carvalho, cassio stanczyk · parlamentares na web 2.0: uma análise do uso das redes sociais 41...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Cassio Stanczyk Carvalho
MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NAS PLATAFORMAS VIRTUAIS DOS SENADORES
DO BRASIL E DOS ESTADOS UNIDOS
CURITIBA
2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Cassio Stanczyk Carvalho
MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NAS PLATAFORMAS VIRTUAIS DOS SENADORES
DO BRASIL E DOS ESTADOS UNIDOS
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, para conclusão do curso e obtenção do grau de Bacharel.
Orientador: Profº. Dr. Sérgio Soares Braga
CURITIBA
2012
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à minha família por ter me apoiado durante toda a graduação.
Agradeço ao Professor Sérgio S. Braga por estar sempre disposto a ajudar na pesquisa e que me
orientou durante boa parte de minha graduação.
Agradeço aos pesquisadores do Grupo de Pesquisa Democracia, Instituições Políticas e Novas
Tecnologias da UFPR, em especial a Maria Alejandra Nicólas, André Becher, Roberta Picussa, Júlia
Tadra, Daniela Drummond, Letícia Cruz e Juliano Braga Griebeler, que foram verdadeiros “guerreiros” no
processo de coleta de informações para a montagem da base de dados do grupo de pesquisa que foi
utilizada nesta dissertação, sem o auxílio dos quais a organização dos dados para a confecção da
presente dissertação não teria sido concluída.
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RESUMO
Este trabalho tem por objetivo esboçar um estudo comparativo entre as práticas de e-democracia presentes nas páginas dos senadores brasileiros e norte-americanos sediadas no website institucional da casa parlamentar. Com isso pretendemos verificar: a) A existência de canais de comunicação entre representante e representado. b) O grau de adesão desses parlamentares em relação às ferramentas da “web 2.0”. c) e por fim, observar padrões gerais de utilização de certos recursos, a fim de compreender como os parlamentares empregam a internet para se relacionar com os representados. Para isso, partiremos para uma análise empírica tendo como parâmetro o estudo de Braga & Nicolás (2010) sobre o uso da internet pelas elites parlamentares sul-americanas. Utilizaremos também o estudo de Francisco Paulo Jamil Almeida Marques (2007) sobre oportunidades de participação política a partir dos websites dos parlamentares e o trabalho de Ward & Lusoli (2005) sobre internet e representação política. Os resultados parciais obtidos indicam: a) Há uma disparidade entre as casas legislativas no que concerne à utilização dos mecanismos de interação com o eleitor, sendo que os websites dos senadores norte-americanos tendem a apresentar mais recursos. b) O emprego de ferramentas virtuais para fomentar a participação democrática ainda é escasso em ambas as casas legislativas. Ademais, podemos inferir a partir da análise próxima do universo empírico que há uma diferença qualitativa no que concerne aos tipos de recursos empregados entre os dois casos, de forma que os parlamentares norte-americanos possuem um apelo mais forte em relação ao estímulo para que os cidadãos interajam ativamente com o representante.
Palavras-Chave: Internet e Política, Senado, participação política, web 2.0.
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ABSTRACT
This paper aims to outline a comparative study between the practices of e-democracy pages of the senators present in Brazilian and U.S. institutional website based in the parliamentary house. With this we intend to verify: a) The existence of channels of communication between representatives and represented. b) The degree of adhesion of parliamentarians in relation to the tools of "web 2.0". c) and finally to observe general patterns of use of certain features in order to understand how members of Congress employ the Internet to relate to the defendants. For this, we have to an empirical analysis as a parameter study of Braga & Nicolas (2010) on the use of Internet by South American parliamentary elites. We also use the study of Francisco Paulo Jamil Almeida Marques (2007) on the opportunities for political participation of parliamentarians from websites and work Lusoli & Ward (2005) on the Internet and political representation. The partial results obtained indicate: a) There is a disparity between the legislative bodies regarding the use of the mechanisms of interaction with the voter, and the websites of U.S. senators tend to have more resources. b) The use of virtual tools to foster democratic participation is still scarce in both legislative houses. Moreover, we can infer from the close analysis of the empirical universe that there is a qualitative difference as regards the types of resources used between the two cases, so that U.S. lawmakers have a stronger appeal in relation to the stimulus for citizens to interact actively with the representative.
Keywords:Internet and Politics, Senate, political participation, web 2.0
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Sumário Pág.
Introdução.........................................................................................................
Cap. 1. Internet e Política 7
1.1. Internet e Teoria Democrática 7
1.2. Internet e Participação 12
1.3. Metodologia de Análise 20
Cap. 2. Mecanismos de participação e interação: análise dos websites dos senadores do Brasil e dos EUA
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2.1. Apresentação dos websites: forma e conteúdo 26
2.2. Dimensões do uso dos websites: canais de informação e participação 32
Cap. 3. Parlamentares na web 2.0: uma análise do uso das redes sociais 41
Conclusão 44
Referências bibliográficas 45
Anexos 46
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Capítulo 1 – Internet e Política
Num primeiro momento, consideramos importante fazer uma breve revisão da
literatura no que concerne às suas relações com a esfera política. Considerando que a
internet configura-se como um novo canal de comunicação e informação - que começa
a ser utilizado mais intensamente a partir da década de 90 -, vários autores dedicaram-
se a pensar sobre as mudanças que ela poderia trazer para as relações sociais.
Integrada a esse conjunto, a esfera política consequentemente haveria de ser
impactada pelo uso da internet. Neste capítulo abordaremos algumas das questões
referentes ao uso da internet pelos parlamentares e seus desdobramentos teóricos.
1.1 - Internet e Teoria Democrática
Inicialmente, cabe aqui começar a discussão citando o importante estudo de
Pipa Norris (2001), no qual a autora define a aproximação teórica dos autores em
relação ao tema da internet e política como “ciber-otimista” ou “ciber-pessimista”. Para
os ciber-otimistas a internet traz consigo o grande potencial de revolucionar a maneira
como as pessoas podem se relacionar com a esfera política, apostando no surgimento
de uma democracia direta ou deliberativa, tal qual uma “ágora virtual”, baseada
fortemente na influência de Jürgen Habermas. De certa forma, a internet traria em seu
bojo a capacidade de revitalizar a esfera pública, ampliando o debate e atribuindo à
esfera civil um papel essencial no andar do processo decisório.
Já para os ciber-pessimistas, a internet reforçaria apenas estruturas existentes,
nos mesmos moldes dos tradicionais canais de comunicação, onde há uma grande
disputa pelo controle da produção da informação, tornando, da mesma maneira, o meio
pouco democrático e centrado nas mãos daqueles com a capacidade de organizar a
pauta.
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Independentemente da visão que se adote sobre os potenciais e riscos da
internet, cabe aqui fazer a colocação de que o debate sobre a internet enquanto o mais
novo meio de comunicação em massa e seus impactos na esfera política é
fundamentalmente tributário da teoria democrática, e seus impactos são estudados na
base de conceitos normativos de democracia (CHADWICK 2009; GOMES 2003;
ZITTEL 2008).
Nesse sentido, argumenta Wilson Gomes (2007) que o conceito de democracia
digital que serve como eixo para os estudos da internet é frequentemente apoiado em
modelos de democracia já existentes no campo da teoria democrática, e que nele
disputam a supremacia. Devido ao fato de os estudos sobre a internet configurarem-se
como uma área relativamente nova de pesquisa, várias abordagens e metodologias
tiveram de ser cunhadas para dar conta de analisar os fenômenos. Entretanto, tal nicho
investigativo acabou se caracterizando como amplo e não-sistemático, e um dos
motivos para isso é justamente a falta de consciência em relação a qual modelo de
democracia melhor instrumentalizado para a realização da análise.
Entre os “partidos” mais populares no ambiente teórico da análise da
democracia digital, podemos destacar dois: os liberais-radicais e os democratas-
participacionistas. As orientações acerca do que significa a democracia digital são bem
diferentes, de modo que Gomes atribui a esses dois partidos dois modos de
abordagem complementares a cada um.
Para os liberais-radicais, a internet apresenta uma “realização” e uma “tarefa”. A
realização foca-se no potencial de integrar os cidadãos em rede como nunca foi visto
antes e garantir a eles o anonimato, assegurando a autonomia em relação à
intervenção do estado. A internet reafirma a liberdade do indivíduo, de maneira que a
tarefa a ser levada a cabo é a proteção do indivíduo, justamente para que não possa
ser coagido pela intervenção estatal.
De outro lado, os democratas-participacionistas encaram a internet como uma
promessa, no sentido de que a descentralização do fluxo de informações e as
possibilidades de interação propiciadas podem vir a promover uma democracia direta.
Para esses teóricos, o poder emana do povo e, portanto, a participação ativa dos
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cidadãos é o que legitima a democracia, de modo que a internet nos apresenta a tarefa
de assegurar ao povo mecanismos que fomentem a participação civil. Sem a
participação, portanto, não há democracia.
A perspectiva participacionista, nesse âmbito, louva o fato de que a internet
pode proporcionar uma comunicação direta com o sistema político, sem a mediação
dos meios de massa ou de instituições intermediárias, levando a uma sociedade
colaborativa, na qual os próprios cidadãos produzem as decisões políticas, deixando de
lado o sistema político na produção de decisões.
A consequência do embate entre esses vieses analíticos é que pode haver uma
confusão sobre o que de fato é necessário no que concerne a melhorar os sistemas
democráticos. Um participacionista pode vir a confundir democracia com participação
civil e ignorar iniciativas de accountability, pois estas seriam prioritárias na agenda
liberal. De fato, como escreve Wilson Gomes: “O resultado é que, em geral, a minha
democracia digital nunca é igual à sua, a não ser que pertençamos ao mesmo partido e
à mesma escola de teoria democrática, embora continuemos a usar a mesma
expressão para designar uma coisa e outra”.
