carlos augusto melo de souza estudo de um modelo de duas presas

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CARLOS AUGUSTO MELO DE SOUZA ESTUDO DE UM MODELO DE DUAS PRESAS E UM PREDADOR EM HABITATS HETEROG ˆ ENEOS RECIFE-PE MARC ¸ O/2014

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  • CARLOS AUGUSTO MELO DE SOUZA

    ESTUDO DE UM MODELO DE DUAS PRESAS E UM PREDADOR EM HABITATSHETEROGENEOS

    RECIFE-PE

    MARCO/2014

  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

    PRO-REITORIA DE PESQUISA E P OS-GRADUACAO

    PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM F ISICA APLICADA

    ESTUDO DE UM MODELO DE DUAS PRESAS E UM PREDADOR EM HABITATS

    HETEROGENEOS

    Dissertacao apresentada ao Programa dePos-Graduacao em Fsica Aplicada comoexigencia parcial a obtencao do ttulo deMestre.

    Area de Concentracao: Fsica Teorica

    Orientador: Profa. Dra. Viviane Moraes deOliveira

    RECIFE-PE

    MARCO/2014

  • i

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCOPRO-REITORIA DE PESQUISA E P OS-GRADUACAO

    PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM F ISICA APLICADA

    ESTUDO DO MODELO DE DUAS PRESAS E UM PREDADOR EM HABITATS

    HETEROGENEOS

    Carlos Augusto Melo de Souza

    Dissertacao julgada adequada para obtencao dottulo de mestre em Fsica Aplicada, defendida eaprovada por unanimidade em 06/03/2014 pelaComissao Examinadora.

    Orientador:

    Profa. Dra. Viviane Moraes de OliveiraUniversidade Federal Rural de Pernambuco

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Pedro Hugo de FigeiredoUniversidade Federal Rural de Pernambuco

    Prof. Dr. Borko StosicUniversidade Federal Rural de Pernambuco

    Prof. Dr. Fernando Fagundes FerreiraUniversidade de Sao Paulo

  • ii

    Dedico,a minha famlia.

  • iii

    Agradecimentos

    Agradeco a Deus e a todas as pessoas que de alguma forma contriburam para oexito desta

    pequena parte da caminhada.

    Agradecoa minha noiva Giselle por ter incentivado a minha volta ao mestrado e por ter me

    lembrado de como era prazeroso pesquisar.

    Agradecoa minha orientadora por ter acreditado que seria possvel desenvolver esse traba-

    lho.

    Agradeco aos meus colegas de turma, pelo bom convvio que tivemos. Sempre lembrarei

    de como era divertido e aterrorizante as listas de exerccio e as provas.

    Agradeco aos meus colegas de trabalho que me apoiaram nessabatalha.

  • iv

    E o Senhor quem da sabedoria;a sabedoria e o entendimento vem dele.Ele da ajuda e protecao a queme direitoe honesto. Deus protege os que tratam os outroscom justica e guarda os que lhe obedecem

    Proverbios2.68

  • v

    Resumo

    Na presente dissertacao, consideramos um modelo em que duas presas e um predador in-teragem em um ambiente com estrutura espacial com condicoes de contorno periodicas. Nomodelo, uma rede foi subdividida em quatro partes de mesma dimensao, com o objetivo decriar ambientes heterogeneos. Cada stio da rede pode assumir um de quatro estados possveis,a saber, ocupado pela presa tipo 1, pela presa tipo 2, pelo predador, ou estar vazio.

    Nosso objetivoe investigar a influencia da heterogeneidade ambiental em um modelo depresa-predador, considerando interacoes locais e adicao de recursos.

    As interacoes sao realizadas, aos pares, com indivduos que ocupam um dos quatro stiosadjacentes a um determinado stio. Nesses stios, sao inseridos recursos, para que as especiesdo tipo presa utilizem para se reproduzir. A forma de distribuicao desses recursose responsavelpela geracao de um ambientente heterogeneo. Realizamos simulacoes para um e dois recursosem habitats homogeneos e heterogeneos. Quando se trata de um recurso, calculamos sua taxade reproducao atraves de uma funcao de adaptabilidade ao recurso. Nessa funcao, fazemos usode constantes de meia-saturacao. Essas constantes determinam como uma especie aproveita umrecurso. A taxa de reproducao de cada presae calculada na regiao em que ela esta inserida,atraves da equacao de Monod e lei de Liebig. Utilizamos esta equacao porque consideramosque os recursos sao essenciais e por isso, a taxa de reproducao sera limitada pelo recurso commenor quantidade.

    Verificamos que as especies sao sensveis as variacoes ambientais. Com um recurso emhabitats homogeneos e heterogeneos, constatamos que a coexistencia das tres especiese im-provavel, pois as especies do tipo presa estao em constante competicao e pelo princpio daexclusao competitiva, a que melhor aproveitar o recurso, leva a outra a extincao.

    Ao considerarmos dois recursos, notamos diferencas entrehabitats homogeneos e hete-rogeneos. Com habitats homogeneos, a presa que melhor se adaptar ao ambiente, coexistecom o predador e a outra especie de presa vaia extincao. Quando consideramos habitats he-terogeneos, constatamos que a possibilidade de coexistencia aumenta consideravelmente, poiscada especie de presa ocupa a regiao onde ela se adapta melhor.

    Palavras-chave: presa-predador, heterogeneidade ambiental, competicao por recursos.

