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    Parmetros para atuao deassistentes sociais e

    psiclogos(as)na Poltica de Assistncia Social

    Braslia - 2007

    Conselhos Regionais de

    Servio Social

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    Conselho Federal de Psicologia

    Gesto 2004-2007 - XIII Plenrio

    PresidenteAna Mercs Bahia Bock

    Vice-presidenteMarcus Vincius de Oliveira Silva

    Secretria

    Monalisa N. dos Santos BarrosTesoureiroOdair Furtado

    Conselheiros efetivosAccia A. Angeli dos SantosAdriana Alencar Gomes PinheiroAlexandra Ayach Anache

    Ana Maria Pereira LopesIolete Ribeiro da SilvaNanci Soares de Carvalho

    Psiclogos convidadosRegina Helena de Freitas Campos

    Vera Lcia Giraldez Canabrava

    Conselheiros suplentes

    Andra dos Santos NascimentoAndr Isnard LeonardiGiovani CantarelliMaria Christina Barbosa VerasMaria de Ftima Lobo BoschiRejane Maria Oliveira CavalcantiRodolfo V. Carvalho Nascimento

    Psiclogos convidados suplentes

    Deusdet do Carmo MartinsMaria Luiza Moura

    Conselho Federal de Servio Social

    Gesto 2005-2008Defendendo Direitos -

    radicalizando a Democracia

    PresidenteElisabete Borgianni

    Vice-presidenteIvanete Salete Boschetti

    1 SecretriaSimone de Almeida

    2 SecretriaJucimeri Isolda Silveira

    1 TesoureiraRuth Ribeiro Bittencourt

    2 TesoureiraRosa Helena Stein

    Conselho fiscalAna Cristina Muricy de AbreuJoaquina Barata TeixeiraSilvana Mara Moraes dos Santos

    Conselheiros suplentesEutlia Barbosa RodriguesJuliane Feix PeruzzoLaura Maria Pedrosa de AlmeidaMarcelo Braz Moraes dos ReisMaria Helena de Souza TavaresNeile Doran PinheiroRonaldo Jos Sena Camargos

    Rosanilce Pinto RibeiroTnia M. Ramos de Godi Diniz

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    Grupo de Trabalho responsvel pela elaborao dessedocumento:

    Iolete Ribeiro da Silva / CFPIvanete Salete Boschetti / CFESSRita de Cssia Oliveira Assuno/ CRP 06- Sub Sede CampinasRonaldo Jose Sena Camargos / CFESS

    Apoio

    Yvone Magalhes DuarteCoordenadora Geral do CFP

    RevisoPatrcia Mendes

    Tiragem10.000 exemplares

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    Ficha catalogrfica elaborada pelo Departamento deBiblioteconomia / UFAM

    Conselho Federal de Servio Social (CFESS)

    Parmetro para atuao de assistentes sociais epsiclogos(as) na Poltica de Assistncia Social / ConselhoFederal de Psicologia (CFP), Conselho Federal de ServioSocial (CFESS). -- Braslia, CFP/CEFESS, 2007.

    52 p.1. Sistema nico de Assistncia Social 2. Servio social 3.Psicologia. 4. Atuao interdisciplinar. I. Conselho Federalde Psicologia. II. Ttulo

    CDU 364:159.9-051

    Documento disponvel on line nossites do CFP e CFESS.

    permitida a reproduo parcial ou total deste documento por todosos meios desde que citada a fonte e que no seja para venda ouqualquer fim comercial.

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    1. Apresentao..................................................................

    2. A Assistncia Social que defendemos...............................

    3. Servio Social e Assistncia Social....................................

    4. Psicologia e Assistncia Social..........................................

    5. A atuao de assistentes sociais e psiclogos(as) na Assis-tncia Social.......................................................................

    5.1. Atuao de assistentes sociais na Assistncia Social.......

    5.2. Atuao de psiclogos(as) na Assistncia Social.............

    5.3. Interfaces entre as duas profisses................................

    6. Gesto do trabalho na Assistncia Social.........................

    7. Referncias.....................................................................

    Sumrio

    08

    10

    14

    20

    24

    24

    31

    38

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    46

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    Este documento aborda alguns parmetros tico-polti-cos e profissionais com a perspectiva de referenciar a atuaode assistentes sociais e psiclogos/as no mbito da poltica de

    Assistncia Social, materializada pelo Sistema nico de Assistn-cia Social (SUAS), e resulta de reflexo realizada conjuntamentepelo Conselho Federal de Servio Social (CFESS) e pelo ConselhoFederal de Psicologia (CFP).

    O documento tem como referncia as normas reguladorasdessas profisses. No caso do Servio Social, o texto fundamen-

    ta-se nos valores e princpios do Cdigo de tica Profissional,nas atribuies e competncias asseguradas na Lei de Regula-mentao da Profisso (Lei 8662/1993), na Resoluo CFESS493/06 e nas Diretrizes Curriculares do Servio Social elabora-das pela Associao Brasileira de Ensino e Pesquisa em ServioSocial (ABEPSS). No caso da Psicologia, referencia-se no Cdi-go de tica Profissional e nas Diretrizes Nacionais Curricularespara os cursos de graduao em Psicologia/MEC. Os contedosreferentes Psicologia so de autoria do CFP e os do Servio

    Social foram elaborados pelo CFESS.Tal reflexo torna-se imprescindvel no momento atual,

    tendo em vista a aprovao da Poltica Nacional de AssistnciaSocial (PNAS) em 2004, da Norma Operacional Bsica - NOB/SUAS em 2005 e da NOB/RH/SUAS em 2006, que definemnormas e diretrizes para estruturao da poltica de AssistnciaSocial e estabelecem a exigncia de constituio de equipes tc-

    nicas formadas por assistentes sociais, psiclogos(as) e outrosprofissionais.Com base nas competncias e atribuies de cada pro-

    1. Apresentao

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    fisso, a definio de estratgias e procedimentos no exerccio

    do trabalho deve ser prerrogativa dos(as) profissionais. Dessemodo, deve-se evitar padronizao de rotinas e procedimentospelo rgo gestor, pois o trabalho profissional requer inventivi-dade, inteligncia e talento para criar, inventar, inovar, de modoa responder dinamicamente ao movimento da realidade. Assim,os(as) profissionais devem ter assegurado o seu direito auto-nomia no planejamento e exerccio de seu trabalho.

    Nessa perspectiva, o documento aqui apresentado nopretende estabelecer um manual de procedimentos e nemum conjunto de receitas para orientar o exerccio do trabalho,mas objetiva contribuir para fortalecer a interveno interdisci-plinar, resguardando as competncias e atribuies privativas decada profisso.

    Conselho Federal de Servio SocialConselho Federal de Psicologia

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    A poltica de Assistncia Social, legalmente reconhecidacomo direito social e dever estatal pela Constituio de 1988 epela Lei Orgnica de Assistncia Social (LOAS), vem sendo regu-

    lamentada intensivamente pelo Governo Federal, com aprovaopelo Conselho Nacional de Assistncia Social (CNAS), por meioda Poltica Nacional de Assistncia Social (2004) e do Sistemanico de Assistncia Social (2005). O objetivo com esse pro-cesso consolidar a Assistncia Social como poltica de Estado;para estabelecer critrios objetivos de partilha de recursos entreos servios scio-assistenciais e entre estados, DF e municpios;para estabelecer uma relao sistemtica e interdependente en-

    tre programas, projetos, servios e benefcios, como o Benefciode Prestao Continuada (BPC) e o Bolsa Famlia, para fortalecera relao democrtica entre planos, fundos, conselhos e rgogestor; para garantir repasse automtico e regular de recur-sos fundo a fundo e para instituir um sistema informatizado deacompanhamento e monitoramento, at ento inexistente.

