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2 Água e desenvolvimento

4 Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí

8 Sistema de monitoramento de enchentes

10 O que é Perícia Ambiental?

11 Educando para preservar

12 Um panoramo sobre o Marketing Verde

14 Cristina — natureza, história, hospitalidade...

16 Gestão de custos

18 Pequenos detalhes conquistam clientes

19 A identidade digital

20 Investimento sustentável e de longo prazo através do mercado de ações

21 Finanças pessoais

22 Bruxismo

24 Radiografia Odontológica Digital

25 Andador Microcontrolado

26 Construindo para educar O planeta Terra pede socorro

27 A água e a vida

Naturale é uma publicação da DIAGRARTE Editora LtdaCNPJ 12.010.935/0001-38 Itajubá/MG

Editora: Elaine Cristina Pereira

Colaboradores

Articulistas: Alex Gobato, Ana Moni, Bernadette Vilhena, Célio Gentil, Cesar Fernandes, Conrado Navarro, Diene Eiry da Silva, Dra. Gracia Costa Lopes, Lina Lisboa, Luiz Anderson, Márcia Gil de Souza, Márcia Viana L. Martins, Ma-rileia Ieno Gonçalves, Priscila Moraes de Carvalho, Paulo José Braz Rosas.

Revisão: Marília Bustamante Abreu Marier

Projeto Gráfico: Elaine Cristina Pereira

Fotos Capa: Cleber Miranda (35 9816-9565), Maria de Lourdes M. Gonçal-ves, Natanael Gonçalves Fotos: Geraldo Gomes (35 9837-7810), Jair Antonio (35 9804-2394), Sthenio Maia.

Vendas: Diagrarte Editora Ltda

Impressão: Gráfica Novo Mundo Ltda

Distribuição Gratuita em mídia impressa e eletrônica

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Direitos reservados. Para reproduzir é necessário citar a fonte.

Venha fazer parte da Naturale, anuncie, envie artigos e fotos.

Faça parte desta corrente pela informação e pelo bem.

Contate-nos: (35) 9982-1806

e-mail: [email protected]

Para acessar a versão eletrônica: www.diagrarte.com.br/naturale_4ed.pdf

Apoio

expediente

Carta ao leitorNesta edição que damos as boas vindas à primavera

temos como tema a água.Elemento primordial que rege a vida do planeta e de

cada ser vivente. Sabemos que nosso corpo é constituído de 70% de água, e que não conseguimos sobreviver se ficarmos mais que três dias sem ela.

A ingestão de água está diretamente ligada ao bom funcionamento de nosso organismo, bem como à saúde das plantas, dos animais e do planeta.

Devemos cuidar para que a saúde das nascentes e dos rios seja preservada, sabemos que a quantidade de água doce no planeta é bem menor que a de água salga-da, imprópria para o consumo. E que em várias regiões do globo a água potável está em plena escassez.

Ao acordarmos, o primeiro elemento com o qual te-mos contato é a água. Durante o dia a utilizamos para vários fins, ela nos traz bem estar. Imagine como seria um dia sem ela?

Ao abrirmos a torneira, não nos damos conta de to-do o percurso que ela fez para chegar até ali, inclusive por quais tratamentos teve que passar...

Usar a água de forma consciente, proteger as nas-centes, cuidar do rio, é o mínimo que cada um de nós pode fazer para preservar sua qualidade.

Por outro lado, a água se torna um elemento de te-mor quando chegam as cheias, por isso conheceremos o trabalho de Monitoramento que está sendo feito em nossa região.

Este tema é muito vasto, como uma gotinha que ao entrar em contato com outro elemento, faz toda uma transformação, esperamos pois, que as informações des-ta edição se tornem um gotinha no solo fértil que é cada leitor, e que possa no dia a dia fazer uma transformação para uma melhor qualidade de vida. Afinal, se não fossem as gotinhas o oceano não existiria.

Boa leitura!Elaine Pereira

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6 Economizar é sempre uma boa ação, um filete de vazamento gasta em média de 12 a 20 litros de água por minuto.

6 Escovar os dentes com a torneira aberta define um gasto aproximado de 10 litros. Escove com a torneira fechada. Esta dica vale também para a lavagem da louça.

6 Descargas de água na maior parte das vezes são anti-econômicas. Se possível, opte por vasos com regulagem.

6 Beba água mineral em galões, os des-cartáveis são poluentes e o seu processo de fabricação demanda mais recursos hídricos.

6 Não utilize água tratada para lavar a calçada. Uma mangueira aberta significa um consumo aproximado de 300 litros de água em 15 minutos.

6 Plantas devem ser regadas pela ma-nhã ou ao cair da tarde, evitando-se assim a perda por evaporação.

6 Lavar o carro utilizando mangueira consome muita água, use o balde.

6 Verifique sempre se há vazamentos no sistema hidráulico de sua casa, se

o vazamento for externo chame a con-cessionária fornecedora da água. Não se iluda, vazamentos na rua são pagos por você.

6 Sempre que possível reutilize água em casa.

6 Nunca jogue no rio, o que você não jogaria na sua sala de estar. O local onde você passa horas de descanso tem que ser limpo, assim como o rio.

6 Apoie qualquer iniciativa de proteção à fontes e cursos d’água. Recurso hídrico protegido é recurso hídrico disponível.

A questão dos recursos hídricos com qualidade e quantidade suficien-tes está estreitamente relacionada com a possibilidade de desenvolvimento de uma sociedade. A falta do recurso, com certeza, inviabilizará o desenvolvimento.

“A gestão da água impõe um equilí-brio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.” Declaração Universal da Água.

Luiz Anderson, Químico e Consultor Am-biental da Ambioquim Consultoria e Prof. de Meio Ambiente. M

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Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio SapucaíCBH Sapucaí

Por Marcia Viana Lisboa Martins

A água é um recurso renovável pela ação da natureza, entretanto a poluição dos corpos d’água e o aumento exacerbado da demanda estão comprometendo a qua-lidade e quantidade dos recursos hídricos. Por estas razões torna-se necessário agir para proteger, recuperar e preservar os recursos hídricos.

O código das águas (Decreto 24.643 de 10/07/34 alterado pelo Decreto 852 de 11/11/38) é o marco inicial da legislação brasileira de recursos hídricos. Ele indica os princípios de planejamento de recursos hídricos e estabelece a prioridade do uso da água para o abastecimento doméstico, dispõe também sobre a classificação e utilização. A preocupação com a saúde pública, fauna e flora, é evidenciada com a obrigatoriedade do tratamento do esgoto e a responsabilização financeira dos po-luidores. Por outro lado, este código era bastante centralizador e tinha como foco principal o setor elétrico em decorrência do desenvolvimento econômico vigente.

Em 1988 com a promulgação da nova constituição se estabelece, entre outros, que as águas são bens públicos, do domínio da União e dos Estados. E que compete a União legislar sobre as águas e instituir um Sistema Nacional de Gestão de Recursos Hídricos. A Lei Federal 9.433/97 institui a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e implanta o Sistema Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (SIGRH).

Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) definir a ma-cro política nacional, as regras gerais para gestão em rios de domínio da união e intermediar os conflitos em bacias hidro-gráficas federais. Assim como compete ao CERH as regras gerais para gestão em rios de domínio do estado em ob-servância da política nacional e a gestão de conflitos em bacias estaduais. O CN-RH está atrelado ao Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de Recursos Hídricos. A Agência Nacional de Águas (ANA) tem a finalidade, entre suas atri-buições, de implementar a PNRH.

O Comitê de Bacia é um órgão co-legiado, normativo e deliberativo, com atuação na bacia hidrográfica. O obje-tivo, entre outros, é promover o debate das questões relacionadas com os re-cursos hídricos, articular a atuação de órgãos e entidades intervenientes e pro-

Fig. 1 - Sistema Nacional e Estadual de Recursos Hídricos (Fonte Senra, 2005)

mover a realização de ações que visem a preservação e recuperação da bacia hidrográfica e o desenvolvimento auto-sustentável da bacia. A Agência de Bacia exerce a função de secretaria executiva dos Comitês de Bacias.

Fundamentos da Lei 9.433/97:

6 a água é um bem de domínio público;

6 o consumo humano e animal são prioritários em situação de escassez;

6 a bacia hidrográfica é uma unidade territorial para implementação;

6 a gestão dos recursos hídricos deve proporcionar o uso múltiplo da água;

6 a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

6 a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a par-ticipação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Os objetivos são:

6 assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

6 atualizar racional e integralmen-te os recursos hídricos, incluindo os transportes aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

6 preservar e defender-se contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos re-cursos naturais.

