carlos guilherme glufke

Upload: jose-ricardo-silva

Post on 07-Aug-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    1/26

     

    MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

    PROJETO DE BANCADA DE TESTE DE CORRENTES DE TRANSMISSÃO DE

    POTÊNCIA

    por

    CARLOS GUILHERME GLUFKE

    Monografia apresentada ao Departamentode Engenharia Mecânica da Escola deEngenharia da Universidade Federal do Rio

    Grande do Sul, como parte dos requisitospara obtenção do diploma de EngenheiroMecânico.

    Porto Alegre, junho de 2007.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    2/26

     

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Escola de Engenharia

    Departamento de Engenharia Mecânica

    PROJETO DE BANCADA DE TESTE DE CORRENTES DE TRANSMISSÃO DE

    POTÊNCIA

    por

    Carlos Guilherme Glufke

    ESTA MONOGRAFIA FOI JULGADA ADEQUADA COMO PARTE DOS REQUISITOS PARAA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE

    ENGENHEIRO(A) MECÂNICO(A) APROVADA EM SUA FORMA FINAL PELA BANCA EXAMINADORA DO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA.

    Prof. Prof. Dr. Gilberto Dias da CunhaCoordenador do Curso de Engenharia Mecânica

    Área de Concentração: Projeto e Fabricação

    Orientador: Prof. Dr. Eng. Joyson Luiz Pacheco

    Comissão de Avaliação:

    Prof. Ney F. Ferreira

    Prof. Vilson João Batista

    Porto Alegre, 18 de junho de 2007.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    3/26

     

    Dedico este trabalho aos meus pais, Carlos

    Alfredo Glufke e Maria Irene Glufke, que

    sempre se dedicaram em educar e

    proporcionar as melhores condições possíveis

    para a formação de seus filhos.

    iii

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    4/26

     

    Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Eng. Joyson Luiz

    Pacheco, ao GPFAI, pela oportunidade de estágio, aos

    demais professores que me auxiliaram durante a

    graduação, aos colegas por todos momentos

    compartilhados durante este período e principalmente aos

    meus pais, Carlos Alfredo Glufke e Maria Irene Glufke,

    bem como às minhas irmãs, Alessandra e Bárbara pelo

    apoio e amizade que nelas encontro.

    iv

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    5/26

     

    Este trabalho contou com o apoio de Rexnord Correntes Ltda.

    v

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    6/26

    GLUFKE, C. G. Projeto de Bancada de Teste de Correntes de Transmissão de

    Potência. 2007. 16 folhas. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de

    Engenharia Mecânica) – Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

    RESUMO

    O presente trabalho trata da elaboração do projeto de uma bancada de teste de

    fadiga de correntes tipo “standard”  para transmissão de potência. Esta bancada

    deve ser capaz de testar a vida de uma corrente, sendo utilizada em diferentessituações de carregamento ou de montagem, bem como garantir a continuidade e

    repetibilidade dos parâmetros ajustados para testes sucessivos, permitindo a

    comparação de correntes diferentes submetidas às mesmas condições de uso.

    PALAVRAS-CHAVE: Corrente de Transmissão, Bancada de Testes, Teste deFadiga, Projeto.

    vi

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    7/26

    GLUFKE, C. G. Drive Chain Tester Project. 2007. 16 folhas. Monografia (Trabalho

    de Conclusão do Curso de Engenharia Mecânica) – Departamento de Engenharia

    Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.

     ABSTRACT

    The present work deals to project a fatigue chain tester. That tester should be able to

    test chain limits in diferent conditions. Those conditions should be repited in

    sucessive tests to allow comparative results.

    KEYWORDS: Drive Chain, Bench Tester, Fatigue Test, Project.

    vii

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    8/26

    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO 01

    2. PROJETO 01

    2.1. Análise dos carregamentos máximos 022.2. Definição das especificações geométricas 03

    2.3. Esquematização dos carregamentos nos eixos 05

    2.4. Definição da faixa de rotações dos eixos 05

    2.5. Dimensionamento dos eixos 06

    2.6. Dimensionamento dos mancais 10

    2.7. Dimensionamento das rodas dentadas 11

    2.8. Sistema de carregamento das correntes 122.9. Dimensionamento do motor elétrico 13

    2.10. Dispositivos de segurança 14

    3. CONCLUSÕES 15

    4. BIBLIOGRAFIA 16

    ANEXOS – A 17

    ANEXOS – B 18

     

    viii

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    9/26

      1

    1. INTRODUÇÃO

    Correntes metálicas de transmissão de potência e de movimento são muito

    utilizadas em diversos equipamentos mecânicos nos dias atuais, o que torna o

    mercado destas correntes muito atrativo. Desta forma, nos últimos anos asindústrias do ramo vêm sofrendo o ataque de novas concorrentes de toda parte do

    mundo.