    Para a efetivao da Assistncia Social como poltica

    pblica, contudo, imprescindvel sua integrao e articulao seguridade social e s demais polticas sociais. Por isso, aconcepo de Assistncia Social e sua materializao em for-ma de proteo social bsica e especial (de mdia e alta com-plexidades) conforme previsto na PNAS/SUAS, requer situar earticular estas modalidades de proteo social ao conjunto dasprotees previstas pela Seguridade Social. Dito de outro modo,

    a Assistncia Social no pode ser entendida como uma polticaexclusiva de proteo social, mas se deve articular seus serviose benefcios aos direitos assegurados pelas demais polticas so-

    2. A Assistncia Social que defendemos

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    ciais, a fim de estabelecer, no mbito da Seguridade Social, um

    amplo sistema de proteo social1.Nessa perspectiva, a interveno profissional na poltica deAssistncia Social no pode ter como horizonte somente a exe-cuo das atividades arroladas nos documentos institucionais,sob o risco de limitar suas atividades gesto da pobreza soba tica da individualizao das situaes sociais e de abordar aquesto social a partir de um vis moralizante. Isso significa que

    a complexificao e diferenciao das necessidades sociais, con-forme apontada no SUAS e na PNAS, e que atribui AssistnciaSocial as funes de proteo bsica e especial, com foco deatuao na matricialidade scio-famliar, no deve restringira interveno profissional, sobretudo a do/a assistente social, sabordagens que tratam as necessidades sociais como problemase responsabilidades individuais e grupais. Isso porque todas assituaes sociais vividas pelos sujeitos que demandam a polticade Assistncia Social tm a mesma estrutural e histrica raiz nadesigualdade de classe e suas determinaes, que se expressampela ausncia e precariedade de um conjunto de direitos comoemprego, sade, educao, moradia, transporte, distribuio derenda, entre outras formas de expresso da questo social.

    Tendo em vista que a funo da Assistncia Social esta-belecida na PNAS garantir proteo social bsica e especial,

    fundamental definir claramente o que e quais so as aesou servios scio-assistenciais que possuem o carter de bsi-co e de especial, pois esse um requisito imprescindvel paraestruturao do trabalho dos(as) profissionais que atuam nessapoltica social. Pode-se dizer que bsico aquilo que basilar,mais importante, fundamental, primordial, essencial, ou aquilo

    1

    Essas reflexes esto desenvolvidas no texto O SUAS e a Seguridade Social, de autoria daconselheira do CFESS Ivanete Boschetti , publicado no Caderno de Textos da V Conferncia Na-cional de Assistncia Social de 2005, organizado pelo Conselho Nacional de Assistncia Social.Braslia, 2005.

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    que comum a diversas situaes. Na PNAS (2004) e na NOB

    (2005), a Proteo Social Bsica est referida a aes preven-tivas, que reforam a convivncia, socializao, acolhimento einsero, e possuem um carter mais genrico e voltado priori-

    tariamente para a famlia; e visa desenvolver potencialidades,aquisies, e o fortalecimento de vnculos familiares e comuni-

    trios e destina-se a populaes em situao de vulnerabilidadesocial (PNAS, p. 27). A indicao do SUAS de que as aes

    scio-assistenciais de proteo social bsica sero realizadas,prioritariamente, pelos Centros de Referncia de AssistnciaSocial (CRAS). Assim, a realizao dessa modalidade de prote-o social requer o estabelecimento de articulao dos serviosscio-assistenciais com a proteo social garantida pela sade,Previdncia e demais polticas pblicas, de modo a estabele-cer programas amplos e preventivos que assegurem o acessodos(as) cidados(s) aos direitos sociais.

    Na PNAS, a Proteo Social Especial refere-se a serviosmais especializados, destinados a pessoas em situaes de riscopessoal ou social, de carter mais complexo, e se diferenciariada proteo social bsica por se tratar de um atendimento diri-gido s situaes de violao de direitos (PNAS, p. 31). Assim, fundamental que os(as) trabalhadores(as) envolvidos na im-plementao do SUAS tenham clareza das funes e possibili-

    dades das polticas sociais que integram a Seguridade Social, demodo a no atribuir Assistncia Social a inteno e o objetivohercleo e inatingvel de responder a todas as situaes de ex-cluso, vulnerabilidade, desigualdade social. Essas so situaesque devem ser enfrentadas pelo conjunto das polticas pblicas,a comear pela poltica econmica, que deve se comprometercom a gerao de emprego e renda e distribuio da riqueza.

    A definio dos campos de proteo social (bsica ouespecial) que compete assistncia e s demais polticas so-ciais fundamental, no por mero preciosismo conceitual, mas

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    por outras razes. Primeiro, porque o sentido de proteo social

    extrapola a possibilidade de uma nica poltica social e requer oestabelecimento de um conjunto de polticas pblicas que garan-tam direitos e respondam a diversas e complexas necessidadesbsicas (PEREIRA, 2000) da vida social. Desse modo, Assistn-cia Social no se pode atribuir a tarefa de realizar exclusivamentea proteo social. Esta compete, articuladamente, s polticasde emprego, sade, Previdncia, habitao, transporte e Assis-

    tncia, nos termos do artigo 60

    da Constituio Federal. Se estaarticulao no for estabelecida, corre-se dois riscos: o primeiro,de superdimensionar a Assistncia Social e atribuir a ela funese tarefas que competem ao conjunto das polticas pblicas; e osegundo, de restringir o conceito de proteo social aos serviosscio-assistenciais; neste caso, o conceito de proteo social pas-sa a ser confundido com a Assistncia Social e perde sua poten-cialidade de se constituir em amplo conjunto de direitos sociais.

    Outra razo, de ordem prtica, que o tipo de servios s-cio-assistenciais (de proteo social bsica ou especial) executadospelos municpios e estados ser definidor do montante de recursosque o Governo Federal repassar aos Fundos de Assistncia Social,j que os pisos2 estabelecidos na Norma Operacional Bsica -NOB/SUAS diferenciam-se para cada tipo de proteo social. Por-

    tanto, preciso ter clareza de quais so os direitos da Assistncia

    Social que sero executados nas modalidades de proteo bsicae especial, pois sua configurao definir o montante de recursosque cada municpio, estado e/ou DF receber de recursos.

    Com base nessa compreenso de Assistncia Social e nasnormas regulamentadoras das profisses, apontamos a seguiralgumas referncias relativas interveno de assistentes so-ciais e psiclogos/as no mbito do SUAS.

    2 At a finalizao desse documento, em julho de 2007, o MDS ainda no havia estabelecido ospisos para a proteo social especial.

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    O Servio Social como profisso, em sete dcadas deexistncia no Brasil e no mundo, ampliou e vem ampliando oseu raio ocupacional para todos os espaos e recantos onde

    a questo social explode com repercusses no campo dosdireitos, no universo da famlia, do trabalho e do no traba-lho, da sade, da educao, dos(as) idosos(as), da criana edos(as) adolescentes, de grupos tnicos que enfrentam a inves-

    tida avassaladora do preconceito, da expropriao da terra,das questes ambientais resultantes da socializao do nusdo setor produtivo, da discriminao a indivduos homossexu-ais, entre outras formas de violao dos direitos. Tais situaesdemandam ao Servio Social projetos e aes sistemticas depesquisa e de interveno de contedos os mais diversos, quevo alm de medidas ou projetos de Assistncia Social.

    Os (as) assistentes sociais possuem e desenvolvem atribui-es localizadas no mbito da elaborao, execuo e avalia-o de polticas pblicas, como tambm na assessoria a movi-mentos sociais e populares. O primeiro curso de Servio Social

    no Brasil surgiu em 1936 e sua regulamentao ocorreu em1957.O processo de reconceituao gestado pelo Servio So-cial desde a dcada de 1960 permitiu profisso enfrentar a

    formao tecnocrtica conservadora e construir coletivamenteum projeto tico-poltico profissional expresso no currculo m-nimo de 1982 e nas diretrizes curriculares de 1996 e no Cdi-

    3. Servio Social e Assistncia Social3

    3

    O item a seguir foi publicado pelo Conselho Federal de Servio Social nos documentos Conse-lho Federal de Servio Social - CFESS Manifesta: Servio Social profisso. Assistncia Social Poltica Pblica. Braslia, CFESS, 2005.; e Conselho Federal de Servio Social - CFESS Manifesta:o CFESS na luta pela Assistncia Social: sentido e compromisso, Braslia, CFESS, 2005.

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    go de tica de 1986 e 1993, nos quais as polticas sociais e os

    direitos esto presentes como uma importante mediao paraconstruo de uma nova sociabilidade. Trata-se de uma profis-so de nvel superior, que exige de seus(as) profissionais forma-o terica, tcnica, tica e poltica, orientando-se por uma Leide Regulamentao Profissional e um Cdigo de tica.

