cartas a comunidade

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NOVEMBRO DE 2008 SANTA BÁRBARA D’OESTE “Sancta Barbara bene juvante” - “Sob a proteção de Santa Bárbara(lema do Município), “vocês que temem o Senhor, confiem na misericór- dia dEle, e não se desviem, para não caírem. Vocês que temem ao Se- nhor, confiem nEle, que não lhes negará a recompensa de vocês. Vocês que temem ao Senhor, esperem dEle os benefícios, a felicidade eterna e a misericórdia” (Eclo 2,7-9). “Sim, ó Senhor! De todos os modos engran- deceste e tornaste glorioso o teu povo. Nunca, em nenhum lugar, deixaste de olhar por ele e de o socorrer” (Sb 19,22). “Portanto, meus filhos, me escutem: Felizes os que seguem os meus caminhos. O princípio da sa- bedoria é o temor de Deus, e conhecer o Santo é inteligência. O temor do Senhor é escola de sabedoria, e antes da honra está a humildade” (Pr 8,32; 9,10; 15,33). “E tudo o que vocês fize- rem através de palavras ou ações, o façam em nome do Senhor Jesus, dando gra- ças a Deus Pai por meio dEle. Sejam também agrade- cidos” (Cl 3,17.15). A gratidão é própria, embora não exclu- siva, dos cristãos e cristãs, seguidores e seguidoras dAquele que se fez agrade- cimento em nosso nome, por meio do projeto da Cruz e da Eucaristia. “Um elemen- to fundamental deste projeto emerge do próprio significa- do da palavra ‘eucaristia’: ação de graças. Em Jesus, no seu sacrifício, no seu ‘sim’ incondicional à vonta- de do Pai, está o ‘sim’, o A - Deus ‘obrigado’ e o ‘amém’ da humanidade inteira. A Igre- ja é chamada a recordar aos seres humanos esta grande verdade. É urgente que tal se faça sobretudo na nossa cultura secularizada, que respira o esquecimento de Deus e cultiva uma vã auto- suficiência do ser humano. Encarnar o projeto eucarístico na vida quotidi- ana, nos lugares onde se tra- balha e vive - na família, na escola, na fábrica, nas mais diversas condições de vida - significa, para além do mais, testemunhar que a re- alidade humana não se jus- tifica sem a referência ao Criador: sem o Criador, a criatura não subsiste. Esta abertura transcendente, que nos induz a um ‘obrigado’ perene - nisto consiste a atitude eucarística - por tudo o que temos e somos, não prejudica a legítima au- tonomia das realidades terrenas, mas fundamenta- a da forma mais verdadeira ao colocá-la simultanea- mente dentro dos seus jus- tos limites” (João Paulo II. Mane Nobiscum Domine 26). Na Eucaristia, a Igreja une- se plenamente a Cristo e ao seu sacrifício, com o mes- mo espírito de Maria. Tal verdade pode-se aprofundar relendo o Magnificat em perspectiva eucarística. De fato, como o cântico de Ma- ria, também a Eucaristia é primariamente louvor e ação de graças. Quando exclama: ‘A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador’, Maria traz no seu ventre Jesus. Louva o Pai ‘por’ Jesus, mas louva-O também ‘em’ Jesus e ‘com’ Jesus. É nisto precisamente que consiste a verdadeira ‘atitude eucarística’” (João Paulo II. Ecclesia de Eucharistia 58). E é nessa atitude que meu coração, procurando não esquecer ninguém, destaca alguns agradecimentos a fazer, ao iniciar o paroquiato em San- ta Bárbara, neste ano 2008, do glorioso reinado de nos- so Senhor Jesus Cristo. Graças ao misericor- dioso coração do nosso Deus, o sol nascente, que do alto nos visita, para ilu- minar os que vivem entre as trevas e na sombra da mor- te; para guiar nossos pas- sos no caminho da paz” (Lc 1,78s). Agradeço a Deus em uníssono com os paro- quianos de São Pedro e Santa Bárbara, os períodos que Ele me concedeu numa e que me concederá noutra Paróquia, ambos na Diocese de Piracicaba, Igreja una, santa, católica e apostólica (Catecismo da Igreja Católica 750), res- pondendo à vocação que Ele me faz a cada dia, para ser “sacerdote para sem- pre, segundo a ordem do sacerdócio de Melquisedec” ( Hb 7,17). Louvado seja o Senhor que tudo muda, a todos converte e a cada um(a) ama, “porque meus olhos viram a tua sal- vação, que preparaste dian- te dos povos: luz para ilumi- nar as nações e glória do teu povo, Israel” (Lc 2,30-32).

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as duas cartas que o padre reinaldo cesar demarqui, escreveu a comunidade da matriz santa barbara, durante seu pastoreio.

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NOVEMBRO DE 2008SANTA BÁRBARA D’OESTE

“Sancta Barbara bene juvante” - “Sob a proteção de Sant a Bárbara ”(lema do Município), “vocês que temem o Senhor, confiem na misericór-dia dEle , e não se desviem, para não caírem. Vocês que temem ao Se-nhor, confiem nEle , que não lhes negará a recompensa de vocês. Vocêsque temem ao Senhor, esperem dEle os benefícios, a felicidade eterna ea misericórdia” (Eclo 2,7-9). “Sim, ó Senhor! De todos os modos engran-deceste e tornaste glorioso o teu povo. Nunca, em nenhum lugar, deixastede olhar por ele e de o socorrer” (Sb 19,22). “Portanto, meus filhos, meescutem: Felizes os que seguem os meus caminhos. O princípio da sa-bedoria é o temor de Deus , e conhecer o Santo é inteligência. O temordo Senhor é escola de sabedoria , e antes da honra está a humildade”(Pr 8,32; 9,10; 15,33).

“E tudo o que vocês fize-rem através de palavras ouações, o façam em nome doSenhor Jesus, dando gra-ças a Deus Pai por meiodEle . Sejam também agrade-cidos” (Cl 3,17.15). A gratidãoé própria, embora não exclu-siva, dos cristãos e cristãs,seguidores e seguidorasdAquele que se fez agrade-cimento em nosso nome,por meio do projeto da Cruze da Eucaristia . “Um elemen-to fundamental deste projetoemerge do próprio significa-do da palavra ‘eucaristia’:ação de graças. Em Jesus,no seu sacrifício, no seu‘sim’ incondicional à vont a-de do Pai, está o ‘sim’, o

A - Deus‘obrigado’ e o ‘amém’ dahumanidade inteira . A Igre-ja é chamada a recordar aosseres humanos esta grandeverdade. É urgente que talse faça sobretudo na nossacultura secularizada, querespira o esquecimento deDeus e cultiva uma vã auto-suficiência do ser humano.Encarnar o projetoeucarístico na vida quotidi-ana, nos lugares onde se tra-balha e vive - na família, naescola, na fábrica, nas maisdiversas condições de vida- significa, para além domais, testemunhar que a re-alidade humana não se jus-tifica sem a referência aoCriador: sem o Criador , acriatura não subsiste . Estaabertura transcendente, quenos induz a um ‘obrigado’perene - nisto consiste aatitude eucarística - portudo o que temos e somos ,não prejudica a legítima au-tonomia das realidadesterrenas, mas fundamenta-a da forma mais verdadeiraao colocá-la simultanea-mente dentro dos seus jus-

tos limites” (João Paulo II.Mane Nobiscum Domine 26).“Na Eucaristia, a Igreja une-se plenamente a Cristo e aoseu sacrifício, com o mes-mo espírito de Maria . Talverdade pode-se aprofundarrelendo o Magnificat emperspectiva eucarística. Defato, como o cântico de Ma-ria, também a Eucaristia éprimariamente louvor e açãode graças. Quando exclama:‘A minha alma glorifica aoSenhor e o meu espíritoexulta de alegria em Deusmeu Salvador’, Maria traz noseu ventre Jesus. Louva oPai ‘por’ Jesus, mas louva-Otambém ‘em’ Jesus e ‘com’Jesus. É nisto precisamenteque consiste a verdadeira‘atitude eucarística’ ” (JoãoPaulo II. Ecclesia deEucharistia 58). E é nessaatitude que meu coração,procurando não esquecerninguém, destaca algunsagradecimentos a fazer, aoiniciar o paroquiato em San-ta Bárbara, neste ano 2008,do glorioso reinado de nos-so Senhor Jesus Cristo.

“Graças ao misericor-dioso coração do nossoDeus , o sol nascente, quedo alto nos visita, para ilu-minar os que vivem entre astrevas e na sombra da mor-te; para guiar nossos pas-sos no caminho da paz” (Lc1,78s). Agradeço a Deusem uníssono com os paro-quianos de São Pedro eSanta Bárbara, os períodosque Ele me concedeu numae que me concederá noutraParóquia, ambos naDiocese de Piracicaba,Igreja una, santa, católica eapostólica (Catecismo daIgreja Católica 750), res-pondendo à vocação que

Ele me faz a cada dia, p araser “sacerdote p ara sem-pre, segundo a ordemdo sacerdócio deMelquisedec” (Hb 7,17).Louvado seja o Senhor quetudo muda, a todos convertee a cada um(a) ama, “porquemeus olhos viram a tua sal-vação, que preparaste dian-te dos povos: luz para ilumi-nar as nações e glória do teupovo, Israel” (Lc 2,30-32).

