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CARTOGRAFIA DOS FATORES INTERVENIENTES DA MORTALIDADE MATERNA, FETAL E INFANTIL NO DISTRITO
SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA TOCANTINS E DOS ITINERÁRIOS DE PRODUÇÃO DE SAÚDE NAS ÁREAS
INDÍGENAS
Apoiadora: Tálitha Cristina Tozzi Zemuner
2013
2
Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3
1– DADOS DEMOGRÁFICOS ........................................................................... 4
1.1 – POPULAÇÃO ..................................................................................... 4
1.2 – LOCALIZAÇÃO .................................................................................. 6
1.3 – REGIÕES DE SAÚDE E TERRITÓRIOS INDÍGENAS .................... 11
2– COMPOSIÇÃO DO DSEI-TO ...................................................................... 13
2.1 – ESTRUTURA FÍSICA ........................................................................... 13
2.2 – RECURSOS HUMANOS .................................................................. 13
2.3 – SANEAMENTO ................................................................................ 15
3– ASPECTOS SÓCIO CULTURAIS ............................................................... 20
3.1 – CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS ETNIAS ................................ 20
4– CONDIÇÕES DE SAÚDE ........................................................................... 23
4.1– FLUXOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO .......................................... 23
4.2 – COMITÊS DE PREVENÇÃO DO ÓBITO INFANTIL E FETAL ......... 25
4.3 - INDICADORES DE SAÚDE .............................................................. 26
4.3.1 – Pré-natal ........................................................................................ 26
4.3.2 – Nascidos Vivos .............................................................................. 27
4.3.3 – Mortalidade Infantil ......................................................................... 27
4.3.4 – Mortalidade Materna .................................................................. 29
4.3.5 – Estado Nutricional ...................................................................... 29
4.3.6 – Cobertura Vacinal ...................................................................... 30
5– FLUXOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE ....................................................... 30
5.1 – REFERÊNCIA DOS SERVIÇOS .......................................................... 30
5.2 – RECURSOS FINANCEIROS (IAEPI) ............................................... 31
5.3 – REDE CEGONHA ............................................................................ 31
3
INTRODUÇÃO
A Secretária Especial de Saúde Indígena (SESAI) foi criada através dos
Decretos Nº 7.335 e Nº 7.336, de 19/10/2010 para coordenar e executar os
processos de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena em todo o
território nacional.
Sua missão é implementar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena,
fortalecer as ações do SUS, observando com um cuidado integral as práticas
de saúde e as medicinas tradicionais, com controle social e garantir o respeito
às tradições culturais da população indígena.
O Subsistema de Atenção à Saúde do Sistema Único de Saúde está
organizado em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI em um
espaço geográfico que não guardam relação direta com os limites dos estados
e municípios onde estão localizadas as terras indígenas.
O território que delimita estes distritos respeita a distribuição geográfica,
antropológica e de acesso aos serviços de saúde pelos povos indígenas.
Nesse contexto, podemos verificar que são vários os desafios enfrentados pela
SESAI.
Entre os desafios está à reestruturação e fortalecimento do Subsistema de
Atenção à Saúde Indígena, com a reorganização e qualificação da atenção no
DSEI-Tocantins e a articulação regional com os outros níveis de atenção à
saúde.
No entanto, no tocante aos desafios, um de caráter emergencial e que merece
um cuidado especial é a Redução da Mortalidade Materna e Infantil, hoje com
índices altos na população indígena.
O presente documento tem como objetivo de realizar uma análise situacional,
diagnosticando a situação de saúde, a situação demográfica, socioeconômica e
singularidades do DSEI-TO para possibilitar, com esse diagnóstico, promover
um plano de ações e serviços voltados para a Redução da Mortalidade
Materna Infantil.
4
A redução da mortalidade infantil é ainda um desafio para os serviços de saúde
e para a sociedade como um todo, sendo uma meta para todos os países
integrados da Organização das Nações Unidas, do qual o Brasil é signatário. A
mortalidade infantil reflete as condições de vida da sociedade como um todo,
por isso se faz necessária a análise ao que tange a saúde indígena.
A responsabilidade e o compromisso dos serviços de saúde sobre a população
indígena de determinada área de abrangência devem fazer parte do cotidiano
dos serviços de saúde, com o propósito de identificar os problemas, as
estratégias e as medidas de prevenção de óbitos evitáveis, de modo que
diminua a mortalidade e melhore os níveis de sobrevivência infantil.
1– DADOS DEMOGRÁFICOS
1.1 – POPULAÇÃO
A abrangência da área territorial e de atuação do DSEI corresponde às
terras indígenas localizadas em toda a extensão do Estado do Tocantins e
sua população está distribuída nos municípios de:
• Araguaína (17 indígenas);
• Formoso do Araguaia (950);
• Goiatins (1.780);
• Gurupi (258);
• Itacajá (912);
• Lagoa da Confusão (497);
• Maurilândia do Tocantins (189);
• Sandolândia (190);
• Santa Fé do Araguaia (350);
• Tocantínia (3.266);
• Tocantinópolis (1.996);
E no Sul do Estado do Pará no município de:
• Santa Maria das Barreiras (90).
5
População Municipal Por Faixa Etária Ano: 2011
Faixa Etária Masculino Feminino
menor de ano 64 62
01 ano 181 187
02 anos 182 165
03 anos 207 198
04 anos 183 194
05 anos 177 207
06 anos 176 134
07 anos 157 159
08 anos 166 139
09 anos 147 147
10 anos 140 149
11 anos 154 148
12 anos 135 117
13 anos 127 129
14 anos 146 134
15 anos 135 132
16 anos 125 128
17 anos 130 99
18 anos 118 132
19 anos 123 102
20 a 24 anos 464 444
25 a 29 anos 370 337
30 a 34 anos 279 274
35 a 39 anos 219 195
40 a 44 anos 160 154
45 a 49 anos 124 140
50 a 54 anos 98 110
55 a 59 anos 74 58
60 a 64 anos 60 47
65 a 69 anos 40 45
70 a 74 anos 34 33
75 a 79 anos 19 27
80 a 99 anos 60 81 Fonte: SIASI 2011
Extensão territorial de 2.202.776 (dois milhões duzentos e dois mil setecentos e
setenta e seis hectares) que abrangem municípios nos Estados (Tocantins e
Pará). A área está habitada por 11 grupos étnicos de diferentes culturas, entre
eles as etnias:
6
• Apinajé (2.067 indígenas);
• Funi-ô (42);
• Krahô (2.612);
• Karajá-Xambioá(267) e Santana (44);
• Xerente (3.283);
• Javaé (1.373);
• Karajá (117);
• Krahô Kanela (110);
• Pankararu (19);
• Atikum (134);
• e 415 indígenas de outras etnias.
