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Cartilha Adubação Verde Projeto

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Page 1: Cartilha – Adubação Verde · PDF fileCoordenação Geral Prof. Milton Sérgio Dornelles Docentes/Servidores Prof. Victor Tomaz de Oliveira Tec. Fábio de Oliveira Borges Bolsista

Cartilha

Adubação

Verde

Projeto

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Cartilha

Adubação

Verde

Instituto Federal Goiano – IF Goiano

Urutaí – Goiás – Brasil

Fevereiro, 2016

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Copyright © 2016 Prof. Dr. Milton Sérgio Dornelles

Imagem da capa: Lucas Machado

Diagramação: Darlan de Araújo Ramos / Lucas Machado.

Elaboração: Ígor de Jesus Santana / Osvânio Lino Nunes Junior / Millene Aparecida

Gomes / Darlan de Araújo Ramos / Milton Sérgio Dornelles.

Revisão de texto: Milton Sérgio Dornelles / Lucas Machado.

Parceria: Projeto Agente Jovem de ATER / Escola Família Agrícola de Goiás – EFAGO.

Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Ciência e Tecnologia – CNPq

- SECIS / MCTI (Edital Nº 81/2013).

Impressão pelo Projeto Agente Jovem de ATER (EFAGO/PETROBRAS)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/IF Goiano Câmpus Urutaí

C322

Cartilha adubação verde / Milton Sérgio Dornelles...[et al.]. --

Urutaí, GO: IF Goiano, 2016. -- 37 fls.

Cartilha produzida pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em

Agroecologia - NEPA/IF Goiano.

1. Adubação. 2. Reciclagem de nutrientes. 3. Plantas de

cobertura. 4. Recuperação de solos. 5. Manejo ecológico. I.

Dornelles, Milton Sérgio. II. Machado, Lucas. III. Santana, Ígor

de Jesus. IV. Nunes-Junior, Osvânio Lino. V. Ramos, Darlan de

Araújo. VI. Gomes, Millene Aparecida. VII. NEPA. VIII. IF

Goiano. IX. Título.

CDU 631/635

2016

Todos os direitos reservados

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Agroecologia - NEPA

IF Goiano Câmpus Urutaí

Rodovia Geraldo da Silva Nascimento, km 2,5, Urutaí, GO. CEP: 75.790-000 -

Fone/Fax: (64) 3465-1900

[email protected] / [email protected]

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Coordenação Geral

Prof. Milton Sérgio Dornelles

Docentes/Servidores

Prof. Victor Tomaz de Oliveira

Tec. Fábio de Oliveira Borges

Bolsista DCR/CNPq

Ciro Miguel Labrada Silva

Bolsista EXP-C/CNPq

Horst Grassmann Pfeiffer

Bolsistas DTI-C/CNPq

Darlan de Araújo Ramos

Gesiane Ribeiro Guimarães

Mayara Rúbia Sampaio Gonçalves

Millene Aparecida Gomes

Paula Regina de Oliveira

Estudantes Bolsistas - ITI-A

Darliton Machado da Rocha

Igor de Jesus Santana

Jerrany Pereira da Silva

Laerte Mendonça Neto

Lorena Moises Dutra

Luccas Geovani Alves da Silva

Mariane Sousa de Jesus Santana

Osvânio Lino Nunes Junior

Rubens Alceu Kraemer

Rodolpho Fernandes dos Santos Lima

Estudantes Bolsistas - ITI-B

Gabriel Hudson Oliveira Silva

Igor Luiz Moreira

Leia Rodrigues Neves

Wanderson de S. E. dos Santos

EQUIPE INTERDISCIPLINAR DO

NEPA 2015

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Sumário

Adubação Verde ............................................................ 07

Outros benefícios da Adubação Verde ...................... 08

Calopogônio (Calopogonium mucunoides Desv.) .... 08

Crambe (Crambe abyssinica Hochst) ......................... 10

Crotalária juncea (Crotalaria juncea L.) ...................... 11

Crotalária ochroleuca (Crotalaria ochroleuca) .......... 12

Crotalária spectabilis (Crotalaria spectabilis) ........... 14

Feijão-de-Porco (Canavalia ensiformis DC.) .............. 15

Feijão Guandu-anão (Cajanus cajan) .......................... 16

Feijão Guandu-forrageiro (Cajanus cajan) ................. 17

Girassol (Helianthus annuus L.) .................................. 19

Lab-Lab (Dolichos lablab L.) ........................................ 21

Milheto (Pennisetum glaucum L.) ............................... 22

Mucuna Cinza (Mucuna cinerea) ................................. 24

Nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.) ..................... 25

Soja perene (Neonotonia wightii) ................................ 27

Tremoço-branco (Lupinus albus) ................................ 29

Referências Bibliográficas ........................................... 31

Agradecimentos ............................................................ 33

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Adubação Verde

É uma técnica de enriquecer o solo com plantas de cobertura em

sucessão, rotação ou em consórcio com as culturas, principalmente

leguminosas, a fim de preservar ou recuperar sua função ecológica,

melhorando seus aspectos físicos, químicos, hídricos e biológicos

(CARVALHO et al., 2014).