    Para garantir o mercado, as indústrias estão tendo que investir em novas

    tecnologias para melhorar o desempenho e reduzir os custos de seus produtos.

    Sabe-se, porém, que o desempenho destas correntes depende de diversos fatores

    do processo de fabricação tais como matérias primas, tratamentos térmicos e

    configurações geométricas dos componentes, bem como das condições de trabalhoàs quais as correntes são submetidas.

    A bancada de teste, objeto do presente projeto, deve permitir submeter às

    correntes a diversas condições de carregamento, além de permitir a repetibilidade

    das condições dos testes, possibilitando a comparação de resultados obtidos em

    testes sucessivos de correntes sob as mesmas solicitações.

    Assim, a bancada de teste torna-se uma ferramenta de grande valia para que

    as indústrias fabricantes de correntes possam analisar o desempenho de seus

    produtos em relação aos dos concorrentes, as causas de falhas, bem como a

    durabilidade dos mesmos em diferentes condições de utilização.

    Analisando os resultados dos testes, as falhas identificadas nas correntes

    realimentam a melhoria do projeto dos produtos.

    Atualmente as correntes passam apenas por teste de tração. Resistindo a

    tração mínima especificada em norma, as mesmas são aprovadas. Porém, nenhuma

    conclusão mais aprofundada com respeito ao desempenho das correntes pode ser

    constatada a partir deste ensaio.

    2. PROJETO

    O projeto foi influenciado pelas características exigidas pela Rexnord Correntes

    Ltda., fato que limitou as possibilidades de configurações da bancada. Inicialmente a

    configuração da bancada apresentada pela empresa foi o representado na figura do

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    10/26

      2

    anexo A-1. A partir deste, foram analisadas características, implementadas

    melhorias e definidos os parâmetros iniciais do projeto.

    A configuração proposta foi considerada muito interessante uma vez que o

    carregamento das correntes é feito de forma muito simples, podendo ser medido

    com um dinamômetro no momento da montagem das correntes nas rodas dentadasda bancada. Outro fato que torna esta configuração bastante criativa é que uma

    corrente em teste cria uma componente de força inversa na outra corrente em teste,

    desta forma, é possível garantir que o carregamento é sempre igual nas duas

    correntes.

    Outras configurações de bancada foram analisadas para evitar que em uma

    das correntes a catenária ficasse na parte superior das rodas. Porém, para garantir

    cargas iguais nas correntes, o carregamento deveria ser aplicado por freios, difíceisde dimensionar e que dificilmente solicitariam cada uma das correntes com a mesma

    carga.

    2.1. ANÁLISE DOS CARREGAMENTOS MÁXIMOS

    O teste de correntes se baseia na simulação prática da utilização de correntes,

    razão pela qual não há nenhuma especificação de parâmetros para a realização dos

    mesmos em normas. Os parâmetros, neste caso, devem ser verificados nas

    definições de projeto e seleção de correntes. Em se tratando este de um projeto de

    uma bancada de testes solicitado por uma indústria de correntes, os carregamentos

    sugeridos para as correntes em teste serão considerados conforme a REXNORD

    recomenda a seus clientes para a utilização de seus produtos.

    A Rexnord, por sua vez, recomenda a utilização das suas correntes de rolo,

    como são chamadas as correntes “standard”  que serão testadas na bancada, com

    um carregamento de 9% a 13% das suas capacidades mínimas da carga nominal de

    ruptura, grandeza esta chamada de fator de serviço. A partir disto, podemos verificar

    (tabela 1) os carregamentos máximos recomendados para cada uma das correntes

    que se pretende testar com a bancada.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    11/26

      3

    Tabela 1 – Cargas mínimas admissíveis de projeto e carregamentos detrabalho máximo recomendado.

