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Instruções Práticas para o Cultivo do Abacaxi em Conceição do Araguaia - Pará GUIA DO PRODUTOR GUIA DO PRODUTOR GUIA DO PRODUTOR

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Instruções Práticas para o Cultivo do Abacaxi em

Conceição do Araguaia - Pará

GUIA DO PRODUTORGUIA DO PRODUTORGUIA DO PRODUTOR

Instruções Práticas para o

Cultivo do Abacaxi em Conceição do Araguaia - Pará

GUIA DO PRODUTOR

Conceição do Araguaia – PA

2017

Secretaria de Desenvolvimento

Agropecuário e de Pesca

Autores

Aristoteles Pires de Matos

Engenheiro Agrônomo, PhD em Fitopatologia,

Pesquisador da Embrapa Mandioca e

Fruticultura, Caixa Postal 007; CEP 44380-000 –

Cruz das Almas-BA

E-mail: [email protected]

Geraldo Tavares

Engenheiro Agrônomo, MSc em Fertilidade do

solo, Gerente de Fruticultura da Secretaria de

Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da

Pesca, Trav. Do Chaco 2232, Marco CEP xxxxx-

xxx – Belém-PA

E-mail: [email protected]

Stella de Castro Santos Machado

Engenheiro Agrônomo, MSc em Fitopatologia,

Professora do Instituto Federal do Pará, Campus

de Conceição do Araguaia, Rua 22, s/número,

Chácara Primavera, Bairro Tancredo Neves; CEP

68.540-000 – Conceição do Araguaia-PA E-mail:

[email protected]

Antônio Humberto Simão

Engenheiro Agrônomo, MSc em Irrigação, Fiscal

Federal Agropecuário, Superintendência Federal

de Agricultura do Tocantins, Av. NS 1 201 Sul,

Conj. 2, lote 02; CEP – 77015-202 – Palmas-TO

E-mail: humberto.simã[email protected]

Nilton Fritzons Sanches

Engenheiro Agrônomo, MSc em Entomologia,

Pesquisador da Embrapa Mandioca e

Fruticultura, Caixa Postal 007; CEP 44380-000 –

Cruz das Almas-BA

E-mail: [email protected]

APRESENTAÇÃO:

O Governo do Estado do Pará,

através da SEDAP-Secretaria Estadual de

Desenvolvimento da Agricultura e Pesca

e apoio dos órgãos estaduais, Emater e

Adepará, da Prefeitura Municipal e do

Instituto Federal do Pará, iniciou em 2016

o Programa de Produção Integrada do

Abacaxi nas regiões da Joncon e

Bradesco.

Esta publicação é parte do

programa e faz chegar à mão do produtor

um conjunto de tecnologias para que seja

produzido um abacaxi de melhor

qualidade, com menores custos e com

menores danos ao meio ambiente,

obedecendo os conceitos da Produção

Integrada de Frutas.

Sumário

CONHECENDO O ABACAXI 8

Quais são os principais usos? 8

Quais as exigências climáticas do abacaxi? 9

Quais variedades são mais plantadas? 10

COMO COLETAR AMOSTRAS DE SOLO E FAZER A

CORREÇÃO DA ACIDEZ 11

COMO PREPARAR O SOLO 13

COMO OBTENÇÃO E SELECIONAR AS MUDAS 15

COMO PLANTAR 18

ADUBAÇÃO 21

COMO FAZER O CONTROLE DO MATO 24

COMO IRRIGAR O ABACAXI 26

O QUE É A INDUÇÃO FLORAL DO ABACAXI 28

MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS E DOENÇAS DO

ABACAXI� 33

PRAGA: Broca do fruto 36

DOENÇA: Murcha associada à cochonilha 38

DOENÇA: Fusariose 40

DOENÇA: Podridão do olho 43

QUEIMA SOLAR 45

ALGUNS CUIDADOS NO MANUSEIO E

APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS 47

COLHEITA 49

Referências Bibliográicas 52

CONHECENDO O ABACAXI

Þ O abacaxi é uma planta tropical

Þ É cultivado em todos os estados do Brasil, com destaque para o Pará, maior produtor nacional,

Þ A variedade Pérola é a mais

cultivada no Brasil devido à qualidade do fruto,

Þ No Pará a produção é vendida

na entressafra brasileira, o que torna a abacaxicultura bastante rentável.