A adubação verde vem sendo uma das mais importantes técnicas de

melhorias de solos e felizmente tem sido bastante divulgada. Matéria

orgânica incorporada ao solo gera um aumento de húmus e

produtividade nas colheitas (ESCOBAR, 1933). O material orgânico

produzido pelos adubos verdes, geralmente com teores elevados de macro

e micronutrientes, proporciona uma melhora da capacidade de troca

catiônica, da infiltração e da retenção de água nos microporos,

promovendo melhores condições para o desenvolvimento da meso, macro

e microfauna do solo. Outro fator importante é que algumas plantas

utilizadas como adubo verde são inibidoras de algumas espécies de

nematoides e plantas espontâneas (infestantes) (Miyasaka, 1984).

Os resíduos orgânicos da adubação verde sobre o solo e o aumento do

teor de matéria orgânica propiciam melhores condições para instalação de

uma densa e diversificada comunidade de organismos na camada

superficial (Pitelli & Durigan, 2001). O solo possui uma imensa diversidade

da microbiota, e as principais atividades destes organismos são:

decomposição da matéria orgânica, produção de húmus, ciclagem de

nutrientes e energia (incluindo a fixação de nitrogênio atmosférico),

produção de compostos complexos que contribuem para a agregação

do solo, decomposição de xenobióticos e controle biológico de pragas

e doenças (Moreira & Siqueira, 2006).

Os adubos verdes auxiliam na recuperação da estruturação do solo

com o crescimento do seu sistema radicular e a adição de matéria

orgânica, propiciando as atividades dos microrganismos que promovem

a aglutinação mecânica do solo (Lima Filho et al., 2014).

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Outro benefício do uso de adubos verdes é o controle da erosão do solo,

que a cobertura viva ou cobertura morta pode propiciar ao terreno. A

cobertura gerada evita o impacto direto das gotas da chuva e promove

maior infiltração e menor escoamento superficial de água (MONEGAT,

1991).

A prática da adubação verde é realizada com o corte da parte aérea das

plantas por meio de uma roçadeira, triton ou rolo-faca, em pleno estágio de

florescimento, deixando a matéria cortada sobre o solo. É nesse período

que as plantas têm uma quantidade de nitrogênio (N) e umidade elevadas,

servindo de fonte de alimento ideal para os organismos decompositores.

Com essas condições ideais, a matéria orgânica e os nutrientes são

liberados no solo, tornando-os disponíveis para as plantas (Lima Filho et

al., 2014).

Outros benefícios da adubação verde

1. Aumento da receita: devido ao ganho de produtividade e melhoria da

qualidade do produto;

2. Preservação do solo: pelo combate à erosão e melhoria dos atributos

físicos, químicos e biológicos do solo;

3. Redução do custo de produção: com a economia no consumo de

adubo nitrogenado, no controle de ervas daninhas e de nematoides.

Calopogônio (Calopogonium mucunoides Desv.)

O calopogônio é uma leguminosa forrageira perene, rastejante, de

crescimento estival, nativa do trópico sul americano. Surge como uma

alternativa para a alimentação animal de pastejo, devido ao bom valor

nutritivo e a capacidade de incorporar expressivas quantidades de

nitrogênio ao solo (80 a 120 kg/ha/ano).

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Tem como características a capacidade de vegetar satisfatoriamente em

condições de acidez elevada e de baixa fertilidade natural de solos. Tem

enorme tolerância à seca e potencial de uso como adubo verde. Como

cobertura, é capaz de fixar nitrogênio que retorna ao solo pela

incorporação da planta ou queda das folhas, sendo uma das leguminosas

mais comuns entre produtores (Vilela, 2001).

O calopogônio é usado em cultivos associados ou em consórcio, tendo a

capacidade de fixar nitrogênio para as gramíneas. Seu estabelecimento é

fácil, com preparo mínimo do solo, sendo um fornecedor natural de

nitrogênio. Pode ser utilizado na pastagem para completar a adubação de

fósforo e micronutrientes.

Deste modo, o calopogônio pode ser usado sob a forma de feno, pastejo

direto, fornecido puro ou consorciado com gramíneas, para a formação de

bancos-de-proteína ou através de cortes para fornecimento em cochos.

Plantação de CalopogônioCalopogônio em florescimento

Consórcio de Calopogônio

com pastagem

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Crambe (Crambe abyssinica Hochst)

O crambe é uma oleaginosa pertencente à família das Brassicaceae.

Originário da região quente e seca da Etiópia, o crambe foi domesticado na

zona fria e seca do Mediterrâneo.

Apresenta aspectos importantes como: alta tolerância à seca; ciclo curto

(85 a 90 dias); boa produção de grãos (1.000 a 1.500 kg/ha); bom teor de

óleo (36 a 38%); forte demanda do óleo para a indústria química; ótimas

características para produção de biodiesel; baixa incidência de pragas; em

condições de clima mais seco, sem excessos de chuva, não apresenta

doenças; baixo custo de produção; não exige novas máquinas ou

equipamentos para seu cultivo. Uma noticia recente da pesquisa: o crambe

tem apresentado bons resultados no controle de nematoides.

Detalhe da floração

do crambe

Plantação do

crambe para óleo

Consórcio em Sistemas

Agroflorestais

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Crotalária-juncea (Crotalaria juncea L.)

