cartilha terceiro setor e oscips

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  • 8/14/2019 Cartilha Terceiro Setor e Oscips

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    CARTILHA TERCEIRO SETOR E OSCIPs

    NDICE

    1. Introduo

    2. O que Terceiro Setor

    3. O que OSCIP

    4. O Que Lucro, Finalidade Lucrativa e Remunerao

    5. Especificidades das OSCIPs

    5.1 Constituio, Estatuto e Dirigentes De Uma Organizao

    5.2 Regulamentao e Procedimento Especficos Para Oscips

    5.3 Termo de Parceria

    5.4 Imunidade Tributria, Iseno De Imposto De Renda,Remunerao De Dirigentes e Financiamento

    6. Dicas e Breve Concluso

    7. Notas

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    1. INTRODUO

    Essa mini-cartilha sobre Terceiro Setor e as OSCIPs traz, no incio, umaconceituao bsica sobre esses temas e o contexto em que se apresentam.Em seguida, busca tambm explicar conceitos bastante presentes no universodo terceiro setor, como lucro, finalidade lucrativa e remunerao.

    Feitas as explicaes conceituais, parte-se para as informaes prticase funcionais sobre constituio de uma associao, elaborao do estatuto eformao do quadro de dirigentes. A partir dessas noes, foram expostos osprocedimentos especficos para a regularizao de uma OSCIP.

    Ao se conhecer todas essas informaes, importante esclarecer eexplicar mais detalhadamente o denominado Termo de Parceria criado pelalei das OSCIPs. Finalmente, mais alguns conceitos so explicados para que seentenda o funcionamento e possibilidades trazidas pela OSCIP, como

    imunidade tributria, iseno de imposto de renda, remunerao dedirigentes e financiamento.

    Por fim, h algumas dicas sobre sites e possibilidades de atualizao deconhecimento a cerca do terceiro setor e uma breve concluso sobre apossibilidade de criao de uma OSCIP.

    2. O QUE TERCEIRO SETOR

    Para entendermos o que o Terceiro Setor devemos localizaranteriormente quais so o Primeiro Setor e o Segundo Setor .

    Na conceituao tradicional, o primeiro setor o Estado , representadopor entes polticos (Prefeituras Municipais, Governos dos Estados e Presidnciada Repblica), alm de entidades a estes entes ligados (Ministrios,Secretarias, Autarquias, entre outras). Quer dizer, chamamos de primeirosetor o setor pblico, que obedece ao seu carter pblico e exerce atividadespblicas.

    O segundo setor o Mercado (Empresas), composto por entidadesprivadas que exercem atividades privadas , ou seja, atuam em benefcio prprioe particular.

    Falando em termos financeiros, o Estado (1 o setor) aplica o dinheiropblico em aes para a sociedade. O Mercado (2 o setor) investe o dinheiroprivado nas suas prprias atividades.

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    O Terceiro Setor composto de por organizaes privadas sem finslucrativos, que atuam nas lacunas deixadas pelos setores pblico e privado,buscando a promoo do bem-estar social. Quer dizer, o terceiro setor no nem pblico nem privado , um espao institucional que abriga entidades

    privadas com finalidade pblica . Esta atuao realizada por meio daproduo de bens e prestao de servios, com o investimento privado na reasocial.

    Isso no significa eximir o governo de suas responsabilidades, masreconhecer que a parceria com a sociedade permite a formao de umasociedade melhor. Portanto, o Terceiro Setor no , e no pode ser, substitutoda funo do Estado. A idia de complementao e auxlio na resoluo deproblemas sociais.

    Para comparar com os termos financeiros anteriormente explicados, nocaso do Terceiro Setor utiliza-se o dinheiro privado em atividades pblicas.Essa tabela vai ajudar a compreender tal diviso:

    Setor Recurso Fim

    1o setor (Estado) Pblico Pblico

    2o setor (Mercado) Privado Privado

    3o setor (Sociedade Civil) Pblico e Privado Pblico

    Exemplos de organizaes do Terceiro Setor so as organizaes nogovernamentais (ONGs), as cooperativas, as associaes, fundaes,institutos, instituies filantrpicas, entidades de assistncia social e, hoje emdia, tambm as Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico(OSCIPs) . Todas so entidades de interesse social, e apresentam, comocaracterstica em comum, a ausncia de lucro e o atendimento de fins pblicose sociais.