Quais são os principais usos?

Þ É consumido principalmente

como fruta fresca

Þ Pode ser processado, especialmente para a

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fabricação de suco concentrado para exportação

Þ Os restos culturais do

abacaxizeiro podem ser utilizados na alimentação animal.

Quais as exigências climáticas do

abacaxi?

Þ Se desenvolve melhor em

lugares quentes, com temperatura entre 18 a 45ºC.

Þ O abacaxi tolera bastante a seca, mas produz melhor com 1.200 mm de água bem distribuídos durante o ano. Essa é a quantidade de água que deve ser jogada quando a lavoura é irrigada.

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Quais variedades são mais plantadas?

Þ As principais variedades cultivadas no Brasil são a Pérola e a Smooth Cayenne ou Havaiano. Outras variedades são cultivadas em menor escala como BRS Imperial, Gold, Quinari e Turiaçu, entre outras.

Þ� Pérola é a variedade preferida pelo consumidor brasileiro, e também a mais plantada no País. É uma planta de porte médio, folhas verde escuro com espinhos nas bordas, pedúnculo longo, produz muitos filhotes e o fruto é de excelente sabor.

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Figura 1. Variedades Pérola, Jupi, Cayenne (Ilustração: ????).

COMO COLETAR AMOSTRAS DE SOLO E FAZER A CORREÇÃO DA ACIDEZ

Þ A coleta de amostras deve ser feita antes de qualquer preparo de solo, pelo menos 3 meses antes do plantio.

Þ� Para abacaxi a coleta é feita de 0 – 20 cm, seguindo-se as recomendações da assistência técnica. É muito importante

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fazer uma coleta de forma correta para que o resultado realmente mostre a situação da fertilidade e da acidez do solo da área.

Þ O abacaxi se desenvolve bem em solos com pH de 4,5 a 5,5. Um agrônomo deve verificar na análise do solo se há necessidade de correção e calcular a quantidade de calcário a ser jogada.

Þ Caso seja indicada pela análise do solo, a correção da acidez deverá ser feita dois meses antes do plantio, com a aplicação e incorporação de calcário dolomítico (rico em Cálcio e Magnésio).

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COMOPREPARAROSOLO

Þ Como as mudas não protegem bem o solo contra erosão, o abacaxi deve ser plantado somente em área plana ou levemente ondulada (declividade menor que 5%).

Þ O solo deve ser profundo e com textura média (areno-argilosa).

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Þ A área deve ter boa drenagem, ou seja, não ficar encharcada por muitas horas. Em locais muito úmidos o aparecimento de doenças pode destruir a lavoura.

ÞEm áreas para primeiro plantio é feita a destoca, roçagem, aração e gradagem. Nos plantios seguintes, só aração e gradagem, ou só gradagem em solos arenosos.

Þ�IMPORTANTE: não queimar os restos de cultura e sim incorporar ao solo para os nutrientes sejam aproveitados pela nova lavoura e para melhorar o teor de matéria orgânica do local.

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Þ�Não se esqueça que para limpar ou abrir área e fazer preparo do solo deve-se obedecer a legislação ambiental vigente, buscando as licenças de operação na Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade.

COMOOBTENÇÃOESELECIONAR

ASMUDAS

Þ O abacaxi produz os seguintes tipos de mudas: coroas, filhotes, rebentões e filhote rebentão

Þ� Filhote é o tipo de muda mais usado nos plantios com a variedade Pérola por ser

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produzido em grande quantidade.

Þ Só devem ser usadas mudas obtidas de plantios onde problemas com pragas, doenças e sementes de ervas daninhas, não ocorreram ou a ocorrência foi baixa. Todos esses problemas serão levados pelas mudas de abacaxi para o novo plantio.

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Þ� Depois de colhido o fruto, as mudas ficam na planta até atingirem o tamanho ideal. Este período é chamado “Ceva”.

Þ�Atingido o tamanho mínimo de 25 cm, as mudas são colhidas e deixadas no sol por alguns dias para a cicatrização do corte. Essa fase é chamada “Cura” e é importante porque facilita o aparecimento dos sintomas de doenças e o descarte das mudas ruins na hora da seleção.�

Þ�Antes do plantio as mudas devem ser selecionadas, descartando aquelas muito pequenas, com sintomas de

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doenças ou com presença de resina.