  • vi

    Abstract

    In this dissertation, we consider a model in which two kinds of prey and one predator inte-ract in an environment with spatial structure with periodicboundary conditions. In the model,a network was subdivided into four parts of equal size, with the goal of creating heterogeneousenvironments. Each site of the lattice can have one of four possible states, namely, occupied byprey kind 1, by prey kind 2, by predator, or empty.

    Our goal is to investigate the influence of environmental heterogeneity in a prey-predatormodel, considering local interactions and the addition of resources.

    Interactions are carried, in pairs, with individuals occupying one of the four adjacent sitesto a particular site. In these sites, resources are inserted, in such way that the prey species canuse them to reproduction. The way in which the resources are distributed is responsible forgenerating a heterogeneous environment. We performed simulations for one and two resourceson homogeneous and heterogeneous habitats. When just one resource is used, we calculate thereproduction rate of preys through a function of adaptability to resource. In this function, weuse half-saturation constants. These constants determinehow a given species use one resource.The rate of reproduction of each prey is calculated in the region where it is inserted throughthe Monod equation and Liebigs law. We use that equation because we are considering essen-tial resources and, therefore, the rate of reproduction is limited by the resource with smalleravailability.

    It is established that species are sensitive to environmental variations. With one resourcein homogeneous and heterogeneous habitats, we found that the coexistence of the three speciesis unlikely, because the prey are in constant competition and, by the principle of competitiveexclusion, that one that best uses the resource leads the another to extinction.

    When considering two resources, we notice differences between homogeneous and hetero-geneous habitats. The prey that is best adapted to the environment coexists with predator andthe other prey species goes to extinction. When considering heterogeneous habitats, we findthat the possibility of coexistence increases considerably, because each prey species occupiesthe area where it fits better.

    Keywords: prey-predator, environmental heterogeneity, competition for resource

  • vii

    Lista de Figuras

    2.1 Experimento de Gause que retrata a competicao deParameciumcultivados

    em meio lquido em tubos de ensaio, onde havia bacterias e celulas de leve-

    dura. Figura adaptada de [1] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 5

    2.2 Ilustracao de uma lebre-alpina (Lepus americanus) fugindo de seu predador

    especialista, lince-canadense (Lynx canadensis). Figura retirada de [1] . . . . p. 6

    2.3 Oscilacoes estocasticas em redes de dimensoes 3030, 5050, 100100

    e 200200, onde o eixoX representa a concentracao de presas e o eixoY a

    concentracao de predadores. Figura retirada de [2]. . . . . . . . . . . . . . . p.8

    2.4 Variacao do numero de indivduos no tempo para diferentes percentuais de

    fragmentacaocd. Figura retirada de [3]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 11

    3.1 Rede homogenea comL = 4. Os stios da rede possuem a mesma quantidade

    de recurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

    3.2 Ilustracao esquematica da vizinhanca do stio em amarelo para uma rede com

    L = 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

    3.3 Ilustracao esquematica da vizinhanca do stio em amarelo que esta na estre-

    midade para uma rede homogenea comL = 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

    3.4 Ilustracao esquematica dos stios de uma rede, onde os stios rotulados por

    O estao vazios, os rotulados por X, Y e Z sao presa tipo 1, presa tipo 2 e

    predador respectivamente. Os stios mais escuros sao os quatro vizinhos mais

    proximos da presa tipo 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

    3.5 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.1, K1 = 0.1 eK2 = 0.2. p. 16

    3.6 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.1, K1 = 0.1 eK2 = 0.2. . . . . . . . p. 16

    3.7 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.2, K1 = 0.1 eK2 = 0.2. p. 16

    3.8 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.2, K1 = 0.1 eK2 = 0.2. . . . . . . . p. 16

    3.9 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.5, K1 = 0.2 eK2 = 0.4. p. 17

  • viii

    3.10 Evolucao temporal da distribuicao das especies na rede apos 1, 10, 20, 40, 60,

    100, 150, 180, 210, 250, 500 e 3000 passos de tempo param= 0.1, rp = 0.5,

    K1 = 0.2 eK2 = 0.4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18

    3.11 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.4, K1 = 0.8 eK2 = 0.9. p. 19

    3.12 Diagrama de fase para o habitat homogeneo com 1 recurso e parametros

    0.1 m 0.9, 0.1 rp 0.9, 0.1 K1 0.8 e 0.2 K2 0.9. . . . . . . . p. 23

    3.13 Rede dividida em 4 regioes distintas com o mesmo tamanho. Os stios de

    cada regiao possuem a mesma quantidade de recurso. . . . . . . . . . . . . . p. 24

    3.14 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.1, K1 = 0.1 eK2 = 0.2. p. 25

    3.15 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.1, K1 = 0.1 eK2 = 0.2. . . . . . . . p. 25

    3.16 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.2, K1 = 0.1 eK2 = 0.2. p. 25

    3.17 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.2, K1 = 0.1 eK2 = 0.2. . . . . . . . p. 25

    3.18 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.5, K1 = 0.1 eK2 = 0.8. p. 26

    3.19 Evolucao temporal da distribuicao espacial das especies na rede apos 1, 10,

    20, 40, 60, 100, 150, 250, 350, 450, 500 e 3000 passos de tempo param= 0.1,

    rp = 0.5, K1 = 0.1 eK2 = 0.8. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 27

    3.20 Ilustracao do percentual de sobrevivencia para a presa tipo 1 comm= 0.1 e

    rp = 0.5 como funcao dos parametrosK1 eK2. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28

