carta de ilhÉus - ceplac - comissão executiva do plano … · 2012-12-13 · carta de ilhÉus...

12
CARTA DE ILHÉUS Este documento, a partir daqui denominada “Carta de Ilhéus”, está baseado nas informações apresentadas e discutidas por palestrantes e participantes do III Congresso Brasileiro do Cacau, evento realizado de 11 a 14 de novembro de 2012, em Ilhéus, Bahia. É parte integrante das metas do projeto original para a realização do evento e compromisso da Comissão Organizadora com parceiros, patrocinadores, apoiadores, participantes, palestrantes e com a sociedade brasileira interessada na cacauicultura. CONTEXTUALIZAÇÃO Dos Sistemas de Produção Atualmente a cacauicultura nacional enfrenta desafios que requerem o desenvolvimento de novas tecnologias e mudanças do foco centrado no monocultivo e restrito às regiões tradicionais. Há necessidade de romper o paradigma arraigado numa cultura secular da qual se pensava que o cacaueiro, uma vez plantado, produziria para sempre. Os fatores bióticos, especialmente doenças, ameaçam a sustentabilidade do negócio, pela severidade dos danos e os impactos na produção. A produtividade do sistema de cultivo sob árvores nativas ou exóticas é baixa (180 a 225 kg de amêndoas secas/ha/ano) e depende intensivamente de mão de obra para realizar as práticas de manejo necessárias, que, geralmente não respondem, principalmente pelo excesso de sombreamento. O manejo do sombreamento, por sua vez, é inviabilizado devido à rigorosa legislação ambiental atual. Por outro lado, o cacaueiro é uma espécie de grande adaptabilidade que pode ser cultivado em consorcio com outras culturas, a exemplo da seringueira ou espécies madeiráveis. No entanto, estes sistemas não têm sido aproveitados em sua plenitude. Dos Pontos Fracos e Ameaças Entre os pontos fracos e ameaças à cacauicultura brasileira podemos citar: O sistema de cultivo sob sombreamento de árvores nativas ou introduzidas apresenta baixa produtividade, custo elevado e sofre com uma legislação ambiental rigorosa e restritiva; O cultivo do cacaueiro em regiões úmidas enfrenta sérios danos causados por doenças e está ameaçado com a instalação de novos patógenos, a exemplo da moniliase; Condições climáticas associadas ao relevo movimentado das regiões tradicionais de cultivo inviabilizam a mecanização de etapas do processo de produção; Insegurança para pessoas e patrimônio nas propriedades rurais com alta incidência de furtos e agressões físicas a produtores; Riscos de contaminação das amêndoas por agentes químicos e/ou biológicos; Êxodo rural e descontinuidade no gerenciamento e sucessão nas propriedades; Órgão federal encarregado da pesquisa e transferência de tecnologia precariamente provido de recursos financeiros e humanos; Falta de gerenciamento de estoques permitindo a importação de cacau via drawback sem quantificar a real necessidade do mercado; Desorganização estrutural da cacauicultura, principalmente, pela ausência de organizações de produtores (sindicatos, cooperativas, associações) fortes que permitam a defesa eficaz da lavoura; Ausência de um Programa Nacional para a cacauicultura; Falta de representação política estadual e nacional da lavoura cacaueira. Das Oportunidades Grande diversidade de ecossistemas para produção de cacau; Possibilidade de geração de variedades híbridas e/ou clonais para diversos ecossistemas com características de origem especiais; A oferta de produto é insuficiente para atender a demanda do mercado interno de chocolate;

Upload: ngodiep

Post on 14-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CARTA DE ILHÉUS

Este documento, a partir daqui denominada “Carta de Ilhéus”, está baseado nas informações apresentadas e discutidas por palestrantes e participantes do III Congresso Brasileiro do Cacau, evento realizado de 11 a 14 de novembro de 2012, em Ilhéus, Bahia. É parte integrante das metas do projeto original para a realização do evento e compromisso da Comissão Organizadora com parceiros, patrocinadores, apoiadores, participantes, palestrantes e com a sociedade brasileira interessada na cacauicultura.

CONTEXTUALIZAÇÃO

Dos Sistemas de Produção

Atualmente a cacauicultura nacional enfrenta desafios que requerem o desenvolvimento de novas tecnologias e mudanças do foco centrado no monocultivo e restrito às regiões tradicionais. Há necessidade de romper o paradigma arraigado numa cultura secular da qual se pensava que o cacaueiro, uma vez plantado, produziria para sempre.

Os fatores bióticos, especialmente doenças, ameaçam a sustentabilidade do negócio, pela severidade dos danos e os impactos na produção. A produtividade do sistema de cultivo sob árvores nativas ou exóticas é baixa (180 a 225 kg de amêndoas secas/ha/ano) e depende intensivamente de mão de obra para realizar as práticas de manejo necessárias, que, geralmente não respondem, principalmente pelo excesso de sombreamento. O manejo do sombreamento, por sua vez, é inviabilizado devido à rigorosa legislação ambiental atual.

Por outro lado, o cacaueiro é uma espécie de grande adaptabilidade que pode ser cultivado em consorcio com outras culturas, a exemplo da seringueira ou espécies madeiráveis. No entanto, estes sistemas não têm sido aproveitados em sua plenitude.

