao Alcance de Todos, umacomédia de muito sucesso em 1966; OLíder, para a Feira Paulista de Opinião: AComédia Atômica; A Morte do Imortal e,recentemente, escrevi O Mito, para a FeiraBrasileira de Opinão, que permaneceinédita.

M _ Quais as dificuldades do trabalhoem televisão?

L — O trabalho em televisão é muitomais difícil de fazer. Existe o compromissocom a empresa, com um público muitoeclético, uma censura rigorosa. De certaforma todas as minhas novelas sofreram oimpacto da censura. Para se ter uma idéia,O Casarão foi enquadrado na Lei Falcãoporque havia um personagem candidato aprefeito e a campanha coincidia com aseleições municipais. A justificativa da Cen-sura Federal para vetar as cenas da cam-panha eleitoral foi mesmo a LeiFalcão.

M - O autor de telenovela geralmente écriticado pela intelectualidade. O que vocêacha das patrulhas denunciadas por CacaDiegues?

L — Acho infeliz a colocação do Caca.Não há patrulhas ideológicas. Ou se há amais perigosa é a de direita, que é pode-rosa. Essa é a verdadeira patrulha ideo-lógica formada por algumas das grandesempresas de televisão, os grandes jornais.Essas é que cassam as nossas palavras enão a crítica de esquerda que é infinita-mente fraca e pequena diante do poderenorme desses grupos.

M — Mas não existe a patrulhagem naesquerda brasileira?

Militante desencantado

L — Acho que o grande mal dos partidos2°omunistas no mundo inteiro é Stalin. O PC

é conservador, reacionário e a origem dissoestá em Stálin. No fim da década de 60quando militei durante algum tempo eu jápercebia isso. Mas não vamos confundir oPC com a esquerda brasileira. Na esquerdabrasileira acredito, no PCB não.

M — A geração de sua época, que mi-ütou como você..estaria desencantada comas revelações do XX Congresso do PCSoviético?

L — Absolutamente desencantada e apeça Sinal de Vida retrata esse processo dedesencanto de um militante do PC. O PCprecisa ir ao fundo do poço para se rea-nalisar. Não acredito nos velhos membrosdo PC por causa dos vícios, mas acreditonum novo PC com uma visão diferente dasbases do comunismo. Mas não militariamais em nenhum partido. Tenho muitomedo de partidos e religiões, que criamdogmas; isso é péssimo para um escritor.Qualquer vinculação de ordem partidáriaou religiosa torna o escritor dogmático.

M - E a anistia?L — A anistia que eles vão aprovar não

será ampla, geral e irrestrita. Sou a favorde uma anistia total tanto para presospolíticos com delito de sangue como paraos carrascos que torturaram os compa-nheiros. Vamos pôr uma pedra em cimadesse passado terrível. Mas não acreditoque esse governo tenha condições derealizar uma tarefa tão complicada. Vaiser uma anistia para atender à opiniãopública.

M — Você acredita que os exilados vãovoltar ao Brasil com uma visão clara doprocesso brasileiro da atualidade?

L — Acho que eles podem incorrer nosmesmo erros. Quando eles voltarem aoBrasil vão encontrar um pais muito dife-rente e se tentarem usar as mesma táticasdo passado os burros cairão outra vez den-tro da água. E preciso parar, pensar eanalisar tudo de novo. A volta dos exibidosvai criar conflito entre os que estão mili-tando na política aqui. Eles têm uma visãopreconcebida, nós temos a realidade vivida.Evidentemente vai haver um choque, po-sitivo na medida em que houver uma am-pia discussão, sem ressentimentos, culpasou acusações.

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Há casos estranhíssimos, como o casode Jorge Bodaniky. Ele foi chamado de «ocineasta brasileiro mais Inédito no Brasil».Explica-se, embora a situação não sejamuito inteligível: Os Mucker,, sen últimofilme, ao lado de Wolf Gauer, é, paradoxal-mt*nte. o primeiro que chega ao público. Osdois anteriores, Iracema, de Bodanzky eOrlando Senna (75), e Gitirana , de Bodanz-k> e produção de Gauer (78) ainda estãocensurados, proibidos de chegar aogrande público. Os Mucker , (79) é o pri-meiro que consegue a «façanha» de serliberado. Mas isto náo significa qne Bo-dansky e Gauer tenham feito qualquer con-cessão ou recuo. 'Ficamos multo amar-mirado* com a censura - diz Gauer - aIracema 0'tii.im. Um filme nâo é umpoema gue pune Nvar guardado na gavetaou na memória. Implica um gasto deverba pública e tem por objetivo atingirum público. Quando o filme não chega aopublico, o cinema não se realiza cimoobra Ma? en. momento nenhum ei trai «Al emconsideração coisas como recuar ou lazerconcessões no terceiro filme».