Þ�Durante a seleção também fazemos a classificação das mudas por tamanho, separando em pequenas (até 25 cm), médias (25 a 40 cm) e grandes (mais de 40 cm)

Þ��O plantio deve ser feito em talhões com mudas de mesmo tamanho.

COMOPLANTAR

Þ O plantio pode ser em fileiras simples ou duplas, em covas ou em sulcos.

Þ� Os espaçamentos mais utilizados em fileiras simples são:

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- 0,90 m x 0,30 m (37.037 plantas/ha),

- 0,90 m x 0,40 m (27.777 plantas/ha)

- 1,00 m x 0,30 m (33.333 plantas/ha)

Þ�Para fileiras duplas os mais suados são:

- 1,00 m x 0,50 m x 0,40 m (33.333 plantas/ha)

- 1,20 m x 0,40 m x 0,40 m (31.250 plantas/ha)

- 1,20 m x 0,40 m x 0,30 m m (41.666 plantas/ha).

Þ� Especificamente para os plantios em fileiras duplas recomenda-se que as mudas de

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uma linha sejam plantadas alternadas em relação às plantas da outra linha, de maneira que as mudas fiquem “descasadas” (Figura 1).

Þ A profundidade do plantio deve ser de 7 a 10 cm

Þ Tomar o cuidado de não deixar cair terra no olho da planta para evitar seu apodrecimento e morte.

Figura 1. Sistema de plantio em fileiras simples (A) e duplas (B) evidenciando a distribuição triangular

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das plantas (Ilustração: Maria da Conceição Borba).

ADUBAÇÃO

Þ A adubação deve ser feita sempre de acordo com a análise do solo.

Þ� É recomendável que todo fósforo seja aplicado ao solo antes do plantio ou até 15dias após.

Þ�O nitrogênio e potássio devem ser aplicados de maneira parcelada durante o ciclo da cultura. Esse parcelamento pode variar de três a cinco ou mais vezes

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Þ�A última aplicação de adubo deve ser feita um mês antes da indução floral.

Þ�O abacaxizeiro aproveita melhor o adubo quando este é aplicado antes do florescimento.

Þ�A adubação feita próximo à indução aumenta o número de falhas, pois a planta será estimulada a crescer.

Þ�A adubação após a indução é indicada somente nos casos em de mudas muito fracas ou com sintomas de deficiências nutricionais na época da indução floral. Nestes casos devem ser usados adubos sólidos ou líquidos, até 60 dias após a indução.

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Þ O adubo pode ser colocado na base das folhas baixeiras ou próximo ao pé da muda. É importante cobrir o adubo com o solo logo após a aplicação, para reduzir as perdas devido ao sol e enxurradas.

Þ�O abacaxi responde bem a adubações foliares com micronutrientes como boro, cobre, ferro, manganês e zinco, portanto. O fornecimento desses nutrientes antes da indução melhora tanto a produção quanto a qualidade do fruto.

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COMOFAZEROCONTROLEDOMATO

Þ O manejo correto do mato é essencial para assegurar uma boa colheita no futuro

Þ� São recomendadas práticas conservacionistas como:

1) roçagem;

2) aplicação de herbicidas em pós-emergência (ou seja, depois do aparecimento do mato);

3) cobertura morta;

4) mulch de plástico;

5) capinas manuais com manutenção da palhada como cobertura morta;

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6) culturas de cobertura;

7) cultivo mínimo ou plantio direto (Figura 2).

Þ�O uso de herbicidas é complementado por capinas ou roçagens para facilitar os tratos culturais e evitar que o fertilizantes aplicado em cobertura seja absorvido pelo

mato.

Figura 2. Manejo do mato e conservação do solo:

AD

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(A) roçagem; (B) cobertura morta; (C) cultura de

cobertura; (D) cultivo mínimo ou plantio direto

(Fotos: Aristóteles Pires de Matos)

COMOIRRIGAROABACAXI

Þ A maioria dos plantios de abacaxi é conduzida em condições de sequeiro, entretanto, em períodos secos, o uso da irrigação é fundamental para manter o desenvolvimento da planta

Þ�Com longos períodos de seca aumentam os riscos de produção de frutos pequenos e do aparecimento de temporões.

