cartografia da conquista da amazônia colonial

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1 Iº SEMINÁRIO DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

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Iº SEMINÁRIO DEHISTÓRIA MILITAR

TERRESTRE DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

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Iº SEMINÁRIO DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE

DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

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Iº SEMINÁRIO

DE

HISTÓRIA

MILITAR

TERRESTRE

DA

AMAZÔNIA

BRASILEIRA

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Iº SEMINÁRIO

DE

HISTÓRIA

MILITAR

TERRESTRE

DA

AMAZÔNIA

BRASILEIRA

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Iº SEMINÁRIO

DE

HISTÓRIA

MILITAR

TERRESTRE

DA

AMAZÔNIA

BRASILEIRA

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Sinto-me muito honrado com o convite para participar deste histórico Primeiro Seminário de História Militar Terrestre da Amazônia.

Muito Obrigado. Mas, como cidadão pesquisador da nossa História e Geografia coloquei-me a questão: o que levaria o CMA a promover um seminário sobre a História Militar do Exército na Amazônia com a participação significativa de paisanos?

Sinto-me muito honrado com o convite para participar deste histórico Primeiro Seminário de História Militar Terrestre da Amazônia.

Muito Obrigado. Mas, como cidadão pesquisador da nossa História e Geografia coloquei-me a questão: o que levaria o CMA a promover um seminário sobre a História Militar do Exército na Amazônia com a participação significativa de paisanos?

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General Eduardo Villas Boas, comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA).

General Eduardo Villas Boas, comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA).

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Pesquisando a documentação disponível a resposta veio com toda clareza no documento oficial intitulado: “DIRETRIZ GERAL DO COMANDANTE DO EXÉRCITO PARA O PERÍODO 2011-2014” (Rfr: Decreto de 1º de JAN 11, publicado na Seção 2 do Diário Oficial da União – Edição Especial).

Pesquisando a documentação disponível a resposta veio com toda clareza no documento oficial intitulado: “DIRETRIZ GERAL DO COMANDANTE DO EXÉRCITO PARA O PERÍODO 2011-2014” (Rfr: Decreto de 1º de JAN 11, publicado na Seção 2 do Diário Oficial da União – Edição Especial). 10

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Neste documento apresentado pelo General-de-Exército ENZO MARTINS PERI, está bem claro no item A do Planejamento Estratégico: A “Amazônia continua a ser a área estratégica prioritária para a força”.

Neste documento apresentado pelo General-de-Exército ENZO MARTINS PERI, está bem claro no item A do Planejamento Estratégico: A “Amazônia continua a ser a área estratégica prioritária para a força”.

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Prosseguindo, no item Sistemas e Atividades encontramos na letra G Educação e Cultura a diretriz: “- Incentivar o estudo de estratégia, história militar, liderança, gestão, direito internacional humanitário, relações internacionais [...] em sintonia com os Centros de Doutrina e de Estudos Estratégicos do EB; - Contratar professores civis, criteriosamente selecionados, para a disciplina História Militar em nossos estabelecimentos de ensino [...] – Intensificar a pesquisa e a difusão da História Militar do Brasil para reforçar a valiosa contribuição do Exército à nação e a afirmar a identidade do Soldado brasileiro”.

Prosseguindo, no item Sistemas e Atividades encontramos na letra G Educação e Cultura a diretriz: “- Incentivar o estudo de estratégia, história militar, liderança, gestão, direito internacional humanitário, relações internacionais [...] em sintonia com os Centros de Doutrina e de Estudos Estratégicos do EB; - Contratar professores civis, criteriosamente selecionados, para a disciplina História Militar em nossos estabelecimentos de ensino [...] – Intensificar a pesquisa e a difusão da História Militar do Brasil para reforçar a valiosa contribuição do Exército à nação e a afirmar a identidade do Soldado brasileiro”.

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Trata-se, portanto de uma diretriz do Comandante do Exército para todas as unidades militares do nosso país resgatando o pragmatismo da História como mestra da vida como nos ensina Lucien Goldman:

Trata-se, portanto de uma diretriz do Comandante do Exército para todas as unidades militares do nosso país resgatando o pragmatismo da História como mestra da vida como nos ensina Lucien Goldman:

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“... se o conhecimento da História nos apresenta uma importância prática, é que por ela aprendemos a conhecer os homens que, em condições diferentes e com meios diferentes, no mais das vezes inaplicáveis à nossa época, lutaram por valores e ideais, análogos, idênticos ou opostos aos que possuímos hoje; o que nos dá consciência de fazer parte de um todo que nos transcende, a que no presente damos continuidade, e os homens vindos depois de nós continuarão no porvir”. (Cf. Goldman, Lucien. O pensamento histórico e seu objeto. In: ___. Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Difel, 1979, cap. I, p., 22).

“... se o conhecimento da História nos apresenta uma importância prática, é que por ela aprendemos a conhecer os homens que, em condições diferentes e com meios diferentes, no mais das vezes inaplicáveis à nossa época, lutaram por valores e ideais, análogos, idênticos ou opostos aos que possuímos hoje; o que nos dá consciência de fazer parte de um todo que nos transcende, a que no presente damos continuidade, e os homens vindos depois de nós continuarão no porvir”. (Cf. Goldman, Lucien. O pensamento histórico e seu objeto. In: ___. Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Difel, 1979, cap. I, p., 22).

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Esclarecida esta demanda passamos então a preparação desta apresentação. Dentre as inúmeras possibilidades optamos por ir direto ao assunto não sem antes fazermos uma brevíssima fundamentação teórica e uma contextualização histórica deste trabalho.À Amazônia como parte da colonização portuguesa no Brasil pode-se aplicar a análise de Nelson Werneck Sodré de que a colonização teve uma dimensão guerreira de conquista militar:

Esclarecida esta demanda passamos então a preparação desta apresentação. Dentre as inúmeras possibilidades optamos por ir direto ao assunto não sem antes fazermos uma brevíssima fundamentação teórica e uma contextualização histórica deste trabalho.À Amazônia como parte da colonização portuguesa no Brasil pode-se aplicar a análise de Nelson Werneck Sodré de que a colonização teve uma dimensão guerreira de conquista militar:

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“O fato é que a ocupação, povoamento, a produção revestir-se-iam de um caráter guerreiro que o meio impunha. [...] – a conquista da terra apresenta, por isso, um caráter essencialmente guerreiro. Cada latifúndio desbravado, cada sesmaria povoada, cada curral erguido cada engenho ‘fabricado’ tem, como preâmbulo necessário, uma árdua empresa militar”. (SODRÉ, 1968: 24-25).

“O fato é que a ocupação, povoamento, a produção revestir-se-iam de um caráter guerreiro que o meio impunha. [...] – a conquista da terra apresenta, por isso, um caráter essencialmente guerreiro. Cada latifúndio desbravado, cada sesmaria povoada, cada curral erguido cada engenho ‘fabricado’ tem, como preâmbulo necessário, uma árdua empresa militar”. (SODRÉ, 1968: 24-25).

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Prosseguindo Nelson Werneck Sodré aprofunda sua análise chamando atenção para os aspectos geográficos da colonização:

“Do Norte ao sul, as fundações agrícolas e pastoris se fazem com a espada na mão.[...]. A empresa de ocupação e povoamento era uma empresa militar inequívoca, revestia-se necessariamente de um sentido militar, e não podia deixar de ser assim”. (SODRÉ, Idem, ibidem).

Prosseguindo Nelson Werneck Sodré aprofunda sua análise chamando atenção para os aspectos geográficos da colonização:

“Do Norte ao sul, as fundações agrícolas e pastoris se fazem com a espada na mão.[...]. A empresa de ocupação e povoamento era uma empresa militar inequívoca, revestia-se necessariamente de um sentido militar, e não podia deixar de ser assim”. (SODRÉ, Idem, ibidem).

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Antes mesmo do conhecimento das terras do novo mundo, houve por parte das duas nações europeias, Espanha e Portugal, a preocupação de dividi-las entre si através do Tratado de Tordesilhas. Por este tratado, um meridiano delineava as fronteiras e dividia as terras entre aqueles dois países europeus.

Antes mesmo do conhecimento das terras do novo mundo, houve por parte das duas nações europeias, Espanha e Portugal, a preocupação de dividi-las entre si através do Tratado de Tordesilhas. Por este tratado, um meridiano delineava as fronteiras e dividia as terras entre aqueles dois países europeus.

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O governo de Portugal, quando da primeira organização do território brasileiro em capitanias hereditárias, procurou honrar aquele tratado. Mas nesta primeira delimitação territorial as fronteiras do norte e do oeste ficaram indeterminadas. Na verdade, esta indeterminação era consequência direta do desconhecimento geográfico da região

O governo de Portugal, quando da primeira organização do território brasileiro em capitanias hereditárias, procurou honrar aquele tratado. Mas nesta primeira delimitação territorial as fronteiras do norte e do oeste ficaram indeterminadas. Na verdade, esta indeterminação era consequência direta do desconhecimento geográfico da região

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Concluída a expansão ultramarina, as potências europeias empenharam-se em legitimar a posse dos territórios descobertos. É nesse movimento que a cartografia assume uma importância fundamental para os propósitos dos Estados colonialistas.

Concluída a expansão ultramarina, as potências europeias empenharam-se em legitimar a posse dos territórios descobertos. É nesse movimento que a cartografia assume uma importância fundamental para os propósitos dos Estados colonialistas.

Page 21: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Na Amazônia, desde os primórdios de sua ocupação, houve por parte dos conquistadores a preocupação de cartografarem os lugares atingidos ou conquistados e ocupados. Os portugueses levaram esta preocupação ao extremo, transformando as cartas levantadas na Amazônia em "padrões de posse lusitana" dos territórios explorados.

Na Amazônia, desde os primórdios de sua ocupação, houve por parte dos conquistadores a preocupação de cartografarem os lugares atingidos ou conquistados e ocupados. Os portugueses levaram esta preocupação ao extremo, transformando as cartas levantadas na Amazônia em "padrões de posse lusitana" dos territórios explorados.

A CONQUISTA DO AMAZONAS DE ANTÔNIO PARREIRAS

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A cartografia estava, então, a serviço do projeto político colonial do Estado português para a Amazônia, por isso retratava não só o espaço amazônico como também a evolução da postura do governo português em relação a esta ciência. Postas estas premissas passaremos, agora, ao estudo de alguns exemplares da cartografia da Amazônia colonial.