     ANSI 40 ANSI 50 ANSI 60 ANSI 80

    Carga de ruptura mínima 1410 Kgf 2220 Kgf 3180 Kgf 5670 Kgf

    Carregamento máximo

    recomendado

    183,3 Kgf

    1797,5 N

    288,6 Kgf

    2830,2 N

    413,4 Kgf

    4054,1 N

    737,1 Kgf

    7228,5 N

    Para a definição da capacidade de carregamento de aplicação da bancada, o

    limite será dado pela corrente ANSI80, a corrente mais robusta que se pretende

    testar com a mesma.

    Neste caso, verificou-se uma carga máxima recomendada pela empresa de

    737,1Kgf. Por outro lado, prevendo alguns casos extremos, podemos extrapolar estevalor um pouco. De modo a garantir condições de verificar os efeitos da sobre carga

    na “vida” das correntes, bem como garantir que a bancada seja mais robusta que as

    correntes em teste, decidiu-se por prever a utilização da bancada com até duas

    vezes a carga máxima das correntes, sendo então, a capacidade de carga máxima

    aplicada pela bancada em cada corrente será pré-definida em 1.500 Kgf (14.710N).

    Tendo este limite pré-definido, devemos considerar o fato de que duas

    correntes estão sendo testadas simultaneamente. Desta forma, para que cada

    corrente possa ser solicitada com os 1.500Kgf desejados, a bancada deve ser capaz

    de aplicar um carregamento de até 3.000Kg (29.420N) em cada eixo, sendo

    portando, dimensionada para suportar estes carregamentos.

    2.2. DEFINIÇÃO DAS ESPECIFICAÇÕES GEOMÉTRICAS

    Inicialmente foi definido que seriam usadas rodas dentadas com 11 dentes,

    uma vez que, segundo a literatura, rodas com número menor de dentes causam

    maior solicitação às correntes, mantendo-se os mesmos carregamentos além de

    mais compactas e baratas. Todavia, a literatura não recomenda a utilização de rodas

    com menos de 11 dentes.

    Num segundo momento, verificou-se que o diâmetro do eixo exigiria que as

    rodas fossem maiores que estas pré-selecionadas. Após a realização de cálculos de

    solicitações nos eixos com diferentes tamanhos de rodas, definiu-se que todas as

    rodas deveriam ter o diâmetro semelhante e próximo a 160 mm, número que não

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    12/26

      4

    representa uma roda muito grande, porém garante o acoplamento nos eixos

    dimensionados.

    Uma vez definido o diâmetro base das rodas, pode-se calcular o número de

    dentes e por fim o diâmetro nominal real de cada roda.

    ⎟ ⎠

     ⎞⎜⎝ 

    ⎛ =

     N sin

     p D

    1800 

    (2.1)

    N – número de dentes da rodap – passo da corrente

     D0  – diâmetro primitivo da roda

    Equação 2.1 - Shigley, J. E, Mischke, C. R., Power Transmission Elements, A MechanicalDesigners’ Workbook.

    Através da equação 2.1 foram calculadas as características apresentadas na

    tabela 2.

    Tabela 02 – Cálculo dos números de dentes e diâmetros nominais das rodas. Diâmetro in icial: 160 mmPerímetro inicial: 502,4 mm

    PassoNúmero de

    dentesNº de dentes

    corrigidoDiâmetrocorrigido

     ANSI 40 12,7 39,536 40 161,87 mm ANSI 50 15,875 31,610 32 161,966 mm ANSI 60 19,05 26,322 27 164,097 mm ANSI 80 25,4 19,705 20 162,373 mm

    Tendo os diâmetros das rodas, é possível definir as distâncias mínimas e

    máximas entre os centros dos eixos para que se permita a realização de testes nas

    mais diversas situações. A norma recomenda uma distância de 30 a 50 passos de

    distância entre centros, sendo considerado 40 passos a distância ideal. Desta forma

    tem-se uma distância máxima entre os centros dos eixos que é calculada da

    seguinte forma:

    mm pC máx 10164,254040   =×=×=   (2.2) 

    Para situações extremas, porém, onde há necessidade de um sistema

    compacto, a distância mínima entre os centros dos eixos pode ser calculada da

    seguinte forma:

    mm D D

     DC mín

    15,2461,1645,15,12

    01

    2   =×=×=+=   (2.3)

    Equações (2.2) e (2.3) foram retiradas dos catálogos de recomendações da RexnordCorrentes Ltda para correntes de rolos. 