O filme ganhou três prêmios no Festivalde Cinema dé Gramado deste ano: melhordireção, melhor cenografia e melhor atriz,a gaúcha Marltse Saueressig, do Teatro deArena de Porto Alegre. Os Mucker narra ahistoria de uma colônia alemã no RioGrande do Sul, no.século passado, que viviacomunitariamente, tendo abolido a pro-priedade privada e criado um sistema delUtegestêe econômica, se tornando inde-pendente, sob a liderança de Jacobina. le.it/. Dando uma'.visão mais realista do

que emocional, o filiiic falado em dialetoalemãs so existente no slI do Brasil )comlegendas em português) se propõe adiscutir principalmente o angulo social des-se importante acontecimento histórico, semse deter no detalhe, nas questões secun-darias. Ao contrário, levanta as questões(entrais e procura dar a verdadeira inter-pretação da história dos Mucker, geral-mente mal contada e deliberadamente dis-torcida, com exceção do recente livro deJanaína Amado,Conflito Social no Brasil -Revolta dos Mucker.

Co-produzido com a TV alemã, o filmeentra em circuito comercial no Rio deJaneiro e São Paulo na segunda quinzenadeste mês. E o grande público poderáconhecer o trabalho de Bodanzky e Gauer.que.apesar de estarem trabalhando junto:-ha seis anos e terem dois filme realizados.inclusive premiados no exterior, só agorapodem mostrar amplamente o seii trabalho.

Movimenta Per que vocês resolveramfilmar a historia dos Mucker0Wolf Gauer Para contar um fato his-tórico, quase desconhecido no Brasil, das.minrias dentro do Brasil, um caso exem-plar sobre como nasce a violência soòial, oconflito.M - Como eles vieram ao Brasil, querdizer, a origem deles.'WG - Primeiro quero explicar por quechamam Mucker. I. uma palavra alemãque significa uma pessoa de religiosidadeexagerada, uma expressão pejorativa.Vieram da Alemanha no início dó século

passado, de uma região montanhosa, pobree de tradição revolucionária. Já tinhambrigado com Napoleãv, etc. Vieram comgrandes promessa*., convidados por D.Pedro ii Chegaram ao Brasil e se decep-rumaram com as condições que encon-•raiam.

M Kra uma comunidade religiosa?

A defesa de uma minoria

WG - Não. Os primeiros chegaram em1824, os jatros em 1850. Os últimos encon-trará.n uma situação muito pior que osprimeiros. Eram mais pobres. E quandoexiste uma necessidade social dentro deuma minoria é preciso um núcleo, para secristalizar, formar uma tendência, ter umaideologia. Assim era com os Mucker. Nãoexistia um grupo religioso, uma seita. Es-ses mais pobres, entre os colonos alemães,se juntaram em volta de uma mulher,Jacobina Mentz, para se expressar social-mente. Não tinham formação intelectual,muitos eram analfabetos. Recorreram áBíblia, que era o único livro a que tinhamacesso. Por isto prefiro falar deles nãocomo seita religiosa; mas de um grupo comdeterminadas necessidades sociais. Nãotinham ideologia, mas instinto, o sentimen-to que exigia uma vida mais justa. Faltavasó uma pessoa que canalizasse isso. Jun-taram-se em volta de Jacobina, que tam-bém era uma camponesa analfabeta,jovemmulher muito forte, carismática e epilép--tica Mas a epilepsia foi considerada naépoca dos gregos como uma coisa santa,dada pelos deuses. Isso foi o suficiente paratornar Jacobina o centro do grupo. Comoera uma mulher inteligente e ativa apren-deu a ler e estudar a Bíblia, tirando delafrases e passagens para dar um fundo

UMA GUERRA!.1 , incutiu dt Os Mia r.t-1 ¦ as tclu*.

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Para refazer as cenas da revolta dos Mucker, foram mobilizados os descendentes dos colonosalemães que viveram o importante episódio da história brasileira, revelado através do cui-dadoso trabalho de Bodansky e Gauer, descrito pelos dois nessa entrevista exclusiva.

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ideológico ás necessidades do grupo.M — Vocês definem Jacobina como per-.sonagem brechtiana. Como se expressa is-so-'

WG Em termos brechtianos é o seguin-te: ela é integrante do povo, tem a intros-pectiva social, mesmo de uma maneiramuito ingênua e tem também a iniciativa eo espírito coletivista para que se realizassemas necessidades do grupo. Outra coisa im-portante é que ela é mulher, não no sentidodo matriarcado. Não éa mulher que fica emsegundo plano, vendo o que o marido de-clde. Se comporta socialmente como ohomem e possui a mesma moral. Isto éuma aspecto interessante porque ela sem-pre foi definida como uma mulher sensual,

3ue deitava com todos, o que não é ver-

ade. O que acontece é que dentro da suamoral social, nova, ela decide o que faz. Setem vontade de ficar com alguém, ela fica.