    Ou seja, existem diversas formas de entidades do Terceiro Setor. Aquiser apresentada uma opo: as OSCIPs, por ser mais adequada s atividadesrealizadas pelo grupo.

    3. O QUE OSCIP

    A lei que regula as OSCIPs a 9.790 de 23 maro de 1999. Esta lei traza possibilidade das pessoas jurdicas (grupos de pessoas ou profissionais) dedireito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo Poder Pblico, como

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    Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico - OSCIPs e poderem comele relacionar-se por meio de parceria , desde que os seus objetivos sociais e asnormas estatutrias atendam os requisitos da lei.

    Um grupo recebe a qualificao de OSCIP depois que o estatuto dainstituio que se pretende formar tenha sido redigido (pelos membros destegrupo conjuntamente com a assessoria jurdica) e seja analisado e aprovadopelo Ministrio da Justia. Para tanto necessrio que o estatuto atenda acertos pr-requisitos que esto descritos nos artigos 1, 2, 3 e 4 da lei 9790/99,conforme se ver a seguir.

    Pode-se dizer que as OSCIPs so o reconhecimento oficial e legal maisprximo do que modernamente se entende por ONG, especialmente porqueso marcadas por uma extrema transparncia administrativa. Contudo, como

    j falamos, ser uma OSCIP uma opo institucional, no uma obrigao.

    Em geral, o poder pblico sente-se muito vontade para se relacionarcom esse tipo de instituio, porque divide com a sociedade civil o encargo defiscalizar o fluxo de recursos pblicos em parcerias. Quer dizer, a OSCIP umaorganizao da sociedade civil que, no caso de parceria com o poder pblico,utilizar tambm recursos pblicos para suas finalidades, dividindo dessaforma o encargo administrativo e de prestao de contas.

    Assim, pode-se dizer que OSCIPs so ONGs, criadas por iniciativaprivada, que obtm um certificado emitido pelo poder pblico federal aocomprovar o cumprimento de certos requisitos, especialmente aquelesderivados de normas de transparncia administrativas. Em contrapartida,podem celebrar com o poder pblico os chamados termos de parceria , que souma alternativa interessante aos convnios para ter maior agilidade e

    razoabilidade em prestar contas.

    4. O QUE LUCRO, FINALIDADE LUCRATIVA E REMUNERAO

    O lucro, em Direito, tudo que excede o custo de uma operao, oresultado positivo de uma atividade. Em outras palavras, lucro o dinheiro quesobra das atividades realizadas pela sociedade. possvel, e at comum, queuma entidade sem fins lucrativos obtenha lucro. Vejam as campanhas, porexemplo, nas quais se vendem camisetas, CDs, lembranas etc. A vendarealizada por meio de intermediao atividade comercial, e o resultadofinanceiro positivo obtido entre o custo de compra e produo e a venda olucro. Contudo, a finalidade lucrativa no depende da existncia eventual delucro, mas de sua destinao.

    A finalidade lucrativa (e a finalidade no lucrativa, por conseqncia)depende do destino que se d ao lucro obtido nas atividades da entidade. Seos scios tm direito ao lucro, ou seja, o que sobra do dinheiro que entrou

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    atravs daquele trabalho dividido entre as pessoas envolvidas, existefinalidade lucrativa. Caso contrrio, no existe finalidade lucrativa.

    A caracterizao de finalidade lucrativa depende de quem se beneficia dolucro. Uma organizao que tem o objetivo de alcanar este resultado positivo- o lucro - e distribu-lo entre seus scios e dirigentes uma empresa com finslucrativos. Para ser uma entidade sem fins lucrativos, uma organizao deveinvestir seu eventual lucro diretamente em sua misso institucional, em seuobjeto social, a prpria razo de sua existncia. Portanto, no que no possaentrar dinheiro a mais como retorno do prprio trabalho, isso quer dizerapenas que este dinheiro deve ser reinvestido na prpria ao que o estgerando.