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    13/26

      5

      Desta forma, ficam definidas então as distâncias mínima e máxima entre os

    centros dos eixos da bancada, devendo, portanto, a bancada permitir o

    deslocamento total de 770,3mm do eixo móvel para que o sistema seja capaz de

    impor desde a situação mais extrema até a situação ideal de afastamento dos eixos.

    2.3. ESQUEMATIZAÇÃO DOS CARREGAMENTOS NOS EIXOS

    A figura 1 deste projeto ilustra a montagem dos componentes e as forças

    consideradas nos cálculos de dimensionamento da bancada.

    Força da roda dentada no eixo

    Eixo

    Força do mancal no eixo

    Correia de ativação

    Roda dentada

    Mancais

    Motor elétrico

    Roda motriz

     

    Figura 01 – Esquema de montagem da bancada com carregamentos.

    2.4. DEFINIÇÃO DA FAIXA DE ROTAÇÕES DOS EIXOS

    Conforme é verificado nas tabelas de seleção de correntes da norma ASME

    B29-1, a transmissão de potência admissível para cada tipo de correntes é baixa

    para rotações muito pequenas, vai crescendo com o aumento da rotação aplicada e

    diminui novamente após o aumento excessivo da rotação, conforme vemos no

    gráfico 1.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    14/26

      6

    Potência x Rotação

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    50,0

    60,0

    0 1000 2000 3000 4000

    Rotação [RPM]

       P  o   t   ê  n  c   i  a   [   C   V   ]

    ANSI 40

    ANSI 50

    ANSI 60

    ANSI 80

     

    Gráfico 01 – Seleção de correntes relacionando potência e rotação para rodas comdiâmetros aproximados a 160mm.

    Com o intuito de evitar a necessidade de transmissões mecânicas, optou-se

    por utilizar apenas a parte descendente das curvas nos testes da bancada, até

    porque em rotações muito baixas os testes se tornariam extremamente longos.

    Desta forma, analisando o gráfico, verificamos o primeiro pico na corrente ANSI 80,

    na faixa de 900rpm, e no outro extremo, a ANSI 40, que suporta rotações de até

    3500rpm sem utilização de lubrificação forçada.

    Sendo assim, optou-se por manter a faixa de rotação da bancada entre osvalores de 900rpm a 3.500 rpm.

    2.5. DIMENSIONAMENTO DOS EIXOS

    A configuração de montagem da bancada garante que, em regime, o torque

    aplicado pelo motor representa um carregamento praticamente nulo aos eixos, pois

    o motor fornece apenas energia cinética para suprir as perdas que ocorrem nos

    mancais, nos engrenamentos e na movimentação das correntes.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    15/26

      7

    O torque só causará grandes esforços aos eixos caso ocorra o travamento do

    sistema em algum ponto. Desta forma, optou-se por não se considerar o torque de

    entrada aplicado ao eixo pelo motor, sendo o mesmo substituído por um aumento do

    coeficiente de segurança dos cálculos.

    Sendo considerado nulo o torque de entrada no eixo motriz aplicado pelo motore nula a força radial que a correia exerce no eixo, por serem muito inferiores às

    cargas aplicadas pelas correntes em teste, podemos então dizer que os esforços

    sofridos pelos dois eixos são iguais, desta forma, pode-se afirmar que a solução

    para o dimensionamento de um eixo é válida para o outro.

    O torque máximo foi calculado na equação 2.4 pela definição de torque, que

    resulta de uma força multiplicada pelo braço de alavanca. Neste caso, o braço de

    alavanca se trata do raio da roda dentada. Para a determinação do torque máximoutilizou-se a força máxima que a bancada aplica na corrente (definida no item 2.1) e

    o raio da roda utilizada pela corrente ANSI 80, a única que pode ser utilizada com tal

    carga.

    m N m N  D

    F T    ⋅=×=×= 95,12060821,0710.142

    0   (2.4)

    (2.4) – Equação da norma ASME B106.1M-1985.