Dos Pontos Fracos e Ameaças

Entre os pontos fracos e ameaças à cacauicultura brasileira podemos citar:

O sistema de cultivo sob sombreamento de árvores nativas ou introduzidas apresenta baixa produtividade, custo elevado e sofre com uma legislação ambiental rigorosa e restritiva;

O cultivo do cacaueiro em regiões úmidas enfrenta sérios danos causados por doenças e está ameaçado com a instalação de novos patógenos, a exemplo da moniliase;

Condições climáticas associadas ao relevo movimentado das regiões tradicionais de cultivo inviabilizam a mecanização de etapas do processo de produção;

Insegurança para pessoas e patrimônio nas propriedades rurais com alta incidência de furtos e

agressões físicas a produtores;

Riscos de contaminação das amêndoas por agentes químicos e/ou biológicos;

Êxodo rural e descontinuidade no gerenciamento e sucessão nas propriedades;

Órgão federal encarregado da pesquisa e transferência de tecnologia precariamente provido de recursos financeiros e humanos;

Falta de gerenciamento de estoques permitindo a importação de cacau via drawback sem quantificar a real necessidade do mercado;

Desorganização estrutural da cacauicultura, principalmente, pela ausência de organizações de

produtores (sindicatos, cooperativas, associações) fortes que permitam a defesa eficaz da lavoura;

Ausência de um Programa Nacional para a cacauicultura;

Falta de representação política estadual e nacional da lavoura cacaueira.

Das Oportunidades

Grande diversidade de ecossistemas para produção de cacau;

Possibilidade de geração de variedades híbridas e/ou clonais para diversos ecossistemas com características de origem especiais;

A oferta de produto é insuficiente para atender a demanda do mercado interno de chocolate;

CARTA DE ILHÉUS

Possibilidade de processamento agroindustrial via associativismo/cooperativismo e empreendimentos coletivos;

Utilização de sistemas de cultivo alternativos de cacau em consorcio com outras espécies – sistemas agroflorestais;

Existência de conhecimento técnico-científico acumulado para produzir cacau em quantidade e qualidade superior aos de outros países produtores de cacau;

Uso intensivo do sistema cacau cabruca com aproveitamento integral dos seus componentes.

Dos Aspectos Econômicos e de Mercado

O baixo nível de produção e de renda da lavoura cacaueira decorre de um manejo inadequado, fruto de um ambiente de incerteza presente na atividade desde 1977, início da trajetória decrescente do preço. Nesse contexto o como e quanto produzir – acentuado pelo alto custo do controle da vassoura-de-bruxa – é a questão socioeconômica decisiva para determinar o nível da produção, da renda e sua distribuição, considerando o preço interno definido pelo mercado.

Em relação aos custos de comercialização, a cacauicultura brasileira é competitiva em comparação aos de outros países produtores, já que a incidência de impostos e taxas é baixa. No entanto, há perda de competitividade pelo custo da logística, o chamado custo Brasil, que é muito alto. Adicionalmente, o preço inferior ao preço FOB (Free on Board) recebido pelo produtor é reflexo da falta de administração de estoques permitindo a importação de cacau via drawback, sem determinar a verdadeira necessidade do mercado.

Por outro lado, os custos de produção no Brasil são elevados estando abaixo apenas da Nigéria. Os custos de mão de obra alcançam 75% do custo total de produção. Isso se deve à observância das leis trabalhistas e à melhor remuneração do trabalhador brasileiro. O trabalhador rural nos países africanos tem baixo salário e encargos sociais, em contrapartida, o produtor recebe subsídios para aquisição de insumos, o que contribui para reduzir substancialmente o seu custo de produção.

Com a escalada crescente dos salários no Brasil e considerando o valor médio da tonelada de cacau, a empresa agrícola de produção tradicional de cacau não apresenta viabilidade financeira.

Do Desenvolvimento Sustentável

A cultura do cacau tem valor histórico, sendo de grande importância para as regiões produtoras. As organizações de representação do cultivo, a exemplo da CEPLAC, e de agricultores, estabelecidos em associações, cooperativas, sindicatos e movimentos sociais devem somar esforços na estruturação da cadeia produtiva e seus subprodutos, para gerar desenvolvimento com sustentabilidade.

É importante para consolidar a cadeia produtiva do cacau a implantação de sistemas diferenciados de produção, incentivando modelos mais sustentáveis, agroecológicos, em composições agroflorestais. A implantação do cacaueiro em sistemas agroflorestais com seringueira, madeiráveis, bananeira e/ou outros cultivos alimentares tem sido relevante na recuperação de áreas degradadas e na diversificação de renda na propriedade rural. Dessa forma, as políticas públicas existentes e/ou sua adequação devem apoiar expressivamente a transição para modelos sustentáveis de produção.

O acesso a crédito de custeio e investimento é uma oportunidade para grandes, médios e pequenos produtores de cacau, inclusive os da agricultura familiar, para otimizarem a atividade, possibilitando a ampliação da área plantada, permitindo investimentos em processamento, e portanto, agregação de valor ao produto, em sistemas produtivos diversos. Há potencial para que o produtor de cacau conquiste mercados diferenciados com produtos pré-processados e/ou agroindustrializados. A assistência eficaz de entidades governamentais facilitaria essa conquista.