    Finalidade no lucrativa no se confunde ainda com inexistncia deatividade econmica. A primeira, como vimos, diz respeito ao destino que sed ao lucro. Assim, ter finalidade no lucrativa no significa que no se poderealizar atividade econmica, mas sim, que no distribua seus resultados entreseus scios.

    Logo, devemos prestar ateno no estatuto para no confundir"finalidade" com "atividade". A finalidade da instituio deve ser descrita comoa sua misso, o motivo pelo qual ela existe. Depois, em artigos separados,devem ser descritas as atividades que se pretende efetuar na ONG, de talmaneira que no se possa alegar que a instituio tem finalidade econmica.

    Alm disso, importante frisar que lucro no remunerao.Remunerao o que recebemos em contrapartida a servios prestados, no oexcedente de uma atividade econmica. Todo profissional, para trabalhar temdireito a receber um salrio ou uma bonificao pela sua tarefa.

    5. ESPECIFICIDADES DAS OSCIPs

    5.1. CONSTITUIO, ESTATUTO E DIRIGENTES DE UMA ORGANIZAO

    A OSCIP uma forma de associao, ou seja, uma pessoa jurdicacriada a partir da unio de idias e esforos de pessoas em torno de umpropsito que no tenha finalidade lucrativa.

    Para criar uma associao, necessrio reunir em assemblia pessoasmaiores de 18 anos que tenham o propsito de associar-se para determinadafinalidade no lucrativa. Essa assemblia no tem exigncias formais para terincio, podendo ser realizada em qualquer lugar, e no necessita deconvocao escrita ou pela imprensa. uma simples reunio das pessoasinteressadas em resolver um mesmo tipo de problema.

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    Reunidos os convidados, algumas regras so impostas e a partir dissoalguns passos devem ser seguidos conforme os critrios legais i. A Assembliadiscutir a cerca do objetivo e dos propsitos da associao, e aprovar o seuestatuto, que dever ser simples e claro, conforme previses legais ii. Almdisso, o estatuto precisa conter desde esse momento os requisitos necessriospara a qualificao de OSCIP, como se ver adiante.

    Recomenda-se que os objetivos descritos no Estatuto sejam amplos,para dar maior liberdade de atuao associao. Isso quer dizer que o maisindicado , ao invs de descrever minuciosamente os objetivos e formas deatuao da organizao, detalhando as aes especficas, que se faa umadescrio ampla das atividades e objetos a serem trabalhados. Isto importante para dar margem de crescimento e reformulao da idia inicial emfuno da experincia.

    A partir da aprovao do estatuto, haver eleio dos integrantes docorpo diretivo da entidade para cumprir o primeiro mandato iii. Por fim, deve serlavrada a ata de assemblia de constituio, tambm com requisitosespecficosiv.

    A existncia jurdica da associao ter incio somente quando o grupotiver em mos o registro dos atos constitutivos no Cartrio de Registro dePessoas Jurdicas da comarca da sede da entidade, procedimento que em geraldemora cerca de uma semana. Dever ser feito um requerimento v para oregistro, assinado por pessoa competente da associao (quer dizer, eleitaentre os membros do grupo para esse fim), seguindo as exigncias legais e doCartrio.

    Obtido o registro vi, dever ser providenciada a inscrio no CNPJ (antigoCGC) e na Prefeitura, bem como nos demais rgos de controle (no caso devocs, a Secretaria de Educao).

    5.2. REGULAMENTAO E PROCEDIMENTO ESPECFICOS PARA OSCIPs

    Para uma associao sem fins lucrativos se qualificar como OSCIP eladeve:

    1. No ter fins lucrativos :

    Como vimos, isso significa que a organizao no pode distribuir oslucros entre os seus scios ou associados, conselheiros, diretores, empregadosou doadores. Ou seja, todo o dinheiro que sobrar das atividades realizadasdeve ser reinvestido na prpria organizao (por exemplo, em equipamentos,sala, materiais ou novos profissionais). Isso no quer dizer que no pode haverremunerao, como discutiremos mais adiante.