    A Assistncia Social, como um conjunto de aes estataise privadas para atender a necessidades sociais, no Brasil, tam-

    bm apresentou nas duas ltimas dcadas uma trajetria deavanos que a transportou, da concepo de favor, da pulve-rizao e disperso, ao estatuto de Poltica Pblica e da ao

    focal e pontual dimenso da universalizao. A ConstituioFederal de 1988 situou-a no mbito da Seguridade Social eabriu caminho para os avanos que se seguiram. A AssistnciaSocial, desde os primrdios do Servio Social, tem sido um im-portante campo de trabalho de muitos (as) assistentes sociais.No obstante, no pode ser confundida com o Servio Social,pois confundir e identificar o Servio Social com a Assistn-cia Social reduz a identidade profissional, que se inscreve emum amplo espectro de questes geradas com a diviso social,regional e internacional do trabalho.

    A Assistncia Social, que possui interface com todasas Polticas Pblicas, envolve, em seus processos operativos,

    diversificadas entidades pblicas e privadas, muitas das quaissequer contam com assistentes sociais em seus quadros, mascom profissionais de outras reas ou redes de apoio volunt-rias nacionais e internacionais.

    Servio Social, portanto, no e no deve ser confun-dido com Assistncia Social, embora desde a origem da pro-

    fisso, os(as) assistentes sociais atuem no desenvolvimento

    de aes scio-assistenciais, assim como atuem nas polticasde sade, educao, habitao, trabalho, entre outras. Aidentidade da profisso no esttica e sua construo his-

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    trica envolve a resistncia frente s contradies sociais que

    configuram uma situao de barbrie, decorrentes do atualestgio da sociabilidade do capital em sua fase de produodestrutiva, com graves conseqncias na fora de trabalho. Apoltica de Assistncia Social, por sua vez, comporta equipesde trabalho interprofissionais, sendo que a formao, experi-ncia e interveno histrica dos(as) assistentes sociais nessapoltica social no s os habilitam a compor as equipes de

    trabalhadores(as), como atribuem a esses(as) profissionaisum papel fundamental na consolidao da Assistncia Socialcomo direito de cidadania.

    Os(as) assistentes sociais brasileiros(as) vm lutando emdiferentes frentes e de diversas formas para defender e reafir-mar direitos e polticas sociais que, inseridos em um projetosocietrio mais amplo, buscam cimentar as condies econ-micas, sociais e polticas para construir as vias da eqidade,num processo que no se esgota na garantia da cidadania. Aconcepo presente no projeto tico-poltico profissional doServio Social brasileiro articula direitos amplos, universais eequnimes, orientados pela perspectiva de superao das desi-gualdades sociais e pela igualdade de condies e no apenaspela instituio da parca, insuficiente e abstrata igualdade deoportunidades, que constitui a fonte do pensamento liberal.

    So estes parmetros que balizam a defesa da Segurida-de Social, entendendo que esta deve incluir todos os direitossociais previstos no artigo 60 da Constituio Federal (educa-o, sade, trabalho, moradia, lazer, segurana, previdnciae Assistncia Social) de modo a conformar um amplo sistemade proteo social, que possa responder e propiciar mudan-as nas perversas condies econmicas e sociais dos(as)

    cidados(s) brasileiros(as). A Seguridade Social deve pautar-se pelos princpios da universalizao, da qualificao legale legtima das polticas sociais como direito, do comprome-

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    timento e dever do Estado, do oramento redistributivo e da

    estruturao radicalmente democrtica, descentralizada eparticipativa.Os movimentos especficos do Conjunto CFESS/CRESS

    na luta pela instituio e consolidao da Assistncia Socialcomo poltica pblica e dever estatal situam-se nesta compre-enso de direitos, Seguridade Social e cidadania. Esta temsido a bssola que vem orientando, historicamente, sua ao

    em momentos importantes no processo de reconhecimento daAssistncia Social como direito social e poltica de SeguridadeSocial, entre os quais cabe destacar:

    Durante a Constituinte (1987-1988), o CFESS parti-cipou ativamente nas subcomisses e Comisso da OrdemSocial, sendo um ardoroso defensor da Seguridade Socialcomo amplo sistema de proteo social, que deveria incluir a

    Assistncia Social. Neste processo, contraps-se s foras quedefendiam que a Seguridade Social deveria se limitar Previ-dncia Social;

    No transcorrer do processo de elaborao e aprovaoda Lei Orgnica da Assistncia Social - LOAS (1989-1993), oConjunto CFESS/CRESS combateu ferozmente o veto do en-

    to Presidente Collor ao primeiro Projeto de LOAS; articuloua elaborao e apresentao ao Congresso de um amplo e

    alargado Projeto de Lei de Assistncia Social (que infelizmenteno foi aprovado); lutou no mbito do Legislativo contra vriosProjetos de Lei que defendiam aes extremamente restritivasde Assistncia Social; apresentou inmeras emendas ao Proje-

    to de Lei que veio a ser aprovado e sancionado em 1993, nointuito de ampliar a renda per capita para acesso ao Benefciode Prestao Continuada - BPC, incluir diferente programas,

    projetos e servios e garantir a descentralizao e o exercciodo controle social de forma autnoma pelos Conselhos nastrs esferas (muitas foram acatadas);

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    Aps a aprovao da LOAS, o CFESS continuou lutan-

    do arduamente para sua implementao: entrou com aojudicial para que o Conselho Nacional de Assistncia Social -CNAS fosse institudo em 1994; participou de cinco gestes noCNAS, representando o segmento dos(as) trabalhadores(as);e elaborou e publicizou diversas manifestaes em defesa documprimento da LOAS e, mais recentemente, do SUAS;

    Em todos os Estados brasileiros, os CRESS inseriram-se

    nas lutas pela formulao das leis orgnicas estaduais e muni-cipais de Assistncia Social e pela instituio dos conselhos deAssistncia Social;

    Atualmente o CFESS possui assento no CNAS, e osCRESS participam de diversos conselhos municipais e estadu-ais, bem como em fruns que constituem espaos democrti-cos de luta pela defesa da Assistncia Social e da SeguridadeSocial;

    O Conjunto CFESS/CRESS participou ativamente dosprocessos de discusso e debates para elaborao da PNAS,da NOB/SUAS e da NOB/RH, tendo elaborado e encaminhadoao CNAS diversas sugestes para a NOB/RH, sendo que mui-

    tas foram includas no documento final.O compromisso tico, poltico e profissional dos(as) assis-

    tentes sociais brasileiros(as), do Conselho Federal de Servio

    Social e dos Conselhos Regionais de Servio Social na luta pelaAssistncia Social no se pauta pela defesa de interesses espe-cficos de uma profisso ou de um segmento. Suas lutas fun-damentam-se: - no reconhecimento da liberdade, autonomia,emancipao e plena expanso dos indivduos sociais; - na de-

    fesa intransigente dos direitos humanos e na recusa do arbtrioe do autoritarismo; - na ampliao e consolidao da cidada-

    nia, com vistas garantia dos direitos das classes trabalha-doras; - na defesa da radicalizao da democracia, enquantosocializao da participao poltica e da riqueza socialmente

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    produzida; - no posicionamento em favor da eqidade e justi-

    a social, que assegurem universalidade de acesso aos bens eservios, bem como sua gesto democrtica; - e no empenhopara a eliminao de todas as formas de preconceito.

    Estes so alguns dos princpios fundamentais que estru-turam o Cdigo de tica dos(as) assistentes sociais brasileiros,que orientam e imprimem direo interveno do CFESS eque devem fundamentar a interveno dos assistentes sociais

    na poltica de Assistncia Social.

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    A regulamentao da Psicologia como profisso ocorreuem 1962. A ditadura militar que se instalou no Pas, em 1964,rebateu no processo de formao e exerccio profissional e

    impediu que a temtica social fosse inserida nos currculos. Adespolitizao, a alienao e o elitismo marcaram a organi-zao da profisso e influenciaram na construo da idia deque o(a) psiclogo(a) s faz Psicoterapia. No final dos anos80, comearam novos movimentos de mudana na atuaoprofissional e adotou-se o lema do compromisso social comonorteador da atuao psicolgica. Desde ento, vrias aes

    foram realizadas pelos(as) psiclogos(as) e entidades da Psico-logia brasileira no sentido da construo de prticas compro-metidas com a sociedade brasileira.