M — Era, basicamente, uma comunidade.Por que chocou tanto os habitantes daregião, na época?

WG — Em primeiro lugar eles chocaramos outros alemães da época. Como eram osmais pobres, tinham um comportamentosocial diferente dos outros. Coletivamentejuntaram os teus recursos, as poucas ter*ras, trabalhavam juntos, não mais par-ticipavam dó intercâmbio econômico comos outros alemães. Os Mucker eram co-lonos produtores, produziam as batatasdeles para comer, não para vender. Isso éuma velha história que se pode observarem todos os conflitos sociais. Logo que nas-ce um grupo autônomo isso é consideradoestranho.

M - Houve um corte na troca.

WG - Exatamente. Assim começaram osconflitos com eles, acusações de que Ja-cobina era uma puta, por exemplo.M - Sem insistir no aspecto religioso, osMucker eram cristãos?WG — Eram, católicos, e protestantescomo é natural na Alemanha.M - Pode-se dizer que eles têm semelhan-cas com o cristianismo primitivo, nas basesde Engels7WG — Exatamente, têm muito a ver comisso, o chamado comunismo cristão. Essavisão do conjunto, do coletivo. Só que elesnão sabiam disso. Queriam era mudar avida deles. E no Velho Testamento se en-contra muita coisa para se fundar coisascoletivistas.

O povo fazendo o filme

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Durante as filmagens houve algumamudança das pessoas da região em relaçãoaos Mucker?

WG - A gente filmava com o pessoal delá, usando a força intrínseca que esse pes-soai ainda tem. Alguns até hoje sentemvergonha, outros são esclarecidos* Senti-mos no processo de filmagem que se for-mou outra visão sobre os Mucker, inclusivetrouxe de volta toda aquela discussão sobreo caso. Antes a coisa era colocada de cimapara baixo, pelos jesuítas.

Jorge Bodanzky - Para completar o que o

Wolf falou em relação ao filme: até ipreparação do filme ainda havia muitoreceio em levantar a história dos Muckerque é a mancha negra da história da callonização alemã. Durante as filmagenícom a participação da população local.deu-se o inverso. Eles passaram a assumir'e até se orgulhar de ter tido esse passada IQuer dizer, deixou de ser vergonha par»ser motivo de orgulho.

M - O filme tem um trabalho didáticonesse sentido?

JB - Não, não é um trabalho didático, ab*solutamente. O filme não tem essa prèten.são. Ele aborda os aspectos básicos nãoentra em detalhes.

Um novo caminho no cinema

WG - Didático no sentido de que queresclarecer.

JB - Ah, sim, o geral. Não o estilo de fil*me didático. Agora, a participação dapopulação local é uma decorrência do nossoestilo de trabalho, que fazemos há muitotempo, nos trabalhos anteriores. Usamosesta experiência num filme histórico, foiuma coisa arriscada, mas achoque funcionoumuito bem. Reconstituiu uma coisa queaconteceu há 100 anos com os próprios des-cendentes. O nosso trabalho está muitoligado à participação do leigo, a essência édada por ele, o ator só pontifica o filme.WG — É um caminho novo de fazer ei-nema, permitindo a verdadeira partici-pação do povo e não uma coisa pseudo-popular, folclorista. a

JB - Ê muito perigoso você colocar apopulação num filme e não cair num ele*mento demagógico, quer dizer, você impora sua história com uma figuração paraganhar veracidade. A gente faz exatamenteo contrário: a história nasce da própriapopulação, são eles quem contam, em úl-tima análise, o fato.

WG — Para nós a ênfase da mensagem énaturalmente social. Ê uma determinadasolidariedade com a minoria social Nóscontamos só nos últimos 100 anos 40 con-flitos desse tipo, como Canudos, por exem-pio.

E Glauber não entendeu

JB — Apesar desse fato hiátórico ter sidomuito violento, nós intencionalmente nãocolocamos a violência em primeiro plano.Porque se a história fosse transformadanum bangue-bangue o fator social, que i'fato mais importante que nós queremosressaltar no filme, seria minimizado. Emais importante para nós explicar o quegera a violência do que descrever a violên-cia. Os Mucker, assim como Iracema eGitirana, é o resultado dessa proposta detrabalho, da mistura da documentação coaa ficção. Nòls fazemos o cinema queachamos que devemos fazer, com equipereduzida, Nunca aceitamos qualquer co*locação por parte de produção, ator. Nosso:estilo é violentamente anticomercial. A \gente sabe da limitação dele, mas acre-ditamos que é importante manter estaposição. Pode não ser o melhor, mas é umdos caminhos, bastante coerente para sefazer cinema no Terceiro Mundo, pelo seubaixo custo, pela sua possibilidade de sermuito real Com a situação social. Exata-mente o contrário da imitação de Holly-wood, a procura de uma linguagem pró-pria. Nada disfarçado, nada construído, es-sa a nossa preocupação.