Da Pesquisa e Extensão

O desenvolvimento de pesquisas e tecnologias inovadoras deve ser priorizado, de forma a ofertar instrumentos apropriados à realidade dos agricultores em sua diversidade. As ações de formação, capacitação, treinamento e desenvolvimento de projetos empreendedores, com jovens e mulheres rurais, são estratégias que fortalecem a cadeia produtiva do cacau. Uma assistência técnica qualificada contribuirá para ampliar a eficiência na produção, organização do mercado e agregação de valor.

Produtos diferenciados podem ser gerados a partir das políticas públicas existentes na linha da sustentabilidade. Pesquisadores, extensionistas e agentes de desenvolvimento são importantes na construção das alternativas produtivas para os agricultores e as regiões onde eles estão situados.

CARTA DE ILHÉUS

Por outro lado, devem-se incentivar estratégias de pesquisas com adoção de modelos multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares de forma a unificar todas as áreas do conhecimento científico.

Diante dos desafios enfrentados pela cacauicultura brasileira, da dinâmica da cadeia produtiva e das políticas públicas existentes, é possível assinalar ações que podem colaborar na consolidação deste setor. Há um potencial para ampliar a produção de cacau e sua produtividade de modo a abastecer a demanda interna pelo produto. Esse processo passa pela formação de pesquisadores, agentes de desenvolvimento e agricultores, qualificando-os para atuação nos diferentes elos da cadeia produtiva do cacau.

PROPOSTAS PARA A CACAUICULTURA BRASILEIRA NOS PRÓXIMOS 20 ANOS.

1. Aumentar a produtividade da lavoura melhorando a eficiência tecnológica, seja por meio de adensamento, clones produtivos e resistentes a doenças, redução do sombreamento, mecanização da cultura e/ou fertirrigação;

2. Agregar valor ao produto com certificações, registros de indicação geográfica e/ou marcas coletivas;

3. Desenvolver sistemas de produção de cacau alternativos em diferentes ecossistemas;

4. Recuperar e modernizar as áreas tradicionais de cultivo, com foco na elevação dos níveis de produtividade das lavouras e da qualidade do cacau;

5. Expandir e modernizar as zonas de produção na Amazônia, com foco na recuperação de áreas antropizadas;

6. Implantar zonas de cultivo intensivo e criar novas fronteiras agrícolas para o cacau no Brasil;

7. Instituir o Fundo Ambiental para Conservação Produtiva na Mata Atlântica do Sul da Bahia. Uma nova modalidade do Crédito Rural;

8. Apoiar as cadeias produtivas complementares ao cacaueiro: fruticultura, seringueira e palmiteiros, inclusive em cultivos consorciados;

9. Instituir o pagamento por Serviços Ambientais (Bônus Ambiental) incluindo como garantia real o patrimônio ambiental (ativos ambientais) dos estabelecimentos agrícolas;

10. Equacionar as dívidas dos produtores para permitir o acesso ao crédito rural nas regiões produtoras de cacau;

11. Promover e fortalecer o associativismo visando organizar a lavoura a fim de proteger e tornar mais competitiva a produção brasileira de cacau;

12. Promover o desenvolvimento de atividades lastreadas na conservação produtiva que propiciem ou estimulem a preservação, conservação e recuperação ambiental, com foco na sustentabilidade e competitividade dos estabelecimentos agrícolas e das cadeias produtivas;

13. Reconhecer como cultivo consolidado as áreas de cacau produtivo em áreas de preservação ambiental (APA);

14. Fortalecimento institucional da Ceplac.

RESULTADOS ESPERADOS

i. Elevação do atual patamar da produção, de modo a garantir a competitividade do cacau brasileiro;

ii. Diminuição das desigualdades com inclusão sócio-produtiva e criação de novos empregos diretos na cacauicultura;

iii. Reorganização do setor com associações de produtores fortes;

iv. Plantio de espécies arbóreas nativas e exóticas ecologicamente adaptadas, melhorando a capacidade de resiliência do agroecossistema;

v. Reincorporação ao sistema produtivo áreas de cacau imobilizadas pela legislação ambiental e aquelas abandonadas pela baixa produtividade;

vi. Garantir a conservação dos biomas Mata Atlântica e Floresta Amazônica nas regiões produtoras de cacau;

vii. Constituir uma compensação monetária por Serviços Ambientais (Bônus Ambiental); incluindo-os como garantias reais ao patrimônio ambiental (Ativos Ambientais);

CARTA DE ILHÉUS

viii. Recuperação da liquidez, da capacidade de pagamento e da margem disponível de garantia do produtor de cacau, superando os impasses do atual modelo de crédito agrícola;

ix. Alcançar outros estágios do processamento agroindustrial via associativismo ou pequenos empreendimentos individuais, de chocolates especiais, retomando a tradição do cacau como cultura de exportação, favorecendo a balança de pagamentos.

x. Retomada do processo de desenvolvimento regional por meio de geração de trabalho, emprego e renda em bases sustentáveis, beneficiando o conjunto da sociedade.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES

O Brasil deve lutar para o aumento da produção, produtividade e qualidade do cacau a fim de eliminar o déficit de produto existente no mercado interno, promovendo a autossuficiência com sustentabilidade. Por outro lado, o mercado deve, principalmente, operar com um preço competitivo que remunere os fatores de produção.

