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3 II JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA Prezados Senhores, A Corregedoria-Geral da Justiça tem a honra de apresentar o resultado dos intensos debates que marcaram a II Jornada de Direito das Famílias e Sucessões do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, em continuidade aos trabalhos desenvolvidos na I Jornada, realizada em 2011. Mais uma vez, o encontro, numa mesma reunião, de membros do Poder Judiciário, Promotores de Justiça, Advogados, Defensores Públicos e outros Bacharéis em Direito revela que a legitimação da atividade jurisdicional resulta do diálogo respeitoso entre diferentes experiências, visões e posicionamentos a respeito da realidade social. No campo do Direito das Famílias e Sucessões, esse respeito ganha contornos ainda mais marcantes, pois é necessário, ao apli- cador do direito, muitas vezes, despir-se de suas convicções para, colocando-se no lugar do outro, tentar enxergar aquilo que não se faz possível a partir de uma análise circunscrita ao universo individual. O Direito é das Famílias e isso ficou bastante evidente nos sensíveis debates de ideias regidos pelo nobre colega Pablo Stolze, Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. Em dois encontros, realizados nos dias 07 de novembro e 12 de dezembro de 2014, foram aprovados treze enunciados a respeito de temas palpitantes e o desejo é que esse trabalho tenha grande utili- dade prática. A todos que colaboraram para essa Jornada, Muito Obrigado! Cordiais Saudações, Des. Olegário Monção Caldas Corregedor-Geral da Justiça (1,1) -3- CARTILHA_CORREGEDORIA_JUIZADOS.indd 03/05/2016 07:26:56 (1,1) -3- CARTILHA_CORREGEDORIA_JUIZADOS.indd 03/05/2016 07:26:56

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Minuta de cartilha da Jornada realizada entre a Corregedoria Geral de Justiça e a Coordenação dos Juizados Especiais

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II JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA

CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

Prezados Senhores,

A Corregedoria-Geral da Justiça tem a honra de apresentar o

resultado dos intensos debates que marcaram a II Jornada de Direito

das Famílias e Sucessões do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia,

em continuidade aos trabalhos desenvolvidos na I Jornada, realizada

em 2011.

Mais uma vez, o encontro, numa mesma reunião, de membros

do Poder Judiciário, Promotores de Justiça, Advogados, Defensores

Públicos e outros Bacharéis em Direito revela que a legitimação da

atividade jurisdicional resulta do diálogo respeitoso entre diferentes

experiências, visões e posicionamentos a respeito da realidade social.

No campo do Direito das Famílias e Sucessões, esse respeito

ganha contornos ainda mais marcantes, pois é necessário, ao apli-

cador do direito, muitas vezes, despir-se de suas convicções para,

colocando-se no lugar do outro, tentar enxergar aquilo que não se faz

possível a partir de uma análise circunscrita ao universo individual.

O Direito é das Famílias e isso fi cou bastante evidente nos sensíveis

debates de ideias regidos pelo nobre colega Pablo Stolze, Professor

da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia.

Em dois encontros, realizados nos dias 07 de novembro e 12 de

dezembro de 2014, foram aprovados treze enunciados a respeito de

temas palpitantes e o desejo é que esse trabalho tenha grande utili-

dade prática.

A todos que colaboraram para essa Jornada, Muito Obrigado!

Cordiais Saudações,

Des. Olegário Monção Caldas

Corregedor-Geral da Justiça

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Cordiais Saudações,

Des. Olegário Monção Caldas

Corregedor-Geral da Justiça

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II JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA

CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

ENUNCIADOS APROVADOS NA II JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

Enunciado no 01 – É juridicamente possível a decretação liminar do divórcio (CPC, art. 273, §6˚).

Essa proposição admite a decisão liminar que antecipa os efeitos defi ni-

tivos da sentença de divórcio. A expressão “liminar” é utilizada porque

tal decisão é proferida no início do processo e tem por base o §6˚, do

art. 273, do CPC, que, em verdade, consagra o que o moderno Direito

Processual denomina de tutela de evidência. Resultado: Enunciado

aprovado à unanimidade.

Enunciado n˚ 02 – A decisão concessiva do divórcio, que antecipa os efeitos defi nitivos da sentença, da qual já não caiba mais recurso, deverá, segundo uma interpretação conforme a Constituição, ser averbada no respectivo Registro Civil.

Esse enunciado aponta no sentido da possibilidade de se averbar a de-

cisão concessiva do divórcio, irrecorrível, em caráter liminar. Essa aver-

bação, embora não esteja expressamente prevista na Lei n˚ 6.015/73,

é juridicamente possível, na medida em que tal diploma deve ser in-

terpretado conforme a Constituição Federal, especialmente a partir da

Emenda n˚ 66/2010. Resultado: Enunciado aprovado à unanimidade.

Enunciado n˚ 03 – Admite-se a decretação do divórcio, mesmo antes da efetivação do ato citatório.

Com a aprovação desse enunciado, entende-se possível a decretação do di-

vórcio, mesmo antes de efetivado o ato citatório; ou seja, o Juiz, ao decidir

acerca do deferimento da exordial, poderá, liminarmente, decretar o divór-

cio, sem a triangularização da relação jurídico-processual. Frise-se, todavia,

que, embora seja possível decretar o divórcio antes da citação, a averbação

no registro civil somente poderá ocorrer se tal decisão liminar não mais es-

tiver sujeita a recurso. Resultado: Enunciado aprovado por maioria.

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Com a aprovação desse enunciado, entende-se possível a decretação do di-

vórcio, mesmo antes de efetivado o ato citatório; ou seja, o Juiz, ao decidir

acerca do deferimento da exordial, poderá, liminarmente, decretar o divór-

cio, sem a triangularização da relação jurídico-processual. Frise-se, todavia,

que, embora seja possível decretar o divórcio antes da citação, a averbação

no registro civil somente poderá ocorrer se tal decisão liminar não mais es-

tiver sujeita a recurso. Resultado: Enunciado aprovado por maioria.