    A insero do(a) psiclogo(a) nas polticas pblicas cres-ceu muito nos ltimos dez anos. Essa atuao foi acompanhadapela construo, na Psicologia, do compromisso social, com aparticipao de psiclogos e psiclogas de todo o pas. A partirdessa perspectiva, valorizada a construo de prticas com-

    prometidas com a transformao social, em direo a uma ticavoltada para a emancipao humana. Diferentes experinciasapontaram alternativas para o fortalecimento dos indivduos egrupos para o enfrentamento da situao de vulnerabilidade.Como resultado dessas experincias houve uma ampliao daconcepo social e governamental acerca das contribuies daPsicologia para as polticas pblicas, alm da gerao de novas

    referncias para o exerccio da profisso de psiclogo no interiorda sociedade (CFP, 2005).A insero de psiclogos(as) e assistentes sociais no Servi-

    4. Psicologia e Assistncia Social

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    o nico de Assistncia Social - SUAS desafia a todos, enquanto

    profissionais, a pensar a poltica de Assistncia Social e a produ-zir contribuies para a sua efetivao. Essa insero profissio-nal deve estar calcada numa viso crtica da Assistncia Sociale em um compromisso com as urgncias da sociedade brasilei-ra. Entretanto, no basta discutir sobre as melhores tcnicas eestratgias de atuao dos(as) profissionais. Para fazer avanara qualidade dessa atuao, imprescindvel, antes de tudo,

    discutir as concepes e pressupostos que orientam a poltica daAssistncia Social.O grau de priorizao de uma poltica na gesto pblica

    pode ser medido no modo pelo qual os recursos pblicos soalocados no financiamento das aes, de modo que o acompa-nhamento da destinao oramentria fundamental e requer

    tenha havido planejamento das aes polticas. A perspectiva daAssistncia Social como poltica de Seguridade Social exige queela deixe de ser tratada de forma secundria ou fragmentada,quer no conjunto da ao federal, estadual ou municipal, querno oramento pblico, quer na prpria gesto dos rgos, noentendimento dos atores institucionais e da sociedade.

    Intervindo por meio da poltica da Assistncia Social, os(as)profissionais da Psicologia precisam estar atentos(as) aos pro-cessos de sofrimento instalados nas comunidades, nos territrios

    onde as famlias estabelecem seus laos mais significativos. Seessa poltica, de fato, for co-construda por meio dos movimentospopulares, da participao plena de seus(as) usurios(as) e do

    fortalecimento dos espaos e instncias de controle social, estarconectada com as necessidades dos sujeitos e articulada com adefesa da vida.

    Tem-se ento o desafio de se decodificar o que significam

    os diferentes nveis de complexidade da proteo social numcenrio de intensas desigualdades sociais. Dentro dos territriosde pertencimento das camadas excludas do acesso a bens e

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    servios, tem-se, ainda, como propsito, a ocupao das situa-

    es que demandam ateno, cuidado, aproximao. Devemosestabelecer muitos olhares, muitas redes e trabalhar com avida. Temos o dever de devolver para a sociedade a contradioquando muitos(as) no usufruem os direitos de cidadania, quedeveriam ser garantidos a todos(as). Mais motivos temos paranos aproximar e retomar o que deve ter ficado perdido nos frag-mentos dos atendimentos segmentados, dos encaminhamentos

    assinalados nos papis, mas ainda no inscritos na vida.Para tanto e para responder s demandas, ser importantearticular aes existentes nas regies, nas comunidades, atravsda intersetorialidade, potencializando parcerias, articulando aesque complementem nossa interveno. O trabalho do Centro deReferncia em Assistncia Social - CRAS, organizado dentro deuma lgica de trabalho em rede, articulado, permanente e noocasional, no reconhecimento da realidade local, na sua com-plexidade, tem possibilidades de alterar o que est posto e, paraisso, deve se articular a outros servios.

    Estas aes sero de desnaturalizao da violao dos di-reitos e de luta pela superao das desigualdades sociais. Direta-mente, na medida em que necessrio apresentar aes concre-

    tas, objetivas e geis de monitoramento, definio de indicadoresde gesto e de resultados que orientem a eficcia e eficincia das

    nossas atividades. Indiretamente, pois o sujeito atendido plena-mente, por um(as) profissional comprometido(a) com seu proces-so de cidadania, desenvolve, pela prpria experincia, a autono-mia e o empoderamento para fazer valer seus direitos.

    Os(as) psiclogos(as) tm muito a contribuir neste pro-cesso. Trazem como acmulo as aprendizagens e convices

    forjadas na luta pela afirmao da reforma psiquitrica, pela

    desinstitucionalizao, em todas as suas formas, explcitas oumaquiadas, pela defesa dos direitos humanos. Este o nossocompromisso tico-poltico, cada vez mais envolvido com a pro-

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    duo de sade, cada vez mais comprometido com a promoo

    da vida. Propor, a partir de suas intervenes, atravessar o coti-diano de desigualdades e violncias dessas populaes, visandoao enfrentamento e superao das vulnerabilidades, investindona apropriao, por todos(as), do lugar de protagonista na con-quista e afirmao de direitos.

    Uma Psicologia comprometida com a transformao so-cial toma como foco as necessidades, objetivos e experincias

    dos(as) oprimidos(as). Nesse sentido, as prticas psicolgicasno devem categorizar, patologizar e objetificar a classe traba-lhadora, mas buscar compreender os processos estudando asparticularidades e circunstncias em que ocorrem. Os processosdevem ser compreendidos de forma articulada com os aspectoshistrico-culturais da sociedade, produzindo-se a construo denovos significados ao lugar do sujeito-cidado autnomo e quedeve ter vez e voz no processo de tomada de deciso e de reso-luo das dificuldades e problemas vivenciados.

    Atuar na valorizao da experincia subjetiva do sujeitocontribui para faz-lo reconhecer sua identidade. Operar nocampo simblico da expressividade e da interpretao com vis-

    tas ao fortalecimento pessoal pode propiciar o desenvolvimentodas condies subjetivas de insero social. Assim, a oferta deapoio psicolgico de forma a interferir no movimento dos su-

    jeitos e no desenvolvimento de sua capacidade de intervenoe transformao do meio social onde vive uma possibilidadeimportante (CFP, 2005).

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    5.1. Atuao de assistente sociais na Assistncia Social

    As atribuies e competncias dos(as) profissionais de Ser-vio Social, sejam aquelas realizadas na poltica de AssistnciaSocial ou em outro espao scio-ocupacional, so orientadas enorteadas por direitos e deveres constantes no Cdigo de ti-ca Profissional e na Lei de Regulamentao da Profisso, quedevem ser observados e respeitados, tanto pelos(as) profissio-nais, quanto pelas instituies empregadoras. No que se refere

    aos direitos dos(as) assistentes sociais, o artigo 2 do Cdigo detica assegura:Art. 2 - Constituem direitos do(a) assistente social:a) garantia e defesa de suas atribuies e prerrogativas,

    estabelecidas na Lei de Regulamentao da Profisso e dosprincpios firmados neste Cdigo;

    b) livre exerccio das atividades inerentes profisso;

    c) participao na elaborao e gerenciamento das pol-ticas sociais, e na formulao e implementao de programassociais;

    d) inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arqui-vos e documentao, garantindo o sigilo profissional;

    e) desagravo pblico por ofensa que atinja a sua honraprofissional;

    f) aprimoramento profissional de forma contnua, colocan-do-o a servio dos princpios deste Cdigo;

    g) pronunciamento em matria de sua especialidade, sobre-

    5. A atuao de assistentes sociais epsiclogos(as) na Assistncia Social

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    tudo quando se tratar de assuntos de interesse da populao;

    h) ampla autonomia no exerccio da profisso, no sendoobrigado a prestar servios profissionais incompatveis com assuas atribuies, cargos ou funes;

    i) liberdade na realizao de seus estudos e pesquisas, res-guardados os direitos de participao de indivduos ou gruposenvolvidos em seus trabalhos.