A crotalária-juncea é uma espécie originária da Índia, com ampla

adaptação às regiões tropicais. Leguminosa de verão, subarbustiva, com

ciclo anual, que pode atingir 3 metros de altura. Membro da família

Fabaceae, realiza associações com bactérias do solo, capazes de realizar

a fixação biológica de nitrogênio. Seu sistema radicular é do tipo pivotante,

com baixa capacidade de penetração em camadas compactadas, embora

seja pouco exigente em água. Não resiste a geadas, sendo o período ideal

para semeadura os meses de outubro e novembro, atingindo o pleno

florescimento entre 90 e 120 dias.

A crotalária-juncea produz fibras e celulose de alta qualidade, próprias para

a indústria de papel e outros fins. Recomendada para adubação verde, em

cultivo isolado, intercaladas a perenes, na reforma de canavial ou em

rotação com culturas graníferas. Pode fixar/reciclar entre 300 e 450 kg/ha

de nitrogênio e produzir de 10 a 15 ton/ha de massa seca. Apresenta

rápido crescimento inicial, o que favorece o controle de plantas

espontâneas, e antagonismo com algumas espécies de nematoides,

principalmente dos gêneros Meloidogyne e Helicotylenchus.

Plantio consorciado com

cana-de-açúcar

Plantio em faixas intercaladas

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Clima: Regiões tropicais

Propagação: Sementes

Profundidade plantio: 2 - 3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Outubro a Novembro

Espaçamento: 50 cm

Densidade: 25 kg/ha em linha e 30 kg/ha à lanço

Ciclo: Florescimento: 90 a 120 dias

Produção: Biomassa: 10 - 15 ton/ha

Fixação N: até 450 kg/ha

Plantio consorciado com milho

(BURLE, et al., 2006)

Crotalária-ochroleuca (Crotalária ochroleuca)

A Crotalária ochroleuca é proveniente da região tropical africana,

comumente cultivada como adubo verde e foi introduzida no Cerrado

Brasileiro na década de 1990. É uma leguminosa anual de verão. Suas

características: agressiva, rústica e com raízes capazes de romper as

camadas adensadas do solo, fazem dela uma planta resistente à seca, ao

frio, à baixa umidade no solo e ao sombreamento. Se adapta bem à solos

com baixa fertilidade. Possui porte arbustivo ereto, que varia de 0,5 a 2,7

m, com crescimento determinado.

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Má hospedeira de nematoides, contribui para a diminuição da população

destes, por isso é muito utilizada na sucessão da soja em áreas com

infestação mista dos nematoides das galhas e das lesões radiculares, com

destaque para o Pratylenchus brachyurus. Apresenta boa produção de

biomassa e fixação de nitrogênio, sendo também recomendada para

recuperação da capacidade produtiva do solo. Possui efeito supressor de

plantas espontâneas, em especial, no controle de Digitaria spp. e Cynodon

spp.

A alelopatia é vista com o propósito de se complementar os métodos de

controle de plantas espontâneas, evitando o uso de herbicidas, que

durante muito tempo foram apresentados como única alternativa.

Florescência da Crotalaria ochroleuca

Consórcio

com sorgo

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Crotalária spectabilis (Crotalaria spectabilis)

É uma leguminosa anual de verão, de crescimento inicial lento, possui raiz

pivotante profunda, podendo romper camadas compactadas. É de clima

tropical e subtropical, apresentando bom comportamento nos diferentes

tipos de textura de solo, inclusive nos solos relativamente pobres em

fósforo. Destaca-se também pela capacidade de fixação biológica de

nitrogênio atmosférico e produção de biomassa.

A Crotalária spectabilis apresenta um baixo fator de reprodução sobre

fitonematoides, em especial para os formadores de galhas, cisto e das

lesões radiculares, devido a presença da monocrotalina, um composto

secundário metabolizado pela planta. Devido ao seu porte médio, pode ser

utilizada nas entrelinhas de culturas perenes, sem prejudicar o trânsito de

máquinas ou pessoas.

Estudos mostram que o cultivo de Crotalária spectabilis, seguido do plantio

de milho, possibilitou o incremento de 10 a 15 sc/ha, resultado ligado

principalmente à boa produção de biomassa, ciclagem de nutrientes de

camada mais profundas e à alta capacidade de fixação biológica de

nitrogênio atmosférico que esta espécie apresenta.

(NEVES, 2009)

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Feijão-de-Porco (Canavalia ensiformis DC.)

O feijão-de-porco (cv. Comum), é uma planta tropical, originária das

Américas, pertencente à família Fabaceae. É uma planta anual e ereta,

com porte de arbusto, muito tolerante à seca e com bom crescimento em

solos pobres e ácidos, sendo bastante resistente à insetos e pragas.

Suas folhas grandes fornecem boa cobertura. É comestível: suas folhas

são usadas como verdura, e as sementes são cozidas como feijão comum,

embora tenham que passar por tratamento prévio para eliminar as várias

toxinas da planta.

Entre estas as aplicações, pode ser utilizada como cultura intercalar em

rotação com milho e feijão, nas entrelinhas de cafeeiro e mamoeiro.

Também é um ótima opção para cobertura e forração do solo. Do feijão-de-

porco têm sido extraídos os princípios ativos que agem como inseticidas,

herbicidas - a planta apresenta alelopatia - e fungicidas naturais. Muito

usado em adubação verde, no controle de nematoides e de tiririca.