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II JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA

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Enunciado n˚ 04 – Segundo uma perspectiva eudemonista e socioafetiva do moderno conceito de família, e com amparo na teoria da multiparentalidade, é juridicamente possível a inserção concomitante, no assento de nascimento do Registro Civil de Pessoas Naturais, dos nomes de mais de um pai e/ou de mais de uma mãe.

Esta proposição consagra a teoria da multiparentalidade, hoje bastante

festejada e consagrada pela moderna doutrina do Direito de Família.

A multiparentalidade quebra o paradigma tradicional dual de um pai

e uma mãe em face do fi lho, porquanto a complexidade das relações

da vida aponta para a possibilidade de construção de relações mater-

no ou paterno-fi liais com mais de um pai ou de uma mãe. Julgado

proveniente do TJSP, em Recurso oriundo da Comarca de Itu, Pro-

cesso n˚ 0006422-26.2011.8.23.0286, serve como paradigma para este

enunciado. No referido precedente, a mãe biológica faleceu ao dar

à luz ao Autor da demanda, que acabou sendo criado por uma mãe

socioafetiva, tendo sido admitido, pelo Judiciário Paulista, o registro

civil indicando o nome de duas mães. Resultado: Enunciado apro-

vado à unanimidade.

Enunciado n˚ 05 – A renúncia abdicativa da herança, em favor do monte mor, não exige a autorização do cônjuge do renunciante (arts. 80, II, e 1.647, I, do Código Civil), porquanto opera efeitos ex tunc, excluindo-o da cadeia sucessória como se herdeiro nunca houvesse sido.

A renúncia abdicativa é total; o renunciante abre mão do direito he-

reditário, sem que direcione a deixa a nenhum herdeiro em especial.

O efeito desse ato é retroativo e não gera efeitos tributários. O mesmo

ocorre quando o renunciante abdica em favor do monte, caso em que

a parte renunciada será destinada a todos os demais herdeiros, indis-

tintamente. Contudo, se houver direcionamento da parte renunciada,

está-se diante de renúncia translativa, uma verdadeira “cessão de di-

reito”, que é objeto do enunciado n˚ 06. Resultado: Enunciado apro-

vado à unanimidade.

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O efeito desse ato é retroativo e não gera efeitos tributários. O mesmo

ocorre quando o renunciante abdica em favor do monte, caso em que

a parte renunciada será destinada a todos os demais herdeiros, indis-

tintamente. Contudo, se houver direcionamento da parte renunciada,

está-se diante de renúncia translativa, uma verdadeira “cessão de di-

reito”, que é objeto do enunciado n˚ 06. Resultado: Enunciado apro-

vado à unanimidade.

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Enunciado n˚ 06 – A renúncia translativa da herança, em favor de pessoa determinada, que não seja o único sucessor remanescente, consiste em cessão de direito hereditário, exigindo-se a autorização do cônjuge do cedente, salvo se casado em regime de separação convencional de bens, a teor dos arts. 80, II, e 1.647, I, do Código Civil.

Este enunciado traz, de forma muito clara, a noção de que há uma difer-

ença entre a renúncia abdicativa de toda a herança, que tem efeito retro-

ativo e não gera recolhimento de imposto a qualquer título, da renúncia

translativa, em que o renunciante aceita a herança e direciona a deixa

para herdeiro (s) determinado (s). Trata-se, em verdade, de uma cessão

de direito hereditário, ao qual o art. 80, II, do Código Civil, confere na-

tureza imobiliária. Destarte, conjugando-se tal norma com o art. 1.647,

I, também do Código Civil, exige-se a outorga uxória ou autorização

marital, para a cessão, salvo se o renunciante for casado sob o regime

de separação convencional de bens, que, como se sabe, é o regime de

separação absoluta. Resultado: Enunciado aprovado à unanimidade.

Enunciado n˚ 07 – São pessoais os efeitos da deserdação, de maneira que os herdeiros do deserdado poderão concorrer à herança por direito de representação, como se dá na exclusão por indignidade (art. 1.816, do Código Civil).

Enunciado que consagra forte posição da doutrina, no sentido de que,

em caráter excepcional, o direito de representação é aplicável à suc-

essão testamentária, especifi camente no caso da deserdação, para que

a pena não ultrapasse a pessoa do deserdado, atingindo os seus herdei-

ros. Resultado: Enunciado aprovado à unanimidade.

Enunciado n˚ 08 – É inconstitucional qualquer norma legal tendente a obrigar o juiz a impor a guarda compartilhada quando verifi car a possibilidade de dano existencial à criança ou ao adolescente.

Este enunciado faz uma interpretação constitucional da norma legal

que obriga o Juiz a determinar a guarda compartilhada, quando não

houver acordo (Lei n˚ 13.058/2014). Toma-se por base a Constituição

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Enunciado n˚ 08 – É inconstitucional qualquer norma legal tendente a obrigar o juiz a impor a guarda compartilhada quando verifi car a possibilidade de dano existencial à criança ou ao adolescente.

Este enunciado faz uma interpretação constitucional da norma legal

que obriga o Juiz a determinar a guarda compartilhada, quando não

houver acordo (Lei n˚ 13.058/2014). Toma-se por base a Constituição

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II JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA

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Federal, especialmente o princípio maior da proteção integral da cri-

ança e do adolescente e o resguardo do seu interesse existencial. Se o

Juiz verifi car a possibilidade de dano à criança ou ao adolescente, ele

poderá não ter condições de impor a guarda compartilhada, especial-

mente nos casos em que não exista mínimo diálogo entre os pais. A

imposição da guarda compartilhada, em determinados casos, poderá,

inclusive, incrementar o problema da síndrome de alienação parental.

Mas note-se que, na ausência da acordo, mesmo não se afi gurando pos-

sível a implantação do modelo preferencial de guarda compartilhada,

pela concreta possibilidade de dano existencial, a guarda deverá ser

deferida a quem tenha melhores condições morais e psicológicas para

exercê-la, quer seja o pai ou mãe, na perspectiva do princípio constitu-

cional da isonomia. Resultado: Enunciado aprovado à unanimidade.