A reflexão sobre a internet é marcada pelo automatismo dos pressupostos, que
levam a um bojo específico de expectativas, ignorando as demais perspectivas.
Contudo, o que Gomes destaca é que conceito de democracia digital não deve esgotar
em apenas um certo número de reivindicações referentes a uma corrente teórica. O
estado liberal-democrático hoje consolidado no Brasil e na maior parte dos países do
mundo é um padrão a partir do qual novas demandas devem ser impostas. Seria mais
interessante entender e reivindicar por repúblicas digitais enquanto um conjunto de
ferramentas e dispositivos da web ou o desenho de instituições ou dimensões de
instituições políticas digitais (GOMES, 2007) a partir das quais podem-se supor
incrementos para a democracia.
Seguindo nessa mesma linha, Zittel (2008) avalia que o debate sobre a internet
firma-se na base de conceitos normativos de democracia, predominantemente
participacionistas. A partir disso, formulam-se três expectativas, que seriam a) a
capacidade de a internet aumentar e melhorar a qualidade e a quantidade da
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comunicação entre os representantes e os representados; b) o potencial de trazer
mudanças ao parlamento enquanto uma instituição e c) o potencial de melhorar a
qualidade do engajamento político dos cidadãos em função da maior responsividade e
transparência do parlamento.
As conclusões do estudo são as de que de fato os parlamentos, no decorrer dos
anos, têm se esforçado para empregar a internet enquanto um canal de distribuição de
informações referentes ao processo político, e a publicação de dados referentes à
transparência tem se tornado uma prática mais comum. Entretanto, a grande
quantidade de informações disponíveis não se correlaciona diretamente com a
qualidade das mesmas. Analisando o congresso americano, sueco e alemão, pôde-se
observar que a busca por interatividade por parte dos parlamentares ainda é hesitante,
assim como as iniciativas de democracia digital do parlamento, que são escassas e de
baixa rentabilidade.
Para responder a questões referentes à presente pesquisa, podemos recorrer a
um estudo mais antigo de Zittel (2001), no qual o autor faz uma proposta metodológica
referente aos conceitos normativos de democracia liberal e participativa. A partir da
definição dos aspectos mais elementares de cada um dos dois tipos representados no
quadro abaixo, o autor sustenta que vivemos sob uma democracia liberal e que, em
função das deficiências destas, devemos buscar por iniciativas que nos aproximem da
democracia participava.
O que se pretende afirmar não é que as democracias liberais devam ser
substituídas por modelos exclusivamente participativos, mas sim que os sistemas
existentes não lembram o modelo participativo o suficiente, e que eles deveriam ser
reformados nessa direção (ZITTEL, 2001).
A análise dos dados referentes aos congressos dos EUA, da Alemanha e da
Suécia foi feita em duas dimensões: dos representantes individuais e do parlamento
enquanto instituição. Como conclusão, podemos citar outro trabalho mais recente do
autor (ZITTEL, 2003) no qual, a partir da mesma metodologia e com o mesmo objeto
de estudo, há uma maior sistematização dos dados.
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Primeiramente o autor observa duas abordagens possíveis referentes ao
potencial de mudanças que podem ser introduzidas com as tecnologias de informação
e comunicação, que são os modelos “tecnológico” e “constitucional”. O primeiro modelo
considera que o surgimento de novas tecnologias e sua disseminação irão
fundamentalmente penetrar a esfera política e alterar as relações entre
representante/representado, ao passo que o modelo constitucional trabalha com a
hipótese de que o parlamento, enquanto uma instituição, funciona a partir de uma
dinâmica interna constrangida por fatores legais (constitucionais) e que se adapta a
mudanças num processo lento. Ambas as abordagens passam pela questão do
governo de partidos, e como os atores políticos se comportam em relação a isso. O
governo de partido é entendido aqui como uma escolha racional, tendo em conta que
os atores comportam-se estrategicamente. Tais estratégias são padronizadas por
estruturas que constrangem o comportamento, mas que essencialmente residem numa
escolha baseada no cálculo de ganhos individuais. Se no modelo tecnológico a
estratégia política do governo de partidos é desafiada por novas estruturas de
oportunidade na tecnologia de telecomunicação, no modelo constitucional as estruturas
atuais de governo de partido dificilmente serão afetadas enquanto o quadro
institucional permanecer inalterado (ZITTEL, 2003).
As hipóteses trabalhadas no modelo tecnológico apontam para os custos da
utilização das mídias tradicionais e que então favoreceriam o uso mais intenso da
internet. Para arcar com as despesas financeiras de utilizar os canais tradicionais de
comunicação, os parlamentares são estrategicamente levados a recorrer ao partido,
enquanto que a internet, caracterizada pelo seu baixo custo, poderia fazer o partido
perder sua relevância nesse aspecto. Por outro ponto de vista, a dificuldade em
aprender a empregar a web apresentaria-se como um desafio para os parlamentares
de idade mais avançada, tendo em vista a baixa familiaridade com a inovação
tecnológica.
Por outro lado, o modelo constitucional aponta fatores como o tipo do sistema
eleitoral como variáveis independentes no que concerne ao uso da web. Um sistema
eleitoral de listas tenderia a levar os parlamentares estrategicamente a optarem por
seguir o governo de partidos, considerando que os parlamentares não possuem fortes
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vínculos individuais com os representados, e todas as mudanças passam
primeiramente pelo aval do partido. No entanto, sistemas eleitorais personalizados
indicariam menor tendência a um governo de partidos, pois a figura do representante
individual tem maior importância, assim como as decisões referentes a uma mudança
política (no caso, a adesão às novas mídias), as quais são calculadas em seus ganhos
individualmente pelos parlamentares.
Ambas as correntes nos apresentam possíveis correlações a serem testadas
empiricamente, mas que apontam essencialmente para o fato de que o escopo dos
desenvolvimentos referentes ao uso da internet são padronizados por configurações
institucionais específicas (ZITTEL, 2003).
Uma especulação possível a partir disso diz respeito a fatores
“subconstitucionais” que afetam as escolhas estratégicas dos indivíduos e que podem
apontar para possíveis explicações referentes à modernização do parlamento, tais
quais o orçamento disponibilizado aos parlamentares e a quantidade de assessores
que este possui.
1.2 – Participação Política
Na seção anterior, exploramos como a internet se relaciona com a teoria
democrática e quais as expectativas das diversas vertentes analíticas em relação ao
potencial da internet. A partir disso, é importante refletir sobre um dos tópicos que mais
aparecem na literatura, e que para muitos autores é tido como o principal ponto forte da
internet: a possibilidade de aumentar a participação política.
Para Cardoso-Morgado (2007), as democracias contemporâneas vivem um
momento de crise de participação política, na medida em que cada vez triunfam mais
no cenário internacional enquanto oestado-nação cada vez menos representa as
bases políticas nacionais.
As TIC’s podem ser consideradas agentes transformadores na sociedade, e a
internet especificamente se diferencia fundamentalmente das mídias tradicionais, haja
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vista que a produção do conhecimento é descentralizada. Com a internet, o antigo
“receptor” de informações agora tem a possibilidade de produzi-las e interagir em rede.
Os autores afirmam que as elites parlamentares são os principais atores da
democracia representativa, pois encarnam o elo entre a instância do governo e a
população. Dessa maneira, a qualidade da relação entre o representante e o
representado é que define a qualidade da democracia num sentido mais amplo. Se
tomarmos a democracia digital enquanto uma apropriação das novas TIC’s a serviço da
democracia, podemos observar várias dimensões a partir das quais a internet pode
melhorar essa relação, como por exemplo: pela interatividade global, pelo discurso
livre, pela livre associação, pela construção e disseminação de informações e, por fim,
pela criação de identidades locais e/ou globais. Essas dimensões do uso da internet
exemplificam como ela pode fortalecer o debate e a comunicação com os
parlamentares de modo a estimular uma forma de democracia mais participativa.
A partir da pesquisa empírica, pode-se afirmar que parte dos requisitos para que
a democracia se torne mais participativa pensando no uso da web pelos parlamentares
já está sendo atendida, parcialmente. No entanto, a aproximação dos parlamentares
em relação à internet ainda é vacilante, e esta é vista principalmente como um meio de
acesso à informação, em detrimento de seu potencial comunicativo. Por fim, afirmam
que é possível traçar padrões de parlamentares que são mais predispostos a interagir
na web, a partir de características do perfil sócio-biográfico.
Adotando uma abordagem semelhante, Ward, Lusoli e Gibson (2006) afirmam
que, em função do debate existente sobre a crise da democracia representativa,
devemos atentar para análises do uso da web pelas elites parlamentares a fim de
observar como a internet pode estimular o crescimento de práticas democráticas. Os
autores avaliamm que os representantes eleitos são os principais “condutores” da
representação política; de modo que devemos atentar para a utilização que estes
fazem da internet e como ela se relaciona com as práticas políticas.
A internet teria, nesse sentido, a possibilidade de alterar as relações em três
principais áreas, que seriam: a) a relação com os constituintes; b) a relação com os
partidos e c) o processo decisório.
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Para analisar sistematicamente o problema, os autores sugerem três níveis de
análise no que se refere aos fatores que podem moldar o comportamento dos
parlamentares. Esses fatores são:
1) Pessoais: Habilidade em usar as ferramentas da internet,
características sócio-demográficas e a posição parlamentar.
2) Institucionais: Marginalidade (em relação às atribuições dentro do
parlamento), o perfil tecnológico do eleitorado e a influência partidária.
3) Sistêmicos: Cultura parlamentar, fatores constitucionais
similarmente ao estudo de Zittel (2003) e a extensão territorial do eleitorado.