    Outro cuidado que se teve para diminuir a flexão sofrida pelos eixos é a

    aproximação máxima das rodas aos mancais, diminuindo a alavanca dos

    carregamentos nos eixos. A magnitude do momento fletor alternado foi calculada

    com a equação 2.5 para o carregamento máximo aplicado aos eixos.

    m N md F  M  máx   ⋅=×=×= 3,44103,0710.14)(   (2.5)

    (2.5) – Equação da norma ASME B106.1M-1985.

    Estas duas grandezas são de grande relevância para o dimensionamento dos

    eixos utilizados na bancada em projeto. O dimensionamento dos eixos será feito

    através da norma ANSI B106.1M-1985, Design of Transmission Shafting, que

    normatiza o dimensionamento de eixos (equações 2.6 e 2.7) submetidos a esforços

    combinados e sujeitos à fadiga. Inicialmente tem-se para eixos sólidos a definição do

    diâmetro dado por:

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    16/26

      8

    3

    4

    332

    ⎟⎟

     ⎠

     ⎞

    ⎜⎜

    ⎝ 

    ⎛ +

    ⎟⎟

     ⎠

     ⎞

    ⎜⎜

    ⎝ 

    ⎛ ⎟ ⎠

     ⎞⎜⎝ 

    ⎛ =

     y f    S 

     M FS d 

    π  

    S k k k k k k k    f g f ed cba f S *

    ⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅=

    22

     

    FS – Fator de segurança

    M – Momento flexor aplicado ao eixo.

    Sf  – Limite de resistência à fadiga do

    eixo.

    T – Torque aplicado ao eixo.Sy – Limite de resistência ao

    escoamento do eixo.

    (2.6)

    (2.6) – Equação da norma ASME B106.1M-1985.

    Onde:

    ka – Fator de acabamento superficial.

    kb – Fator do tamanho

    kc – Fator de confiabilidade

    kd – Fator de temperatura

    ke – Fator de carregamentos cíclicos

    kf  – Fator de concentração de tensões

    kg – Outros fatores diversos

    Sf * - Limite de fadiga por flexão

    (2.7)

    (2.7) – Equação da norma ASME B106.1M-1985 para ajuste da tensão limite de fadiga do

    material.

    Para um eixo confeccionado de aço ANSI1045 trefilado a frio tem-se, segundo

    a norma ANSI B106.1M-1985:

    Su = 75.000 psi (517,1 Mpa)

    Sy = 60.000 psi (413,7 Mpa)

     MPaS S    u f  6,2581,5175,05,0* =×=×=ka = 0,89

    kb = 0,73

    kc = 0,897 (90% de confiança)

    kd = 1

    ke = 1

    kf  = 0,5

    kg =1

     MPaS  S k k k k k k k    f g f ed cba f  35,756,25815,0119,073,089,0*

    =⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅=⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅=  

    M = 441,3 Nm T = 1206,95 Nm FS = 3

     

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    17/26

      9

    Substituindo os valores em 2.6:

    mmcmS 

     M FS d 

     y f 

    60798,57,413

    95,1206

    4

    3

    35,75

    3,441332

    4

    3323

    22

    3

    22

    ≅=⎟ ⎠

     ⎞⎜⎝ 

    ⎛ +⎟

     ⎠

     ⎞⎜⎝ 

    ⎛ ⎟ ⎠

     ⎞⎜⎝ 

    ⎛    ⋅=

    ⎟⎟

     ⎠

     ⎞

    ⎜⎜

    ⎝ 

    ⎛ +

    ⎟⎟

     ⎠

     ⎞

    ⎜⎜

    ⎝ 

    ⎛ ⎟ ⎠

     ⎞⎜⎝ 

    ⎛ =

    π  π  

     

    Este diâmetro, por fim, deve ser corrigido para tornar possível o seu

    acoplamento aos mancais selecionados. Desta forma, por motivos explicados a

    seguir, adotou-se o diâmetro do eixo com a seguinte dimensão:

    mmind 025,0

    001,0

    9125,6116

    72   −−

    ==   (2.8)

    Definido o diâmetro, devem ser calculas as deformações sofridas pelo eixosubmetido aos carregamentos já definidos.