A primeira carta que mostra detalhes da foz do Rio Amazonas e regiões circunvizinhas é a carta conhecida como "Descripção dos rios Para, Curupa e Amazonas. Discuberto e sondado por mandado de sua magde. Por António Vicente patrão de Pernambuco".

A cartografia estava, então, a serviço do projeto político colonial do Estado português para a Amazônia, por isso retratava não só o espaço amazônico como também a evolução da postura do governo português em relação a esta ciência. Postas estas premissas passaremos, agora, ao estudo de alguns exemplares da cartografia da Amazônia colonial.

A primeira carta que mostra detalhes da foz do Rio Amazonas e regiões circunvizinhas é a carta conhecida como "Descripção dos rios Para, Curupa e Amazonas. Discuberto e sondado por mandado de sua magde. Por António Vicente patrão de Pernambuco".

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23Fig. 01 – Mapa de Antônio Vicente Cochado. Parte Primeira.

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Antônio Vicente Cochado não é de fato o autor da carta, mas tão somente o autor das informações que possibilitaram a elaboração da carta. Vicente Cochado serviu à coroa portuguesa no Maranhão e na Bahia. Acompanhou Francisco Caldeira Castelo Branco na fundação de Belém, em 1616. Em março desse mesmo ano retornou a Lisboa. Sendo um prático que conhecia muito bem a área a ela voltou mais vezes trazendo reforços para a guarnição de Belém. Em junho de 1620 foi nomeado Patrão-mor da Ribeira e Juiz dos Calafates de Pernambuco.

Antônio Vicente Cochado não é de fato o autor da carta, mas tão somente o autor das informações que possibilitaram a elaboração da carta. Vicente Cochado serviu à coroa portuguesa no Maranhão e na Bahia. Acompanhou Francisco Caldeira Castelo Branco na fundação de Belém, em 1616. Em março desse mesmo ano retornou a Lisboa. Sendo um prático que conhecia muito bem a área a ela voltou mais vezes trazendo reforços para a guarnição de Belém. Em junho de 1620 foi nomeado Patrão-mor da Ribeira e Juiz dos Calafates de Pernambuco.

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Em 1623, Vicente Cochado acompanhou a Expedição de Luís Aranha de Vasconcelos, organizada para explorar o Cabo Norte e expulsar os estrangeiros. Retornando a Lisboa após essa expedição, forneceu as informações para a confecção do mapa.

Em 1623, Vicente Cochado acompanhou a Expedição de Luís Aranha de Vasconcelos, organizada para explorar o Cabo Norte e expulsar os estrangeiros. Retornando a Lisboa após essa expedição, forneceu as informações para a confecção do mapa.

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Originalmente o mapa foi feito em duas folhas seguidas: parte primeira e parte segunda, com igual escala de 30 léguas (= 4,5cm) e com igual tipo de traço. Orienta-se como as cartas árabes. Uma rosa-dos-ventos com uma flor-de-lis e linhas de rumos ocupa o canto inferior esquerdo de cada uma das folhas. A carta procura representar a costa paraense desde Bragança, os rios Moju e Tocantins, a costa do Amapá até o Cabo Norte.

Originalmente o mapa foi feito em duas folhas seguidas: parte primeira e parte segunda, com igual escala de 30 léguas (= 4,5cm) e com igual tipo de traço. Orienta-se como as cartas árabes. Uma rosa-dos-ventos com uma flor-de-lis e linhas de rumos ocupa o canto inferior esquerdo de cada uma das folhas. A carta procura representar a costa paraense desde Bragança, os rios Moju e Tocantins, a costa do Amapá até o Cabo Norte.

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A parte central representa o arquipélago marajoara, ou seja a Ilha do Marajó e as outras ilhas circunvizinhas, no trecho entre o Rio Tocantins e o Xingu. Nesta carta a oeste, em duas ilhas fronteiras, aparecem dois fortes com as informações: "fortaleza dos olandeses queimada, fortaleza dos mocures dos olandeses queimada". Os nomes de inúmeras aldeias indígenas, bancos de areia e sondagens encontram-se ainda assinalados no mapa, observando-se que as maiores profundidades registradas são de 30 e 40 braças referentes a dois pontos situados em frente à barra do Tocantins.

A parte central representa o arquipélago marajoara, ou seja a Ilha do Marajó e as outras ilhas circunvizinhas, no trecho entre o Rio Tocantins e o Xingu. Nesta carta a oeste, em duas ilhas fronteiras, aparecem dois fortes com as informações: "fortaleza dos olandeses queimada, fortaleza dos mocures dos olandeses queimada". Os nomes de inúmeras aldeias indígenas, bancos de areia e sondagens encontram-se ainda assinalados no mapa, observando-se que as maiores profundidades registradas são de 30 e 40 braças referentes a dois pontos situados em frente à barra do Tocantins.

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28Fig. 02 – Mapa de Antônio Vicente Cochado. Parte Segunda.

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Apesar de denotar explorações sistemáticas de observações diretas do meio geográfico esta carta ainda tem muito de imprecisões e de suposições. É, porém, muito rica em informações históricas e etnográficas.

Apesar de denotar explorações sistemáticas de observações diretas do meio geográfico esta carta ainda tem muito de imprecisões e de suposições. É, porém, muito rica em informações históricas e etnográficas.

Page 30: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Outra importante carta desse período, do período da dominação espanhola sobre Portugal, é a carta do Rio Amazonas, desde Quito até a sua entrada no mar da província e governo do Maranhão. Na verdade é um croqui, elaborado por dois franciscanos espanhóis, André de Toledo e Domingos de Brieva.

Outra importante carta desse período, do período da dominação espanhola sobre Portugal, é a carta do Rio Amazonas, desde Quito até a sua entrada no mar da província e governo do Maranhão. Na verdade é um croqui, elaborado por dois franciscanos espanhóis, André de Toledo e Domingos de Brieva.

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31Fig. 3 - Mapa dos leigos franciscanos

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Consta que estes dois leigos franciscanos, juntamente com mais cinco irmãos de sua congregação, com a permissão de seu superior, Frei Pedro Bezerra, fundaram a missão de San Diego de los Emcabelados, às margens do Rio Napo, junto à foz do Aguarico, a cento e sessenta léguas de Quito, em uma região entre o Rio Napo e Putumaio

Consta que estes dois leigos franciscanos, juntamente com mais cinco irmãos de sua congregação, com a permissão de seu superior, Frei Pedro Bezerra, fundaram a missão de San Diego de los Emcabelados, às margens do Rio Napo, junto à foz do Aguarico, a cento e sessenta léguas de Quito, em uma região entre o Rio Napo e Putumaio

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. Após três meses de missão entre os encabelados, atendendo ao pedido dos missionários chegam a esta missão vinte soldados comandados pelo capitão Juan de Palacios, para dar segurança e povoar a futura cidade. Decorridos quarenta e cinco dias, os índios se revoltaram, mataram o capitão e várias outras pessoas.

. Após três meses de missão entre os encabelados, atendendo ao pedido dos missionários chegam a esta missão vinte soldados comandados pelo capitão Juan de Palacios, para dar segurança e povoar a futura cidade. Decorridos quarenta e cinco dias, os índios se revoltaram, mataram o capitão e várias outras pessoas.

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Nesta conjuntura desfavorável, a melhor opção para os missionários livrarem-se da fúria dos encabelados foi descer o Rio Amazonas. Chegando em Belém, alguns remanescentes dessa expedição aí permaneceram, mas Domingos de Brieva e André de Toledo, juntamente com Miguel Delgado e Luís Alvares, apresentaram-se em São Luís ao governador Jácome Raimundo de Noronha. O referido mapa acompanhou o ofício que o governador do Maranhão enviou para Lisboa, datado de 29 de maio de 1637.

Nesta conjuntura desfavorável, a melhor opção para os missionários livrarem-se da fúria dos encabelados foi descer o Rio Amazonas. Chegando em Belém, alguns remanescentes dessa expedição aí permaneceram, mas Domingos de Brieva e André de Toledo, juntamente com Miguel Delgado e Luís Alvares, apresentaram-se em São Luís ao governador Jácome Raimundo de Noronha. O referido mapa acompanhou o ofício que o governador do Maranhão enviou para Lisboa, datado de 29 de maio de 1637.

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Consequência imediata das informações obtidas dos missionários franciscanos foi a organização de uma expedição comandada por Pedro Teixeira, com o objetivo principal de ir fixar os limites da soberania portuguesa no Amazonas. Esta expedição efetivamente partiu de Gurupá a 28 de outubro desse mesmo ano de 1637.Esta carta, conhecida como a "carta dos leigos franciscanos", é acompanhada de uma extensa descrição, a seguir transcrita:

Consequência imediata das informações obtidas dos missionários franciscanos foi a organização de uma expedição comandada por Pedro Teixeira, com o objetivo principal de ir fixar os limites da soberania portuguesa no Amazonas. Esta expedição efetivamente partiu de Gurupá a 28 de outubro desse mesmo ano de 1637.Esta carta, conhecida como a "carta dos leigos franciscanos", é acompanhada de uma extensa descrição, a seguir transcrita:

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"Este rio cuia figura aqui vay começa pelas terras do Peru junto a sidade de Quitto aon.de se chama são francisco de quitto e corre ate entrar no mar na pouincia E gouerno do maranhão na Capitania do para aonde tem por nome o rio das Amazonas tem de comprimento linha direita 450 legoas e pelas uoltas que faz deuem de ter de caminho perto de 800 legoas E hindo por elle arriba começando donde entra as terras da capitania do para 230 légoas e por elle asima pondo çe en. altura de sete graos de banda sul fiquarão norte sul com o serro de potosy

"Este rio cuia figura aqui vay começa pelas terras do Peru junto a sidade de Quitto aon.de se chama são francisco de quitto e corre ate entrar no mar na pouincia E gouerno do maranhão na Capitania do para aonde tem por nome o rio das Amazonas tem de comprimento linha direita 450 legoas e pelas uoltas que faz deuem de ter de caminho perto de 800 legoas E hindo por elle arriba começando donde entra as terras da capitania do para 230 légoas e por elle asima pondo çe en. altura de sete graos de banda sul fiquarão norte sul com o serro de potosy

(continua)

Page 37: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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e caminhando ao sul por terra 150 legoas estarão no dito serro de potosy e yndo mais pe lo rio arriba como couza de 330 legoas pondo çe em altura de sinqo graoz fiquarão norte sul com a sidade de Cusco que esta distante do ditto rio caminhando por terra ao sul 75 legoas e indo pelo mesmo sul 130 legoas se dara com a sidade de lima e a sidade de quito fiqua na cabeceira do Rio debaixo da linha e o ditto rio corre da banda do sul da linha. sempre do Este;

e caminhando ao sul por terra 150 legoas estarão no dito serro de potosy e yndo mais pe lo rio arriba como couza de 330 legoas pondo çe em altura de sinqo graoz fiquarão norte sul com a sidade de Cusco que esta distante do ditto rio caminhando por terra ao sul 75 legoas e indo pelo mesmo sul 130 legoas se dara com a sidade de lima e a sidade de quito fiqua na cabeceira do Rio debaixo da linha e o ditto rio corre da banda do sul da linha. sempre do Este;

(continua)

Page 38: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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e as legoas que contamos pelo ditto rio arriba, se entende sempre linha direita, porque as que tem pelas voltas que da se poderão julgar conforme ao caminho que forem fazendo, por dias e horas que gastarem na dita viagem. Feitto em são luiz do maranhão e de maio 22 de 1637 annos".

e as legoas que contamos pelo ditto rio arriba, se entende sempre linha direita, porque as que tem pelas voltas que da se poderão julgar conforme ao caminho que forem fazendo, por dias e horas que gastarem na dita viagem. Feitto em são luiz do maranhão e de maio 22 de 1637 annos".