Enunciado n˚ 09 – O detentor da guarda unilateral ou exclusiva do(s) fi lho(s) não poderá, sem a participação do outro representante legal, conceder a emancipação voluntária prevista no art. 5˚, parágrafo único, inciso I, 1ª parte, do Código Civil.

Trata-se de enunciado que consagra, em verdade, uma interpretação

conforme a Constituição Federal, afastando qualquer prevalência da

mãe sobre o pai ou vice-versa. Nessa linha de raciocínio, a emanci-

pação é ato conjunto dos pais, ou seja, somente poderá se dar a eman-

cipação por um dos pais em caso de ausência ou impossibilidade do

outro. Mesmo nos casos em que o pai ou a mãe não detenha a guarda

do fi lho, o fato de ainda ser detentor do poder familiar justifi ca a ne-

cessidade de sua autorização para o ato emancipatório. Resultado:

Enunciado aprovado à unanimidade.

Enunciado n˚ 10 – A obrigação de prestar alimentos, entre cônjuges ou companheiros, a tempo certo, é juridicamente admissível, se o alimentando é pessoa com idade, condição e formação profi ssional compatíveis com uma provável inserção no mercado de trabalho.

Trata-se de enunciado que consagra os chamados alimentos transitóri-

os, tese fi rmada pelo Superior Tribunal de Justiça (REsp 1454263/

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Enunciado n˚ 10 – A obrigação de prestar alimentos, entre cônjuges ou companheiros, a tempo certo, é juridicamente admissível, se o alimentando é pessoa com idade, condição e formação profi ssional compatíveis com uma provável inserção no mercado de trabalho.

Trata-se de enunciado que consagra os chamados alimentos transitóri-

os, tese fi rmada pelo Superior Tribunal de Justiça (REsp 1454263/

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CE), no sentido de que o juiz pode estabelecer um limite de tempo

para a obrigação de prestar alimentos entre cônjuges e companheiros,

quando as partes são capazes e aptas ao trabalho. Resultado: Enun-

ciado aprovado à unanimidade.

Enunciado n˚ 11 – Confi gura simulação absoluta o acordo de alimentos fi rmado com o único propósito de reduzir, mediante dedução, a base de cálculo do imposto de renda pessoa física - IRPF.

Trata-se de enunciado de grande importância, especialmente para a

Receita Federal do Brasil. Diversas situações ocorrem em que o Ju-

diciário fi gura como vítima daqueles que pretendem, por meio de

transações simuladas, obter dedução indevida na base de cálculo do

Imposto de Renda Pessoa Física, a exemplo do que se dá quando duas

pessoas simulam acordo de alimentos visando a reduzir o imposto

devido. Nesse caso, está-se diante de uma simulação absoluta, pois o

negócio jurídico é aparentemente legal, mas não visa a produzir efeito

algum, já que a pensão acordada jamais será paga. O enunciado sali-

enta a ocorrência de simulação absoluta, resultando em nulidade de

pleno direito da transação fi rmada. Resultado: Enunciado aprovado

à unanimidade.

Enunciado n˚ 12 – Na perspectiva do princípio da afetividade, a relação de concubinato consolidada ao longo do tempo poderá, excepcionalmente, quando fi rme a caracterização de um núcleo familiar estável, justifi car, em favor da(o) concubina(o), a aplicação das normas do Direito de Família e das Sucessões.

Dada a acentuada polêmica atinente ao tema, a plenária decidiu no

sentido de submetê-lo a uma próxima jornada, a fi m de que a matéria

fosse objeto de maiores estudos e refl exões.

Enunciado n˚ 13 – É juridicamente relevante, posto não vincule a decisão judicial, a vontade manifestada pelo absoluta ou relativamente incapaz, quando demonstre discernimento, em audiência instrutória relativa à demanda que diga respeito à sua dimensão existencial.

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sentido de submetê-lo a uma próxima jornada, a fi m de que a matéria fosse objeto de maiores estudos e refl exões.

Enunciado n˚ 13 – É juridicamente relevante, posto não vincule a decisão judicial, a vontade manifestada pelo absoluta ou relativamente incapaz, quando demonstre discernimento, em audiência instrutória relativa à demanda que diga respeito à sua dimensão existencial.

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Enunciado importante, que aponta no sentido de o incapaz ser ouvido pelo Juiz, acompanhado por especialista, quando for o caso, na linha do novo Código de Processo Civil, a fi m de que sua vontade manifestada seja também considerada, em cotejo com as outras provas produzidas. É evidente que essa vontade manifestada deve ser analisada com equilí-brio pelo magistrado, de acordo com a situação do incapaz. Resultado:

Enunciado aprovado à unanimidade.

Enunciado n˚ 14 – Na perspectiva do princípio da função social, e com a amparo na teoria do desestímulo, é indenizável o comprovado dano moral sofrido pelo fi lho em decorrência do abandono afetivo.

Dada a acentuada polêmica atinente ao tema, a plenária decidiu no sentido de submetê-lo a uma próxima jornada, a fi m de que a matéria fosse objeto de maiores estudos e refl exões.

Enunciado n˚ 15 – Não se tratando de situação de multiparentalidade, o reconhecimento ofi cial da paternidade ou maternidade socioafetiva exime o genitor da obrigação de prestar alimentos.

Esse enunciado traz a ideia de que pode haver a supremacia da ma-ternidade ou paternidade socioafetiva sobre a biológica, em situações justifi cadas. Em havendo o reconhecimento ofi cial desse vínculo, o genitor meramente biológico deixa de ter a obrigação de prestar ali-mentos. Esse enunciado vai de encontro à teoria da paternidade ali-mentar, desenvolvida pelo brilhante Rolf Madaleno. Resultado:

Enunciado aprovado por maioria.