M — Em que medida esses dois filmes an-teriores de vocês que estão censurados,Iracema e Gitirana, prejudica o trabalhode vocês?

jJB - Prejudica muito. Ê muito frustrantevocê não ver o seu trabalho completado,porque ele se completa com o público.Agora, a gente está batalhando para li-berar os filmes. Os Mucker, apesar de ser oúltimo filme que a gente fez, é o primeiroque chega ao público. Ele é uma conse-qüência dos trabalhos anteriores.

M — Como vocês viram a declaração doGlauber, num telefonema ao Festival #Gramado, dizendo que o filme era de di-reita, reacionário..

JB — Uma declaração totalmente absurda.Se ele visse o filme não teria como dizer is-so. Que interesse uma extrema-direiUalemã teria num filme desses, que é jus-tamente o contrário? Ele fez isso por K-norância. i

mM — Provocação pura.

JB - Foi fruto da ignorância dele, de não

conhecer nosso trabalho.

WS" -W .?mmãmmmm

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.._4__.--W«fD-

I personagens de Una WertmuUer em «Deis aa Cama» refletem am problema bem atual.

"olítica tambémie resolve na.ama{ cama é uma preocupação de todos. E,almente, uma longa convivência de doisia cama é um tema que suscita grandesates, grandes dramas em todos osis, especialmente nos maislectualizados. Vai dal que o filmeis na Cama Numa Noite de Chuva**- dei WertmuUer, vem fazendo sucesso.Jiancarlo Gianini e Candice Bergenrpretam um casal

"bem comum no

ir intelectual de nossa-sociedadeum indivíduo altaihente politizado,

itante, que nio trabalha (perdão, seu>alho é a política) e ela a quebalha numa coisa sem importância, ou

a, a única importância de seu>rego é sustentar o companheiro.uns críticos consideram Lina, aora do filme, como uma reacionária,s há quem veja seus personagens10 muito reais, mostrando dramasnpasses políticos bastante comuns. Oigo militante vivido por Giancarlonini é um velho lutador de esquerda,sado, que nas primeiras* cenasende a teoria politlca com clareza eíritarismo, mas no final cai nocismo e na tristeza, ao constatar

o Partido nio oferece respostas oumativas aos problemastemporâneos prementes: catástrofeslógicas, explosão dempgráfica etc.>me manchete de jornal todo dia,cias/le TV. E lê, escreve e-a. E um machista sutil,calíptico, meio visionário.• a é uma mulherzinha doce.ilvel, que no decorrer da vida emium vai criticando sua submissão, o:nismo, o casamento. Totalmente «poro ela nunca foi, pois defendia osis da revolta juvenil de maio de 68base das bolsadas, quando nas ruasul da Itália, mas foi senanchando ao longo do tempo em queuniu a posição de mulher casada. Noi ela dá uma avançada e sai dessecionamento. Dez anos de casamento.fica na dele. Quem ai na platéia écasal mais ou menos assina?

' toque especial de Lina WertmuUere filme é colocar um grupo deoas (os amigos dele em destaque) quemomentos visionários do casal,wam como doutores o relacionamentodois e terminam dando importantesites para o encaminhamento da vida

• E ai é que está uma verdade bem: nunca somos apenas dois na cama

*m dessa opinião dos amigos, tem«em a imagem que cada um faz do

imagem que cada um faz de si mesmo.m, trata-se de uma verdadeiraidao na cama. E Lina faz isso, num- que é o primeiro que faz tendo o.ae amor como o grande centro da