Page 39: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Nesta carta aparecem os seguintes topônimos da esquerda para a direita: Quito, Lima, Cusco, Arica, Serro de Poto Jii, Cabo do Norte e Pará.Observamos que Cusco e Serro de Poto Jii encontram-se localizados ao sul do Amazonas, ou seja na margem direita, guardando uma certa semelhança com a sua real localização, mas estão demasiadamente desviados para leste, aproximando-se muito do Pará.

Nesta carta aparecem os seguintes topônimos da esquerda para a direita: Quito, Lima, Cusco, Arica, Serro de Poto Jii, Cabo do Norte e Pará.Observamos que Cusco e Serro de Poto Jii encontram-se localizados ao sul do Amazonas, ou seja na margem direita, guardando uma certa semelhança com a sua real localização, mas estão demasiadamente desviados para leste, aproximando-se muito do Pará.

Page 40: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Blaise François Pagan, o Conde de Pagan, na sua obra "Relation Historique et Geographique de la Grande Riviere dos Amazones dans l'Amerique", publicada em Paris em 1656, traz apenso um mapa com o titulo "Magni Amazoni Fluvii in America Meridionali, nova delineatio, 1655", (Nova delineação do grande rio das Amazonas na América do sul, 1655).

Blaise François Pagan, o Conde de Pagan, na sua obra "Relation Historique et Geographique de la Grande Riviere dos Amazones dans l'Amerique", publicada em Paris em 1656, traz apenso um mapa com o titulo "Magni Amazoni Fluvii in America Meridionali, nova delineatio, 1655", (Nova delineação do grande rio das Amazonas na América do sul, 1655).

Page 41: Cartografia da conquista da amazônia colonial

41Fig. 4 – Mapa do Conde de Pagan

Page 42: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Nesta "Relation Historique e geographique" o Conde de Pagan apresenta informações sobre o Rio Amazonas: comprimento, longitude, latitude, profundidade, navegabilidade, nações indígenas, etc. Louva as condições bioclimáticas da região, fertilidade dos solos, a piscosidade dos rios, a qualidade do ar, e termina apontando as grandes possibilidades de comércio. Fica bastante claro nesta obra, que o engenheiro-geógrafo militar francês tinha como objetivo principal demonstrar ao Rei de França a conveniência de estabelecer uma colônia no vale do Amazonas.

Nesta "Relation Historique e geographique" o Conde de Pagan apresenta informações sobre o Rio Amazonas: comprimento, longitude, latitude, profundidade, navegabilidade, nações indígenas, etc. Louva as condições bioclimáticas da região, fertilidade dos solos, a piscosidade dos rios, a qualidade do ar, e termina apontando as grandes possibilidades de comércio. Fica bastante claro nesta obra, que o engenheiro-geógrafo militar francês tinha como objetivo principal demonstrar ao Rei de França a conveniência de estabelecer uma colônia no vale do Amazonas.

Page 43: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Como se pode notar, o mapa do Conde de Pagan estabelece, pela primeira vez, a rede de meridianos e paralelos para situar o rio Amazonas segundo os critérios da moderna ciência cartográfica. Dois notáveis avanços no conhecimento da geografia da região aparecem cartografados neste mapa. O primeiro é a direção oeste-leste do Rio Negro, desde as suas nascentes até sua foz, e o segundo é a representação das nascentes do Rio Madeira na região de Santa Cruz de la Sierra, direcionado para NNE desde 22o de latitude sul até desembocar no Amazonas.

Como se pode notar, o mapa do Conde de Pagan estabelece, pela primeira vez, a rede de meridianos e paralelos para situar o rio Amazonas segundo os critérios da moderna ciência cartográfica. Dois notáveis avanços no conhecimento da geografia da região aparecem cartografados neste mapa. O primeiro é a direção oeste-leste do Rio Negro, desde as suas nascentes até sua foz, e o segundo é a representação das nascentes do Rio Madeira na região de Santa Cruz de la Sierra, direcionado para NNE desde 22o de latitude sul até desembocar no Amazonas.

Page 44: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Outro importante detalhe no mapa do Conde de Pagan, também relacionado à hidrografia, é a ligação entre o Rio Negro e o Orinoco, que aparece cartografada segundo informações de origem indígena. Para elaboração de sua obra e do mapa anexo, o Conde de Pagan serviu-se de quase todas as informações das expedições anteriores, mormente de fontes cartográficas espanholas.

Outro importante detalhe no mapa do Conde de Pagan, também relacionado à hidrografia, é a ligação entre o Rio Negro e o Orinoco, que aparece cartografada segundo informações de origem indígena. Para elaboração de sua obra e do mapa anexo, o Conde de Pagan serviu-se de quase todas as informações das expedições anteriores, mormente de fontes cartográficas espanholas.

Page 45: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Das fontes cartográficas espanholas temos o "mapa de los rios Amazonas, esequibo o dulce y orinoco y de las comarcas adyacentes".Este mapa, datado de 1560 é de autor desconhecido, foi publicado pelo Barão do Rio Branco na sua. obra: "Frontieres entre le Bresil et la Guyane Française, Tome VI, Atlas, Paris, A. Lahure, 1899-1900, nº 83".Joaquim Nabuco também o reproduziu na sua obra: "Questions des limites du Bresil et de la Guyane Anglaise soumise à 1'arbitrage de S. M. le Roi d'Italie. vol. 8. Atlas accompanant le primier memoire du Bresil, Paris, Ducourtioux et Huillard, 1903, nº 4, vol. 20, p. 260".

Das fontes cartográficas espanholas temos o "mapa de los rios Amazonas, esequibo o dulce y orinoco y de las comarcas adyacentes".Este mapa, datado de 1560 é de autor desconhecido, foi publicado pelo Barão do Rio Branco na sua. obra: "Frontieres entre le Bresil et la Guyane Française, Tome VI, Atlas, Paris, A. Lahure, 1899-1900, nº 83".Joaquim Nabuco também o reproduziu na sua obra: "Questions des limites du Bresil et de la Guyane Anglaise soumise à 1'arbitrage de S. M. le Roi d'Italie. vol. 8. Atlas accompanant le primier memoire du Bresil, Paris, Ducourtioux et Huillard, 1903, nº 4, vol. 20, p. 260".

Page 46: Cartografia da conquista da amazônia colonial

46Fig. 5 – Mapa espanhol de autor desconhecido

Page 47: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Este “mapa de los rios Amazonas, Esequibo o Dulce y Orinoco y de las comarcas adyacentes", representa a região litorânea que vai da foz do Rio Amazonas até as ilhas de Cubágua e Margarita. A região da foz do Amazonas é cortada pelo equador, observando-se uma rede de paralelos e meridianos, um dos quais graduado de zero a doze graus norte; ademais, mostra o domínio das coordenadas geográficas e a influência árabe na orientação do Mapa.

Este “mapa de los rios Amazonas, Esequibo o Dulce y Orinoco y de las comarcas adyacentes", representa a região litorânea que vai da foz do Rio Amazonas até as ilhas de Cubágua e Margarita. A região da foz do Amazonas é cortada pelo equador, observando-se uma rede de paralelos e meridianos, um dos quais graduado de zero a doze graus norte; ademais, mostra o domínio das coordenadas geográficas e a influência árabe na orientação do Mapa.

Page 48: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Trata-se de uma peça muito rica de informações de eventos históricos ocorridos nas regiões que os representam. Neste sentido lemos no canto superior esquerdo: "toda esta costa hasta la ysla dela trinidad como corre es baxos de arena y lama y anegadizos 20 leguas la tierra e detro g. no ay puerto pª. nauio grande nim pª. Vergãtin sino cõ grã dificultad".

Trata-se de uma peça muito rica de informações de eventos históricos ocorridos nas regiões que os representam. Neste sentido lemos no canto superior esquerdo: "toda esta costa hasta la ysla dela trinidad como corre es baxos de arena y lama y anegadizos 20 leguas la tierra e detro g. no ay puerto pª. nauio grande nim pª. Vergãtin sino cõ grã dificultad".

Page 49: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Abaixo dessa informação está outra que diz "ano de 1554 dia de S. Martinse perdio cuesta costa al lest alã boca del maranon Luiz de Mello portugues cõ 600 hõbres q lleuaua en 6 nauios sin torma sino q surgierã ala no che en 7 bracas y de noche baxo el agua y darõ en seco".

Abaixo dessa informação está outra que diz "ano de 1554 dia de S. Martinse perdio cuesta costa al lest alã boca del maranon Luiz de Mello portugues cõ 600 hõbres q lleuaua en 6 nauios sin torma sino q surgierã ala no che en 7 bracas y de noche baxo el agua y darõ en seco".