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ENUNCIADOS APROVADOS NA I JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

Enunciado n˚ 01 – Apurada a procedência das razões invocadas e desde que não haja prejuízo a terceiros (art. 1639, §2˚, do Código Civil), é juridicamente possível a alteração do regime de separação obrigatória de bens.

Enunciado n˚ 02 – Na perspectiva de respeito à dignidade da pessoa humana, é inconstitucional a imposição do regime de separação obrig-atória de bens, previsto no art. 1.641, II, do Código Civil, às pessoas maiores de setenta anos.

Enunciado n˚ 03 – À luz dos princípios da efetividade e da solidar-iedade familiar, estão legitimados para postular alimentos gravídicos, nos termos da Lei n˚ 11.804 de 2008, tanto a gestante como o nasci-turo, em litisconsórcio ou não.

Enunciado n˚ 04 – Segundo a perspectiva eudemonista e socioafetiva do moderno conceito de família, é digno de amparo jurídico o núcleo existencial formado por pessoas do mesmo sexo, aplicando-se-lhe, na falta de lei reguladora específi ca, as normas atinentes à união estável heterossexual (arts. 1723 a 1727 do CC).

Enunciado n˚ 05 – Na união estável, a alienação de imóvel ou a pre-stação de garantia real por um companheiro sem autorização do outro não pode ser invalidada em detrimento de terceiro de boa-fé, resguar-dado o direito do companheiro prejudicado a perdas e danos em face do responsável.

Enunciado n˚ 06 – É competente o Juízo que decidiu a partilha de bens, em sede ação de divórcio ou de dissolução de união estável, para a execução do respectivo julgado, excluindo-se a adoção de outras medidas, inclusive de natureza possessória, que ultrapassem os limites do título judicial.

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do responsável.

Enunciado n˚ 06 – É competente o Juízo que decidiu a partilha de bens, em sede ação de divórcio ou de dissolução de união estável, para a execução do respectivo julgado, excluindo-se a adoção de outras medidas, inclusive de natureza possessória, que ultrapassem os limites do título judicial.

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Enunciado n˚ 07 – À luz do Enunciado 235 da Súmula do STJ, as ações revisionais e exoneratórias de alimentos devem ser livre-mente distribuídas, cabendo ao autor instruir a petição inicial com a necessária documentação.

Enunciado n˚ 08 – Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo único do art. 475-P do Código de Processo Civil, a execução de obrigação alimentar tramitará no próprio juízo que julgou a demanda.

Enunciado n˚ 09 – Cumprida a prisão civil em sede de alimentos, nos termos do art. 733 do CPC, ressalvada a existência de parcelas venci-das no curso do processo, o feito prosseguirá segundo as regras gerais de execução consagradas pela Lei 11.232 de 2005 (regras comuns do cumprimento de sentença).

Enunciado n˚ 10 – O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo, sem embargo de o juiz, em situações excepcionais e justifi cadas, de-terminar a medida prisional por débito compreensivo de três ou mais prestações anteriores ao ajuizamento da demanda, quando inequívoco o abuso de direito por parte do devedor.

Enunciado n˚ 11 – Sentenças de divórcio, dissolutória de união estáv-el, homologatória de partilha e de mudança de regime de bens, acom-panhadas da certidão do trânsito em julgado, devidamente conferidas pela Secretaria e com carimbo de autenticação, têm força de mandado, quando assim expressamente determinado pelo Juiz.

Enunciado n˚ 12 – Com fundamento na regra proibitiva do venire contra factum proprium (doutrina dos atos próprios), não se afi gura cabível pretender revogar ato de renúncia ao direito aos alimentos, manifestado em sede de divórcio ou de dissolução da união estável, dado não subsistir mais o vínculo familiar que justifi caria o pleito.

Enunciado n˚ 13 – O art. 1.790 do Código Civil viola o superior

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Enunciado n˚ 12 – Com fundamento na regra proibitiva do venire contra factum proprium (doutrina dos atos próprios), não se afi gura cabível pretender revogar ato de renúncia ao direito aos alimentos, manifestado em sede de divórcio ou de dissolução da união estável, dado não subsistir mais o vínculo familiar que justifi caria o pleito.

Enunciado n˚ 13 – O art. 1.790 do Código Civil viola o superior

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CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

princípio da vedação ao retrocesso e desrespeita a condição jurídica da (o) companheira (a) como integrante de um núcleo familiar eq-uiparado àquele formado pelo casamento, razão por que padece de absoluta inconstitucionalidade.

Enunciado n˚ 14 – Em virtude da inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil, devem-se aplicar à (ao) companheira (o) viúva (o) as mesmas regras que disciplinam a sucessão do cônjuge, com exceção da norma que considera este último herdeiro necessário (art. 1845), porquanto, dada a sua natureza restritiva de direito (do autor da her-ança), não comportaria interpretação extensiva ou analógica.

Enunciado n˚ 15 – O direito concorrencial do cônjuge sobrevivente, quando exercido em face dos descendentes, restringe-se aos bens par-ticulares do falecido, nos termos do art. 1829, I, do Código Civil, sem prejuízo de sua meação.

Enunciado n˚ 16 – Mesmo com a entrada em vigor do Código Civil, permanece aplicável e efi caz o Enunciado da Súmula 377 do Supremo Tribunal Federal que admite, no regime de separação legal ou obrig-atória, a comunicabilidade dos bens adquiridos no curso do casamento.

Enunciado n˚ 17 – A expressão “separação absoluta”, constante na parte fi nal do caput do art. 1.647 do Código Civil refere-se à separação convencional de bens, regulada nos arts. 1.687 e 1.688 do Código Civil.

Enunciado n˚ 18 – Nos termos do regime de bens aplicável, admite-se, em nível obrigacional, a comunicabilidade do direito sobre a con-strução realizada no curso do casamento ou da união estável – acessão artifi cial socialmente conhecida como “direito sobre a laje” –, subor-dinando-se, todavia, a efi cácia real da partilha ao regular registro no Cartório de Imóveis, a cargo das próprias partes, mediante recolhi-mento das taxas ou emolumentos e tributos devidos.