    No que se refere aos deveres profissionais, o artigo 3 doCdigo de tica estabelece:Art. 3 - So deveres do(a) assistente social:a) desempenhar suas atividades profissionais, com eficin-

    cia e responsabilidade, observando a Legislao em vigor;b) utilizar seu nmero de registro no Conselho Regional no

    exerccio da profisso;c) abster-se, no exerccio da profisso, de prticas que

    caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policia-mento dos comportamentos, denunciando sua ocorrncia aosrgos competentes;

    d) participar de programas de socorro populao em si-tuao de calamidade pblica, no atendimento e defesa de seusinteresses e necessidades.

    Tendo em vista o disposto acima, o perfil do(a) assistente

    social para atuar na poltica de Assistncia Social deve afastar-se das abordagens tradicionais funcionalistas e pragmticas,que reforam as prticas conservadoras que tratam as situa-es sociais como problemas pessoais que devem ser resolvidosindividualmente.

    O reconhecimento da questo social como objeto deinterveno profissional (conforme estabelecido nas Diretrizes

    Curriculares da ABEPSS), demanda uma atuao profissionalem uma perspectiva totalizante, baseada na identificao dosdeterminantes scio-econmicos e culturais das desigualdades

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    sociais. A interveno orientada por esta perspectiva crtica

    pressupe a assuno, pelo(a) profissional, de um papel queaglutine: leitura crtica da realidade e capacidade de iden-tificao das condies materiais de vida, identificao dasrespostas existentes no mbito do Estado e da sociedade civil,reconhecimento e fortalecimento dos espaos e formas de lutae organizao dos(as) trabalhadores(as) em defesa de seusdireitos; formulao e construo coletiva, em conjunto com

    os(as) trabalhadores(as), de estratgias polticas e tcnicas paramodificao da realidade e formulao de formas de pressosobre o Estado, com vistas a garantir os recursos financeiros,materiais, tcnicos e humanos necessrios garantia e amplia-o dos direitos.

    As competncias e atribuies dos/as assistentes sociais,na poltica de Assistncia Social, nessa perspectiva e com basena Lei de Regulamentao da Profisso, requisitam, do(a) pro-

    fissional, algumas competncias gerais que so fundamentais compreenso do contexto scio-histrico em que se situa suainterveno:

    Apreenso crtica dos processos sociais de produo ereproduo das relaes sociais numa perspectiva de totalidade;

    Anlise do movimento histrico da sociedade brasileira,

    apreendendo as particularidades do desenvolvimento do Capita-lismo no Pas e as particularidades regionais;

    Compreenso do significado social da profisso e deseu desenvolvimento scio-histrico, nos cenrios internacionale nacional, desvelando as possibilidades de ao contidas narealidade;

    Identificao das demandas presentes na sociedade,

    visando a formular respostas profissionais para o enfrentamentoda questo social, considerando as novas articulaes entre opblico e o privado (ABEPSS, 1996).

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    So essas competncias que permitem ao(a) profis-

    sional realizar a anlise crtica da realidade, para, a partirda, estruturar seu trabalho e estabelecer as competnciase atribuies especficas necessrias ao enfrentamento dassituaes e demandas sociais que se apresentam em seucotidiano. As competncias especficas dos(as) assistentessociais, no mbito da poltica de Assistncia Social, abran-gem diversas dimenses interventivas, complementares e

    indissociveis:1. uma dimenso que engloba as abordagens individu-ais, familiares ou grupais na perspectiva de atendimento snecessidades bsicas e acesso aos direitos, bens e equipa-mentos pblicos. Essa dimenso no deve se orientar peloatendimento psico-teraputico a indivduos e famlias (pr-prio da Psicologia), mas sim potencializao da orientaosocial com vistas ampliao do acesso dos indivduos e dacoletividade aos direitos sociais;

    2. uma dimenso de interveno coletiva junto a mo-vimentos sociais, na perspectiva da socializao da infor-mao, mobilizao e organizao popular, que tem como

    fundamento o reconhecimento e fortalecimento da classetrabalhadora como sujeito coletivo na luta pela ampliaodos direitos e responsabilizao estatal;

    3. uma dimenso de interveno profissional voltadapara insero nos espaos democrticos de controle sociale construo de estratgias para fomentar a participao,reivindicao e defesa dos direitos pelos(a) usurios(as) e

    trabalhadores(as) nos Conselhos, Conferncias e Fruns daAssistncia Social e de outras polticas pblicas;

    4. uma dimenso de gerenciamento, planejamento e

    execuo direta de bens e servios a indivduos, famlias,grupos e coletividade, na perspectiva de fortalecimento dagesto democrtica e participativa capaz de produzir, inter-

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    dos recursos oramentrios nos benefcios e servios scio-

    assistenciais nos Centro de Referncia em Assistncia Social- CRAS e Centro de Referncia Especializado de AssistnciaSocial - CREAS;

    realizar estudos sistemticos com a equipe dos CRAS eCREAS, na perspectiva de anlise conjunta da realidade e pla-nejamento coletivo das aes, o que supe assegurar espaosde reunio e reflexo no mbito das equipes multiprofissionais;

    contribuir para viabilizar a participao dos(as)usurios(as) no processo de elaborao e avaliao do plano deAssistncia Social;

    prestar assessoria e consultoria a rgos da Administra-o Pblica, empresas privadas e movimentos sociais em ma-

    tria relacionada poltica de Assistncia Social e acesso aosdireitos civis, polticos e sociais da coletividade;

    estimular a organizao coletiva e orientar(as) osusurios(as) e trabalhadores(as) da poltica de Assistncia Sociala constituir entidades representativas;

    instituir espaos coletivos de socializao de informaosobre os direitos scio-assistenciais e sobre o dever do Estado degarantir sua implementao;

    assessorar os movimentos sociais na perspectiva de iden-tificao de demandas, fortalecimento do coletivo, formulao

    de estratgias para defesa e acesso aos direitos; realizar visitas, percias tcnicas, laudos, informaes e

    pareceres sobre acesso e implementao da poltica de Assis-tncia Social;

    realizar estudos scio-econmicos para identificao dedemandas e necessidades sociais;

    organizar os procedimentos e realizar atendimentos indi-

    viduais e/ou coletivos nos CRAS; exercer funes de direo e/ou coordenao nos CRAS,CREAS e Secretarias de Assistncia Social;

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    fortalecer a execuo direta dos servios scio-assisten-

    ciais pelas prefeituras, governo do DF e governos estaduais, emsuas reas de abrangncia; realizar estudo e estabelecer cadastro atualizado de enti-

    dades e rede de atendimentos pblicos e privados; prestar assessoria e superviso s entidades no gover-

    namentais que constituem a rede scio-assistencial; participar nos Conselhos municipais, estaduais e nacio-

    nal de Assistncia Social na condio de conselheiro(a); atuar nos Conselhos de Assistncia Social na condiode secretrio(a) executivo(a);

    prestar assessoria aos conselhos, na perspectiva de forta-lecimento do controle democrtico e ampliao da participaode usurios(as) e trabalhadores(as);

    organizar e coordenar seminrios e eventos para debatere formular estratgias coletivas para materializao da polticade Assistncia Social;

    participar na organizao, coordenao e realizao deconferncias municipais, estaduais e nacional de AssistnciaSocial e afins;

    elaborar projetos coletivos e individuais de fortalecimentodo protagonismo dos(as) usurios(as);

    acionar os sistemas de garantia de direitos, com vistas a

    mediar seu acesso pelos(as) usurios(as); supervisionar direta e sistematicamente os(as)

    estagirios(as) de Servio Social.A realizao dessas competncias e atribuies requer a

    utilizao de instrumentais e adequados a cada situao social aser enfrentada profissionalmente. O uso das tcnicas e estratgiasno deve contrariar os objetivos, diretrizes e competncias assina-

    lados, ou seja, estes no devem ser utilizados com a perspectivade integrao social, homogeneizao social, psicologizao dosatendimentos individuais e/ou das relaes sociais, nem desti-

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    nar-se ao fortalecimento de vivncias e trocas afetivas em uma

    perspectiva subjetivista. A definio das estratgias e o uso dosinstrumentais tcnicos devem ser estabelecidos pelo(a) prprio(a)profissional, que tem o direito de organizar seu trabalho com au-

    tonomia e criatividade, em consonncia com as demandas regio-nais, especficas de cada realidade em que atua.