Apoiados na questão de como os parlamentares utilizam a internet e qual é a
extensão desse uso, os autores analisam empiricamente o parlamento australiano e
apontam para conclusões relevantes à esta pesquisa, especialmente em relação ao
tema da participação política. Quanto ao tipo de uso dos websites, ficam sublinhadas
algumas características, como a disponibilização satisfatória de informações e a
prestação de serviços ao constituinte, no entanto, existem poucas iniciativas de
interatividade entre o representante e o representado.
A internet, nesse sentido, pode funcionar como uma ferramenta modernizadora
do processo representativo, na medida em que dinamiza o trabalho parlamentar de
coletar informações online e interagir brevemente com os representados por e-mail.
Entretanto, observa-se que o surgimento de novas TIC’s não necessariamente vai na
esteira de novas formas de representação - tese que corrobora com o trabalho de Zittel
(2003) sobre a fraqueza do abordagem “tecnológica” do fenômeno da internet.
Existem fatores também que limitam a atividade na internet e a criatividade dos
parlamentares. Tais barreiras seriam a falta de uma liderança institucional
modernizadora e também as limitações eleitorais; no caso da Austrália, que possui um
sistema de voto obrigatório, o uso da internet pelos parlamentares poderia ser
desestimulado, já que não há a necessidade de mobilizar os eleitores para as eleições.
Esses fatores observados no parlamento australiano podem muito bem ser aplicados
para explicar as deficiências em outras democracias representativas, tal qual o Brasil.
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Por fim, nota-se que existe um ciclo vicioso que leva a um mau aproveitamento
do instrumental fornecido pela internet. Para os parlamentares, não são claras as
vantagens em utilizar a web para angariar eleitores e firmar laços com os constituintes,
e, do outro lado, os cidadãos não participam caso tenham uma atitude desfavorável à
política ou caso não vejam oportunidades de participação. Calcular os custos e
benefícios de dispender recursos na utilização das ferramentas online é uma tarefa
complicada para os parlamentares e que, de acordo com a pesquisa, indica que estes
vêem poucos benefícios em manter uma presença virtual.
Tendo em vista as dificuldades em estimular um ambiente participativo, talvez
devamos nos perguntar primeiramente: por que a participação política é apontada
como um “remédio” para a democracia contemporânea? O que justifica esta
expectativa?
Wilson Gomes (2011) analisa que, a partir da idéia de “crise das democracias
representativas”, a argumentação a favor da participação política passa pela noção de
que o sistema político se descola gradualmente da esfera civil, legando aos cidadãos a
mera intervenção esporádica de escolher seus representantes por meio das eleições.
Se a soberania popular é o fundamento principal da democracia, então o
hermetismo do sistema político pode nos levar à conclusão de que a experiência
democrática contemporânea não é legítima.
No entanto, não devemos nos levar por essas suposições. A participação
política deve ser entendida não como um fim, mas como um meio para se obter algo. A
participação por si só não traz benefícios à comunidade política, como se pôde
observar na Itália fascista, na qual havia um alto grau de participação que culminou no
fim da própria democracia.
A atual democracia representativa é muito diferente da democracia direta nos
modelos da Grécia Antiga, e isso é um fato que se consolidou na história por
necessidades de organizar um sistema político crescentemente complexo. No entanto,
sempre houve esforços para assegurar a soberania popular, por meio do equilíbrio
entre as instâncias do poder e a manutenção das garantias políticas dos cidadãos,
assumindo que a soberania destes constitui-se como o fundamento último desse tipo
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de regime. Todas essas características estão imbricadas no desenho institucional dos
atuais estados democráticos.
Não podendo afirmar que a democracia representativa é ruim em sua essência
(mas sim que passa por uma crise), podemos observar na internet a possibilidade de
sanar problemas enfrentados pelos regimes democráticos atualmente. Pode sanar os
problemas da representação por meio de iniciativas digitais, as quais devem: a)
fortalecer a capacidade concorrencial da cidadania; b) consolidar e reforçar uma
sociedade de direitos e c) promover o aumento da diversidade de agentes, agências e
agendas na esfera pública e nas instâncias de decisão política (argumento pelo
pluralismo).
Tais iniciativas para a participação política não devem ser entendidas como fins
em si, mas como meios para o aumento da capacidade concorrencial da sociedade civil
diante de agências de interesses particulares que possuem um grande poder de
influência sobre os processos de decisão política.
Outra distinção relevante a se fazer é que a quantidade de participação não diz
respeito à qualidade da mesma. Uma iniciativa de democracia digital que envolva baixo
nível de participação, mas que atenda aos objetivos de aumentar a capacidade
concorrencial e de fazer com que os cidadãos gozem de um status maior de igualdade
no processo de decisão política pode ser considerada positiva.
Dessa maneira, é importante a implementação de iniciativas de democracia
digital (sejam elas oriundas da sociedade ou do estado) que criem oportunidades de
participação política. Ademais, Gomes aponta que o interesse por parte dos cidadãos
em participar da vida política é baixo, e isso não deve ser visto como um entrave para a
participação; é necessário primeiramente oferecer oportunidades, e caso estas
apresentem vantagens (racionais ou não) para os cidadãos, ao menos a escolha de
endossá-las caberia aos indivíduos, no pleno exercício de sua liberdade de escolha.
A relação entre o baixo interesse pela vida política e a conclusão de que o
essencial é primeiramente disponibilizar mecanismos de participação nos leva a uma
reflexão seguinte, que concerne ao caráter dinâmico da internet, sempre apresentando
novas ferramentas e recursos.
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Se o cidadão que vive nas democracias representativas contemporâneas
prioriza as ações de baixo custo na internet em detrimento da mobilização política em
massa (GOMES, 2011) então a “web 2.0” adquire um importante papel no que toca à
atuação política da sociedade civil.
De acordo com Chadwick (2009), a literatura geralmente se baseia no viés da
democracia deliberativa, valorizando certas atividades em detrimento de outras. Porém,
os critérios deliberacionistas são demasiadamente exigentes em relação à necessidade
de participação popular no processo político. Quando comparamos os termos
normativos da discussão com os fatos sobre o comportamento dos cidadãos,
acabamos por nos deparar com o fato de que a participação em iniciativas de
democracia digital de caráter oficial é baixa.
Existem estruturas de incentivo que moldam o comportamento tanto dos
cidadãos quanto dos representantes no ambiente virtual. Atualmente devemos atentar
para as características comportamentais do esquema de co-produção de conhecimento
de baixo custo, conhecido hoje como web 2.0.
Podemos definir a web 2.0 como uma evolução das ferramentas de informação
e comunicação disponibilizadas na web, caracterizada em sua relação com a
participação política em sete pontos chave:
1 – A internet enquanto uma plataforma para o discurso político;
2 – A inteligência coletiva que emerge do uso da web;
3 – A importância da administração de dados sobre aplicações específicas de
software e hardware;
4 – A experimentação perpétua no domínio público;
5 – A criação de formas de engajamento político de pequena escala por meio do
consumismo (entendido aqui como a necessidade de auto-afirmar a individualidade)
6 – A propagação de conteúdo político em diversas aplicações;
7 – A experiência rica dos usuários em websites políticos.
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O que se entenderia a partir dessas características é que podem haver formas
de participação de pequena intensidade, porém devido a sua quantidade e
disseminação no âmbito virtual, estas adquirem um valor verdadeiro de ação política.
Não devemos ignorar, naturalmente, a análise de iniciativas oficias (tais quais fóruns
deliberativos sustentados por um parlamento), mas sim observar que as ações políticas
de baixo custo no contexto atual de baixo interesse pela política podem de fato adquirir
importância real na melhora da relação entre representantes e representados. Devem-
se levar em conta os tipos de atividade de engajamento político que são priorizados no
repertório de ações do cidadão.
Normalmente, os cidadãos online atuam de maneira distante da política, apenas
monitorando os assuntos públicos enquanto relegam a instituições intermediárias
(partidos, mídia profissional, associações voluntárias, etc) o papel mais importante no
processo político. São esses os “cidadãos-monitores”. No entanto, como a internet no
seu contexto atual e, principalmente, a partir da perspectiva da web 2.0 vir a introduzir
novos tipos de relação entre a esfera civil e política é um fato que ainda deve ser
normativa e empiricamente testado.
Á guisa de conclusão, vimos como a literatura tem abordado questões referentes
à relação entre a teoria democrática e a participação política na sociedade em rede. A
partir disso, podemos elaborar uma agenda de pesquisa e definir quais as hipóteses a
serem testadas empiricamente. Nesta seção, discutiremos alguns pontos concernentes
às perspectivas metodológicas utilizadas na análise dos websites dos senadores dos
EUA e do Brasil.
Em primeiro lugar, devemos levar em conta o modo como os parlamentares se
apresentam na internet. A análise da forma dos websites é essencial, pois a
apresentação dos senadores na web serve como uma “janela” para a apresentação do
parlamentar diante de seu eleitorado (GULLATTI, 2005). Ademais, o modo como um
site é construído, a fluência da navegação, a facilidade do acesso a informações e
outros conteúdos, assim como o apelo estético do website, deixam uma impressão nos
usuários que o visitam. Sites com um design favorável e que não sejam herméticos
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para o usuário comum da internet apontam para uma predisposição para a interação
com o cidadão.