    3.21 Ilustracao do percentual de sobrevivencia para a presa tipo 1 comm= 0.1 e

    rp = 0.6 como funcao dos parametrosK1 eK2. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28

    3.22 Ilustracao do percentual de sobrevivencia para a presa tipo 2 comm= 0.1 e

    rp = 0.5 como funcao dos parametrosK1 eK2. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28

    3.23 Ilustracao do percentual de sobrevivencia para a presa tipo 2 comm= 0.1 e

    rp = 0.6 como funcao dos parametrosK1 eK2. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28

    3.24 Ilustracao do percentual de sobrevivencia para o predador comm= 0.1 e

    rp = 0.5 como funcao dos parametrosK1 eK2. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29

    3.25 Ilustracao do percentual de sobrevivencia para o predador comm= 0.1 e

    rp = 0.6 como funcao dos parametrosK1 eK2. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29

    3.26 Diagrama de fase para o habitat heterogeneo com 1 recurso e parametros

    0.1 m 0.9, 0.1 rp 0.9, 0.1 K1 0.8 e 0.2 K2 0.9. . . . . . . . p. 33

  • ix

    4.1 Ilustracao esquematica de uma rede homogenea com dois recursos em cada

    stio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35

    4.2 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 =

    0.2, K21 = 0.2 eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36

    4.3 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 = 0.2, K21 = 0.2

    eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 36

    4.4 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 =

    0.5, K21 = 0.5 eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37

    4.5 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 = 0.5, K21 = 0.5

    eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37

    4.6 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 =

    0.2, K21 = 0.2 eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38

    4.7 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 = 0.2, K21 = 0.2

    eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38

    4.8 Diagrama de fase para o habitat homogeneo com 2 recurso e parametros

    0.1 m 0.9, 0.1 rp 0.9, 0.1 K11 0.8, 0.2 K12 0.9,K21 = K12

    eK22 = K11. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42

    4.9 Ilustracao esquematica de uma rede heterogenea com quatro habitats e dois

    recursos em cada habitat. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43

    4.10 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 =

    0.2, K21 = 0.2 eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44

    4.11 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 = 0.2, K21 = 0.2

    eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44

    4.12 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 =

    0.3, K21 = 0.3 eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44

    4.13 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 = 0.3, K21 = 0.3

    eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44

    4.14 Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 =

    0.4, K21 = 0.4 eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 45

  • x

    4.15 Estado final da rede param= 0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 = 0.4, K21 = 0.4

    eK22 = 0.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 45

    4.16 Ilustracao do percentual de coexistencia param= 0.1 erp = 0.2 como funcao

    das constentes de meia-saturacaoK11 eK12. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46

    4.17 Ilustracao do percentual de coexistencia param= 0.1 erp = 0.5 como funcao

    das constentes de meia-saturacaoK11 eK12. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46

    4.18 Diagrama de fase para o habitat heterogeneo com 2 recurso e parametros

    0.1 m 0.9, 0.1 rp 0.9, 0.1 K11 0.8, 0.2 K12 0.9,K21 = K12

    eK22 = K11. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 50

  • xi

    Sumario

    1 Introduc ao p. 1

    2 Revisao de literatura p. 4

    3 Habitats com um recurso p. 13

    3.1 Habitats homogeneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13

    3.1.1 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

    3.2 Habitats Heterogeneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23

    3.2.1 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24

    4 Habitats com dois recursos p. 34

    4.1 Habitats Homogeneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34

    4.1.1 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35

    4.2 Habitats heterogeneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42

    4.2.1 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43

    5 Conclusao p. 51

    Referencias Bibliograficas p. 54

  • 1

    1 Introduc ao

    Dinamica populacionale um termo utilizado pelos Ecologos para se referir a maneira como

    ocorre a variacao temporal da abundancia de uma populacao. Esta variacao pode ser de varias

    formas, onde as principais sao crescimento exponencial, logstico, flutuacoes populacionais e

    ciclos populacionais [1].

    Quando a taxa de variacao temporal da densidade populacional de uma especiee constante,

    temos um crescimento exponencial. Essa especie esta se reproduzindo a uma taxa constante.

    Mas, esse modeloe irrealstico, pois uma populacao nao pode crescer indefinidamente. Existe

    uma capacidade de suporte da populacao [1].

    O crescimento logstico, define que a densidade de uma populacao varia com taxa de cres-

    cimento constante ate atingir a capacidade suporte, onde se estabiliza. Seria ummodelo mais

    realstico [1].

    As flutuacoes populacionais, sao muito comuns. Essas flutuacoes podem ocorrer no cres-

    cimento ou na diminuicao da densidade em todos os valores medios de uma populacao. Essas

    flutuacoes podem ser pequenas ou grandes. No caso de serem grandes, pode ocorrer uma ex-

    plosao populacional [1].

    Algumas populacoes apresentam variacoes cclicas na sua densidade populacional. Perce-

    bemos que a densidade atinge valores maximos e mnimos com uma determinada frequencia.

    Muitos fatores podem ser responsaveis por essa variacao, como fatores internos, que sao mu-

    dancas hormonais ou como resposta ao crescimento populacional, ou externos como condicoes

    meteorologicas, disponibilidade de alimento ou pela acao de predadores [1].

    A interacao entre presas e seus predadorese um assunto bastante investigado no campo

    de biologia de populacoes [2]. Isso talvez se deva ao fato de ser uma das interacoes mais

    observadas na natureza, junto com a competicao. O modelo presa-predador, em sua forma mais

    simples, trata da interacao entre duas especies, onde uma dispoe de alimentos em abundancia

    para sobreviver (presa) e a outra alimenta-se da primeira (predador). O modelo presa-predador,

    e um sistema composto por um par de equacoes diferenciais de primeira ordem nao linear.