Os principais instrumentos de ges-tão dos recursos hídricos previstos são:

6 Outorga de direito para usar água;

6 Cobrança pelo uso da água;

6 Plano de recursos hídricos;

6 Enquadramento dos corpos de água;

6 Sistema de informações sobre os re-cursos hídricos.

Em Minas Gerais a Lei Estadual 13.199/99 dispõe sobre a política estadual e o Sistema Estadual de Gerenciamen-to de Recursos Hídricos (SEGREH). O SEGRH é um conjunto de órgãos e en-tidades, governamentais ou não, com o intuito de empregar a gestão integrada e descentralizada das águas; decidir admi-nistrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; implementar a política estadual de recursos hídricos; planejar, regular, coordenar e controlar o uso, a preservação e a recuperação de recursos hídricos do Estado; promover a cobrança pelo uso de recursos hídri-cos, tendo como principal instrumento o planejamento. O órgão gestor do estado é Instituto Mineiro de Gestão de Recur-sos Hídricos (IGAM). O estado de Minas Gerais foi dividido em 36 unidades de planejamento. O comitê de bacia do Rio Sapucaí é a unidade denominada GD5.

Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí - CBH Sapucaí

O decreto 39.911 de 23/09/1998 institui o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sapucaí - GD5 com a finalidade de promover a viabilização técnica e econômico-financeira de programas de investimento e consolidação de políticas de estruturação urbana e regional, visan-do ao desenvolvimento sustentado.

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A Bacia Hidrográfica do Rio Sapu-caí é uma das sub-bacias do Rio Grande. O Rio Sapucaí nasce na Serra da Manti-queira, em Campos do Jordão/SP, a uma altitude de 1.650 m, desaguando no Lago de Furnas a 780 m de atitude, percorren-do, aproximadamente, 248 km.

A vertente mineira possui uma área de drenagem de 8.824 km² (93,32% da área total) e abrange 48 municípios: Bor-da da Mata, Brasópolis, Cachoeira de Minas, Camanducaia, Cambuí, Careaçu, Carvalhópolis, Conceição das Pedras, Conceição dos Ouros, Congonhal, Con-solação, Cordislândia, Córrego do Bom Jesus, Delfim Moreira, Elói Mendes, Espírito Santo do Dourado, Estiva, Gonçalves, Heliodora, Itajubá, Itapeva, Lambari, Machado, Maria da Fé, Mar-melópolis, Monsenhor Paulo, Munhoz, Natércia, Ouro Fino, Paraguaçu, Paraisó-polis, Passa-Quatro, Pedralva, Piranguçu, Piranguinho, Poço Fundo, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, São Gonçalo do Sapucaí, São João da Mata, São José do Alegre, São Sebastião da Bela Vista, Sa-pucaí-Mirim, Senador Amaral, Senador José Bento, Silvianópolis, Turvolândia, Virgínia e Wenceslau Braz.

O CBH Sapucaí é composto por 28 membros titulares distribuídos iguali-tariamente pelos 4 segmentos: 25% do poder público estadual, 25% do poder público municipal, 25% da sociedade ci-vil e 25% dos usuários da água.

Atualmente são representantes do PODER PÚBLICO ESTADUAL:

6 IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas)

6 RURALMINAS - Fundação Rural Mineira

6 IEF - Instituto Estadual de Florestas de Itajubá

6 PMMG - 6ª CIA PM IND de Meio Am-biente e Trânsito Rodoviário

6 IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária

6 EMATER - Empresa de Assistência Téc-nica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais

6 SES/MG - Gerencia Regional de Saúde de Pouso Alegre

6 Superintendência Regional de Ensino de Itajubá

São representantes do PODER PÚ-BLICO MUNICIPAL

6 Prefeitura de Santa Rita do Sapucaí

6 Prefeitura de São José do Alegre

6 Prefeitura de Piranguinho

6 Prefeitura de Piranguçu

6 Prefeitura de Pedralva

6 Prefeitura de Itajubá

6 Prefeitura de Delfim Moreira

6 Prefeitura de Conceição das Pedras

6 Prefeitura de Cambuí

6 Prefeitura de Borda da Mata

6 Prefeitura de Córrego do Bom Jesus

São representantes dos USUÁRIOS: 6 COPASA - Companhia de Saneamento

de Minas Gerais

6 CEMIG - Geração e Transmissão S.A.

6 FIEMG - Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

6 MAHLE Componentes de Motores do Brasil Ltda

6 SAAE - Serviço Autônomo de Água e Es-goto de Cambuí

6 Sindicato dos Produtores Rurais de Po-ço Fundo

6 Sindicato dos Prod. Rurais de Itajubá

São representantes da SOCIEDADE 6 UNIVERSITAS - Centro Universitário de

Itajubá

6 UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá

6 Fundação Roge - Delfim Moreira

6 GAMA - Grupo Amigos do Meio Am-biente

6 NADEMA - Natercianos Defensores do Meio Ambiente

6 CATALISA - Rede de Cooperação para Sustentabilidade

6 Associação para Valorização Ambiental e Social Cachoeirense

6 ABES - Seção Minas Gerais - Associa-

ção Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

6 AEARSI - Associação Ecológica Amigos do Rio Sapucaí e Itajubá

A atual Diretoria eleita em 16 de março de 2010 tem como Presidente Ce-lem Mohallem (AEARSI), Vice Presidente Andriani Tavares Tenório Gonçalves (Pre-feitura de Itajubá) Secretário Executivo Luiz Paulo Costa Barbosa (Emater) e Se-cretário Adjunto Giovani Adilson Grande (Secretaria Estadual da Saúde Regional de Pouso Alegre).

A nova diretoria tem grandes de-safios pela frente, pois a recuperação e conservação da Bacia do Sapucaí não é tarefa fácil. Ausência de estação tratamento de esgoto (ETE), dos 48 municípios apenas Cambuí (2 bairros), Gonçalves, Pedralva, Paraguaçu e Itajubá possuem estação de tratamento de es-gotos. A ETE em Pouso Alegre está em fase de implantação.

Devido ao histórico de colonização e ocupação do solo na Bacia, grande parte da vegetação nativa foi removida e substituída por áreas de pastagens, cul-turas – principalmente café e milho – e mais recentemente, silviculturas. Além da ocupação e expansão urbana e a exis-tência de estradas. Dentre os principais problemas enfrentados pela fauna e suas influências nos recursos hídricos da Ba-cia do Rio Sapucaí, estão a retirada da mata ciliar, considerada extremamente

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importante para o ciclo de vida de mamí-feros, aves, peixes, répteis e anfíbios.

As enchentes também são um grave problema na bacia do Sapucaí. Após a ocorrida em 2000, o governo do Estado retomou, através da COPASA, o projeto de construção de barramento para con-tenção de cheias. O CBH Sapucaí, ciente de que somente a aplicação de medidas estruturais não resolveriam o problema de cheias, propôs o investimento na im-plantação dos instrumentos de gestão. Em 2009 com recursos financeiros da COPASA foi contratada a empresa Vida e Meio Ambiente Ltda para elaboração do Plano Diretor de Bacias Hidrográfica do Rio Sapucaí. O plano aprovado em junho de 2010, contém o diagnóstico da situa-ção ambiental, o potencial hídrico, usos da água, investimentos, problemas e es-tabelece ações prioritárias para melhoria dos aspectos quantitativos e qualitativos dos recursos hídricos.

Mas, de um modo geral, os comitês encontram dificuldade de implantação dos instrumentos de gestão e de estru-turação. O relatório da primeira fase do Plano Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais (2006) aponta como uma das causas a dificuldade de instalação das Agências de Água e de implementação da cobrança. Os comitês são instituídos, mas ao longo do tempo suas plenárias se esvaziam devido a inconsistência das pautas de debates, pois não há como ter deliberações materiais sobre investimen-tos nas bacias sem recursos financeiros e sem o agente executor.

A dificuldade de instalação das Agências de Água é ter sua viabilidade econômica assegurada pela cobrança pelo uso dos recursos hídricos, confor-me determina a Lei Federal 9.433, Art. 43. Simulações revelam que para muitos comitês os recursos financeiros deri-vados da cobrança não são suficientes para as despesas de manutenção da

Agência. Assim, o governo do estado de Minas Gerais e de São Paulo juntamen-te com a Agência Nacional de Águas (ANA), criaram o comitê do Rio Grande – CBH Grande. O objetivo é a integração dos comitês tributários da bacia do Rio Grande, que juntos terão capacidade financeira, por meio do processo de im-plementação da cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos, para suportar as despesas de implantação de uma en-tidade equiparada de Agência de Água.

O Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável (FHIDRO) é um Fundo Público Estadual de Minas Gerais criado em 1999 pela Lei 13.194, de 29/01/1999, que foi substituída pela Lei 15.910, de 21/12/2005, com o objeti-vo de dar suporte financeiro a programas e projetos que promovam a racionaliza-ção do uso e a melhoria dos recursos hídricos, quanto aos aspectos qualitati-vos e quantitativos. Contempla também os ligados à prevenção de inundações e o controle da erosão do solo. O princi-pal recurso do FHIDRO é proveniente de 50% da cota destinada ao Estado a títu-lo de compensação financeira por áreas inundadas por reservatórios para a gera-ção de energia elétrica.

O ano de 2006 marcou, com a expe-dição do Decreto 44.314, de 07/06/2006, o início das operações financeiras do FHIDRO. Neste ano, segundo o RE-LATÓRIO DE ENCERRAMENTO DAS ATIVIDADES DO FHIDRO em 2007, o Banco BDMG contratou 5 projetos no valor de R$1.710.409,15 (5,35% do mon-tante dos recursos disponíveis).