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2 - NOVEMBRO DE 2008

C. Paróquia São Pedro

Pouco mais de dez anos es-tive em comunhão, a servi-ço e em convivência decumplicidade - no sentidopositivo da palavra - com aParóquia São Pedro - V ilaRezende . Cheguei tímido ejovem - 28 anos - cheio deidéias e propósitos, queDom Eduardo me aconse-

B. Bispos e Presbitério Agradeço aos Bispos,cuja Ordem se configura àvont ade de Jesus Cristo,Pastor dos p astores , naspessoas de Dom Eduardo,que me nomeou há poucomais de dez anos como Pá-roco de São Pedro -Vila Rezende, e a DomFernando que me convocaao novo desafio pastoral naParóquia Santa Bárbara,como trigésimo quinto Pá-roco , um número simbólico,cuja soma - 3 + 5 = 8 -rememora o novo ser huma-no, a nova criação, o Dia doSenhor, que novamente nosinicia no seu seguimento ena sua vida (cf. Jo 20,26).Os Bispos, irrepreensíveis,ajuizados, equilibrados, edu-cados, hospitaleiros, capa-zes de ensinar, indulgentese pacíficos, são homens deDeus, que dirigem bem aprópria casa, sendo obede-cidos e respeitados pelospróprios filhos (cf. 1Tm 3,2-

4). Agradeço ao Presbité-rio - meus irmãos p adres -que confiou em mim aoaconselhar os Bispos ame confiarem as missõesparoquiais, de exercer o

ministério da síntesee não a síntese dos ministé-rios (cf. CNBB. Diretrizes daAção Evangelizadora - 2003-2006, 148), junto ao Povode Deus . Ser Padre numa

Paróquia é estar aberto atodo o trabalho da Diocesee ao objetivo que ela busca,sob a luz do Espírito Divinoe das necessidades dopovo; é também não descui-

dar o dom da graça que háem mim e que me foi dadoatravés da imposição dasmãos do grupo dospresbíteros (cf. 1Tm 4,14).Não trabalho nem trabalheisozinho! Deus sempre agiuem mim através da comu-nhão com o BispoDiocesano e o Presbitério ,cujas boas obras são evi-dentes (cf. 1Tm 5,25). Espe-ro e rezo para que essa re-alidade continue, mormentejunto ao Presbitério da Re-gião Sant a Bárbara que meacolhe tão efusivamente,depois de tão efetiva eafetiva acolhida do Presbi-tério da Região Piracicaba ,e dos Presbí-teros, que con-fiaram no meu trabalho deCoordenador de Pastoralpor anos e anos, junto aosDiáconos , “lei de Deus”(Santo Inácio de Antioquia.Carta aos Esmirnenses 8,1).

lhou a engavetar para ouviro povo de Deus e praticar oque ali fosse necessário.Obedeci! E interessanteque, nesses dez anos, só te-nho a agradecera os(as)paroquianos(as), por termosrealizado praticamente to-dos os projetos que eu trou-xe e que o Espírito inspirou,

em comunhão e respeito acada pessoa, grupo e Pe-quena Comunidade. Agra-deço a confiança e o respei-to de cada pessoa que meacolheu com carinho, fé eamor, como se acolhe a umenviado de Jesus Cristo.Pretendo, ocasionalmen-te, visitá-los e “sei que, indo

até vocês, ireicom a plenitu-de da bênçãode Cristo” (Rm15,29), quetantas vezescompar t i lha-mos, entre ora-ções e lutas. “Aobediência devocês é conhe-cida de todos.Vocês, p aramim, são ummotivo de ale-gria, mas desejo que se-jam sábios p ara o bem esem compromissos como mal. O Deus da paz nãotardará em esmagar Sata-nás debaixo dos pés devocês. Que a graça de nos-so Senhor Jesus Cristo es-teja com vocês” (Rm 16,19-

20). Muito obrigado por aju-darem a Deus a me fazermais Padre a cada dia, en-tre desafios, propostas, cor-reções fraternas e muitoamor. Mesmo depois demuitos atrasos, a graça di-vina sempre chegou no tem-po certo!

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3 - NOVEMBRO DE 2008

Por isso, a tônica atualda Igreja Católica éreforçar o encontroexperiencial com o SenhorJesus, fundamento doPovo de Deus a caminho(cf. Lumen Gentium 8). Estaé a minha esperança, minhaexpectativa e meu ânimo,enquanto Presbítero a ser-viço do Senhor, pastor se-gundo o Seu Coração (cf. Jr3,15). E na caminhada daIgreja, “os esforços p asto-rais p ara o encontro comJesus Cristo vivo deram econtinuam dando frutos ”(Aparecida 99), na Diocesede Piracicaba e na Igreja la-tino-americana, “vivendo oamor de Cristo na vida fra-terna solidária” (Aparecida

D. Paróquia Sant a Bárbara Agradecimento aos no-vos p aroquianos, que as-sumo como filhos e filhas ,irmãos e irmãs, no ministé-rio sagrado, nascido do Sa-cramento da Ordem, que meconfigura a Cristo, Bom Pas-tor. Toda mudança nos cau-sa um certo receio e insegu-rança, porém, quando a Pro-vidência divina está portrás desse “mudar”, atransformação nos causaalegria, por sermos obedi-entes a Deus, que quer onosso bem . Por isso, “fi-quem alegres no Senhor! Re-pito: fiquem alegres! Que abondade de vocês seja no-tada por todos. O Senhorestá próximo. Não se inquie-tem com nada. Apresentema Deus todas as necessida-des de vocês através da ora-ção e da súplica, em ação degraças. Então a paz deDeus, que ultrap assa todacompreensão, guardaráem Jesus Cristo os cora-ções e pensamentos devocês ” (Fl 4,4-7), como guar-dou o pensamento de SantaBárbara, Esposa amada doSenhor, modelo da nossaParóquia e intercessora po-derosa dos amigos e amigasde Cristo. Agradeço a Ela ea todos vocês que me aco-lhem p ara essa caminhadaprovidenciada por Deus,

sob a luz do Espírito deAmor , nas pegadas de Je-sus Cristo, nosso Senhor .Aqui acrescento um agra-decimento especial ao Pe.Marcelo Salese a todos os meusantecessores, sobretudo aoPe. Mário Freguglia, “Patri-arca espiritual da Cidade eda Paróquia”, pedra precio-sa engastada na coroa deSanta Bárbara, bem-humorado e respeitável ir-mão no sacerdócio, comquem terei a honra de con-viver e aprender ainda mais,como tantos que por aquipassaram! Na sociedadesecularizada em que vive-mos, embora Santa Bárba-ra D’Oeste seja uma cidadeextremamente religiosa,vale relembrar o que diz oSenhor, sobre seus envia-dos: “Quem recebe avocês, a mim recebe;quem me recebe recebeAquele que me enviou ” (Mt10,40). “Os fiéis, por suavez, tomem consciência dasobrigações que têm paracom seus presbíteros; posisso, dediquem-lhes filialamor como a p ais e pasto-res seus . Tomem parte nassuas preocupações, auxili-em-nos quanto lhes for pos-sível com orações e obras,para que eles melhor pos-

sam vencer as dificuldadese cumprir mais frutuosa-mente os seus deveres”(Vaticano II. PresbyterorumOrdinis 9). De fato, “se asfamílias rezassem pelospadres t anto quanto co-mentam suas falhas, ha-veria mais p adres e me-nos falhas ” (Pe. Brito -Rogacionista) e ainda oalerta de Jesus em sua Pai-xão, falando do que fariamcom Ele e com os seus:“Ferirei o pastor e as ove-lhas se dispersarão” (Mt26,31). E mais, pensandoindependentemente doPadre que presida a Eu-caristia , “o qual, pela facul-

dade recebida na Ordena-ção sacerdotal, realiza aconsagração; é ele, com opoder que lhe vem de Cris-to, do Cenáculo, que pro-nuncia: ‘Isto é o meu Corpoque será entregue por vós’;‘este é o cálice do meu San-gue, [...] que será derrama-do por vós’. O sacerdotepronuncia estas palavrasou, antes, coloca a suaboca e a sua voz à dispo-sição d’Aquele que aspronunciou no Cenáculoe quis que fossem repeti-das de geração em gera-ção por todos aquelesque, na Igreja, p articip amministerialmente do seusacerdócio ” (João Paulo II.

Ecclesia de Eucharistia 5).Já nos disse São João MariaVianney: “É o sacerdote quecontinua a obra da redençãona terra... Se soubéssemoso que é o sacerdote na ter-ra, morreríamos não de es-panto, mas de amor ... O sa-cerdócio é o amor do cora-ção de Jesus ” (Catecismoda Igreja Católica 1589), oque nos leva a amar o Sa-cerdócio e o Sacerdote, par-ticip ando daCelebraçãoEuca -rísticapresidida por qualquer umdeles , que age “in personaChristi Capitis” (na Pessoa deCristo Cabeça), sempre quepudermos - e nesta Paróquiasão muitos que, independen-temente do Padre, participamsempre que podem da Euca-ristia - orando e trabalhan-do pelas vocações sacer-dotais e pelos sacerdotes,sem descuidar das demaisvocações , que também fa-zem a Igreja, como “pedrasvivas” (1Pd 2,5), e não como“pedras de tropeço” (Mt16,23), graças a Deus! Quemé um e quem é outro? “Mi-nistros da fé de vocês, cadaqual segundo o dom deDeus” (1Cor 3,5). Um planta,outro rega, mas é Deus quemfaz crescer. “De modo quenem aquele que plant a con-ta, nem aquele que rega,mas é Deus quem faz cres-cer ” (1Cor 3,6-7).

278d). Dessa maneira, “aconversão p astoral denossas comunidades exi-ge que se vá além de umapastoral de mera conser-vação p ara uma p astorald e c i d i d a m e n t emissionária . Assim, serápossível que o único pro-grama do Evangelho conti-nue introduzindo-se na his-tória de cada comunidadeeclesial com novo ardormissionário, fazendo comque a Igreja se manifestecomo mãe que vai aoencontro, uma casaacolhedora, uma escolapermanente de comu-nhão missionária ”(Aparecida 370). “Escut a-mos Jesus como comuni-

dade de discípulos missi-onários que experiment a-ram o encontro vivo comEle e queremos comp ar-tilhar todos os dias comos demais essa alegria in-comp arável ” (Aparecida364), sobretudo atravésdos Santos Evangelhos,que, “ninguém ignora, têmo primeiro lugar, enquantoo principal testemunho davida e da doutrina do Ver-bo encarnado, nosso Sal-vador”. Daí, o “evangelhoqua-driforme, segundoMateus, Marcos, Lucas eJoão” (Dei Verbum 18), emque encontraremos o Se-nhor, sob o influxodo Espírito Divino na Co-munidade.

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B. Marcos - Jesus: Quem Ele é? Jesus nos conhece muito bem. E nós? Nós o conhecemos? Como outrora aos discípulos,Jesus nos pergunta: “E vocês, quem dizem que eu sou? ”(Mc 8,29). Não podemos simplesmente su-bentender que conhecemos Jesus Cristo, pois “o desafio fundamental que afrontamos é mostrar acapacidade da Igreja p ara promover e formar discípulos e missionários que respondam à voca-ção recebida e comuniquem por toda p arte, transbordando de gratidão e alegria, o dom do en-contro com Jesus Cristo . Não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nemoutra prioridade senão a de sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristoseja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos , não obstante todasas dificuldades e resistências” (Aparecida 14).