Page 50: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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No cruzamento do meridiano 319 com a aequinotial temos a seguinte informação: "yuyuno caciq Atuara. Ano 1553. Subio por el rio assiba cõ 4 pirogas y las passo a Cuestas la Sierra y dio ala otra bitiete en otro Rio y por el fuia dar enel rio grde de las amazonas y hallo tãta gete q se-boluyo

No cruzamento do meridiano 319 com a aequinotial temos a seguinte informação: "yuyuno caciq Atuara. Ano 1553. Subio por el rio assiba cõ 4 pirogas y las passo a Cuestas la Sierra y dio ala otra bitiete en otro Rio y por el fuia dar enel rio grde de las amazonas y hallo tãta gete q se-boluyo

Page 51: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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". Ainda na linha Aequinotial com os meridianos 307 até 309 encontramos o seguinte: "Ano de 1546 baxo este rio abaxo Orillana masq mill leguas y fue a espana y boluio cõ la gouernaciõ dõde se pdio cõ todos los q cõ el yuã por costear por el rio a riba, q es grã parte anegadizos e auja salido este del peru õ Gõçalo pizarro que descubrio la canela y murierõ de hãbre la mayor pte de loas que cõ el fuero".

". Ainda na linha Aequinotial com os meridianos 307 até 309 encontramos o seguinte: "Ano de 1546 baxo este rio abaxo Orillana masq mill leguas y fue a espana y boluio cõ la gouernaciõ dõde se pdio cõ todos los q cõ el yuã por costear por el rio a riba, q es grã parte anegadizos e auja salido este del peru õ Gõçalo pizarro que descubrio la canela y murierõ de hãbre la mayor pte de loas que cõ el fuero".

Page 52: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Na região compreendida entre os paralelos 4 e 3 e os meridianos 314, 313 e 312 encontra-se a seguinte legenda: "esta Sierra viene del reyno del peru es alla en el peru rica de plata enel reyno de oro y por aqui esta lo q dicen el dorado".

Na região compreendida entre os paralelos 4 e 3 e os meridianos 314, 313 e 312 encontra-se a seguinte legenda: "esta Sierra viene del reyno del peru es alla en el peru rica de plata enel reyno de oro y por aqui esta lo q dicen el dorado".

Page 53: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Do final do século XVII e inicio do século XVIII existem duas importantes cartas da região do Amazonas elaboradas pelo Padre Samuel Fritz, um missionário jesuíta que defendeu os interesses dos reis da Espanha, como veremos no estudo dos seus mapas. Fritz trabalhava numa missão jesuita em Quito e missionava também os Omáguas que transitavam do Napo à barra do Rio Negro.

Do final do século XVII e inicio do século XVIII existem duas importantes cartas da região do Amazonas elaboradas pelo Padre Samuel Fritz, um missionário jesuíta que defendeu os interesses dos reis da Espanha, como veremos no estudo dos seus mapas. Fritz trabalhava numa missão jesuita em Quito e missionava também os Omáguas que transitavam do Napo à barra do Rio Negro.

Page 54: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Em janeiro de 1689, desceu à aldeia dos Jurimáguas e chegou até Belém do Pará em 11 de setembro de 1689, onde permaneceu vinte e dois meses questionando com as autoridades portuguesas a legitimidade da posse espanhola sobre os territórios em que missionava. As autoridades portuguesas permitiram que Samuel Fritz retornasse às suas missões pelo Amazonas, "advertido da forma, con que naquellas partes devia portar-se".

Em janeiro de 1689, desceu à aldeia dos Jurimáguas e chegou até Belém do Pará em 11 de setembro de 1689, onde permaneceu vinte e dois meses questionando com as autoridades portuguesas a legitimidade da posse espanhola sobre os territórios em que missionava. As autoridades portuguesas permitiram que Samuel Fritz retornasse às suas missões pelo Amazonas, "advertido da forma, con que naquellas partes devia portar-se".

Page 55: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Efetivamente Samuel Fritz retornou às suas missões em julho de 1691, escoltado por soldados portugueses. Posteriormente o Governador Antônio de Albuquerque Coelho confiou aos carmelitas o governo das missões entre os Caxiguaras e Cambebas, visando assegurar a posse daquelas terras e impedir a ação daquele jesuíta em favor da Espanha.

Efetivamente Samuel Fritz retornou às suas missões em julho de 1691, escoltado por soldados portugueses. Posteriormente o Governador Antônio de Albuquerque Coelho confiou aos carmelitas o governo das missões entre os Caxiguaras e Cambebas, visando assegurar a posse daquelas terras e impedir a ação daquele jesuíta em favor da Espanha.

Page 56: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Desses eventos Samuel Fritz fez um diário abrangendo o período de 1689 a 1723. Na segunda metade de 1691, em Quito, elaborou o "mapa geographica del Rio Maranon õ Amazonas hecha por P. Samuel Fritz de la Companhia de Jesus missionero en este mesmo rio até Amazonas el ano de 1691".

Desses eventos Samuel Fritz fez um diário abrangendo o período de 1689 a 1723. Na segunda metade de 1691, em Quito, elaborou o "mapa geographica del Rio Maranon õ Amazonas hecha por P. Samuel Fritz de la Companhia de Jesus missionero en este mesmo rio até Amazonas el ano de 1691".

Capa do Diário de Samuel Fritz, resultante da iniciativa de co-edição da Universidade Federal do Amazonas e da Faculdade Salesiana Dom Bosco, que contou com o decisivo apoio institucional do Banco da Amazônia.

Capa do Diário de Samuel Fritz, resultante da iniciativa de co-edição da Universidade Federal do Amazonas e da Faculdade Salesiana Dom Bosco, que contou com o decisivo apoio institucional do Banco da Amazônia.

Page 57: Cartografia da conquista da amazônia colonial

57Fig. 6 – Mapa do Padre Samuel Fritz 1691

Page 58: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Este mapa ficou mais conhecido pela edição de 1707 que passou a ter a seguinte denominação: "El gran Rio Maranon, o Amazonas com la mission de la Compania de Jesus geograficamente delineado por el pe Samuel Fritz missionero continuo, en esse Rio. P. J. de N. Societatis Iesu qondam inhoc Marañone missionarius sculpebat Quiti Anno 1707".

Este mapa ficou mais conhecido pela edição de 1707 que passou a ter a seguinte denominação: "El gran Rio Maranon, o Amazonas com la mission de la Compania de Jesus geograficamente delineado por el pe Samuel Fritz missionero continuo, en esse Rio. P. J. de N. Societatis Iesu qondam inhoc Marañone missionarius sculpebat Quiti Anno 1707".

Page 59: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Considerando a importância das informações geográficas contidas em ambos os mapas sobre a Amazônia faremos um estudo das duas edições.

O mapa de 1691 traz em oito colunas dispostas na sua metade inferior as seguintes "Notas sobre el mapa del Rio Marañon ó Amazonas":

Considerando a importância das informações geográficas contidas em ambos os mapas sobre a Amazônia faremos um estudo das duas edições.

O mapa de 1691 traz em oito colunas dispostas na sua metade inferior as seguintes "Notas sobre el mapa del Rio Marañon ó Amazonas":

Page 60: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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1"Este rio Maranon ó Amazonas aunque en la errada imaginacion de Authores son dos diferentes rios, en la verdad es uno mesmo con nombres diferentes. Tiene su nacimiento en la vanda del sur de una laguna que llamam Lauricocha cerca de Guanuco Corre entre la cerrania con mucha rapidez y va entre Caxamarca y Chacha poyas por Jean de Bracamoros solo desde el puerto de Jaen es navegable en adelante.

1"Este rio Maranon ó Amazonas aunque en la errada imaginacion de Authores son dos diferentes rios, en la verdad es uno mesmo con nombres diferentes. Tiene su nacimiento en la vanda del sur de una laguna que llamam Lauricocha cerca de Guanuco Corre entre la cerrania con mucha rapidez y va entre Caxamarca y Chacha poyas por Jean de Bracamoros solo desde el puerto de Jaen es navegable en adelante.

Page 61: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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El agua que trae hasta embocar en la Mar de Norte debajo de la Linea, siempre es blanca y turbia solo en la boca del Rio Negro: que es otro rio que le entra van ambos estos, cada uno con suas aguas negra e blanco turbio, y se distinguem, como si se los huviera puesto una raya en medio del rio, hasta que despues de pocoa leguas prevalece el rio de Amazonas al Rio Negro, y enturbia sus aguas.

El agua que trae hasta embocar en la Mar de Norte debajo de la Linea, siempre es blanca y turbia solo en la boca del Rio Negro: que es otro rio que le entra van ambos estos, cada uno con suas aguas negra e blanco turbio, y se distinguem, como si se los huviera puesto una raya en medio del rio, hasta que despues de pocoa leguas prevalece el rio de Amazonas al Rio Negro, y enturbia sus aguas.

Page 62: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Todos los anos por mes de Março crece este Rio de Amazonas de suerte que sube cinco y mas braças anegando casi todas las Islas y pueblos, y mucha parte de tierra firme que nos es de orillas bien altas dura esta creciente grande tres meses y entonces habita la gente de Islas sobre barbacoas.

Todos los anos por mes de Março crece este Rio de Amazonas de suerte que sube cinco y mas braças anegando casi todas las Islas y pueblos, y mucha parte de tierra firme que nos es de orillas bien altas dura esta creciente grande tres meses y entonces habita la gente de Islas sobre barbacoas.

Page 63: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Tiene abundancia de pejes e de unos en otros rios poco visto que llamam vacamarina: porque la cabeça della es muy semejante ala de una vaca: no tiene pies ni manos, solo si sierve para su movimiento de dos aletas las quales las tiene junto a la cabeça: es peje sen escamas la piel la tiene lisa e muy gruessa en parte de um dedo: sustenta se de yervas, que pasce a las margines del rio: la carne que es gordissima, no tiene olor ninguno del pescado, assada es mas gustosa que carne de puerco: la hembra pare como vaga terrestre y tiene los dos ubres debajo de las aletas de donde da leche a su parto.

Tiene abundancia de pejes e de unos en otros rios poco visto que llamam vacamarina: porque la cabeça della es muy semejante ala de una vaca: no tiene pies ni manos, solo si sierve para su movimiento de dos aletas las quales las tiene junto a la cabeça: es peje sen escamas la piel la tiene lisa e muy gruessa en parte de um dedo: sustenta se de yervas, que pasce a las margines del rio: la carne que es gordissima, no tiene olor ninguno del pescado, assada es mas gustosa que carne de puerco: la hembra pare como vaga terrestre y tiene los dos ubres debajo de las aletas de donde da leche a su parto.