Em 2007, o BDMG celebrou 24 pro-jetos no valor de R$ 7.360.933,60. Em 2008, um projeto foi contratado, no va-lor de R$ 234.811,40.

A porcentagem reduzida do apro-veitamento dos recursos do FHIDRO se deve a baixa qualidade dos projetos e a rigidez dos documentos exigidos. Face a

este resultado, o IGAM investiu em curso de capacitação.

Dada a dificuldade de estruturação dos comitês o Decreto nº 45.230, de 3/12/2009 estabelece no Art. 3º o per-centual de até 7,5% do valor total anual do FHIDRO para a aplicação nas ações de estruturação física e operacional de todos os Comitês de Bacia Hidrográficas. Para os comitês que ainda não tenham Agência de Bacia ou entidades a elas equiparadas, os recursos poderão ser repassados a organizações não governa-mentais inscritas no Cadastro Estadual de Entidades Ambientalistas (CEEA).

Assim, pela primeira vez o CBH Sapucaí está recebendo verba estadual para sua manutenção e estruturação. A Associação Ecológica Amigos do Rio Sapucaí de Itajubá (AEARSI) foi eleita pa-ra ser a convenente do CBH Sapucaí e gerenciar essa verba, pois o Comitê não tem personalidade jurídica. O valor em 2010 é de R$ 142.000,00. A verba po-de ser gasta na contratação de pessoal técnico, na divulgação do comitê, no pa-gamento de diárias e deslocamento dos conselheiros e no material de consumo da secretaria.

O decreto 45.230 prevê a aprovação de editais de demanda induzida dos pro-gramas e projetos a serem financiados pelo Fundo. Assim, em junho de 2010 foi publicado o edital com as seguintes linhas de ações: Sistema de informa-ções sobre RH; Cadastro de usuários e enquadramento dos corpos de água; Recuperação de nascentes, áreas de recarga, degradadas e matas ciliares; Sa-neamento; Seca; Demanda espontânea, com investimento de R$ 30.000.000,00.

Com este novo cenário o CBH Sapu-caí espera realizar parcerias e promover a realização das ações necessárias para recuperação e preservação da bacia.

Msc. Marcia Viana Lisboa Martins, Analista de projetos da AEARSI

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Sistema de Monitoramento de Enchentes: Rio Sapucaí

O Rio Sapucaí é um importan-te curso d’água na região do Sul de Minas, nascendo no município de Campos do Jordão/SP e chegando até o Lago de Furnas/MG, atravessa várias cidades que utilizam suas águas para abastecimento, irrigação, dessedenta-ção animal e como insumo produtivo. Porém, como em muitos outros rios do Brasil, também, de tempos em tempos, provoca cheias, de grandes dimensões afetando em muito o povo mineiro. As cidades de Itajubá, Piranguinho, Santa Rita do Sapucaí, Careaçu e Pouso Ale-gre (Sul de Minas Gerais), entre outras, têm convivido com esse medo a cada período de chuvas.

A ocupação desordenada na bacia (principal fator da região), o desmata-mento e a impermeabilização do solo são alguns dos fatores que influem dire-tamente nas inundações e na dimensão dos prejuízos. A engenharia busca solu-ções para este problema, que pode ser amenizado de algumas formas, através das medidas estruturais e não estrutu-rais. A primeira refere-se a construções de grandes obras ou ações complexas que envolvem grandes investimentos. Como resultado de bons projetos, tem-se picos de cheias menores e diminuição dos prejuízos. Como exem-plos de medidas estruturais podem ser citados barragens de contenção de cheias e os sistemas de diques. Já as medidas não estruturais apresentam um menor custo, são mais rápidas de serem implementadas e diminuem as perdas. Como exemplo podem ser ci-tados o monitoramento das cheias e os seguros contra enchentes.

As medidas estruturais, geralmen-te, dependem de algumas medidas não estruturais. Para construção e operação de barragens de contenção de cheias, por exemplo, é indispensá-vel um sistema de monitoramento de dados hidrológicos para a tomada de decisão em eventos extremos.

Um trecho da Bacia do Rio Sapu-caí é contemplado com um sistema de monitoramento de dados hidro-lógicos. Esta medida não estrutural torna possível informar a população, com algumas horas de antecedência, a ocorrência de cheias. Com este supor-te técnico a defesa civil pode articular de maneira mais eficiente seu plano de contingência.

O Monitoramento de cheias na Bacia do Rio Sapucaí

Desde o ano de 2000, a Univer-sidade Federal de Itajubá (UNIFEI), por meio de seu Grupo de Estudo em Ciências Ambientais (GECA), vem tra-balhando e desenvolvendo estudos na área de hidráulica fluvial, com forte ên-fase na questão de enchentes.

Em setembro de 2002 foi firmado, entre a UNIFEI e a COPASA, o 1º Plano de Trabalho que contemplava a insta-lação de estações de monitoramento e as primeiras medições fluvio-plu-viométricas para o Alto Sapucaí. Este plano de trabalho se inseria dentro de

um convênio assinado entre as partes para o equacionamento da questão de cheias no Sul de Minas.

O protótipo inicial começou sua operação em maio de 2003 e funcionou até março de 2005, com excelentes re-sultados. Por motivos financeiros, o projeto foi retomado em janeiro de 2008. Na primeira fase foram instala-das seis estações de monitoramento, que dão subsídios para enchentes em Itajubá, e mais 12 estruturas físicas pa-ra suportar as estações. No primeiro semestre de 2010, uma nova fase tem início, a instalação dos equipamentos nas 12 estruturas. Estas cobrirão, jun-to com as primeiras instaladas, toda a área que envolve a bacia do Rio Sapu-caí, até o município de Pouso Alegre. As cidades a serem beneficiadas com esse sistema serão: Itajubá, Piran-guinho, Pouso Alegre e Santa Rita do Sapucaí.

A figura a seguir apresenta a distribuição das estações de monito-ramento.

O sistema de monitoramento de enchentes tem como objetivos:

ªOferecer à comunidade soluções não-usuais à problemática das inundações;

ª Dar subsídios, em tempo real, às cidades inseridas nas bacias monitoradas, por meio de dados telemétricos, para a alocação de um sistema global de alerta de enchentes;

Por Ana Moni

Estações de monitoramento

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ª Servir como um sistema de referência para outras regi-ões que sofrem com o problema de cheias frequêntes;

ª Desenvolver programa computacional que permita receber dados de alturas de lâminas d´água e transfor-má-los em vazões volumétricas que serão utilizadas para a determinação de manchas de inundação nas cidades afetadas;

ª Fornecer subsídios para modelos computacionais de escoamento em canais naturais e propagação de ondas de cheia.

As estações coletam dados de precipitação e nível dos rios. Abaixo uma das estações, a dos Borges.

Os dados coletados através das estações permi-tem um melhor entendimento da Bacia e nos eventos de cheias a elaboração de mapas com as áreas a serem atin-gidas pelas águas, com algumas horas de antecedência. Para maiores informações o Sistema de Monitoramento disponibiliza um site: www.enchentes.unifei.edu.br.

Em fevereiro de 2009 o sistema pode verificar sua eficiência, quando o município de Itajubá enfrentou uma situação de iminente inundação (de pequena magnitude). Em articulação com a defesa civil, prefeitura, corpo de bombeiros, policia militar, imprensa e ONG’s, os dados permitiram preparar a população para o evento.

Sistemas de monitoramento como o aqui descrito, quando utlizados em parcerias entre prefeituras, defesa civil, corpo de bombeiros e outros orgãos da sociedade trazem benefícios importantes para a população e seus municipios.

Deve-se ressaltar que os problemas relacionados às cheias devem ser considerados dentro do contexto da ba-cia. Na escolha da medida a ser utilizada tem que se ter a preocupação de não “empurrar” o problema adiante. Se os planos diretores considerarem as caracterísitcas fisicas, hidrológicas e hidráulicas dos municípios poderão direcio-nar um crescimento sustentável, no que se refere a áreas de riscos.

Prof. Ana Moni, Chefe do Laboratório de Informações Hídricas. Institu-to de Recursos Naturais - UNIFEI)Coordenador do sistema de monitoramento de enchentes: Prof.Alexan-dre Barbosa (Pró Reitor de Graduação da UNIFEI). Projeto financiado pela parceria entre UNIFEI e COPASA.

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O que é Perícia Ambiental?Pela Profa. Marileia Ieno Gonçalves

Pode-se definir como Perícia, uma expressão genérica que abriga diversos tipos de exames de natureza especiali-zada, visando esclarecer determinados fatos sob a ótica científica. Quando o co-nhecimento jurídico do magistrado não é suficiente para emitir OPINIÃO TÉCNICA, faz-se então, necessária a instauração de perícia para apurar circunstâncias e/ou causas relativas a fatos reais, com vistas ao esclarecimento da verdade.