“Entretanto isto permanecerá sempre insuficiente, pois ainda o mais belo testemunho virá a de-monstrar-se impotente com o andar do tempo, se ele não vier a ser esclarecido, justificado, aquilo queSão Pedro chamava dar ‘a razão da própria esperança’ (1Pd 3,15), explicitado por um anúncio claro einelutável do Senhor Jesus. Por conseguinte, a Boa Nova proclamada pelo testemunho da vida deverá,mais tarde ou mais cedo, ser proclamada pela palavra da vida. Não haverá nunca evangelizaçãoverdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré,Filho de Deus, não forem anunciados ” (Paulo VI. Evangelii Nuntiandi, 22).

Por isso, Jesus nos convida, respeitando nossa liberdade pessoal: “Se alguém me quer seguir ,renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga ”(Mc 8,34). Importantíssimo, hoje em dia, é a recu-peração do conhecimento do Senhor, por um livre encontro pessoal com ele, pela Palavra, Liturgia eCaridade. Ninguém dá o que não tem! Na minha posse como Pároco de Santa Bárbara, na Festa daTransfiguração, convidados a ir “além da figura” ou “mais profundo que o verniz” ,

A. Mateus - Jesus: Mestre da Justiça O “Deus conosco” (Mt 1,23), nascido de Maria Virgem e acolhido por José (Mt 1,25), traz a salvação aopovo dos seus pecados (Mt 1,21). Ele nos convida, com palavras insistentes - “devemos cumprir toda ajustiça ” (Mt 3,15) - que é o equilíbrio entre a vontade divina e a realidade humana, como esperançosamenterezamos todos os dias na Oração do Senhor: “venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terracomo no céu” (Mt 6,10).

“Não há porque se intimidar face às dificuldades. Nunca falt ará à Igreja a proteção divina . A graçade Deus alimenta a fé e o amor dos discípulos em todas as épocas e os fortalece também hoje para darem,até com o próprio sangue, o testemunho da fidelidade ao Divino Salvador. A certeza da Palavra de JesusCristo sustentará a alegria de nossa Esperança: ‘Eis que eu estou com vocês todos os dias, até o fim domundo ’(Mt 28,20b)” (CNBB. Evangelização e Missão Profética da Igreja p. 139-140) - “pois, onde dois outrês estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles” (Mt 18,20).

“A Igreja, com o seu coração, que inclui em si todos os corações humanos, pede ao EspíritoSanto a felicidade que só em Deus tem a sua complet a realização: a alegria que ‘ninguém pode tirar ’(cf. Jo 16,22), a alegria que é fruto do amor e, portanto, de Deus que ‘é Amor’; pede ‘a justiça, a paz e aalegria no Espírito Santo’, nas quais, segundo São Paulo, consiste o ‘Reino de Deus’ (Cf. Rm 14,17; Gl 5,22)”(João Paulo II. Dominum et Vivificantem 67). Não podemos nem devemos ficar à margem na luta pela justiça.Devemos inserir-nos nela pela via da argumentação racional e devemos “despert ar as forças espirituais,sem as quais a justiça, que sempre requer renúncias t ambém, não poderá afirmar-se nem prosperar ”(Bento XVI. Deus caritas est 28). Esta atitude é de conversão, e, a ela, Jesus nos conclama: “Convert am-se,porque o Reino do Céu está próximo ” (Mt 4,17b), porque o encontro com Ele está próximo.

“A conversão, na profundidade do seu mistério divino-hu-mano, significa a ruptura de todos os vínculos com os quais

o pecado prende o ser humano , no conjunto do ‘mistério dainiqüidade’. Aqueles que se convertem, portanto, são con-duzidos para fora da órbita do ‘juízo’ pelo Espírito Santo, eintroduzidos na justiça, que se encontra em Cristo Jesus, eestá n’Ele porque a ‘recebe do Pai’ (Cf. Jo 16, 15), comoum reflexo da santidade trinitária. Esta justiça é a do Evan-gelho e da Redenção , a justiça do Sermão da Montanha eda Cruz, que opera a ‘purificação da consciência’ medianteo Sangue do Cordeiro. É a justiça que o Pai faz ao Filho e atodos aqueles que Lhe estão unidos na verdade e no amor” (JoãoPaulo II. Dominus et Vivificantem 48).

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5 - NOVEMBRO DE 2008

C. Lucas - Jesus: a Nova História

Páginas viradas em nossas vidas, continuaremos a nova história, “em”, “por” e “com” Cristo : “Ele serágrande, e será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1,32a), ao nascer de Maria, que o “enfaixou e o colocou na manjedoura,pois não havia lugar para eles dentro de casa” (Lc 2,7). “A Igreja é morada de povos irmãos e casa dos pobres ”(Aparecida 8). Nossos corações também podem se tornar casa dos pobres e local privilegiado de encontro com Cristo,quando se engajar na nova história que o Espírito Santo sussurrar em nossos ouvidos. “É preciso assumir aquelaantiga sabedoria que, sem prejudicar em nada o papel categorizado dos Pastores, procurava incentivá-los à maisampla escuta de todo o povo de Deus. É significativo o que São Bento lembra ao abade do mosteiro, ao convidá-lo aconsultar também os mais novos: ‘É freqüente o Senhor inspirar a um mais jovem um p arecer melhor ’. E SãoPaulino de Nola exorta: ‘Dependemos dos lábios de todos os fiéis, porque, em cada fiel, sopra o Espírito deDeus ’ (João Paulo II. Novo Millenio Ineunte, 45).

“É unânime, a este respeito, o testemunho da Escritura: a solicitude da divina Providência é concreta e imediata, cuidade tudo, desde os mais insignificantes pormenores até aos grandes acontecimentos do mundo e da história. Os livrossantos afirmam, com veemência, a soberania absoluta de Deus no decurso dos acontecimentos: ‘Tudo quanto Lheaprouve, o nosso Deus o fez, no céu e na terra ’ (Sl 115/114,3); e de Cristo se diz: ‘que abre e ninguém fecha, efecha e ninguém abre’ (Ap 3,7); ‘há muitos projetos no coração do ser humano, mas é a vont ade do Senhor queprevalece’ (Pr 19,21)” (Catecismo da Igreja Católica 303). Contando com a Mão do Senhor a nos conduzir, vivamos o“hoje” proclamado por Lucas, no encontro diário com o Senhor, atestando com nossa fé: “Hoje se cumpriu essa p assa-gem da Escritura, que vocês acabam de ouvir ” (Lc 4,21), porque “hoje a salvação entrou nesta casa” (Lc 19,9), “hoje vimos coisasespantosas” (Lc 5,26) e “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). “Creiamos que tudo é p ara nosso maior bem. Leve-nos Deus por onde ecomo quiser . Não somos nossos, mas seus ” (Santa Teresa D’Ávila. Livro da Vida I,11,12). Aqui, vale rememorar o ecumenismo, “as atividadese iniciativas, que são suscit adas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e oportunidades dos tempos, no sentido defavorecer au n i d a d edos cris-t ã o s ”(Vaticano II.U n i t a t i sRedintegratio4), atitude defé em Cristoe amor aosirmãos e ir-mãs, quenos desafiae convida atodo instantenuma Socie-dade onde,graças aDeus, preva-lece a liber-dade religi-osa (cf.Vaticano II.D i g n i t a t i sHumanae 2).

ouvimos a voz do Pai a nos envolver, penetrar e transformar: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que Ele diz! ”(Mc 9,7), de forma que, olhando em volta, não vimos mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles, conosco (cf.Mc 9,8). “Fixar os olhos no rosto de Cristo, reconhecer o seu mistério no caminho ordinário e doloroso da suahumanidade, até perceber o brilho divino definitivamente manifest ado no Ressuscit ado glorificado à direit a doPai, é a tarefa de cada discípulo de Cristo ; é, por conseguinte, também a nossa tarefa. Contemplando este rosto,dispomo-nos a acolher o mistério da vida trinitária, para experimentar sempre de novo o amor do Pai e gozar da ale-gria do Espírito Santo. Realiza-se assim também para nós a palavra de São Paulo: ‘Refletindo a glória do Senhor,como um espelho, somos transformados de glória em glória, nessa mesma imagem, sempre mais resplande-cente, pela ação do Espírito do Senhor ’ (2Cor 3,18)” (João Paulo II. Rosarium Virginis Mariae 9). Teremos, sim, mo-mentos de glória e, sobretudo, momentos de dor, relativos às mudanças e transformações, não somente estrutu-rais, mas do coração (cf. Mc 7,6), que resplandece a fé e o amor de quem segue o Senhor com obediência sincera,deixando as próprias redes imediatamente para seguir a Jesus (cf. Mc 1,17-18).

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6 - NOVEMBRO DE 2008

D. João - Jesus: Servo do AmorO evangelist a e apóstolo João nos oferece a possibilidade de encontro com o Senhor - caminho, verdade evida (cf. Jo 14,6) - em várias passagens a serem experimentadas com olhos de águia, isto é, de quem enxerga longee perto, ao mesmo tempo, escolhendo o melhor : como o bom vinho em Caná da Galiléia (cf. Jo 2,9-10), a cura dofilho do funcionário real (cf. Jo 4,50-54), a cura do paralítico (cf. Jo 5,5-9), o encontro com a Samaritana (cf. Jo 4,4-30), a partilha do Pão da Vida (cf. Jo 6,1-15), o caminhar sobre as águas (cf. Jo 6,16-21), o perdão à pecadora (cf. Jo8,1-11), o abrir os olhos do cego de nascença (cf. Jo 9,1-7), a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,1-44), Sua Paixão,maravilhosamente narrada pelo próprio, discípulo amado ao pé da cruz com Maria, dada a nós por Mãe (cf. Jo 19,25-27), e Madalena diante do Divino Jardineiro (cf. Jo 20,1.11-18), que disse: “Se o grão caído na terra não morrer,ficará só; se morrer dará muito fruto” (Jo 12,24), “um fruto que permaneça” (Jo 15,16).

“De nossa fé em Cristo nasce t ambém a solidariedade como atitude permanente de encontro, irmandadee serviço . Ela há de se manifestar em opções e gestos visíveis, principalmente na defesa da vida e dos direitos dosmais vulneráveis e excluídos, e no permanente acompanhamento em seus esforços por serem sujeitos de mudançae de transformação de sua situação. O serviço de caridade da Igreja entre os pobres é um campo de atividadeque caracteriza de maneira decisiva a vida cristã, o estilo eclesial e a programação p astoral ” (Aparecida 394).