O governo brasileiro deve implantar políticas públicas para a cacauicultura no sentido de torná-la viável, como, por exemplo, subsidiar o custo de produção com relação aos insumos ou realizar uma complementação de preços referente ao percentual excedente ao custo de produção. Uma medida concreta poderia ser o estabelecimento de um preço mínimo para produtos da sociobiodiversidade.

Para o suprimento de matéria prima para os mercados interno e externo nos próximos 20 anos deveria se seguir o principio de pensar global e agir localmente. Isto é, planejar a propriedade rural, tendo como norteador a sustentabilidade e a inovação, plantando o cacaueiro no sistema cabruca, em sistemas agroflorestais e/ou a pleno sol, assim como delimitar áreas de pastagens ou outras culturas e áreas de mata virgem, todo dentro da mesma propriedade, se esta proporcionar as condições adequadas.

Adicionalmente, a agregação de valor e geração de renda ao cacau pode ocorrer através da implantação de pequenas agroindústrias, apoio às atividades não agrícolas em torno desta cadeia produtiva, a exemplo de roteiros turísticos nas áreas da produção de cacau. A representatividade histórica desta cultura no Brasil é um atrativo que pode ser explorado nas regiões produtoras de cacau.

O Órgão Federal encarregado da cacauicultura brasileira deve envidar esforços para reunir os produtores em um objetivo comum a fim de diminuir a terrível desunião reinante no meio.

Finalmente, este documento é a culminação do III Congresso Brasileiro de Cacau, espera-se que instigue e provoque as organizações envolvidas com cacau a fazer outras cartas, eventos, ações, enfim, realizações em defesa dos interesses da cacauicultura brasileira.

Raúl René Valle, PhD Presidente

III Congresso Brasileiro de Cacau

CARTA DE ILHÉUS

Este documento, a partir de aquí denominado "Carta de Ilhéus", se basa en las informaciones presentadas y discutidas por conferencistas y participantes del III Congreso Brasileño de Cacao, evento realizado de 11 a 14 de noviembre de 2012, en Ilhéus, Bahía. Es una parte integral de las metas del proyecto original para la realización del evento y compromiso del Comité Organizador con realizadores, patrocinadores, colaboradores, participantes, conferencistas y la sociedad brasileña interesada en el cacao.

CONTEXTUALIZACIÓN

De los Sistemas de Producción

Actualmente, el cacao nacional enfrenta desafíos que requieren el desarrollo de nuevas tecnologías y cambios del enfoque centrado en el monocultivo y restringido a las regiones tradicionales. Hay una necesidad de romper el paradigma arraigado en una cultura secular que pensaba que el cacao, una vez plantado, produciría para siempre.

Los factores bióticos, especialmente enfermedades, amenazan la sostenibilidad del negocio, por la severidad de los daños y los impactos en la producción. La productividad del sistema de cultivo bajo árboles nativos o exóticos es baja (180 a 225 kg de almendras/ha/año) y depende en gran medida de mano de obra para realizar las prácticas de manejo necesarias, que, generalmente no responden, principalmente por el exceso de sombreamiento. El manejo del sombreamiento, por su vez, es inviabilizado debido a la estricta legislación ambiental actual.

Por otro lado, el árbol de cacao es una especie de gran capacidad de adaptación que pueden ser cultivadas en consorcio con otros cultivos, como caucho o especies maderables. Sin embargo, estos sistemas no han sido explotados en su plenitud.

De los Puntos Débiles y Amenazas

Entre las debilidades y amenazas para el cacao brasileño podemos citar:

El sistema de cultivo bajo sombra de árboles nativos o introducidos presenta baja productividad, altos costos y sufre con una legislación ambiental rigurosa y restrictiva;

El cultivo de cacao en regiones húmedas enfrenta graves daños causados por enfermedades y está amenazado con la instalación de nuevos patógenos, a ejemplo de la Moniliasis;

Condiciones climáticas asociadas con el relevo quebrado de las zonas tradicionales de cultivo inviabilizan la mecanización de etapas del proceso de producción;

Inseguridad para personas y patrimonio en las propiedades rurales con alta incidencia de robos y agresiones físicas a los productores;

Riesgos de contaminación de las almendras por agentes químicos y/o biológicos.

Éxodo rural y discontinuidad en la gestión y sucesión en las propiedades;

Agencia federal encargada de la investigación y la transferencia de tecnología precariamente dotada de recursos financieros y humanos;

Falta de gerenciamiento de inventarios que permite la importación de cacao vía drawback sin cuantificar la necesidad real del mercado;

Desorganización estructural del negocio cacao, principalmente por la ausencia de organizaciones de productores (sindicatos, cooperativas, asociaciones) fuertes que permitan la defensa efectiva del agronegocio;

Ausencia de un Programa Nacional para el cacao;

Falta de representación política estadual y nacional del agronegocio cacao;

De las Oportunidades

Gran diversidad de ecosistemas para la producción de cacao.