A Perícia Ambiental surge normal-mente em decorrência de uma demanda Processual e tem como objeto de estu-do o meio ambiente nos seus aspectos abióticos, bióticos e socioeconômicos, correlacionando a natureza com as ati-vidades humanas. É um meio de prova utilizado em processos judiciais para determinar a extensão do “dano” am-biental e estimar a indenização. O Perito Ambiental deve ser registrado nos Conselhos Regionais (art. 145 a 147 da sessão II da Constituição Federal), sendo sua ação disciplinada pela Lei de Perícia Judicial - Lei 8.455/92 do Pro-cesso Civil. Tem por finalidade verificar fatos relativos à matéria em questão, certificando-os, apreciando-os ou inter-pretando-os. Seu parecer técnico, será representado, conforme determinação do Juiz, em inquirição, em audiência ou por escrito. Além dos Peritos, se faz necessário também os Assistentes Téc-nicos (profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais), que é in-dicado pelas partes e acompanham o Processo. Estes são de confiança das partes e ao contrário do que muitos ro-tulam não é um fiscal do Perito, mas um técnico coadjuvante dos trabalhos da Perícia, procurando satisfazer a busca da verdade, assemelhando-se ao Perito co-mo auxiliar da Justiça.

Deve-se ressaltar que habitual-mente em relação às atribuições para realizar perícias ambientais, os Órgãos Executores, Fiscalizadores, Normativos e Deliberativos (IBAMA, IEF, IGAM, FEAM, Polícia Ambiental, etc.) não podem atu-ar como Peritos nos crimes afetos à sua Fiscalização. A esses cabe criar políticas e diretrizes governamentais e fiscalizar

os atos de autuação por infração com descrição precisa do fato delituoso. Tais Órgãos jamais devem fazer o levantamen-to e o exame do local, nem a emissão do Laudo Pericial, como acontece comu-mente nos casos de crimes ambientais. Os técnicos dos Órgãos Ambientais estão constantemente realizando re-latórios para instrução de processo, tendo em vista que até o nome de “Lau-do Pericial” não pode ser dado aos seus trabalhos, uma vez que este é restrito ao trabalho do Perito e/ou Assistente Téc-nico; estas “categorias“ de profissionais que estão realizando trabalhos periciais, estão incorrendo em desvio de função, usurpação de função e malversação de dinheiro público.

A Perícia Ambiental tem como ob-jetivo determinar a causa, a origem do Dano, Impacto e/ou Passivo Ambiental, se o mesmo foi ou não ato criminoso, se há risco à vida (como um todo/den-tro do princípio de sustentabilidade), se houve falhas no sistema de proteção e operação do(s) Objeto(s) periciado(s). Dessa forma, o Laudo Pericial é uma modalidade de Auditoria Ambiental, tor-nando-se um instrumento de vigilância e regulamentação do contexto da Gestão Ambiental.

Objeto de estudo da Perícia Am-biental segundo a lei 9.605/98 - O Crime Ambiental pode ocorrer das seguintes formas:

6 natureza dos crimes e do meio ocorrido: fauna, flora, administração ambiental, ordenamento urbano e ter-ritorial, poluição gerada por aspectos socioeconômicos e, outros.

6 ações de possíveis perícias ambientais: maus tratos em animais, ações antrópi-cas que dificultam o ciclo vital e, se o crime ocorre em área protegida ou não; desmatamento, queimadas, exploração de madeiras, produção de carvão; perí-cia sobre um RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) ou PCA (Plano de Controle Ambiental) aprovado indevidamente em Órgãos Ambientais; parcelamento do so-lo, ocupação indevida de áreas públicas, pichação de prédios públicos, depreda-ção de sítios arqueológicos, parques,

etc.; poluição sonora ou visual, tempe-ratura, luminosidade, vibração, gases, chaminés, efluentes de: curtumes, agro-tóxicos, matadouros domésticos, lixões e poluição residual (independentemente da origem, deixa sequelas ao homem e ao meio ambiente); mineração, execu-ção de aterros, drenagem, dragagem, barragens, erosão, voçoroca, resíduos sólidos e obras de engenharia em geral.

Para analisar o aspecto do de-senvolvimento socioeconômico e ambiental de uma região, um território ou local, que visa o crescimento sus-tentável (em processo de resolução), o Perito e/ou Assistente Técnico também faz consultoria capaz de emitir parece-res ambientais, provendo modificações e soluções necessárias para promoção de ações mitigadoras e compensató-rias, evitando riscos: físico-ambientais e econômicos (multas), resultando na pre-venção ambiental e valorando o “bem” privado ou público tornando-o sus-tentado (resolução efetivada). O Meio Ambiente tem valor econômico agregado a partir de um sólido projeto de Gestão Ambiental.

As ações privadas (individuais ou organizadas) de expansão territorial no ordenamento de zonas ambientais, tanto urbanas como rurais, devem ser feitas de forma articulada, coordenada e sistêmi-ca, devendo sempre ter o auxílio de um profissional ambiental, obedecendo às Leis e Ações Estatais, vindo a se bene-ficiar e valorando o seu “bem”. Exemplo concreto é a Bolsa Verde, que concede incentivo financeiro para proprietários ou posseiros rurais, que promovam a conservação da cobertura vegetal nativa em Minas Gerais.

O Perito e/ou Assistente Técnico Ambiental é um profissional importante para a interrupção de processos preda-tórios de crescimento urbano e produção Agro-Industrial, sendo por isso mesmo uma categoria profissional cada vez mais requisitada e fundamental para a socie-dade brasileira.

Profa. Marileia Ieno Gonçalves, Geógrafa - CREA/MG99868D. Perita Ambiental - Insti-tuto Ecológico Aqualung - RJ

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Meio ambiente é um tema que cada vez mais ganha espaço nas escolas, e fazer com que os alunos assimilem o que aprenderam e obtenham consciência ambiental e novas posturas é um desafio aos educadores do século XXI.

Já é possível perceber em diversas escolas a preocupação em for-necer conteúdo sobre o tema, incluindo em sua grade curricular novas disciplinas e estabelecendo metas de aprendizado. Outras já desenvol-vem práticas de sustentabilidade com seus alunos, através do plantio de árvores, combate ao desperdício de água, reciclagem de materiais, da coleta seletiva do lixo, criação de hortas, entre outras atividades.

Resultados positivos já podem ser sentidos especialmente quan-do esses alunos provocam mudanças no comportamento das famílias, chamando a atenção dos pais para as luzes acesas em cômodos va-zios, torneira aberta enquanto escovam os dentes ou ao se barbearem, e ainda quando tomam banhos demorados. Uma geração que a partir da infância começa a se conscientizar e a se comprometer com um futuro sustentável. E a escola tem papel fundamental nesse processo.

Educando para preservar

E para que a educação ambiental alcance resultados mais expressivos e em menor tempo, é necessário que as escolas estimulem a participação mais expressiva da comunidade local, dividindo responsabilidades ambientais e sociais. Ao partilhar esta tarefa, a escola rompe com o modelo tradicional de ensino e se torna agente transformadora do contexto social em seu meio, promovendo não somente o desenvolvimento intelectual de seus alunos, mas o engaja-mento e a construção de valores indispensáveis no mundo moderno.

Por Cesar Fernandes

Naturalesetembro/outubro - 2010

Um panorama sobre o

Por Alex Gobato

Durante a Revolução Industrial al-gumas espécies deixaram de existir ou tiveram que se adaptar para garantir a sobrevivência. A emissão de gases po-luentes na atmosfera é responsável pelo aquecimento global. A busca pelo au-mento da produção, a otimização dos lucros, o crescimento a qualquer cus-to foram alguns dos responsáveis pelo consumo exagerado de recursos natu-rais (especialmente em uma época em que não havia muita preocupação com a preservação). Tamanho descuido não passou sem uma resposta da Natureza. Calotas derretendo, chuvas, tempesta-des, mudanças climáticas, alagamentos e quando a discussão sobre o futuro do planeta inundou diversos setores da so-ciedade, a iniciativa privada começou a agir com mais força e tomando atitude para um reposicionamento da sua pro-dução.

Não era um novo mercado que se abria. Mas sim uma situação de emer-gência mundial. Ao mesmo tempo, a consciência ambiental de uma empresa ou de um produto passou a ser levada em conta pelo consumidor no momento da compra. Jornal, revista, TV, os meios de comunicação em geral já demonstra-vam que a questão da preservação do Meio Ambiente era uma necessidade. E as empresas precisaram investir nessa demanda.

Nos últimos anos, são inúmeros os exemplos que mostram diferentes inicia-tivas mercadológicas visando o benefício do verde. Começando por campanhas internas nas empresas que conscienti-zam seus funcionários da necessidade em “Reduzir, Reutilizar e Reciclar” – a regra dos 3 “R”. Virou moda dentro das empresas a coleta de lixo seletivo, distri-buindo pelas dependências um container específico para cada tipo de material re-ciclável: papel, plástico, lata, vidro, etc... Também foi grande a adesão de empre-sas que incentivam seus funcionários a explorar mais os meios digitais e menos

os recursos físicos. Por exemplo: usar impressoras apenas com a real neces-sidade. São pequenas ações, mas que somadas provocam uma reação em ca-deia que ajudam a diminuir o consumo.