É uma leguminosa de verão com crescimento inicial e fechamento rápido.

Excelente no controle de ervas espontâneas, principalmente da tiririca

(Cyperus rotundus). Devido ao seu porte baixo, recomenda-se cultivá-la

nas entrelinhas de culturas perenes, como citrus, cafeeiro, pupunha, etc. É

boa produtora de biomassa e na fixação de nitrogênio.

Feijão de porco nas

entrelinhas do mamoeiro

Feijão de porco nas

entrelinhas do cafeeiro

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(CARVALHO et. al.,1999)

Clima e Solo: Se desenvolve bem em climas tropicais e equatoriais e

em todos os tipos de solo

Propagação: Sementes (em linha ou a lanço)

Profundidade plantio: 3 - 4 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Out - Nov (Ideal) / Set - Mar (Possível)

Espaçamento: 0,5 m - 4 a 5 sementes/m linear

Densidade: Linha (100 kg/ha) e lanço (120 kg/ha)

Ciclo: Florescimento: 90 a 100 dias - Total: 180 dias

Produção: Biomassa: 3 a 6 ton MS/ha

Sementes:1,2 a 1,8 ton/ha

Fixação de N: 80 - 150 kg/ha

Feijão Guandu-anão (Cajanus cajan)

É uma leguminosa de flores amarelas ou amarelo avermelhada e folhas

trifoliadas. Possui ampla adaptação, preferindo os climas quentes e

úmidos. Vegeta e produz bem em vários tipos de solo, não sendo exigente

em fertilidade. São plantas de verão, de porte baixo, entre 1 e 1,5 metros

de altura e ciclo anual (cv IAPAR-43 - anão), são rústicas e têm boa

exploração radicular, descompactando os solos adensados e reciclando

nutrientes.

Pode ser utilizada nas entrelinhas de culturas perenes, como o citrus.

Recomendado como adubo verde por ser bom fixador de nitrogênio. O

grão é usado na alimentação humana, além de ser usado verde picado,

para fenação, silagem e pastejo. Produz quantidade de massa vegetal

satisfatória, e é utilizado também nas entrelinhas de alguns pomares.

Utilizado como principal planta para uso de adubação verde, por possuir

um sistema radicular profundo e ramificado, o que o torna resistente ao

estresse hídrico. Pouco exigente em solos.

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Clima e Solo: Climas quentes e úmidos, solos mediamente férteis

apresenta melhor desenvolvimento

Propagação: Sementes

Hábito de crescimento: Arbustivo ereto

Profundidade de plantio: 2 - 3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Outubro e novembro

Espaçamento: 50 cm entre linhas

Densidade: Linha: 18-20 sementes / m - Lanço: 45-50 / m²

Gasto com sementes: 30-35 kg/ha

Ciclo: Anual Florescimento: 90-120 dias Total: 150 dias

Produção Biomassa: 4-7 ton / ha de MS

(Piraí Sementes, 2014)

Feijão Guandu-forrageiro (Cajanus cajan)

O Guandu-forrageiro é uma leguminosa de verão, de clima tropical e semi-

tropical, da família Leguminoseae, cultivada em países tropicais como

cobertura verde, para ensilagem e pastejo. Apresentam interações

simbióticas com bactérias do gênero Rizhobium, promovendo a fixação

natural de Nitrogênio atmosférico no solo (ARAÚJO et. al., 2004).

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É uma planta semi-perene de porte semi-ereto (ramificado), podendo

chegar de 2 a 3 m de altura (cv. IAC Fava Larga). Desenvolve-se bem em

solos ácidos e apresenta ótima adaptação em solo com deficiência hídrica.

Confere boa capacidade de cobertura do solo, chegando a produzir uma

massa verde de 20 a 30 ton/ha.

Tem como forte característica o sistema radicular agressivo, robusto, que

descompacta solos adensados, fazendo uma subsolagem “biológica” e

recicla nutrientes. É rústica e se desenvolve bem em solos de baixa

fertilidade, por isso é utilizada na recuperação de solos degradados. É

usada também como adubo verde, fornecendo nutrientes para o solo, e no

plantio de mudas no campo, evitando a radiação solar direta. Na

alimentação animal pode ser usada como fonte de proteína (folhas e

grãos), em pastejo e ensilagem.

Levando em consideração os cultivos agroecológicos, plantios em faixas e

consórcios entre culturas, o guandu-forrageiro tem papel na estruturação

do solo devido ao seu sistema radicular agressivo, e alta fixação de

nitrogênio.

Clima e Solo: Quente e úmido e apresenta boa adaptação a solos

ácidos e de baixa fertilidade

Propagação: Semente

Hábito de crescimento: Arbustivo ereto / ramificado

Profundidade plantio: 2-3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Ideal: out - nov. Possível: set - mar

Espaçamento: 0,5 m entre linhas e 20 a 25 sementes/m linear

Densidade: 50 a 55 sementes/m² - 60-70 kg/ha

Ciclo: Até o florescimento: 150 a 180 dias

Produção de biomassa: 5 a 9 ton / ha de MS

Fixação de N: 120 a 220 kg/ha

(ARAÚJO et. al., 2004)

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Florescência de Feijão

Guandu-forrageiro

Feijão Guandu-forrageiro na

cultura da banana

Girassol (Helianthus annuus L.)

