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ÍNDICE 1

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Page 1: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 2

2. ESTABILIZAÇÃO CERVICAL COM ALINHAMENTO MANUAL DA CABEÇA........................................ 3

3. APLICAÇÃO DO COLAR CERVICAL ....................................................................................................... 4

4. ROLAMENTO .......................................................................................................................................... 10

5. LEVANTAMENTO .................................................................................................................................... 17

6. MACA “SCOOP” ..................................................................................................................................... 20

7. IMOBILIZAÇÃO EM PLANO DURO ........................................................................................................ 23

8. COLETE DE EXTRACÇÃO ..................................................................................................................... 25

8.1 Aplicação do colete de extracção .............................................................................................................. 25

8.2 Extracção de vítimas com o colete de extracção ..................................................................................... 26

9. EXTRACÇÃO IMEDIATA COM UM ELEMENTO – CHAVE DE RAUTEK ............................................. 27

10. REMOÇÃO DO CAPACETE .................................................................................................................... 28

11. IMOBILIZAÇÃO VERTICAL .................................................................................................................... 32

12. IMOBILIZAÇÕES PROVISÓRIAS DOS MEMBROS SUPERIORES ...................................................... 34

12.1 Imobilização da cintura escapular ............................................................................................................. 34

12.2 Imobilização do úmero ................................................................................................................................ 34

12.3 Imobilização do cotovelo ............................................................................................................................ 35

12.4 Imobilização do antebraço, punho e mão ................................................................................................. 36

13. IMOBILIZAÇÕES PROVISÓRIAS DOS MEMBROS INFERIORES ........................................................ 37

13.1 Imobilização da cintura pélvica .................................................................................................................. 37

13.2 Imobilização do fémur ................................................................................................................................. 37

13.3 Imobilização do joelho ................................................................................................................................ 38

13.4 Imobilização da perna, tornozelo e pé ....................................................................................................... 39

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Page 2: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

1. INTRODUÇÃO

Relativamente aos efeitos resultantes da aplicação de energia no corpo humano, é importante relembrar que a energia não se cria

nem se destrói, mas apenas se converte ou transforma. As lesões traumáticas, particularmente as músculo-esqueléticas, acontecem

quando os tecidos do organismo são expostos a níveis de energia cinética para além da sua resistência. Assim, a gravidade destas lesões

depende do tipo e intensidade da energia envolvida e da resistência das diferentes estruturas atingidas.

A alteração na continuidade de um osso, fractura, ocorre frequentemente como resultado de forças externas significativas. Outras

lesões músculo-esqueléticas possíveis são as luxações, as entorses, as distensões e as roturas de ligamentos, músculos e estruturas

articulares (como as cartilagens ou os meniscos). Na avaliação inicial do estado da vítima, sobretudo em ambiente pré-hospitalar, mais

importante que tentar chegar a um diagnóstico preciso é a identificação dos sinais externos de lesão e a valorização das queixas da vítima.

Particularmente, é fundamental identificar e corrigir de imediato as situações de compromisso neuro-vascular.

Ao abordar uma vítima de trauma, é importante conseguir fazer uma avaliação de toda a situação no local e tentar compreender os

mecanismos que poderão ter causado as lesões, para poder efectuar uma estimativa da quantidade de energia cinética envolvida. Após

este conhecimento e depois de estabilizada a vítima, deve-se focar a atenção nas lesões mais específicas. É o momento ideal para prestar

os cuidados adequados às feridas identificadas, imobilizar as lesões que o justifiquem e preparar a vítima para o transporte. Sempre que o

estado da vítima implique risco imediato de vida, a imobilização de todas as fracturas ou suspeitas de lesão músculo-esquelética deverá ser

adiada até que se tenham corrigido as lesões que colocam a vida da vítima em risco, excepto se a sua realização não condicionar atrasos

ou dificuldades na correcção dessas lesões.

As técnicas de imobilização e remoção de vítimas de trauma têm vindo a ser modificadas e adaptadas ao longo dos anos. No

entanto, os princípios fundamentais mantêm-se praticamente inalterados.

Alguns dos princípios de imobilização são: antes de qualquer avaliação, segurar a cabeça entre as duas mãos e estabilizar a coluna

cervical numa posição alinhada e neutra, respeitando o eixo nariz-umbigo-pés; não aplicar tracção aquando da imobilização manual da

cabeça (apenas a força necessária para manter o alinhamento); imobilizar todas as vítimas com suspeita de lesão da coluna num plano

duro; em caso de dúvida imobilizar sempre; não mobilizar a vítima antes de imobilizar lesões que o justifiquem; remover a roupa da área a

imobilizar; observar e registar o estado neuro-vascular, no caso de suspeita de lesão óssea; proteger todas as feridas com compressas

esterilizadas secas antes de imobilizar; não tentar reintroduzir topos ósseos nas fracturas expostas. Finalmente, um dos princípios mais

importantes: mover a vítima somente o necessário para a sua correcta remoção e imobilização, mantendo ou melhorando o seu estado.

Quem fica “à cabeça” comanda a execução das técnicas de imobilização. Sempre que necessário este deverá emitir em voz alta,

firme e de forma clara o que pretende que seja feito, como e quando pretende que a manobra seja executada, certificando-se que todos os

intervenientes perceberam. Por ex.: “À minha voz de três, levantar! Um... Dois... Três!”

DEVEM SER EVITADOS MOVIMENTOS DESNECESSÁRIOS

NA EXECUÇÃO DAS TÉCNICAS.

No sentido de reforçar a necessidade de manutenção destes mesmos princípios, este manual aborda as técnicas de imobilização e

remoção de vítimas de trauma, encontrando-se direccionado para os elementos que actuam na Emergência Médica Pré-Hospitalar. Sendo

várias as categorias que actuam a este nível, onde se incluem médicos, enfermeiros, técnicos e tripulantes de ambulância, será utilizada a

designação de Técnico de Emergência Médica nas referências aos elementos envolvidos na realização das técnicas.

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Page 3: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

2. ESTABILIZAÇÃO CERVICAL COM ALINHAMENTO MANUAL DA CABEÇA

Objectivos: Manter a cabeça e a região cervical alinhadas, numa posição neutra.