Enunciado n˚ 19 – Em respeito aos princípios da isonomia e da solidar-iedade familiar, a Lei nº 6.858, de 24 de novembro de 1980 (que dispõe

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artifi cial socialmente conhecida como “direito sobre a laje” –, subor-dinando-se, todavia, a efi cácia real da partilha ao regular registro no Cartório de Imóveis, a cargo das próprias partes, mediante recolhi-mento das taxas ou emolumentos e tributos devidos.

Enunciado n˚ 19 – Em respeito aos princípios da isonomia e da solidar-iedade familiar, a Lei nº 6.858, de 24 de novembro de 1980 (que dispõe

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sobre resíduos sucessórios), deve ser interpretada no sentido de não excluir o direito dos sucessores legítimos que não hajam sido habilitados perante o órgão de previdência social, respeitada a ordem de vocação hereditária.

Enunciado n˚ 20 – A transmissibilidade da obrigação alimentar, pre-vista no art. 1.700 do Código Civil, deve ser compreendida no sentido de permitir ao titular do crédito - existente e vencido até a data da morte do alimentante, e respeitado o prazo prescricional de cobrança aplicável - habilitar o seu direito no inventário ou no arrolamento re-spectivo, podendo exigi-lo até as forças da herança, sem prejuízo do seu eventual direito sucessório.

Enunciado n˚ 21 – Segundo uma interpretação sistemática, histórica e social, e que leve ainda em consideração o superior princípio da afetividade, a aprovação da Emenda Constitucional n. 66, de 13 de julho de 2010, que alterou o § 6º do art. 226 da Constituição Federal, suprimiu a separação judicial do nosso sistema jurídico.

Enunciado n˚ 22 – Em respeito à garantia constitucional do ato juríd-ico perfeito e ao princípio da segurança jurídica, as pessoas judicial-mente separadas antes da aprovação da Emenda Constitucional n. 66, de 13 de julho de 2010, que alterou o § 6º do art. 226 da Constituição Federal, deverão, caso pretendam se divorciar, proceder com a con-versão judicial ou administrativa da respectiva separação, dispensado o cômputo de qualquer prazo.

Enunciado n˚ 23 – É competente o Juízo de Família para apreciar, in-cidentalmente, questão relativa à desconsideração da pessoa jurídica, inclusive na modalidade “inversa”, com o objetivo de permitir a justa partilha de bens, em procedimentos dissolutórios de casamento ou de união estável, resguardando, assim, o direito de ambos os cônjuges ou companheiros, segundo o regime de bens adotado.

Enunciado n˚ 24 – É cabível a desconsideração da pessoa jurídica no Juízo de Família, inclusive em face da Empresa Individual de Re-sponsabilidade Limitada (EIRELI), instituída pela Lei nº 12.441 de 11

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partilha de bens, em procedimentos dissolutórios de casamento ou de união estável, resguardando, assim, o direito de ambos os cônjuges ou companheiros, segundo o regime de bens adotado.

Enunciado n˚ 24 – É cabível a desconsideração da pessoa jurídica no Juízo de Família, inclusive em face da Empresa Individual de Re-sponsabilidade Limitada (EIRELI), instituída pela Lei nº 12.441 de 11

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de julho de 2011, quando este tipo de pessoa jurídica unipessoal for utilizada para a prática de ato abusivo ou fraudulento, em prejuízo do regime de bens adotado.

Enunciado n˚ 25 – Em respeito à garantia constitucional do ato ju-rídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CF), o art. 977 do Código Civil não é aplicável a sociedades entre cônjuges anteriores à data de entrada em vigor do Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002).

Enunciado n˚ 26 – Nos termos do inc. I (última parte) do art. 1.829 do Código Civil, entende-se por “bens particulares”, passiveis de incidên-cia do direito concorrencial do cônjuge sobrevivente que fora casado em comunhão parcial de bens, todos aqueles excluídos da meação, a teor dos arts. 1.659 e 1.661 do Código Civil.

Enunciado n˚ 27 – É absolutamente incompetente o Juízo de Família para processar e julgar pedido declaratório de reconhecimento de propriedade decorrente da usucapião especial familiar, instituído pela Lei nº 12.424 de 16 de junho de 2011, que acresceu ao Código Civil o art. 1.240-A.

Enunciado n˚ 28 – Permanece juridicamente possível a propositura da medida cautelar de separação de corpos, mesmo após a Emenda Constitucional n. 66, de 13 de julho de 2010, que instituiu a nova dis-ciplina do divórcio.

Enunciado n˚ 29 - A utilização do rito especial de execução do débito alimentar, previsto no art. 733 do Código de Processo Civil, consubstan-ciado em título extrajudicial referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelo advogado dos transatores, a teor do art. 585, II, do mesmo Código, independe de prévia homologação judicial.

Enunciado n˚ 30 – É juridicamente possível a propositura de ação declaratória de paternidade ou maternidade socioafetiva, na perspec-tiva de respeito ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, a despeito da ausência de previsão legal expressa no ordena-mento jurídico brasileiro.

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II, do mesmo Código, independe de prévia homologação judicial.

Enunciado n˚ 30 – É juridicamente possível a propositura de ação declaratória de paternidade ou maternidade socioafetiva, na perspec-tiva de respeito ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, a despeito da ausência de previsão legal expressa no ordena-mento jurídico brasileiro.

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FALA DO PRESIDENTE DO TJBA

Prezados Senhores,

A Corregedoria-Geral da Justiça tem a honra de apresentar o

resultado dos intensos debates que marcaram a II Jornada de Direito

das Famílias e Sucessões do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia,

em continuidade aos trabalhos desenvolvidos na I Jornada, realizada

em 2011.

Mais uma vez, o encontro, numa mesma reunião, de membros

do Poder Judiciário, Promotores de Justiça, Advogados, Defensores

Públicos e outros Bacharéis em Direito revela que a legitimação da

atividade jurisdicional resulta do diálogo respeitoso entre diferentes

experiências, visões e posicionamentos a respeito da realidade social.