O Girassol é uma planta da família das Asteraceae, originária das

Américas (Peru). Por apresentar raízes do tipo pivotante, promove uma

considerável reciclagem de nutrientes, descompactação e aporte de

matéria orgânica no solo. Usado em adubação verde, devido a seu

desenvolvimento inicial rápido, à eficiência da planta na reciclagem de

nutrientes e por ser um agente protetor de solos contra a erosão e a

infestação de plantas espontâneas.

Pode ser plantado praticamente durante o ano todo, por ter boa resistência

à seca e à geada. Tem a possibilidade de ser plantado no intervalo entre

cultivos comerciais, pois seu ciclo é curto, podendo ser deitado ou

incorporado ao solo sem dificuldade a partir de 60 dias da semeadura.

Inibe a emergência de diversas plantas daninhas, principalmente as

gramíneas.

O girassol é uma planta resistente à seca e à geadas, boa

descompactadora de solos. Pode ser plantado o ano todo. Muito indicada

para atrair polinizadores.

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Pode ser usada para recuperar solos compactados e pobres, e como

adubo verde nas entrelinhas de culturas perenes como café, citrus e outras

frutíferas.

Girassol na cultura do milho Girassol na cultura do citrus

Clima e Solo: Tropical, subtropical, resistente ao frio, calor, não

sensível ao fotoperíodo.

Propagação: Sementes

Profundidade plantio: 2-3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Praticamente o ano todo

Espaçamento: 0,50 m entre linhas

Densidade: 10 a 15 kg por hectare

Ciclo: Florescimento: 60 dias após semeadura

Total: 90 a 130 dias

Produção de biomassa: 4 a 15 ton/ha MS

(DENUCCI, 2007)

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Lab-Lab (Dolichos lablab L.)

O labe-labe (Dolichos lablab cv. Rongai) é uma espécie que se supõe

originária da África e que é cultivada desde épocas remotas no Antigo

Egito e na Índia. É uma leguminosa anual ou bianual, de hábito

indeterminado, com altura entre 0,5 e 1,0 metro, de clima tropical e

subtropical, não tolerando geadas. Geralmente sensível ao fotoperíodo,

sendo algumas variedades de dias curtos e outras de dias longos.

Razoavelmente tolerante às secas prolongadas. Desde a antiguidade, é

usado na alimentação humana e como forragem verde para bovinos e

equinos. Algumas variedades, com suas vagens tenras e grãos, são

bastante apreciadas no consumo humano.

Pode ser usada como planta forrageira, consorciada com gramíneas

forrageiras, capineiras, feno e silagem. Tem boa palatabilidade e é rica em

proteína. Excelente produtora de biomassa e nitrogênio. É uma das plantas

que se presta para ser ensilada juntamente com o milho ou o sorgo

podendo, inclusive, ser semeado misturado com as sementes de milho.

Fixa entre 120 a 240 kg de N por hectare.

Plantio de cobertura

com labe-labe

Detalhe das folhas do lab-lab

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(Matsuda, 2014)

O labe-labe tem uma boa produção de biomassa, indicada como planta de

cobertura do solo e para restauração de terras pobres em nutrientes.

Cuidados devem ser tomados com a sucessão e rotação de culturas pois o

lab-lab é hospedeira de nematoides formadores de galhas.

Milheto (Pennisetum glaucum L.)

O milheto [Pennisetum glaucum (L.) R. Brown] é da família Poaceae, de

origem norte Africana (Etiópia). Uma opção importante dentre as espécies

vegetais para adubação verde. É uma planta anual, forrageira de verão, de

clima tropical, hábito ereto, porte alto, e pode atingir até 5 m de altura.

Dentre as principais características do milheto ressaltam-se: tolerância à

seca, capacidade em adaptar-se a diferentes solos, facilidade de produzir

sementes e boa adaptação à mecanização. Essa espécie vem sendo

utilizada com maior intensidade, no Cerrado, no período de safrinha

(fevereiro a abril) e na primavera (agosto a outubro), como adubo verde e

cobertura do solo para plantio direto e outras finalidades, por exemplo, na

integração lavoura-pecuária (BURLE et al., 2006).

Clima e Solo: Tropical, não tolera frio. Solos de baixa a média fertilidade

Propagação: Sementes

Hábito de crescimento: Trepadora (cipó) / indeterminado

Profundidade plantio: 2-3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Ideal: Outubro-Novembro; Possível: Setembro-Março

Espaçamento: 0,5 m

Densidade: Linha 10-12 sementes/m - Lanço: 25-30/m2

Gasto com sementes: 50-60 kg/ha

Ciclo: Florescimento: 120-150 dias

Produção de biomassa: 3 - 6 ton/ha de MS

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Formação de cobertura morta ou palhada em sistema de plantio direto,

assim como no pastejo direto, forragem, silagem e produção de grãos.

O milheto apresenta elevado acúmulo de biomassa e nutrientes na parte

aérea das plantas, mostrando-se altamente promissor como adubo verde.

O momento mais adequado para o manejo do milheto para fins de

adubação verde ocorre quando os grãos encontram-se nos estágios

leitosos e pastosos.