    Inicialmente calcula-se o momento de inércia do eixo (I):

    474544

    1021,71021,764

    915,61

    64mmm

    d  I    −⋅=⋅=

    ⋅=

    ⋅=

      π  π  

      (2.9)

    Considerando o módulo de elasticidade do aço e

    os carregamentos especificados na figura 02, calculam-se as deformações lineares

    nas pontas do eixo (2.10) e no centro do eixo (2.11):

    Pa MPa E  115 100,2100,2   ⋅=⋅=

    ( ) ( )

    mmmVp

    Vp

     LaaF  LaaF  I  E 

    aVp

    0386,01086,3

    ))6,003,0(03,0710.1416)6,003,0(03,0710.1416(1021,710248

    03,0

    )1616(48

    5

    711

    =⋅=Δ

    +⋅⋅⋅++⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅

    +⋅⋅++⋅⋅⋅⋅

    − 

    (2.10)

    mmmVc

    Vc

    aF aF  I  E 

     LVc

    138,01038,1

    )03,0710.14303,0710.143(1021,710248

    6,0

    )33(48

    4

    711

    2

    2

    =⋅=Δ

    ⋅⋅+⋅⋅⋅⋅⋅⋅⋅

    ⋅⋅+⋅⋅⋅⋅

    − 

    (2.11)

    As deformações calculadas são totalmente aceitáveis para os componentes epara a aplicação em questão.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    18/26

      10

    2.6. DIMENSIONAMENTO DOS MANCAIS

    Como verificamos no esquema do projeto (figura 01 página 05), o

    carregamento de cada eixo será suportado por dois mancais, o que significa que

    cada mancal deverá suportar uma carga de 14.710N, uma vez que as rodasdentadas são posicionadas de forma simétrica em relação aos mesmos.

    Tendo o carregamento dos mancais, a outra variável essencial para a seleção

    de um mancal é a rotação máxima dos eixos, já definida no item 3.3. em 3500 rpm.

    Desta forma, com auxilio de catálogos de fabricantes, foi selecionado um mancal

    radial de esferas.

    O método de seleção do mancal utilizado neste trabalho não foi exatamente

    baseado nas cargas. Tendo o diâmetro do eixo necessário, foi selecionado ummancal dos catálogos da Rexnord com um furo equivalente (diâmetro do furo

    d=2,4375 in). O mancal selecionado foi o modelo KC452-716 cujo diâmetro nominal

    do furo é:

    mmind  9125,6116

    72   ==  

    Por definição deve-se dimensionar o eixo com o diâmetro nominal do furo do

    acoplamento (61,9125mm) e a tolerância de –0,001in (-0,025mm). Estas definições

    estão especificadas nos catálogos dos mancais e a partir delas que se definiu odiâmetro do eixo na equação 2.8.

    Considerando que não há aplicação de cargas axiais, apenas radiais, e, em se

    tratando de mancais com apenas uma carreira de esferas, utilizam-se os

    coeficientes V=1, X=1 e Y=0 na equação 2.12.

    ar    F Y F V  X P   +⋅⋅=

     N P 710.14=

    ⋅  

    resultando

    P – Carga equivalente

    X – fator radialY – fator axial

    V – fator de rotação

    Fr – Carga radial constante aplicada

    Fa – Carga axial constante aplicada

    (2.12)

    2.12 – Equação do catálogo de seleção de mancais Rexnord.

    Pode-se estimar a vida dos mancais para a carga máxima através da equação

    2.13, onde C é a capacidade do mancal e P a carga aplicada. Para outros

    carregamentos basta recalcular a vida alterando P.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    19/26

      11

    9,20710.14

    520.4033

    =⎟ ⎠

     ⎞⎜⎝ 

    ⎛ =⎟

     ⎠

     ⎞⎜⎝ 

    ⎛ =

    P

    C  L  milhões de revoluções (2.13)

    2.13 – Equação do catálogo de seleção de mancais Rexnord.

    Por fim, deve-se ainda fabricar uma sapata para os mancais. Os mancaisdevem ser fixados sobre a bancada com uma sapata intermediária para levantar o

    centro do furo do eixo. Caso esta sapata não seja colocada entre o mancal e a

    bancada, não haverá espaço para as rodas dentadas. Estas sapatas também

    servirão para igualar a altura dos mancais fixos aos móveis, uma vez que estes

    últimos já se encontram sobre os trilhos, estando posicionados 115,4mm acima do

    tampo da bancada. Desta forma, esta será a altura especificada para a sapata. O

    desenho do projeto detalhado da sapata está no anexo B.