Indicações: Quando há possibilidade de lesão vértebro-medular.

Contra-indicações: Sempre que a mobilização cuidadosa da cabeça e do pescoço para uma posição alinhada e

neutra desencadeie alguma das seguintes situações:

Espasmo ou contractura da musculatura do pescoço.

Aparecimento ou agravamento da dor ou dos défices neurológicos (como parestesias ou

alterações motoras/sensitivas).

Compromisso da ventilação.

Nestes casos, o movimento deve ser interrompido de imediato, devendo a cabeça ser

imobilizada nessa posição.

Técnica

Sempre que, pelos mecanismos de trauma, existe a suspeita de lesão vértebro-medular, o primeiro passo é proceder de imediato à

imobilização manual da cabeça e coluna cervical com alinhamento em posição neutra (eixo nariz-umbigo-pés). Este movimento provoca

menos riscos do que transportar a vítima sem qualquer tipo de imobilização ou com a cabeça desalinhada.

A cabeça é segura, mobilizada cuidadosamente e alinhada em posição neutra, salvo nas contra-indicações já enumeradas.

O alinhamento é mantido em posição neutra, sem qualquer tracção.

No doente sentado, ou de pé, deve ser aplicada apenas a tracção suficiente para aliviar o peso, isto é “tirar o peso” da cabeça

sobre o resto da coluna cervical.

A cabeça deve ser mantida alinhada e imobilizada manualmente, em posição neutra, até que a vítima se encontre imobilizada

adequadamente com os dispositivos apropriados, devendo permanecer assim até à chegada ao hospital. 3

Page 4: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Abordagem posterior com a vítima sentada (falta FOTO da vitima com a cabeça desalinhada)

Um elemento coloca-se por trás da vítima e coloca as suas mãos, lateralmente, sobre os pavilhões auriculares, sem movimentar a

cabeça. Os polegares são colocados contra o occipital e os indicadores, horizontalmente, em direcção à região peri-orbitária. Os dedos

mínimos são colocados imediatamente abaixo do ângulo da mandíbula. Os restantes dedos são colocados lateralmente na face da vítima.

Deve ser aplicada a pressão necessária para conseguir controlar a cabeça e mantê-la numa posição estável.

Se a cabeça não está alinhada numa posição neutra, o Técnico de Emergência Médica mobiliza lentamente a cabeça até conseguir

o alinhamento (excepto nas situações referidas nas contra-indicações).

No final, o elemento pode aproximar os seus braços e apoiá-los no banco, nos apoios de cabeça ou no seu tronco, para se manter

mais estável. FOTO

Abordagem lateral com a vítima sentada

Colocando-se lateralmente à vítima, um elemento começa por colocar uma das mãos na região occipital, passando o braço sobre o

ombro da vítima. Com a sua mão em chave polegar/indicador, apoia a referida região, de modo a evitar que a cabeça mexa.

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Ao mesmo tempo, utilizando a chave polegar/indicador, cuidadosamente coloca a outra mão de cada lado da face da vítima,

apoiando-se imediatamente abaixo da região malar (abaixo do nariz, passando sobre o lábio superior). Os restantes dedos são colocados

junto ao indicador de forma que o dedo mínimo seja colocado imediatamente abaixo do ângulo da mandíbula.

Se a cabeça não está alinhada numa posição neutra deve-se mobilizá-la lentamente, até conseguir o alinhamento (excepto se

existir contra-indicação).

Deve ser exercida a força suficiente para suportar e estabilizar a cabeça. O elemento que está a executar a técnica pode, de

seguida, encostar os seus dois antebraços no tronco da vítima para obter um suporte adicional.

Nota: Esta técnica pode ser também utilizada quando se é necessária abordar lateralmente uma vítima deitada em decúbito

dorsal. FOTO

Abordagem frontal com a vítima de pé

Posicionando-se directamente em frente da vítima, um elemento coloca as suas mãos de ambos os lados da cabeça sobre os

pavilhões auriculares e sem movimentar a cabeça.

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Page 6: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Se a cabeça não está alinhada numa posição neutra deve-se mobilizá-la lentamente, até conseguir o alinhamento (excepto se

existir contra-indicação).

Tem de ser mantida a força suficiente para suportar e estabilizar a cabeça.

Abordagem com a vítima em decúbito dorsal

Um elemento posiciona-se atrás da cabeça da vítima, na posição de ajoelhado (dois joelhos no chão) ou deitado.

As mãos são colocadas de cada lado da cabeça da vítima, cobrindo com as palmas da mão os pavilhões auriculares.

Os dedos de quem está a executar a técnica são colocados lateralmente, na face da vítima, a apontar longitudinalmente na

direcção dos pés (caudal), de modo a estabilizar a cabeça: polegares na região malar, os dedos médios em direcção ao ângulo da

mandíbula, os anelares e os mínimos em direcção à região occipital, envolvendo-a.

Os cotovelos e os antebraços devem ser apoiados no chão ou nos joelhos, conforme o posicionamento da vítima ou as

contingências de espaço.

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3. APLICAÇÃO DO COLAR CERVICAL

Objectivos: Manter a região cervical alinhada numa posição neutra.

Indicações: Quando há suspeita de lesão vértebro-medular.

Contra-indicações: Impossibilidade de promover o alinhamento.

Técnica

O primeiro elemento deve fazer ou manter, de acordo com a posição e a situação da vítima, o alinhamento e a imobilização da

cabeça e coluna cervical, em posição neutra, deixando liberto o pescoço, para que seja mais fácil a aplicação do colar cervical.

O segundo elemento procederá à escolha do tamanho do colar cervical, seguindo as orientações do fabricante. Os passos da sua

aplicação dependem do tipo de colar e das instruções de colocação (consultar folheto respectivo). No entanto, se possível, deve-se optar

por um colar de duas peças e quatro apoios.

Nestes colares, primeiro ajusta-se a parte anterior ao pescoço da vítima. De seguida, coloca-se a parte posterior do colar (base),

procedendo-se então ao ajuste final.

O colocar cervical deve ser aplicado antes da colocação do colete de extracção, previamente à realização de um levantamento ou

antes de fazer o rolamento de uma vítima em decúbito dorsal. Será colocado a seguir à remoção do capacete ou após um rolamento, se a

vítima se encontrar em decúbito ventral.