Todos com níveis de contato com a sociedade não indígena, totalizando
uma população de 10.495 pessoas, sendo 684 habitam a zona urbana e os
demais estão distribuídos em 134 aldeias (SIASI/2012).
1.2 – LOCALIZAÇÃO
7
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base Distância PBI/Aldeia
Distância Aldeia/DSEI-
PALMAS A
pin
ajé
Mariazinha Tocantinópolis 278 Tocantinópolis 23 km 554 km
São José Tocantinópolis 33 Tocantinópolis 18 km 549 km
Girassol Tocantinópolis 224 Tocantinópolis 34 km 565 km
Riachinho Tocantinópolis 40 Tocantinópolis 25 km 556 km
Patizal Tocantinópolis 63 Tocantinópolis 60 km 598 km
Prata Tocantinópolis 60 Tocantinópolis 13 km 544 km
Brejão Tocantinópolis 41 Tocantinópolis 29 km 560 km
Botica Maurilândia-TO 93 Tocantinópolis 49 km 580 km
Bonito Tocantinópolis 149 Tocantinópolis 34 km 564 km
Cocal Grande Tocantinópolis 34 Tocantinópolis 16 km
Palmeiras Tocantinópolis 117 Tocantinópolis 55 km
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base Distância PBI/Aldeia
Distância Aldeia/DSEI-
PALMAS
Kar
ajá
Xambioá Sta. Fé do Araguaia
129 Sta. Fé do Araguaia
90 km 552 km
Kurehê Sta.Fé do Araguaia
40 Sta. Fé do Araguaia
87 km 549 km
Wary Latã Sta. Fé do Araguaia
60 Sta. Fé do Araguaia
89 km 530 km
Maramduba Sta. Maria das Barreiras/PA
26 Sta. Fé do Araguaia
450 km 305 km
Santo Antonio Sta.Maria das Barreiras/PA
28 Sta. Fé do Araguaia
394 km 778 km
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base Distância PBI/Aldeia
Distância Aldeia/DSEI-
PALMAS
Kra
hô
Serra Grande Itacajá 109 Itacajá/TO 90 km 465 km
Lagoinha Itacajá 55 Itacajá/TO 70 km 550 km
Mangabeira Itacajá 135 Itacajá/TO 48 km 378 km
Forno Velho Itacajá 50 Itacajá/TO 40 km 400 km
Morro do Boi Itacajá 121 Itacajá/TO 90 km 450 km
Serrinha Itacajá 25 Itacajá/TO 60 km 380 km
Santa cruz Itacajá 146 Itacajá/TO 36 km 360 km
Água Fria Itacajá 18 Itacajá/TO 29 km 354 km
8
Macaúba Itacajá 29 Itacajá/TO 63 km 412 km
Galheiro Itacajá 34 Itacajá/TO 60 km 409 km
Riozinho Itacajá 41 Itacajá/TO 76 km 415 km
Cachoeira Goiatins/TO 336 Itacajá/TO 45 km 321 km
Pedra Branca Goiatins/TO 360 Itacajá/TO 40 km 336 km
Pedra Furada Goiatins/TO 89 Itacajá/TO 32 km 308 km
Água Branca Goiatins/TO 46 Itacajá/TO 60 km 338 km
Campos Limpos
Goiatins/TO 125 Itacajá/TO 28 km 304 km
Manoel A.Pequeno
Goiatins/TO 276 Itacajá/TO 6 km 306 km
Aldeia Nova Goiatins/TO 139 Itacajá/TO 76 km 415 km
Rio Vermelho Goiatins/TO 273 Itacajá/TO 180 km 456 km
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base Distância PBI/Aldeia
Distância Aldeia/DSEI-
PALMAS
Java
é
Barreira Branca
Sandolândia/TO 157 Formoso do Araguaia
190 km 513 km
Waritaxi Sandolândia/TO 11 Formoso do Araguaia
150 km 450 km
Barra do Rio verde
Sandolândia/TO 22 Formoso do Araguaia
150 km 450 km
Imotxi Formoso do
Araguaia 23
Formoso do Araguaia
106 km 429 km
Canuanã Formoso do
Araguaia 488
Formoso do Araguaia
60 km 383 km
Txuiri Formoso do
Araguaia 124
Formoso do Araguaia
76 km 399 km
São João Formoso do
Araguaia 255
Formoso do Araguaia
100 km 400 km
Wari-Wari Lagoa da Confusão
127 Formoso do Araguaia
112 km 435 km
Wahuri Formoso do
Araguaia 20
Formoso do Araguaia
110 km 410 km
Boa Esperança
Lagoa da Confusão
56 Formoso do Araguaia
108 km 415 km
Boto Velho Lagoa da Confusão
154 Formoso do Araguaia
340 km 663 km
Lankraré Lagoa da Confusão
63 Formoso do Araguaia
159 km 470 km
9
Waotyna Lagoa da Confusão
12 Formoso do Araguaia
50 km 455 km
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base Distância PBI/Aldeia
Distância Aldeia/DSEI-
PALMAS
Xer
ente
Funil Tocantínia 193 Tocantínia 18 km 58 km