  • 2

    O modelo original de presa-predador vem sendo modificado como inclusao de novos

    parametros para que seja mais realstico com o objeto de estudo [4]. Parametros como efeito

    switching [5] e destruicao de habitat como em [6], sao exemplos de novas analises com o

    acrescimo de novos parametros.

    Segundo [7], recursoe tudo o que os organismos consomem para sua reproducao e manu-

    tencao, tornando menos disponveis para outros organismos. Esses recursos podem ser bioticos

    ou abioticos. Podemos classificar os predadores como seres heterotrofos, pois os seus recur-

    sos sao outros organismos vivos. Ao falarmos de predadores, nos remetemosa ideia de um

    carnvoro consumindo um herbvoro. Na verdade, essa relacao e mais ampla. Quando um es-

    quilo consome um fruto do tipo bolota (ele mata o embriao da bolota). Elee considerado um

    predador quando mata seu recurso alimentar no todo ou em parte [7].

    A partir do momento que duas especies estao em um ambiente e utilizam o mesmo recurso

    para sua sobrevivencia, elas estao em competicao. Essa competicao pode ser entre indivduos

    da mesma especie (intraespecfica), ou entre indivduos de especies diferentes (interespecfica).

    Ha algumas implicacoes quando indivduos competem em um habitat [8].

    Quando duas especies competem pelo mesmo recurso e o utilizam da mesma forma, a que

    se adaptar melhor levara a outraa extincao. Issoe o que trata o princpio da exclusao competitiva

    de Gause [9].

    Porem, existem estudos importantes acerca do numero de recursos e da variacao ambiental,

    que relatam que a variacao ambiental propicia a diversidade das especies. Em [10] foi visto que

    quando se combina variacao ambiental com o aumento do numero de recursos, a coexistencia

    das especies passa a existir.

    Em nosso trabalho, investigamos um modelo de duas especies de presas e uma especie de

    predador. Estas especies estao inseridas em uma estrutura espacial quee dividida em stios e

    cada especie so pode interagir com stios adjacentes. Nessa rede, consideramos condicoes de

    contorno periodicas, que garantem que todos os stios tenham quatro vizinhos.

    As especies do tipo presa, utilizam os recursos que estao disponveis no stio em que estao

    inseridas para se reproduzir. Enquanto que a especie predadora, utiliza as especies de presas

    como recurso para sua manutencao. Fizemos simulacoes com um e dois recursos em habitats

    homogeneos e heterogeneos.

    No Captulo 2, apresentamos a revisao de literatura, onde mostramos o modelo presa-

    predador de Lotka-Volterra e alguns exemplos de modificacoes que foram feitas no modelo

    para que fossem considerados novos parametros como efeitoswitching, evolucao das presas e

  • 3

    em uma estrutura espacial.

    No Captulo 3, investigamos o modelo com estrutura espacial com umrecurso em habitats

    homogeneos e heterogeneos. Atraves de simulacoes, encontramos resultados relevantes entre

    as especies competidoras (as presas) e o predador. Vimos que existe uma ligacao entre o estado

    final da dinamica, as condicoes ambientais e a relacao de predacao.

    No Captulo 4, estudamos o modelo com dois recursos em habitats homogeneos e hete-

    rogeneos. Verificamos uma clara competicao entre indivduos da especie presa, mostrando que

    com dois recursos e ambiente homogeneo, a possibilidade de coexistencia das tres especiese

    remota. Mas, ao combinar dois recursos e heterogeneidade ambiental, a coexistencia torna-se

    possvel. No Captulo 5, nossas conclusoes dos resultados relevantes sao apresentadas.

  • 4

    2 Revisao de literatura

    As interacoes entre especies na natureza podem ser muito complexas. As especies podem

    interagir de varias formas, nas quais podemos destacar as tres principais, que sao a predacao, a

    competicao e o mutualismo [11].

    Quando dois indivduos de uma mesma especie, ou de especies diferentes se prejudicam

    na busca por um recurso limitado, ou mesmo por um recurso abundante, essas especies estao

    em competicao. Quando existe a competicao entre indivduos, os dois se prejudicam [9, 11].

    A competicao pode ocorrer entre indivduos da mesma especie, que chamamos de competicao

    intra-especfica e com indivduos de especies diferentes, que chamamos de interespecfica. De

    acordo com [8], nao e simples identificar se existe competicao entre duas especies. Um dos

    criterios para detectar a competicaoe se a presenca de uma especie em um dado local, impede

    que outra ocupe esse mesmo local. O uso de um recurso por uma especie dificulta o uso pela

    outra [8].

    Na decada de 1930, Gause realizou experimentos de laboratorio, utilizando tres especies de

    Paramecium, o P. caudatum, P. aureliae P. bursaria. Essas especies foram cultivadas em meio

    lquido, onde continham bacterias e celulas de levedura. Quando cultivados separadamente, as

    tres especies atingiram a capacidade de suporte estavel (ver figura 2.1 A, B, C). Quando culti-

    vadosP. caudatume P. aurelia juntos,P. aurelia levouP. caudatuma extincao (ver figura 2.1

    D). A impossibilidade de coexistencia das duas especiese devidoa maneira como elas apro-

    veitavam o recurso disponvel. As duas se alimentavam, principalmente de bacterias flutuantes

    no meio do lquido. Quando cultivadosP. caudatumeP. bursaria, as duas especies coexistiram

    (ver figura 2.1 E). Ficou claro que houve competicao entre as duas especies, pois a capacidade

    de suporte das duas foi reduzida. O motivo para ocorrer a coexistenciae que as duas especies

    utilizaram recursos diferentes. EnquantoP. caudatumse alimentava de bacterias flutuantes no

    meio aquoso,P. bursariase alimentava de celulas de leveduras encontradas no fundo dos tubos

    [1, 9].