Por isso, a cena da Eucaristia, no Evangelho de João, é substituída pela cena do Lava-Pés, o “oit avo sacra-mento” como gosto de chamar, e ao qual todos temos acesso, pois, um dia, lavamos os pés dos outros e, em outrodia, temos os pés lavados. Aí está a essência da humildade e do amor , celebrada na Santa Ceia. “Sacramentoda Caridade, a Santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de Si mesmo, revelando-nos o amorinfinito de Deus por cada ser humano . Neste sacramento admirável, manifesta-se o amor ‘maior’: o amor queleva a ‘dar a vida pelos amigos’ (Jo 15,13). De fato, Jesus ‘amou-os até ao fim’ (Jo 13,1). Com estas palavras, oevangelista introduz o gesto de infinita humildade que Ele realizou: na vigília da sua morte por nós na cruz, pôs umatoalha à cintura e lavou os pés aos seus discípulos. Do mesmo modo, no sacramento eucarístico, Jesus continua aamar-nos ‘até ao fim’, até ao dom do seu corpo e do seu sangue. Que enlevo se deve ter apoderado do coração dosdiscípulos à vista dos gestos e palavras do Senhor durante aquela Ceia! Que maravilha deve suscitar, também nonosso coração, o mistério eucarístico !” (Bento XVI. Sacramentum Caritatis 1).

“‘O pão que Eu hei de dar é a minha carne que Eu darei pela vida do mundo’ (Jo 6,51). Com estas palavras, o Senhorrevela o verdadeiro significado do dom da sua vida por todos os seres humanos ; as mesmas mostram-nos também a compaixão

íntima que Ele sente por cada pessoa. Ele exprime, através dum sentimento profundamente humano, a intenção salvífica de Deus que deseja que todo oser humano alcance a verdadeira vida. Cada celebração eucarística atualiza sacrament almente a doação que Jesus fez da sua própria vida na cruz pornós e pelo mundo inteiro . Ao mesmo tempo, na Eucaristia, Jesus faz de nós testemunhas da comp aixão de Deus por cada irmão e irmã ; nasce assim, àvolta do mistério eucarístico, o serviço da caridade p ara com o próximo , que consiste precisamente no fato de eu amar, em Deus e com Deus, a pessoa quenão me agrada ou que nem conheço sequer. Isto só é possível realizar-se a partir do encontro íntimo com Deus, um encontro que se tornou comunhão devont ade, chegando mesmo a tocar o sentimento . Então aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo aperspectiva de Jesus Cristo . Desta forma, nas pessoas que contato, reconheço irmãs e irmãos, pelos quais o Senhor deu a sua vida amando-os ‘até ao fim’(Jo 13,1). Por conseguinte, as nossas comunidades, quando celebram a Eucaristia, devem conscientizar-se cada vez mais de que o sacrifício de Jesus é portodos; e, assim, a Eucaristia impele todo o que acredit a n’Ele a fazer-se ‘pão rep artido’ para os outros e, conseqüentemente, a empenhar-se por ummundo mais justo e fraterno . Como sucedeu na multiplicação dos pães e dos peixes, temos de reconhecer que Cristo continua, ainda hoje, exortando os seusdiscípulos a empenharem-se pessoalmente: ‘Dai-lhes vós de comer’ (Mt 14,16). Na verdade, a vocação de cada um de nós consiste em ser , unido a Jesus,pão rep artido p ara a vida do mundo ” (Bento XVI. Sacramentum Caritatis 88).

“O desempenho damissão evangelizadorapede, de cada um de nós,uma profunda vivênciade fé, fruto de uma expe-riência pessoal de encon-

tro com a pessoa de Je-sus Cristo, em seu se-guimento . Nossa con-versão pessoal nos pos-sibilita impregnar comuma f i rme decisão

missionária to-das as estrutu-ras eclesiais etodos os pla-nos p astoraisde qualquerinstituição daIgreja, exigindonossa conver-são p astoral ,que implica es-cut a e fidelida-de ao Espírito ,impelindo-nos à

missão e sensibilidade àsmudanças socioculturais,animada por umaespiritualidade de comu-nhão e part ic ipação”(CNBB. Diretrizes Geraisda Ação Evangelizadorada Igreja no Brasil - 2008-2010, 8). Inquirido pormim poucos momentosantes da Celebração daminha Posse Canônica,Pe. Mário, nosso PárocoEmérito, revelou-me trêspr ior idades do seuparoquiato, ao assumir aParóquia Santa Bárbara,há anos atrás. Resolvifazê-las, sob inspiraçãodo Deus da V ida e Se-

nhor dos tempos, mi-nhas prioridades , emrespeito à História e emcomunhão com o Povo a

caminho, ao prometer, detodo coração, respeito eobediência a Dom Fernan-do e seus Sucessores:

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B. Construir a “Comunidade do bom Jesus”Em sintonia com a Região Pastoral Santa Bárbara - uma das seis Regiões Pastorais da Diocese de Piracicaba - nossa Paróquiaconta com uma Matriz histórica, que mantém um serviço de acolhimento de Mãe aos filhos e filhas que a procuram . Em

nossa Paróquia, está a “Matriz da Cidade”, da qual derivaram praticamente todas as Paróquias locais. Porém, o que a torna“Matriz da Cidade” é que ela é “Comunidade do bom Jesus” : quem nela entra, a qualquer hora do dia, faz uma experiência

única de oração, leitura da Palavra e adoração, encontrando e deixando-se encontrar com a bondade de Jesus. Em nossaMatriz - sem excluir as demais igrejas - brilha Aquele que nos salva, na Comunidade “sombra do mistério da Igreja, queCristo santificou com seu sangue, para trazê-la a si qual Esposa gloriosa, Virgem deslumbrante pela integridade da fé, Mãefecunda pela virtude do Espírito, Igreja santa, vinha eleita do Senhor, cujos ramos cobrem o mundo inteiro, e os seussarmentos, sustentados pelo lenho, com leveza eleva até o Reino dos céus. Igreja feliz, tabernáculo de Deus com oshomens, templo santo, que se constrói com pedras vivas, firme sobre o fundamento dos Apóstolos, com Cristo Jesus, suagrande pedra angular. Igreja sublime, construída no cimo do monte, visível a todos, a todos radiosa, onde refulge perene alâmpada do Cordeiro, e, delicioso, ressoa o cântico dos eleitos; lugar santo e mesa perenemente preparada para o sacrifíciode Cristo” (Prece de Dedicação de Igreja 62).

Nosso Bispo Diocesano,em 05/08/2008, em suahomilia, fez referência à Paró-quia - célula viva da Igreja(Vaticano II. ApostolicamActuositatem 10) - enquantoagrup amento de vizinhospor causa do Senhor , emsintonia com Cristo, forman-do comunidade . É “o lugarprivilegiado no qual a maio-ria dos fiéis tem uma experi-ência concret a de Cristo e acomunhão eclesial ”. É cha-mada a ser casa e escola decomunhão (cf. Aparecida170), “por renovação ereformulação de suas estru-turas, p ara que sejam rede decomunidades e grupos, ca-pazes de se articular , conse-guindo que seus membrosse sint am realmente discípu-los e missionários de Jesus

A. Renovar a “Casa”Cristo, em comunhão . Porcerto, rede de comunidadesnão significa desorganizaçãonos aspectos administrativos.A boa organização da secre-taria paroquial e demais ser-viços hábeis na articulaçãoentre as diversas comunida-des é suporte para uma efi-ciente evangelização ”(CNBB. Diretrizes Gerais daAção Evangelizadora da Igre-ja no Brasil - 2008-2010, 156).Somos convocados e provo-cados a renovar nossos há-bitos e serviços a p artir deuma visão p aroquial atua-lizada , segundo o Documen-to de Aparecida, as DiretrizesGerais da AçãoEvangelizadora da Igreja noBrasil - 2008-2010 e a nossaprática de pastoral de conjun-to, à luz da Revisão Ampla

que ocorre na Diocese dePiracicaba. Somos a Paróquiamais antiga de Santa BárbaraD’Oeste, o que nos dá maiorresponsabilidade na mis-são e não “status” quenos dispense do trabalhode ver-iluminar-agir-re-ver nosso modo de ser,enquanto “comunidadede fiéis, constituída es-tavelmente na Igrejaparticular”, cujo “cui-dado pastoral éconfiado ao pá-roco como aseu pas-tor pró-p r i o ,sob a autoridade do Bispodiocesano” (Código de DireitoCanônico, cânon 515, parágra-fo 1). Por isso, cada Comuni-dade que compõe a Paróquia

Santa Bárbara precisa ser esentir-se p arte integrante eatuante da mesma , deixando-se iluminar de novo e semprepela Palavra viva e eficaz, que

renova toda a Paróquia (cf.Aparecida 172). “Portanto,quem ouve essas minhas pa-lavras e as põe em prática, é

como o homem prudenteque construiu sua casasobre a rocha . Caiu achuva, vieram as enxur-radas, os ventos deramcontra a casa, mas acasa não caiu, porquefora construída sobre a

rocha” (Mt 7,24-25).Paroquianos(as)

s ã oparoquianos(as)-territorialmenteou por op-

ção - com direitos e deverespara, em comunhão com oPároco, renovar tudo o queo Espírito Santo deseja re-novar (cf. Sl 104/103,30).

Nossa Matriz, mais que de port as abert as, quer permanecer de coração abertopara acolher da maneira possível os necessitados e visitantes, os cristãos e não-cristãos, os paroquianos enão-paroquianos, para despertar-lhes esperança através de atos e compreensão, alegria e carinho, firmeza ediscernimento, pois “toda a ação séria e ret a do ser humano é esperança em ato . É-o antes de tudo no sentidode que assim procuramos concretizar as nossas esperanças menores ou maiores: resolver este ou aquele assun-to que é importante, para prosseguir na caminhada da vida; com o nosso empenho contribuir a fim de que omundo se torne um pouco mais luminoso e humano, e assim se abram também as portas para o futuro. Mas oesforço quotidiano pela continuação da nossa vida e pelo futuro da comunidade cansa-nos ou transforma-se emfanatismo, se não nos ilumina a luz daquela grande esperança que não pode ser destruída sequer pelospequenos fracassos e pela falência em vicissitudes de alcance histórico ” (Bento XVI. Spe Salvi 35).