Diminuir o impacto ambiental tornou-se o desafio na fabricação de diversos produtos. Carros que poluem menos, papéis que utilizam madeira de reflorestamento como matéria-prima, o reaproveitamento da água da chuva em linhas de produção, ou seja: esforço de inovação e investimento financeiro vol-tados para um melhor aproveitamento dos recursos naturais.

Mas só isso não era o bastante. As empresas começaram a identificar uma maneira de diferenciar seus produ-tos explorando o conceito da proteção ambiental. O consumidor passou a ter disponível nas gôndolas produtos que além de uma fórmula de baixo impac-to na Natureza, também destinam uma parte dos lucros para ações de reflores-tamento. Outro exemplo: um investidor financeiro pode escolher um fundo que também ajuda o meio ambiente enquan-to o dinheiro está rendendo no banco. Esse tipo de diferenciação entre um produto que valoriza o Meio Ambiente e outro que não apresenta essa quali-dade salta aos olhos do consumidor e é uma maneira de fazer com que ele se sinta participativo na questão do Meio Ambiente. Por outro lado, esse novo posicionamento foi perfeito para as em-presas que gostam de apresentar alguns dos seus produtos de forma diferente. Afinal, hoje em dia existem muitos pro-dutos similares no mercado. E esse tipo de diferença é capaz de fazer o produto de determinada marca se destacar mais que outro.

Não foram raros os comerciais de TV que mostravam um produto que plantava uma árvore se você consumisse determinada marca. Diversas ações de marketing nas ruas das cidades aprovei-taram para distribuir mudas de planta.

Alguns produtos fizeram questão de os-tentar um selo de “Caborno Zero” na embalagem, demonstrando que se pre-ocupam com o menor impacto possível ao Meio Ambiente. Todas essas ações foram bem exploradas pela comunica-ção dessas empresas. O resultado é o crescente consumo sustentável. Bom para as empresas que querem continuar registrando aumento nas vendas, bom para o consumidor que quer ajudar na preservação do Meio Ambiente, bom pa-ra divulgar ainda mais a importância do consumo consciente.

Sim, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para equilibrar essa re-lação de consumo e impacto ambiental. O núcleo dessa questão está baseado em uma mudança de comportamento da sociedade em geral e de consumo. E comportamento não é um fator simples de se mudar. Entre outras coisas, alguns consumidores precisam de uma situa-ção financeira melhor para comprar um produto que se preocupa com o Meio Ambiente. Outros precisam mudar a ma-neira de levar a vida, evitando prejudicar o verde.

Para encerrar e ilustrar esse desafio que envolve a mudança de comporta-mento, fica o convite a todos os leitores, para conferir uma campanha publici-tária brasileira premiada no festival de Cannes em 2010. O nome da campanha é “Xixi no Banho” (quem ainda não co-nhece, procure no YouTube). Essa, uma ação que procura mobilizar as pessoas para ajudar a proteger a Mata Atlântica. Uma forma inovadora, diferente e fora dos padrões. Para alguns é fácil aderir a esse movimento. Já para outros não. Revelando como é difícil a mudança de um simples hábito e de que novas ideias são, mais do que nunca, bem-vindas.

Alex Gobato é publicitário.

Marketing Verde

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Naturalesetembro/outubro - 2010

Gestão de custosO bicho papão das empresas

Por Célio Gentil

Quando definimos pela aquisição de um bem ou serviço, colocamo-nos diante de uma infinidade de opções no mercado, com produtos inovadores, qualidades diversas e preços diferen-ciados, disponibilizados para atender as diversas classes sociais.

Estas variedades e opções eviden-ciam a grande concorrência em todos os seguimentos de mercado deixando claro uma situação muito crítica e deli-cada para as organizações que disputam espaços de forma ética e responsável, visando sobrevivência e lucratividade.

Inúmeras pesquisas e estatísticas divulgadas nas mídias, mostram situa-ções das concorrências entre todos os setores econômicos e industriais e dei-xam de forma nítida, uma fotografia nada tranquila para os gestores que precisam trabalhar continuadamente com as ferra-mentas de custos de sua empresa.

De certa forma, estas pesquisas mostram que esta concorrência tem ge-rado para as empresas um faturamento cada vez menor com crescimento de custos, resultando automaticamente na redução de sua margem de lucro.

Evidente que a necessidade de so-breviver e manter sua participação no mercado, requer uma gestão em todos os seguimentos da empresa com aten-ção especial em seus custos e despesas.

Para a maioria dos gestores, este assunto, além de complexo é um tema desgastante, gera desconforto pelas co-branças junto às equipes de trabalho.

Para empreendedores e gestores que enfrentam estes desafios constan-

tes, buscar inovação na forma de gestão de custos é fazer uso de ferramentas ho-je discutidas e utilizadas mundialmente, facilitando a rotina com padronizações e técnicas eficazes.

Quando falamos nestas ferramentas de gestão de custos, estamos querendo alertar e divulgar para as organizações de pequeno, médio ou grande porte, a necessidade de aplicá-las parcialmente ou na sua totalidade, dependendo das estruturas internas e complexibilidade do negócio.

Gostaríamos de citar alguns pontos importantes para gestão de custos de seu negócio e lembrá-los que temos 4 pontos “estratégicos” fundamentais:

1) Vencer a concorrência.2) Cativar o cliente.3) Atingir a mais alta qualidade.4) Atingir o mais baixo custo.

Trabalhando de forma estratégica estes pontos, o objetivo principal de seu negócio que é gerar lucro, será atingido.

Lembramos que “Peter Drucker” em sua obra “Desafios Gerenciais para o Século XXI” cita: “O gerenciamento da ‘Cadeia Econômica de Custos’ irá se tornar uma necessidade. Os executivos e gestores precisam organizar e gerenciar não só a cadeia de custos, mas também a ‘Estratégia Corporativa’.”

Apresentaremos de forma resumida uma ferramenta que pode ser denomina-da “Gestão Estratégica de Custos”, cujo objetivo é definir e trabalhar algumas questões fundamentais, como:1) Qual “posicionamento estratégico” seu negócio compete?

2) A análise da “cadeia de custos” é constantemente monitorada?3) A empresa conhece todos os “direcio-nadores” que geram os custos?

Para melhor entendimento vamos detalhar um pouco mais estas questões:

1) Posicionamento estratégico: é a po-sição clara de seu produto no mercado, competindo pelo menor preço, manten-do menor custo ou produto diferenciado com preço superior.

Quando se posiciona pelo “menor preço” algumas considerações são rele-vantes, vejamos:

y Ter sempre o menor custo de fabrica-ção para manter sempre menor preço.

y Definir preço que permita maior van-tagem competitiva.

y Ter processo de melhoria contínua.

Quando se posiciona pelo “pro-duto diferenciado”:

y Os produtos devem ter sempre quali-dade superior.

y Os clientes devem estar conscientiza-dos do produto diferenciado.

y Rapidez na reação de novos produ-tos.

y Controle de custos rigorosos desde o desenvolvimento e projeto até a logísti-ca final e pós-vendas.

2) Cadeia de custos: É fundamental manter controle em toda a cadeia de custo que envolve seu negócio, poden-do assim, flexibilizar preços, tornando-se mais competitivo. Alguns autores de-finem como cadeia de valor eficiente quando a análise do custo é feita desde a extração da matéria prima até a entrega

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do produto para o cliente, porém, torna difícil para as organi-zações tal procedimento. Evidentemente a cadeia interna de valor deve ser trabalhada desde a criação, desenvolvimento, projeto, produção, distribuição, marketing e pós-vendas.

3) Direcionadores de custos: Os sistemas tradicionais de custos pressupõem que eles são gerados pelo volume e que quanto mais você produz, maiores são seus custos. Para al-gumas empresas este pressuposto não tem mais validade, buscam a distribuição de custos em todas as áreas diretas e indiretas, identificam custos estruturais e custos de exe-cução, obtêm, portanto, uma visão diferenciada em seus direcionadores. Vejamos alguns dos direcionadores:

A. Direcionadores de custos estruturais I. Escala: É todo recurso investido em pesquisa, desen-volvimento, projeto, fabricação, distribuição, marketing e pós-vendas.II. Escopo: Nível de produção interna e terceirizada.III. Experiência: Know-how, Conhecimento e Inovação.IV. Tecnologia: Processo usado na cadeia de valor.V. Complexidade: Variedade de produto ou serviço.

B. Direcionadores de custos de execuçãoI. Força de Trabalho: Envolvimento do pessoal no processo de melhoria contínua.II. Qualidade: Gerenciamento pela qualidade total.III. Escala de Investimento: Utilização da capacidade interna.IV. Layout: Eficiência da fábrica.V. Configuração do produto: Eficiência do projeto.

Autores e especialistas defendem que o controle de custo requer a minimização dos “direcionadores estruturais” e a “maximização dos direcionadores de execução”.

Em várias situações a relação entre custos e direcio-nadores de custos pode não ser aparente, e na maioria das vezes os direcionadores de custos, são resultados de deci-sões de longo prazo.