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    2. No ter uma das formas de pessoas jurdicas listadas pela lei :

    Pessoa Jurdica como se chama uma entidade. Quer dizer, umconceito que d personalidade a uma empresa ou a uma organizao, por

    exemplo. diferente de Pessoa Fsica, que so as pessoas como pessoas.Existem diversas formas de pessoas jurdicas, e algumas delas no

    podem obter a qualificao de OSCIP. No entanto essa restrio aplicadasomente quelas especificadas na lei - sociedades comerciais; sindicatos,associaes de classe ou de representao de categoria profissional;instituies religiosas; organizaes partidrias e assemelhadas, inclusive suasfundaes; entidades de benefcio mtuo destinadas a proporcionar bens ouservios a um crculo restrito de associados ou scios; entidades e empresasque comercializam planos de sade e assemelhados; instituies hospitalares

    privadas no gratuitas e suas mantenedoras; escolas privadas dedicadas aoensino formal no gratuito e suas mantenedoras; Organizaes Sociais;cooperativas; fundaes pblicas; fundaes, sociedades civis ou associaesde direito privado criadas por rgo pblico ou por fundaes pblicas;organizaes creditcias que tenham quaisquer tipo de vinculao com osistema financeiro nacional .

    3. Ter objetivos sociais que atendam a pelo menos uma das finalidadesdispostas na lei :

    A lei das OSCIPs determina que s ser possvel obter essa qualificaose a organizao tiver entre seus objetivos sociais uma das finalidades nelaprevistas

    I. promoo da assistncia social;II. promoo da cultura, defesa e conservao do patrimnio

    histrico e artstico;III. promoo gratuita da educao, observando-se a forma

    complementar de participao das organizaes de que trata estaLei;

    IV. promoo gratuita da sade, observando-se a formacomplementar de participao das organizaes de que trata estaLei;

    V. promoo da segurana alimentar e nutricional;VI. defesa, preservao e conservao do meio ambiente e promoodo desenvolvimento sustentvel;

    VII. promoo do voluntariado;VIII. promoo do desenvolvimento econmico e social e combate

    pobreza;IX. experimentao, no lucrativa, de novos modelos scio-

    produtivos e de sistemas alternativos de produo, comrcio,emprego e crdito;

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    X. promoo de direitos estabelecidos, construo de novos direitose assessoria jurdica gratuita de Interesse suplementar;

    XI. promoo da tica, da paz, da cidadania, dos direitos humanos,da democracia e de outros valores universais;

    XII. estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas,produo e divulgao de informaes e conhecimentos tcnicos ecientficos que digam respeito s atividades mencionadas nesteartigo.

    4. Expressar em seu estatuto todas as determinaes legais:

    Este item se refere a requisitos especficos e jurdicos sobre o que deveconter o estatuto da organizao. Estatuto um documento que contmdiversas especificaes sobre a organizao. Com o estatuto a organizao ficaregularizada juridicamente. necessrio o auxlio de um advogado para aredao e registro de um Estatuto.

    Dentre os requisitos, est a necessidade de obedincia a princpiosreferentes s associaes, adoo de prticas de gesto administrativa,formao de um Conselho Fiscal, destinao do patrimnio no caso de extinoda organizao, possibilidade de remunerao de dirigentes e obedincia snormas de prestao de contas vii.

    5. Apresentar cpia autenticada dos documentos exigidos:

    Assim como no item anterior, aqui a referncia basicamente jurdica.Para que se consiga a qualificao como OSCIP, a organizao de enviar ao

    Ministrio da Justia (rgo do Governo Federal que ir avaliar o requerimento)cpias de alguns documentos: estatuto registrado em Cartrio; ata de eleiode sua atual diretoria; balano patrimonial e demonstrao do resultado doltimo exerccio; declarao de iseno do imposto de renda; carto deinscrio no Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas CNPJ (antigo CGC) . Taisdocumentos podero organizados com o auxlio de um advogado e umcontador.