    2.7. DIMENSIONAMENTO DAS RODAS DENTADAS

    As rodas dentadas, conforme definido anteriormente, serão confeccionadas de

    forma a ter um diâmetro primitivo próximo a 160mm, dimensão que garante a

    compatibilidade geométrica com o diâmetro do eixo utilizado na bancada.Conforme calculado no item 2.2 deste trabalho, as rodas serão confeccionadas

    conforme as normas de rodas dentadas e os padrões de fabricação da Rexnord com

    as seguintes características:

    Tabela 03 – Características básicas das rodas dentadas. 

    PassoNº de dentes

    corrigidoDiâmetrocorrigido

    Espessura

     ANSI 40 12,7 40 161,87 mm 7,5 mm ANSI 50 15,875 32 161,966 mm 9,1 mm ANSI 60 19,05 27 164,097 mm 12,3 mm ANSI 80 25,4 20 162,373 mm 15,5 mm

    Conforme o padrão de rodas dentadas utilizadas pela Rexnord, elas deverão

    ser confeccionadas de aço SAE 1045 com o passo dos dentes e o número de dentes

    conforme descrito na tabela anterior. As demais dimensões serão conforme

    esquema de desenho no anexo B.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    20/26

      12

      Para garantir uma maior durabilidade das rodas deve-se aplicar tratamento

    térmico nos dentes das rodas, o qual garante uma maior resistência de contato com

    os rolos das correntes.

    2.8. SISTEMA DE CARREGAMENTO DAS CORRENTES

    O carregamento das correntes na bancada se dá através do afastamento de

    um eixo em relação ao outro. Uma vez que uma corrente é montada na posição

    inversa à outra nas rodas dentadas, cada corrente aplica um torque inverso no eixo

    fazendo com que uma corrente cause o carregamento da outra.

    O sistema de movimentação do eixo será feito conforme o sistemaesquematizado na figura do anexo A-2, sendo fixados os mancais do eixo móvel

    sobre a bandeja central da bancada, a qual é movimentada pelo fuso sobre os trilho

    de movimentação linear. Todos os componentes de sistema de movimentação linear

    são fabricados pela Bosh Rexroth.

    Conforme os catálogos do fabricante, deve-se utilizar um fuso de 40mm de

    diâmetro, com mancais de rolamento apropriados para este fim modelos SEB-L e

    SEB-F, uma porca de movimentação FEM-E-C e um suporte para a porca modelo

    MGD. Com esta configuração o sistema demonstra-se capaz de suportar os

    carregamentos previstos na bancada.

    Os trilhos de movimentação e os carrinhos devem ser do tipo SNS R1622

    tamanho 65, modelo capaz de suportar os carregamentos envolvidos na bancada. A

    chapa central, onde se fixam os mancais, deve ser a mesma utilizada no tampo da

    bancada, no qual, pelo padrão Rexnord, utiliza-se chapa de aço de 1” de espessura.

    Para a redução do custo da bancada, optou-se por substituir o servo-motor por

    um cachimbo fixo ao fuso no qual se aplica o torque necessário para o carregamento

    desejado através de um torquímetro de relógio e, em seguida, travado com

    parafusos sobre o cachimbo.

    O torque necessário para a aplicação da carga desejada pode ser retirado do

    gráfico do anexo A-3.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    21/26

      13

    2.9. DIMENSIONAMENTO DO MOTOR ELÉTRICO

    Neste projeto o motor elétrico é muito pouco solicitado, uma vez que não há

    carga aplicada diretamente a nenhum dos eixos. A carga que o motor deve

    movimentar é simplesmente a do atrito dos mancais, das perdas de energias queocorrem no engrenamento e da movimentação das correntes, ou seja, a

    manutenção da energia cinética dos componentes, que varia com a rotação que se

    impõe aos eixos.

    Com as correntes aplicando ao eixo um torque de T=1206,95Nm (máximo) e,

    tendo correntes de transmissão rendimento de 97%, 3% da potência transmitida

    será dissipada pelas correntes (equação 2.14), a qual deve ser suprida pelo motor.

     NmT correntes 3,3695,120903,0   =⋅=   (2.14)

    Equação 2.14 - Norton, R.L.; Projeto de Máquinas.