Porteira Tocantínia 303 Tocantínia 18 km 82 km
Lajeado Tocantínia 71 Tocantínia 55 km 125 km
Brejo Comprido Tocantínia 111 Tocantínia 42 km 110 km
Brupré Tocantínia 77 Tocantínia 42 km 120 km
Varjão Tocantínia 15 Tocantínia 29 km 99 km
Recanto Krité Tocantínia 68 Tocantínia 12 km 82 km
Mirassol Tocantínia 49 Tocantínia 46 km 108 km
Traíra Tocantínia 33 Tocantínia 39 km 102 km
Bom Jardim Tocantínia 21 Tocantínia 50 km 100 km
Zé Brito Tocantínia 57 Tocantínia 28 km 98 km
Novo Horizonte Tocantínia 48 Tocantínia 75 km 150 km
Boa Esperança Tocantínia 48 Tocantínia 18 km 88 km
Cercadinho Tocantínia 41 Tocantínia 16 km 86 km
Aldeia Nova Tocantínia 41 Tocantínia 11 km 82 km
Bela Vista Tocantínia 49 Tocantínia 31 km 101 km
Rio Sono Tocantínia 65 Tocantínia 45 km 115 km
Aldeinha Tocantínia 55 Tocantínia 40 km 110 km
Cabeceira Água Fria
Tocantínia 28 Tocantínia 30 km 100 km
Paraíso I Tocantínia 78 Tocantínia 35 km 105 km
Serrinha I Tocantínia 25 Tocantínia 20 km 90 km
Boa Fé Tocantínia 24 Tocantínia 10 km 60 km
Karehú Tocantínia 20 Tocantínia 18 km 88 km
Recanto da àgua Fria
Tocantínia 15 Tocantínia 45 km 115 km
Morrinho Tocantínia 24 Tocantínia 50 km 120 km
Santa Fé Tocantínia 16 Tocantínia 30 km 100 km
Rio Preto Tocantínia 32 Tocantínia 65 km 135 km
Sangradouro Tocantínia 69 Tocantínia 60 km 130 km
Riozinho Tocantínia 40 Tocantínia 45 km 115 km
10
Santo Antonio Tocantínia 44 Tocantínia 50 km 120 km
Aparecida Tocantínia 44 Tocantínia 11 km 81 km
Angelim Tocantínia 31 Tocantínia 15 km 85 km
Baixa Funda Tocantínia 37 Tocantínia 50 km 120 km
Boa Vista Tocantínia 49 Tocantínia 27 km 97 km
Brejão Tocantínia 11 Tocantínia 98 km 168 km
Brejinho Tocantínia 23 Tocantínia 75 km 145 km
Brejo Verde Tocantínia 41 Tocantínia 69 km 139 km
Cabeceira Verde Tocantínia 88 Tocantínia 72 km 142 km
Coqueiro/Centro Tocantínia 41 Tocantínia 13 km 83 km
Fortaleza Tocantínia 33 Tocantínia 38 km 108 km
Genipapo I Tocantínia 30 Tocantínia 50 km 120 km
Kuidehu Tocantínia 54 Tocantínia 40 km 110 km
Mato do coco Tocantínia 21 Tocantínia 12 km 82 km
Mrâzasê Tocantínia 20 Tocantínia 10 km 80 km
Santa Cruz Tocantínia 36 Tocantínia 28 km 98 km
São Bento Tocantínia 31 Tocantínia 13 km 57 km
São José Tocantínia 33 Tocantínia 49 km 119 km
Vão Grande Tocantínia 67 Tocantínia 30 km 100 km
Salto Tocantínia 368 Tocantínia 12 km 82 km
Sucupira Tocantínia 18 Tocantínia 48 km 118 km
Brejo Novo Tocantínia 6 Tocantínia
11
1.3 – REGIÕES DE SAÚDE E TERRITÓRIOS INDÍGENAS
Os 11 municípios do Tocantins com população indígena estão localizados em 6
regiões de saúde do Estado.
Composição das CIR’s descritas no Mapa:
• Região de Saúde de Augustinópolis: Arguianópolis, Ananás, Angico,
Araguatins, Augustinópolis, Axixá do Tocantins, Buriti do Tocantins,
Cachoeirinha, Carrasco Bonito, Esperantina, Itaguatins, Luzinóplis, Maurilândia
do Tocantins, Nazaré, Palmeiras do Tocantins, Praia Norte, Riachinho,
Sampaio, Santa Terezinha do Tocantins, São Bento do Tocantins (pop.
Indígena), São Miguel do Tocantins, São Sebastião do Tocantins, Sítio Novo
do Tocantins, Tocantinópolis (pop. Indígena);
12
• Região de Saúde de Araguaína: Aragominas, Araguaína(CASAI), Araguanã,
Babaçulândia, Barra do Ouro, Campos Lindos, Carmolândia, Darcinópolis,
Filadélfia, Goiatins(pop. Indígena), Muricilândia, Nova Olinda, Pau D’arco,
Piraquê, Santa Fé do Araguaia (po. Indígena), Wanderlândia, Xambioá;
• Região de Saúde de Guaraí: Arapoema, Bandeirantes do Tocantins, Bernardo
Sayão, Bom Jesus do Tocantins, Brasilândia do Tocantins, Centenário, Colinas
do Tocantins, Colméia, Couto Magalhães, Goianorte, Guaraí, Itacajá(pop.