Não esquecer de examinar o pescoço da vítima antes da colocação do colar cervical de modo a identificar eventuais lesões ou

alterações relevantes.

1 – Escolher o tamanho do colar cervical

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2 – Aplicar a peça anterior

3 – Ajustar a fita de velcro

4 – Introduzir a peça posterior

5 – Centrar a peça posterior

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6 – Apertar a peça posterior

O primeiro elemento mantém sempre o alinhamento em posição neutra (segundo o eixo nariz-umbigo-pés) e a imobilização da

cabeça.

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4. ROLAMENTO

Objectivos: Mobilizar uma vítima para um equipamento, mantendo estabilização com alinhamento manual e

com o menor número de movimentos possível da coluna vertebral.

Indicações: 1) Posicionar uma vítima em decúbito dorsal sobre um plano duro ou outro equipamento que

permita transportá-la.

2) Rolar uma vítima com suspeita de trauma vértebro-medular ou sempre que seja necessário

examinar a face posterior do tronco.

3) Quando o número de elementos não é suficiente para realizar um levantamento.

Contra-indicações: Vítima com suspeita de trauma da bacia, trauma bilateral dos membros ou tórax, objectos

empalados e eviscerações.

Nota: Se a vítima se encontrar em decúbito ventral, estas contra-indicações são relativas,

excepto se existir um objecto empalado nas costas.

Técnica

A técnica tem de ser adaptada de acordo com a posição em que a vítima se encontra.

Vítima em decúbito dorsal

O primeiro elemento coloca-se à cabeça da vítima e mantém o alinhamento com estabilização em posição neutra. Outro elemento

aplica o colar cervical e posiciona-se ajoelhado ao nível do tórax da vítima, o terceiro ajoelha-se ao nível dos membros inferiores (coxas).

O braço da vítima mais próximo do 2º elemento deve ser colocado a 90° (apoiando sempre as articulações) e o do lado oposto

alinhado com o corpo. As pernas são também alinhadas.

O 2º elemento coloca, em simultâneo, uma mão no ombro e outra na anca. O 3º elemento coloca uma mão em posição intermédia

com o 2º elemento (região do tórax/abdómen, apoiando simultaneamente o braço da vítima) e outra abaixo do joelho, de modo a manter as

extremidades alinhadas em posição neutra e é rolada suavemente na direcção destes.

O plano duro, com a base dos apoios laterais de cabeça já montada e fixa, é colocado por um quarto elemento a 45° contra o dorso

da vítima, fixando-o no bordo lateral. A base dos apoios laterais deve ficar alinhada com a cabeça.

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A vítima é encostada ao plano duro e, uma vez apoiada, os 2º e 3º elementos retiram sucessivamente as mãos do lado oposto da

vítima, passando a apoiá-la do lado onde se encontram. De seguida baixa-se o plano com a vítima.

Uma vez o plano no chão, a vítima é centrada neste. Para isso, o elemento que colocou o plano mantém-se do mesmo lado mas

passa a apoiar a vítima colocando os braços do lado oposto. Este ajuda a deslizar a vítima, puxando-a para si enquanto os 2º e 3º

elementos apoiam firmemente do seu lado e a empurram. Todos os passos são executados de forma coordenada e à voz de comando do

1º elemento.

Existe uma técnica alternativa para centrar as vítimas: “técnica de centrar em V” (útil quando a vítima está exageradamente

descentrada). O elemento que colocou o plano fica do mesmo lado e apoia a vítima do seu lado. Os outros elementos mantêm o apoio do

seu lado. Ao comando de quem está à cabeça todos fazem deslizar o corpo para baixo no plano numa discreta diagonal (membros

inferiores mais para o centro). De seguida todos deslizam, para cima, centrando no plano. A estabilização da cabeça com alinhamento em

posição neutra deve ser feita sem tracção.

Vítima em decúbito ventral

Inicialmente o 1º elemento coloca-se numa posição estável, de preferência deitado lateralmente de frente para a face da vítima e ao

longo do seu corpo. Este elemento aplica as mãos abertas em chave polegar-indicador, uma sob o maxilar inferior e a outra em posição

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oposta na região occipital, apoiando o cotovelo, com o objectivo de fazer a melhor imobilização possível da cabeça e da coluna cervical,

para facilitar o posicionamento do 2º elemento.

O 2º elemento coloca-se à cabeça da vítima e mantém a estabilização na posição em que o 1º elemento a mantinha.

Na vítima em decúbito ventral, o colar cervical só deverá ser colocado depois da vítima estar em decúbito dorsal e nunca antes. Se

possível, a vítima deve ser sempre rolada na direcção contrária àquela para onde a sua face inicialmente está voltada.

O 1º elemento vai ao lado para onde a vítima será rolada e tenta estender o braço o mais possível na direcção cefálica.

Existem duas técnicas distintas para rolar a vítima. Para se optar por uma delas, a escolha depende de vários factores, por

exemplo:

Espaço disponível.

Experiência da equipa.

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Tamanho/peso da vítima.

Menor número de movimentos possível.

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1ª Alternativa:

O 1º elemento (o 2º encontra-se à cabeça), depois de posicionar o braço da vítima em direcção cefálica, do lado para onde esta vai

rolar, ajoelha-se a nível da região dorsal da vítima e agarra, com uma mão, o ombro mais distante e, com outra mão, alinha o braço ao

longo do corpo e segura o punho e a anca. O 3º elemento ajoelha-se lateralmente ao 1º, ao nível das coxas, e agarra o braço e o flanco e,

com a outra mão, os membros inferiores da vítima. Ao retirar os pontos de apoio da vítima, deve-se evitar que o corpo se movimente.

À voz de quem está à cabeça, rolam a vítima a 90°.

De seguida, um 4º elemento introduz o plano duro pelos pés, entre a vítima e os 1º e 3º elementos, colocando-se depois entre

estes elementos, fixando o plano.