Gullatti (2005), em seu estudo sobre as homepages dos websites dos senadores
estado-unidenses, afirma que os símbolos e imagens apresentados têm a função de
vincular a imagem do parlamentar a um modo de se fazer política. Os parlamentares
podem apresentar predominantemente imagens que façam menção a instâncias do
poder a nível nacional (como imagens do capitólio), vinculando-os ao cenário político
estabelecido, e demonstrando que o parlamentar tem a influência e a capacidade de
transitar nas esferas mais altas do poder. Este parlamentar que busca ser reconhecido
pela sua competência administrativa é denomidado “insider”. Por outro lado, o
parlamentar que apresenta majoritariamente imagens do próprio estado que representa
busca afastar-se do “jogo” político das altas esferas do poder e reforçar seus vínculos
com a população local. Este parlamentar seria considerado “outsider”. Existem também
sites que equilibram a quantidade de imagens entre nacional e local e apresentam-se
como neutros.
Independente do modo como o parlamentar apresenta-se por meio do uso das
imagens, o que pode ser depreendido disso é que a presença na web e sua forma diz
respeito às estratégias para consolidar diante do eleitorado impressões sobre o modo
de fazer política adotado pelo senador. Como observado por Marques (2007) num
estudo sobre a presença de mecanismos de participação nos websites das lideranças
no senado brasileiro e estadunidense o foco da maioria dos websites é promover a
imagem pública dos parlamentares.
Ademais, esse estudo de Marques será de fundamental importância para a
nossa pesquisa, na medida em que propõe mensurar e avaliar a quantidade e a
qualidade dos mecanismos de participação disponibilizados nos websites dos
parlamentares. Se, por um lado, a forma dos websites nos permite dizer algo sobre as
estratégias dos parlamentares em vista de seu eleitorado, por outro, devemos
identificar e avaliar as possibilidades de participação política oferecidas pelos
senadores na web.
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Partindo da idéia de que a participação é uma dimensão fundamental da
democracia e de que a internet pode mudar o atual quadro de crise, o autor afirma que
no presente estágio de pesquisa já podemos ir além da enumeração de potências da
internet. A tarefa que se propõe agora deve contemplar a análise empírica para
observar até que ponto as ferramentas disponibilizadas pela internet atendem de fato
às expectativas que ela apresenta.
Se a internet pode introduzir mudanças nos processos de representação política,
estas mudanças são levadas a cabo por agentes envolvidos no âmbito virtual. Dessa
forma, parece ser mais útil examinar como alguns dos agentes políticos engajados no
processo democrático empregam a internet do que se deter na apresentação de
potenciais (MARQUES, 2007).
1.3 – Metodologia de Análise
A metodologia que utilizaremos para mensurar os mecanismos de informação e
interação nos websites dos senadores brasileiros e norte-americanos passa
primeiramente pela verificação do tipo de website que é apresentado pelo senador.
Para isso, nos valeremos da metodologia desenvolvida pelo núcleo de pesquisa
“Instituições Políticas e Processo Legislativo”. A partir dela são definidas as seguintes
tipologias no que diz respeito à característica predominante no website (i) outdoor
pessoal; (ii) outdoor partidário; (iii) a ênfase nas atividades parlamentares; (iv)
comunicação e interação; (v) web 2.0.
No que concerne ao conteúdo predominante dos websites os tipos são: (i)
Políticas localistas: Quando a tônica das informações é voltada principalmente para sua
base eleitoral. (ii) Ênfase na atividade parlamentar: Quando o foco do discurso é a
repassagem de informações referentes ao cotidiano da atuação parlamentar; .(iii)
Ênfase na ação partidária: Quando o principal tema são as ações do partido.
21
Por conseguinte, para mensurar o grau de relevância do uso das ferramentas,
iremos nos valer do método a partir do qual já foram desenvolvidos outros trabalhos
(GÓES RICKEN, 2011; CRUZ, 2011), que consiste em uma análise quantitativa com
vistas a elencar os elementos mais importantes e recorrentes nos websites que dizem
respeito a categorias diferentes de uso.
Os elementos mapeados foram reagrupados em cinco categorias, cada uma
correspondente a uma função ou dimensão do uso dos recursos da internet, para
agilizar os fluxos de comunicação e informação existentes nos websites: (i)
navegabilidade/acessibilidade; (ii) informação e accountability; (iii) comunicação e
mídia; (iv) mobilização e integração em redes; (v) interação e participação;
A navegabilidade/acessibilidade: busca analisar a presença de recursos nos
websites de parlamentares que estimulam e facilitam o primeiro contato do internauta
com o site, ou seja, mecanismos de navegação oferecidos aos visitantes.
Informação e accountability: busca averiguar a presença de informações básicas
sobre parlamentares, que permitem ao internauta ter um conhecimento mais detalhado
sobre o perfil e a atuação do parlamentar. Nesse item, inserimos também informações
sobre a biografia, a trajetória política do parlamentar, entre outros.
Comunicação e mídia: tem como objetivo principal verificar como o parlamentar
utiliza mecanismos, como notícias atualizadas, arquivos de áudio, vídeos, fotos, entre
outras formas de comunicação com seu eleitor.
Mobilização e integração em rede: são analisadas informações relativas à
prestação de contas sobre a candidatura, programas de governo, propostas ou até
mesmo ferramentas de estímulo ao engajamento ativo dos cidadãos no mandato e nas
campanhas eleitorais.
Mecanismos de interação e participação: onde verificamos a disponibilidade de
dispositivos que permitem a manifestação e a atuação do público no mandato do
parlamentar. Como forma de atualizar essa metodologia, incluímos nesse item o uso de
redes sociais, tais como: Orkut, Facebook, Twitter e Youtube.
22
A partir disso, são calculados os percentuais de presença de cada um dos itens
nos websites. Buscaremos detectar padrões de uso diferenciados e articulá-los com as
reflexões teóricas sobre o assunto.
Na segunda etapa do trabalho iremos mensurar as ferramentas referentes à web
2.0.
Para tanto, selecionamos as redes sociais mais relevantes e verificamos o
percentual de presença em cada uma delas. Num segundo momento observaremos
também, a partir de dados coletados diretamente nos perfis de redes sociais, qual a
intensidade do uso dessas ferramentas pelos parlamentares. Serão calculados os
percentuais do número de postagens e a incidência de manifestações interativas por
parte dos senadores.
Capítulo 2 – Mecanismos de participação e interação: análise dos websites
dos senadores do Brasil e dos EUA
O estudo que realizamos contou com um universo empírico que compreende a
totalidade dos senadores em exercício no Senado Federal do Brasil e no U.S Senate, o
que corresponde a 100 senadores nos Estados Unidos e a 81 no Brasil. Devido à
extensão considerável do banco de dados, a coleta foi realizada entre os meses de
fevereiro a novembro de 2010. Neste ano houve eleições em ambos os países.
TABELA 1: UNIVERSO EMPÍRICO DE PESQUISA, DISTRIBUIÇÃO POR
PARTIDO
Br/SE EUA/SE
N % N %
1 Democratic Party 57 57,0
23
2 Republican Party 41 41,0
3 Democratic-Farmer-Labor-Party
0 ,0
4 Independents 2 2,0
5 PMDB 20 24,7
6 PT 11 13,6
7 DEM 15 18,5
8 PSDB 13 16,0
9 PR 3 3,7
10 PP 1 1,2
11 PSB 3 3,7
12 PDT 5 6,2
13 PTB 5 6,2
14 PSC 1 1,2
15 PV 1 1,2
16 PPS
17 PCdoB 1 1,2
18 PRB 1 1,2
19 PMN
20 PSOL 1 1,2
21 PHS
22 PTC
23 PTdoB
TOTAL 81 100,0 100 100,0
Pelo que podemos observar, há uma razoável superioridade de cadeiras detidas
pelo partido democrata no período pesquisado. No caso brasileiro, os partidos com
maior representação na bancada são PMDB, PT e DEM.
24
Cabe ressaltar aqui que procuramos inicialmente nos ater à análise dos websites
institucionais. Para entender melhor o conceito, observemos que os websites
institucionais são aqueles que são redirecionados diretamente da página da casa
parlamentar a partir de links que o mandam para um domínio de responsabilidade do
parlamentar. Não são utilizados para fins de propaganda política e mantêm em comum
o nome do domínio a partir do qual estão hospedados em seu endereço virtual.
Websites pessoais são aqueles montados por responsabilidade do parlamentar, mas
que não estão hospedados no domínio da casa parlamentar (embora possam ser
linkados a partir de lá).
Tomamos como fonte primária de pesquisa os websites das casas, a ver o site
do Senado Federal brasileiro e o site do U.S Senate. Todos os senadores possuem um
perfil em ambos os sites das casas legislativas, a partir do qual tem-se acesso a links
que redirecionam o usuário para uma página de responsabilidade da assessoria do
parlamentar. Como pudemos observar ao longo da pesquisa, existe uma padronização
nos sites americanos que não corresponde ao caso brasileiro. No caso dos Estados
Unidos, todos os sites ali constantes estão dentro do domínio da própria casa
legislativa, ou seja, são de responsabilidade exclusiva do senador e de sua assessoria,
e não estão dentro da página da casa, ao passo que mantêm no final de endereço http
compartilham o mesmo domínio: senate.gov. No caso brasileiro, isso não ocorre. O site
oficial do Senado brasileiro possui links também para sites pessoais externos, sem
caráter governamental oficial. A vinculação do parlamentar ao domínio da casa
legislativa é, em vários casos, pormenorizada pelos parlamentares.
TABELA 2: USO DAS FERRAMENTAS VIRTUAIS PELOS SENADORES
BR/DEP
BR/SE
EUA/DEP
EUA/SE
TOTAL
Tem email pessoal?
Não 0 0 52 9,8 00 00,0 52 9,8
25
Sim 13 00,0 1 00,0 9 0,2 0 83 0,2
Tem website?
Não 8 7,2 ,2 7 ,0 3 ,2
Sim 25 2,8 0 8,8 38 9,3 9 9,0 042 1,8
Site no ar em fevereiro de 2011?