Posibilidad de generación de variedades híbridas y/o clonales para diversos ecosistemas con características especiales de origen;

Oferta del producto es insuficiente para satisfacer la demanda del mercado interno de chocolate;

CARTA DE ILHÉUS

Posibilidad de procesamiento agroindustrial a través de asociaciones/cooperativas y emprendimientos colectivos;

Utilización de sistemas alternativos de cultivo de cacao en consorcio con otras especies – sistemas agroforestales;

Existencia de conocimiento técnico y científico acumulado para producir cacao en cantidad y calidad superior a los de otros países productores de cacao;

Uso intensivo del sistema cacao cabruca con aprovechamiento integral de sus componentes.

De los Aspectos Económicos y de Mercado

El bajo nivel de producción y de renta del negocio cacao se debe a un manejo inadecuado, fruto de un ambiente de incerteza presente en la actividad desde 1977, comienzo de la trayectoria decreciente del precio. En este contexto, cómo y cuánto producir – acentuado por el alto costo del control de la escoba de bruja – es la pregunta socioeconómica decisiva para determinar el nivel de producción, de renta y su distribución, considerando el precio interno definido por el mercado.

En relación a los costos de comercialización, el cacao brasileño es competitivo en comparación a los de otros países productores, ya que la incidencia de impuestos y tasas es baja. Sin embargo, hay una pérdida de competitividad por el costo de logística, el llamado costo Brasil, que es muy alto. Adicionalmente, el precio inferior al precio FOB (Free on Board) que recibe el productor es un reflejo de la falta de gestión de inventarios que permite la importación de cacao a través de drawback, sin determinar la verdadera necesidad del mercado.

Por otro lado, los costos de producción en Brasil son elevados, estando abajo apenas de los de Nigeria. Los costos de mano de obra alcanzan 75% del costo total de producción. Esto se debe a la observancia de las leyes laborales y una mejor remuneración de los trabajadores brasileños. El trabajador rural en los países africanos tiene bajos salarios y cargas sociales, en contrapartida, el productor recibe subsidios para la compra de insumos, lo que contribuye para reducir sustancialmente su costo de producción.

Con la escalada creciente de los salarios en Brasil y considerando el valor promedio por tonelada de cacao, la empresa agrícola de producción tradicional de cacao no presenta viabilidad financiera.

Del Desarrollo Sostenible

El cultivo de cacao tiene un valor histórico, siendo de gran importancia para las regiones productoras. Las organizaciones que representan el cultivo, a ejemplo de CEPLAC, y de agricultores, establecidos en asociaciones, cooperativas, sindicatos y movimientos sociales deben sumar esfuerzos en la estructuración de la cadena productiva y sus derivados, para generar desarrollo con sostenibilidad.

Es importante para consolidar la cadena productiva de cacao implementar sistemas diferenciados de producción, fomentando modelos más sostenibles, agroecológicos, en composiciones agroforestales. La implantación del cacao en sistemas agroforestales con caucho, madera, plátano y/u otros cultivos de alimenticios ha sido relevante en la recuperación de áreas degradadas y en la diversificación de los ingresos de la finca. De esa forma, las políticas públicas existentes y/o su adecuación deben apoyar expresivamente la transición para modelos sostenibles de producción.

El acceso al crédito de mantenimiento y de inversión es una oportunidad para grandes, medianos y pequeños productores de cacao, incluyendo los de agricultura familiar, para optimizar la actividad, posibilitando la expansión de la superficie plantada, permitiendo inversiones en el procesamiento y, por lo tanto, agregación de valor al producto, en sistemas productivos diversos. Hay potencial para que el productor de cacao conquiste mercados diferenciados con productos preprocesados y agroindustrializados. La asistencia efectiva de los organismos gubernamentales facilitaría esta conquista.

De la Investigación y Extensión

El desenvolvimiento de investigaciones y tecnologías innovadoras debe ser priorizados a fin de ofrecer las herramientas adecuadas a la realidad de los agricultores en su diversidad. Las acciones de formación, capacitación, entrenamiento y desarrollo de proyectos empresariales, con jóvenes y mujeres rurales, son estrategias que fortalecen la cadena productiva de cacao. Una asistencia técnica calificada contribuirá para ampliar la eficiencia en la producción, la organización del mercado y agregación de valor.

CARTA DE ILHÉUS

Productos diferenciados pueden ser generados a partir de las políticas públicas existentes en la línea de sostenibilidad. Investigadores, extensionistas y agentes de desarrollo son importantes en la construcción de las alternativas productivas para los agricultores y las regiones donde se ubican.

Por otra lado, deben ser incentivadas estrategias de investigación con a la adopción de modelos multidisciplinares, interdisciplinares y transdisciplinares de forma a unificar todas las áreas del conocimiento científico.

Dados los desafíos que enfrenta la producción de cacao en Brasil, la dinámica de la cadena productiva y de las políticas públicas existentes, es posible destacar acciones que pueden colaborar en la consolidación de este sector. Existe un potencial para ampliar la producción y productividad del cacao con el fin de abastecer la demanda interna del producto. Este proceso pasa por la formación de investigadores, agentes de desarrollo y agricultores, calificándolos para actuación en los diferentes eslabones de la cadena de suministro de cacao.

PROPUESTAS PARA EL CACAO BRASILEÑO EN LOS PRÓXIMOS 20 AÑOS.