À voz de quem comanda, encosta-se a vítima ao plano e posteriormente os 1º e 3º elementos retiram sucessivamente as mãos,

colocando-as do lado oposto do corpo da vítima (pela frente), continuando a suportar desta forma o peso. FOTO

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Page 16: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Deve-se seguidamente descer o plano até ao solo, com movimentos suaves, tendo os elementos que obrigatoriamente ir recuando

à medida que vão baixando o plano, evitando que a vítima deslize. Pede-se a quem introduziu o plano que o fixe contra a vítima e o vá

baixando de forma controlada. Centra-se a vítima no plano tal como foi descrito na técnica anterior, mas desta vez o elemento que

introduziu o plano sai da posição em que se encontrava e passa para o lado oposto, começa por alinhar o membro superior e, à voz de

comando, ajuda a centrar.

Logo que a vítima esteja correctamente posicionada e alinhada, pode ser substituída a imobilização manual pela colocação do colar

cervical e respectivos apoios laterais de cabeça. Quando for possível, completa-se a imobilização da vítima no plano duro (colocação de

cintos ao longo do corpo). FOTO

2ª Alternativa:

O 1º elemento (2º encontra-se à cabeça), depois de esticar em direcção cefálica o braço da vítima do lado para onde esta vai rolar,

ajoelha-se ao nível do tórax da vítima mas, neste caso, posiciona-se pela parte anterior da mesma (voltado para a face). Apoia com uma

mão o seu ombro mais próximo e, depois de alinhar o braço ao longo do corpo, introduz a outra mão de forma a segurar o punho e o flanco.

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O 3º elemento coloca-se lateralmente ao 1º, ajoelhando-se ao nível dos membros inferiores da vítima e cruza o seu braço mais

próximo com o do 1º elemento, apoiando o braço/tronco e a outra mão fica abaixo dos joelhos. Ao retirar os pontos de apoio da vítima,

deve-se evitar que o corpo se movimente.

À voz de quem está à cabeça, rolar a vítima a 90°.

De seguida alguém introduz o plano duro na diagonal (“em cunha”) pela parte posterior da vítima, fixando-o.

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Page 18: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Ao comando de quem lidera, encosta-se a vítima ao plano e de seguida os outros elementos substituem sucessivamente as mãos

para os mesmos pontos de apoio do lado oposto do corpo da vítima. Quem ficou a fixar o plano duro mantém-se nessa posição e, à voz de

quem está à cabeça, desce o plano duro até ao solo.

Centra-se a vítima no plano, como foi já descrito, mas desta vez o elemento que introduziu o plano permanece nesse mesmo local,

uma vez que já se encontra do lado oposto aos outros elementos.

Logo que a vítima esteja correctamente posicionada sobre o plano duro, pode ser colocado o colar cervical e a vítima imobilizada

definitivamente.

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5. LEVANTAMENTO

Objectivos: Mobilizar uma vítima para um equipamento, mantendo alinhamento da coluna vertebral em

posição neutra, segundo o eixo Nariz-Umbigo-Pés.

Indicações: 1) Na suspeita de lesão vértebro-medular, traumatismo da bacia, traumatismos bilaterais,

eviscerações ou objectos empalados.

2) Vítima em decúbito dorsal e na presença de um número de elementos suficiente/ ideal para

executar a técnica (mínimo 5, ideal 6 elementos).

Contra-indicações: 1) Quando não existe o número mínimo de elementos para a execução da técnica.

2) Vítima noutro decúbito.

Técnica

Um levantamento deve sempre ser executado após a colocação do colar cervical, mantendo o alinhamento e a imobilização manual

da cabeça em posição neutra.

Quem fica junto à cabeça comandará os movimentos e ao seu lado, de preferência à sua esquerda, deverá ficar outro elemento que

conhece bem a execução da técnica (elemento da equipa).

A estatura e a força dos elementos que vão colaborar devem ser avaliadas rapidamente e estes devem ser dispostos lateralmente à

vítima, tentando equilibrar alturas e força física simetricamente (de quem fica frente-a-frente).

De preferência, o elemento à esquerda coloca a primeira-mão (a sua mão direita) sobre o tórax, ao nível dos ombros da vítima. O

seu joelho direito deverá ficar levantado para melhor suportar o peso da vítima. Sendo assim, deverá ser dada a ordem a todos para

colocarem o joelho esquerdo no chão e as mãos dispostas alternadamente ao longo e por cima do corpo da vítima, para anteverem a sua

correcta localização durante o levantamento. É importante referir a todos que o braço do lado do joelho levantado deve ficar posicionado

junto à face interna da coxa, para maior estabilidade.

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Page 20: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Os elementos mais próximos de quem comanda devem suportar o peso do tórax e abdómen da vítima, os restantes dois elementos

suportam a região da bacia e membros inferiores.

O último braço, o mais caudal, deverá ficar abaixo dos joelhos da vítima e apoiar as duas pernas.

Depois de fornecidas as indicações necessárias, quem comanda deve dar a ordem: ”Colocar mãos!” Seguidamente dará a

indicação para: ”Introduzir mãos!”

Os elementos posicionados lateralmente à vítima introduzirão as mãos debaixo desta, nas posições previamente definidas, até

onde puderem progredir sem forçar ou perturbar o alinhamento e sem movimentos desnecessários, fazendo-as deslizar com movimentos

ondulatórios (tipo “zig-zag” ou “serpente”).

Quem comanda deve certificar-se que todos os intervenientes se encontram preparados e informar que a força a exercer deverá

resultar da conjugação do movimento de empurrar para o lado oposto (forças contra-laterais) e levantar em simultâneo a vítima, não

devendo apenas tentar utilizar a força dos braços no sentido ascendente.

Se existir um sexto elemento no local, este deverá segurar o plano duro e, posteriormente, deverá colocá-lo debaixo da vítima,

introduzindo-o pelo lado dos pés.

Informar que, à voz de 3 de quem se encontra à cabeça, vão levantar até ao nível do joelho e apoiar neste os seus braços.

“Prontos? À minha voz de 3, Levantar! 1… 2… 3!”

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Quem comanda, dá indicação para ser introduzido o plano, tendo atenção à posição da cabeça e dando as orientações necessárias

para que esta fique centrada na base dos apoios laterais de cabeça. ”Colocar plano duro!”

“À minha voz de 3, Baixar! 1… 2… 3!”