Não 69 2,9 5 8,5 7 5,2 2 2,0 63 3,2
Sim 44 7,1 6 1,5 74 4,8 8 8,0 72 6,8
Tipo predominante de website
Sem website/outros 8 7,2 ,2 7 ,0 3 ,2
Website pessoal 80 4,1 9 5,8 4 ,4 ,0 34 8,2
Website institucional ,8 8 9,3 13 3,7 8 8,0 68 0,0
Blog 6 ,0 ,7 2 0 0 ,5
Usa mídias sociais?
Não 77 4,5 3 8,4 2 4,1 5 5,0 87 5,3
Sim 36 5,5 8 1,6 79 5,9 5 5,0 48 4,7
Sim 13 00,0 1 00,0 41 00,0 00 00,0 135 00,0
Embora a tendência seja predominante, alguns parlamentares brasileiros optam
pelo website pessoal. Devemos atentar para o fato de que em vários casos foi possível
observar a coexistência de websites pessoais e institucionais no caso brasileiro.
Embora o link da casa legislativa redirecionasse o usuário da rede para um site
institucional, era possível encontrar, por meio de buscadores da internet, websites
pessoais, por vezes bem mais incrementados. Para manter o rigor da pesquisa
26
optamos por utilizar exclusivamente os sites redirecionados do domínio do senado, no
qual, pode-se observar, há um predominância significativa de websites institucionais.
A partir da tabela, podemos ver que a maioria absoluta dos parlamentares
possuem websites em funcionamento, correspondendo a 96,3% no caso brasileiro e
100% no norte-americano.
Adicionalmente,como podemos constatar pela tabela, todos os parlamentares
possuem um website, com exceção dos senadores Robert C. Byrd (D-WV) nos EUA e
Paulo Duque (PMDB-RJ) no Brasil. Se, em estágios mais primitivos da pesquisa sobre
internet e política, a adesão dos parlamentares à esfera virtual por meio da
implementação de um website era um tema de preocupação na agenda de pesquisa
(PUOPOLO, 2000; ZITTEL, 2000), fica comprovada hoje a hipótese de que, com o
passar dos anos, os representantes tendem a ver a internet como um importante canal
de atuação política.
Tendo em vista as eleições que renovaram a composição do senado em ambos
os países, uma parcela dos senadores que não foi reeleita retirou seus websites do ar.
No entanto, uma média de 76,8% ainda tinha seus sites mantidos no ar em fevereiro de
2011.
2.1 - Apresentação dos websites: forma e conteúdo
Como mencionamos anteriormente, utilizamos a metodologia de Braga &
Nicolás (2010) para tipificar os websites em função de sua forma e conteúdo.
A classificação das formas de website opera a partir dos seguintes parâmetros:
• (1) Outdoor virtual personalizado: Quando o website é destinado a
promoção pessoal, enfatizando a figura do parlamentar.
• (2) Outdoor virtual partidarizado: Quando o destaque é dado à
vinculação partidária.
• (3) Ênfase na atividade parlamentar: Quando o destaque são
informações rotineiras sobre a atividade do político
27
• (4) Comunicação e informação: Quando existem meios de
comunicação básicos e informações sobre a atividade parlamentar.
• (5) Recursos Web 2.0: Quando o foco é atrair o internauta a
participar de redes sociais e há disponibilidade de recursos multimídia.
No que se refere à ênfase dos conteúdos, os seguintes critérios foram aplicados:
• (1) Políticas localistas: Quando a tônica das informações é voltada
principalmente para sua base eleitoral.
• (2) Ênfase na atividade parlamentar: Quando o foco do discurso é
a repassagem de informações referentes ao cotidiano da atuação parlamentar.
• (3) Ênfase na ação partidária: Quando o principal tema são as
ações do partido.
A partir dos dados coletados, elaboramos a seguinte tabela:
TABELA 3: FORMA E CONTEÚDO DOS WEBSITES PELA
METODOLOGIA DE BRAGA & NICOLÁS (2010)
VI) WEBSITES Br/senadores EUA/senadores
Forma do website N % N % N
Sem padrão dominante 1 1
,2%
0 ,
0%
1
Outdoor virtual personalizado
3
1
5
4,3%
0 ,
0%
3
1
Outdoor virtual partidarizado
4 4
,9%
0 ,
0%
4
Ênfase na atividade parlamentar
1
7
2
1,0%
0 ,
0%
1
7
Comunicação e Informação 9 1
1,1%
1
1
2
2,5%
1
9
Recursos 2.0 6 7
,4%
3
8
7
7,5%
4
4
Conteúdo do website
Sem padrão dominante 1 1
,2%
0 ,
0%
1
Politicas localistas 2 3 0 , 2
28
8 4,6% 0% 8
Enfase na atividade parlamentar
4
8
5
9,2%
4
9
1
00,0%
8
4
Enfase aa ação partidária 4 4
,9%
0 ,
0%
4
Como se pode notar, há predominância em mais da metade dos sites brasileiros
(54,3%) do tipo de websites “outdoor virtual personalizado”. Isso significa,
objetivamente, que os sites brasileiros estão voltados em grande parte para a figura do
líder, sem possibilidade de participação. Tal tipo de website é geralmente baseado
numa estrutra “top-down”, na qual as informações são fornecidas para os internautas
pelo político e sua assessoria, mas não há possibilidade de alcançar a estes últimos, se
não por meio do e-mail. Esse achado da pesquisa relaciona-se com o estudo de
Iasulatis (2007) sobre os políticos brasileiros, no qual fica evidenciado que os
representantes tendem a utilizar os seus websites com o intuito de informar, ao invés
de estabelecer plataformas de comunicação com os representados.
No caso americano, o cenário configura-se diferentemente. Não existem
incidências de websites categorizados como “outdoor virtual personalizado”, sendo que
a maioria (77,5%) encaixa-se na classificação de “recursos 2.0”. Uma parcela razoável
enquadra-se em ‘comunicação e informação (22,5%).
Os websites dos senadores norte-americanos apresentaram também uma
grande padronização no que concerne ao tipo de conteúdo do website, predominando
em 100% dos casos a ênfase na atividade parlamentar. No caso brasileiro, houve uma
tendência geral para a ênfase na atividade parlamentar. Esse dado é interessante de
ser contrastado com a parcela de senadores cuja ênfase era a ação partidária. Apenas
4,9% dos brasileiros tinham essa característica. A conclusão que podemos tirar disso é
que, mesmo quando há oportunidades de participação por meio de recursos de web
2.0, os sites tendem a ser mais personalistas em sua forma, desvinculando-se da
imagem partidária. Uma observação que pude fazer ao longo da pesquisa é que
nenhum website norte-americano ostenta a sigla do partido, ao passo que no Brasil isto
é observável em alguns casos.
29
Como atestado por Braga & Nicolás, existe de fato uma correlação entre a forma
do website e seu conteúdo. De acordo com os autores, parlamentares que possuem
websites institucionais tendem a enfatizar um conteúdo referente à atividade
parlamentar. No caso americano, isso é facilmente observável, uma vez que todos os
senadores possuem websites institucionais e a totalidade deles enfatiza a atividade
parlamentar. No caso brasileiro a correlação também é explícita uma vez que a
porcentagem de websites institucionais é praticamente idêntica a de atividade
parlamentar.
FIGURA 1. EXEMPLO DE OUTDOOR VIRTUAL PERSONALIZADO COM
ÊNFASE NA ATIVIDADE PARLAMENTAR
Acima está ilustrado um típico exemplo de outdoor virtual personalizado no
Brasil. O site pertence à Senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE). Como se pode
notar pela página inicial, o site apresenta apenas um menu simples, contemplando as
dimensões mais básicas de informação, e uma foto que dá destaque para a figura da
parlamentar. O website é claramente remanescente de um período pré-web 2.0, a ver
pelos recursos disponibilizados e por sua forma em si. Existe apenas um menu não
30
integrado, a partir do qual o usuário, ao clicar em um dos tópicos, é redirecionado para
uma subpágina, na qual não é possível ir para outras seções do site, senão retornando
para a página inicial. A forma como o website é estruturado assemelha-se muito a um
panfleto com informações elementares referentes à atuação do parlamentar. Ademais,
um detalhe interessante sobre a página é que ela é desenhada numa resolução de
640x480 e não preenche a tela inteira, o que era comum aos sites pré-web 2.0, mas
que caiu em desuso em vista das inovações tecnológicas mais recentes.
No que diz respeito ao conteúdo do website, pudemos observar informações
dispostas de maneira burocrática, e em vários links o usuário é redirecionado de volta
para o site do Senado, que já dispõe de alguns dos dados sobre atuação parlamentar.
De acordo com suas características de outdoor virtual personalizado e ênfase na
atividade parlamentar, podemos considerar este website como uma amostra
satisfatória do tipo de website predominante entre os senadores brasileiros.
Em contraste, observemos abaixo um exemplo do tipo de website predominante
nos Estados Unidos.
FIGURA 2. EXEMPLO DE RECURSOS WEB 2.0 E ÊNFASE NA ATIVIDADE
PARLAMENTAR
31
No tocante à forma do website, podemos observar que são apresentados
recursos modernos, como links chamativos para que o usuário interaja com o senador
em redes sociais. Também são apresentados vários recursos interativos, menus
simples, eficazes e integrados.
Já em relação ao conteúdo, vemos que no centro da página há um espaço para
destaques referentes à agenda de atuação do parlamentar, além de um menu lateral
com notícias que concernem ao interesse dos cidadãos representados no distrito e as
posições e ações do senador em relação à eles.
Tendo em vista as características de “recursos web 2.0” em sua forma e “ênfase
na atividade parlamentar”, o site do senador Patrick Leahy (D-VT) apresenta-se como
um exemplar típico do uso da internet pelos senadores norte-americanos.