Page 64: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Turtugas ay en tanta abundancia y tan grandes, que las ordinarias pesan un quintal, que en tiempo de baxa, quando suben a los arenales a enterrar sus huevos boltean y cogem una noche a vezes en un arenal mas de mil dellas, Los huevos de las ordinarias que hecham de un parto passan de ciento. Lagartos otros llamam cocodriles/ ay en este rio copiosissimos y muy grandes y horribles: son tan cevados que frequentemente embisten e sosobran las canoas, llevando y comiendo se a los indios. En tiempo de la creciente grande, como se aniegan las casas, se acercam dellas y causan horror con el estruendo que dan com un gruñido desapacible y tal vez entrandose a las casas hazen presa de los que la habitan.

Turtugas ay en tanta abundancia y tan grandes, que las ordinarias pesan un quintal, que en tiempo de baxa, quando suben a los arenales a enterrar sus huevos boltean y cogem una noche a vezes en un arenal mas de mil dellas, Los huevos de las ordinarias que hecham de un parto passan de ciento. Lagartos otros llamam cocodriles/ ay en este rio copiosissimos y muy grandes y horribles: son tan cevados que frequentemente embisten e sosobran las canoas, llevando y comiendo se a los indios. En tiempo de la creciente grande, como se aniegan las casas, se acercam dellas y causan horror con el estruendo que dan com un gruñido desapacible y tal vez entrandose a las casas hazen presa de los que la habitan.

Page 65: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Hallan se tambien disformes colebras dentro del rio pero muy raras que algunas vezes en banandose el indio le enrozca el cuerpo ahogando y quebrandole los huessos va chupando poco a poco /porque non tiene dentes/ hasta engullir sele todos ó lavandose a vezes dela canoa la mano haze presa della; y si no es mas valiente el indio ó no tiene ayuda de otro para eximirse del riezgo cortandole la cabeça, infaliblemente perece.

Hallan se tambien disformes colebras dentro del rio pero muy raras que algunas vezes en banandose el indio le enrozca el cuerpo ahogando y quebrandole los huessos va chupando poco a poco /porque non tiene dentes/ hasta engullir sele todos ó lavandose a vezes dela canoa la mano haze presa della; y si no es mas valiente el indio ó no tiene ayuda de otro para eximirse del riezgo cortandole la cabeça, infaliblemente perece.

Page 66: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Los mesmos colebrones mas frequentes ay en tierra firme de otras culebras ponçonosas y sauandijas de mosquitos jejenes tauanos comegenes que comen toda la ropa, hormigas y entre estas unas grandes y largas que en picando dan calenturas por veynte y quatro horas es abundantissimo.

Los mesmos colebrones mas frequentes ay en tierra firme de otras culebras ponçonosas y sauandijas de mosquitos jejenes tauanos comegenes que comen toda la ropa, hormigas y entre estas unas grandes y largas que en picando dan calenturas por veynte y quatro horas es abundantissimo.

Page 67: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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En las Islas y terra firme ay mucha abundancia de monos de varias castas; xavalies, en manadas, dantas, venados, pauxies, perdices, gallinas de monte, paxaros diversos de hermosissimas plumas, tigres, leones aunque estos no sean tan hermosos ni tan grandes como los de Africa, en tiempo de baxa por el rio y sus playas exercitos de gabiotas, patos, garzas. 

En las Islas y terra firme ay mucha abundancia de monos de varias castas; xavalies, en manadas, dantas, venados, pauxies, perdices, gallinas de monte, paxaros diversos de hermosissimas plumas, tigres, leones aunque estos no sean tan hermosos ni tan grandes como los de Africa, en tiempo de baxa por el rio y sus playas exercitos de gabiotas, patos, garzas. 

Page 68: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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2Veynte leguas con poco diferencia mas ... de Jaen começando hasta embocar este rio de Amazonas en la mar, tiene en entrambas vandas y islas, monte espesissimo, los arboles muy altos y encumbrados unos que en descortezandolos muestran una madera de color totalmente roxo, otros sobre el color roxo, salpicados de manchas negras amarillos otros, otros negros como ebano.

2Veynte leguas con poco diferencia mas ... de Jaen começando hasta embocar este rio de Amazonas en la mar, tiene en entrambas vandas y islas, monte espesissimo, los arboles muy altos y encumbrados unos que en descortezandolos muestran una madera de color totalmente roxo, otros sobre el color roxo, salpicados de manchas negras amarillos otros, otros negros como ebano.

Page 69: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Vacas ay en mucha abundancia. Tambien sacan los portugueses mucha cantidad de corteza de clava que sirve especialmente para tintas.Dilatanse a las margenes del rio algunas campinas pero son anegadizas; en tierras altas algo monte adentro se encuentran en varios pajonales

Vacas ay en mucha abundancia. Tambien sacan los portugueses mucha cantidad de corteza de clava que sirve especialmente para tintas.Dilatanse a las margenes del rio algunas campinas pero son anegadizas; en tierras altas algo monte adentro se encuentran en varios pajonales

Page 70: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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3Entre los passos de todo esse Rio de Amazonas mas peligroso, es el estrecho sobre la ciudade de Borja y lo llaman Pongo, adonde el rio con grande rapidez bate las pienas y haze remolinos que tragan las canoas en tiempo dela enciente solamente con barcas grandes se puede pasar rio abajo.

3Entre los passos de todo esse Rio de Amazonas mas peligroso, es el estrecho sobre la ciudade de Borja y lo llaman Pongo, adonde el rio con grande rapidez bate las pienas y haze remolinos que tragan las canoas en tiempo dela enciente solamente con barcas grandes se puede pasar rio abajo.

Page 71: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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4Las orillas que estan senaladas con color rubio son tierras y barrancas altas.5Los entrechos, anchuras y islas estan casi puntualmente señalados en este Mapa, cerca del rio Negro para abaixo como el de Amazonas se ensacha mucho y tiene mas Islas no se puede em partes averiguar con la vista sin registrarlo todo.

4Las orillas que estan senaladas con color rubio son tierras y barrancas altas.5Los entrechos, anchuras y islas estan casi puntualmente señalados en este Mapa, cerca del rio Negro para abaixo como el de Amazonas se ensacha mucho y tiene mas Islas no se puede em partes averiguar con la vista sin registrarlo todo.

Page 72: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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6Los nombres escritos con letra Romana son de diferentes naciones, que traen guerra unas com las otras, usan los mas de lanças y flechas envenenadas, andam desnudos y muchos dellos se comem unos a otros 7No se expressan todos los pueblos de islas porq los mudan frequentemente y su nombres, los Omaguas han andando siempre vestidos y texen sus ropas con hermosa labor matizada de colores.

6Los nombres escritos con letra Romana son de diferentes naciones, que traen guerra unas com las otras, usan los mas de lanças y flechas envenenadas, andam desnudos y muchos dellos se comem unos a otros 7No se expressan todos los pueblos de islas porq los mudan frequentemente y su nombres, los Omaguas han andando siempre vestidos y texen sus ropas con hermosa labor matizada de colores.

Page 73: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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8El rio mas afamado de tener oro, es el de Yquiari y del traen los comerciantes pieças deste metal que los gentiles mucho apatecen para orejeras.9E1 rio Negro en sus cabeceras comunica con los Franceses por donde entran y comercian con los gentiles ... cautivos pa ...10El ... estrecho que tiene el Rio de Amazonas ... abajo es sobre el rio de los topaios ... as bocas del rio de las Trompetas reducido algo menos de un quarto de legua, sin isla alguna por ... que passen todas las canoas. 

8El rio mas afamado de tener oro, es el de Yquiari y del traen los comerciantes pieças deste metal que los gentiles mucho apatecen para orejeras.9E1 rio Negro en sus cabeceras comunica con los Franceses por donde entran y comercian con los gentiles ... cautivos pa ...10El ... estrecho que tiene el Rio de Amazonas ... abajo es sobre el rio de los topaios ... as bocas del rio de las Trompetas reducido algo menos de un quarto de legua, sin isla alguna por ... que passen todas las canoas. 

Page 74: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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... Fortalezas12Los portugueses ay tienen dos ciudades: S. Luiz de Maranon, Para. Villas quatro: Tapitapera, Caete, Vigia y Cameta. Los demas pueblos señ ... son de Indios reducidos, ó con ... uienes ... sus comercios.13Cayana es fortaleza y pueblo de los Franceses.".

... Fortalezas12Los portugueses ay tienen dos ciudades: S. Luiz de Maranon, Para. Villas quatro: Tapitapera, Caete, Vigia y Cameta. Los demas pueblos señ ... son de Indios reducidos, ó con ... uienes ... sus comercios.13Cayana es fortaleza y pueblo de los Franceses.".

Além dessas informações estão assinalados no mapa os nomes dos rios, povoações, aldeias indígenas, nações indígenas e de outros acidentes geográficos.

Além dessas informações estão assinalados no mapa os nomes dos rios, povoações, aldeias indígenas, nações indígenas e de outros acidentes geográficos.

Page 75: Cartografia da conquista da amazônia colonial

75Fig. 7 – Mapa do Padre Samuel Fritz 1707

Page 76: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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 O mapa de 1707, conforme se lê na cartela decorada no canto superior direito, foi dedicado "Ala Catolica y Real Magestade del Rey No S. D. Felipe V. La Provincia de Qvito de la Compª. de Jesus Ofrece y Dedica, en eterno reconocimiento este Mapa del Rio Maranon con su mission Apostolica como a sv Soberano Patrono, y Mantenedor por Mano de Sv Real Avdiencia de Qvito".

 O mapa de 1707, conforme se lê na cartela decorada no canto superior direito, foi dedicado "Ala Catolica y Real Magestade del Rey No S. D. Felipe V. La Provincia de Qvito de la Compª. de Jesus Ofrece y Dedica, en eterno reconocimiento este Mapa del Rio Maranon con su mission Apostolica como a sv Soberano Patrono, y Mantenedor por Mano de Sv Real Avdiencia de Qvito".

Page 77: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Esta nova versão do mapa de 1691, traz a descrição do Rio Amazonas e das missões jesuítas espanholas nele situadas. Em uma legenda disposta em duas colunas lemos o seguinte:

"Este famoso rio, el mayor e rico (?) Descubierto, que llaman ya de Amazonas, ya de Orellana, es el proprio Maranon: nombre, que le dan los mejores Cosmografos desde su origen y todas sus Provincias Supériores. Nace de la Laguna Lauricocha cerca de la Ciúdad de Guanyco en el Reyno del Peru.