aa. Talvez porque se trata de umauçao de Warner Communications

estruiçãoibém dá cultura

^*****RSSmmS Zé das Trova eníu

A?c em artilha aos 15 anos,«m amigo de trabalho na roça, e

tabuada com outro companheiro deserviço. Nasceu em Araguacema (GO)e teve terra de posse, em Goiás e MatoGrosso. Sempre escorraçado pelasfazendas. Hoje está no povoado dePorto Alegre, no Mato Grosso, e editalivrinhos rodados em mimeógrafo aálcool, da escolinha, descrenvendo o queaprende no rádio, nas conversas e nosseus sonhos e experiências. Um dostrabalhos é «Estória das Fazendas doAmazonas» onde diz que «os chefesquerem vender o Amazonas/ é para pagaros bilhões/ dizendo que esse empréstimoé para o bem da nação/ mas eu estoudesconfiado/ que quem sai beneficiado/é general e capitão».Depois de denunciar a retirada deriquezas minerais por parte dasfazendas estrangeiras, Zé faz suaconstatação pessoal: «Us responsáveisda venda/ parece que estão maluco/porque fazenda de estrangeiro/ não vaidar nenhum produto/ porque só estãofazendo cerca/ e cerca nunca deu fruto».Num outro «poema», intitulado «O Sonhodo Rio Tapirapé», faz uma viagem pelomundo, descrevendo a situação dospaíses. Um dos versos: «Os maiores«Unidos« do mundo/ não trata de uniãoeles são os reis do mundo têm poderigual lião/ estão acabando as naçãopobre/ estragando igual microbi/ naraiz do coração». E para mostrar quecriatividade existe em qualquer lugaronde esteia um homem disposto, comtalento e bom observador, Zé das Trovacompleta a série de poemas que mandoupara o Comitê de Defesa da Amazônia,contando sobre os bichos do Mato Grossoe seus embates com os latifúndiosdas grandes empresas: «nen um destesanimais/ não gosta de ditadura/ porquejá está tudo magro/ acabou suas gordura/os tubarões fizero guerra/ os animaisperdera as terra/ acabou suas fartura».

MUSICA POPULAR I

Festival eanti-f estivai

No dia 01.04.79 dois festivaisaconteceram ao mesmo tempo na Europa.Um foi o Eurovisio,juntando os vencedores

de festivais nacionais de diversos

Klses. Todo ano acontece e é um

.balho das TVs européias. Soquedessa vez a Europa foi mais longe e arodada final foi em Israel. O outro foio Contrafestival, reunindo um tipo de

musica popular que nio teve vez no«Euro» oficial: as composições querefletem preocupações sociais, aschamadas «canções de protesto», que nãotiveram «condições técnicas suficientes»para concorrer i final em terras deJerusalém. No Contrafestival, realizadoem Bruxelas, participou o compositorZeca Afonso (foto), autor de «Grandola,Vila Morena», canção-senha da revoluçãodemocrática em sua terra, Portugal. Erepresentantes de outros 15 países.

MUSICA POPULAR H

Universitáriosdesafinam na TV

A Universidade sempre abrigou,divulgou e produziu o melhor de nossamúsica popular, em diversas épocas. Osprimeiros espetáculos de bossa-novaaconteceram nas universidades e, depois,em 68, seus palcos e salões servirampara lançar os novos compositores eabrir o debate em torno da produção deChico Buarque, Geraldo Vandré, MiltonNascimento e outros. Mesmo nos temposmais duros, foi dali que surgiram ospouquinhos quederam continuidade amúsica brasileira: Ivan Lins, GonzagaJr., César Costa Filho. De 1970 emdiante,a MPB foi sumindo, sumindo...e,em 75, universitários da USP organizarama Mostra de Música, que se repetiu noano seguinte. Muita gente, muitavontade, mas nada de novo.

Mas agora os tempos são outros e aTV Cultura de São Paulo resolveuconferir a música universitária. Abriuinscrições para um festival e mais de600 músicas foram inscritas. Dal saíram36 (e mais 3 na reserva (, paraconcorrer ás finais, 30 de abril e 21de maio. Confira você também e veja quea coisa está pior do que nunca. Um dosmembros do júri diz que é triste sentirque a música na universidade anda paratrás. Péssima qualidade musical, letrasherméticas e — o que é pior — muito

Kbres. Novidades, só um chorinho-ópera,

m elaborado, letra e música meioconcretista. Coisa técnica, mas semalma. O que está acontecendo? Auniversidade não acompanha o novoavanço do povo brasileiro? Talvez, ébem provável que todo o arrochocultural e a elitização das escolassuperiores, aliando-se ao rebaixamentono nível de ensino, tenha causadograves danos, de difícil recuperação.O festival teve uma única músicacensurada, não por refletir nada depolítico, mas por usar, meio na base dooportunismo, a palavra «coito». Estavana reserva, para o caso de uma das 36pifar. O nível do festival é tal que umdos participantes do júri informa queseria melhor apresentar as piores entreas 600 apresentadas, porque assim seteria uma visão melhor da atual músicauniversitária brasileira. Vai mal.