Ademais, cabe salientar o pioneirismo do senador no uso da internet. De acordo
com as informações disponibilizadas em sua biografia, o senador foi um dos primeiros
a aderir à internet enquanto plataforma política em 1995, e o segundo a estabelecer um
website.
32
2.2. Dimensões do uso dos websites: canais de informação e participação
Para começar a análise dos quesitos referentes às dimensões de uso dos
websites, devemos ressaltar primeiramente, a partir do que já foi discutido na
bibliografia, que pretendemos adotar uma perspectiva flexível em relação às
disponibilização de canais de participação e informação nos websites. Assim como
ressaltado por Chadwick (2009), o contexto atual do desenvolvimento das TIC’s nos
coloca em face de uma nova gama de possibilidades de mobilização. Nos distanciamos
da perspectiva estritamente participacionista que, assim como menciona o autor, “é
muito exigente” e pode vir a levar a uma visão pessimista sobre o potencial da internet,
considerando que dificilmente todas as expectativas de participação serão atendidas.
Não apenas iniciativas de democracia digital (entendidas como o estabelecimento de
canais deliberativos no sentido estrito do termo) significam uma melhora na qualidade
da representação política; outros mecanismos de interação devem ser avaliados a fim
de analisar seus impactos na relação entre representante e representado.
Com base nisso, analisamos em primeiro lugar a dimensão da
navegabilidade/acessibilidade. Essa dimensão diz respeito à facilidade para conseguir
transitar pelo website. Quando o cidadão busca informações ou contato com o
parlamentar espera-se que isso se dê de maneira simples e prática; um site muito
burocratizado e hermético é certamente desestimulante para o usuário. Os critérios que
aplicamos constam na seguinte tabela:
TABELA 4: NAVEGABILIDADE/ACESSIBILIDADE DOS SITES
Br/SE EUA/SE
N % N %
Link para página inicial 56 75,7% 83 95,4%
Mecanismo de busca 38 51,4% 81 93,1%
Cadastro para newsletter 30 40,5% 66 75,9%
Créditos para gestores 16 21,6% 3 3,4%
Link para mapa do site 3 4,1% 28 32,2%
33
Disponibiliza email no site? 33 44,6% 5 5,7%
Destaque para enquete 11 14,9% 7 8,0%
Aumento/diminuição de letras
1 1,4% 25 28,7%
Estatísticas de visitação 1 1,4% 0 ,0%
Páginas em outro idioma 1 1,4% 10 11,5%
Acessibilidade para deficientes
0 ,0% 0 ,0%
MEDIAS 23,3% 32,2%
Pelo que se pode observar, a média de presença dos itens constantes na tabela
é semelhante nos dois senados, porém com uma leve vantagem no caso americano.
Dois recursos que são certamente básicos para uma boa navegação são os “link para a
página inicial” e “mecanismo de busca”. No caso dos websites de senadores
americanos estes estão presentes em quase todos os casos, representando 95,4% e
93,1%. Para os senadores, os links que redirecionam para a página inicial representam
75,7% dos casos e os mecanismos de busca 51,4%. Em relação ao item “link para
mapa do site” os senadores americanos utilizam este recurso em praticamente um
terço dos wesites (32,2%) ao passo que no Brasil a porcentagem é ínfima (4,1%).
Conjugando estes fatores, podemos notar um padrão geral de maior facilidade
ao acesso de informações dispostas nos websites dos senadores americanos. Note-se
que isto não tem relação com a quantidade ou qualidade da informação; apenas
significa que as informações são mais acessíveis com menos desperdício de tempo.
Como pudemos observar, em muitos dos casos em que o ítem “link para o mapa do
site” é verificável esses mapas não necessariamente estão apresentados na forma de
link. Muitos dos sites já contêm o mapa do site embutido no layout da página, seja no
topo ou na parte inferior, dispondo todos os conteúdos presentes do site na página
inicial.
Outra questão importante diz respeito à acessibilidade para deficientes e
aumento ou diminuição de letras. Ao passo em que o acesso para deficientes não é
presente em nenhum website, o aumento e diminução de letras é mais frequente no
34
senado americano (28,7%). Esse atributo geralmente vem embutido em menus que
dispõe o acesso às redes sociais da qual o senador participa.
Por fim, com relação aos e-mails podemos constatar que no Brasil a presença
deste ítem é significativamente maior que nos EUA; 44,6% para os senadores
brasileiros e apenas 5,7% para os americanos.
TABELA 5: : INFORMAÇÃO E ACCOUNTABILITY NOS WEBSITES DOS
PARLAMENTARES DO BRASIL E DOS EUA
Br/SE EUA/SE
N % N %
1 Link específico para biografia 64 86,5 87 100,0
2 Informações sobre outro político 9 12,2 0 ,0
3 Vinculo com outro político 4 5,4 0 ,0
4 Coligação partido político 23 31,1 0 ,0
5 Votação nas últimas eleições? 0 ,0 0 ,0
6 Programa de atuação propostas 28 37,8 85 97,7
7 Realizações anteriores 56 75,7 40 46,0
8 Artigos do político 29 39,2 32 36,8
9 Carta compromisso do mandato 18 24,3 0 ,0
10 Informações sobre mandato 46 62,2 82 94,3
11 Clipping 33 44,6 84 96,6
12 Issues 20 27,0 73 83,9
13 Pronunciamentos do político 37 50,0 67 77,0
14 Boletim do mandato 37 50,0 81 93,1
15 Agenda de compromissos 9 12,2 17 19,5
MEDIAS 37,2 49,7
35
Em relação a informação e accountability, procuramos identificar os ítens que
dizem respeito a aspectos pessoais e posições políticas que o parlamentar torna
pública. São contemplados também ítens referentes à transparência.
De acordo com a tabela podemos notar que nos aspectos relativos à vínculo
com o partido ou outros políticos os websites dos senadores brasileiros possuem um
percentual maior. 12,2% para o ítem “informações sobre outro político”, 5,4% para
“vínculo com outro político” e 31,1% para “coligação partido político”. Tal tipo de
informação é inexistente nos websites americanos. De fato, como vimos durante a
coleta nenhum dos senadores americanos utiliza o emblema do partido em seu
website. Raramente fica claro o partido do senador, inclusive a partir de suas biografias
e informações pessoais. Esse fato é interessante de ser contrastado com o percentual
de “Issues” para os parlamentares americanos, que é significativamente maior que o
dos brasileiros: 83,9% para apenas 27,0% dos brasileiros.
As “Issues” (do inglês, “questões”) referem-se ao quadro detalhado das posições
políticas do parlamentar em relação à assuntos de interesse geral do público,
abrangendo questões como educação, imigração ilegal, economia, tecnologia, etc.
Esse é um aspecto tão importante nos websites dos senadores americanos que
já existem estudos como o de Sonia Tita Puopolo (2000) datando de 10 anos atrás,
ainda num estágio mais primário de utilização da web. Embora recursos interativos
fossem escassos, essa dimensão informativa era amplamente utilizada. A autora avalia
a frequência de certos tópicos mencionados na seção de Issues entre candidatos a
senador no pleito do ano 2000. A análise concentra-se basicamente em diferenciar a
ênfase dos conteúdos pelos partidos republicano e democrata. A partir disso, é
possível estabelecer qual a agenda dos dois partidos e analisar como os parlamentares
usam esta seção do website a fim de identificar-se ideologicamente com seu eleitorado
potencial.
No tocante a outros ítens relativos a atualização sobre os assuntos
parlamentares como “clipping”, “pronunciamentos do político”, “boletim do mandato” e
“informações sobre mandato” podemos notar como os senadores americanos se
36
destacam, ao passo que no caso brasileiro esses ítens constam em média na metade
deles.
TABELA 6: COMUNICAÇÃO E MÍDIA NOS WEBSITES DOS
PARLAMENTARES DO BRASIL E DOS EUA
Br/SE EUA/SE
Comunicação e mídia N % N %
1 Notícias atualizadas na página inicial
37 50,0 82 94,3
2 Formulário fale conosco 38 51,4 83 95,4
3 Flick/acervo de fotos 56 75,7 73 83,9
4 Link para videos diversos 36 48,6 40 46,0
5 Releases p/imprensa 12 16,2 80 92,0
6 Feeds para atualização 6 8,1 44 50,6
7 Acervo sonoro/rádio 34 45,9 56 64,4
8 Artigos assinados pelo político 32 43,2 33 37,9
9 Agenda de compromissos 11 14,9 17 19,5
10 Acervo de respostas a enquetes 10 13,5 4 4,6
11 Música/jingles de campanha 2 2,7 0 ,0
33,7 53,5
A dimensão referente à comunicação e mídia contempla ítens referentes as
estratégias utilizadas pelos parlamentares para interagir com o eleitor, por meio da
disponibilização de recursos midiáticos, como arquivos de som e vídeo embutidos no
website. Considera também uma interação básica referente a atualização de
informações.
Como observamos anteriormente na tabela 1, os senadores brasileiros usam
predominantemente o e-mail para ouvir as demandas e questionamentos dos cidadãos,
entretanto, os websites americanos em sua grande marioria disponibilizam o contato na
37
forma de formulários virtuais. Para utilizar estes formulários é necessário preenchê-lo
com os dados pessoais do usuário. Essa estratégia de filtragem das mensagens é
justificada pelos parlamentares, como a senadora Debbie Stabenow (D-MI) da seguinte
maneira:
“Devido ao grande volume de e-mails que recebo diariamente, posso apenas
responder aos constituintes de Michigan, e é por isso que requeiro o endereço postal
em todos os e-mails enviados a meu escritório”
Fonte: http://stabenow.senate.gov/?p=contact (tradução minha)
A média geral dos ítens constantes nessa dimensão de análise fica em 33,7%
para os senadores brasileiros e 53,5% para os americanos. A média cai no caso
brasileiro justamente nos ítens que dizem respeito a atualização de notícias. Os ítens
“notícias atualizadas na página inicial”, “releases para a imprensa” e “feeds para a
atualização” são significativamente inferiores. Esse é um dado relevante, na medida em
que recursos como esses são importantes para estabelecer vínculos com os
representados. Essas ferramentas pressupõe um papel passivo do usuário, no entanto,
fornecem a possibilidade do cidadão manter-se atualizado sobre a atuação do
parlamentar sem necessariamente ter que recorrer ao website toda vez que quiser
saber de uma notícia.