    As perdas em mancais de rolamentos podem chegar a 1% causando um torque

    de resistência (equação 2.15) ao sistema que também deve ser fornecido pelo

    motor.

     NmT mancais 1,1295,120901,0   =⋅=   (2.15)

    Equação 2.15 - Norton, R.L.; Projeto de Máquinas.

    Através da definição de potência, podemos calcular a potência mínima

    necessária para movimentar este sistema (equação 2.16). Considera-se para o

    cálculo da potência necessária para o motor o torque resistivo máximo calculado nas

    equações 2.14 e 2.15 e a rotação da bancada. É sabido que a aplicação da cargamáxima da bancada só esta prevista no projeto com rotação mínima (900rpm),

    conforme pode ser visto no gráfico 01.

    CV kW nT 

    P 25,66,430

    90014,34,48

    30==

    ⋅⋅=

    ⋅⋅=

      π  

      (2.16)

    Equação 2.16 - Catálogo WEG, Seleção do motor elétrico e inversor de freqüência.

    Uma vez definida a potência mínima requerida para o motor, foi selecionado

    através do catálogo da WEG – Motores Elétricos  um motor que desenvolve a

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    22/26

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    23/26

      15

    Desta maneira, devemos prever para a bancada uma tampa de chapa de aço,

    cobrindo toda a bancada e fixa com dobradiças e uma trava. Caso a tampa não

    esteja travada, o equipamento não deve permitir seu acionamento.

    Além da tampa, a bancada ainda deve ter no painel de controle, junto ao

    inversor de freqüência que controla o motor, um botão de emergências para, quandonecessário, efetuar o desligamento repentino do sistema.

    Ainda deve-se tomar o cuidado de ligar o motor elétrico à rede elétrica por

    intermédio de uma chave de segurança.

    Por fim, o cavalete suporte da bancada deve ser chumbado ao piso da fábrica

    para garantir a estabilidade e a resistência do sistema como um todo.

    3. CONCLUSÕES

    Com a realização deste trabalho foi possível aprender muito sobre as

    dificuldades não imaginadas que um engenheiro se depara ao realizar um projeto de

    engenharia, mesmo que, inicialmente o mesmo pareça bastante simples.

    Com o término do projeto, verificou-se a real viabilidade da fabricação da

    bancada de testes de correntes. Trata-se de um bom investimento para empresas

    que atuam no ramo de fabricação, comercialização ou mesmo, usuários de

    correntes de rolos, pois esta bancada é de suma importância na hora de selecionar,

    dimensionar e analisar os motivos pelos quais as correntes podem estar falhando

    em serviço.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    24/26

      16

     

    4. BIBLIOGRAFIA

    Norton, R.L.; “Projeto de Máquinas – Uma abordagem integrada” , Bookman,

    2ª edição, 2006.Shigley, J. E.; Mischke, C. R,; “ Power Transmission Elements” , McGraw-Hill,

    1992.

    Shigley, J. E.; “ Mechanical Engineering Design” , McGraw-Hill, 1963.

    NORMA ANSI/ASME B106.1M-1985, “Design of transmission Schafting” .

    NORMA ASME B29.26-2001, “Fatigue Testing Power Transmission Roller

    Chain” .

    NR12, Máquinas e Equipamentos.“Apostila de Metodologia de Projetos”, Prof. Dr, Eng. Joyson Luiz Pacheco,

    2004.

    Catálogos BOSH-Rexroth, Seleção de componentes para movimentação linear.

    Catálogos WEG, Seleção do motor elétrico e inversor de freqüência.

    Catálogos Rexnord, Definição de parâmetros gerais para utilização de

    correntes.

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    25/26

      17

     ANEXOS – A

    1. Esboço inicial da bancada fornecida pela Rexnord Correntes Ltda.

    2. Figura do esquema de montagem do sistema de movimentação linear:

  • 8/19/2019 Carlos Guilherme Glufke

    26/26

      18

    3. Gráfico do torque necessário no fuso para aplicação da carga nas

    correntes:

    Relação Torque x Força aplicada (Nm)

    0

    5

    1015

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    55

    6065

    0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

    Força aplicada nas cor rentes (N)

       T  o  r  q  u  e  a  p   l   i  c  a   d  o

      n  o

       f  u  s

     

     ANEXOS – B – Desenhos Técnicos