“Por isso, sempre que na liturgia eucarística nos abeiramos do Corpo e do Sangue de Cristo, dirigimo-nostambém a Maria que, por toda a Igreja, acolheu o sacrifício de Cristo, aderindo plenamente ao mesmo. Justa-mente afirmaram os padres sinodais que Maria inaugura a participação da Igreja no sacrifício do Redentor. Ela éa Imaculada que acolhe incondicionalmente o dom de Deus, e desta forma fica associada à obra da salvação.Maria de Nazaré, ícone da Igreja nascente, é o modelo p ara cada um de nós saber como é chamado aacolher a doação que Jesus fez de Si mesmo na Eucaristia ” (Bento XVI. Sacramentum Caritatis, 33). “Não épor acaso que, nas Orações Eucarísticas latinas, se lembra com veneração Maria sempre Virgem, Mãe do nossoDeus e Senhor Jesus Cristo, os anjos, os santos apóstolos, os gloriosos mártires e todos os santos. Trata-se dumaspecto da Eucaristia que merece ser assinalado: ao celebrarmos o sacrifício do Cordeiro unimo-nos à liturgiaceleste, associando-nos àquela multidão imensa que grita: ‘A salvação pertence ao nosso Deus, que está senta-do no trono, e ao Cordeiro’ (Ap 7,10). A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre aterra ; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar onosso caminho” (João Paulo II. Ecclesia de Eucharistia 19).

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“Sei que, indo até vocês, ireicom a plenitude da bênçãode Cristo . Que o Deus dapaz esteja com todos vocês.Amém. Seja dada glória aDeus, que tem o poder deconservar vocês firmes,de acordo com o meuEvangelho e a mensagemde Jesus Cristo . A Deus, oúnico sábio, por meio deJesus Cristo, seja dada aglória p ara sempre.Amém! ” (Rm 15,29.33;16,27).

C. Construir uma “Casa de Encontros” Em nossa via-sacra de discípulos e discípulas do Senhor, cabe-nostambém a missão de construir em nossa Paróquia uma “casa de en-contros”, com toda a qualidade possível, segundo o Coração de Je-sus , que nos lembre a passagem do Cireneu. “Do encontro involuntário,brotou a fé. Acompanhando Jesus e compartilhando o peso da cruz, oCireneu compreendeu que era uma graça poder caminhar juntamente comeste Crucificado e assisti-Lo. O mistério de Jesus que sofre calado tocou-lhe o coração. Jesus, cujo amor divino era o único que podia, e pode,redimir a humanidade inteira, quer que comp artilhemos a sua cruzpara complet ar o que ainda falt a aos seus sofrimentos (Cl 1,24). Sem-pre que, bondosamente, vamos ao encontro de alguém que sofre, alguémque é perseguido e inerme, partilhando o seu sofrimento ajudamos a le-var a própria cruz de Jesus. E assim obtemos salvação, e nós mesmospodemos contribuir para a salvação do mundo” (Cardeal Joseph Ratzinger.Via Sacra 2005. V Estação).

Entrar e p articip ar em uma de nossas igrejas, comunidades ou grupos indicaa abertura à “conversão verdadeira do coração que result a da comunhão com Cristonos Sacramentos . De fato, Cristo é a indulgência e a propiciação pelos nossos pecados(cf. 1Jo 2,2). Infundindo nos corações dos fiéis o Espírito Santo que é a remissão de todosos pecados, Ele induz cada um ao encontro filial e confiante com o Pai das misericórdias.Deste encontro, brot am os compromissos de conversão e renovação, de comunhãoeclesial e de caridade p ara com os irmãos ” (João Paulo II. Incarnationis mysterium II),objetivos de uma Paróquia viva, alimentada pela Palavra, pela Liturgia e pela Caridade.

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“Elevado na Cruz, entregou-se por nós com imenso amor. E de seu lado aberto pela lança fez jorrar, com a água e o sangue, os

sacramentos da Igreja para que todos, atraídos ao seu Coração, pudessem beber, com perene

alegria, na fonte salvadora” (Prefácio do Sagrado Coração de Jesus).

De fato, “do lado trespassado do Senhor, do seu Coração aberto brota a fonte viva que corre através dos séculos e faz a Igreja. O Coração aberto é fonte de um novo rio de vida; neste contexto, João certamente pensou também na profecia de Ezequiel que vê brotar do novo templo um rio que dá fecundidade e vida (cf. Ez 47): o próprio Jesus é o novo templo, e o seu Coração aberto a fonte da qual jorra um rio de vida nova, que se nos comunica no Batismo e na Eucar is t ia ” (Bento XVI . Homilia conclusiva do Ano Sacerdotal). Exercício de humildade é reconhecer tal mistério de fé e de amor: não somos nós que fazemos a Igreja; ela nasce de Cristo adormecido na Cruz, com o Coração Sacerdotal trans-passado pelo soldado que professa: “Verdadeiramente este Homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). “Sim, o seu

O COraçãO de Jesus é O COraçãO da IgreJa, O COraçãO saCerdOtal e O COraçãO de quem ama

Coração está aberto por nós e aos nossos olhos; e deste modo está aberto o Coração do próprio Deus. A Liturgia dá-nos a interpretação da linguagem do Coração de Jesus, que fala sobretudo de Deus como pastor dos homens e, deste modo, manifesta-nos o sacerdó-cio de Jesus, que está radicado no íntimo do seu Coração; indica-nos assim o perene fundamento e também o critério válido de todo o ministério sacerdotal, que deve estar sempre ancorado no Coração de Jesus e ser vivido a partir dele” (Bento XVI. Homilia conclusiva do Ano Sacerdotal). Recomendo-me e os meus irmãos sacerdotes às orações de todos os/as paroquianos/as - não somente das “mães espirituais” - para apascentarmos o rebanho do Senhor conforme Sua vontade, invocando a Virgem e Mártir Santa Bárbara, em

cuja intercessão confio fervo-rosamente em benefício de todos/as aqueles/as que, pelo Bispo, me foram confiados, até que se cumpra a vontade do Coração de Jesus, o Bom Pastor, que diz constante-mente a cada presbítero: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,16), para que a Igreja inteira seja “um só coração e uma só alma” (At 4,32). “Com efeito, o dispensei-ro dos mistérios de Deus deve assemelhar-se ao homem que semeia no campo, de quem o Senhor disse: ‘E durma, e

levante-se de dia e de no i te , e a semente germina e cresce, sem que ele o saiba’ (Mc 4,27). Para mais, o Senhor Jesus que disse: ‘Confiem, Eu venci o mundo’ (Jo 16,33), não prometeu à Sua Igreja, com estas palavras, a vitória perfei-ta, já na terra”. T o d a v i a , a l e g r a m o - n o s “porque a terra s e m e a d a p e l o Evangelho frutifi-ca em muitas par-tes pela ação do Espírito do Senhor, que enche todo o

mundo e excita no coração de muitos sacerdotes e fiéis o espírito verdadeiramente missionário. ‘E Aquele que é poderoso para conceder mais abundantemente do que pedimos ou entendemos, segundo a força que opera em nós, a Ele se dê a glória na Igreja e em Cristo Jesus’ (Ef 3,20-21)” (Vaticano II. Presbyterorum Ordinis 22).Por fim, estou e espero que todos estejam conscien-tes que “o encerramento do Ano Sacerdotal não constituirá propriamente um encerramento, mas um novo início. Nós, o povo de Deus e os pastores, queremos agradecer a Deus por este per íodo pr iv i leg iado de oração e de reflexão sobre o sace rdóc io . Ao mesmo tempo, propomo-nos de estar sempre atentos ao que o Espírito Santo quer nos dizer. Entretanto, voltaremos ao serviço de nossa missão na Igreja e no mundo com alegria renovada e com a convicção de que Deus, o Senhor da história, fica conosco, seja nas crises seja nos novos tempos. A Virgem Maria, Mãe e Rainha dos sacerdotes, interceda por nós e nos inspire no seguimento de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (Cardeal Cláudio

Hummes. Preparação para a conclusão do Ano Sacer-dotal, 12/04/2010). Nesse espír i to, rezo em comu-nhão com o Papa: “Senhor, nós Vos agradecemos porque nos abristes o vosso C o r a ç ã o ; p o r q u e , n a vossa morte e na vos-s a r e s s u r r e i ç ã o , Vo s tornastes fonte de vida. Fazei que sejamos pessoas que v ivem, que v ivem da vossa fonte, e concedei-nos a poss ib i l idade de ser -mos também nós fontes capazes de dar a este nosso tempo água da vida. Nós Vos agradecemos pela graça do ministério sacerdotal. Senhor, abençoai-nos a nós e abençoai todas as pesso-as deste tempo que estão sedentas e andam à procura. Amém” (Bento XVI. Homilia conclusiva do Ano Sacerdo-tal).

sociedade de hoje. São lugares de experiência cristã e evangelização que, em meio à situação cultural que nos afeta, secularizada e hostil à Igreja, se fazem muito mais necessários” (Aparecida 308). São “lugares de aven-tal”! No mistério amoroso do Coração de Jesus, glorifico ao Pai de todos nós pelas f a m í l i a s , “ p i l a r e s d a primeira evangelização e da transmissão contínua da fé” em nossa paróquia, mesmo que venham de longe, por opção, permanecendo como “o fundamento e primeiro impulso para a nova evan-gel ização, por meio da vocação e do ministério que lhes é próprio, conferido no sacramento do matrimônio, raiz da família cristã” (CNBB)

Edição ESpECiAl - SEtEmbro 2010 NA CoNCluSão do ANo SACErdotAl - 2009 / 2010

O Coração de Jesus e o Ano Sacerdotal o Coração de Jesus é fonte de todas as graças com as quais a humani-dade pode ser inundada. Nesta data solene, encerra-se o Ano Sacerdotal, convocado pelo Papa Bento XVI, “para fomentar o empenho de renova-ção interior de todos os sacer-dotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo” (Bento XVI. Carta de Proclamação do Ano Sacer-dotal, 2009-2010). Todos nós -com gosto ou não - recorda-mos durante este ano que ‘o sacerdócio é o amor do Coração de Jesus’ (São João Maria Vianney), nascido na última Ceia, para Sua Igreja, junto, a partir e em vista do Sacramento da Eucaristia (cf. João Paulo II. Ecclesia de Echaristia, 31). Ao viver este Ano Sacerdotal, pude compar-tilhar o amor e a agonia

O Coração de Jesus e a Paróquia Santa Bárbara

do divino-humano Cora-ção, junto aos meus irmãos sacerdotes: Dom Fernan-do e Dom Eduardo, sumos sacerdotes imagens do Bom Pastor; Monsenhor Mário, na alegre convivência e na sua Páscoa exem-plar; presbíteros da Região P a s t o -ra l San ta Bárbara, em compreen-são e solida-riedade com m i n h a s f r a q u e z a s ; Padre José E d u a r d o e Cônego Luiz Carlos Emílio, zelosos vigários paroquiais; todo o Presbitério Diocesano de Piracicaba e, espiritualmente, os Presbi-térios da Igreja presente do mundo inteiro.