Retirar as mãos e colocar os apoios laterais de cabeça.

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Page 22: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

6. MACA “SCOOP”

Trata-se de um equipamento alternativo para utilização no pré-hospitalar, na remoção de vítimas de espaços com acesso limitado

(ex. vítima debaixo de veículo ou escombros, etc.) e/ou levantamento de vítimas quando as suas características ou o número de elementos

disponíveis não garantam a execução segura de outra técnica (ex. situações de excepção).

O recurso à maca “scoop” deve funcionar como alternativa sempre que a técnica do levantamento não for exequível (ex. existirem

apenas três pessoas que sabem executar a técnica e/ou vítima obesa).

As posições dos elementos que vão utilizar este equipamento depende do seu número no local da ocorrência, sendo que, havendo

a possibilidade de um deles ficar a imobilizar a cabeça, essa deverá ser uma das prioridades. Todos os esforços devem ser realizados para

que a estabilidade da coluna da vítima seja mantida.

Cuidados a observar com a sua utilização (embora existam modelos diferentes):

Não deve ser usada como maca de transporte.

Não devem ser realizadas manobras de suporte de vida (compressões tóracicas/desfibrilhação) nesta maca.

Pode representar um risco acrescido na presença de fractura da bacia.

Um elemento deve ficar a imobilizar a cabeça e o segundo e terceiro elementos devem colocar a maca ao lado da vítima,

adaptando-a à sua altura e abrindo-a (separando-a em duas partes).

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Page 23: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Um elemento agarra o ombro mais distante e a anca da vítima, rolando-a ligeiramente para si à voz de comando de quem está a

imobilizar a cabeça, de modo a facilitar a introdução de metade da maca pelo outro elemento. Sem necessidade de mudar de posição,

estes dois elementos alternam o procedimento de modo a ser introduzida a outra metade da maca.

Procede-se ao fecho da maca unindo-a, de preferência, em simultâneo. Não sendo possível, deve-se fechar primeiro junto à cabeça

e depois junto aos pés da vítima.

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Page 24: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

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Page 25: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

O levantamento da vítima neste equipamento depende do número de elementos disponíveis. O desejável será que dois elementos

se coloquem lateralmente e um quarto aos pés, enquanto o primeiro continua a imobilizar a cabeça (total de quatro elementos).

Com a vítima no local definitivo, a maca é aberta, começando pela cabeça. Depois de abertos os dois fechos, deve-se executar um

movimento lateral para fora e para cima, retirando alternadamente as duas metades.

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Page 26: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

7. IMOBILIZAÇÃO EM PLANO DURO

Objectivos: Manter a estabilidade da coluna vertebral numa vítima com suspeita de traumatismo vértebro-

medular.

Indicações: Quando existe possibilidade de lesão vértebro-medular.

Contra-indicação: Suspeita de traumatismo da bacia.(Relativa)

Nota: Deve ser utilizado apenas durante o tempo indispensável pois o uso prolongado pode provocar úlceras de

pressão. A imobilização de uma vítima em plano duro só estará completa quando colocados os apoios laterais

de cabeça e respectivos três cintos ao longo do corpo (ou cinto tipo “aranha”).

Técnica

A base dos apoios laterais de cabeça deve estar previamente colocada no plano duro.

O primeiro elemento deve colocar-se por trás da vítima e imobilizar a cabeça de forma a garantir o alinhamento da coluna cervical

enquanto o segundo coloca o colar cervical.

O passo seguinte é a colocação dos apoios laterais de cabeça. Existem duas alternativas para a sua colocação. Podem ser

colocados em simultâneo ou um de cada vez. Para isso deve-se ter em conta a colaboração do doente.

Se o doente se encontra não colaborante, idealmente o primeiro elemento deverá continuar a garantir o alinhamento posicionando-

se por trás e o outro elemento coloca os apoios (blocos). Entram em cunha e encostados aos ombros da vítima, devendo os orifícios dos

apoios ficar ao nível das orelhas. As mãos do primeiro elemento passam para fora dos apoios e continuam a fixar a cabeça, mantendo o

alinhamento e ajudando no ajuste dos cabrestos de fixação.

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Page 27: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Coloca-se primeiro o cabresto que fica na região frontal, que se prende na parte lateral inferior da base dos apoios, devendo-se

ajustar ambos os lados em simultâneo, de modo a evitar rotações ou movimentos desnecessários. Por último, coloca-se o cabresto que fica

ao nível do mento, cruzando-o com o primeiro e fixando-se superiormente.

No caso do doente se encontrar colaborante ou completamente arreactivo, pode o segundo elemento substituir o primeiro no

alinhamento da coluna cervical, aplicando uma mão aberta em chave polegar-indicador sob o maxilar inferior (juntamente com o colar

cervical), mantendo a cabeça imóvel. O primeiro elemento aplicará os apoios em cunha, lateralmente e em simultâneo, ajustando-os ao

crânio da forma descrita atrás.

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Page 28: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

8. COLETE DE EXTRACÇÃO

Objectivos: Proceder à extracção controlada de uma vítima com suspeita de lesão vértebro-medular,

mantendo a protecção, imobilização e estabilização da coluna vertebral.

Indicações: 1) Quando existe necessidade de proceder à extracção de uma vítima sentada, com suspeita de

lesão vértebro-medular.

2) Retirar vítimas de espaços confinados (elevadores, poços).

3) Imobilização de fracturas da cintura pélvica e membros inferiores.

Contra-indicações: 1) Vítima cujo estado clínico ou segurança do local não permitem a sua aplicação em segurança

(ex. PCR).

2) Condições de segurança do local ou estado clínico da vítima não permitem a sua aplicação

em segurança.

8.1 APLICAÇÃO DO COLETE DE EXTRACÇÃO

Técnica:

O colete deve ser colocado idealmente por três elementos, se estes estiverem presentes. No entanto, é igualmente possível

executar a técnica eficazmente com recurso a apenas dois elementos. Uma vez que existem equipas constituídas apenas por este número

de elementos (ex. equipa da VMER), a técnica vai ser descrita com recurso a dois elementos.