    6. Expressar em seu estatuto uma das duas opes possveis: noremunera os dirigentes, sob nenhuma forma; ou remunera os dirigentes que

    efetivamente atuam na gesto executiva da entidade ou lhe prestam serviosespecficos, de acordo com os valores praticados no mercado da regio ondeatua. Acredito que a opo do grupo de professores deva ser pelaremunerao, como vimos anteriormente.

    7. Enviar o pedido de qualificao para o Ministrio da Justia . Recebidoo pedido, o MJ tem trinta dias para aprov-lo ou no, e mais quinze dias para

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    publicar sua deciso (pelo deferimento ou no) no Dirio Oficial da Unio,mediante despacho do Secretrio Nacional de Justia.

    No caso de indeferimento da qualificao, o Ministrio da Justia enviapara as entidades um parecer identificando as exigncias que no foramcumpridas. Aps fazer as alteraes necessrias, de acordo com o parecerenviado pelo Ministrio, a entidade pode apresentar novamente a solicitaode qualificao como OSCIP a qualquer tempo.

    5.3 TERMO DE PARCERIA

    A lei 9.790/99 divide-se em dois temas: a criao do ttulo de OSCIP e acriao do Termo de Parceria. O Termo de Parceria uma metodologia nova derelacionamento entre o poder pblico e a sociedade civil, criada pela lei das

    OSCIPs.A inteno da criao do termo de parceria trazer uma adequao

    instrumental que permita um relacionamento transparente e mais razovelentre o terceiro setor e o setor pblico. Isso significa um relacionamentobaseado mais em resultados e eficcia do que em formalidades, mas semdesconsiderar as regras impostas pelo poder pblico.

    Neste sentido a Lei 9.790/99 criou o Termo de Parceria para ser umveculo legtimo e adequado ao repasse de verbas pblicas para entidades dedireito privado.

    Termos de Parceria, a rigor do texto da lei, podem ser celebrados emperodos de mais de um ano, maiores do que o exerccio fiscal e at do que operodo de troca de governos.

    O Termo de Parceria exige uma prestao de contas que privilegie osresultados efetivamente obtidos, de forma menos burocratizada, possibilitandoo concurso de projetos com a escolha da entidade mais capaz.

    O Decreto 3.100/99 trouxe como novidade a possibilidade de umamesma entidade ter mais de um Termo de Parceria em vigor,concomitantemente.

    Nesse sentido, o Termo de Parceria apresenta alguns requisitos mnimospara poder ser celebrado, como as clusulas essenciais viii que deve conter e osdocumentos especficos de prestao de contas ix.

    Quer dizer, o Termo de Parceria traz inovaes nas relaesOSCIP/Estado, permitindo um repasse de verbas que respeite a transparnciana gesto dos recursos, competio para acesso a eles e cooperao e parceriana execuo dos projetos. Esse instrumento contribui planejamento e

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    desenvolvimento de projetos mais objetivos e pragmticos, com melhoresndices de sucesso e efetividade nas suas aes.

    Nesse sentido, importante notar que se abre uma possibilidade deinterao com os rgos governamentais, como a Secretaria de EducaoMunicipal, por exemplo. A OSCIP pode estabelecer um termo de parceria coma Secretaria para a realizao, em conjunto, de um ou mais projetos.

    5.4. IMUNIDADE TRIBUTRIA, ISENO DE IMPOSTO DE RENDA,REMUNERAO DE DIRIGENTES E FINANCIAMENTO / OSCIPs

    Imunidade e Iseno

    As imunidades tributrias tm a natureza de limitar o poder de tributardo Estado e, portanto, constituem-se em garantia, patrimnio de direito decada cidado, da sociedade civil. Logo, quando no terceiro setor se fala dasimunidades tributrias estabelecidas na Constituio Federal, estamos falandode direitos que devem sob esse prisma ser exercidos, exigidos.