1. Aumentar la productividad agrícola del cultivo mejorando la eficiencia tecnológica, sea a través del aumento poblacional, clones productivos y resistentes a enfermedades, reducción del sombreamiento, mecanización del cultivo y/o fertirrigación;

2. Agregar valor al producto con certificaciones, registros de indicación geográfica y/o marcas colectivas;

3. Desarrollar sistemas de producción de cacao alternativos en diferentes ecosistemas;

4. Recuperar y modernizar las zonas tradicionales de cultivo, con especial atención en la elevación de los niveles de productividad de las plantaciones y de la calidad del cacao;

5. Expandir y modernizar las zonas de producción en la Amazonía, con enfoque en la recuperación de áreas antropizadas;

6. Implementar áreas de cultivo intensivo y crear nuevas fronteras para el cultivo del cacao en el Brasil;

7. Establecer el Fondo Ambiental para la Conservación Productiva de la Mata Atlántica del Sur de Bahía. Una nueva modalidad de Crédito Rural;

8. Apoyar las cadenas productivas complementares al cacao: frutas, caucho y palmito, inclusive en cultivos consorciados;

9. Establecer el pago por Servicios Ambientales (Bono Ambiental), incluyendo como garantía real el patrimonio ambiental (activos ambientales) de los establecimientos agrícolas;

10. Ecuacionar las deudas de los productores para permitir el acceso al crédito rural en las regiones productoras de cacao;

11. Promover y fortalecer el asociativismo visando organizar el agronegocio con el fin de proteger y tornar más competitiva la producción nacional de cacao;

12. Promover el desarrollo de actividades respaldadas en la conservación productiva que propicien o estimulen la preservación, conservación y recuperación ambiental, con énfasis en la sostenibilidad y competitividad de los establecimientos agrícolas y de las cadenas productivas;

13. Reconocer como cultivo consolidado las áreas de cacao productivo en áreas de preservación ambiental (APA);

14. Fortalecimiento institucional de la Ceplac.

RESULTADOS ESPERADOS

i. Elevación del nivel actual de la producción para garantizar la competitividad del cacao brasileño;

ii. Reducción de las desigualdades con inclusión socio-productiva y la creación de nuevos puestos de trabajo directos en las plantaciones de cacao;

iii. Reorganización del sector con asociaciones de productores fuertes;

iv. Plantación de especies arbóreas nativas y exóticas ecológicamente adaptadas, mejorando la capacidad de resiliencia de los agro-ecosistemas;

CARTA DE ILHÉUS

v. Reincorporación al sistema productivo áreas de cacao inmovilizadas por la legislación ambiental y aquellas abandonadas por la baja productividad;

vi. Asegurar la conservación de los biomas Mata Atlántica y Foresta Amazónica en las regiones productoras de cacao;

vii. Constituir una compensación monetaria por Servicios Ambientales (Bono Ambiental), incluyéndolos como garantías reales al patrimonio ambiental (Activos Ambientales).

viii. Recuperación de la liquidez, capacidad de pago y del margen disponible de garantía del productor de cacao, superando los impases del actual modelo de crédito agrícola.

ix. Alcanzar otras fases de procesamiento agroindustrial vía asociativismo o de pequeños emprendimientos individuales, de chocolates especiales, retomando la tradición del cacao como cultivo de exportación, favoreciendo la balanza de pagos;

x. Retomada del proceso de desarrollo regional mediante la generación de trabajo, empleo y renta de manera sostenible, en beneficio de la sociedad en su conjunto.

OTRAS CONSIDERACIONES

Brasil debe luchar para el aumento de la producción, productividad y calidad del cacao a fin de eliminar el déficit de producto existente en el mercado interno, promoviendo la autosuficiencia con sostenibilidad. Por otro lado, el mercado debe, sin embargo, operar con un precio competitivo que remunere los factores de producción.

El gobierno brasileño debe implementar políticas públicas para el cultivo de cacao con el fin de tornarlo viable, como por ejemplo, subsidiando el costo de producción en relación a los insumos o realizar una complementación de precios referente al porcentaje excedente al costo de producción. Una medida concreta sería el establecimiento de un precio mínimo para los productos de la socio-biodiversidad.

Para el suministro de materias primas para los mercados interno y externo en los próximos 20 años debería seguirse el principio de pensar globalmente y actuar localmente. Es decir, la planificación de la propiedad rural, teniendo como norteador la sostenibilidad y la innovación, plantando el cacao en el sistema cabruca, en sistemas agroforestales y/o a pleno sol, así como definir zonas de pastos u otros cultivos y áreas de bosque virgen, todo dentro la misma propiedad, si esta proporcionar las condiciones adecuadas.

Adicionalmente, la agregación de valor y generación de ingresos para el cacao puede ocurrir a través de la implantación de pequeñas agro-industrias, apoyo a las actividades no agrícolas que rodean esta cadena de producción, a ejemplo de excursiones turísticas en las áreas de producción de cacao. La representación histórica de este cultivo en Brasil es un atractivo que puede ser explotado en las regiones productoras de cacao.

La agencia federal a cargo del cacao brasileño debe esforzarse para reunir los productores en un objetivo común a fin de reducir la terrible desunión reinante en el medio.