Þ� Como identificar o stress hídrico na planta: Cortar a

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“Folha D” e observar a espessura do tecido responsável pela reserva de água, que deve ser igual ou maior que o tecido fibroso quando estiver faltando água.

Figura 2. espessura do tecido de reserva

de água e do tecido fibroso

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OQUEÉAINDUÇÃOFLORALDO

ABACAXI

Þ O abacaxi pode ser forçado a produzir frutos fora de época com a aplicação de produtos como o carbureto de cálcio e o Ethrel®.

Þ�CARBURETO:

· pode ser usado tanto em pedra quanto dissolvido em água

· só é eficiente quando é aplicado diretamente no “olho” da planta.

· Na forma de pedra aplica-se 0,5 a 1,0 g por planta.

· Para preparar a mistura em um pulverizador costal com capacidade para 20 litros,

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colocar 12 litros de água limpa e fria e adicionar pelo menos 60 g de carbureto de cálcio, fechando em seguida para evitar escapamento do gás. Esperar o final da reação e aplicar cerca de 50 mL diretamente no “olho” de cada planta.

Þ�ETHREL® :

· tanto pode ser pode ser aplicado sobre a planta quanto no “olho”.

· O preparo da mistura depende da concentração do produto comercial:

Ø Para o produto com 24% de princípio ativo (Ethrel® 240 g/litro):

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§ a recomendação é 2,0 litros por hectare nos meses de temperatura mais baixa; 3,0 litros por hectare nos meses de temperaturas médias; e 4,0 litros por hectare nos meses mais quentes do ano.

§ Para o preparo da calda nos meses de baixas temperaturas utilizam-se 40 mL do produto comercial por pulverizador de 20 L, adicionando-se 400 g de ureia.

§ É recomendável adicionar 7 g de cal de pintura para aumentar a eficiência do tratamento.

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§ Deve-se aplicar 30 ml a 50 mL da mistura por planta.

Ø Para o produto com 72% de princípio ativo (Ethrel® 720 g/litro: § São recomendados 0,7,

1,0 e 1,4 litro por hectare, respectivamente para os períodos de temperaturas baixas, média e altas.

Þ�Para aumentar a eficiência do tratamento de indução floral é necessário:

1) suspender a adubação um mês antes da data prevista para a indução floral;

2) em plantios irrigados, suspender a irrigação;

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3) usar água limpa e fria para preparar a mistura;

4) fazer a indução com temperatura abaixo de 25ºC, ou seja, nas horas das temperaturas mais baixas do dia (início da manhã ou no final da tarde), preferentemente à noite;

5) fazer a indução em dias nublados;

6) aplicar o indutor no olho da planta;

7) fazer a indução logo após o preparo da mistura (não guardar para o dia seguinte);

8) fazer nova indução se chover até seis horas após a aplicação do indutor.

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Þ�É importante e necessário ler a bula do produto e em caso de dúvida procurar orientação da assistência técnica.

MANEJOINTEGRADODEPRAGASE

DOENÇASDOABACAXI��

Þ O abacaxizeiro é atacado por várias pragas e doenças que causam perdas na produção e na qualidade dos frutos, por isso é preciso adotar medidas de controle baseadas no manejo integrado de pragas.

Þ É preciso fazer inspeções periódicas no plantio para detectar problemas fitossanitários ainda no início.

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Þ�As vistorias nos talhões para monitoramento da fusariose, murcha associada à cochonilha e podridão do olho devem ser feitas mensalmente a partir do terceiro mês após o plantio e continuar até o tratamento de indução floral.

Þ Para a broca do fruto as vistorias devem iniciar no aparecimento da inflorescência e encerrar após o fechamento das flores, e obedecer à frequência semanal.

Þ COMO FAZER O MONITORAMENTO DE PRAGAS DE DOENÇAS:

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· Plantios em fileiras simples: em cada vistoria, percorrer o plantio em zigue-zague e avaliar 50 plantas seguidas numa mesma linha

· Plantios em fileiras duplas: avaliar 25 plantas seguidas em cada linha da fileira dupla, num total de 50 plantas.

· Em plantios de até um alqueire: avaliar 10 pontos compostos de 50 plantas, num total de 500 plantas por plantio.