    Isenes, ao contrrio de imunidades, ocorrem quando o Estadopodendo tributar, resolve por bem no faz-lo. Esse fato significa um incentivoa certo tipo de gente ou atividade. Contudo, mesmo essa escolha do Estado limitada. No se deve incentivar sem critrios. No caso das organizaes doterceiro setor, estas prestam servios aos cidados e a toda sociedade que, porsua natureza deveriam ser de obrigao do Estado, por isso, podem sersujeitos de isenes tributrias.

    O Cdigo Tributrio Nacional determina trs requisitos para que aentidade faa jus imunidade tributria relativa s suas rendas, patrimnio eservios relacionados s atividades essenciais da entidade:

    - No distribuir qualquer parcela de seu patrimnio ou de suas rendas, aqualquer ttulo;

    - Aplicar integralmente, no pas, os seus recursos na manuteno dosseus objetivos institucionais;

    - Manter escriturao de suas receitas e despesas em livros revestidosde formalidades capazes de assegurar a sua exatido.

    Atualmente, as entidades de interesse social, sem fins lucrativos, cujoatendimento dirigia-se a fins pblicos e sociais podem receber a chamadaDeclarao de Utilidade Pblica Federal (DUP) e/ou obter a qualificao deOSCIP. Com isso, as doaes recebidas so deduzidas do imposto de renda dasempresas donatrias, o que estimula esse tipo de apoio do setor privado.Algumas so as diferenas entre a DUP e a qualificao de OSCIP, entre elas a

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    para a realizao de projetos da OSCIP. Alm disso, outras so aspossibilidades de financiamento, provenientes do setor privado.

    Feitas essas consideraes, podemos analisar as demais fontes definanciamento que a organizao pode obter. As pessoas fsicas no soautorizadas a deduzir de seu imposto de renda as doaes efetuadas aquaisquer entidades, sejam quais forem suas naturezas (filantrpica,educacional ou de assistncia social) ou ainda que reconhecidas como deutilidade pblica. evidente que tais doaes podem ocorrer de qualquerforma. No entanto, no tero qualquer vantagem fiscal.

    J as pessoas jurdicas contam com mais incentivos federais doao. ALei 9.249/95, com redao alterada por uma Medida Provisria x, permite adeduo no Imposto de Renda das Pessoas Jurdicas at o limite de 2% sobreo lucro operacional das doaes efetuadas s OSCIPs. Alm disso, as empresasse interessam pela publicidade que estas doaes podem dar a elas. umagrande porta para obteno de recursos junto s empresas.

    Isso quer dizer que quaisquer empresas podem disponibilizar recursospara a OSCIP, sejam grandes ou pequenas. Para isso, normalmente escreve-seum projeto e se envia para a empresa, requerendo determinado recurso (quepode ser dinheiro ou bens, por exemplo). A empresa avalia se interessa a elaajudar aquele projeto e por fim disponibiliza os recursos, conforme osrequisitos da lei, podendo obter iseno fiscal.

    Fora os recursos doados por empresas, inmeras so as oportunidadesde financiamento de Fundaes privadas nacionais e internacionaisespecialmente criadas para esse fim. Possuem profissionais que compreendemmuito bem o sentido do terceiro setor. A maioria delas tem um processo desolicitao padro que pode ser obtido atravs da home-page (pgina nainternet da fundao) ou por um pedido simples por telefone ou carta. Amaioria delas possui modelos de formulrios de solicitao de recursos quesolicitam apresentao de justificativa, objetivo, avaliao de resultados etc.Os projetos costumam ser de um a trs anos e os recursos visam contribuirpara a busca da auto-sustentao financeira.

    Uma boa forma de captao de recursos a realizao de eventos. Seforem bem organizados, alm de angariar fundos, podem ser teis paradivulgar a causa, a misso e os projetos da organizao, alm de reconhecerdoadores e captar voluntrios. Muitas organizaes tendem a desenvolverprojetos que possam gerar receita prpria e, se possvel, que seja a fonte

    principal de seus recursos. Ou seja, tornam-se auto-sustentveis.