Esta nova versão do mapa de 1691, traz a descrição do Rio Amazonas e das missões jesuítas espanholas nele situadas. Em uma legenda disposta em duas colunas lemos o seguinte:

"Este famoso rio, el mayor e rico (?) Descubierto, que llaman ya de Amazonas, ya de Orellana, es el proprio Maranon: nombre, que le dan los mejores Cosmografos desde su origen y todas sus Provincias Supériores. Nace de la Laguna Lauricocha cerca de la Ciúdad de Guanyco en el Reyno del Peru.

Page 78: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Corre 1800 leguas hasta salir al Mar del Norte com 84 de Voca. Junto a la citad de Borja tiene un Entrecho nombrado el Pongo de 25 vs de ancho y 3 leguas de largo de tanta rapidez que se navega en un quarto de hora. Vna y otra ribeira desde la Ciudade de Jaen de Bracamoras (desde donde es Navegable) hasta el Mar, estan pobladas de altissima arboleda. Tiene Maderas de todos los colores, mucho Cacao Zarzaparrilla y corteza que llaman de clavo para guisadas u tintas.

Corre 1800 leguas hasta salir al Mar del Norte com 84 de Voca. Junto a la citad de Borja tiene un Entrecho nombrado el Pongo de 25 vs de ancho y 3 leguas de largo de tanta rapidez que se navega en un quarto de hora. Vna y otra ribeira desde la Ciudade de Jaen de Bracamoras (desde donde es Navegable) hasta el Mar, estan pobladas de altissima arboleda. Tiene Maderas de todos los colores, mucho Cacao Zarzaparrilla y corteza que llaman de clavo para guisadas u tintas.

Page 79: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Entre sus innumerables Pexes el mais singular es la Vaca Marina, o Pexe Buey; assi dicho por la semejança: sustentase con y erva de las orillas; y la humbra pare, y cria con leche e sus hijuelos. Es Abudãtissimo de Tortugas, Armadillos, Lagartos, o crocodrilos; y tiene algunas culebras tan disformes, que se tragan a un hombre.

Entre sus innumerables Pexes el mais singular es la Vaca Marina, o Pexe Buey; assi dicho por la semejança: sustentase con y erva de las orillas; y la humbra pare, y cria con leche e sus hijuelos. Es Abudãtissimo de Tortugas, Armadillos, Lagartos, o crocodrilos; y tiene algunas culebras tan disformes, que se tragan a un hombre.

Page 80: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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En sus montanas ay feroces Tigres, Javalies en abundancia Dantas, y otras muchas especies de Animales con variedad de colores en sus Vegas. Esta pobladissimo de innumerables barbaras Naciones (Las de mas nombre van notadas en este mapa) singularmente en los Rios que le entran; algunos de los quales tiene fama de mucho oro. Los portugueses posse en azia la Voca algunas Poblaciones, y en la de Rio Negro una Fortaleza.

En sus montanas ay feroces Tigres, Javalies en abundancia Dantas, y otras muchas especies de Animales con variedad de colores en sus Vegas. Esta pobladissimo de innumerables barbaras Naciones (Las de mas nombre van notadas en este mapa) singularmente en los Rios que le entran; algunos de los quales tiene fama de mucho oro. Los portugueses posse en azia la Voca algunas Poblaciones, y en la de Rio Negro una Fortaleza.

Page 81: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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MISSION DE LA COMPAÑIA DE IESUS Tiene la Compania de Jesus en este gran Rio una muy dilatada, trabajosa e Apostolica Mission, en que entre ano 1658: cuya Cabeza la Ciud. de S. Franco. de Borja e Provincia de la Maynas, distãte de Quito 300 leguas y se estiende por los Rios de Pastaza, Guallaga y Vcayale hasta el fin de la Prova de Omaguas. Vase a ella por tres caminos asperissimos y en gran parte de a pie: por Jaen Patate, y Archidona; en cuyos Puertos se embarcan los Missioneros eñ Canoas navegando largas e peligrosa distancias hasta sus reduciones.

MISSION DE LA COMPAÑIA DE IESUS Tiene la Compania de Jesus en este gran Rio una muy dilatada, trabajosa e Apostolica Mission, en que entre ano 1658: cuya Cabeza la Ciud. de S. Franco. de Borja e Provincia de la Maynas, distãte de Quito 300 leguas y se estiende por los Rios de Pastaza, Guallaga y Vcayale hasta el fin de la Prova de Omaguas. Vase a ella por tres caminos asperissimos y en gran parte de a pie: por Jaen Patate, y Archidona; en cuyos Puertos se embarcan los Missioneros eñ Canoas navegando largas e peligrosa distancias hasta sus reduciones.

Page 82: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Han muerto en ellas los Barbaros a los seguientes Padres (en cuyas muertes huvn sucessos prodigiosos) al V. P. Frade Figueroa en la võca del Rio Apena junto a Guallaga ã 1666: al V. P. Pedro Suares en Ahijiras ã 1667 al V. P. Agustin Hurtado em Roamaynas ã 1677: al V. P. Henrig Richter en Piras ã 1695: y en este ano de 1707 ha llegado repetida la noticia de que en Gayes mataron los Barbaros alV. P. Nicolas Durango. Los sitios de sus muertes vãn sñalados com esta Tãbie muriõ ahogado por tan gloriosa causa el V. P. Raymûdo de Sta. Cruz navegãdo el Rio de Bonaza ã 1662

Han muerto en ellas los Barbaros a los seguientes Padres (en cuyas muertes huvn sucessos prodigiosos) al V. P. Frade Figueroa en la võca del Rio Apena junto a Guallaga ã 1666: al V. P. Pedro Suares en Ahijiras ã 1667 al V. P. Agustin Hurtado em Roamaynas ã 1677: al V. P. Henrig Richter en Piras ã 1695: y en este ano de 1707 ha llegado repetida la noticia de que en Gayes mataron los Barbaros alV. P. Nicolas Durango. Los sitios de sus muertes vãn sñalados com esta Tãbie muriõ ahogado por tan gloriosa causa el V. P. Raymûdo de Sta. Cruz navegãdo el Rio de Bonaza ã 1662

Page 83: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Tiene la Compª. en esta Missiõ (a mas de Curato de Borja, y sus Anejos) en 4 partidos 39 pueblos fundados cõ su sudor e pur la mayor parte a sus espesas; e nel Partido de Xeveros la Cõpn de Xeberos, y 5 anujos de Paranapúras, Chayavitas, Cahuapanas, Muniches y Otanavis.

Tiene la Compª. en esta Missiõ (a mas de Curato de Borja, y sus Anejos) en 4 partidos 39 pueblos fundados cõ su sudor e pur la mayor parte a sus espesas; e nel Partido de Xeveros la Cõpn de Xeberos, y 5 anujos de Paranapúras, Chayavitas, Cahuapanas, Muniches y Otanavis.

Page 84: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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En el Partido de la Laguna, S. Tiago de Gitipos y cocamas, y 3 anej d Chamicuros, Tibilos y Aguanos en el Partido de Gayesm S. Xavier de de Gayes, y 5 anejos d Roamaynas, Pavas, Pinches, Andoas y Semigayes. En el Partido de Omaguas, S. Joachim de Omaguas, y 22 Anejos de Yarapas, Omaguas y Yurimaguas.

En el Partido de la Laguna, S. Tiago de Gitipos y cocamas, y 3 anej d Chamicuros, Tibilos y Aguanos en el Partido de Gayesm S. Xavier de de Gayes, y 5 anejos d Roamaynas, Pavas, Pinches, Andoas y Semigayes. En el Partido de Omaguas, S. Joachim de Omaguas, y 22 Anejos de Yarapas, Omaguas y Yurimaguas.

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En los quales Partidos y pueblos, ay asta Vente y seisMil Almas reducidas y bautizadas por los Padres Missioneros; que al presente son diez, y seis Sacerdotes (demas de otros dos que assisten en la Mission de Colorados), Y a mas de os dichos pueblos estan amistadas varias Naciones numerosas de quienes se espera la Conversion: y grandes aumentos de esta Mission com la Real Magnifisencia y Protecion de su Magestade.

Ad maiorem Dei gloriam".

En los quales Partidos y pueblos, ay asta Vente y seisMil Almas reducidas y bautizadas por los Padres Missioneros; que al presente son diez, y seis Sacerdotes (demas de otros dos que assisten en la Mission de Colorados), Y a mas de os dichos pueblos estan amistadas varias Naciones numerosas de quienes se espera la Conversion: y grandes aumentos de esta Mission com la Real Magnifisencia y Protecion de su Magestade.

Ad maiorem Dei gloriam".

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Na verdade, as duas versões cartográficas da Amazônia do Padre Samuel Fritz, apesar de mostrar um grande conhecimento da Amazônia ainda desconhece a ligação entre o Rio Negro e o Orinoco, e não faz qualquer menção ao Rio Branco, eis que coloca no lugar do seu traçado a tribo dos Caripunas. Comparando-se esta carta com a do Conde de Pagan nota-se apenas a superioridade na parte das informações relativas às missões espanholas dos jesuítas. A organização das longitudes aproxima-se muito da feita pelo Conde de Pagan.

Na verdade, as duas versões cartográficas da Amazônia do Padre Samuel Fritz, apesar de mostrar um grande conhecimento da Amazônia ainda desconhece a ligação entre o Rio Negro e o Orinoco, e não faz qualquer menção ao Rio Branco, eis que coloca no lugar do seu traçado a tribo dos Caripunas. Comparando-se esta carta com a do Conde de Pagan nota-se apenas a superioridade na parte das informações relativas às missões espanholas dos jesuítas. A organização das longitudes aproxima-se muito da feita pelo Conde de Pagan.

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A cartografia da Amazônia produzida no período colonial retrata, também, os conflitos da ocupação portuguesa com as populações nativas.

O mapa que apresentamos a seguir faz parte de um conjunto de documentos que relatam os eventos relativos às últimas batalhas de extermínio das nações nativas lideradas pelos Manaus (cf. CARVALHO, João Renôr Ferreira de. Documentação inédita sobre os índios Manaos e sobre Ajuricaba. Boletim de Pesquisa da CEDEAM. Manaus, 1(1):44-45, jul./dez., 1982), disponível no acervo do Museu da Amazônia da UFAM).

A cartografia da Amazônia produzida no período colonial retrata, também, os conflitos da ocupação portuguesa com as populações nativas.