No passado as empresas concentravam-se no controle do custo de produção, pois ela representava a maior par-te do seu custo total. Hoje, com o ciclo de vida mais curto do produto, diversificação de produtos e clientes mais exi-gentes, aumentaram os custos de atividades antes e após o processo de produção.

A “Gestão estratégica de custos” é apenas uma das di-versas ferramentas utilizadas para administração de custos. Estaremos nas próximas edições, apresentando outras ferra-mentas para seu conhecimento e/ou aplicabilidade.

Célio Gentil, CG – Consultoria Empresarial e Recursos Humanos

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A identidade digitalPor Márcia Gil de Souza

Nas últimas décadas, a Sociologia tem destacado que o modo como nos relacionamos uns com os outros tem mudado, em especial pelo advento dos computadores e da internet.

Muitos sociólogos e filósofos pro-blematizam que a geração da Internet interage com essa tecnologia como se fosse extensão de seu próprio corpo. Para essa geração, a integração social e a socialização se dão mais no espaço virtual. A construção de uma identi-dade a partir da vivência em mundos virtuais é, na verdade, uma simulação de algo que tem sido determinante na configuração de uma identidade hu-mana ainda em formação.

Entretanto, dizem os cientistas sociais, a procura dessa interação in-

terpessoal mediada pelas tecnologias pode estar relacionada à dificuldade do indivíduo de se expor ao outro.

As pesquisas feitas sobre as dife-rentes experiências de relacionamento com os computadores fazem referên-cias a uma erosão das fronteiras entre o real e o virtual, Conclui-se que os problemas do mundo virtual abrangem também a vida off-line e que, apesar da discussão em torno dos perigos da internet, há vantagens na sua utiliza-ção.

A família e a escola devem atentar para esses movimentos pós-modernos e refletir: apesar do jovem lidar com as novas tecnologias e suas ferramentas, principalmente a internet, de forma tão dinâmica, terá ele estrutura e maturida-

de suficientes para ir além do caminhar na busca de informações? Ao navegar por links, sites, hipertextos etc, saberá o jovem diferenciar o certo e o errado? Terá sabedoria para realizar suas esco-lhas, selecionar as informações com equilíbrio, de forma a norteá-lo para uma autonomia verdadeira?

Portanto, é fundamental enfatizar a importância dos relacionamentos interpessoais na construção da identi-dade. Em virtude da relevância desse assunto para a sociedade na qual esta-mos inseridos, o tema escolhido para a XV Feira do Conhecimento do G9 é “A identidade na era da internet”. Partici-pe e confira.

Márcia Gil de Souza, psicopedagoga, é co-ordenadora Pedagógica do Curso G9

Naturalesetembro/outubro - 2010

Investimento sustentável e de longo prazo através do mercado de ações

Não é novidade que o mercado de ações vive momentos de grande expansão. O aumento significativo no número de pessoas físicas com cadas-tro na BM&F Bovespa, hoje com cerca de 600 mil investidores deste tipo, con-tribui para uma questão fundamental: dentre as empresas listadas, como es-colher aquelas que mais contribuem social, econômica e ambientalmente com o crescimento do país?

Responder à pergunta exige antes uma rápida reflexão sobre o papel do mercado de capitais. De forma geral, sua principal prioridade é permitir que em-presas dispostas a investir na economia local e a expandir seus negócios possam encontrar investidores também munidos deste espírito, caracterizando-se assim como a melhor opção para quem decide criar oportunidades de negócios: a capi-talização através de acionistas.

Ao decidir abrir seu capital, uma empresa diz ao mercado que prefere crescer com dinheiro próprio e de acio-nistas a simplesmente usar, ou continuar usando, recursos provenientes de em-préstimos, financiamentos ou emissões de títulos. Ao optar pela transparência diante de investidores, informações de toda ordem se tornam públicas e acessí-veis – a transparência surge como outro benefício.

Como a negociação das ações é contínua e marcante no mercado se-cundário, depois da abertura de capital a empresa precisa planejar e executar muito bem seus passos e equipar seus acionistas e o mercado de detalhes sobre suas operações. O giro nos de-tentores dos papéis e nas posições de ações é decorrente de fatores ligados à economia como um todo, ao momento, mas sobretudo, à gestão da companhia.

Investir em empresas de capital aberto significa ser dono, sócio e acre-ditar no que a empresa fez, faz e ainda vai fazer. É natural que diante de uma decisão tão importante de investimento, o investidor sinta-se pouco preparado. Hora de voltar à pergunta do primeiro

parágrafo: como escolher uma empresa que atenda às expectativas do investi-dor? Mais, como optar por alguma firma socialmente responsável?

Empresas engajadas com os stakehol-ders e focadas em gerar valor para seus acionistas normalmente têm políticas de investimento de longo prazo associadas a estratégias (cenários) cuidadosamente preparadas para situações como crises econômicas, riscos sistemáticos, não sistemáticos, ambientais, etc. Além dis-so, iniciativas de ordem social oferecem integração com a sociedade e resultados de efeito prático na vida de muitas famí-lias.

Empreendimentos deste tipo cos-tumam ser conhecidos mundo afora pela sigla SRI, que significa Socially Responsible Investing, ou investimentos socialmente responsáveis. Para que se tenha uma idéia do potencial da nova modalidade, houve crescimento de mais de 320% nos investimentos sustentáveis nos EUA entre 1995 e 2007, total que represen-ta cerca de 10% do total da indústria de fundos do país. (Dados da pesquisa 2007 Re-

port On Socially Responsible Investment Trends in The

United States.)

No Brasil, em iniciativa gerenciada pela BM&F Bovespa e diversas institui-ções (ABRAPP, ANBIMA, APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS, Ministério do Meio Ambiente e PNUMA) foi criado o ISE, Índice de Sustentabilidade Empre-sarial. Segundo uma definição retirada do próprio material publicado no site da BM&F Bovespa, “o ISE tem por ob-jetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabili-dade empresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no meio em-presarial brasileiro”.

Dentre as missões do Índice, des-tacam-se:

ª Ser composto por empresas que se destacam em responsabilidade social, com sustentabilidade a longo prazo;

ª Ser um referencial do desempenho das ações desse tipo de empresa;

ª Ser percebido como tal pelo mercado (credibilidade);

ª Ser replicável;

ª Estimular boas práticas por parte das demais empresas.

Na prática, trata-se de uma seleção de empresas cujas ações são monito-radas e avaliadas – sempre levando em conta as informações obrigatórias publi-cadas e reguladas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) – de forma siste-mática por um Conselho Deliberativo.

A metodologia consiste no envio de questionários às empresas pré-selecio-nadas, com as 200 ações mais líquidas e posterior escolha das empresas com melhor classificação considerando: rela cionamento com empregados e fornecedores; relacionamento com a comunidade; governança corporativa; e impacto ambiental de suas atividades. O processo repete-se anualmente.

Escolher a empresa mais adequada ao perfil do investidor fica mais sim-ples. É fato que aqueles investidores preocupados com aspectos ligados à sustentabilidade têm no ISE uma possi-bilidade concreta de escolher melhores companhias. Porque ser sustentável é compreender que se pode investir nas empresas que já aprenderam a ser lucra-tivas de forma socialmente responsável.

Para conhecer as empresas listadas no ISE, basta acessar o site da BM&F Bovespa (www.bmfbovespa.com.br), es-colher “Ações” no menu horizontal e então “Índices” no menu vertical que apa-recerá à esquerda.

Bons investimentos.

Por Conrado Navarro

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Conrado Navarro, educador financeiro, autor dos livros Va-mos falar de dinheiro? (Novatec) e Dinhei-rama (Blogbooks) e sócio-fundador do Dinheirama – http://dinheirama.com. Atua como professor, consultor e palestrante.

Finanças pessoais

Nunca se ouviu falar tanto em Eco-nomia Pessoal como atualmente. Este fato pouco tem há ver com a renda que cada individuo recebe, ele esta mais ligado as fa-cilidades de crédito, ou seja, o quanto cada individuo tem gastado nos últimos tempos. O importante é a proporção que se gasta e não o quanto se ganha.

Não se pode ter uma dívida maior que cinco vezes o salário mensal ou o total da renda de toda a família. Porém, com as facilidades de créditos que encontramos à disposição, fica difícil não cair nas arma-dilhas do mercado. Vivemos num mundo consumista e a disputa por bens e produ-tos está cada vez mais acirrada. O indivíduo precisa aprender a viver com 70% de sua renda, e o que sobra deve ser investido.

As pessoas que recebem até R$ 1.000,00 gastam aproximadamente 37,5% do salário pagando juros. Estes juros estão embutidos na prestação da casa própria, na prestação do carro financiado, no cre-diário das lojas, entre outros. Já as pessoas que vivem com uma renda bem superior, os chamados indivíduos da classe A e B, che-

gam a investir 25% de tudo que recebem. Podemos concluir então, que estes indiví-duos ao invés de pagar juros, recebem os juros de seus investimentos.