Finalmente, este documento es la culminación del III Congreso Brasileño de Cacao, esperase que instigue y provoque las organizaciones involucradas con el cacao para hacer otras cartas, eventos, acciones, en fin, realizaciones en defensa de los intereses del cacao brasileño.

René Raúl Valle, PhD Presidente

III Congreso Brasileño de Cacao

CARTA DE ILHÉUS

This document, hereinafter called "Letter of Ilhéus", is based on information presented and discussed by speakers and participants of the III Brazilian Congress of Cacao, event held from 11 to 14 November 2012, in Ilhéus, Bahia. It is an integral part of the goals of the original project for the event and commitment of the Organizing Committee with partners, sponsors, supporters, participants, speakers and the Brazilian society interested in cacao.

BACKGROUND

Of the Production Systems

Currently the national cacao crop faces challenges that require the development of new technologies and changes in the focus centered on the monoculture and restricted to the traditional regions. There is a need to break the paradigm rooted in a secular culture of which, it was thought that cacao, once planted, would produce forever.

Biotic factors, especially diseases, threaten the sustainability of the business, by the severity of the damages and the impact on production. The productivity of the cropping system under native or exotic trees is low (180 to 225 kg of dry beans/ha/year) and depends extensively on manpower to perform the necessary management practices, which generally do not respond, mainly by excess shading. The shade management, in turn, is made unviable due to current rigorous environmental legislation.

On the other hand, the cacao tree is a species of great adaptability that can be grown in consortium with other cultures, like rubber or timber species. However, these systems have not been exploited to its fullest.

Of Weaknesses and Threats

Among the weaknesses and threats to the Brazilian cacao crop can be cited:

The system of cultivation under native or introduced shade trees has low productivity, high cost and suffers with a rigorous and restrictive environmental legislation;

The cultivation of cacao in humid regions faces serious damage from diseases and is threatened with the spread of new pathogens, such as Moniliasis;

Weather conditions associated with broken relief in the traditional growing regions render mechanization unviable for some phases of the production process;

Insecurity for people and assets on farms with high occurrence of thefts and assaults to producers;

Risk of contamination of cacao beans by chemicals and/or biological agents;

Rural exodus and discontinuity in management and succession of the properties;

Federal agency in charge of research and technology transfer poorly provided with financial and human resources;

Lack of inventory management allowing importation of cacao via drawback without quantification of the real market needs;

Structural disorganization of the cacao business, mainly by absence of strong producer organizations (unions, cooperatives, associations) enabling effective defense of the crop;

Absence of a National Cacao Program;

Lack of political representation of the cacao crop at the state and national levels;

Of Opportunities

Great diversity of ecosystems for cacao production;

Possibility of generation of hybrid and/or clonal varieties for different ecosystems with special characteristics of origin;

The product supply is insufficient to meet the demand of the domestic chocolate market;

Possibility of agroindustrial processing via associations/cooperatives and collective enterprises;

Use of alternative cacao cropping systems in consortium with other species – agroforestry systems;

CARTA DE ILHÉUS

Existence of accumulated technical and scientific knowledge to produce cacao in quantity and quality superior to other cacao producing countries;

Intensive use of the cacao cabruca system with integral utilization of its components.

Of the Economic Aspects and the Market

The low level of production and income of the cacao crop comes from an inadequate management, the result of an environment of uncertainty present in the activity since 1977, beginning of a downward price trend. In this context, how and how much to produce - accentuated by the high cost of witches' broom control - is the socioeconomic issue decisive in determining the level of production, income and its distribution, considering the internal price defined by the market.

Regarding costs of commercialization the Brazilian cacao is competitive compared to other producing countries, since the incidence of taxes and fees is low. However, there is a loss of competitiveness for the cost of logistics, the so called Brazilian cost, which is very high. Additionally, the price received by the producer lower than the FOB (Free on Board) price is a reflection of the lack of inventory management allowing importation of cacao via drawback, without determining the true market need.

On the other hand, production costs are high in Brazil being below just from Nigeria. The costs of labor reach 75% of the total production cost. This is due to the observance of labor laws and better remuneration of Brazilian workers. The rural worker in African countries has low wages and social charges; in return, the producer receives subsidies for inputs purchase, which contributes to substantially reduce his production costs.

With the increasing escalation of wages in Brazil and considering the average value per ton of cacao, the agricultural farm of traditional cacao production shows no financial viability.

Of the Sustainable Development

Cacao cultivation has historical value and is of great importance to the producing regions. Organizations representing the crop, like CEPLAC, and of farmers, established in associations, cooperatives, unions and social movements should join efforts in structuring the supply chain and its byproducts to generate development with sustainability.

It is important to consolidate the cacao production chain deploying different systems of production, encouraging more sustainable agroecological models, in agroforestry compositions. The deployment of cacao agroforestry systems with rubber, timber, banana and/or other food crops have been relevant in the recovery of degraded areas and income diversification on the farm. Thus, the existing public policies and/or its suitability should expressively support the transition to sustainable production models.

Access to maintenance and investment credit is an opportunity for large, medium and small cacao producers, including family agriculture, to optimize the activity, enabling the expansion of the planted area, allowing investments in processing, and therefore, adding value to the product in diverse production systems. There is potential for the cacao producer conquers differentiated markets with preprocessed and/or agro-industrialized products. The effective assistance of government agencies should facilitate this achievement.