Ademais os ítens desta tabela dizem respeito a como os parlamentares buscam
prestar contas ao público no sentido de mostrar para os cidadãos e para a imprensa a
sua disposição em apresentar informações sobre seu mandato e sua atuação enquanto
representante. Constatamos que embora os percentuais referentes a disponibilização
das informações no website sejam semelhantes, no tocante disseminação desses por
meio de atualizações automáticas é melhor no caso dos senadores americanos.
TABELA 7: MOBILIZAÇÃO/INTEGRAÇÃO EM REDE NOS WEBSITES DOS
PARLAMENTARES DO BRASIL E DOS EUA
Br/SE EUA/SE
38
V) Mobilização/integração em rede N % N %
1 Calendário de eventos 2 2,7 9 10,3
2 Boletins do mandato? 34 45,9 81 93,1
3 Incentivo a acessar blog? 11 14,9 12 13,8
5 Doaçao online? 1 1,4 0 ,0
6 Seções temáticas para minorias 7 9,5 85 97,7
7 Incentivo nas bases eleitorais? 23 31,1 11 12,6
8 Loja online para comprar símbolos políticos 0 ,0 81 93,1
9 Acervo sonoro /transmissão online 17 23,0 56 64,4
10 Serviços ao eleitor 17 23,0 80 87,0
11 Contatos do político 36 48,6 73 83,9
12 blog 10 13,5 12 13,8
13 link para partido nacional 32 43,2 0 ,0
14 link para partido subnacional 15 20,3 0 ,0
16 Link para ONG`s 8 10,8 0 ,0
17 Link para movimentos sociais 7 9,5 0 ,0
TOTAL 20,7 39,2
No quesito de mobilização e integração os ítens fazem referência a um uso
inovador da internet. Buscamos entender como os parlamentares integram ações de
participação no contexto offline ao mundo virtual.
Como já discutimos anteriormente, nos quesitos que vinculam a imagem do
representante a outras instituições há uma predominância dos senadores brasileiros.
No que se refere aos partidos, vemos que os ítens “link para partido nacional” e “link
para partido sub-nacional” somam 0% nos websites dos senadores americanos. No
caso brasileiro o percentual é relativamente significante, constando em 43,2% no
quesito de link para o partido nacional e 20,3% para o partido sub-nacional.
No caso de instituições de cunho político que não são necessariamente
vinculadas ao partido vemos novamente a predominância dos websites brasileiros
correspondendo a 10,8% de “links para ONG’s” e 9,5% para “links para movimentos
sociais”, ao passo que no caso americano nenhum dos sites possui tais links.
39
Em relação aos ítens sobre incentivo a participação observamos um cenário
misto. O “incentivo nas bases eleitorais” consta em 31,1% dos websites de senadores
brasileiros e em apenas 12,6% nos americanos; o ítem “incentivo a acessar blog” é
semelhante nos dois casos correspondendo a 14,9% no caso brasileiro e 13,8% no
americano; no quesito “contatos do político”, que refere-se a disponibilização das
informações gerais sobre endereços de gabinete e telefone há predominância dos sites
americanos com o percentual de 93,1% e para os brasileiros 48,6%.
Um dado interessante e notavelmente díspare entre os dois países é o de
“seções temáticas para minorias”. Podemos notar que quase a totalidade dos
senadores americanos (97,7%) preenchem o quesito ao passo que apenas 9,5% dos
brasileiros o fazem. De acordo com Wilson Gomes (2011) um dos principais papéis da
internet no contexto contemporâneo além de possibilitar a participação pela
disponibilização de canais específicos para isso, deve principalmente visar aumentar a
capacidade concorrencial da democracia. Não nos vinculando estritamente a
perspectiva participacionista podemos sustentar que seções como esta são relevantes
pois dizem respeito a interação no meio virtual não como um fim em si, mas como um
meio de se alcançar um objetivo prático; no caso, a inclusão de minorias no âmbito da
representação política.
Este dado relaciona-se com o contexto cultural americano, no qual sabe-se,
existe demarcação aparente de grupos sociais; porém como não cabe aqui explorar
pormenorizadamente este assunto, basta nos atermos à disponibilização desta
ferramenta enquanto uma boa prática por parte dos senadores americanos.
TABELA 8: PARTICIPAÇÃO E DELIBERAÇÃO NOS WEBSITES DOS
PARLAMENTARES DO BRASIL E DOS EUA
Br/SE EUA/SE
N % N %
1 Blog na página inicial 14 18,9 12 13,8
2 Blog atualizado regulamente 15 20,3 12 13,8
3 Espaço para postagens no blog? 6 8,1 2 2,3
40
4 Salas de Bate-Papo/chats com político 0 ,0 0 ,0
5 Acervo dos chats realizados 0 ,0 0 ,0
6 Fórum/Discussão sobre temas específicos? 1 1,4 0 ,0
7 Acervo dos foruns realizados 1 1,4 0 ,0
8 Acervo de respostas a perguntas dos internautas
3 4,1 0 ,0
9 Link específico para denúncias 0 ,0 0 ,0
10 Mural de mensagens 13 17,6 0 ,0
11 Possibilidade de comentar notícias postadas 5 6,8 0 ,0
12 Acervo de comentários a notícias dos internautas
5 6,8 0 ,0
13 Sugestões para propostas de governo 9 12,2 2 2,3
14 Depoimentos dos cidadãos 2 2,7 1 1,1
15 Vídeos com depoimentos dos cidadãos 0 ,0 1 1,1
MEDIA 6,7% 2,3%
Por fim, a última dimensão de análise sobre participação e deliberação busca
enfatizar as dimensões mais interativas dos websites, que denotam um envolvimento
maior entre o representante e o representado a partir do website.
Nesta seção, observamos os índices mais baixos em todos os ítens. Enquanto
ainda podemos citar os blogs como o único ítem com alguma expressividade em
relação a esta dimensão de análise, observamos que o ítem “espaço para postagens
no blog” é muito pequeno, correspondendo a 8,1% nos websites brasileiros e 2,3% nos
americanos. Ou seja, os blogs estão lá, mas somente permitem postagens por parte do
senador; não há possibilidade de interação.
Ademais, devemos notar que praticamente todos os ítens constantes na tabela
já caíram em desuso, ao menos dentro dos websites. Salas de bate-papo, chats e
murais de mensagem já foram considerados importantes canais de comunicação a
partir dos websites em alguns anos atrás (PUOPOLO, 2000) porém não constam
normalmente em sites nos tempos atuais. A internet tem uma natureza dinâmica e
quando novas ferramentas de maior apelo e eficácia surgem, estas geralmente
substituem as velhas.
41
No caso presente, tais mecanismos foram substituídos por aqueles
apresentados pela web 2.0. As possibilidades de participação deslocaram-se da
estrutura hierarquizada do website para um modelo integrado em rede.
Este fenômeno é o que será abordado no capítulo seguinte.
Capítulo 2 - Parlamentares na web 2.0: uma análise do uso das redes
sociais
Neste capítulo procuraremos mensurar o grau de adesão dos parlamentares às
ferramentas da web 2.0, apresentando quantitativamente os percentuais de uso e
procurando encontrar a partir da literatura fatores que expliquem os padrões de uso.
TABELA 9: USO DE REDES SOCIAIS PELOS PARLAMENTARES DO BRASIL
E DOS EUA
Br/SE EUA/SE
Redes sociais N % N %
Mídias sociais 55 74,3 71 81,6
Twitter? 50 67,6 55 63,2
Youtube 18 24,3 60 69,0
Canal específico no Youtube 23 31,1 67 77,0
Facebook 24 32,4 61 70,1
Orkut1 38 51,4 0 ,0
Myspace 1 1,4 1 1,1
Sonico 0 ,0 0 ,0
Delicious 0 ,0 1 1,1
Linkedin 1 1,4 1 1,1
Flick 8 10,8 18 20,7
MEDIAS 26,8 35,0
42
Em primeiro lugar devemos explicar como se deu a coleta dos dados. Buscamos
observar a presença das redes sociais a partir dos websites elencados e observados
no capítulo 1. Entretanto, pudemos notar que nem sempre haviam indicações do uso
destes meios nas páginas dos parlamentares, portanto utilizamos o buscador Google
para avaliar a presença das mesmas. A fórmula utilizada em todas as buscas foi:
“senador/senator – nome do parlamentar - nome da rede social”. A partir disso foi
possível construir a tabela acima.
Como podemos notar no ano de 2010 a adesão às redes sociais é expressiva,
sendo utilizada pelo menos em uma das redes por 74,3% dos senadores brasileiros e
81,6% dos americanos.