O ideal é que se faça o controle de entradas e saídas, o chamado Orçamento Pessoal. Devemos separar um tempo de nosso dia, para colocar no papel tudo que gastamos e recebemos. Pode ser uma pla-nilha eletrônica, ou anotação em caderno, o importante é que tudo seja anotado, até o pãozinho de todo dia, deve ser incluído. No final do mês, calculam-se as receitas, que são nossas entradas, e as despesas, que são as saídas. A diferença entre recei-ta e despesa deve ser um número positivo, caso contrário, isto significa que estamos gastando mais do que recebemos.

Em caso de déficit no orçamento, des-pesa maior que receita, a providência a tomar, é o corte imediato das chamadas despesas supérfluas, aquelas que pode-mos viver sem elas, compras que podem aguardar, viagens, entre outros. O que não podemos, é deixar de pagar as contas fi-xas e as que geram altos juros em caso

de atraso, como contas de água, luz, gás, financiamentos em bancos. Um bom ter-mômetro para saber quando é hora de parar de gastar, é quando entramos no cheque especial, este é um sinal de alerta geral, significa que nada mais deve ser com-prado, até que a situação se normalize.

Atenção para estas dicas, tenha ape-nas um cartão de crédito, nunca deixe de pagar o total de sua fatura, se você não viaja para o exterior, tenha um cartão nacio-nal, porque a tarifa do cartão internacional é muito maior. Jamais saque dinheiro do cartão de crédito, você paga juros, a partir da hora em que sacou o dinheiro. Prefira guardar o dinheiro para comprar um bem à vista do que financiá-lo, os juros são muito altos. Evite o desperdício em casa, compre somente o necessário. Prefira produtos de qualidade, que durem mais. E principal-mente, tenha foco e disciplina financeira, porque é muito fácil contrair uma divida, o dificil é sair dela.

Diene Eiry da Silva, Economista. Pós-graduada em Gestão de Pessoas e Gestão Empresarial e Negócios. Professora.

Por Diene Eiry da Silva

Naturalesetembro/outubro - 2010

Bruxismo Por Dra. Gracia Costa Lopes

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Os estudos sobre o bruxismo são controversos, hoje sabemos que abrange uma associação com:

y Ansiedade

y Estresse

y Depressão

y Tipos de personalidade

y Alergias

y Deficiências nutricionais (magnésio, cálcio, iodo e complexos vitamínicos), maloclusão (dentes posicionados er-radamente)

y Manipulação dentária (restaurações altas)

y Introdução de substâncias estra-nhas na cavidade oral (ex: canetas, chicletes, roer unhas etc)

y Disfunções e/ou transtornos quími-cos do sistema nervoso central

y Drogas neuroquímicas (que atuam no nível de receptores dopaminérgi-cos ou serotoninérgicos)

y Propriocepção oral deficiente

y Fatores genéticos

Sintomas do bruximo

Os sinais e sintomas associados ao bruxismo são:

y Dentes fraturados, sensíveis e des-gastados

O bruxismo é considerado um transtorno involuntário e inconsciente de movimento da mandíbula, caracterizado pelo excessivo apertamento e/ou ranger dos dentes, podendo ocorrer durante o sono ou em vigília.

Ranger dos dentes — envolve um for-te contato entre os dentes superiores e inferiores, seguido de movimentos da mandíbula, produzindo sons desa-gradáveis.

Apertamento dental — se caracteri-za por contatos dentários silenciosos, fortes e sem movimentos mandibula-res.

y Perda de restaurações

y Lesões de tecidos moles (língua e bochecha)

y Alteração do formato da face, devi-do a alterações da dimensão vertical de oclusão e hipertrofia muscular

y Dores na face

y Sensibilidade ou fadiga dos múscu-los mastigatórios

y Dor de cabeça e ouvido

y Transtornos otológicos (zumbidos, vertigens e outros)

y Inflamação das glândulas salivares

y Desordens da articulação temporo-mandibular (DTM)

Tratamento do bruximo

O tratamento do bruxismo deverá ser uma combinação de:

y Tratamento comportamental

y Tratamento farmacológico

y Tratamento Odontológico – placa interoclusal, ajuste oclusal, aparelhos ortodontico

y Fisioterapia

y Bloqueio infiltrativo

y Hipnose

Se você apresenta um dos sinto-mas, procure um especialista e faça uma avaliação.

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Radiografia Odontológica DigitalPor Priscila Moraes de Carvalho

A Radiografia Digital está revolucio-nando o conceito de aquisição de imagem na Odontologia. Permite a obtenção das imagens sem a utilização de filmes e câ-mara escura! Uma das maiores invenções após a descoberta do Raio X, no campo da radiologia.

As radiografias digitais podem ser sub-metidas a um processamento de imagens, através do qual podemos alterar densida-de e contraste, inverter a imagem para a forma negativa, tomar medidas, mensurar densidades ópticas, colorir a imagem e até transformá-lo em tridimensional (3D).

É um método de diagnóstico que reduz o tempo de exposição e a dose de radiação do paciente e do profissional.

Em um exame convencional o tempo para aquisição é em torno de 20 minutos com alta dose de radiação e uma distor-ção de imagem de 20%. Com o tempo, a imagem perde sua qualidade devido ao processo de revelação, utilizando químicos altamente tóxicos.

Em exame digital o tempo de aquisi-ção é de 30 segundos com baixa dose de radiação e distorção de 2% da imagem. Não perde a qualidade com o tempo e fi-

ca armazenada em arquivo para o caso de uma eventual necessidade do paciente e do dentista.

Entre vantagens de se fazer um exa-me digital estão: rapidez, maior precisão da imagem, aumento na radioproteção para o paciente, comunicação facilitada entre os profissionais, método seguro.

Conheça alguns dos exames:

y Radiografia Periapical: Tem como ob-jetivo visualizar toda a unidade dentária (coroa, raiz, câmara pulpar e canal radicu-lar) e controle de tratamentos de nódulos pulpares. y Interproximal: Também chamada “bite

wing”, fundamental para pesquisa de cáries interproximais, evidenciação de alterações na câmara pulpar, crista alveolar e adapta-ções marginais de restaurações (excessos ou faltas). y Oclusal: Utilizada como complemen-

tação aos achados obtidos no exame periapical quando se desejam visualizar maior área de estudo no sentido vestíbulo lingual e vestíbulo palatino. y Panorâmica: Permite visualizar todas as

estruturas do complexo maxilomandibular,

conferindo sua utilidade em todas as es-pecialidades. A ampla cobertura da área examinada, a projeção das estruturas ana-tômicas com reduzida superposição, além da baixa dose de radiação, são algumas das razões para sua crescente aceitação. A panorâmica é um exame “check up”.

y ATM Seriada (Transcraniana Corrigi-da): Embora os exames radiográficos das articulações temporo-mandibulares não possibilitem um diagnóstico preciso de dis-função articular, eles contribuem, quando bem avaliados, com informações valiosas sobre a forma, posição, grau de movimento e alteração anatomo-patológica do côndi-lo e suas relações com estruturas vizinhas, possibilitando a comparação entre os dois lados da articulação.

y Teleradiografia Lateral, Frontal e Oblí-qua: Permite mostrar os ossos da face e crânio para avaliação do crescimento, desenvolvimento, relação esqueletal, si-metria, estudo de adenóides, processos patológicos e traumáticos. São exames uti-lizados na prática cirúrgica e ortodôntica, como base para análises cefalométricas, tanto manual como computadorizada.

Naturalesetembro/outubro - 2010

Andador Microcontrolado

Foi a necessidade de um amigo que nos fez reunir e de-senvolver um Andador Microcontrolado. Há pouco mais de um ano, um jovem de 23 anos, integrante do grupo, sofreu um acidente de moto, passou por várias cirurgias e durante a recuperação teve que utilizar um andador para auxiliar nos movimentos de marcha. Mas, apesar do apoio do equipa-mento, havia limitações.

Nós, alunos do curso de Engenharia Elétrica e Enge-nharia da Computação do Inatel (Santa Rita do Sapucaí/MG), resolvemos idealizar um novo andador para ajudar na recupe-ração mais rápida e eficiente de pessoas que necessitam de um equipamento como este, temporariamente ou não. Com o novo andador, que tem motores e rodas com giro de 360°, o paciente não precisa fazer força para levantá-lo na hora de mudar o passo. Com um simples botão, o usuário aciona o movimento para frente e para trás. Outro diferencial são os sensores que aumentam a segurança do equipamento, que para instantaneamente quando sai do alcance do paciente.

Desde o início do projeto recebemos orientações de professores do Inatel, do Senai de Itajubá e também de pro-fissionais de fisioterapia. Acreditamos que com o Andador Microcontrolado, o usuário terá realmente uma recuperação mais eficiente, pois estará sempre apoiado e com a postura de marcha correta. O nosso objetivo é que o protótipo do Andador Microcontrolado esteja concluido até o final deste ano. Depois iniciaremos a busca por parcerias com empresas interessadas em produzir o equipamento que poderá ser utili-zado em clínicas, asilos, hospitais e entidades assistenciais.