PUBLICIDADE

Uma publicaçãocívico-mflitar

Depois de suas incursõespublicitárias pela TV (enfocadasno n* 195) Paulo Salim Maluf, por acasogovernador de Sáo Paulo, utiliza agoraa imprensa como veiculo de promoçãopara seu governo. E lógico. Eleprecisa de alguém que fale bem dele.Então está ai prontuiho para serviro sr. dr. Domingos Barroso, um de seusassessores palacianos, aue lança nasbancas o incrível «Combato Democrático»que se anuncia, no expediente, emnegrito, como «publicação cívico-

m ____________.__¦ tà>- _^_i _^_^"^^h ^h>h __ ___ ma __u_____iMl frJVxV tt *mé . 1José Afease, e autor da senha da Revolução des Craves castra a Barevteie.

militar». Contando com verbas dogoverno do Estado (e tem uma páginade publicidadedas Centrais Elétricasde São Paulo), o tornai tem matériaslaudatórias a Maluf e ao governofederal. Começa como quinzenal e, graçasao sucesso editorial que iá prevê,ameaça passar a semanal dentro detrês meses. A promessa final desse«Combate» é chegar a ser diário.Mais uma peça publicitária de Maluf, aalto preço e, sem dúvida nenhuma, maisuma mudança de capital, coisa que elesabe fazer muito bem. Financeiramentepode ser que o jornalzinho venha a serum sucesso mas, em termos depublicidade, vai ser parada dura. Dizeme provam os entendidos que «quando oproduto é ruim, não há propaganda quedê jeito».

Adilson Nunes

PARAIBANADAS

Museu derrotaa arte na praça

E a escola de teatro PIOLLIN, de JoãoPessoa, crição de «Um Grupo de Teatro»,perde as esperanças. O espaço físico daPIOLLIN servia a muitos grupos de arte.onde esses faziam suas apresentações eensaios, sem que nada lhes fossecobrado. E o mais importante é que aPIOLLIN entregava seu trabalho àcomunidade, até se apresentandoem feiras. Em dois anos de existênciaela chegou a levar uma peça infantil àsruas de João Pessoa, formou grupos demúsica, cursos de capoeira, organizou oprimeiro encontro estadual de gruposinfantis, proporcionou um curso sobre oteatro de Bertolt Brecht, ministrado peloteatrólogo FernandoPeixoto. Todoesse trabalho, que poderia estar sendolevado adiante, foi brecado pelasautoridades paraibanas, que despejarama PIOLLIN de seu espaço, para darexpansão ao Museu de Arte Sacra daParaíba, que pouco tem contribuídopara a cultura e o lazer do povoparaibano. Mais uma vez amarraram ospés da arte com intenções verdadeirasde combater o elitismo que hoje é atriste característica de nossa arte.

Ester Froes

QUADRINHOS

Os mineiros vãoàs bancas

«É a mesma história de sempre: umbando de desenhistas que não ten. vezn;2";rande imprensa se junta, faz umavaquinha e edita uma revista porconta própria».

E assim que Uai!! se apresenta noseu segundo número (o primeiro depoisdo zero) — uma revista em quadrinhosmineira que sai da marginalidade paraas bancas. E marca, de certa forma, oinicio da temporada-79 no áridopanorama da HQ brasileira atual. Hátambém Ratasaaus, um trabalhoindividual de pouca tiragem, e trêspróximas atrações: a Capa n° 3 , a Bocan" 4 e uma edição especial da revistaFicção só de quadrinhos.

Uai!!, é preciso reconhecer,poderia ser bem melhor. Afinal, aprodução mineira de quadrinhos tem sidodas mais conseqüentes, infelizmente sóconhecida regionalmente. E entre osmineiros, dois se destacam pelaexperiência, pelo domínio da linguageme pela consciência política eartística: Nilson e Lor.

Este Uai!! n° 1 vale mais comouma pequena amostra do que Nilson temfeito na área infantil («Negrim do

Kistoreio») e na criação de personagens

asileiros («Pery a perigo»). Lor temapenas duas páginas

— o que é muitopouco para ele.

Fora os dois, a revista apenaspromete, no experimentalismo de RobertoMoreno, nas tiras bem acabadas deFausto e na herança de Carlos Estevãona dupla Artur e Melado.