· Para plantios maiores que um alqueire: avaliar 20 pontos de 50 plantas, num total de 1.000 plantas por plantio.

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PRAGA: Broca do fruto

Þ A broca do fruto é uma das pragas mais importantes do abacaxi e muito frequente na região do sudeste paraense.

Þ�É uma borboleta denominada Strymon megarus e sua larva penetra na inflorescência e se alimenta da polpa do fruto, tornando-o imprestável para a comercialização.

Þ�Cada borboleta põe 100 ovos, um em cada fruto, o que causa grandes prejuízos.

Þ�SINTOMA: externamente ocorre a exsudação de goma a parir do local onde a larva penetrou, geralmente entre frutilhos (Figura 4).

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Þ�CONTROLE:

· aplicar inseticidas desde o aparecimento da inflorescência e finalizar após o fechamento das flores. O intervalo de aplicação depende do produto que será usado.

· Para locais onde a praga não é frequente, quando observado 1 ovo no monitoramento ou uma borboleta voando, é recomendada a pulverização.

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Figura 4. Broca do fruto do abacaxizeiro: (A) borboleta adulta; (B) danos externos; e (C) danos internos em frutos de abacaxi ‘Pérola’ (Fotos: Aristoteles Pires de Matos)

DOENÇA: Murcha associada à

cochonilha

Þ A murcha do abacaxizeiro é causada por um vírus que é transmitido pela cochonilha Dysmicoccus brevipes

Þ�é considerada um dos principais problemas dessa cultura, mas ainda não se mostrou frequente no sudeste paraense.

Þ�SINTOMA: aparece em focos ou reboleiras; as plantas ficam avermelhadas e murchas (Figura 5).

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Þ�CONTROLE:

1) destruição do plantio anterior;

2) realização de bom preparo do solo;

3) utilização de mudas sadias obtidas em plantios onde não houve ocorrência da murcha ou foi muito baixa;

4) realização da cura das mudas; e

5) aplicação de inseticida nas reboleiras, direcionando o jato para a base da planta. É preciso controlar as formigas, pois elas transportam as cochonilhas de uma planta para a outra.

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Figura 5. Murcha associada à cochonilha; A) foco/mancha de plantas atacadas; B) detalhe de plantas com sintomas; C) colônia da praga (Fotos: Aristoteles Pires de Matos).

DOENÇA: Fusariose

Þ A fusariose é a principal doença do abacaxi no Brasil

Þ.É causada pelo fungo Fusarium guttiforme

Þ�SINTOMA:

a) infecta mudas e frutos provocando a exsudação de goma em lesões no caule e na base das folhas

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b) o “olho” aberto é o sintoma mais comum

c) curvatura do caule; d) encurtamento do caule; e) aumento no número de

folhas; f) redução no comprimento das

folhas; g) redução no desenvolvimento

geral da planta; h) morte da planta. i) Nos frutos, os sintomas

lembram o ataque da broca, porém a goma exsuda através da cavidade floral e a polpa apresenta apodrecimento (Figura 6).

Þ�CONTROLE:

a) As plantas com sintomas devem ser retiradas do

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plantio e destruídas (enterradas ou queimadas).

b) O controle químico, se necessário, é feito visando a proteção da inflorescência mediante aplicações de fungicida, iniciando o tratamento quando do aparecimento da inflorescência no olho da planta e encerrando após o fechamento das flores.

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Figura 6. Sintomas da fusariose em mudas e plantas de abacaxi; (A) redução no tamanho das folhas mais novas; (B) abertura da roseta central; (C) clorose; (D) lesão na bainha da folha e na base do talo; (E); fruto com exsudação de resina; (F) sintomas internos de podridão na polpa e resina (Fotos: Aristoteles Pires de Matos).

DOENÇA: Podridão do olho

Þ Doença causada pelo fungo Phytophthora nicotianae var. parasitica,

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Þ�Ocorre principalmente em plantios em solos sujeitos ao encharcamento.

Þ�Pode ocorrer desde durante todo o cultivo: tanto após o plantio quanto após o tratamento de indução floral.

Þ�SINTOMA: As folhas centrais das plantas atacadas são arrancadas com facilidade e observa-se um forte mal cheiro devido ao apodrecimento do caule (Figura 7).