Também há a ideia de conciliar este projeto com ou-tro equipamento desenvolvido em Santa Rita do Sapucaí, o Elevador Ortostático Dinâmico, que tem como função elevar pessoas com deficiência da postura sentada para em pé e auxiliar no treinamento da marcha. O elevador já é utilizado pela fisioterapeuta Claudia Garcez, que também orientou a equipe no desenvolvimento do andador.

Neste momento, estamos participando da 19ª Edição do Prêmio SME (Sociedade Mineira de Engenheiros) de ciência e tecnologia e vamos levar o protótipo às feiras de tecnologia assistiva em Belo Horizonte e São Paulo, onde já participa-mos da IX Reatch, em abril deste ano. Na região, quem quiser conhecer o Andador Microcontrolado é só comparecer à 29ª Feira de Tecnologia do Inatel, a Fetin, entre os dias 28 e 30 de outubro, em Santa Rita do Sapucaí.

Marcel da Silva, Danilo Pereira, Prof. José Maria, Diego Marcel e Bruno Aliones

Por Marcel da Silva, Danilo Pereira, Diego Marcel e Bruno Aliones

Naturalesetembro/outubro - 2010

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No princípio, o homem se preocu-pava apenas com o seu bem-estar, como se os recursos naturais fossem infinitos. Com o passar dos tempos, a paisagem de um planeta totalmente coberto por árvores, rios limpos e solo fértil foi de-saparecendo com a degradação do meio ambiente. O homem vem alterando de forma acelerada e irresponsável os rit-mos da natureza, outrora regulados por ela própria.

Nos últimos 100 anos, a população mundial passou dos 1,5 bilhão para mais de 6 bilhões de habitantes. Para abaste-cer e abrigar essa multidão, consome-se energia, produz-se lixo, exploram-se os recursos naturais, provocam-se queima-das, desmatamentos e os veículos e as indústrias enchem o céu de gases tó-xicos. Os esgotos não tratados e o lixo produzido contaminam a água e o solo. Com todos esses fatores negativos a so-brevivência dos seres vivos no planeta fica cada vez mais comprometida.

Os recursos naturais são finitos e nem sempre são renováveis. As flores-tas, por exemplo, constituem um dos ecossistemas mais valiosos da Terra e contém mais de 60% da biodiversidade do planeta. Se antes 50% da superfície do planeta era coberta por florestas, hoje corresponde a apenas 20%. Em escala mundial, elas desempenham um papel crucial na regularização do clima por executar a importante função de ab-sorver o dióxido de carbono-CO2 na sua função de fotossíntese. Uma consequên-cia direta do desmatamento é a redução da capacidade das florestas em absorver as enormes quantidades de CO2 do ar atmosférico, agravando assim o proble-ma do aquecimento global. A utilização de fontes não-renováveis começou no século XVIII, quando se começou a quei-ma de combustíveis fósseis para produzir energia com a finalidade de acionar má-quinas e fundir o ferro. Atualmente, os combustíveis fósseis representam 80%

do nosso consumo de recursos energé-ticos, sendo o carvão mineral, o petróleo e o gás natural os mais conhecidos. Como resultado da sua queima excessi-va, tem-se o aumento do aquecimento global, decorrente do excesso de gases tóxicos – dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, CFC, HFC, dentre outros – os quais ao se concentrarem na at-mosfera, passam a formar uma camada isoladora em torno do planeta, permi-tindo a passagem de raios solares, mas impedindo a dissipação do calor radiado pela Terra. Tal fenômeno é conhecido como “efeito estufa”. Os países indus-trializados são responsáveis por 70% das emissões globais de gases tóxicos e com o agravamento do desmatamento, o pla-neta Terra não tem conseguido manter o equilíbrio climático, gerando, dessa for-ma, um aumento da temperatura média da Terra.

Os vários acordos internacionais como Kioto e Copenhagem estão tentan-do estabelecer normas e padrões para reduzir as emissões de gases tóxicos na atmosfera. Um futuro promissor que não agrida tanto o meio ambiente tem sido o objeto de estudo de muitos cientistas na atualidade. Uma proposta muito discu-tida é a viabilidade da chamada “energia limpa” que é aquela produzida por hidre-létricas, eólicas, biomassas, pelas ondas do mar, entre outras. Na área urbana, por exemplo, os novos conceitos de edifícios e de casas inteligentes, com painéis so-lares para gerar energia elétrica e coletar as águas de chuva, constituem algumas idéias comprometidas com o conceito de Desenvolvimento Sustentável que é aquele capaz de suprir as necessidades de geração de energia sem comprometer as necessidades das futuras gerações. Precisamos construir um novo paradigma que garanta o futuro do planeta Terra.

Eng. Paulo José Braz Rosas, Presidente da AENAI (Associação de Engenheiros e Arquite-tos de Itajubá)

Construindo para educar

Hoje os espaços públicos precisam estar com seus acessos liberados para todos os indivíduos, sejam eles porta-dores de deficiência ou não. O que faz com que prédios existentes passem por adaptações e que novas construções se-jam erguidas de forma a atender não só a acessibilidade, mas também, uma cons-ciência ecológica na construção. Várias pesquisas apontam que 30% do material utilizado em obras são desperdiçados, porcentagem bastante alta quando se pensa no custo da construção e no en-tulho gerado.

O Colégio Castelo do Saber, em Ita-jubá/MG, está construindo sua sede com toda a atenção para detalhes que façam com que a escola esteja engajada no padrão ecologicamente correto. Conta com área de 10.000 m2, dos quais nove mil estão reservados para área verde, on-de farão um trabalho de reflorestamento com espécies nativas e frutíferas. Além de favorecer aos pássaros, será um es-paço para os alunos estudarem, fazerem reuniões e lerem, pois terão uma biblio-teca itinerante no bosque, nada mais interativo do que poder ler ou estudar ao ar livre.

Os alunos serão incentivados a pas-sar mais tempo na escola, aproveitando o espaço disponível com outras ativida-des, como por exemplo, a horta. Cada turma participará do plantio de árvores no bosque e na mata ciliar do trecho do Córrego do Ribeirão que passa pelo terreno. A educação com atividades prá-ticas desperta o interesse e cuidado de cada indivíduo com o meio em que vive.

A construção projetada com jane-las maiores para aproveitar a luz natural, com captação de água de chuva para ser utilizada nas descargas e irrigação, com coleta seletiva de lixo, com parque cober-to para as crianças menores, com todos os acessos liberados para deficientes, é enfim, um espaço novo e funcional.

O Colégio Castelo do Saber que há 15 anos atende crianças do maternal ao nono ano, terá a partir de janeiro de 2011, não só a ampliação de seu espa-ço físico, mas também a ampliação da qualidade de ensino e de vida de seus alunos.

Por Elaine Pereira

O planeta Terra pede socorro

Por Paulo José Braz Rosas

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Naturalesetembro/outubro - 2010

A água e a vida...

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Por Elaine Pereira

A água, primordial à vida de todos os seres, é o único elemento que se reveste em três estados: o líquido, o gasoso e o sólido, ou seja, na forma fluida, na evaporação e no gelo.

Sua permeabilidade envolve e penetra todos os locais. Assim, nos traz tranquilida-de, conforto, relaxamento e nutrientes.

A água é usada como terapia curativa há séculos, tanto no que diz respeito a sua ingestão — recomenda-se tomar três litros de água por dia para se ter um bom fun-cionamento do organismo — como também em banhos quentes ou frios, escalda pés, banhos pélvicos, inalações, saunas, compressas de gelo, etc.

Segundo o Dr. Eduardo Alfonso, autor do livro Curso de Medicina Natural en 40 Lecciones, “o efeito da hidroterapia sobre o organismo baseia-se na reação deste. Essa reação é tripla: reação nervosa, com produção de correntes eletromagnéticas no orga-nismo e a consequente produção de oxigênio atômico livre, mais ativo que o molecular; reação circulatória, com modificação da irrigação sanguínea dos órgãos; reação térmica, por modificações na temperatu-ra.”

No Sul de Minas, contamos com o Circuito das Águas, re-gião rica em água mineral com indicações curativas. Podemos não só apreciar a água como também usufruir de tratamentos hidroterápicos nos balneários de Cambuquira, Caxambu e São Lourenço, assim como em Poços de Caldas e Araxá.

Em São Lourenço, no Parque das Águas, encontram-se seis fontes de água com aplicações terapêuticas distintas. O Bal-neário inaugurado em 1935, oferece banhos terapêuticos com água sulfurosa. Segundo a gestora do balneário, a termalista Conceição Prado, “a água sulfurosa é utilizada, por sua com-posição físico-química ser indicada para cura e prevenção de patologias dermatológicas, revitalizando e tonificando a pele; alergias e doenças do colágeno; diabetes e problemas respi-ratórios.” Com banheiras de estilo vitoriano e ofurôs, ducha escocesa, área de repouso, saunas seca e a vapor e salas de massagens com várias especialidades, temos no Parque das Águas a oportunidade de nos revigorar tanto com o uso interno e externo da água, bem como com o ar e passeio agradável pelo parque.

Muitos são os usos terapêuticos da água, mas lem-bramos que é importante ter o acompanhamento de um médico ou profissional da área, pois estes, saberão indi-car qual o mais adequado a cada pessoa.

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