A artista Beruja Correia de Souza estálançandosua revista Seu multo de machado, meuamer, apresentando seu personagemRatazanus. Segundo a autora, o«trabalho pode ser enquadrado dentrodoque eu chamo -quadrinho

psicológico >no aprofundamento do mundo interior dapersonagem, suas manias, medos,neuroses». Um texto ilustrado ¦Dagemir Marquezi

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tBLi-L

presidenteimposto

Fei com grande surpresa que vimos o Sr.Antônio Carlos Magalhães «o democrata»,

propor a criaçlo da praça do protesto. Anosse surpresa se manifestou, pelo feto de

qae, equi na Bahia, esistem verdadeirosheróis nos quadros da Poilcia, todos fa-bricados nos movimentos estudantis. Al-

guns receberem Inclusive condecoraçõespor relevantes serviços. O mais curioso detudo, é que ne semana em que foi anun-dado o propósito da criaçlo ds praça do

protesto, um deputado do MDB foiameaçado de agressão dentro da Assem-bléia Legislativa, pelo filho do «GOVER-NADOR DEMOCRATA» que é tambémdeputado, Justamente porque o opoaicionis-ta criticava o Sr. Antonio Carlos Maga-lhiesj

E por estes exemplos, que nos sur-

preendemos com este ataque de demo-cracia que se abateu contra este senhor.Alias agora começo a acreditar que sãoverdadeiros os boatos de este senhor

pretender ser o prdximo Presidente impôs-to, que a nosso ver, como piada, poderádeixar o nosso querido humorista ChicoAnisio sem emprego.

Concluindo, eu só tenho que pedir ao

povo da minha terra para acordar, pois oforte deste senhor, é, com a ajuda da im-

prensa do nosso Estado, que cada dia émais omissa, pintar os quadros mais lindosde sua administração. Mas, na verdade seolharmos friamente, veremos que as tão

propaladas obras realizadas em sua ad-ministração, foram sempre voltadas para ointeresse de alguns, inclusive no dele. Amelhoria das condições de vida em nossoEstado, todos sabemos que é falsa, pois acada dia o nosso poder de compra cai as-sustadoramente, e tenham certeza de quequem está bem, são os mesmos exatamenteos mesmos que vêm dominando ha* algumtempo a política do nosso Estado e com ovoto do povo, que é o mais prejudicado.

Carlos José Maria FreireSalvador-Bahia

À situaçãonão tinhamudado?

E nós acreditávamos que a situaçãohavia mudado...

Quando toda uma comunidade hospitalarmarcha em uma direção, unida e organi-zada e um pequeno grupo tenta fazer comque se quebre a paz anteriormente existen-te, forçando por todos os meios que se váem direção oposta, é o momento de noslevantarmos e protestar.

Alguém disse:«Nós vos pedimos com insistência. Nun-

ca digam- isso é natural. Diante dosacontecimentos de cada dia, numa épocaen*. que reina a confusão, em que se ordena adesordem, em que o arbítrio tem força delei, em que a humanidade se desumaniza...Não digam nunca: isto é natural. A fim deque nada passe por imutável.»

Houve um tempo em que havia tran-qtlilidade. De repente, sem que soubesse-mos como, divulgado entre nós, circulavaum documento anônimo, onde renomadosdocentes de reconhecido gabarito nacional,eram caracterizados em uma situaçãoirreal de mau exercício de suas atividadesdidático-assistenciais, levando a um climade insatisfação e insegurança total.

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tA mm spi-suielo qoé recebemos al-«3UTSÍ lAUmmmmtm'**Rubem Passerino Moura, eue ceea atri-balcões de autoridade sjrmlwe e am*parado per regimeates \*A**Ammt dasatividades médicas, eoatnaam.com seus•tos pano aumento de tmranquiUdadereinante, eenfbrme citação no manifestoanterior. _ • :

Pisemos uma exigência e nio fomos•tendidos, reivindicemos e destituiçlo docargo e revogação dos atos da atual dl-retoria, mas ainda estamos sob seu do-mlnlo. sofrendo as conseqüências da ins-tabilidade emocional e inadequaçio dosdiretores em conduzir um Hospital.

E com profunda indignação que vimosnosso Reitor, em declaração à Imprensa,afirmar que nflo havia nenhuma lista dedemissão e dois dias após cinco professoresforam demitidos (coincidentemente quatrodeles incluídos na carta anônima acimacitada), mostrando que o elemento demaior autoridade de nossa Universidade,ou nflo tem conhecimento de fatos extre-mamente importantes que ocorrem emseus diversos setores ou na pior hipótese,faltou com a verdade publicamente.

Considerando essas demissões, vemos,com tristeza nossa formação profissionalentrar eni decadência, uma vez que somosprivados de sua assistência educacionalconsiderada da mais sita importânciacientífica.