    A interveno profissional, na perspectiva aqui assina-lada, pressupe enfrentar e superar duas grandes tendncias

    presentes hoje no mbito dos CRAS. A primeira de restringira atuao aos atendimentos emergenciais a indivduos, gru-pos ou famlias, o que pode caracterizar os CRAS e a atuaoprofissional como um grande planto de emergncias, ou umservio cartorial de registro e controle das famlias para acessosa benefcios de transferncia de renda. A segunda de esta-belecer uma relao entre o pblico e o privado, onde o poderpblico transforma-se em mero repassador de recursos a orga-nizaes no governamentais, que assumem a execuo diretados servios scio-assistenciais. Esse tipo de relao incorreno risco de transformar o(a) profissional em um(a) mero(a)

    fiscalizador(a) das aes realizadas pelas ONGs e esvazia suapotencialidade de formulador(a) e gestor(a) pblico(a) da polti-ca de Assistncia Social.

    5.2. Atuao de psiclogos(as) na Assistncia Social

    De acordo com o Cdigo de tica Profissional do(a)psiclogo(a) toda profisso define-se a partir de um corpo deprticas que busca atender demandas sociais, norteado por ele-vados padres tcnicos e pela existncia de normas ticas quegarantam a adequada relao de cada profissional com seus

    pares e com a sociedade como um todo. Assim a atuao psi-colgica deve se guiar pelos seguintes princpios fundamentais:I. O(a) psiclogo(a) basear o seu trabalho no respeito e

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    na promoo da liberdade, da dignidade, da igualdade e da

    integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasama Declarao Universal dos Direitos Humanos.II. O(a) psiclogo(a) trabalhar visando promover a sade

    e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contri-buir para a eliminao de quaisquer formas de negligncia,discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso.

    III. O(a) psiclogo(a) atuar com responsabilidade social,

    analisando crtica e historicamente a realidade poltica, econ-mica, social e cultural.IV. O(a) psiclogo(a) atuar com responsabilidade, por

    meio do contnuo aprimoramento profissional, contribuindopara o desenvolvimento da Psicologia como campo cientfico deconhecimento e de prtica.

    V. O(a) psiclogo(a) contribuir para promover a universali-zao do acesso da populao s informaes, ao conhecimen-to da cincia psicolgica, aos servios e aos padres ticos daprofisso.

    VI. O(a) psiclogo(a) zelar para que o exerccio profissio-nal seja efetuado com dignidade, rejeitando situaes em que aPsicologia esteja sendo aviltada.

    VII. O(a) psiclogo(a) considerar as relaes de poder noscontextos em que atua e os impactos dessas relaes sobre as

    suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crtica eem consonncia com os demais princpios deste Cdigo.

    A partir desses compromissos ticos entende-se que a atu-ao dos(as) psiclogos(a) no SUAS deve estar fundamentadana compreenso da dimenso subjetiva dos fenmenos sociais ecoletivos, sob diferentes enfoques tericos e metodolgicos, como objetivo de problematizar e propor aes no mbito social.

    O(a) psiclogo(a), nesse campo, pode desenvolver diferentesatividades em espaos institucionais e comunitrios. Seu trabalhoenvolve proposies de polticas e aes relacionadas comu-

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    nidade em geral e aos movimentos sociais de grupos tnico-ra-

    ciais, religiosos, de gnero, geracionais, de orientao sexual,de classes sociais e de outros segmentos socioculturais, comvistas realizao de projetos da rea social e/ou definio depolticas pblicas. Deve realizar estudos, pesquisas e supervisosobre temas pertinentes relao do indivduo com a sociedade,com o intuito de promover a problematizao e a construo deproposies que qualifiquem o trabalho e a formao no campo

    da Psicologia.Por meio de atuao interdisciplinar o(a) psiclogo(a) podeatender a crianas, adolescentes e adultos, de forma individuale/ou em grupo, priorizando o trabalho coletivo, possibilitandoencaminhamentos psicolgicos quando necessrio, desenvolven-do mtodos e instrumentais para atendimento e pesquisa comum olhar para o grupo familiar. As aes devem ser integradascom outros(as) profissionais dentro do servio, bem como comoutros servios visando o trabalho em rede.

    Nesse sentido, a formao do(a) psiclogo(a) deve senortear pelo compromisso de contribuir com a construo edesenvolvimento do conhecimento cientfico em Psicologia, pelacompreenso dos mltiplos referenciais que buscam apreen-der a amplitude do fenmeno psicolgico em suas interfacescom os fenmenos biolgicos e sociais, pelo reconhecimento

    da diversidade de perspectivas necessrias para a compreen-so do ser humano e incentivo interlocuo com campos deconhecimento que permitam a apreenso da complexidade emultideterminao do fenmeno psicolgico. Alm disso, devese nortear pela compreenso crtica dos fenmenos sociais, eco-nmicos, culturais e polticos do pas, fundamentais ao exerccioda cidadania e da profisso, pelo respeito tica nas relaes

    com clientes e usurios(as), com colegas, com o pblico e naproduo e divulgao de pesquisas, trabalhos e informaes epelo aprimoramento contnuo (BRASIL, 2004).

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    O exerccio profissional do(as) psiclogo(as) envolve as

    seguintes competncias e habilidades gerais (BRASIL, 2004): desenvolver aes de preveno, promoo, proteo ereabilitao da sade psicolgica e psicossocial, tanto em nvelindividual quanto coletivo, bem como a realizar seus serviosdentro dos mais altos padres de qualidade e dos princpios datica/biotica;

    avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequa-

    das, baseadas em evidncias cientficas; ser acessvel mantendo os princpios ticos no uso dasinformaes a ele(a) confiadas, na interao com outros(as)profissionais e com o pblico em geral;

    fazer o gerenciamento e administrao da forade trabalho, dos recursos fsicos e materiais e de informa-o, da mesma forma que devem estar aptos(as) a seremempreendedores(as), gestores(as), empregadores(as) ou lderesnas equipes de trabalho;

    aprender continuamente, tanto na sua formao, quantona sua prtica, e ter responsabilidade e compromisso para coma sua educao e com o treinamento das futuras geraes deprofissionais.

    Conforme estabelecem as diretrizes nacionais curricula-

    res para a formao em Psicologia (BRASIL, 2004), a atuaopsicolgica requer um domnio bsico de conhecimentos psi-colgicos e a capacidade de utiliz-los em diferentes contextosque demandam a investigao, anlise, avaliao, preveno eatuao em processos psicolgicos e psicossociais, e na promo-o da qualidade de vida. So elas:

    analisar o campo de atuao profissional e seus desafios

    contemporneos; analisar o contexto em que atua profissionalmente emsuas dimenses institucional e organizacional, explicitando a

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    dinmica das interaes entre os(as) seus(suas) agentes sociais;

    identificar e analisar necessidades de natureza psicolgica,diagnosticar, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerentecom referenciais tericos e caractersticas da populao-alvo;

    identificar, definir e formular questes de investigaocientfica no campo da Psicologia, vinculando-as a decisesmetodolgicas quanto escolha, coleta e anlise de dados emprojetos de pesquisa;

    escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de cole-ta de dados em Psicologia, tendo em vista a sua pertinncia; avaliar fenmenos humanos de ordem cognitiva, com-

    portamental e afetiva, em diferentes contextos; realizar diagnstico e avaliao de processos psicolgi-

    cos de indivduos, de grupos e de organizaes; realizar diagnstico psicossocial que viabilize a constru-

    o de projetos de interveno coordenar e manejar processos grupais, considerando as

    diferenas individuais e scio-culturais dos seus membros; atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a com-

    preenso dos processos e fenmenos envolvidos assim o reco-mendar;

    relacionar-se com o(a) outro(a) de modo a propiciar odesenvolvimento de vnculos interpessoais requeridos na sua

    atuao profissional; atuar profissionalmente, em diferentes nveis de ao, de

    carter preventivo ou teraputico, considerando as caractersti-cas das situaes e dos problemas especficos com os quais sedepara;

    realizar orientao, aconselhamento psicolgico e aten-dimento psicolgico no mbito da proteo social especial;

    elaborar relatos cientficos, pareceres tcnicos, laudos e ou-tras comunicaes profissionais, inclusive materiais de divulgao; apresentar trabalhos e discutir idias em pblico;

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    saber buscar e usar o conhecimento cientfico necessrio

    atuao profissional, assim como gerar conhecimento a partirda prtica profissional; prestar servios de assessoria ou consultoria para rgos

    pblicos e/ou privados e executar aes de coordenao oudireo em servios e programas.