O mapa que apresentamos a seguir faz parte de um conjunto de documentos que relatam os eventos relativos às últimas batalhas de extermínio das nações nativas lideradas pelos Manaus (cf. CARVALHO, João Renôr Ferreira de. Documentação inédita sobre os índios Manaos e sobre Ajuricaba. Boletim de Pesquisa da CEDEAM. Manaus, 1(1):44-45, jul./dez., 1982), disponível no acervo do Museu da Amazônia da UFAM).

Page 88: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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A ocupação da Amazônia não teria se efetivado sem o massacre das nações indígenas resistentes ao colonialismo. Na Amazônia, a dominação dos índios foi feita através dos "resgates" e das "guerras justas ofensivas ou defensivas".

A ocupação da Amazônia não teria se efetivado sem o massacre das nações indígenas resistentes ao colonialismo. Na Amazônia, a dominação dos índios foi feita através dos "resgates" e das "guerras justas ofensivas ou defensivas".

Page 89: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Quanto aos "resgates", Joaquim Nabuco esclarece: "...Chamavam-se assim as expedições de tropa portuguesa e de auxiliares índios, sob as ordens de um cabo militar, levando também officiais de fazenda e acompanhados de Padres da Companhia, que serviam de juízes dos chamados "resgates". (NABUCO, Joaquim. Começos da ocupação do Rio Negro: as missões e as tropas de resgates. In: O direito do Brasil. Pariz, A. Lahure, 1903. p, 57).

Quanto aos "resgates", Joaquim Nabuco esclarece: "...Chamavam-se assim as expedições de tropa portuguesa e de auxiliares índios, sob as ordens de um cabo militar, levando também officiais de fazenda e acompanhados de Padres da Companhia, que serviam de juízes dos chamados "resgates". (NABUCO, Joaquim. Começos da ocupação do Rio Negro: as missões e as tropas de resgates. In: O direito do Brasil. Pariz, A. Lahure, 1903. p, 57).

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O conceito de Guerra Justa tem longa tradição na teologia católica. Tertuliano afirmava que a guerra era tão nobre quanto a navegação, a agricultura. e o comércio. Santo Ambrósio considerava a força guerreira como uma virtude. São Bernardo, o Doutor Melífluo, ensinava que a guerra era legítima e meritória. Na Patrologia Grega. a guerra é legitima desde que feita pela autoridade pública. Assim sendo, o governo português pôde legitimar as guerras de extermínio das nações indígenas que se opunham à sua dominação.

O conceito de Guerra Justa tem longa tradição na teologia católica. Tertuliano afirmava que a guerra era tão nobre quanto a navegação, a agricultura. e o comércio. Santo Ambrósio considerava a força guerreira como uma virtude. São Bernardo, o Doutor Melífluo, ensinava que a guerra era legítima e meritória. Na Patrologia Grega. a guerra é legitima desde que feita pela autoridade pública. Assim sendo, o governo português pôde legitimar as guerras de extermínio das nações indígenas que se opunham à sua dominação.

Page 91: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Especificamente este mapa, que apresentaremos a seguir, acompanha um relatório sobre a batalha movida contra o chefe Majury e seus guerreiros maiapenas, aliados de Ajuricaba.

Especificamente este mapa, que apresentaremos a seguir, acompanha um relatório sobre a batalha movida contra o chefe Majury e seus guerreiros maiapenas, aliados de Ajuricaba.

Fig. 8 – Mapa da aldeia do principal Majuri

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Na verdade, trata-se de um exemplar típico de croqui de campanha de longa tradição castrense. O croqui retrata com muita fidelidade, sem as exigências da precisão cartográfica, os elementos naturais e artificiais do terreno que permitem o completo domínio sobre o espaço representado e sobre as pessoas que nele se encontram, é o que podemos deduzir da:

"Explicação do Mapa Junto da Aldéa do Principal Majuri, aqual Seachava fundada na forma Seguinte".

Na verdade, trata-se de um exemplar típico de croqui de campanha de longa tradição castrense. O croqui retrata com muita fidelidade, sem as exigências da precisão cartográfica, os elementos naturais e artificiais do terreno que permitem o completo domínio sobre o espaço representado e sobre as pessoas que nele se encontram, é o que podemos deduzir da:

"Explicação do Mapa Junto da Aldéa do Principal Majuri, aqual Seachava fundada na forma Seguinte".

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"Chegou a Tropa emq foy por Cabo oCapitão João Paes do Amaral a Aldea do Principal Majuri em 6. de julho do prezte anno de 1728, e logo em o mesmo dia expedio ao Ajudante Thomas Teixrª. a por a Aldea en citio, q se achava cituada sobre uma pedra, q em redondo se julga ter tres coarta delegoa pouco mais ou menos, descobrindoce della mta. Pte. do Rio Negro, e varias aldeas vezinhas de Principaes pares (parentes) amos.(amigos) ealiadoos do Principal Majuri

"Chegou a Tropa emq foy por Cabo oCapitão João Paes do Amaral a Aldea do Principal Majuri em 6. de julho do prezte anno de 1728, e logo em o mesmo dia expedio ao Ajudante Thomas Teixrª. a por a Aldea en citio, q se achava cituada sobre uma pedra, q em redondo se julga ter tres coarta delegoa pouco mais ou menos, descobrindoce della mta. Pte. do Rio Negro, e varias aldeas vezinhas de Principaes pares (parentes) amos.(amigos) ealiadoos do Principal Majuri

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: no cume desta pedra estão mtos. cãpos (campos) q a natureza obrou estando a aldea formada com dobradas fortificações dé sercas de madeira tão fortes, que combatidos com ballas de artilharª. senão pode abrir brexa pª. abalruar a dª. (dita) Aldea que esteve em citio doze dias, em o fim dos quaes se arrojarão os defensores a sahir della por lhes faltar a agoa pella falta q tinhão della dentro da Aldea aonde se matou hum grande nº. de gentio dezertando o Mayor pª. as ptes que detriminavão fugir fazendo-o com as armas de fogo nas mãos e zagaias, emcuja ocazião se mostrou o Principal Cabã Cabari, com valor conhecido cauzando enveja aos valerozos soldados.

: no cume desta pedra estão mtos. cãpos (campos) q a natureza obrou estando a aldea formada com dobradas fortificações dé sercas de madeira tão fortes, que combatidos com ballas de artilharª. senão pode abrir brexa pª. abalruar a dª. (dita) Aldea que esteve em citio doze dias, em o fim dos quaes se arrojarão os defensores a sahir della por lhes faltar a agoa pella falta q tinhão della dentro da Aldea aonde se matou hum grande nº. de gentio dezertando o Mayor pª. as ptes que detriminavão fugir fazendo-o com as armas de fogo nas mãos e zagaias, emcuja ocazião se mostrou o Principal Cabã Cabari, com valor conhecido cauzando enveja aos valerozos soldados.

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Pello ABC se declara as ptes. e senuaes do dto. Mapa: Na letra A, ocupava o Ajudante Thomas Teyxeyra com alguma infantrª. guarnecendo a Cortina que ficava no camº. (caminho) que dece ao rio dagoa de beber; aonde se poem a letra B, mostra aparte do rio negro; na letra C, guarnecia o soldado Narcizo de Souza com seus companhros.; pella pte. do camº. do porto, na letra D, guarnecia o Alferes Manoel da Cunha por cabo dos mais soldados;

Pello ABC se declara as ptes. e senuaes do dto. Mapa: Na letra A, ocupava o Ajudante Thomas Teyxeyra com alguma infantrª. guarnecendo a Cortina que ficava no camº. (caminho) que dece ao rio dagoa de beber; aonde se poem a letra B, mostra aparte do rio negro; na letra C, guarnecia o soldado Narcizo de Souza com seus companhros.; pella pte. do camº. do porto, na letra D, guarnecia o Alferes Manoel da Cunha por cabo dos mais soldados;

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na letra E, guarnecia o soldado Bathezar Soares com seus companhros. na letra F, guarnecia o Alferes Angelico Ribeiro com sua Companhª., na letra G, se poz o soldado Julio de Seyxas por cabo de alguns soldados;

na letra E, guarnecia o soldado Bathezar Soares com seus companhros. na letra F, guarnecia o Alferes Angelico Ribeiro com sua Companhª., na letra G, se poz o soldado Julio de Seyxas por cabo de alguns soldados;

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na letra H, se poz o Principal Cabã Cabari, donde perigozamente se vio pelejando com hum conhecido valor,

abrindo brexa na trinxª. com grande

risco de sua vida; na letra I, guarnecia o soldado Frco. Portilho, e os soldados q com elle estavão: no lugar L, sepoz de guarnição o soldado Joseph de Matos com seus companhros.

na letra H, se poz o Principal Cabã Cabari, donde perigozamente se vio pelejando com hum conhecido valor,

abrindo brexa na trinxª. com grande

risco de sua vida; na letra I, guarnecia o soldado Frco. Portilho, e os soldados q com elle estavão: no lugar L, sepoz de guarnição o soldado Joseph de Matos com seus companhros.

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Eos nº. de 3 são pedras q se achavão no cume da aldea, as cifras pretas são escarpas da Aldea,o nº.1, as guaritas; he ainformação serta q Sedá da Aldea de clarada".

Eos nº. de 3 são pedras q se achavão no cume da aldea, as cifras pretas são escarpas da Aldea,o nº.1, as guaritas; he ainformação serta q Sedá da Aldea de clarada".

Fig. 8 – Mapa da aldeia do principal Majuri

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Fig. 8 – Mapa da aldeia do principal Majuri, Cacique da nação indígena MAIAPENAS aliado de Ajuricaba e da nação indígena dos MANAÓS na luta contra a dominação estrangeira.