  • 5

    Figura 2.1: Experimento de Gause que retrata a competicao deParameciumcultivados em meio

    lquido em tubos de ensaio, onde havia bacterias e celulas de levedura. Figura adaptada de [1]

    Diversos experimentos foram feitos com especies diferentes e levaram a resultados seme-

    lhantes. Isso leva ao princpio da exclusao competitiva, que diz que duas especies que utilizam

    o mesmo recurso limitante da mesma maneira nao podem coexistir de maneira indefinida [9, 1].

    Os resultados da competicao podem ser alterados por fatores ambientais, evolucao, per-

    turbacao e interacao entre as especies. Podemos citar como exemplo os fatores ambientais.

    Uma especie pode ser uma competidora inferior em um habitat e superior em outro [1].

    Observamos tambem uma interacao quee vantajosa para dois indivduos que a realizam.

    Essa interacao e chamada de mutualismo [11]. Essa interacao pode se dar pela busca por ali-

    mentos, polinizacao, dispersao, etc. Existe uma variacao de mutualismo, quee quando duas

    especies se associam de maneira obrigatoria e indissoluvel a qual chamamos de simbiose [12].

    Existem varios exemplos de mutualismo entre plantas e animais. Podemos citar como exemplo

    de mutualismo a associacao de formigas com uma certa especie deAcacia . A Acacia cor-

    nigeraserve de abrigo para as colonias de formigas do generoPogonomyrmex, das quais 150

    especies vivem com asAcacia. As formigas alojam-se nos espinhos e alimentam-se principal-

    mente atraves da extremidade modificada de fololos quee transformada em umorgao (orgao de

    Belt) rico em protena e lipdeos como tambem atraves de nectarios bem desenvolvidos e ricos

    em acucares. Se as formigas sao eliminadas, logo a planta se torna presa de animais herbvoros,

    seu crescimentoe desacelerado e sao dominadas por outras plantas [12].

    Mais da metade das especies que ocupam a Terra, se alimentam de outros organismos para

    sobreviver, seja matando e depois consumindo, seja consumindo pastagem. A caracterstica

    dessas especiese que existe uma relacao de exploracao que prejudica o organismo com o qual

  • 6

    eles interagem [1].

    Nestes termos, a predacao e caracterizada quando um organismo livre se alimenta de ou-

    tro. Com essa definicao, podemos considerar os herbvoros como predadores dos vegetais, os

    carnvoros como predadores dos herbvoros e, assim, os organismos que servem de alimento

    para outros sao classificados como presas [1]. Os fatores que determinam abusca por alimentos

    sao diversos. Os organismos podem ser atrados pelo odor do alimento, ou ao comer substancias

    como acucares que o estimulam a comer mais [12].

    Os predadores tem habitos distintos em relacao a busca por alimentos. Uns se movem em

    busca de suas presas como fazem os tubaroes, outros ficam esperando a presa chegar ao seu

    alcance [1].

    Os predadores tem um papel importante quee o de limitar o aumento indevido de uma

    determinada especie. A introducao de predadores em determinados ambientes, torna possvel o

    controle de outras especies que servem de presas para esses predadores [12].

    Geralmente, predadores nao mostram preferencie a determinda presa, eles consomem pela

    disponibilidade. Verificamos que se um predador prefere umapresa mesmo que ela esteja es-

    cassa, dizemos que elee um predador especialista [1]. A figura 2.2 mostra um predador especi-

    alista, lince-canadense (Lynx canadensis), e sua presa a lebre-alpina (Lepus americanus).

    Figura 2.2: Ilustracao de uma lebre-alpina (Lepus americanus) fugindo de seu predador especi-

    alista, lince-canadense (Lynx canadensis). Figura retirada de [1]

    Por outro lado, os predadores podem modificar seus habitos alimentares, mostrando pre-

    ferencia por outras presas que varia dependendo de suas abundancias relativas. Esse fenomeno

    conhecido comoswitchingfoi observado em insetos, peixes e aves [12].

    Algumas aves, por exemplo, nao comem certo tipo de inseto, quee seu favorito, quando

    ele se torna raro e passa a se alimentar de outro. Mas o incorpora na sua dieta, bruscamente,

    quando este se torna abundante novamente. Isso mostra como essas aves tem a aptidao de fazer

  • 7

    uma imagem de busca e a selecionar presas pouco visveis [12].

    O modelo presa-predador de Lotka-Volterrae um modelo de importancia historica na ma-

    tematica de sistemas ecologicos. Em [13], vimos que o modelo surgiu em meados da decada

    de 1920, quando Umberto DAncona, que era um biologo marinho italiano, desenvolveu en-

    tre 1910 e 1923, uma analise estatstica com dados sobre peixes vendidos nos mercados de

    Trieste, Fiume e Veneza. Com a suspensao da pesca em parte do mar Adriatico, durante a

    Segunda Guerra Mundial, Umberto DAncona mostrou que houveum aumento na frequencia

    relativa em algumas especies (predadores) e reducao da frequencia relativa de outras especies

    (presas). Com base nesses dados, Umberto DAncona propos a Vito Volterra a questao para

    que ele modelasse o comportamento das presas e dos predadores. Entao, Volterra encontrou

    um par de equacoes diferenciais para descrever o sistema. De acordo com [8], Lotka propos

    o modelo quase que simultaneamente nos Estados Unidos. Entao, o modelo ficou conhecido

    como modelo de Lotka-Volterra.