Meditando em tudo o que vivemos juntos nesse Ano Santo, comovidamente compartilho desta questão: “quem poderá descrever

dignamente as pulsa-ções do Coração

d i v i n o , q u e apontam Seu infinito amor, n a q u e l e s momentos em que Ele d e u a o s homens os seus mais

apreciados dons, isto é,

a Si mesmo no Sacramento da

Eucaristia, sua Mãe Santíssima, e a

p a r t i c i p a ç ã o n o o f i c i o

Sacerdotal?” (Pio XII. Haurietis Aquas 34)

Afinal, é cada sacerdote, “com o poder que lhe vem de Cristo, do Cenáculo, que pronuncia: ‘Isto é o meu Corpo que será entregue por vós’; ‘este é o cálice do meu Sangue, que será derramado por vós’. o sacerdote pronun-cia estas palavras ou, antes, coloca a sua boca e a sua voz à disposição d’Aquele que as pronunciou no Cenáculo e quis que fossem repetidas de geração em geração por todos aqueles que, na Igreja, participam ministerialmente do seu sacer-dócio” (João Paulo II. Ecclesia de Echaristia, 5). Dou graças a Deus por isso, a Ele que, por mais um ano de serviço à Sua Igreja, acompanhou sempre o sacerdócio que me confiou sem mérito algum de minha parte (cf. Oração sobre as oferendas - Missa pelo próprio sacerdote).

A Paróquia Santa Bárbara soube viver o Ano Sacerdotal, recém-encerrado, procuran-do compreender e acolher a mim, ao Pároco Emérito, aos vigários paroquiais e a outros p r e s b í t e r o s q u e a q u i vieram servir. Quem tem coração, sendo católico, acolhe quem tem o Coração de Jesus no peito: os sacerdo-tes! Quanta coisa já passou! Diferenças superadas ou somadas! Ou não! Perdão, amor, vida e serviço com-partilhados, como pastoral e evangelização em vista da humanidade, por meio de forças vivas que somam o amor ao Amor, sobre-tudo “os f iéis, e mais propriamente os leigos, que encontram-se na linha mais avançada da v ida da

Igreja”. Por isso, vocês, e sobretudo vocês, devem ter uma consciência, cada vez mais clara, não só de pertencerem à Igreja, mas de ser a Igreja, isto é, a comuni-dade dos fiéis sobre a terra sob a guia do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Vocês são a Igreja (cf. João Paulo II. Christifideles Laici 9). E, contemplando a beleza da Igreja brotada do Coração de Jesus, louvo a Deus pelas pequenas Comunidades, “um ambiente propício para escutar a Palavra de Deus, para viver a fraternidade, para animar na oração, para aprofundar processos de fo rmação na fé e para fortalecer o exigente compro-misso de ser apóstolos na

CoNtiNuA

pe. reinaldo César demarchi - 35° pároco de

Santa bárbara

Santa bárbara d’oeste11/06/2010 - Solenidade do

Sagrado Coração de Jesus - Conclusão do Ano

Sacerdotal05/08/2010 - Véspera da

Festa da transfiguração do Senhor - 2° ano de

paroquiato

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SETEMBRO DE 2010 - 7

A acolhida que nos-sa paróquia é chamada a realizar é missão brotada do Coração Sacratíssimo de Jesus, pois, da nossa Cidade e de outras, muita gente vem para a prática do seguimento do Senhor, com a intercessão de Santa Bárbara: sobretudo a Eucaristia celebrada ou partilhada nas Celebrações da Palavra, a Reconciliação, as práticas devocionais, a con-templação, a visitação, ... “Superabundando o coração do Cristo de amor divino e humano, e sendo imensamente rico com os tesouros de todas as graças que o nosso Redentor adquiriu com sua vida, seus padeci-mentos e sua morte, ele é, sem

COnstruIr uma “Casa de enCOntrOs” COraçãO abertO

Em Judas vemos a natureza desta recusa ainda mais claramente. Ele avalia Jesus segundo as categorias do poder e do sucesso: para ele só o poder e o sucesso são realidades, o amor não conta. E ele é ávido: o dinheiro é mais importante do que a comunhão com Jesus, mais importante do que Deus e o seu amor. E assim torna-se também mentiroso, ambíguo e vira as costas à verdade; quem vive na mentira perde o sentido da verdade suprema, de Deus. Desta forma ele endurece-se, torna-se incapaz da conver-são, da volta confiante do filho pródigo, e deita fora a vida destruída. ‘Vocês estão lim-pos, mas não todos’. Hoje, o Senhor admoesta-nos pe-rante aquela auto-suficiência que põe um limite ao seu amor i l imitado. Convida-nos a imitar a sua humildade, a

confiar-nos a ela, a dei-xar-nos ‘contagiar’ por ela. Convida-nos por muito deso-rientados que nos possamos sentir a voltar para casa e a permitir que a sua bondade purificadora nos reanime e nos faça entrar na comu-nhão da mesa com Ele, com o próprio Deus. Acrescenta-mos uma última palavra deste inesgotável texto evangélico: ‘dei-lhes o exemplo’ (Jo 13,15); ‘também vocês se devem lavar os pés uns aos outros’ (Jo 13,14). Em que consiste ‘ lavar os pés uns aos outros ’? Que s ign i f i ca concretamente? Eis que, qualquer obra de bondade pelo outro especialmente por quem sofre e por quan-tos são pouco estimados é um serviço de lava-pés. Para isto nos chama o Senhor: descer, aprender a humilda-de e a coragem da bonda-

de e também a disponibilida-de de aceitar a recusa e con-tudo conf iar na bondade e p e r s e v e r a r nela. Mas exis-te ainda uma dimensão mais p r o f u n d a . O Senhor limpa-nos da nossa i n d i g n i d a d e com a força pu-rificadora da sua bondade. lavar os pés uns aos outros signifi-ca sobretudo pe rdoar -nos i n c a n s a v e l -mente uns aos outros, recomeçar sempre de novo juntos, mesmo que possa parecer inútil. Signifi-ca purificar-nos uns aos outros

2 -SETEMBRO DE 2010

Ressalto a existência e a atividade das pastorais e dos movimentos, em comunhão com o Coração de Jesus bom pastor responsável por Suas ovelhas, Cora-ção sempre em movimento. Principalmente neles, “os membros da comunidade paroquial são responsá-veis pela evangelização dos homens e mulheres em cada ambiente. O Espírito Santo, que atua em Jesus Cristo, é também enviado a todos e n q u a n t o m e m b r o s d a comunidade, porque sua ação não se limita ao âmbito individual. A tarefa missio-nária se abre sempre às comunidades, assim como ocorreu em Pentecostes (cf. At 2,1-13). A renovação das paróquias no início do terceiro milênio exige a re formulação de suas estruturas, para que seja uma rede de comunidades e gru-pos, capazes de se articular consegu indo que seus membros se sintam realmen-te discípulos e missionários de Jesus Cristo em comu-nhão. A partir da paróquia, é necessário anunciar o que Jesus Cristo ‘fez e ensinou’

(At 1,1) enquanto esteve entre nós. Sua pessoa e sua obra são a boa nova de salvação anunciada pelos ministros e testemunhas da Palavra que o Espírito desperta e inspira. A palavra acolhida é salvífica e reveladora do mistério de Deus e de sua vontade. Toda paróquia é chamada a ser o espaço onde se recebe e se acolhe a palavra, onde se celebra e se expressa na adoração do Corpo de Cristo, e assim é a fonte dinâmica do discipulado

paróquia matriz Santa bárbara

Praça Rio Branco, s/nº - centro - telefone (3455-2025) Santa Bárbara d´Oeste -SP

II CARTA A PARÓQUIA

ANo Vi – número 2 SETEMBRO DE 2010

dirEtor Padre Reinaldo César Demarchi

diAGrAmAçãoMarcel Fronza

tirAGEm- 2 Mil exemplares

missionário. Sua própria renovação exige que se deixe iluminar de novo e sempre pela palavra viva e eficaz (Aparecida 171-172). Nossa Paróquia não está fora dessa inspiração, por cuja realização todos somos responsáveis! Incluo nesse espaço de responsabilidade as religiosas, cuja vida é “profundamente arraigada nos exemplos e ensina-mentos de Cristo Senhor, um dom de deus pai à sua igreja, por meio do Espírito.

Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus - virgem, pobre e o b e d i e n t e - a d q u i r e m uma típica e permanente ‘visibil idade’ no meio do mundo” - também em nossa Paróquia - “e o olhar dos fiéis é atraído para aquele mistério do Reino de Deus que já atua na história, mas aguarda a sua plena realiza-ção nos céus, alimentando na oração uma profunda comu-nhão de sentimentos com Jesus (cf Fl 2,5-11), para que toda a sua vida seja permeada de espírito apostólico, e toda a ação apostólica seja repas-sada de contemplação” (João Paulo II. Vita Consecrata 1.9). “Destaco a presença e ação amorosa, atenta e discreta das Salvatorianas, em torno das quais se reúne toda uma “família” de leigos/as teste-munhas do carisma desta Congregação enriquecedora da nossa comunidade: tornar

o Divino Salvador conheci-do e amado por todos. Os s e m i n a r i s t a s e v o -c a c i o n a d o s , d e s t a Paróquia e os que aqui f izeram e fazem estágio pastoral, são como irmãos e condiscípulos de Jesus, maturando sua vocação junto dos presbíteros e do povo e não só nos seminários: comunidades educativas em caminhada, com “a pos-s ib i l idade de rev iver a experiência formativa que o Senhor reservou aos Doze” (João Paulo II. Pastores dabo vobis, 60). A vocação é um dom da graça divina e jamais um direito do homem, da mesma forma que não se pode considerar a vida sacer-dotal como uma promoção simplesmente humana, nem a missão do ministro como um simples projeto pessoal.

dúvida, uma fonte perene daquela caridade que o seu Espírito infunde em todos os membros do seu corpo místico” (Pio XII. Haurietis Aquas, 42), ou seja, a missão de acolher não é de uma pessoa ou de um grupo de pessoas, mas de todos os membros da paróquia. Por enquanto, creio que podemos formar uma afetiva e efeti-va Equipe de Acolhida mais consistente numa Paróquia- coração-aberto Assim e só assim é que a paróquia será cons-truída como uma “casa de encontros” de irmãos entre si, de filhos com o Pai, de gente com os diferentes... uma igreja não acolhedora

e não disposta a aprender a ser acolhedora não é Igreja: é um clube fechado, restritivo e preconceituoso, é uma “pane-la”... Regra para vivermos a construção da “casa de encon-tros” é aquela que São Paulo deu aos coríntios: “Vejam, pois, quem vocês são, irmãos, vocês que receberam o cha-mado de Deus; não há entre vocês muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos,

nem muitos de família presti-giosa. Mas, o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e, o que no mundo é vil e desprezado, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é, a fim de que nenhuma criatura se possa vangloriar diante de Deus” (1Cor 1,26-29). “Quem puder

compreender, compreenda” (Mt 19,12). Quem quiser encontrar-se e encontrar os irmãos e irmãs, abra-se ao Coração de Jesus, de cora-ção sincero! E participe com amor da restauração total da Paróqu ia Santa Bárba-ra, que, em tantos anos de evangelização, continua “em aberto” para melhorar material e espiritualmente, em todas as suas comunidades e fiéis.

suportando-nos mutuamente e aceitando ser suportados pelos outros; purificar-nos uns aos outros doando-nos reciprocamente a força

santificadora da palavra de Deus e introduzindo-nos no Sacramento do amor divino (Bento XVI. Homilia ‘In Cena Domini’, 12/04/2006).

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6 - SETEMBRO 2010

Como “casa renova-da” ou “casa em renovação”, deparamo-nos com o Coração de Jesus humano-ferido, como apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, “reclaman-do” o amor das pessoas, ao apontar com o dedo seu Coração em chamas: “Eis o Coração que tem amado tanto aos homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para de-monstrar-lhes o seu amor. E em reconhecimento não rece-bo senão ingratidão da maior parte deles”. É tempo de pôr os joelhos no chão, antes de as mãos às obras; é tempo de realizar a obra do Senhor, antes de realizar suas obras; é tempo de elevar os corações ao alto, para não rastejar na mesmice que fere. Como Santa Teresa d’Ávila, diante da imagem do Bom Jesus - como boa e contem-plativa pode ser nossa Paró-quia - cada fiel tem a possi-bilidade de converter-se à bondade e à compaixão do bom Jesus. Construir comu-nidade só se faz pela bondade brotada do amor e da com-paixão, como ensina Santa Teresa, que escreveu sobre

3-SETEMBRO DE 2010

Não ardia o nosso coração, enquanto Ele nos falava pelo caminho? (Lc 24,32)

Quem caminha com J e s u s e x p e r i m e n t a o coração verdadeiramente arder de amor. Não um amor romântico e “de arrepios”, de “repousos” e melancolias, de ciúmes e “devoção” vazia, mas um amor de dor e alegria, maduro e humanizador, divino porque santificador e humano. Eis o caminho do Coração de Jesus - manso e humilde: fala, celebra e ama. Eis a missão do sacerdote; eis a missão da paróquia: ser o Coração de Jesus! Pelo discipulado - ouvir o Senhor e segui-lO como companheiro - todos apren-deremos a ser como Ele, mansos e humildes de cora-ção, aquecendo-nos no fogo do Seu amor e cumprindo nossa missão com ardor e comunhão. Todos creiam que Jesus nos fala pelo caminho! Em cada

Celebração Eucarística e em cada Celebração da Palavra, em cada Sacramento, em cada momento de leitura orante da Bíblia e de ora-ção pessoal com coração comunitário, em cada serviço pastoral e no dia-a-dia, o Senhor nos fala com vigor. E nosso coração arde pela proposta de unidade de quem se deixa guiar pelo Bom Pastor, no indizível amor do Seu coração, em reparação de nossas faltas (cf. Oração sobre as oferendas - Missa do Sagrado Coração de Jesus). Mesmo que sejamos pecado-res e queiramos tudo a nosso modo, a providência é divina e liberta cada ser humano para o caminho livre do Amor. “Se Cristo nos libertou, foi para a liberdade que nos libertou” (Gl 5,1). Por isso,

“é preciso rezar com Seu Espí-rito de liberda-de, para poder c o n h e c e r n a v e r d a d e S e u desejo” (Cate-cismo da Igreja Cató l ica 2736) e c u m p r i - l o obedientemente, ou seja, “poder ‘permanecer na verdade’, perma-necer n’Ele, pre-sente e operante no Seu Corpo vivo que é a Igreja, na beleza da continuidade tem-poral, no passar dos séculos, que nos une indivisivelmente a Cr isto e aos Apóstolos” (Bento XVI Carta aos sacer-dotes sobre a obediência, 24/11/2009). Neste “saber ouvir” e cumprir a vontade de Deus Pai, compreendo a vi-vência de Jesus que busca a ovelha perdida (cf. Lc 15,4-7): com corações abertos ao Senhor, por amor, a missão do povo de Deus estará cum-prida, tanto pelos presbíteros quanto pelo Povo de Deus, do qual os presbíteros fazem par-te importante: “Vão, pois, e aprendam o que signifi-ca: misericórdia é que eu

quero, e não sacrifício. Com efeito, eu não vim chamar justos, mas pecadores” (Mt 9,13). Encerrando o Ano Sacerdotal, percebo que o “ser” do “padre” quase se con-funde com seu “agir”. “Padre” é aquele que fez/faz isto ou aquilo! Alguns de nós chega-mos a esquecer que, antes de “agir”, o padre “é”! Quem sabe uma realidade não exclua a outra? “o fim que os presbí-teros pretendem atingir com o seu ministério e com a sua vida é a glória de deus pai em Cristo. Esta glória consis-te em que os seres humanos aceitem consciente, livre e gratamente a obra de Deus perfeitamente realizada em

Cristo, e a manifestem em toda a sua vida. Os presbíteros, portanto, quer se entreguem à oração e à adoração quer preguem a palavra de Deus, quer ofereçam o sacrifício eucarístico e administrem os demais sacramentos, quer exerçam outros ministérios favor das pessoas, concorrem não só para aumentar a glória de Deus mas também para promover a vida divina nos seres humanos. Tudo isto, enquanto flui da páscoa de Cristo, será consumado no advento glorioso do mesmo Senhor, quando Ele entregar o reino nas mãos do pai” (Vaticano II. Presbyterorum Ordinis 2).

Fica assim radicalmente excluída qualquer vaidade ou presunção dos chamados (cf. Hb 5,4-5). Todo o espaço espiritual do seu coração é tomado por uma maravilha-da e comovida gratidão, por uma confiança e esperança inabaláveis, porque os chama-dos sabem que estão firmes não nas próprias forças, mas sobre a incondicional fidelida-de de Deus que chama (João Paulo II. Pastores dabo vobis, 36). Deus seja louvado pelas vocações, pelos vocaciona-dos e por quem reza pelas vocações! Enfim, menciono a realidade atual e desafiante das Novas Comunidades, agregações de fiéis, “por iniciativa própria dos leigos. Algumas, com o passar do tempo, recebem aprovação diocesana, na condição de

associação de fiéis, através de decreto do bispo da dio-cese onde se deu a funda-ção” (CNBB. Igreja Particular, Movimentos e Novas Comuni-dades 25). Em nossa Paróquia, temos a base de duas Novas Comunidades: Comunidade “Corpus Christi” (CCC), apro-vada pelo Bispo Diocesano, para um período de experiên-cia, e Comunidade Missionária “Operários da Messe” (CMOM), em vias de aprovação dioce-sana. Ambas deram e dão seu apoio à evangelização paroquial ou supra-paro-quial, conforme a orientação dos diretores espirituais e do Pe. Ricardo Martins em encon-tros específicos, para desco-berta de caminhos comuns, se-gundo os próprios carismas, e coordenação dos Fundadores e Conselhos de cada uma.

Considerando-se sempre - e por que não? - o coração da Cidade de Santa bár-bara d’oeste, a paróquia Santa bárbara deve mergu-lhar cada vez mais na mi-sericórdia, na unidade e na vontade de amar seriamen-te a todos os que vivem seu

seguimento de Jesus Cristo, nesta “casa de vizinhos do Senhor”. uma graça como esta supõe uma responsa-bilidade igual. Ser o Cora-ção de Jesus é cumprir a missão que Ele cumpriu: amar. De nada adianta falar línguas, ter o dom da profecia,

conhecer todos os mistérios e toda ciência, ter toda a fé a pon to de t ranspor ta r montanhas, distr ibuir os bens aos famintos, entregar o corpo às chamas, se n ã o t i v e r m o s o a m o r (cf.1Cor 13,1-3).