    O(a) psiclogo(a) deve estar em aprimoramento cont-nuo, em sua rea, que lhe possibilite o desenvolvimento de

    habilidades de anlise e sntese, de aplicabilidade de conheci-mentos na prtica, de comunicao e de trabalho em equipe.Uma das possibilidades do trabalho realizado na comunidadecom as famlias, grupos e indivduos, pelos psiclogos, aexplorao e a compreenso dos significados presentes nasaes do sujeito, bem como dos grupos de sujeitos, buscando-se-lhes apreender o sentido que leva a determinadas direesde relacionamentos, conflitos e decises com foco na constru-o de novas respostas.

    A questo da centralidade na famlia merece bastanteateno pois pode representar substituio da ao pblicapela priorizao do espao familiar. A comunidade expressa-secomo espao de construo de cidadania. Focar as relaesentre indivduos, e entre estes e a sociedade, em uma busca devalorizao das relaes comunitrias que visem o bem comum

    um desafio importante. As aes com famlias visam a intervirem seu sofrimento produzindo uma interveno complexa queintegre a dimenso individual e social, a partir da anlise da

    forma como se do as relaes entre indivduos e/ou entre indi-vduos e instituies, da co-construo de conhecimentos sobrea realidade e possibilidades de mudana (FREITAS, GUARES-CHI e RICCI apud COSTA, BRANDO, 2005).

    As determinaes econmicas e sociais produzem efei-tos psicolgicos que no podem ser compreendidos somentena sua dimenso individual. Para Sawaia (2002) o sofrimento

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    5.3. Interfaces entre as duas profisses

    O trabalho de assistentes sociais e psiclogo/as na pol-tica de Assistncia Social requer interface com as polticas dasade, Previdncia, educao, trabalho, lazer, meio ambiente,Comunicao Social, segurana e habitao, na perspectivade mediar o acesso dos(as) cidados(s) aos direitos sociais.

    As abordagens das duas profisses podem somar-se com

    intuito de assegurar uma interveno interdisciplinar capaz deresponder a demandas individuais e coletivas, com vistas a de-fender a construo de uma sociedade livre de todas as formasde violncia e explorao de classe, gnero, etnia e orienta-o sexual. Ao integrar a equipe dos(as) trabalhadores(as) nombito da poltica de Assistncia Social, esses(as) profissionaispodem contribuir para criar aes coletivas de enfrentamentoa essas situaes, com vistas a reafirmar um projeto tico escio-poltico de uma nova sociedade que assegure a divisoeqitativa da riqueza socialmente produzida. Dessa forma, o

    trabalho interdisciplinar em equipe deve ser orientado pelaperspectiva de totalidade, com vistas a situar o indivduo nasrelaes sociais que tm papel determinante nas suas condi-es de vida, de modo a no responsabilizar o indivduo pelasua condio scio-econmica.

    O Cdigo de tica Profissional de assistentes sociais epsiclogos(as) estabelece direitos e deveres que, no mbitodo trabalho em equipe, resguardam-lhes o sigilo profissional,de modo que estes(as) no podem e no devem encaminhar,a outrem, informaes, atribuies e tarefas que no estejamem seu campo de atuao. Por outro lado, s devem compar-

    tilhar informaes relevantes para qualificar o servio presta-

    do, resguardando o seu carter confidencial, assinalando aresponsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo.Na elaborao conjunta dos documentos que embasam as

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    atividades em equipe interdisciplinar, psiclogos/as e assisten-

    tes sociais devem registrar apenas as informaes necessriaspara o cumprimento dos objetivos do trabalho.Em virtude dos desafios impostos na atuao interdiscipli-

    nar na poltica de Assistncia Social, considera-se importante acriao de espaos, no ambiente de trabalho, que possibilitema discusso e reflexo dos referenciais tericos e metodolgi-cos que subsidiam o trabalho profissional e propiciem avanos

    efetivos, considerando as especificidades das demandas, dasequipes e dos(as) usurios(as). A construo do trabalho inter-disciplinar impe aos(s) profissionais a realizao permanentede reunies e debates conjuntos de planejamento a fim de es-

    tabelecer as particularidades da interveno profissional, bemcomo definir as competncias e habilidades profissionais em

    funo das demandas sociais e das especificidades do traba-lho. Balizados pelos seus Cdigos de tica, Leis de Regulamen-

    tao e Diretrizes Curriculares de formao profissional, assis-tentes sociais e psiclogos(as) podem instituir parmetros deinterveno que se pautem pelo compartilhamento das ativida-des, convivncia no conflituosa das diferentes abordagens te-rico-metodolgicas que fundamentam a anlise e intervenoda realidade e estabelecimento do que prprio e especficoa cada profissional na realizao de estudos socioeconmicos,

    visitas domiciliares, abordagens individuais, grupais e coleti-vas. A atuao interdisciplinar requer construir uma prticapoltico-profissional que possa dialogar sobre pontos de vistadiferentes, aceitar confrontos de diferentes abordagens, tomardecises que decorram de posturas ticas e polticas pautadasnos princpios e valores estabelecidos nos Cdigos de ticaProfissional. A interdisciplinaridade, que surge no processo

    coletivo de trabalho, demanda uma atitude ante a formao econhecimento, que se evidencia no reconhecimento das com-petncias, atribuies, habilidades, possibilidades e limites das

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    disciplinas, dos sujeitos, do reconhecimento da necessidade de

    dilogo profissional e cooperao.Nessa perspectiva, fundamental assegurar a participa-o dos(as) profissionais das diferentes categorias que inte-gram as equipes dos CRAS e CREAS e dos(as) usurios(as),nos Conselhos de Assistncia Social, como forma de fortaleci-mento da contribuio das diferentes profisses para a cons-

    truo do SUAS e para a qualificao dos espaos de con-

    trole social democrticos. Destaca-se tambm a importnciada atuao conjunta na perspectiva da organizao dos(as)usurios(as), com vistas a viabilizar sua participao nos Con-selhos, bem como intervir no sentido de tornar acessvel po-pulao as deliberaes das Conferncias e dos Conselhos de

    Assistncia Social, aprimorando os mecanismos de divulgaoe socializao dos debates com a populao.

    Assistentes sociais e psiclogos(as) tm uma funoestratgica na anlise crtica da realidade, no sentido de fo-mentar o debate sobre o reconhecimento e defesa do papel da

    Assistncia Social e das polticas sociais na garantia dos direi-tos e melhoria das condies de vida; isso sem superestimarsuas possibilidades e potencialidades no enfrentamento dasdesigualdades sociais, gestadas e cimentadas nas determina-es macroeconmicas que impedem a criao de emprego,

    redistribuio de renda e ampliao dos direitos.Da mesma maneira, psiclogos(as) e assistentes sociais

    tm um papel fundamental na compreenso e anlise crticada crise econmica e de sociabilidade que assola o Brasil atu-almente. Essa crise fortemente determinada pela concentra-o de renda e expressa-se nos altos ndices de desemprego,violncia, degradao urbana e do meio ambiente, ausncia

    de moradias adequadas, dificuldade de acesso sade, edu-cao, lazer e nas diferentes formas de violao dos direitos.Portanto, no se pode pensar a Assistncia Social isolada do

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    conjunto das polticas pblicas e nem se pode reforar a pers-

    pectiva de que o enfrentamento das desigualdades estruturaispode se dar pela via da resoluo de problemas individuali-zados e que desconsiderem as determinaes objetivas maisgerais da sociabilidade Os desafios que se colocam deman-dam de psiclogos/as e assistentes sociais uma articulao nadefesa do SUAS e de todas as polticas sociais, a partir de umaleitura critica da realidade e das demandas sociais.