Indígena), Itapiratins, Itaporã do Tocantins, Juarina, Palmeirante, Pedro
Afonso, Pequizeiro, Presidente Kennedy, Recursolândia, Santa Maria do
Tocantins, Tupirama, Tupiratins;
• Região de Saúde Paraíso: Abreulândia, Araguacema, Barrolândia, Caseara,
Chapada de Areia, Cristalândia, Divinópolis do Tocantins, Dois Irmãos do
Tocantins, Lagoa da Confusão(pop. Indígena), Marianópolis do Tocantins,
Monte Santo do Tocantins, Nova Rosalândia, Oliveira de Fátima, Paraíso do
Tocantins, Pium, Pugmil;
• Região de Saúde de Palmas: Aparecida do Rio Negro, Fortaleza do Tabocão,
Lagoa do Tocantins, Lajeado, Lizarda, Miracema do Tocantins, Miranorte, Novo
Acordo, Palmas (DSEI), Rio dos Bois, Rio Sono, Santa Tereza do Tocantins,
São Félix do Tocantins, Tocantínia;
• Região de Saúde de Porto Nacional: Brejinho de Nazaré, Chapada da
Natividade, Fátima, Ipueiras, Mateiros, Monte do Carmo, Natividade,
Pindorama do Tocantins, Ponte Alta do Tocantins, Porto Nacional, Santa Rosa
do Tocantins, Silvanópolis;
• Região de Saúde de Gurupi: Aliança do Tocantins, Alvorada, Araguaçu, Cariri
do Tocantins, Crixás do Tocantins, Dueré, Figueirópolis, Formoso do
Araguaia (pop. Indígena), Gurupi(CASAI), Jaú do Tocantins, Palmeirópolis,
Peixe, Sandolândia (pop. Indígena), Santa Rita do Tocantins, São Salvador
do Tocantins, São Valério da Natividade, Sucupira, Talismã;
• Região de Saúde de Dianópolis: Almas, Arraias, Aurora do Tocantins,
Combinado, Conceição do Tocantins, Dianópolis, Lavandeira, Novo Alegre,
Novo Jardim, Paranã, Ponte Alta do Bom Jesus, Porto Alegre do Tocantins, Rio
da Conceição, Taguatinga, Taipas do Tocantins.
13
2 – COMPOSIÇÃO DO DSEI-TO
2.1 – ESTRUTURA FÍSICA
O DSEI está localizado na capital do Estado do Tocantins, Palmas e possui;
• 05 Pólos Base Indígenas:
1 PBI de Tocantinópolis - etnia Apinajé e uma aldeia Funi-ô residentes
nos municípios de Tocantinópolis e Maurilândia;
2 PBI de Itacajá - etnia Krahô residentes em Itacajá e Goiatins;
3 PBI de Santa Fé do Araguaia - etnia Karajá-Xambioá e Santana,
residentes em Santa Fé do Araguaia e Santa Maria das Barreiras;
4 PBI de Tocantínia - etnia Xerente, residentes em Tocantínia;
5 PBI de Formoso do Araguaia - etnia Javaé, Karajá e Krahô Kanela,
residentes em Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e
Sandolândia.
• 31 postos de saúde no interior das terras indígenas.
• 02 (duas) Casas de Apoio à Saúde Indígena (Casai) - em Araguaína
(norte do estado) e Gurupi (sul do estado).
2.2 – RECURSOS HUMANOS
PBI
Nº
de
ald
eias
Po
pu
laçã
o
Po
sto
de
Saú
de Descrição de
profissionais das EMSIs
Qu
anti
dad
e
pro
fiss
ion
ais
Descrição de profissionais no PBI
Qu
anti
dad
e
pro
fiss
ion
ais
TOC
AN
TIN
OP
ÓLI
S
26 2290 5
Enfermeiro 2 Administrativos (Gerenciamento do Pólo)
2
Téc. em Enfermagem 13
Técnicos em Enfermagem (em funções administrativas)
3
14
Cirurgiões dentistas 1
Técnicos em Enfermagem (Acompanhamento de pacientes)
3
Auxiliar de Saúde Bucal
1
AIS 6
AISAN 6
SAN
TA F
É D
O A
RA
GU
AIA
6 346 3
Enfermeiro 1 Administrativos (Gerenciamento do Pólo)
0
Téc. em Enfemagem 4
Técnicos em Enfermagem (em funções administrativas)
0
Cirurgiões dentistas 1
Técnicos em Enfermagem (Acompanhamento de pacientes)
1
Auxiliar de Saúde Bucal
1
AIS 2
AISAN 2
ITA
CA
JÁ
28 2736 10
Enfermeiro 4 Administrativos (Gerenciamento do Pólo)
0
Téc. de Enfemagem 13
Técnicos em Enfermagem (em funções administrativas)
3
Cirurgiões dentistas 2
Técnicos em Enfermagem (Acompanhamento de pacientes)
2
Auxiliar de Saúde Bucal
2
AIS 12
AISAN 10
TOC
AN
TÍN
IA
62 3079 6
Enfermeiro 4 Administrativos (Gerenciamento do Pólo)
0
Téc. de Enfemagem 10
Técnicos em Enfermagem (em funções administrativas)
1
Cirurgiões dentistas 2
Técnicos em Enfermagem (Acompanhamento de pacientes)
6
Auxiliar de Saúde Bucal
2
AIS 12
AISAN 12
FOR
MO
S
O D
O
AR
AG
UA
IA
15 1571 7 Enfermeiro 3 Administrativos (Gerenciamento do Pólo)
0
15
Téc. de Enfemagem 11
Técnicos em Enfermagem (em funções administrativas)
2
Cirurgiões dentistas 1
Técnicos em Enfermagem (Acompanhamento de pacientes)
2
Auxiliar de Saúde Bucal
1
AIS 7
AISAN 7
DSE
I
137 10022 31 Profissionais de EMSI 155 Profissionais em PBI 25
2.3 – SANEAMENTO
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base Aldeias c/ Sistemas
SAA c/ Tratamento Tratamento
Ap
inaj
é
Mariazinha Tocantinópolis 278 Tocantinópolis X X Cloradores com pastilhas
São José Tocantinópolis 33 Tocantinópolis X X Cloradores com pastilhas
Girassol Tocantinópolis 224 Tocantinópolis X
Riachinho Tocantinópolis 40 Tocantinópolis X X Cloradores com pastilhas
Patizal Tocantinópolis 63 Tocantinópolis X X Cloradores com pastilhas
Prata Tocantinópolis 60 Tocantinópolis X X Cloradores com pastilhas
Brejão Tocantinópolis 41 Tocantinópolis X
Botica Maurilândia-
TO 93 Tocantinópolis X X
Cloradores com pastilhas
Bonito Tocantinópolis 149 Tocantinópolis X X Cloradores com pastilhas
Cocal Grande
Tocantinópolis 34 Tocantinópolis X
Palmeiras Tocantinópolis 117 Tocantinópolis X
16
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base Aldeias c/ Sistemas
SAA c/ Tratamento Tratamento
Kar
ajá
Xambioá Sta. Fé do Araguaia
129 Sta. Fé do Araguaia
X X Cloradores com pastilhas
Kurehê Sta.Fé do Araguaia
40 Sta. Fé do Araguaia
X
Wary Latã Sta. Fé do Araguaia
60 Sta. Fé do Araguaia
X
Maramduba Sta. Maria
das Barreiras/PA
26 Sta. Fé do Araguaia
X
Santo Antonio
Sta.Maria das Barreiras/PA
28 Sta. Fé do Araguaia
X
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base
Aldeias c/
Sistemas
SAA c/ Tratamento Tratamento
Kra
hô
Serra Grande
Itacajá 109 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Lagoinha Itacajá 55 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Mangabeira Itacajá 135 Itacajá/TO X
Forno Velho
Itacajá 50 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Morro do Boi
Itacajá 121 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Serrinha Itacajá 25 Itacajá/TO X
Santa cruz Itacajá 146 Itacajá/TO X
Água Fria Itacajá 18 Itacajá/TO X
Macaúba Itacajá 29 Itacajá/TO X
Galheiro Itacajá 34 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Riozinho Itacajá 41 Itacajá/TO X