Um dado relevante que consideramos na pesquisa foi o “indício de uso de
mídias sociais”. Em vários websites que observamos foi possível notar que não haviam
indicações de que o parlamentar buscasse a interação com o eleitor por meio de redes
sociais, contudo, em pesquisa posterior por meio de buscadores pudemos ver a
presença dos senadores em algumas redes. Sabe-se que ambiente virtual é repleto de
informações e possui uma dinâmica veloz, com riqueza de conteúdos que tem o
potencial de estreitar os laços entre representante e representado (CARDOSO,
MORGADO, 2003). A prestação de contas e a interação com o eleitor beneficiam não
só o cidadão que participa mais ativamente mas também o político, que pode moldar a
sua imagem tendo em vista a manifestação dos usuários. Perguntamos então por que
os senadores não ostentam a sua adesão a web 2.0
TABELA 10: HÁ INDÍCIO DE USO DE MÍDIAS SOCIAIS? (Brasil) N %
Percentual
válido
Percentual
cumulativo
Valid não 60 60,0 74,1 74,1
sim 21 21,0 25,9 100,0
Total 81 81,0 100,0
43
A partir desta tabela notamos que o percentual de indício de uso contrasta com
o uso de fato das redes que corresponde a 74,3%.
Um fato que pode explicar isso é o fato de muitos senadores brasileiros
possuírem tanto websites institucionais quanto pessoais. Os websites pessoais não
estão hospedados no domínio do Senado Federal e portanto são preferidos pelos
senadores brasileiros que investem nesses a maior parte de seus recursos. Os
websites institucionais frequentemente possuem um caráter burocrático e claramente
são preteridos pelos senadores. Como resultado disso, a integração em redes sociais
por parte dos senadores brasileiros muitas vezes não contempla os websites
institucionais.
Como podemos observar, a principal rede social no Brasil é o Twitter, adotado
por 34,6% dos senadores ao passo que o Youtube é a principal rede social para os
norte-americanos, correspondendo a 73,5%. O Orkut é usado por 13,6% dos
senadores brasileiros e 0,9% dos norte-americanos; dado que não é de se estranhar,
tendo em vista predominância da utilização da rede principalmente por usuários
brasileiros, tendo pouca relevância fora do país.
Um dado interessante a se destacar é a presença no Myspace, que é de 0,0%
nos dois casos, tendo em vista que o Myspace foi a rede social que antecedeu o
Facebook em escala e importância. Mas como disse, o Facebook tem se tornado uma
ferramenta importante na divulgação do conteúdo político com o passar dos anos. Em
coletas posteriores a que consta neste presente trabalho, foi possível observar um
grande crescimento na presença dento desta rede. Contudo, tendo em vista os dados
aqui colocados faz sentido destacar uma diferença fundamental no uso desta rede, que
diz respeito a como dela fazem uso os senadores.
No caso dos senadores brasileiros, foi possível notar que as assessorias
investiram na criação de perfis dos senadores, de modo que usuários da rede possam
adicioná-lo como ‘amigo’ na rede. Isso traz desvantagens na divulgação do conteúdo
pelos seguintes motivos: i) inibe o usuário, pois ele deve estreitar um vínculo de
‘amizade’ com o parlamentar que nem sempre é bem visto pelos usuários, que
preferem não lotar sua rede com perfis institucionais. ii) dificulta a difusão do conteúdo,
44
pois frequentemente atualizações dos amigos são ocultadas automaticamente pela
rede. Esta estratégia é válida no entanto; porém em termos de efetividade comunicativa
e interativa as “páginas” propiciam um meio mais adequado para o contato com o
usuário. Estas são vantajosas pois não obrigam o usuário a se vincular ao parlamentar
ao passo que as informações são constantemente atualizadas no caso de o usuário
‘curtir’ a página.
Conclusão
Há maior presença dos senadores norte-americanos nas mídias sociais e maior
quantidade de informações disponíveis em seus websites. Isso como havia dito
anteriormente, é a confirmação de uma hipótese prévia de pesquisa, contudo, a
constatação de que há entre os senadores brasileiros a predominância de websites
classificados como “outdoor virtual personalizado” e baixa utilização de canais de
comunicação modernos nos permite observar padrões de utilização da internet.
A utilização das redes sociais entre os websites dos senadores norte-
americanos foi uma experiência que se deu entre as páginas institucionais, que são
utilizadas para comunicar e informar sobre o mandato legislativo. No caso brasileiro, a
adesão a esta tendência demonstrou-se principalmente nas páginas pessoais. Faz
sentido propor como fator explicativo desse comportamento a preocupação em agregar
votos e manter a imagem. Porém no caso americano isso se dá por meio do
investimento em canais de informação e comunicação (além da prestação de serviços)
ao longo do mandato, visando a criação de vínculos com o eleitor (MARQUES, 2007).
No caso brasileiro, ainda perseveram como dominantes as páginas voltadas
exclusivamente para a figura do líder, com informações hierarquizadas. Tal pesquisa
para mim revelou que há um campo fértil no que diz questão aos desdobramentos do
que aqui foi demonstrado, principalmente na necessidade de se realizarem estudos
qualitativos sobre a percepção da importância da utilização das ferramentas de
interação tanto para representantes quanto para representados.
45
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BRAGA,S. FRANÇA, A.S.T, CRUZ, L.C. Como os politicos brasileiros estão usando a
internet para se comunicar e interagir com o eleitor? Um estudo sobre o uso da internet
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CARDOSO, G. MORGADO, A. A comunicação política na sociedade de informação:
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Informational Exuberance. In: Connecting Democracy: Online Consultation and the
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46
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In C. Leston-Bandeira & S. Ward, eds. Parliaments in the digital age: Forum
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Anexos
Anexo 1: Lista de websites pesquisados
http://www.deputadofernandomelo.com.br http://www.senado.gov.br/web/senador/geraldomesquita/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/marinasi/default.asp http://www.tiaoviana.com/portal/ http://www.senado.gov.br/web/senador/FernandoCollor/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/joaotenorio/site_jt/index.html http://www.senado.gov.br/web/senador/RenanCalheiros/default.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/ArthurVirgilio/index.asp http://www.senado.gov.br/senadores/senador/JeffersonPraia/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/JeffersonPraia/index.asp http://www.gilvamborges.com.br/ http://www.senado.gov.br/web/senador/jsarney/default.asp http://www.senado.gov.br/senadores/senador/papaleopaes/default.asp http://www.senado.gov.br/ACMJr/ http://www.senado.gov.br/cesarborges/ http://www.senado.gov.br/web/senador/joaodurval/index.asp http://www.inacio.com.br/ http://www.senado.gov.br/senadores/senador/PatriciaSaboya/default.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/tassojereissati/index.htm http://www.adelmirsantana.com.br/ http://www.cristovam.org.br/ http://www.senado.gov.br/web/senador/gimargello/default.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/gcamata/index.htm http://magnomalta.com/ http://www.renatocasagrande.com.br/ http://www.senado.gov.br/web/senador/demostenestorres/biografia.asp http://www.senado.gov.br/senadores/senador/luciavania/default.asp http://www.marconiperillo.com.br/ http://www.senado.gov.br/web/senador/EdisonLobao/index.htm http://www.senado.gov.br/web/senador/epitaciocafeteira/index.asp
http://www.senado.gov.br/web/senador/roseana/index.asp
47
http://www.senado.gov.br/senadores/senador/EduardoAzeredo/default.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/eliseuResende/index.asp http://www.heliocosta.com/ http://www.delcidio.com.br/ http://www.senado.gov.br/senadores/senador/marisaserrano/default.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/ValterPereira/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/jaymecampos/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/jonas/default.asp http://www.serys.com.br/ http://www.senadorflexaribeiro.com.br/ http://www.senado.gov.br/web/senador/josenery/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/mariocouto/index.asp http://www.senado.gov.br/senadores/senador/cicerolucena/default.asp http://www.senado.gov.br/senadores/senador/efraimmorais/index.asp http://www.robertocavalcantiprb.com.br/ http://www.senado.gov.br/senadores/senador/jarbasvasconcelos/default.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/marcomaciel/default.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/sergioguerra/default.htm http://www.senadorheraclito.com.br/ http://www.senado.gov.br/web/senador/JoaoVicenteClaudino/default.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/maosanta/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/FlavioArns/index.asp http://www.osmardias.com.br/ http://www.senadoralvarodias.com/ http://www.dornelles.com.br/inicio/index.php http://www.senado.gov.br/web/senador/marcelocrivella/index.htm s/w http://www.garibaldifilho.com.br/ http://www.agripino.com.br/ http://www.rosalbaciarlini.com.br/ http://www.acirgurgacz.com.br/ http://www.senado.gov.br/web/senador/fatimacleide/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/valdirraupp/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/augustobotelho/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/Mozarild/index.asp http://www.senado.gov.br/web/senador/rjuca/default.asp http://www.senadorpaim.com.br/ http://www.senado.gov.br/sf/senador/psimon/index.asp http://www.senado.gov.br/evmnet/zambiasi/Bem-vindo.htm http://www.ideli.com.br/ http://www.senado.gov.br/web/senador/neutodeconto/index.asp http://www.senadorcolombo.com.br/ http://www.almeidalima.com.br/ http://www.senadorvaladares.com.br/ http://www.senado.gov.br/sf/senador/maralves/bemvindo.htm http://www.mercadante.com.br/index.php http://www.senado.gov.br/eduardosuplicy/ http://www.senado.gov.br/sf/senador/rtuma/default.asp http://www.senado.gov.br/sf/senador/joaoribeiro/default.asp http://www.senadorakatiaabreu.com.br/ http://www.senado.gov.br/sf/senador/LeomarQuintanilha/index.asp
48
http://begich.senate.gov/public/
http://murkowski.senate.gov/public/ http://sessions.senate.gov/public/index.cfm?FuseAction=AboutJeff.Biography
http://shelby.senate.gov/public/
http://lincoln.senate.gov/
http://pryor.senate.gov/public/
http://kyl.senate.gov/constit_center/about.cfm http://mccain.senate.gov/public/index.cfm?FuseAction=AboutSenatorMcCain.Biography
http://boxer.senate.gov/
http://feinstein.senate.gov/public/
http://bennet.senate.gov/
http://markudall.senate.gov/
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49
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