O 1º elemento fica a imobilizar a cabeça e o 2º pode apoiar a vítima ao nível do tórax (se esta se encontrar inconsciente debruçada

sobre uma estrutura). À voz de comando do elemento que fica à cabeça, ambos executam coordenadamente o alinhamento da vítima,

ficando o 1º elemento sozinho a manter a imobilização. Em seguida, o 2º elemento procede à colocação de um colar cervical.

O primeiro fica a manter o alinhamento e o segundo elemento abre o colete tendo o cuidado de guardar os “cabrestos” (recomenda-

se os bolsos) e a almofada em local favorável à sua próxima utilização.

O segundo elemento fica pela parte posterior do colete e coloca a mão mais próxima da vítima numa das “abas inferiores” e a mais

distante numa “aba superior”, segurando conjuntamente as precintas dos membros inferiores que entretanto foram desprendidas dos seus

locais de fixação.

Introduz-se lateralmente, deslizando-o pelas costas da vítima, passando as abas e as precintas dos membros inferiores para cada

um dos lados da vítima, com ajuda do terceiro elemento se estiver presente. Pode ser necessário um pequeno movimento, realizado por

quem está a imobilizar a cabeça, projectando para a frente o tronco da vítima para permitir que o colete deslize.

Faz-se o ajuste das abas às axilas e ao tórax e fixam-nas de seguida, primeiro a precinta do meio, seguidamente a inferior. O ajuste

deve ser feito com o cuidado de segurar a precinta a meio do tórax com uma mão e traccionando com a outra logo a seguir ao fecho.

Se necessário coloca-se a almofada para preencher a curvatura cervical, no espaço entre o colete de extracção e a coluna cervical.

O primeiro elemento mantém o alinhamento e facilita na colocação dos cabrestos, mudando as mãos para a parte exterior das abas

laterais à medida que estas são ajustadas à face. Os cabrestos são aplicados, começando pela colocação na região frontal, para que este

prenda para baixo e depois o do mento, que deverá cruzar com o primeiro e prender para cima.

Se a vítima ficar estável (colaborante) o primeiro elemento pode passar a ajudar o outro elemento começando por colocar as

precintas dos membros inferiores. Deve passa-las sob as nádegas (pelo centro), por baixo das raízes das coxas, fazendo-as deslizar com

movimentos em “zig-zag” (tipo serra). Vindo as precintas de trás, estas devem passar por cima da outra coxa e prender nos encaixes que

se localizam nas abas contra-laterais.

Fixam de seguida o cinto superior (do tórax).

Por fim, segurando sempre antes do fecho com uma mão e traccionando com a outra na parte a seguir àquele, ajustam-se todas as

precintas tendo especial atenção para não comprometer a ventilação da vítima.

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Page 29: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

8.2 EXTRACÇÃO DE VÍTIMAS COM COLETE DE EXTRACÇÃO

Técnica:

As vítimas devem, idealmente, ser retiradas com a ajuda de um plano duro, colocado por um ou mais elementos. As alternativas

para a colocação do plano são várias. Existe a possibilidade de extracção pela traseira da viatura ou pelos lados (portas). A decisão vai

depender das circunstâncias no local, a situação clínica do doente, as dificuldades de espaço, ou outras. Na ausência de quem apoie o

plano existe ainda a possibilidade de retirar-se a vítima, em “cadeira”.

No caso de se decidir remover a vítima pela parte lateral, o plano duro deve ser apoiado por outros elementos presentes, enquanto

os restantes rodam e suspendem (movimentos simultâneos) a vítima, permitindo que o plano seja introduzido por baixo. Este movimento é

conseguido com a ajuda das pegas traseiras existentes no colete.

Todos os elementos devem aguardar que seja dada voz de comando antes de se proceder a qualquer movimento do corpo da

vítima. Esta coordenação dos elementos continua a ser da responsabilidade de quem, desde o início da colocação do colete, esteve a

manter o alinhamento em posição neutra.

A vítima é colocada em cima do plano, fazendo-a deslizar sobre o mesmo com a colaboração de todos, com movimentos

coordenados.

O terceiro elemento mantém os membros inferiores da vítima sempre flectidos até que possam ser aliviadas as respectivas

precintas.

Uma vez a vítima deitada e centrada no plano, devem ser retiradas as precintas dos membros inferiores e procede-se à avaliação

da necessidade de aliviar, ou mesmo desapertar, a precinta torácica (a superior).

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Page 30: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

9. EXTRACÇÃO IMEDIATA COM UM ELEMENTO – CHAVE DE RAUTEK

Objectivos: Estabilização manual duma vítima com lesões ou circunstâncias que colocam a vida em perigo,

durante a sua mobilização.

Indicações: 1) Extracção de vítimas cujo exame primário revela lesões críticas que colocam a vida em

perigo.

2) Quando a zona do acidente é potencialmente insegura e claramente perigosa para a vítima

e/ou para a equipa.

Nota: Não deverá nunca ser usada por “escolha” ou “preferência” dos profissionais, mas apenas pelos critérios mencionados nas

indicações da técnica.

Técnica

A técnica depende da posição da vítima, mas vamos aqui apenas reportar-nos à situação da vítima sentada.

O elemento que vai aplicar a técnica deverá colocar-se lateralmente à vítima, olhando na mesma direcção, enquanto que o seu

braço que fica mais próximo da vítima entra sob a axila mais afastada desta, fixando os dois punhos da vítima.

A outra mão, aberta em chave polegar-indicador, passa pela outra axila e apoia-se no maxilar inferior tentando fixar da forma mais

estável possível a coluna cervical e a cabeça da vítima contra a face do Técnico de Emergência Médica e ombro.

Quando não é possível fixar os dois punhos (vítima obesa), deve-se fixar apenas o punho distal da vítima.

Retira-se então a vítima apoiada contra o seu corpo e tentando manter o alinhamento da coluna cervical. Aplica-se uma força de

deslizamento até ao solo, para um local seguro (ou já para o plano duro).

No momento em que se senta a vítima, a região dorso-lombar deve ser apoiada num membro inferior do elemento que está a

executar a técnica. Após este apoio, a mão que segura os punhos deve ser retirada para a região occipital e a vítima deitada.

(FOTOS)

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10. REMOÇÃO DO CAPACETE

Objectivos: Remover o capacete, minimizando o risco de causar lesões adicionais.