Cachoeira Goiatins/TO 336 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Pedra Branca
Goiatins/TO 360 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Pedra Furada
Goiatins/TO 89 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
17
Água Branca
Goiatins/TO 46 Itacajá/TO X
Campos Limpos
Goiatins/TO 125 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Manoel A.Pequeno
Goiatins/TO 276 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Aldeia Nova Goiatins/TO 139 Itacajá/TO X X Cloradores com pastilhas
Rio Vermelho
Goiatins/TO 273 Itacajá/TO X X Filtração/Cloradores com pastilhas
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base
Aldeias c/
Sistemas
SAA c/ Tratamento Tratamento
Java
é
Barreira Branca
Sandolândia/TO 157 Formoso do Araguaia
X
Waritaxi Sandolândia/TO 11 Formoso do Araguaia
X
Barra do Rio verde
Sandolândia/TO 22 Formoso do Araguaia
X
Imotxi Formoso do
Araguaia 23
Formoso do Araguaia
X X Cloradores com pastilhas
Canuanã Formoso do
Araguaia 488
Formoso do Araguaia
X
Txuiri Formoso do
Araguaia 124
Formoso do Araguaia
X X Cloradores com pastilhas
São João Formoso do
Araguaia 255
Formoso do Araguaia
X
Wari-Wari Lagoa da Confusão
127 Formoso do Araguaia
X X Cloradores com pastilhas
Wahuri Formoso do
Araguaia 20
Formoso do Araguaia
X
Boa Esperança
Lagoa da Confusão
56 Formoso do Araguaia
X
Boto Velho
Lagoa da Confusão
154 Formoso do Araguaia
X X Filtração/Cloradores com pastilhas
18
Lankraré Lagoa da Confusão
63 Formoso do Araguaia
X
Waotyna Lagoa da Confusão
12 Formoso do Araguaia
X X Filtração/Cloradores com pastilhas
Etnia Aldeias Município Pop. Pólo Base
Aldeias c/
Sistemas
SAA c/ Tratamento Tratamento
Xer
ente
Funil Tocantínia 193 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Porteira Tocantínia 303 Tocantínia X X Filtração/gerador de hipoclorito de sódio
Lajeado Tocantínia 71 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Brejo Comprido Tocantínia 111 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Brupré Tocantínia 77 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Varjão Tocantínia 15 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Recanto Krité Tocantínia 68 Tocantínia X X Filtração/gerador de hipoclorito de sódio
Mirassol Tocantínia 49 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Traíra Tocantínia 33 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Bom Jardim Tocantínia 21 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Zé Brito Tocantínia 57 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Novo Horizonte Tocantínia 48 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Boa Esperança Tocantínia 48 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Cercadinho Tocantínia 41 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Aldeia Nova Tocantínia 41 Tocantínia X
19
Bela Vista Tocantínia 49 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Rio Sono Tocantínia 65 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Aldeinha Tocantínia 55 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Cabeceira Água Fria
Tocantínia 28 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Paraíso I Tocantínia 78 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Serrinha I Tocantínia 25 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Boa Fé Tocantínia 24 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Karehú Tocantínia 20 Tocantínia X
Recanto da àgua Fria
Tocantínia 15 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Morrinho Tocantínia 24 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Santa Fé Tocantínia 16 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Rio Preto Tocantínia 32 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Sangradouro Tocantínia 69 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Riozinho Tocantínia 40 Tocantínia X
Santo Antonio Tocantínia 44 Tocantínia X
Aparecida Tocantínia 44 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Angelim Tocantínia 31 Tocantínia X X Hipoclorito de sódio
Baixa Funda Tocantínia 37 Tocantínia X
Boa Vista Tocantínia 49 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Brejão Tocantínia 11 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Brejinho Tocantínia 23 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Brejo Verde Tocantínia 41 Tocantínia X
20
Cabeceira Verde Tocantínia 88 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Coqueiro/Centro Tocantínia 41 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Fortaleza Tocantínia 33 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Genipapo I Tocantínia 30 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Kuidehu Tocantínia 54 Tocantínia X
Mato do coco Tocantínia 21 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Mrâzasê Tocantínia 20 Tocantínia X
Santa Cruz Tocantínia 36 Tocantínia X
São Bento Tocantínia 31 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
São José Tocantínia 33 Tocantínia X
Vão Grande Tocantínia 67 Tocantínia X X Cloradores com pastilhas
Salto Tocantínia 368 Tocantínia X
Sucupira Tocantínia 18 Tocantínia X
Brejo Novo Tocantínia 6 Tocantínia
3 – ASPECTOS SÓCIO CULTURAIS
3.1 – CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS ETNIAS
Povo Iny – Karajá, Karajá-Xambioá e Javaé →Estes povos pertencem ao
tronco lingüístico Macro-Jê, família lingüística Karajá, Coletores e
pescadores, sempre habitaram as margens do rio Araguaia. As expressões
das tradições culturais estão presentes de várias formas: nas pinturas
aplicadas no corpo, por ocasião de festividades e do ritual de passagem
masculina, que marca a entrada para a fase adulta, conhecida como
Hetohoky; na confecção de adornos com penas de aves comuns da região,
geralmente domesticadas, e que o caracteriza como o povo da arte
plumária; e na cerâmica, onde as mulheres artesãs produzem tradicionais
21
bonecas ritxokô vendidas como artesanato, miniaturas de animais existentes
da Ilha, e peças que retratam o cotidiano da comunidade e nos cantos
executados pelos homens.