COnstruIr a “COmunIdade dO bOm Jesus” COraçãO humanO-ferIdO

sua experiência diante do Bom Jesus: “Experimentei um tal pesar de ter mostrado tão pouco reconhecimento por Suas chagas que pensei que meu coração partia-se em mim e lancei-me diante dEle, derramando torrentes de lágri-mas, suplicando-lhe fortificar-me uma vez por todas a fim de não ofendê-lo mais” (O Livro da Vida 9/1). Santa Verônica, na Via Sacra, também acompanha o Bom Jesus, contagiando-se da Sua bondade e misericórdia. “É a imagem da mulher bondosa que, perante o turbamento e escuridão dos corações, mantém a coragem da bon-dade, não permite ao seu coração obscurecer-se: ‘Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus’ - dissera o Senhor no Discurso da Montanha (Mt 5,8). A prin-cípio, Verônica via apenas um rosto maltratado e marcado pela dor. Mas, o ato de amor imprime no seu coração a verdadeira imagem de Jesus: no Rosto humano, co-berto de sangue e de feridas, ela vê o Rosto de Deus e da sua bondade que nos acom-panha mesmo na dor mais

profunda. Somente com o coração podemos ver Jesus. Apenas o amor nos torna capazes de ver e nos torna puros. Só o amor nos faz reconhecer Deus, que é o próprio amor” (Cardeal Joseph Ratzinger. Via Sacra no Coliseu, VI Estação). E é no sacramento da Eucaris-tia, Sacramento do Amor, que “Jesus mostra-nos de modo particular a verdade do amor, que é a própria essência de deus. Esta é a verdade evangélica que inte-ressa a todo o homem e ao homem todo. Por isso a Igreja, que encontra na Eucaristia o seu centro vital, esforça-se constantemente por anunciar a todos, em tem-po propício e fora dele (cf. 2Tm 4,2), que Deus é amor. Exata-mente porque Cristo Se fez alimento de Verdade para nós, a Igreja dirige-se ao ser humano convidando-o a acolher livremente o dom de Deus” (Bento XVI. Sa-cramentum Caritatis 2). Pois, “Deus não reconci l iou o mundo consigo para depois o abandonar ao nada; não p r o m e t e u p e r m a n e c e r conosco até ao fim do

mundo, para depois se retirar, sozinho, para o céu, no momento em que esse fim chegar. ‘Amei-te com um amor eterno’, disse Deus ao ser humano na Bíbl ia (Jr 31,3), e as p ro -m e s s a s de ‘amor eterno’ de Deus não são como as do ser humano ” . Repetindo um cân t i -co eclesia l m u i t o a n -t i g o , r e z a m o s : ‘recorda-te bom Jesus, que por mim subiste à cruz: não permitas que eu me perca naquele dia. Ao pro-curar-me, sentaste-te um dia cansado (ao lado do poço de Siquém) e subiste à cruz para me redimir: tanto sofrimento não seja des-perdiçado, ó Jesus doce, ó p iedoso Jesus’ . Estas palavras apresentam-nos uma

i m a g e m d e -l i c a d a m e n t e evangélica de Cris-to: o Jesus ‘doce e p i e d o s o ’ , o u se ja , c l emen te , compassivo que não parte a cana fendida e não apaga a me-cha fumegante (cf. Mt 12,20), o Jesus que um dia disse: ‘Aprendei de Mim que sou manso e hu-milde de coração’ (Mt 11,29). A Eucaristia prolonga na his-tória a presença deste Jesus. Ela é o sacramento da não violência!” (Pe. Raniero Cantala-messa. Celebra-ção da Paixão do Senhor, 25/03/2005). Uma pena que a v i o l ê n c i a a i n d a

p e r s i s t a e n t r e a sociedade, por brotar dos corações humanos, dos nos-sos corações, afinal não se violenta somente com ar-mas, mas também com a língua, o não acolhimento, os julgamentos, os preconcei-tos...! Por isso, a Palavra de Jesus cabe também a nós: “ ‘Vocês estão limpos, mas não todos’, diz o Senhor (Jo 13,10). Nesta frase revela-se o grande dom da purificação que Ele nos faz, porque deseja estar à mesa jun-tamente conosco, deseja tornar-se o nosso alimento. ‘Mas, não todos’ - existe o obs-curo mistério da recusa, que com o contratempo de Judas nos torna presentes e, preci-samente na Quinta-Feira San-ta, no dia em que Jesus faz a oferenda de Si, nos deve fazer refletir. o amor do Senhor não conhece limites, mas o homem pode pôr-lhe um limite. ‘Vocês estão limpos, mas não todos’: o que é que torna o ser humano impuro? É a recusa do amor, o não querer ser amado, o não amar. É a soberba que julga não precisar de purificação algu-ma, que se fecha à bondade salvífica de Deus. É a soberba que não quer confessar nem reconhecer que precisamos de purificação.

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4 - SETEMBRO DE 2010

Renovar a “Casa” - Coração fonteo Coração de Jesus como fonte nos faz enxergar a Igreja sempre nova, a “casa” sempre renovada, pelos Sacramentos da água e do Sangue, que do Seu costado se esvaíram para nossa salvação. Essa fonte rejuvenesce a Igreja, aju-dando-nos a enxergar o que há e quem há de novo no discipulado do Senhor. Creio que estamos redesco-brindo isso aos poucos, ao sermos banhados em Cris-to. “As coisas antigas já se passaram, somos nascidos de

Dois sacerDotes, Dois anos, um só coração! Completando dois anos de serviço pastoral ao próprio Coração de Jesus, nesta paróquia Santa bárbara - com abertura de coração ao Senhor e ao Seu povo; grandes expectativas realizadas ou não; muita força de vontade e, sobretudo, confiança na graça divina - revejo a i Carta à paróquia Santa bárbara (“Sancta bene juvante” - “Sob a proteção de Santa bárbara”), recordando as prioridades nela assumidas, como sonhos do então pe. mário Freguglia, quando aqui chegou, mesmo tendo demorado para se acostumar, embora se sentisse bem (cf. pe. mário Freguglia. Crônicas do Seminário diocesano). revejo as prioridades e seu andamento, hoje, à luz do Ano Sacerdotal e do Coração de Jesus.

novo” (Cântico Pascal). Cada um de nós é convidado/a a renovar a “Casa do Senhor”, começando pelo próprio coração. Fácil não é! Porém, impossível tam-bém não! Basta rezarmos e refletirmos! “Oh! se os cristãos refletissem mais freqüente-mente no paternal aviso do primeiro papa: ‘portem-se com temor durante o tem-po do exílio de vocês. Pois vocês sabem que não foi com coisas perecíveis, isto é, com prata ou ouro que foram res-gatados, mas pelo sangue

precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula’ (1Pd 1,17-19); se eles dessem mais solícito ouvido à exortação do apóstolo das gentes: ‘Alguém pagou alto preço pelo resgate de vocês; glorifiquem, portanto, a Deus no corpo de vocês’ (lCor 6,20). Quanto mais dignos, mais edificantes seriam os seus

costumes, quanto mais salutar para a humanidade inteira seria a presença, no mundo, da Igreja de Cristo! E, se todos os seres humanos seguissem os convites da graça de Deus, que os quer todos salvos (cf. 1Tm 2,4), porque ele quis que todos fossem remidos pelo Sangue de seu Unigênito, e chama todos a serem membros de um só corpo místico, do qual Cristo é a Cabeça, então quanto mais fraternas se tornariam as relações entre os indivíduos, os povos, as nações, e quanto mais pacífica, quanto mais digna de Deus e da natureza humana, criada a imagem e semelhança do Altíssimo (cf. Gn 1,26), se tornaria a convivência social!” (João XXIII. Inde a Primis, 12).

5 -SETEMBRO DE 2010

A fonte do Coração de Jesus jorraria abundantemente em nossa Paróquia e, por ela, em nossa Cidade. Ainda há passos a dar, a fim de amadu-recermos como comunidade paroquial, à luz do Coração de Jesus como fonte de u n i d a d e n o a m o r, a partir do estudo e da oração embasados na palavra de deus , expressa nas Sagradas Escrituras, muito mais ant igas que nossa Paróquia, e na Liturgia, celebrada há dois mil anos, por Jesus, que atualiza a Escritura em Si no hoje da história hu-mana (cf. Lc 4,17-21). “Com efeito, nos livros sagrados, o pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de Seus filhos, a conversar com eles; e é tão grande a força e a virtude da Pala-vra de Deus que se torna o apoio vigoroso da Igreja, solidez da fé para os filhos da Igreja, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual. Por isso se devem aplicar por excelência à Sa-grada Escritura as palavras: ‘A Palavra de Deus é viva e eficaz’ (Hb 4,12), ‘capaz de edificar e dar a herança a

todos os santificados’, (At 20,32; cf. 1Ts 2,13)” (Vaticano II. Dei Verbum 21). “Na fé,

por assim dizer bebemos da água viva da palavra de Deus. Deste

modo o próprio fiel torna-se uma fonte, dá à terra sequio-sa da história água viva. Vemo-lo nos Santos. Vemo-lo em Maria que, como grande mulher de fé e de amor, se tornou ao longo dos séculos fonte de fé, amor e vida. Cada cristão e cada sacerdote

deveriam, a par-t i r de Cristo, tornar-se fonte que comunica v ida aos ou-tros” (Bento XVI. Homilia conclusi-va do Ano Sacer-dotal): cada um/a no seu ministério, mas todos com o mesmo intuito de “ r e n o v a r a casa”, pois “há diversidade de dons, mas o Es-pírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mes-mo; diversos mo-dos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos” (1Cor 12,4-6). Porém, como convidare-mos as pessoas a freqüentarem nossa casa, se ela não estiver renovada no Se-nhor, em nosso coração? Uma dica dada pelos Papas é refletida a partir do Salmo 121: “fun-dem-se juntamente os dois momentos vividos pelo fiel: o do dia em que aceitou o convite a ir ‘para a casa do Senhor’ (v. 1) e o da chegada jubilosa às ‘portas’ de Jeru-

salém (cf. v. 2); ‘Cidade bem construída’ (v. 3), símbolo de segurança e de estabilidade, Jerusalém é o coração da unidade das doze tribos de Israel, que para ela convergem como centro da sua fé e do seu culto. Com efeito, ali, elas ‘sobem para louvar o nome do Senhor’ (cf. v. 4), no lugar que a ‘Lei de Israel’ (Dt 12,13-14; 16,16) estabeleceu como único santuário legítimo e perfeito. E assim o grande Papa São Gregório diz-nos o que significa o Salmo concretamente para a prática da nossa vida, diz-nos que devemos ser na Igreja de hoje uma verdadeira

Jerusalém, isto é, um lugar de paz, ‘suportando-nos uns aos outros’ tal como somos; ‘suportando-nos juntos’ na alegre certeza de que o Senhor nos ‘suporta a todos’. E assim cresce a Igreja como uma verdadeira Jerusalém, um lugar de paz” (Bento XVI. Audiência Geral, 12/10/2005), da qual o Coração de Jesus é a fonte, como o Ressuscitado revela no meio dos discípulos, no Cenáculo: “A paz esteja com vocês”, mostrando-lhes as mãos e o lado, isto é, as santas Chagas e o Sacratís-simo Coração-fonte (cf. Jo 20,19-20).