(BURLE, et al., 2006)

(Dourados, 2011)

Milheto como cobertura e

controle de nematoides do solo

Milheto consorciado com

braquiária, na primavera ou início

do período das águas

Clima e Solo: Tropical, solos leves e bem drenados

Propagação: Sementes

Hábito de crescimento: Touceira ereto

Profundidade plantio: 2-3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Ideal: Out-Nov - Possível: Set-Mar

Espaçamento: 20 e 25 cm

Densidade: 50 a 55 sementes / m - 12 kg / ha

Ciclo anual: Até o florescimento: 60 - 80 dias

Produção de Biomassa: 8 a 10 ton / ha MS

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Mucuna Cinza (Mucuna cinerea)

A mucuna, uma leguminosa (Fabaceae) originária da África, de hábito de

crescimento trepador (cipó), atinge cerca de 0,5 a 1 m de altura. Tem ciclo

cerca de 30 dias menor que a mucuna preta. Necessita de quebra de

dormência, é de rápido crescimento, trepadeira, recomendada para

consórcio com culturas perenes e semi-perenes. Tolerante à seca,

sombreamento, altas temperaturas e ligeiramente resistente a

encharcamento. Resistente à cigarrinha. Trabalhos demonstram que sua

palhada degrada cerca de 90% em 30 dias.

Tem grande capacidade de supressão sobre ervas espontâneas, é má

hospedeira de nematoides, principalmente, Meloidogyne, mas também em

gêneros de cisto e reniforme.

Mucuna-cinza em consórcio com

o nabo-forrageiro.

Mucuna-cinza em

consórcio com milhoMucuna-cinza em

consórcio com manga24

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Possui toxinas que não possibilitam o pastejo. Podem ser realizados

coquetéis, como por exemplo em trabalhos com feijão-de-porco e nabo

forrageiro.

A mucuna-cinza apresenta melhores resultados como planta cobertura do

solo e adubo verde em relação aos demais adubos verdes, mesmo

plantada no final do período de chuvas. Indicada nos plantios nas

entrelinhas de culturas perenes e semi-perenes.

Nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.)

O nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) é uma planta anual da família das

crucíferas, de hábito de crescimento ereto, herbáceo, com intensa

ramificação e altura variada. É uma planta muito vigorosa, com sistema

radicular pivotante e agressivo, capaz de romper camadas de solo

extremamente adensadas e/ou compactadas e a profundidades elevadas.

Clima e solo: Todos solos bem-drenados, tropical e equatorial

Propagação: Sementes

Hábito de crescimento: Trepadeira (cipó)

Profundidade plantio: 2-3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Ideal: Out-Nov - Possível: Set-Mar

Espaçamento: 0,5 m - 3 a 4 sementes / m linear

Densidade: Linha: 70 kg/ha - À lanço: 90 kg/ha

Ciclo anual: Até o florescimento: 90 a 100 dias

Produção de biomassa: 7 a 8 ton / ha MS

Fixação de N: 170 a 220 kg/ha

(CARVALHO et. al.,1999)

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Apresenta características alelopáticas muito acentuadas que lhe conferem

a condição de inibir a emergência e o desenvolvimento de uma série de

plantas espontâneas. Até o momento, não existem pragas ou doenças que

causem danos significativos, que mereçam controle e que venham

comprometer economicamente a cultura.

É utilizada como adubação verde, ao fornecimento de massa (palha) para

o plantio direto, como cobertura do solo e reciclagem de nutrientes. Com

menor frequência, destina-se à alimentação animal e ao pasto apícola.

Recentemente seu uso vem sendo ampliado, com destaque para os grãos

que estão sendo considerados como excelente fonte de matéria-prima para

produção de biocombustível.

O nabo forrageiro é uma planta que possui sistema radicular pivotante,

apresentando boa opção para a descompactação do solo, além de poder

ser ótima planta recicladora de nutrientes. É utilizada na alimentação de

bovinos e ainda pode ser utilizada na fabricação do biodiesel.

Propagação: Sementes

Hábito de crescimento: Herbáceo determinado

Profundidade plantio: 2-3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Abril a Maio (inverno)

Espaçamento: 25 cm entre linhas

Densidade: Linha: 25-30 sementes / m - Lanço: 120-140 / m2

Gasto com sementes: 12-15 kg/há

Ciclo: Anual Ciclo até o florescimento: 60-90 dias

Produção Biomassa: 2 a 3 ton / ha MS

Fonte: www.cati.sp.gov.br/new/acervotecnico.php?ID=18

Fonte: www.cpac.embrapa.br/download/1941/t

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Cultivo solteiro de

Nabo-forrageiro

Nabo-forrageiro na entrelinha

da cultura do café

Soja perene (Neonotonia wightii)

A soja perene é uma leguminosa originária da África tropical e subtropical,

especialmente das regiões ocidentais. Da família Leguminoseae, é

cultivada em países tropicais como cobertura verde e para pastejo.

Planta de hábito rasteiro, trepador e de ciclo perene, não tolera solos com

drenagem deficiente e alta concentração de alumínio. Exigente quanto à

fertilidade, a Soja Perene apresenta crescimento inicial lento, e rápido após

o estabelecimento. Apresenta interações simbióticas com bactérias

fixadoras de N2 atmosférico, promovendo a fixação natural deste elemento

no solo (FRANÇA, BAHIA FILHO e CARVALHO, 1993).