Povo Xerente – Akwê →Povos Xerentes e Funil. Os Xerente se
autodenominam Akwen, que significa "indivíduo", "gente importante". Eles
vieram, provavelmente, das terras secas do Nordeste até o Norte, onde
encontraram abundancia de áqua. Os primeiros contatos com os
bandeirantes datam de 1738. Hoje vivem na margem direita do rio Tocantins,
numa área de 183.542 hectares (junto a área do Funil), próximos a cidade
de Tocantínia.
Sua sobrevivência sempre veio da terra e do rio, da pesca, da caça e,
principalmente, da roça de subsistência, a chamada "Roça de Toco", onde
plantam o milho, o arroz e a mandioca. Produzem artesanato com palhas de
babaçu, fibras de buriti, sementes nativas e capim dourado. São cestas,
balaios, esteiras, cofos, redes e bolsas.
Pertencem ao grupo linguístico Macro-Jê e estão em contato com os não
índios há aproximadamente duzentos anos. Juntam tudo que aprenderam
com as comunidades vizinhas e retomam suas vidas com consciência e
respeito a sua história. Em quase todas as festas praticam a corrida de
toras, onde homens e mulheres demonstram sua força e coragem.
Povo Krahô-Canela → Descendentes dos krahô e Canela, povo Timbira
(tronco lingüístico Macro-Jê). A origem desse grupo indígena encontra-se
perdida no tempo. Apenas se sabe que uma família Krahô uniu-se a uma
outra da etnia Kanela e juntas formaram os atuais Krahô-Kanela, que
apresentam um misto de tradições e costumes desses dois povos.
Existem pouquíssimos registros da história dos Krahô-Kanela. Até onde
se sabe eles habitavam a região de entorno da Ilha do Bananal, mais
precisamente na terra conhecida como “Mata Alagada”, localizada no
município de Lagoa da Confusão, sul do Estado do Tocantins.
No ano de 1977, depois de um longo conflito com fazendeiros daquela
região, eles foram expulsos dessas terras e passaram a habitar as cercanias
da Ilha do Bananal. Desde que saíram de suas terras, há quase 30 anos,
22
eles tentam retornar para aquele lugar no qual estabeleceram uma relação
simbólica de afetividade e um elo histórico ancestral.
Em 1987, os Krahô-Kanela foram conduzidos pela FUNAI (Fundação
Nacional do Índio), para o interior da Ilha do Bananal, área onde atualmente
habitam os índios Karajá, Javaé e Avá-Canoeiro.
Povo Krahô → A língua falada é do tronco lingüístico Macro-Jê,de família
Jê, descendetes dos Timbiras setentrionais. Vive numa área demarcada de
302.533 hectares, próxima as cidades de Itacajá e Goiatins, a reserva onde
vivem hoje é considerada a maior área de cerrados inteiramente preservada
o Brasil.
Os Krahô sempre enfrentaram a pressão colonizadora. Em 1940, sofreram
um violento massacre desfechado por criadores de gado, fato que continua
vivo na memória de seus habitantes mais velhos. Entreimportante para o
dia-a-dia da aldeia. Possuem muitas crenças, acreditam que todos os seres
sejam animais, vegetais ou minerais, e têm alma, que chamam de Karõ.
Os Krahô negociam com os brancos como meio de promover sua
sobrevivência na relação interétnica. Para os índios Krahô, as terras
pertencem a todos da tribo. As aldeias são politicamente independentes,
construídas em forma circular, com um grande pátio no centro onde a tribo
se reúne para decidir as divisões do trabalho.
A sua organização social se divide em dois partidos ou metades: o
Ktaatam´jê, que representa o inverno, rege as chuvas, o poente, as matas, o
frio e os animais noturnos, e o Wakme’jê, que representa o verão, o
nascente, a seca e os animais diurnos.
Povo Apinayé →São Timbira Ocidental e falantes da Língua Jê, tronco
lingüístico Macro-Jê. Vivem numa área demarcada, a partir de 1985, de
141.904 hectares, próximos aos municípios de Tocantinópolis, Maurilândia e
Lagoa de São Bento.
Eram conhecidos como grandes guerreiros, "os poderosos índios da região
Norte". O confronto com os exploradores de ouro provocou doenças e
guerras, obrigando os apinayé a viverem em aldeias para a sobrevivência da
comunidade.
23
O sistema alimentar é a base de produtos plantados nas roças familiares,
como abóbora, arroz, feijão e milho. Confeccionam também adorno e
utensílios com a palha do babaçu e sementes nativas. Embora sejam
Timbiras, como o povo Krahô, possuem organização social e política própria.
Hoje, eles têm suas aldeias localizadas no campo e utilizam a mata para a
caça e a agricultura. Fazem a coleta do babaçu, extraem o óleo das
amendoas e aproveitam as folhas para fabricar utensílios domésticos e
cobrir suas casas. Nas festas e rituais, mantêm o casamento e o batizado,
realizados no verão, época da colheita. Quando vão preparar as roças,
percorrem uma longa distância, a procura de mata e terras para a plantação
de milho e suas variedades. Muitas vezes fazem acampamento por lá e
ficam durante vários dias com toda a família. O trabalho é dividido. As
mulheres trazern lenha, coletam frutos, cuidam das crianças e produzem
artesanato; os homens caçam, pescam e trabalham na roça.