Técnica

A remoção do capacete é essencial para a avaliação correcta da vítima e deverá ser sempre executada desde que existam no local

pelo menos duas pessoas treinados na técnica. Esta pode diferir em função do modelo do capacete. A técnica aqui descrita aplica-se ao

capacete “integral”.

O capacete deve ser retirado na posição em que a vítima se encontra.

(Colocar imagens dos diferentes modelos de capacetes)

O primeiro elemento imobilizará a cabeça na posição em que esta se encontra, segurando no capacete, tendo o cuidado de colocar

as mãos de forma a impedir os movimentos, mas não dificultando as manobras subsequentes (abertura da viseira se existir).

O segundo elemento, abre a viseira (se esta existir) e inspecciona à procura de situações que requeiram actuação imediata,

nomeadamente obstrução da via aérea. Em seguida abre/corta a precinta do capacete (fita do queixo) e coloca-se numa posição estável,

de preferência deitado lateralmente ao longo do corpo da vítima, a olhar para a sua face. Este elemento aplica as mãos abertas em chave

polegar-indicador, uma sob o maxilar inferior e a outra em posição oposta na região occipital, com o objectivo de fazer a imobilização

melhor possível da cabeça e da coluna cervical.

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Page 32: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

O primeiro elemento, agarrando as precintas, coloca as mãos lateralmente ao capacete e tenta promover o seu alargamento,

removendo-o com movimentos firmes e suaves. É fundamental o aviso do ressalto no nariz/orelhas e da saída do capacete, pois o outro

elemento deve estar preparado para suportar o peso da cabeça, mantendo-a imóvel.

Após saída do capacete o primeiro elemento volta a ser responsável por garantir a imobilização da cabeça (aplicando as mãos

como já foi descrito atrás) e, encontrando-se a vítima em decúbito dorsal, passa a executar o alinhamento em posição neutra, tendo como

pontos de referência o eixo nariz-umbigo-pés. No entanto, o seu posicionamento e a colocação das mãos, quando a vítima não se encontra

em decúbito dorsal, devem prever a execução de outras técnicas, como um rolamento.

Nota: Se a vítima é encontrada em decúbito ventral e a coluna cervical está desalinhada, a remoção do capacete é realizada com

a mesma sequência como foi descrito atrás, embora se modifique a forma de aplicar as mãos pelos elementos

intervenientes. No entanto, o alinhamento definitivo da vítima só será completado durante o rolamento que se seguirá à

remoção do capacete.

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Page 33: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Após o alinhamento da vítima, segue-se a colocação do colar cervical.

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11. IMOBILIZAÇÃO VERTICAL

Objectivos: Imobilizar uma vítima que se encontra em pé, mantendo o alinhamento corporal e minimizando o

risco de lesões adicionais.

Indicações: Imobilizar a coluna vertebral numa vítima de trauma que se encontra de pé (podendo ainda estar

a caminhar), mas em que existe a possibilidade de lesão vértebro-medular.

Técnica

A técnica depende do número de elementos presentes. Aqui abordar-se-á a execução da técnica com dois elementos.

Nota: No caso de existir um terceiro elemento, este deverá apoiar a descida do plano duro e imobilizar a cabeça da vítima logo

que esta chegue ao chão.

A estabilização com alinhamento manual pode ser efectuada abordando a vítima por trás ou pela frente. Entendemos que facilita a

técnica, se quem vai ser responsável pela imobilização e alinhamento (primeiro elemento) se coloque pela frente da vítima, tentando

acalmá-la e explicando o que se vai passar.

O segundo elemento escolhe qual o colar cervical mais adequado e coloca-o (aplicado antes da descida da vítima até ao solo evita

uma reacção natural por parte desta, que é a flexão da cabeça por receio de cair).

De seguida, pega no plano duro e, com a coordenação/colaboração dos dois elementos este é introduzido colocado atrás da vítima.

Este movimento exige que o segundo elemento segure o plano e se coloque lateralmente à vítima.

O segundo elemento começa por substituir uma das mãos do primeiro elemento, que se encontra na face da vítima.

O primeiro elemento tem condições para posicionar-se igualmente lateral à vítima, podendo ter necessidade de reposicionar a mão

que fica na face. As mãos na face devem ser colocadas com os dedos abertos e a palma de encontro à face da vítima. Assim, cada

elemento faz igual pressão (forças contra-laterais) conseguindo, deste modo, manter a estabilização e alinhamento manual.

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Page 35: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

O plano duro também passa a ser apoiado pelos dois elementos e ajustado o mais possível ao corpo da vítima. Cada elemento

coloca a sua mão mais próxima da vítima debaixo da axila desta e vai apoiar-se no orifício do plano que se encontra imediatamente acima

daquele nível.

Nota: O antebraço dos elementos que vão baixar a vítima deve fazer uma ligeira pressão sob o ombro desta e de encontro ao

plano, de modo a controlar melhor a fase inicial da descida.

Uma vez a vítima segura no plano, esta é descida até ao chão, juntamente com o plano duro.

Nota: No caso de existir um terceiro elemento, este deverá apoiar a descida do plano duro e imobilização da cabeça da vítima

logo que chegue ao chão.

Um dos elementos assume sozinho a imobilização da cabeça, colocando uma mão ao nível do maxilar inferior e outra na região

frontal (polegar-indicador). O outro elemento passa a posicionar-se por trás e imobiliza a cabeça colocando as mãos da forma já descrita

para vítimas encontradas em decúbito dorsal.

Nota: Com frequência a cabeça da vítima não fica apoiada na base dos apoios laterais, pelo que deverá ser posteriormente

centrada no plano (puxada acima) se possível com ajuda de mais elementos, coordenados por quem se encontra a manter

o alinhamento da coluna cervical.

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12. IMOBILIZAÇÕES PROVISÓRIAS DOS MEMBROS SUPERIORES

12.1. Imobilização da cintura escapular

Vítima sentada

Um elemento ajusta o braço lateralmente e coloca o antebraço flectido para a frente do corpo. Outro elemento aplica as ligaduras,

apoiando o antebraço e imobilizando o braço contra o tórax.