A soja perene possui um sistema radicular muito vigoroso e profundo,

podendo reciclar nutrientes de camadas mais profundas e adensadas.

É utilizada como adubação verde, principalmente como cobertura

permanente consorciada com fruteiras, permitindo também servir como

forragem para alimentação animal, devido à sua boa palatabilidade e

digestibilidade.

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Para os cultivos agroecológicos, a soja perene, seja em cultivo solteiro ou

consorciado com outras culturas, desempenha um papel importante na

ciclagem de nutrientes, devido ao seu sistema radicular ser vigoroso e

profundo, e realizar boa fixação de nitrogênio atmosférico no solo.

(FRANÇA et al., 1993)

Soja perene em

cultivo solteiro

Soja em cultivo com pastagem

Clima e Solo: Tropical e subtropical; fértil, com boa drenagem e baixo teor de alumínio

Propagação: Semente, estacas e brotos

Profundidade plantio: 2-3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Ideal: Out-Nov - Possível: Set-Mar

Espaçamento: 0,5 m - 35 a 40 sementes / m linear

Densidade: 80 a 90 sementes/m² - 6 kg/ha

Ciclo: Florescimento: 120 -150 dias Total: Perene

Produção de biomassa: 4 a 5 ton/ha de MS

Nitrogênio fixado: 180 a 200 kg/ha/ano

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Tremoço-branco (Lupinus albus)

Tremoço branco é uma leguminosa da mesma família da ervilha, com ciclo

de 130 a 150 dias. Uma planta herbácea, anual, de porte ereto,

crescimento determinado e adaptado a climas temperados e sub tropicais.

Suas sementes, de tom amarelado, possuem alto teor de proteína. Podem

apresentar também alto teor de alcalóides, eliminados por masseração em

água, antes de seu emprego para consumo humano.

Apresenta excelentes resultados de ganhos de produtividade na cultura do

milho em sucessão. Possui efeito alelopático em soja e alface e atua como

possível herbicida natural de poaia branca (Richardia brasiliensis Gomes)

e picão preto (Bidens pilosa L.).

Medianamente exigente em fertilidade do solo. Bom produtor de biomassa

e fornecimento de nitrogênio, além de ser indicado para a proteção e

recuperação das condições físicas e biológicas do solo.

Independente das condições de fertilidade do solo, o Tremoço Branco

destaca-se na produção de fitomassa seca e na acumulação de nitrogênio

na parte aérea.

Morango consorciado com

tremoço em Amparo (SP).

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(Sementes de Produção Tecnológica, 2001)

Clima e Solo: Climas temperados e subtropicais em solos

medianamente férteis

Propagação: Sementes

Profundidade plantio: 2-3 cm de terra sobre a semente

Época de plantio: Fevereiro a Julho

Espaçamento: 50 cm entre linhas

Densidade: 12 a 15 sementes / m linear

Gasto com sementes: 75-85 kg/ha

Ciclo: Anual Florescimento: 130-140 dias Total: 140 dias

Produção de biomassa: 2 a 3 ton/ha/ano

Nodulação e fixação de N em plantas

de tremoço branco

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Referências bibliográficas

ARAÚJO, F. A.; MENEZES, E. A.; SANTOS, C. A. F. Recomendação de

variedade de guandu forrageiro. EMBRAPA. 2ª edição,2004.

BURLE, M.L.; CARVALHO, A.M.; AMABILE, R.F.; PEREIRA, J.

Caracterização das espécies de adubo verde. In. CARVALHO, A.M.;

AMABILE, R.F. Adubação verde. Planaltina-DF: Embrapa Cerrados, 2006.

369 p.

CARVALHO, A.M. de; MIRANDA, J.C.C. de; MIRANDA, L.N. de; RAMOS,

M.L.G.; RIBEIRO JÚNIOR, W.Q. Adubação verde no Cerrado In: LIMA

FILHO, O.F. de; AMBROSANO, E.J.; ROSSI, F.; CARLOS, J.A.D. (Eds.)

Adubação verde e plantas de cobertura do Brasil. Brasília: Embrapa, 2014.

p. 345-372.

CARVALHO, A.M. et. al. Manejo de adubos verdes no cerrado.EMBRAPA

CERRADOS, Planaltina, n.4, p.1-28; dezembro,1999.

Colodetti et al. Crambe: aspectos gerais da produção agrícola.

Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.8, N.14

(2012) p.258-269.

DENUCCI, Sylmar. Girassol como adubo verde. Disponível em:

<http://www.cati.sp.gov.br/new/acervo-tecnico.php?ID=15 >. Acesso em:

13 de outubro de 2015.

DOURADOS, MS. Estádio mais adequado de manejo do milheto para fins

de adubação verde. Comunicado Técnico, 171 - Embrapa Agropecuária

Oeste. 6p.

ESCOBAR, C. G. O adubo verde. [Rio de Janeiro]: Ministério da

Agricultura, 1933. 5 p.

FRANÇA, G.E., BAHIA FILHO, A.F.C., CARVALHO, M.M. Influência do

magnésio, micronutrientes e calagem no desenvolvimento e fixação

simbiótica de nitrogênio na soja perene var. Tinaroo (Glycine wightii) em

solo de cerrado. Pesq. Agropec. Bras., RJ, 8: 197-202, 1993.