Þ�CONTROLE: As plantas infectadas devem ser removidas do plantio e destruídas. A aplicação de fungicida para controle da podridão do olho só é feita se a

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incidência da doença for superior a 1%

Figura 7. Podridão do olho: (A) plantas cloróticas de abacaxi ‘Pérola’ e com atraso no desenvolvimento devido ao encharcamento da área: (B) planta com sintomas da podridão do olho e detalhe da lesão; (C) sintoma decorrente de infecção após o tratamento de indução floral. {Fotos: Aristoteles Pires de Matos (A, D); Nilton Fritzons Sanches (B)}.

QUEIMA SOLAR

Þ problema que acontece principalemte em épocas quentes devido à exposição excessiva de um dos lados do fruto aos raios solares.

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SINTOMA: Os frutos afetados �mostram inicialmente uma mancha amarelada que se torna marrom escura a preta, podendo ocorrer rachaduras na casca e perda do valor comercial. A polpa da região afetada pode ficar com consistência esponjosa.

Þ�CONTROLE: O controle da queima solar consiste na proteção mecânica do fruto, do lado do sol poente, geralmente com papel jornal (Figura 8).

Figura 8. Queima solar: (A) fruto com sintoma leve de queima; (B) sintoma bastante avançado; (C)

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cobertura do fruto para controle da queima sola

(Fotos: Aristoteles P. de Matos)

ALGUNS CUIDADOS NO

MANUSEIO E APLICAÇÃO DE

AGROTÓXICOS

Þ Agrotóxicos ou produtos fitossanitários são compostos químicos utilizados para proteger as lavouras contra o ataque de pragas e doenças e também do mato.

Þ�Se usados de maneira inadequada, se tornam perigosos à saúde humana e ao meio ambiente.

Þ�Devem ser aplicados no início da manhã ou no final da tarde, quando a temperatura é mais amena.

Þ�Observar a velocidade do vento, pois ventos fortes carregam o produto

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para fora do alvo desejado (o que é chamado “deriva”).

Þ� Durante o preparo e aplicação do agrotóxico:

· Usar equipamento de proteção individual – EPI

· Não fumar, não beber nem comer

· Usar água de limpa e de qualidade para pulverização

· Adicionar um espalhante/adesivo (emulsificante) na calda

· Conferir se a parte da planta a ser tratada está recebendo boa

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· Aplicar apenas a quantidade da calda necessária, evitando os riscos de fitotoxidez.

ÞApós a aplicação de agrotóxicos o trabalhador deve tomar banho.

COLHEITA

Þ A colheita do “pérola” é feita “quebrando” o pedúnculo rente à base do fruto e deixando os filhotes na planta, para serem colhidos posteriormente

Þ�A colheita deve ser realizada de maneira cuidadosa evitando ferimento dos frutos

Þ�O trabalhador deve ter as mãos protegidas com luvas de lona grossa. Deve-se dar preferência ao uso do carrinho

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de mão para transporte dos frutos dentro do plantio (Figura 3).

Þ�Por questões de higiene, não se deve amontoar os frutos sobre o solo.

Þ�O transporte dos frutos para os centros de comercialização pode ser feito a granel, usando-se camadas de capim para separar os frutos e evitar danos durante a viagem, ou acondicionados em caixas de papelão.

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Figura 3. Uso do carrinho de mão para colheita do abacaxi (Foto: Nilton F. Sanches)

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dos S. Monitoramento da fusariose em plantios de abacaxi conduzidos em sistema de produção integrada no Tocantins. XXI Congresso Brasileiro de Fruticultura. 17 a 22 de outubro de 2010. Natal, Rio Grande do Norte, 1-4 p.

Matos, A. P. de; Cabral, J. R. S. Manejo integrado da fusariose do abacaxizeiro. Abacaxi em Foco, número 32. Outubro/2005.

Matos, A. P. de. Manejo integrado da podridão-do-olho do abacaxizeiro. Abacaxi em Foco, número 33. Outubro/2005.

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ReferênciasBibliográ�icas

IBGE. Disponível: site: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/agric/default . Levantamento Sistemático IBGE de Recuperação Automática – SIDRA. Consultado em 31/08/2016.

Matos, A. P. de; Sanches, N. F.; Teixeira, F. A.; Simão, A. H.; Vasconcelos, J. A. R.; Gomes, D. C.; Taveira, M. C. G.