No campo do Direito das Famílias e Sucessões, esse respeito

ganha contornos ainda mais marcantes, pois é necessário, ao apli-

cador do direito, muitas vezes, despir-se de suas convicções para,

colocando-se no lugar do outro, tentar enxergar aquilo que não se faz

possível a partir de uma análise circunscrita ao universo individual.

O Direito é das Famílias e isso fi cou bastante evidente nos sensíveis

debates de ideias regidos pelo nobre colega Pablo Stolze, Professor

da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia.

Em dois encontros, realizados nos dias 07 de novembro e 12 de

dezembro de 2014, foram aprovados treze enunciados a respeito de

temas palpitantes e o desejo é que esse trabalho tenha grande utili-

dade prática.

A todos que colaboraram para essa Jornada, Muito Obrigado!

Cordiais Saudações,

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A todos que colaboraram para essa Jornada, Muito Obrigado!

Cordiais Saudações,

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ENUNCIADOS APROVADOS

Enunciado n˚ 01 – Considera-se matéria complexa a validade jurídica da Tabela Price. Este enunciado segue a linha de entendimento do Su-perior Tribunal de Justiça, no sentido de que a validade desta Tabela, também conhecida como “Sistema Francês de Amortização”, exigiria o enfrentamento de questão de matemática fi nanceira (AgRg no Resp 952569/SC, AgRg no REsp 1318172/RS, AgRg no REsp 944.622/PR) o que, por conseguinte, recomendaria a produção de prova pericial.

Enunciado n˚ 02 – Para quantifi cação do dano moral, deve-se, pref-erencialmente, utilizar o critério bifásico. Visando a evitar decisões sem alicerce jurídico, o presente enunciado recomenda, na vereda da jurisprudência do Superior Tribunal, a adoção do critério bifásico na quantifi cação do dano moral. Na primeira etapa, apuram-se parâmetros estabelecidos pela juris-prudência, em casos análogos, extraindo uma “média” de valor. Em seguida, considerando-se as peculiaridades do caso, ajusta-se o quan-tum obtido: RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIV-IL. DANO MORAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. QUANTUM INDENIZATÓRIO.DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. CRITÉRIOS DE ARBIT-RAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSE JURÍDICO LESADO E DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. 1. Discussão restrita à quantifi -cação da indenização por dano moral sofrido pelo devedor por ausên-cia de notifi cação prévia antes de sua inclusão em cadastro restritivo de crédito (SPC). 2. Indenização arbitrada pelo tribunal de origem em R$ 300,00 (trezentos reais). 3. Dissídio jurisprudencial caracterizado com os precedentes das duas turmas integrantes da Segunda Secção do STJ. 4. Elevação do valor da indenização por dano moral na linha dos precedentes desta Corte, considerando as duas etapas que devem ser percorridas para esse arbitramento. 5. Na primeira etapa, deve-se estabelecer um valor básico para a indenização, considerando o inter-esse jurídico lesado, com base em grupo de precedentes jurispruden-ciais que apreciaram casos semelhantes. 6. Na segunda etapa, devem

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com os precedentes das duas turmas integrantes da Segunda Secção do STJ. 4. Elevação do valor da indenização por dano moral na linha dos precedentes desta Corte, considerando as duas etapas que devem ser percorridas para esse arbitramento. 5. Na primeira etapa, deve-se estabelecer um valor básico para a indenização, considerando o inter-esse jurídico lesado, com base em grupo de precedentes jurispruden-ciais que apreciaram casos semelhantes. 6. Na segunda etapa, devem

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ser consideradas as circunstâncias do caso, para fi xação defi nitiva do valor da indenização, atendendo a determinação legal de arbitramento equitativo pelo juiz. 7. Aplicação analógica do enunciado normativo do parágrafo único do art. 953 do CC/2002.8. Arbitramento do valor defi nitivo da indenização, no caso concreto, no montante aproximado de vinte salários mínimos no dia da sessão de julgamento, com atual-ização monetária a partir dessa data (Súmula 362/STJ).9. Doutrina e jurisprudência acerca do tema.10. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

(STJ - REsp: 1152541 RS 2009/0157076-0, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 13/09/2011, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/09/2011)

APELAÇÃO CÍVEL. ENSINO PARTICULAR. COBRANÇA VEXATÓRIA. DANOS EXTRAPATRIMONIAIS. FIXAÇÃO DO QUANTUM. MÉTODO BIFÁSICO. Evidenciada a possibilidade de aplicação do método bifásico de apuração dos danos extrapatrimoni-ais (STJ, R.Esp. nº 710.879/MG), considerados os parâmetros estabel-ecido pela jurisprudência para casos assemelhados (grupo de casos) e consideradas, na proporcionalidade estabelecida em concreto, as car-acterísticas fáticas e jurídicas do caso, tenho como sufi ciente o valor fi xado pelo juízo a quo, para compensar a violação a um direito subje-tivo identifi cada em concreto. Sentença mantida. NEGADO PROVI-MENTO AO RECURSO. (Apelação Cível Nº 70061178638, Quinta Câmara Cível - Serviço de Apoio Jurisdição, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Claudia Cachapuz, Julgado em 08/04/2015).

(TJ-RS - AC: 70061178638 RS , Relator: Maria Claudia Cachapuz, Data de Julgamento: 08/04/2015, Quinta Câmara Cível - Serviço de Apoio Jurisdição, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 14/04/2015)

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de Apoio Jurisdição, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 14/04/2015)

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Enunciado n˚ 03 – Admite-se, em nível obrigacional, transação que tenha por objeto o direito sobre a construção – acessão artifi cial so-cialmente conhecida como “direito sobre a laje” –, subordinando-se, todavia, a efi cácia real do acordo ao regular registro no Cartório de Imóveis, a cargo das próprias partes, mediante recolhimento das taxas ou emolumentos e tributos devidos. O presente enunciado tem grande alcance social. A transação fi rmada em juízo que, em nível pessoal ou obrigacional, discipline os direitos das partes sobre a laje - popular-mente conhecida como “puxadinho” - permite ao juiz pôr fi m à de-manda. Note-se que, por óbvio, a regularização dominial dependerá das formalidades devidas, inclusive no que toca às obrigações fi scais.Prestigia-se, com este postulado, o princípio da função social, sem se desconsiderarem as normas de Registro Público pertinentes.