4 – CONDIÇÕES DE SAÚDE
4.1– FLUXOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Os casos de mortalidade infantil são registrados com base na declaração de
óbito, para garantir a veracidade da informação. No entanto essas informações
ainda não geram a confiança necessária. Alguns fatores como a falta de
qualificação dos profissionais em vigilância do óbito, a falta do profissional
médico nas áreas indígenas para preenchimento imediato das Declarações
Óbito, fragilizam o processo.
No DSEI-TO, o FormSUS passou a ser alimentado mensalmente apenas no
final de 2012 pela Responsável Técnico do SIASI após análises da área da
Saúde da Mulher e da Criança.
24
Já os demais sistemas como o Sistema de Informação de Agravos de
Notificação- SINAN, o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC
e o Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM são alimentados por
digitadores dos municípios trazendo a rotina de trabalho novas especificidades.
Na maioria desses municípios existe apenas um digitador responsável por
incluir todas as informações da secretaria e também as repassadas pelos
profissionais das EMSIs o que acarreta atrasos na inserção destes dados nos
sistemas.
O processo de notificação/investigação leva em média 100 dias. Após a
ocorrência do óbito, a EMSI é orientada a enviar uma cópia da Declaração de
Óbito e da investigação para o digitador do município para inserção no SIM,
ficando uma cópia no Pólo Base para inserção no SIASI e outra é enviada para
a Responsável Técnica acompanhado de um relatório do óbito.
No caso do processo de notificação para a elaboração de Óbito/Declaração de
Óbito Epidemiológica ocorre da seguinte forma:
• Para os óbitos ocorridos no âmbito hospitalar, à declaração é
providenciada pelo próprio hospital, que repassa uma cópia para o
paciente e outra para a EMSI;
• Óbitos ocorridos em área indígena sem a presença do profissional
médico, a equipe multidisciplinar responsável pela atenção toma
conhecimento do óbito e promove a emissão da certidão de óbito em
cartório (na maioria dos casos a equipe tem dificuldade para trazer a
família para elaboração da certidão no cartório). Após a emissão da
declaração e/ou certidão a equipe repassa uma cópia para o digitador do
25
município para inserção no SIM e outra para a área de saúde da mulher
e criança do DSEI.
4.2 – COMITÊS DE PREVENÇÃO DO ÓBITO INFANTIL E FETAL
O DSEI participa do Comitê Estadual de Prevenção do Óbito Materno e Infantil
(CEPOMFI). Porém, o Comitê passou por algumas dificuldades com a saída da
presidente ocasionando discussões apenas dos óbitos maternos em 2012. Em
março deste ano as discussões dos óbitos infantis foram retomadas e novas
reuniões agendadas.
Dentro do DSEI não há nenhum comitê específico para tratar do tema, mas o
assunto é abordado sempre que possível nas reuniões com as Equipes
Multidisciplinares de Saúde Indígena e a relação de controle e avaliação
realizada pela Responsável Técnica da saúde da mulher e da criança é
positiva.
Constata-se uma grande carência de qualificação dos profissionais das EMSI
nos Pólos. Necessita-se de um processo de formação para a educação
permanente dos técnicos.
O DSEI também faz parte do Fórum Perinatal, Rede Estadual pela Primeira
Infância do Tocantins – REPITO.
26
4.3 - INDICADORES DE SAÚDE
4.3.1 – Pré-natal 2012
PÓLO REALIZARAM consultas DE PRÉ NATAL TOTAL
NENHUM 1 a 3 4 a 5 6 ou mais
ITACAJÁ 0 49 60 30 139
TOCANTINÓPOLIS 2 46 23 18 89
TOCANTÍNIA 17 39 39 16 111
SANTA FÉ 0 2 4 5 11
FORMOSO 1 13 15 20 49
20 149 141 89 399 Fonte: DSEI-TO
PARTOS COM CONSULTAS DE PRÉ-NATAL
Fonte: DSEI-TO
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 2%
16%
0%3%
43%
60%
39%
14%
30%
45%
23%
31%
42%
35%
11% 15% 13%
43%
31% NENHUM
1 a 3
4 a 5
6 ou mais
27
4.3.2 – Nascidos Vivos
PÓLOS NASC. 2012
ITACAJÁ 134
TOCANTINÓPOLIS 101
TOCANTÍNIA 117
SANTA FÉ 10
FORMOSO 54
TOTAL
416
Fonte: DSEI-TO
4.3.3 – Mortalidade Infantil
Apesar da redução significativa da mortalidade infantil no Brasil, os avanços
registrados pelas médias nacionais não expressam as iniquidades regionais
por raça e etnia. A taxa de mortalidade infantil para a população indígena do
DSEI-Tocantins ainda é alta em relação à média nacional e a taxa do próprio
estado.
Em 2011, foram 69 óbitos por mil nascidos vivos (69/1000). Em 2012 reduziu-
se para 36 por mil nascidos vivos (36/1000). Até março deste ano a taxa
encontra-se na proporção de 20 por mil nascidos vivos (20/1000), conforme
tabelas abaixo:
2013 JANEIRO A MARÇO
2013 Neonatal
precoce 0-6 dias
Neonatal tardio
7-27 dias
Pós neonatal 28 -364
dias
TMI 0 a 1 ano
1 a 5 anos
Óbitos na
infância 0-5 anos
TOTAL DE NASCIMENTOS
Óbitos 0 0 2 2 1 3 100 TMI 0 0 20/1000 20/100
0 10/10
00 30/1000
Fonte: DSEI-TO
28
2012 2012 Neon
atal precoce 0-6 dias
Neonatal
tardio 7-27 dias
Pós neonatal 28 -364
dias
TMI 0 a 1 anos
1 a 5 ano
s
Óbitos na infância 0-5 anos
TOTAL DE NASCIMENTOS
Óbitos 04 1 10 15 2 17 416 TMI 9,6/10
00 2,4/100
0 24/1000 36/100
0 4,8/1000
40,8/1000
Fonte: DSEI-TO 2011
2011 Neonatal
precoce 0-6 dias
Neonatal
tardio 7-27 dias
Pós neonata
l 28 -364 dias
TMI 0 a 1 ano
1 a 5 anos
Óbitos na
infância 0-5
anos
TOTAL DE NASCIMENTOS
Óbitos 9 2 21 32 4 36 460 TMI 19,5/1
000 4,3/100
0 45,6/100
0 69/100
0 8,6/100
0 78,2/100
0 Fonte: DSEI-TO
No ano de 2010 o estado do Tocantins registrou uma taxa de mortalidade
infantil de 24 por mil nascidos vivos para menores de 5 anos, quase metade do
índice médio da saúde indígena. Essa discrepância demonstra o cuidado e a
atenção que se deve ter.