    6. DICAS E BREVE CONCLUSO

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    Existem diversos sites relacionados ao terceiro setor que devem servisitados de vez em quando. Esses sites trazem informaes diversas, comocursos, eventos, oportunidades e inmeros temas relacionados ao terceirosetor.

    extremamente importante se manter atualizado com o que acontecenessa rea. Alm disso, esses sites podem trazer novidades importantes, comoa realizao de um curso de captao de recursos ou um novo concurso parafinanciamento de projetos, por exemplo.

    Uma boa iniciativa cadastrar o endereo de e-mail na lista dessessites. Periodicamente eles enviam um boletim eletrnico com as principaisnovidades. Dois sites tm um bom servio nesse aspecto: www.rits.org.br ewww.setor3.com.br .

    Alm disso, outros sites podem ser visitados para obteno deinformaes sobre o terceiro setor e temas relacionados:www.comunidadesolidaria.org.br/ www.andi.org.br / www.dhnet.org.br /www.idis.org.br / www.rets.org.br / www.vivafavela.com.br / / www.gef.org.br

    / www.comcat.org.br / www.brazilfoundation.org/index_pt_b.html /www.gife.org /

    Finalizando importante pensar que o terceiro setor uma porta que seabre para a formao de uma sociedade melhor. A profissionalizao dessarea traz novas possibilidades de trabalho e facilita o envolvimento narealizao dos objetivos sociais.

    No princpio pode parecer complicado comear uma organizao nova,mas na verdade no nada que pessoas preparadas e capacitadas noconsigam fazer tranqilamente. Os obstculos sempre aparecem, assim comoas solues.

    7. NOTAS

    i Antes do incio dos debates, dever ser formada uma mesa diretora para conduzir deforma mais eficiente as discusses. Ela dever ser composta, no mnimo, por umpresidente dos trabalhos e um secretrio, que lavrar a ata, a ser eleita pelos

    presentes em votao simples.ii O Estatuto dever conter as seguintes previses:

    - a denominao, os fins, a sede e o tempo de durao da associao;- as condies para admisso, demisso e excluso do quadro social e,

    eventualmente, as categorias de associados;- os direitos e deveres dos associados; as fontes de recursos financeiros para a

    manuteno da entidade e seus objetivos, que podero contemplarmensalidades;

    http://www.rits.org.br/http://www.setor3.com.br/http://www.comunidadesolidaria.org.br/http://www.andi.org.br/http://www.dhnet.org.br/http://www.idis.org.br/http://www.rets.org.br/http://www.vivafavela.com.br/http://www.gef.org.br/http://www.comcat.org.br/http://www.brazilfoundation.org/index_pt_b.htmlhttp://www.gife.org/http://www.gife.org/http://www.brazilfoundation.org/index_pt_b.htmlhttp://www.comcat.org.br/http://www.gef.org.br/http://www.vivafavela.com.br/http://www.rets.org.br/http://www.idis.org.br/http://www.dhnet.org.br/http://www.andi.org.br/http://www.comunidadesolidaria.org.br/http://www.setor3.com.br/http://www.rits.org.br/
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    - as atribuies e a forma de composio e funcionamento dos rgos de direo,com a recomendao de nmeros mpares de participantes, a deliberao emvoto unitrio e a eleio para mandatos de no mximo trs anos;

    - a representao ativa e passiva da entidade em juzo e fora dele, em geralexercida pelo presidente;

    - a (no) responsabilidade subsidiria dos associados pelas obrigaes assumidaspela associao; as condies para alterao do Estatuto;- as causas para dissoluo da entidade e o destino a ser dado ao patrimnio

    social.- as condies para a alterao das disposies estatutrias e para a dissoluo- Por fim deve conter os requisitos especficos para obter a qualificao de OSCIP