Considerando as humilhações que vimossofrendo culminadas com a expulsão doChefe do Pronto-Socorro da sala do Diretor-Superintendente, quando fazia justas rei-vindicações, considerando ainda a atitudeprepotente do atual Diretor Clínico Dr. RuiVianna Júnior, que mostrando claramentenão ter condições para ocupar cargo tão

, .. V. .. i ... ..m»-\i.. ''Mi-s..,,

importante, agrediu tlakomeste o Chefe deDepartamento Matemo-Infantll o SoedeComunitária, indicando que a força e ia*tlmidaçlo elo oi únicos argumento»usados pela atual Diretoria, decidimos;mantendo-nos em aasembléia-geral per*manente, paralisar nossas atividades nos*pitalares exceto o atendimento as urgênciasaté que as seguintes reivindicações sejam

a — Reedmissflo imediata dos docentesdemitidos

b - Demissão da atusl diretoria e re-vogaçfio total de seus atos

c — Nflo puniçflo dos Médicos ResidentesAguardamos com ansiedade a norma-

lizaçflo de nossas atividades, de modo quevolte a reinar o verdadeiro sentido univer-sitário em nossa comunidade hospitalar.

Assembléia dos Médicos Residentes doHospital Universitário Regional .do Norte doPerene.

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comecei a trebeSãr. Ofãto sobre o S!iquero chamar a atençlo é que, tantoeu comooe demais aprovados, fomos selecionado.pelo BNH, convocados pelo BNH e no eitanto quem assina a Carteira Profissional _aTED ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOSLTDA.

Isso ecarreta sérias conseqüências paraos que trabalham em ume empresa paraei-tatal ou autárquica sobesse odioso e injustoregime de subcontrato. Percebemos apenass metade dos vencimentos do funcionárioefetivo do BNH pera e mesma função, nâotemos direito eos 15 salários anuais a queos efetivos do BNH fazem Jus, não podemosnos sindicalizar, etc. A agência deempregos, que é a alocadora dá máo-de-obra, leva com isso 50% do que deveria sero nosso salário, que éa comissão que amesma cobra ao BNH por essa exploraçãomedievel e mesquinho de mão-de-obraSerá que'só ela que leva?Dificil de acre-ditar, não é? Observando a quantidade decartões de ponto no quadro e com-parando-se, chega-se facilmente à con-clusao de que ultrapassa os 50% da mãode-obra que trabalha no BNH sujeita a essesistema de subcontrato, marginalizada por-tanto dentro da empresa, havendo muitoscasos de pessoas nessa situação Mcincooumais anos. Além do BNH verifica-se essaespécie de versão moderna de feudalismoem várias outras empresas paraestatais.

Antonio DieguezRio de Janeiro RJ

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A descobertado mundo

A ditsdurs militsr Imposto so povobrasileiro depois, dc 1M4 come formo dogarantir a barbárie deste capitalismo sol-vagem, praticou um sem namoro de cri-mes, sendo talvez o mais assombroso oinestesiamento ta* cérebro de nossa juven-tude. Ainda bom que isso nio foi total.Tenho 19 snos. Os jovens conscientes daminha geraçio sofreram um terrível iso-lamento, devido a fascistizaçâo crescenteios consciências. Hoje o panorama jácomeça a mudar. Os adolescentes, alguns,com .çam a pensar politicamente. O mo-vimento secundarista começa a ressurgir.Estes descobriram que a adolescência ésobretudo a descoberta do mundo que oscerca e das responsabilidades que lhescabem como seres infalivelmente atuantes.Conheço vários jovens de 15 snos que assimpensam. E no meio de tanta discoteque agente sente o cheiro da resistência. E ocaso de Ronaldo. Timidamente ele me mos-trou o seu primeiro poema. E confuso comosua idade. Não quero entrar no mérito dovalor literário. Seus versos mostram comouma criança nascida e criada sob umaditadura enxerga o esmagamento e a resis-tencia dos homens que lutam para a con-secução de um mundo novo. Onde o amormande no mundo. Senhores do jornal,Movimento, como diz Milton Nas-cimento: caminhemos pelas ruas com ajuventude, tenhamos fé no nosso povo queele acorda novo, forte, alegre, cheio depaixão.

Por um voto de fé na nossa juventudecompsnheiros, publiquem!! 'UYW1««».

OperanteQasnd© © vaxio"tufMlKUnclis

i encfcv d« tazloitoVQjlíoMovflftarema o tta «eu escravo»

• ssl*\rMmM *\w ww» -^-aum VBVlUfV

3us a tanga escuridão

s noita «tm,observaremos a luz perdidana ignorância, que refletirános teus corpos.Estamos amarradoscom fortes correntesbraços e pernas juntasamarrados a uma cruzuma cruz diferenteuma forca queage em lentidãomassacrando a todosde uma só vez.No chão, um punhal invisivel.Um sol sem brilho. A escravidão.Veremos nas imensas correntesum cadeado, e uma chaveescondida no nosso universo.Não são só eles os operantesque atuam sobre nóscom suas forças.Também somos operantesDuas forças juntas:operário, estudante.

Emerson SilvaRecife-Pernambuco

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