Usando como base o ano 2012, um diagnóstico mais detalhado da situação
nos mostra a seguinte realidade.
O número de óbitos infantis (menor de 1 ano), de crianças até 7 anos,
mulheres em idade fértil e gestantes de 2012 é de:
• 15 óbitos de menor de ano, com TMI de 36/1000 nascido vivos;
• 17 óbitos de crianças até 7 anos;
• 3 óbitos de mulheres em idade fértil (MIF), e 1 óbito materno.
29
Em 2012, as principais causas de óbitos infantis na população indígena foram:
• Diarréia (4 casos);
• Pneumonia (3 casos);
• Infecção Respiratória Agurda - IRAs (3 casos).
4.3.4 – Mortalidade Materna
4.3.5 – Estado Nutricional
Estado Nutricional de Crianças avaliadas
DSEI
Percentual de crianças < de 5 anos em Risco Nutricional
+ Baixo Peso
Percentual de crianças com Muito Baixo Peso
0 - 6 meses 6 - 12 meses 12 -24 meses
Tocantins 21,2 0,6 0,8 1,4
30
4.3.6 – Cobertura Vacinal
Imunização Ano 2011
Vacina Percentual
1 Crianças menores de 7 anos com esquema vacinal completo 69%
2 Cobertura vacinal para Poliomielite, Pneumocócica 10 valente, Pentavalente, BCG e Rotavirus em crianças menores de 1 ano.
Poliomielite 31,2%
PNM valente 1,9%
Pentavalente 24,7%
BCG 91,2%
3 Cobertura vacinal para Poliomielite,DTP, Meningo C e Triplice Viral em crianças de 1 a 4 anos.
Poliomielite 90%
DTP 84%
Meningo C 13%
Triplice Viral 86%
4 Cobertura vacinal para Tríplice Viral, Hepatite B, Dupla Adulto (dT) para mulheres em idade fértil(MIF).
Tríplice Viral 92%
Hepatite B 98%
dT 91%
5 Cobertura vacinal para influenza na população a partir de 6 meses de idade Influenza 78%
5 – FLUXOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE
5.1 – REFERÊNCIA DOS SERVIÇOS
Em nível de atendimento local, nos municípios de Formoso do Araguaia,
Tocantínia e Lagoa da Confusão, existe grande reconhecimento e
envolvimento dos atores de saúde com a causa indígena, disponibilizando
grande parte dos insumos necessários à manutenção da saúde daqueles que
ali residem.
Acredita-se que um dos aspectos a ser trabalhado para melhoria deste
reconhecimento é a pactuação de serviços entre os municípios com população
indígena e aqueles que contam com as CASAIs.
Nos municípios de referência para média e alta complexidade existe grande
colaboração das instituições hospitalares com a especificidade indígena, ao
31
permitir e facilitar a presença e a permanência de maior número de
acompanhantes, pajés e dos próprios funcionários da Secretaria Especial de
Saúde Indígena.
No entanto, em alguns municípios de primeira referência de saúde é
constantemente relatado pelos indígenas o fato de serem discriminados ao
buscarem o atendimento hospitalar.
Os municípios que são referência para a média e alta complexidade para a
população indígena são: Araguaína, Goiatins, Formoso do Araguaia, Gurupi,
Itacajá, Lagoa da Confusão, Miracema, Palmas, Santa Fé do Araguaia,
Tocantinópolis e Tocantínia.
5.2 – RECURSOS FINANCEIROS (IAEPI)
QUADRO 1: MUNICÍPIOS COM REPASSE DO IAE-PI:
MUNICÍPIO VALOR DO REPASSE TOCANTINÓPOLIS R$ 21.840,00 FORMOSO DO ARAGUAIA R$ 22.008,00 ITACAJÁ R$ 44.000,00 GOIATINS R$ 35.673,00 ARAGUAÍNA R$ 157.000,00
Hosp. Dom Orione R$ 59.160,00 HDT R$ 42.000,00
Hosp. Regional R$ 57.600,00
5.3 – REDE CEGONHA
O Estado do Tocantins está em processo de organização da Rede Cegonha
em seu território. E como forma de implantação definiu regiões prioritárias por
onde iniciou o processo de estruturação desta rede que são as regiões de
Palmas, Araguaína e Augustinópolis. Estas regiões já estão com a Portaria
publicada e com os recursos de custeio já repassados pelo Ministério da
Saúde.
A Rede Cegonha definiu como referência para a gestação de alto risco, para
estas regiões prioritárias, os Hospitais Dom Orione de Araguaína, Regional de
32
Augustinópolis e Dona Regina de Palmas. Para a gestação de risco habitual
foram definidos, além dos citados acima, os Hospitais Regionais de Xambioá,
Miracema e Guaraí e Municipal de Tocantinópolis.
Os investimentos contemplados para estes hospitais são com a ampliação e
qualificação de leitos de UTI e UCI, Casa da Gestante e Bebê, Centro de Parto
Normal, implantação e qualificação de Leitos Canguru, adequação de
estruturas físicas e de equipamentos e implantação de leitos de gestação de
alto risco.
Além disto, a Rede Cegonha propiciou um aumento de recursos de custeio
para ampliação dos exames para qualificar o pré-natal que foi repassado a
todos os municípios do Estado.
Apesar da participação de técnicos do DSEI no grupo condutor da Rede
Cegonha a questão da especificidade da população indígena não ficou
contemplada no plano, principalmente quanto ao acesso a estes serviços e a
questão cultural desta população.
No entanto, esses investimentos beneficiam a população indígena diretamente,
uma vez que a referência de média e alta complexidade é realizada na rede
estadual de saúde.