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O mapa da aldeia dos índios da nação barbados, do Maranhão é outro importante testemunho cartográfico da luta dos nativos contra a dominação estrangeira. Não só este mapa pictórico mostra a organização espacial retratando a organização social de uma comunidade primitiva. A transcrição paleográfica da legenda, por si só, diz-nos da variedade de informações que uma carta geográfica pode encerrar:

O mapa da aldeia dos índios da nação barbados, do Maranhão é outro importante testemunho cartográfico da luta dos nativos contra a dominação estrangeira. Não só este mapa pictórico mostra a organização espacial retratando a organização social de uma comunidade primitiva. A transcrição paleográfica da legenda, por si só, diz-nos da variedade de informações que uma carta geográfica pode encerrar:

Page 102: Cartografia da conquista da amazônia colonial

102Fig. 9 – Mapa dos Índios Barbados do MA

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"Constava esta aldeia dos índios barbados de 291 casas como se mostra neste mapa, entrando as seis casas grandes que estão no meio da dita aldeia, das quais seruia uma delas para armazém das armas que são as suas frexas e paus tostados, e nas cinco se acomodavam os indios solteiros porque nas casas gue ficam no circuito da aldeia morauam os casados acomodando-se em cada uma delas seis e sete e oito casais com toda a sua familia, e nenhum estes indios faz a barba e por esta razão lhe chamam os barbados

"Constava esta aldeia dos índios barbados de 291 casas como se mostra neste mapa, entrando as seis casas grandes que estão no meio da dita aldeia, das quais seruia uma delas para armazém das armas que são as suas frexas e paus tostados, e nas cinco se acomodavam os indios solteiros porque nas casas gue ficam no circuito da aldeia morauam os casados acomodando-se em cada uma delas seis e sete e oito casais com toda a sua familia, e nenhum estes indios faz a barba e por esta razão lhe chamam os barbados

Page 104: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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, e se diz procedem os primeiros conquistadores que uieram à cidade de S. Luiz do Maranhão, e pelo dano que lhes fazia o gentio que habitava naquela ilha se retiraram para o rio Itapicura e entre este e o de Mearim fizerão a sua habitação, fazendo pazes com os índios daquele sertão, cuja aldeia se não havia descoberto, e somente vinham aos rios acima declarados

, e se diz procedem os primeiros conquistadores que uieram à cidade de S. Luiz do Maranhão, e pelo dano que lhes fazia o gentio que habitava naquela ilha se retiraram para o rio Itapicura e entre este e o de Mearim fizerão a sua habitação, fazendo pazes com os índios daquele sertão, cuja aldeia se não havia descoberto, e somente vinham aos rios acima declarados

Page 105: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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, e também a Capitania do Piaui fazer os danos que se tem experimentado sem que lh'o pudessem embaraçar as tropas que em todos os anos se mandavam para a defeza daqueles moradores; esta aldeia fica a parte do sul nas ca beceiras do Rio Pirituro".

, e também a Capitania do Piaui fazer os danos que se tem experimentado sem que lh'o pudessem embaraçar as tropas que em todos os anos se mandavam para a defeza daqueles moradores; esta aldeia fica a parte do sul nas ca beceiras do Rio Pirituro".

Page 106: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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O século XVIII é o século da consolidação da conquista portuguesa da Amazônia. Missões religiosas, fortes, vilas e povoados estabeleceram-se definitivamente explorando as "drogas do sertão" e impedindo sobretudo a expansão dos jesuítas espanhóis na região.

A descoberta e exploração de ouro nas Minas Gerais determinou um afluxo numeroso de emigrantes e consequentemente um rápido aumento populacional de algumas cidades do Brasil colonial.

O século XVIII é o século da consolidação da conquista portuguesa da Amazônia. Missões religiosas, fortes, vilas e povoados estabeleceram-se definitivamente explorando as "drogas do sertão" e impedindo sobretudo a expansão dos jesuítas espanhóis na região.

A descoberta e exploração de ouro nas Minas Gerais determinou um afluxo numeroso de emigrantes e consequentemente um rápido aumento populacional de algumas cidades do Brasil colonial.

Page 107: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Todos esses fatos: organização de cidades, fundação de vilas, abertura de caminhos, construção de fortes, etc., exigiam os serviços de geógrafos de reconhecida competência. Mas o fato decisivo que determinou definitivamente a tomada de providências para cartografar cientificamente o território brasileiro foi a dissertação do primeiro geógrafo do rei de

França, Guillaume Deslile.

Todos esses fatos: organização de cidades, fundação de vilas, abertura de caminhos, construção de fortes, etc., exigiam os serviços de geógrafos de reconhecida competência. Mas o fato decisivo que determinou definitivamente a tomada de providências para cartografar cientificamente o território brasileiro foi a dissertação do primeiro geógrafo do rei de

França, Guillaume Deslile.

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De fato, esta dissertação, pelas revelações que fez e pela posição tomada em relação a algumas questões de localização geográfica, exige e impõe para todos os Estados colonialistas a adoção dos princípios científicos na elaboração de mapas como meios de legitimar a posse e usufruto dos territórios ocupados. 

De fato, esta dissertação, pelas revelações que fez e pela posição tomada em relação a algumas questões de localização geográfica, exige e impõe para todos os Estados colonialistas a adoção dos princípios científicos na elaboração de mapas como meios de legitimar a posse e usufruto dos territórios ocupados. 

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Deslille corrigiu alguns dos erros em longitude mais notórios nas cartas de seu tempo. Entre suas conclusões, a que mais perturbou a corte portuguesa foi a referente à posição das Ilhas de Cabo Verde e do nordeste brasileiro, mostrando que nas cartas portuguesas essas regiões eram cartografadas excessivamente próximas em longitude, sendo o erro de seis graus. Segundo Jaime Cortesão, tratava-se não de um erro, mas de uma fraude sistemática cometida pelos cartógrafos orientados para burlar os espanhóis.

Deslille corrigiu alguns dos erros em longitude mais notórios nas cartas de seu tempo. Entre suas conclusões, a que mais perturbou a corte portuguesa foi a referente à posição das Ilhas de Cabo Verde e do nordeste brasileiro, mostrando que nas cartas portuguesas essas regiões eram cartografadas excessivamente próximas em longitude, sendo o erro de seis graus. Segundo Jaime Cortesão, tratava-se não de um erro, mas de uma fraude sistemática cometida pelos cartógrafos orientados para burlar os espanhóis.

Page 110: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Deslille não só corrigiu as longitudes de alguns mapas como denunciou claramente as implicações políticas, negando que o Cabo do Norte e a Colônia do Sacramento pertencessem à zona de soberania portuguesa determinada pelo meridiano de Tordesilhas. Além disso, a dissertação de Deslille continha um mapa-mundi, onde traçou o meridiano de Tordesilhas e demonstrou cartograficamente que não tinham fundamento científico as pretensões territoriais dos portugueses baseadas naquele tratado.

Deslille não só corrigiu as longitudes de alguns mapas como denunciou claramente as implicações políticas, negando que o Cabo do Norte e a Colônia do Sacramento pertencessem à zona de soberania portuguesa determinada pelo meridiano de Tordesilhas. Além disso, a dissertação de Deslille continha um mapa-mundi, onde traçou o meridiano de Tordesilhas e demonstrou cartograficamente que não tinham fundamento científico as pretensões territoriais dos portugueses baseadas naquele tratado.

Page 111: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Naturalmente que estas denúncias pronunciadas na mais importante assembleia científica da época, num momento em que as questões de limites entre Portugal e Espanha, exatamente por causa da Colônia do Sacramento no Rio da Prata, estavam atingindo ponto crítico, provocou seríssimas preocupações na corte portuguesa, eis que as pretensões espanholas estavam sendo grandemente beneficiadas.

Naturalmente que estas denúncias pronunciadas na mais importante assembleia científica da época, num momento em que as questões de limites entre Portugal e Espanha, exatamente por causa da Colônia do Sacramento no Rio da Prata, estavam atingindo ponto crítico, provocou seríssimas preocupações na corte portuguesa, eis que as pretensões espanholas estavam sendo grandemente beneficiadas.

Page 112: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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CONCLUSÃO – Na oportunidade destaco a tese que defendemos é que politicamente, a cartografia produzida na Amazônia Colonial adquire um objetivo bem definido para o governo português: preservar a posse das terras sabidamente da coroa da Espanha, mas que tinham sido desbravadas e ocupadas por ação dos luso-brasileiros.

CONCLUSÃO – Na oportunidade destaco a tese que defendemos é que politicamente, a cartografia produzida na Amazônia Colonial adquire um objetivo bem definido para o governo português: preservar a posse das terras sabidamente da coroa da Espanha, mas que tinham sido desbravadas e ocupadas por ação dos luso-brasileiros.

Page 113: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Do ponto de vista geo-histórico e geopolítico sabemos que as técnicas cartográficas acompanharam as potências hegemônicas em todas as suas ações expansionistas desde os gregos e romanos no Mediterrâneo até as ações expansionistas das potências europeias pelos outros continentes.

Do ponto de vista geo-histórico e geopolítico sabemos que as técnicas cartográficas acompanharam as potências hegemônicas em todas as suas ações expansionistas desde os gregos e romanos no Mediterrâneo até as ações expansionistas das potências europeias pelos outros continentes.

Page 114: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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Na Amazônia não foi diferente. Nesta minúscula amostra vemos que a cartografia registra a marcha do conhecimento do espaço amazônico; o conflito entre as potências pela posse de suas riquezas e sobretudo a luta heroica travada pelas populações nativas na defesa de seus territórios.

Na Amazônia não foi diferente. Nesta minúscula amostra vemos que a cartografia registra a marcha do conhecimento do espaço amazônico; o conflito entre as potências pela posse de suas riquezas e sobretudo a luta heroica travada pelas populações nativas na defesa de seus territórios.

Page 115: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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O desenvolvimento das técnicas cartográficas permitiu aos homens a ousadia de lançarem-se com confiança na busca de novos territórios sem perderem a esperança de retorno às origens. A cartografia, portanto é a ciência que nos aponta o azimute do futuro sem no entanto perder e apagar as pegadas do passado.

O desenvolvimento das técnicas cartográficas permitiu aos homens a ousadia de lançarem-se com confiança na busca de novos territórios sem perderem a esperança de retorno às origens. A cartografia, portanto é a ciência que nos aponta o azimute do futuro sem no entanto perder e apagar as pegadas do passado.

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O Comando Militar da Amazônia, sabiamente colocou na pauta deste I Seminário de História Militar Terrestre da Amazônia o resgate da cartografia produzida no processo de construção da Amazônia Brasileira,

Page 117: Cartografia da conquista da amazônia colonial

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pois que nos permite verificar em toda a sua extensão e compreensãoe em toda força e intensidade do seu significado aquela sentença que motiva e incentiva todos aqueles que aprenderam amare a trabalhar por esta região:

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Árdua é a missão de desenvolver e

defender a Amazônia. Muito

mais difícil, porém, foi a de

nossos antepassados em

conquistá-la e mantê-la’.

Árdua é a missão de desenvolver e

defender a Amazônia. Muito

mais difícil, porém, foi a de

nossos antepassados em

conquistá-la e mantê-la’.

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