Enunciado n˚ 04 – No âmbito das relações de consumo, enquanto vigente a garantia contratual, o prazo de garantia legal não se inicia, por aplicação subsidiária do art. 446 do Código Civil. Dada a ausência de norma específi ca, no Código de Defesa do Consumidor, o enun-ciado invoca, por subsidiariedade, o Código Civil, para solucionar a intrigante questão atinente à coexistência de prazos de garantia legal e contratual.Este tema já foi objeto de estudo na doutrina:“Outro importante aspecto, abordado pelo novo Código Civil e descon-hecido pela legislação anterior, deve ser ressaltado: a previsibilidade normativa da suspensão do prazo de garantia legal, enquanto estiver em curso a garantia contratual.E tão interessante é a dicção deste dispositivo que, em nosso sentir, na falta de regra semelhante, poderá o mesmo ser aplicado subsi¬diariamente às relações de consumo.Nesse ponto, estamos a tratar da regra prevista no art. 446:

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.

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Nesse ponto, estamos a tratar da regra prevista no art. 446:

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.

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Comentando este dispositivo, JONES FIGUEIRÊDO ALVES obs-ervou: ‘Cláusula de garantia é causa obstativa de decadência e como cláu-sula contratual, pela qual o alienante acoberta a indenidade da coisa, é complementar da garantia obrigatória e legal, a que responde. Não exclui, portanto, a garantia legal. O primeiro relatório ao projeto, de autoria do Deputado Ernani Satyro, já registrava não se haver ‘como confundir o fato de não correr prazo na constância da cláusula de ga-rantia, com a obrigação que tem o adquirente de denunciar o defeito da coisa ao alienante, tão logo o verifi que. Trata-se, como se vê, de consagração jurídica de um dever de probidade e boa-fé, tal como anunciado no art. 422. Não é por estar amparado pelo prazo de garan-tia, que o comprador deva se prevalecer dessa situação para abster-se de dar ciência imediata do vício verifi cado na coisa adquirida’.Em verdade, o que o legislador fez, não sem tempo, foi solucio¬nar a delicada situação consistente no fato de coexistirem duas modalidades de garantia: a legal e a contratual. Isso ocorre com frequência no âm-bito do mercado de consumo. O indivíduo compra, por exemplo, uma televisão, de determinada marca, com garantia contratual de 5 anos. Sem prejuízo de tal cláusula, entretanto, gozará também da garantia legal genérica, prevista pelo Código de Defesa do Consumidor para o caso de se verifi car defeito no produto adquirido (art. 26).Pois bem.Em tal circunstância, enquanto estiver em curso o prazo de garantia contratual, a garantia legal estará sobrestada, paralisada, ou seja, não correrá prazo decadencial algum em desfavor do adquirente.Todavia, verifi cado o defeito, o adquirente, por imperativo da boa-fé objetiva, deverá denunciá-lo (noticiá-lo) ao alienante, nos 30 dias seguintes ao descobrimento, sob pena de decadência”. (GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil - Teoria Geral dos Contratos - Vol. 4, Tomo 1. 11. Ed., São Paulo, Saraiva, 2015).

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Enunciado n˚ 05 – Superada a expectativa de vida útil do produto, considera-se consumado o prazo decadencial para o exercício do di-reito potestativo de reclamar, ainda que se trate daquele previsto no §3º do art. 26 do CDC. Trata-se de enunciado que vai ao encontro do princípio da razoabilidade, visando a evitar o indesejável abuso de direito (art. 187, Código Civil).

Enunciado n˚ 06 – Nas ações fundadas em responsabilidade civil ex-tracontratual, os juros de mora, incidentes sobre os valores devidos a título de indenização por danos morais ou materiais, devem ser cal-culados, sob a forma simples, no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da data da ocorrência do evento danoso. Juros é tema que, com frequência, acarreta, no intérprete, dúvidas e incertezas. Por conta disso, os enunciados 06, 07 e 08 objetivaram traçar diretrizes seguras, assentadas na jurisprudência predominante, para a adequada aplicação do instituto, tanto no âmbito da responsabilidade contratual, como no da responsabilidade extracontratual ou aquiliana.

Enunciado n˚ 07 – Nas ações fundadas em responsabilidade civil con-tratual, tratando-se de obrigação positiva e líquida, os juros de mora devem ser calculados, sob a forma simples, no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da data do inadimplemento, salvo norma especial em contrário. Ver comentário anterior.

Enunciado n˚ 08 – Nas ações fundadas em responsabilidade civil contratual, não se tratando de obrigação positiva e líquida, inexistindo fato anterior constitutivo da mora, os respectivos juros devem ser con-tados a partir da data da citação, sob a forma simples, no percentual de 1% (um por cento) ao mês, salvo norma especial em contrário. Ver comentário anterior

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Enunciado n˚ 09 – Ressalvada a hipótese de condenação por dano moral, a correção monetária deve ser contada desde a data do venci-mento da obrigação ou da efetiva confi guração do prejuízo. Ressalvada a orientação da Súmula 362 do STJ (“A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”), o presente enunciado especifi ca o termo inicial para o cálculo da cor-reção monetária, visando, com isso, a evitar imprecisões nos julgados.