    Embora Servio Social e Psicologia possuam acmulosterico-polticos diferentes, o dilogo entre essas categoriasprofissionais aliar reflexo crtica, participao poltica, com-preenso dos aspectos objetivos e subjetivos inerentes ao con-vvio e formao do indivduo, da coletividade e das circuns-

    tncias que envolvem as diversas situaes que se apresentamao trabalho profissional. possvel construir, a partir dessaao interdisciplinar, um cenrio de discusso sobre respon-sabilidades e possibilidades na construo de uma propostatico-poltica e profissional que no fragmente o sujeito usu-rio da poltica de Assistncia Social.O trabalho em equipe nopode negligenciar a definio de responsabilidades individuaise competncias, e deve buscar identificar papis, atribuies,de modo a estabelecer objetivamente quem, dentro da equipemultidisciplinar, encarrega-se de determinadas tarefas.

    O conhecimento da legislao social um pr-requisitopara o exerccio do trabalho. No caso do Servio Social, esta uma matria obrigatria prevista nas Diretrizes Curriculares. Nombito da Psicologia, contudo, faz-se necessria a sua inclu-so no processo de formao. A atualizao do conhecimentodos marcos legais, contudo, uma necessidade contnua de

    todos(as) os(as) trabalhadores(as) e deve ser buscada conjun-tamente pelas equipes do SUAS. Entre as principais legislaesque so instrumento de trabalho dos profissionais, destacam-se:

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    Constituio Federal CF, 1988;

    Lei Orgnica da Sade LOS/1991; Lei Orgnica da Previdncia Social LOPS/1992; Lei Orgnica da Assistncia Social LOAS / 1993; Estatuto da Criana e do Adolescente ECA/1990; Estatuto do Idoso Lei 10741/2004; Poltica Nacional de Assistncia Social PNAS/2004; Poltica Nacional do Idoso PNI/1995;

    Poltica Nacional de Integrao da Pessoa com Deficin-cia PNIPD/1999; Norma Operacional Bsica de Assistncia Social NOB-

    SUAS/2005; Novo Cdigo Civil; Norma Operacional Bsica de Recursos Humanos do

    SUAS NOB-RH/SUAS/2007; Decretos e Portarias do Ministrio de Desenvolvimento

    Social; Programa Brasil sem Homofobia.

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    A consolidao do processo coletivo de trabalho de assis-tentes sociais e psiclogos/as na poltica de Assistncia Socialno est desvinculada das lutas pela garantia de um Estado

    democrtico, comprometido com os direitos da classe traba-lhadora. Isso porque a interveno profissional no se realiza enem pode ser tratada como responsabilidade individual dos(as)

    trabalhadores(as). As possibilidades de atuao profissionalno podem ser desvinculadas das condies e processos emque se realiza o trabalho. nesse sentido que as competnciase atribuies profissionais devem se inserir na perspectiva dagesto do trabalho em seu sentido mais amplo, que contempleao menos trs dimenses indissociveis: as atividades exercidaspelas trabalhadores(as), as condies materiais, institucionais,

    fsicas e financeiras, e os meios e instrumentos necessrios aoseu exerccio. A garantia e articulao dessas dimenses so

    fundamentais para que os(as) trabalhadores(as) possam atuarna perspectiva de efetivar a poltica de Assistncia Social e ma-

    terializar o acesso da populao aos direitos sociais.

    A natureza da atuao dos(as) profissionais referenciadaneste documento est, em grande medida, condicionada reali-

    zao das demais dimenses. O estabelecimento de relaes detrabalho estveis, a garantia institucional e condies e meiosnecessrios realizao das atividades so indispensveis parao exerccio profissional. Nessa perspectiva, o trabalho precariza-do que se manifesta na ausncia das dimenses anteriormente

    citadas, nos baixos salrios, na elevada carga de trabalho, naalta rotatividade, na inexistncia de possibilidades institucionaispara atender s demandas dos(as) usurios(as), entre outros,

    6. Gesto do trabalho na Assistncia Social

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    um obstculo para a atuao profissional, para a universa-

    lizao das polticas sociais, para as relaes saudveis entretrabalhadores(as) e usurios(as) e para a qualidade e continui-dade dos programas, projetos e servios. A implantao de umapoltica de reconhecimento e valorizao do(a) trabalhador(a) ea concretizao da NOB/RH/SUAS, com implementao do Pla-no de Cargos, Carreiras e Salrios (PCCS), aprovada em 2007,so imprescindveis para assegurar as condies de materializa-

    o do trabalho dos(as) profissionais que atuam no SUAS.No que se refere autonomia do trabalho, as condiesobjetivas de estruturao do espao institucional devem asse-gurar aos(s) profissionais o direito de realizar suas escolhas

    tcnicas no circuito da deciso democrtica, garantir a sualiberdade para pesquisar, planejar, executar e avaliar o pro-cesso de trabalho, permitir a realizao de suas competncias

    tcnica e poltica nas dimenses do trabalho coletivo e indi-vidual e primar pelo respeito aos direitos, princpios e valorestico-polticos profissionais estabelecidos nas regulamentaesprofissionais (BEHRING, 2003).

    No que se refere s condies fsicas e tcnicas de exer-ccio profissional4, alguns procedimentos exigem a garantia deespao para atendimentos individuais e coletivos, bem comolocal adequado para a guarda de pronturios e documentos

    pertinentes ao atendimento aos(s) usurios(as). A qualidade naatuao profissional implica na realizao de educao perma-nente em Assistncia Social e destinao de recursos para a su-perviso tcnica permanente. A carga horria de trabalho deveassegurar tempo e condies para o(a) profissional respondercom qualidade as demandas de seu trabalho, bem como reser-

    4 O CFESS publicou, em 21 de agosto de 2006, a Resoluo 493, que dispe sobre as condi-es ticas e tcnicas do exerccio profissional do(a) assistente social.

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    var momentos para estudos e capacitao continuada no hor-

    rio de trabalho, alm de garantir apoio ao(a) profissional paraparticipao em cursos de especializao, mestrado ou equiva-lentes, que visam a qualificao e aprimoramento profissional. Aausncia de espaos de reflexo dos referenciais tericos e me-

    todolgicos que subsidiam o trabalho da equipe interdisciplinargera dificuldade na compreenso do papel e atribuies dos(as)profissionais, tanto por parte dos(as) gestores, quanto dos(as)

    prprios(as) trabalhadores(as). Dessa forma, aes de educaopermanente devem ser planejadas com base na identificaodas necessidades dos(as) profissionais, e levando em considera-o as caractersticas das demandas locais e regionais.

    A atuao na Assistncia Social ocorre em espaos insti-tucionais e de mediao social junto aos movimentos sociais epopulares. Valores, ideologias, relaes sociais e polticas soconstitutivos das prticas realizadas nesses espaos. Como sereshistricos e sociais, psiclogos/as e assistentes sociais so su-jeitos e investigadores(as) dos fenmenos e processos com osquais trabalham. A luta pela competncia profissional fruto do

    trabalho coletivo e da mobilizao social pela garantia dos direi-tos dos(as) trabalhadores(as), pela universalizao dos direitossociais e pela consolidao da Assistncia Social como polticapblica e dever do Estado.

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    BRASIL. Presidncia da Repblica. Lei 8.662. Dispe sobrea profisso de assistente social e d outras providncias. Bras-lia, 7 de junho de 1993.

    7. Referncias

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    Servios. Relatrio Final. Braslia: CFP, 2005.CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resoluo CFP

    N 010/05.Aprova o Cdigo de tica Profissional do Psiclogo.27 de agosto de 2005.

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    Manifesta, novembro de 2005.CONSELHO FEDERAL DE SERVIO SOCIAL. Resoluo

    CFESS n0 273/93. Institui o Cdigo de tica Profissional dosAssistentes Sociais. 13 de maro de 1993.

    CONSELHO FEDERAL DE SERVIO SOCIAL. ServioSocial Profisso. Assistncia Social Poltica Pblica. CFESS

    Manifesta, dezembro de 2005.

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    Conselho Federal de PsicologiaSRTVN Qd 702 - Ed. BrasliaRdio Center sala 4024-ACEP: 70.719-900 Braslia/DFFone: (61) 2109-0100Fax: (61) 2109 0150

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