Vítima deitada

Nesta situação (suspeita de lesão da coluna) não é possível utilizar ligaduras. O braço pode ser igualmente posicionado contra o

tórax, ou alinhado ao longo do corpo. Se vítima se encontra em plano duro, o braço pode ser imobilizado aplicando, por exemplo, ligadura

adesiva. Se for utilizada uma maca de vácuo, o braço pode permanecer alinhado e os elementos devem-se certificar de que fica

correctamente ajustado.

12.2. Imobilização do úmero

Vítima sentada

Um elemento realiza tracção do braço e ajusta a sua face exterior a uma tala de madeira almofadada colocada lateralmente, com o

antebraço flectido para a frente do corpo. O outro elemento aplica as ligaduras, imobilizando o braço contra a tala e depois contra o tórax,

apoiando o antebraço (suspenso ao peito).

Com tala de madeira:

Com tala de Krammer:

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Vítima deitada

Um elemento realiza tracção e alinhamento do braço, ajustando a sua face exterior a uma tala de madeira almofadada. Outro

elemento aplica as ligaduras, imobilizando o braço contra a tala e permanecendo posteriormente junto ao corpo.

12.3. Imobilização do cotovelo

A imobilização deve ser feita com o mínimo de tracção e sem forçar (tentar não provocar dor intensa e realizar até sentir

resistência).

Vítima sentada

Um elemento ajusta o membro a duas talas de madeira almofadadas, colocadas lateralmente, com o antebraço na máxima

extensão possível (posição mais cómoda). Outro elemento aplica as ligaduras, imobilizando o braço e o antebraço contra as talas e depois

contra o corpo da vítima.

Com tala de madeira:

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Page 38: TÉCNICAS TRAUMA_Grupo Trauma CFP

Com tala de Krammer:

Vítimas deitadas

Um elemento ajusta o membro a duas talas de madeira almofadadas, colocadas lateralmente, na posição mais cómoda possível

(pode mesmo ser necessário imobilizar na posição em que se encontra). Outro elemento aplica as ligaduras, imobilizando o braço e o

antebraço contra as talas e depois contra o corpo da vítima.

12.4. Imobilização do antebraço, punho e mão

Um elemento realiza tracção e alinhamento do membro, ajustando-o de seguida a uma tala de madeira almofadada, colocada do

lado que não apresenta tumefacção. Outro elemento coloca um rolo de ligadura entre a palma da mão e a tala e aplica as ligaduras,

imobilizando o membro contra a tala desde o braço até à mão.

Nas lesões do punho e da mão os procedimentos são idênticos, sendo a imobilização apenas do antebraço até à mão. Não

esquecer de remover anéis antes de imobilizar a mão.

Com tala de madeira:

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Com tala de Krammer:

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13. IMOBILIZAÇÕES PROVISÓRIAS DOS MEMBROS INFERIORES

13.1. Imobilização da cintura pélvica

A redução da luxação da anca deve ser feita sob sedação e analgesia, ou mesmo sob anestesia geral. A técnica do rolamento não

deve ser aplicada, excepto se a posição da vítima obrigue à sua realização (ex. vítima em decúbito ventral).

Perante uma rotação interna da perna, devemos suspeitar, não de uma fractura, mas sim de uma luxação da anca.

Caso esteja disponível, o doente deve ser colocado em maca de vácuo (maca coquille) ou em plano duro. Deve-se tentar a melhor

contenção de movimentos da cintura pélvica, por exemplo, improvisando com a colocação de um lençol a envolver essa região, com a

função de imobilizar até fixação definitiva.

13.2. Imobilização do fémur

As fracturas mais frequentes a este nível são as do colo do fémur do idoso, resultantes de pequenas quedas e as fracturas

provocadas por acidentes.

Nos idosos é frequente haver poucos sinais deste tipo de lesão. Neste grupo etário, a impotência funcional é um dos poucos sinais.

O sinal típico deste tipo de fracturas é a rotação externa do membro, com o pé a apontar para fora.

Um elemento realiza tracção e alinhamento do membro e outro elemento (não é obrigatório) utiliza uma ligadura com cerca de 1,5

metros, colocando-a no pé para que a tracção seja exercida a nível do dorso do pé e do calcanhar.

Dois elementos farão a aplicação, lateralmente, de duas talas de madeira almofadadas, uma interna e outra externa, ou noutra

posição alternativa se houver ferida ou fractura exposta. Ambas as talas deverão ultrapassar a planta do pé e a externa deverá ficar acima

da bacia e a interna na zona inguinal.

Os elementos devem começar a imobilização com ligaduras a nível da perna, em direcção à zona da bacia.

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Perante a possibilidade de lesão vértebro-medular, não deverão ultrapassar a raiz da coxa, devendo descer com a ligadura para

completar a imobilização do membro. A primeira ligadura (colocada a nível do pé e calcanhar para tracção), cruzará novamente no dorso do

pé e as suas duas extremidades farão um trajecto ascendente, em volta da ligadura e das talas já colocadas.

Se a vítima apenas apresentar fractura do fémur e for possível excluir lesão vértebro-medular, a fixação das talas poderá ser feita

até à região da bacia. Chegando à região inguinal, após fixar a tala interna, a ligadura dirigir-se-á ao topo da tala externa e cruzará

posteriormente a região dorso-lombar para o lado oposto, cruzando depois a região abdominal em direcção à coxo-femural. Passará de

seguida por baixo, em direcção novamente à região inguinal, descendo com a ligadura para completar a imobilização do membro, como

descrito anteriormente.

13.3. Imobilização do joelho

A imobilização deve ser feita na posição em que o membro é encontrado, se não for possível fazer a sua extensão.

Um elemento ajusta o membro a duas talas de madeira almofadadas, colocadas lateralmente. Outro elemento aplica as ligaduras,

imobilizando a coxa e a perna contra as talas, apoiando depois o membro.

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13.4. Imobilizações dos ossos da perna, tornozelo e pé

Um elemento ajusta o membro a duas talas de madeira almofadadas, colocadas lateralmente. Outro elemento aplica as ligaduras,

imobilizando da coxa ao pé, utilizando a técnica de tracção do pé.

Imobilização com tala de Krammer:

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