    Neste modelo, consideramos que tanto a concentracao de indivduos do tipo presa quanto do

    tipo predador sejam funcoes do tempot e que seus crescimentos dependam de suas respectivas

    taxas de natalidade e mortalidade. Rotulando porx a populacao de presas e pory a de predadores

    temos, em sua forma mais simples,

    dxdt

    = axbxy

    dydt

    = cy+dxy, (2.1)

    ondea, b, c e d sao constantes positivas. O parametroa e a taxa de crescimento das presas,c e

    a taxa de mortalidade dos predadores eb ed sao as medidas de interacao entre as duas especies.

    Esse sistema vem sendo explorado de varias maneiras. Em [2] foi estudado a interacao

    presa-predador de duas formas. Atraves de interacao local e de interacao global. A interacao

    locale feita apenas com pares de stios adjacentes em uma estrutura espacial. A interacao global

    e feita com teoria de campo medio. Na interacao global, qualquer stio da rede pode interagir.

    Foi observado que as amplitudes de oscilacao diminuem com o tamanho da rede como pode

    ser visto na figura 2.3. Ha uma diminuicao dos efeitos estocasticos no sistema quando a rede

    tende a ficar grande o suficiente.

  • 8

    Figura 2.3: Oscilacoes estocasticas em redes de dimensoes 3030, 5050, 100100 e 200

    200, onde o eixoX representa a concentracao de presas e o eixoY a concentracao de predadores.

    Figura retirada de [2].

    Em ecossistemas reais, onde muitas especies estao presentes, os predadores tem a possibi-

    lidade de encontrar diferentes presas [14]. Como foi mencionado anteriormente, os predadores

    podem modificar seus habitos alimentares e mostrar preferencia por outras presas que varia em

    funcao de sua abundancia relativa. Esse fenomenoe chamado deswitching[12].

    Esse efeitoe inserido atraves das funcoes de Tansky [15],

    K1(x,y) =a1

    1+(yx)n

    K2(x,y) =a2

    1+(xy)n , (2.2)

    ondex ey sao as concentracoes das duas especies de presa ea1 ea2 sao os termos de interacao.

    Deste modo, passamos a ter mais uma equacao no modelo de Lotka-Volterra (equacao 2.3).

    dxdt

    = 1xK1zx

    dydt

    = 2yK2zy

    dzdt

    = 3z+K1xz+K2yz, (2.3)

  • 9

    onde1 e a taxa de reproducao da presa tipo 1,2 e a taxa de reproducao da presa tipo 2,3e a taxa de mortalidade do predador ez representa a concentracao de predadores. A equacao

    2.3 tem as caractersticas deswitching. Quando uma populacao de uma especie de presa fica

    rara, o predador passa a escolher a outra especie de presa disponvel. Aqui n e a intensidade do

    switching. Quanto maior o valor den, mais rapido o sistema entra no seu estado de equlbrio

    [15].

    Nos estudos feitos por [5], os autores afirmam que o comportamento do predador em des-

    locar a preferencia de uma determinada presa por outra, funciona de maneira a estabilizar o

    sistema e garantir a coexistencia e a competicao permanente das especies.

    Ainda em [5],e verificado que sem utilizar o efeitoswitching, uma das especies de presa

    e extinta. E ao utilizar o efeitoswitching, o sistema converge assintoticamente para seu ponto

    de equilbrio. Isto e, o sistemae estabilizado como um todo e garante a coexistencia das tres

    especies. E a intensidade doswitching, n, e responsavel pela repidez com que o sistema atinge

    a estabilidade. Quanto maior a intensidade doswitching, mais rapido o sistema estabiliza.

    Devemos levar em conta que fatores como heterogeneidades ambientais e variacoes locais

    de densidade populacional, entre outros nao sao considerados no modelo presa-predador de

    Lotka-Volterra. No entanto, esses fatores podem ser relevantes para a dinamica do sistema

    [16]. Quando utilizamos modelo de campo medio, nao somos capazes de controlar variacoes

    ambientais, ou com quem a interacao sera feita. Com a modelagem utilizando estrutura espacial,

    podemos incluir parametros, de diversidade ambiental, por exemplo, como tambem a taxa de

    reproducao podendo variar de uma regiao para outra.

    A heterogeneidade ambiental pode ser verificada atraves da inclusao de recursos na es-

    trutura espacial [10]. Desta forma, as especies do tipo presa terao, apenas, a quantidade de

    recurso que estiver disponvel no stio em que esta inserida, para utilizar na sua perpetuacao. A

    heterogeneidade ambientale um fator que proporciona a diversidade das especies [1, 10].