Of Research and Extension

The development of research and innovative technologies should be prioritized in order to offer appropriate tools to the reality of farmers in its diversity. Actions of formation, education, training, and development of entrepreneurial projects with youth and rural women, are strategies that strengthen the cacao supply chain. A qualified technical assistance will help to increase the production efficiency, market organization and value addition.

Differentiated products can be generated from existing public policies in line with sustainability. Researchers, extension workers and development agents are important in the construction of productive alternatives for farmers and the regions where they are located.

On the other hand, research strategies with the adoption of multidisciplinary, interdisciplinary and transdisciplinary models should be encouraged in order to unify all areas of scientific knowledge.

Given the challenges faced by the Brazilian cacao production, the dynamics of the supply chain and the existing public policies, it is possible to highlight actions that can assist in the consolidation of this sector. There is potential to expand cacao production and productivity in order to supply the domestic demand for

CARTA DE ILHÉUS

the product. This process involves the training of researchers, development agents and farmers, qualifying them to act in the different links of the cacao supply chain.

PROPOSALS FOR BRAZILIAN CACAO FOR THE NEXT 20 YEARS

1. Increase crop productivity by improving technological efficiency, whether through increasing population density, productive and disease resistant clones, shade reduction, crop mechanization and/or fertigation;

2. Addition of value to the product through certifications, registrations of geographical indication and/or collective marks;

3. Development of alternative cacao production systems in different ecosystems;

4. Restore and modernize the traditional cultivation areas, with focus on increasing the levels of crop productivity and quality of cacao;

5. Expand and modernize production areas in the Amazon, with focus on recovery of disturbed areas;

6. Deploy areas of intensive cultivation and create new frontiers for cacao farming in Brazil;

7. Establish the Environmental Fund for Productive Conservation in the Atlantic Forest of southern Bahia. A new mode of Rural Credit;

8. Support complementary cacao supply chains: fruit, rubber and heart of palm, inclusive in intercropping;

9. Establish payment for environmental services (Environmental Bonus) including as collateral the environmental patrimony (environmental assets) of farms;

10. Equating the debts of producers to allow access to rural credit in cacao producing regions;

11. Promote and strengthen associativism in order to organize the agro-business to protect and turn more competitive the Brazilian cacao production;

12. Promote the development of activities based on productive conservation that provide or encourage preservation, conservation and environmental rehabilitation with focus on sustainability and competitiveness of farms and supply chains;

13. Recognize as consolidated crop areas of cacao production in environmental preservation areas (APP);

14. Institutional strengthening of Ceplac.

EXPECTED OUTCOMES

i. Increase the current production level to ensure competitiveness of Brazilian cacao;

ii. Reduction of inequalities with socio-productive inclusion and creation of new direct jobs in the cacao productive chain;

iii. Reorganization of the sector with strong associations of producers;

iv. Planting of native and exotic tree species ecologically adapted, improving the resilience of the agro-ecosystem;

v. Reincorporation to the productive system cacao areas immobilized by the environmental legislation and those abandoned by low productivity;

vi. Ensure the conservation of the Atlantic Forest and Amazonian Forest biomes in cacao producing regions;

vii. Constitute a monetary compensation for Environmental Services (Environmental Bonus); including them as collateral to environmental heritage (Environmental Assets).

viii. Recovery of liquidity, payment capacity and available margin warranty of the cacao producer, overcoming the impasses of the current model of agricultural credit.

ix. Reach other stages of agro-industrial processing via associations or individual small businesses, special chocolates, retaking the tradition of cacao as an export crop, favoring the balance of payment.

CARTA DE ILHÉUS

x. Resumption of the process of regional development by generating jobs, income and employment on a sustainable basis, benefiting society as a whole.

OTHER CONSIDERATIONS

Brazil should make every effort to increase production, productivity and quality of cacao to eliminate the existing product deficit in the internal market domestically, promoting self-sufficiency with sustainability. On the other hand, the market should, however, operate at a competitive price to remunerate the production factors.

The Brazilian government must implement public policies for cacao cultivation in order to make it feasible like, for example, subsidizing the cost of production in relation to inputs or perform a price complementation in regard to the exceeding percentage of the production cost. One concrete step would be to establish a minimum price for sociobiodiversity products.

For the supply of raw materials for the domestic and foreign markets in the next 20 years should follow the principle of thinking globally and acting locally. That is, planning the farm, having as a guide sustainability and innovation, planting cacao in the cabruca system, in agroforestry systems and/or at full sunlight soil, as well as defining areas of pastures or other crops and areas of virgin forest, all within the same property, if it provides adequate conditions.

Additionally, value addition and income generation to cacao may occur through the deployment of small agro-industries, support for non-agricultural activities surrounding this production chain, like tours in areas of cacao production. The historical representation of this crop in Brazil is an attraction that can be exploited in cacao producing regions.

The Federal Agency in charge of the Brazilian cacao shall endeavor to unite the producers in a common goal to reduce the terrible division reigning in the class.

Finally, this document is the culmination of the III Brazilian Congress of Cacao, is expected to instigate and provoke organizations involved with cacao to make other letters, events, actions, hence, achievements in the interests of the Brazilian cacao.

Raúl René Valle, PhD President

III Brazilian Congress of Cacao