Enunciado n˚ 10 – Em ação de cobrança de taxa condominial, ex-istindo, na convenção de condomínio, disposição que estabeleça a re-sponsabilidade do devedor pelo pagamento de honorários do advoga-do contratado, devem eles, dada a sua natureza convencional, integrar o valor da condenação, a fi m de recompor integralmente o patrimônio do credor, em favor do qual deverão ser revertidos, sem prejuízo do quanto disposto no art. 55 da Lei n° 9.009/95. Este enunciado, es-clarecendo a distinção existente entre honorários contratuais e sucum-benciais, pretende, na perspectiva do princípio do “neminem laedere” (a ninguém é dado causar prejuízo a outrem), recompor integralmente o patrimônio do credor.

Enunciado n˚ 11 – É cabível a desconsideração da personalidade da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), instituí-da pela Lei nº 12.441 de 11 de julho de 2011, quando este tipo de pes-soa jurídica unipessoal for utilizada para a prática de ato abusivo ou fraudulento, nos termos dos arts. 50 do Código Civil e 28 do Código de Defesa do Consumidor. Cuida-se de enunciado que busca sintonia com moderna doutrina do Direito Empresarial, admitindo a aplicação do disregard à Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI).

Enunciado n˚ 12 – A excessiva e comprovada espera por atendimento em fi la de banco, em manifesto abuso de direito, causadora de dano material ou moral, poderá ensejar a responsabilidade civil do esta-belecimento bancário, sem prejuízo da eventual imposição da sanção administrativa correspondente.

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Enunciado n˚ 12 – A excessiva e comprovada espera por atendimento em fi la de banco, em manifesto abuso de direito, causadora de dano material ou moral, poderá ensejar a responsabilidade civil do esta-belecimento bancário, sem prejuízo da eventual imposição da sanção administrativa correspondente.

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II JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA

CORREGEDORIA-GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

Trata-se de enunciado que - a par de adotar cuidadosa redação, com o fi to de coibir demandas temerárias - visa a resguardar o direito do consumidor em face da prática de ato abusivo.

Fundamenta esta linha de pensamento a tese da “responsabilidade civ-il pela perda do tempo livre”, pioneiramente desenvolvida por MAR-COS DESSAUNE:

“Em perspectiva ‘estática’, o tempo é um valor, um relevante bem, passível de proteção jurídica.Durante anos, a doutrina, especialmente aquela dedicada ao estudo da responsabilidade civil, não cuidou de perceber a importância do tempo como um bem jurídico merecedor de indiscutível tutela.Sucede que, nos últimos anos, este panorama tem se modifi cado.As exigências da contemporaneidade têm nos defrontado com situ-ações de agressão inequívoca à livre disposição e uso do nosso tempo livre, em favor do interesse econômico ou da mera conveniência ne-gocial de um terceiro.E parece que, fi nalmente, a doutrina percebeu isso, especialmente no âmbito do Direito do Consumidor.(…)O desperdício injusto e ilegítimo do tempo, na seara consumerista, tem sido denominado de ‘Desvio Produtivo do Consumidor’, segundo preleção de MARCOS DESSAUNE, em excelente obra: ‘Mesmo que o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8,078/1990) preconize que os produtos e serviços colocados no mercado de consu-mo devam ter padrões adequados de qualidade, de segurança, de dura-bilidade e de desempenho – para que sejam úteis e não causem riscos ou danos ao consumidor – e também proíba, por outro lado, quaisquer práticas abusivas, ainda são ‘normais’ em nosso País situações nocivas como: - Enfrentar uma fi la demorada na agencia bancária em que, dos 10 guichês existentes, só há dois ou três abertos para atendimento ao público (…)” (STOLZE, Pablo. Responsabilidade civil pela perda do tempo . Revis-ta Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3540, 11 mar. 2013. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/23925>. Acesso em: 29 nov. 2015).

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práticas abusivas, ainda são ‘normais’ em nosso País situações nocivas como: - Enfrentar uma fi la demorada na agencia bancária em que, dos 10 guichês existentes, só há dois ou três abertos para atendimento ao público (…)” (STOLZE, Pablo. Responsabilidade civil pela perda do tempo . Revis-ta Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3540, 11 mar. 2013. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/23925>. Acesso em: 29 nov. 2015).

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II JORNADA DE DIREITO DE FAMÍLIA

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PROPOSTAS NÃO SUBMETIDAS À VOTAÇÃO

Enunciado n˚ 13 – Em contratos de promessa de compra e venda de imóvel, é abusiva a cláusula que autorize o promitente vendedor a retardar a entrega da unidade por prazo superior ao estabelecido con-tratualmente. A plenária deliberou que a presente proposta de enun-ciado fosse submetida à análise e discussão em próxima jornada, para melhor refl exão e amadurecimento acerca do tema.

Enunciado n˚ 14 – Em caso de anotação indevida em Sistema de Pro-teção ao Crédito, decorrente do uso de nome de quem não mantenha vínculo contratual com o responsável pela informação, os juros legais começam a incidir a partir da data da inscrição. A plenária entendeu que esta proposta perdeu objeto em face da aprovação do enunciado n. 6.

Enunciado n˚ 15 – É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que nega a cobertura para a realização de fertilização “in vitro”. ouNão é abusiva a a cláusula contratual de plano de saúde que nega a cobertura para a realização de fertilização “in vitro”. ouEmbora abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que nega a cobertura para a realização de fertilização “in vitro”, a operadora so-mente estará obrigada a arcar com os custos de três tentativas de con-cepção.

A plenária deliberou que as presentes propostas de enunciados fossem submetidos à análise e discussão em próxima jornada, para melhor refl exão e amadurecimento acerca do tema.Dada a natureza da matéria que, ultrapassando as fronteiras do Direito, avança nos domínios da Medicina, sugeriu-se que, na oportunidade da próxima Jornada, fosse convidado um especialista em reprodução humana para subsidiar os debates, antes da votação.

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refl exão e amadurecimento acerca do tema.Dada a natureza da matéria que, ultrapassando as fronteiras do Direito, avança nos domínios da Medicina, sugeriu-se que, na oportunidade da próxima Jornada, fosse convidado um especialista em reprodução humana para subsidiar os debates, antes da votação.

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