    No modelo proposto em [10], as especies competem por recurso em uma estrutura espa-

    cial. Nesse modelo, recursos sao distribudos nos stios de uma rede quadrada com condicoes

    de contorno periodicas e as especies utilizam esses recursos para sua perpetuacao atraves da

    equacao (2.4)

    fki = min

    (

    Ri1Kk1+Ri1

    ,Ri2

    Kk2+Ri2, . . . ,

    RinKkn+Rin

    )

    (2.4)

    onde fki representa ofitnessda especiek no stio i. Rin representa o recurson no stio i e Kkn

  • 10

    representa a constante de meia-saturacao da especiek para o recurson. A constante de meia-

    saturacao reflete a quantidade de recurso que uma especie precisa para atingir a metade de sua

    taxa de reproducao maxima. Assim, com uma constante de meia-saturacao pequena, temos

    uma especie quee uma boa competidora naquele recurso, enquanto que para valores grandes, a

    especie naoe uma boa competidora no determinado recurso. Os autores trabalharam com esse

    tipo de equacao para a funcao de adaptacao porque se trata de recursos essenciais e, de acordo

    com a Lei de Liebig, o recurso essencial com menor quantidadelimita o crescimento de uma

    determinada especie.

    Simulacoes sao feitas em habitats homogeneos e heterogeneos.E verificado que ao aumen-

    tar o numero de recursos a coexistencia das especies passa a existir. Mas esse comportamento

    so e verificado em habitats heterogeneos.

    Em [17], foi considerado um modelo de duas presas e um predador em uma estrutura es-

    pacial, onde as especies do tipo presa competem entre si e existe um parametro de preferencia

    do predador por uma das presas. Observa-se que para redes pequenas (L = 50), nao obtem-

    se a coexistencia das tres especies. Mas para tamanhos grandes de rede (L = 200), e possvel

    obter a coexistencia das tres especies. Em linhas gerais, o autor mostra quee possvel obter

    coexistencia com as simulacoes em uma estrutura espacial, mesmo que o resultado esperado

    tenha uma grande chance de ser a extincao de uma das presas. O autor acredita que a extincao

    e devidoa competicao entre as presas.

    A destruicao, ou fragmentacao dos habitats sao fatores significantes que causam extincao

    das especies. Com a crescente devastacao do meio ambiente devidoas atividades humanas,

    o problema tornou-se ainda mais significativo [3]. Quando uma especie se extingue, muitos

    estudos investigam sua origem. Na maioria dos casos, nao se pode determinar a causa da

    extincao. Isto implica que a relacao causal entre a extincao de especies e destruicao de locais

    de habitate muito complexa [6].

    Um modelo de presa-predador em uma estrutura espaciale estudado em [3]. Ele investiga

    os efeitos da fragmentacao no sistema. O modelo considera uma especie de presa e uma especie

    predadora. Os recursos das especies nao sao infinitos e eles podem morrer se os recursos aca-

    barem. Os autores observam que a fragmentacao causa a extincao do predador mais rapido

    que da presa, istoe, o predador sofre mais com a fragmentacao (figura 2.4). A fragmentacao

    nao e benefica nem para o predador nem para a presa e diminui a chance de coexistencia.

    Quando a fragmentacao se torna muito grande, acaba por separar os indivduos, criando peque-

    nas populacoes que podem ser extintas mais facilmente.

  • 11

    Figura 2.4: Variacao do numero de indivduos no tempo para diferentes percentuais de

    fragmentacaocd. Figura retirada de [3].

    A relacao entre a destruicao de habitats e a extincao das especies foi estudada por [6]. Os

    autores consideram um modelo presa-predador e investigam ainfluencia da fragmentacao com

    modelo de campo medio e com simulacoes em uma rede. Os autores consideram que o predador,

    ao encontrar uma presa, consome e deposita sua prole no lugarda presa, e pode morrer com

    probabilidaded. A presa, ao encontrar um stio vazio, se reproduz com probabilidader. Na

    simulacao na rede, um indivduo so pode interagir com seu stio adjacente. Existe um parametro

    pquee o percentual de barreiras que sao colocadas entre dois stios vizinhos, que impede a presa

    de se mover de um stio para outro. Essa barreira nao impede a mobilidade do predador.

    Apesar de as barreiras nao afetarem os predadores de imediato, eles sentem mais essepro-

    cedimento. Com o aumento do percentual de barreiras, a densidade de predadores vai dimu-

    nuindo, ate serem extintos quandop atinge um valor proximo de 0.5 quee o valor de transicao

    de percolacao. Ja a densidade de presas nao evolui dessa maneira. Ela vai aumentando com o

    aumento dep, ate o valor proximo do valor de transicao de percolacao e, a partir desse ponto,

    passa a cair com o aumento dep. Os predadores sao extintos porque ficam isolados em pe-

    quenas regioes e conforme as regras de interacao, com o passar do tempo eles morrem. Ja as

    presas, mesmo quandop atinge o valor crtico, nao seriam extintas, a menos que seja inserido

    um parametro de morte.

    Ecologistas que estudam dinamica de populacoes preferem nao se preocupar com a possi-

  • 12

    bilidade de mudanca evolutiva que afetam seus organismos de estudo, pois o entendimento dos

    resultados de interacoes entre uma populacao de presas e predadores ja e uma tarefa complicada

    [18]. Fazer a suposicao de que os processos evolutivos sao muito lentos em escalas ecologicas

    facilita enormemente a tarefa de modelar as oscilacoes populacionais comumente observadas.

    Mas um estudo realizado por [19] mostra uma evidencia da hipotese de evolucao rapida.