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Referências bibliográficas

LIMA FILHO, O.F.de; AMBROSANO, E.J.; ROSSI, F.; CARLOS, J.A.D.

Adubação verde e plantas de cobertura no Brasil: fundamentos e prática.

1º ed. Brasília, DF: Embrapa, 2014 v.2 p. 478.

Matsuda - O portal do agronegócio. Disponível em: <

http://matsuda.com.br/Matsuda/Web/sementes/Default.aspx?varSegmento

=Sementes&idproduto=S10110116583553>. Acesso em: Março de 2014.

MIYASAKA, S. Histórico do estudo de adubação verde, leguminosas

viáveis e suas características. Adubação Verde no Brasil. Campinas:

Fundação Cargill, 1984. p.64-123.

MONEGAT, C. Plantas de cobertura do solo: características e manejo em

pequenas propriedades. 2º ed. Chapecó: [s.n], 1991. 336 p.

Moreira, F. M. S., Siqueira, J. O. (2006). Microbiologia e bioquímica do

solo. 2º ed. Lavras, UFLA.

Neves, M. C. P. Crotalária. Embrapa Agrobiologia, vol. 01, 2009.

Oliveira, R.C. Cultura do Crambe. 1 ed. Cascavel: Assoeste, 2013.70 p.

Piraí Sementes. Disponível em: <http://www.pirai.com.br/texto-b34-

feijao_guandu_anao.html> . Acesso em : Março de 2014.

Sementes de Produção Tecnológica. 2001. Disponível em:

<http://www.seprotec.com.br/sementes/tremoco-branco.html> Acesso em:

Março de 2014.

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Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq-SECIS/MCTI), Projeto em Rede CVT em Agroecologia (Chamada

MCTIMAPA/MDA/MEC/MPA/ CNPq Nº 81/2013), pelo apoio financeiro e

bolsas concedidas.

Ao IF Goiano - Câmpus Urutaí pelo apoio concedido ao NEPA, de estrutura

da Fazenda Agroecológica Vivá, de laboratórios e bolsas concedidas.

À PETROBRAS, pelo patrocínio do projeto Agente Jovem de Ater.

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Projeto Agente Jovem de Ater

Escola Família Agrícola de Goiás

Esta cartilha foi impressa através da parceria com o projeto Agente Jovem

de Ater, realizado pela Escola Família Agrícola de Goiás, com patrocínio

da PETROBRAS.

O objetivo do projeto é formar jovens rurais para atuarem como Agentes de

Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), com foco na agricultura

familiar e na agroecologia, contribuindo para a permanência da juventude

no campo e para o desenvolvimento rural sustentável dos municípios de

Goiás, Orizona e Uirapuru (GO) e do Território da Cidadania Vale do Rio

Vermelho.

Participam do projeto 160 (cento e sessenta) jovens do campo, filhos de

agricultores familiares tradicionais e assentados da reforma agrária,

estudantes das três Escolas Famílias Agrícolas do Estado de Goiás, as

EFAs de Goiás (EFAGO), Orizona (EFAORI) e Uirapuru (EFAU).

Para conhecer mais:

[email protected]

www.agentejovemdeater.com.br

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NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS

EM AGROECOLOGIA

(NEPA / IFGOIANO)

Quem é o NEPA?

O Núcleo de Estudos e Pesquisa em Agroecologia - NEPA é um

grupo de pessoas formado por estudantes, professores, técnicos do

Instituto Federal Goiano - Câmpus Urutaí (IF Goiano - Câmpus Urutaí) e

pessoas da comunidade, produtores rurais do município de Urutaí e

outros municípios vizinhos, que cultivam experiências e debatem temas

relevantes na área de agroecologia e sistemas de produção de bases

ecológicas.

O NEPA, com sede no Instituto Federal Goiano - Câmpus Urutaí

desenvolve atividades de educação profissional e extensão tecnológica

envolvendo estudantes de nível superior e de nível técnico em diversas

áreas do conhecimento (Agronomia, Engenharia Agrícola, Gestão

ambiental, Biologia, Alimentos, Técnico em Agropecuária) formados para

atuar no desenvolvimento de atividades da produção de alimentos

agroecológicos.

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Missão do NEPA:

O Núcleo de Estudos e Pesquisa em Agroecologia - NEPA tem missão de:

o criar ambiência (estrutura, espaço e tempo) visando à formação de

profissionais preparados para atuar na educação profissional e

extensão tecnológica;

o formar uma massa crítica de profissionais para desenvolver estudos e

pesquisas em agroecologia, enquanto ciência emergente e política

pública inovadora para a agricultura familiar e agricultura camponesa

brasileira;

o contribuir para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da

população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da

oferta e consumo de alimentos saudáveis, conforme instituído pela

Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - PNAPO

(Decreto nº 7.794, de 20 de agosto de 2012);

o consolidar-se como um núcleo de referência para a construção e

socialização de conhecimentos relacionados à agroecologia e aos

sistemas orgânicos de produção e comercialização de alimentos,

operacionalizando o princípio da “indissociabilidade do ensino-

pesquisa-extensão” no âmbito do IF Goiano - Câmpus Urutaí e região

do entorno.

Para conhecer mais:

[email protected]

[email protected]

http://nepagroecologiaifgoiano.comunidades.net/

https://www.facebook.com/groups/747258615284570/

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