    (como se ver).iii O presidente dos trabalhos dever empossar formalmente os eleitos em seus cargos.No possvel que uma mesma pessoa ocupe em rgos da administrao cargos queexeram fiscalizao recproca, tais como diretoria e conselho fiscal.iv Tais requisitos so: identificao de todos os presentes e a transcrio dos fatos

    ocorridos, o texto integral do estatuto aprovado e a relao dos dirigentes eleitos, como relato de sua posse. Todos os presentes e, principalmente, os eleitos, devero sercorretamente qualificados, com nome, nacionalidade e inscrio no CPF (obrigatriopara os dirigentes).v O requerimento dever ser assinado por pessoa com poderes de representao legalda entidade (conforme previsto no estatuto). comum que este requerimento sejaacompanhado de duas vias da ata da assemblia de constituio da entidade,devidamente visadas por advogado regularmente inscrito na OAB.vi O registro declarar: I) a denominao, os fins, a sede, o tempo de durao e ofundo social, quando houver; II) o nome e a individualizao dos fundadores ouinstituidores e dos diretores; III) o modo por que se administra e representa, ativa e

    passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV) se o ato constitutivo reformvel notocante administrao e de que modo; V) se os membros respondem ou no,subsidiariamente, pelas obrigaes sociais; VI) as condies de extino da pessoa

    jurdica e o destino do seu patrimnio, nesse caso.vii O Estatuto de uma entidade que pretende obter a qualificao de OSCIP deveconter, alm dos requisitos legais e gerais para todas as associaes, os seguintesitens:

    - a observncia dos princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade,publicidade, economicidade e eficincia;

    - a adoo de prticas de gesto administrativa, necessrias e suficientes paracoibir a obteno, de forma individual ou coletiva, de benefcios ou vantagenspessoais, at parentes do terceiro grau, ou em favor de pessoas jurdicasvinculadas, em decorrncia da participao no respectivo processo de deciso;- a constituio de conselho fiscal dotado de competncia para opinar sobredemonstraes financeiras, emitindo pareceres aos rgos superiores daentidade;

    - a previso de que, em caso de dissoluo da entidade, o respectivo patrimniolquido seja transferida a outra entidade qualificada nos termos da mesma lei,preferencialmente com objeto social assemelhado ao da extinta;

  • 8/14/2019 Cartilha Terceiro Setor e Oscips

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    - a previso de que, na hiptese de perda de qualificao de que trata a lei, opatrimnio amealhado com recursos pblicos durante o perodo de qualificaoseja revertido a outra entidade qualificada;

    - as normas de prestao de contas a serem observadas pela entidade, que, nomnimo, atendero aos princpios fundamentais da contabilidade e s Normas

    Brasileiras de Contabilidade, sero objeto de divulgao pblica por qualquermeio eficaz, at mesmo com certides negativas de tributos, FGTS e INSS, esero objeto de auditoria nos termos do regulamento.

    viii So seis as clusulas especiais do Termo de Parceria:a) a do objeto, contendo a especificao do programa de trabalho;b) a de estipulao das metas e dos resultados a serem atingidos e osrespectivos prazos de execuo ou cronograma;c) a de previso expressa dos critrios objetivos de avaliao de desempenho aserem utilizados, mediante indicadores de resultado;d) a de previso de receitas e despesas a serem realizadas em seucumprimento;e) a que estabelece as obrigaes da OSCIP, entre as quais a de apresentar aoPoder Pblico, ao trmino de cada exerccio, relatrio sobre a execuo doobjeto do Termo de Parceria, contendo comparativo especfico das metaspropostas com os resultados alcanados, acompanhado de prestao de contasdos gastos e receitas efetivamente realizados;f) a de publicao, na imprensa oficial, conforme o alcance das atividadescelebradas entre os parceiros, de extrato do Termo de Parceria e dedemonstrativo da sua execuo fsica e financeira, conforme modelosimplificado.

    ix A Prestao de Contas deve conter:1 - relatrio anual de execuo de atividades;2 - demonstrao de resultados do exerccio;

    3 - balano patrimonial;4 - demonstrao das origens e aplicaes de recursos;5 - demonstrao das mutaes do patrimnio social;6 - notas explicativas das demonstraes contbeis, caso necessrio; e7 - parecer e relatrio de auditoria nos termos do art. 20 do Decreto 3100/99,se for o caso previsto em lei.

    x Medida Provisria n 2158-34/01