    Em [19] foi observado que sob intensa predacao, a populacao de presas sofre mutacao e se

    torna resistente ao predador. Quando a maioria das presas sao resistentes, o numero de preda-

    dores cai. Embora a abundancia de presas seja recuperada, devidoa baixa pressao de predacao,

    as presas mutantes nao sao resistentes a ponto de suportarem os predadores sobreviventes, pois

    estes passam a consumir as presas mutantes. Assim, a populacao de predadores volta a crescer

    dando incio a um novo ciclo. A demonstracao de que evolucao em uma escala rapida de tempo

    leva a ciclos populacionais, nos motiva a investigar a importancia de evolucao em um sistema

    presa-predador.

    Nesta dissertacao, estamos investigando o papel da heterogeneidade ambiental atraves da

    adicao de recursos em uma estrutura espacial, onde duas especies do tipo presa utilizam esses

    recursos disponveis para se reproduzirem. A taxa de reproducao das presase dada pela equacao

    de Monod (equacao 2.4). Observamos em nossos estudos que quando se trata de um recurso,

    seja em habitats homogeneos ou heterogeneos, a especie que melhor aproveita o recurso dis-

    ponvel tende a sobreviver no habitat. Porem, quando temos dois recursos na rede e ambientes

    heterogeneos, uma especie que naoe boa competidora em um recurso numa regiao pode ser boa

    em outro recurso em outra regiao. Esse fato possibilita a coexistencia das tres especies na rede.

  • 13

    3 Habitats com um recurso

    Fatores como heterogeneidade ambiental e variacoes locais de densidade populacional, en-

    tre outros, nao sao considerados no modelo presa-predador de Lotka-Volterra. No entanto,

    esses fatores podem ser relevantes para a dinamica do sistema [16]. A heterogeneidade ambien-

    tal pode ser verificada atraves da inclusao de recursos na estrutura espacial [10]. Desta forma,

    as especies do tipo presa terao apenas a quantidade de recurso que estiver disponvel no stio

    em que estao inseridas para utilizar na sua perpetuacao. Neste captulo implementaremos um

    modelo de duas presas e um predador em uma estrutura espacialcom condicoes de contorno

    periodicas para habitats homogeneos e heterogeneos com um recurso.

    3.1 Habitats homogeneos

    Estudamos a interacao entre uma especie predadora e duas especies do tipo presa em uma

    estrutura espacial contendoN = LL stios com condicoes de contorno periodicas.

    Atraves de uma distribuicao de probabilidade uniforme (U(0,1)), preenchemos a rede com

    um recurso e cada stio recebeu a mesma quantidade deste recurso. Assim, temosuma rede ho-

    mogenea (figura 3.1). O passo seguintee determinar a vizinhanca de cada stio, pois a interacao

    e feita considerando os quatro stios mais proximos do stio em questao (figura 3.2). Considera-

    se stio vizinho aquele que fizer fronteira com o stio em questao. Desta forma, os stios das

    extremidades da rede teriam, pelo menos, um vizinho a menos.Mas as condicoes de contorno

    periodicas garantem a vizinhanca completa destes stios. Essa condicao de contorno periodica,

    implica que a rede esta totalmente ligada, ou seja, que suas extremidades se conectam (figura

    3.3).

    Atraves de uma distribuicao de probabilidade uniforme (U(0,1)), preenchemos a rede com

    duas especies de presa e uma especie predadora, onde cada especie tem a mesma probabilidade

    de ser escolhida (Figura 3.4).

  • 14

    Figura 3.1: Rede homogenea comL = 4. Os stios da rede possuem a mesma quantidade de

    recurso.

    Figura 3.2: Ilustracao es-

    quematica da vizinhanca do

    stio em amarelo para uma

    rede comL = 4.

    Figura 3.3: Ilustracao es-

    quematica da vizinhanca do

    stio em amarelo que esta na

    estremidade para uma rede

    homogenea comL = 4.

    Figura 3.4: Ilustracao esquematica dos stios de uma rede, onde os stios rotulados por O estao

    vazios, os rotulados por X, Y e Z sao presa tipo 1, presa tipo 2 e predador respectivamente. Os

    stios mais escuros sao os quatro vizinhos mais proximos da presa tipo 1.

  • 15

    Os recursos sao utilizados pelas presas para fins de reproducao atraves da equacao

    fi j =Rj

    Rj +Ki, (3.1)

    onde fi j e a taxa de reproducao da presai no stio j, Rj e a quantidade de recurso disponvel no

    stio j eKi e a constante de meia-saturacao da presai. A constante de meia-saturacao determina

    como uma especie aproveita o recurso disponvel em cada stio.

    Apos o preenchimento dos recursos, a construcao da vizinhanca e a distribuicao das especies,

    procedemos com a dinamica do modelo.

    1. escolhemos um stio aleatoriamente na rede;

    2. se o stio estiver vazio, voltamos ao passo 1;

    3. se o stio estiver ocupado por uma presa (tipo 1 ou 2) verificamos seexistem stios vazios

    na vizinhanca. Caso exista, a especie se reproduz com probabilidadefi j (quee referente

    a especiei no stio j) e coloca sua prole no stio vazio. Caso exista mais de um stio vazio

    na vizinhanca, o stio em que colocara sua prolee escolhido aleatoriamente;

    4. se o stio estiver ocupado por um predador, verificamos se ha em sua vizinhanca stios

    ocupados por presas. Se houver, com probabilidaderp o predador consome uma presa

    vizinha e deposita sua prole no lugar. Caso exista mais de um stio ocupado por uma

    presa, escolhemos aleatoriamente. O predador morre com probabilidadem;

    5. contamos um passo de tempo depois de visitadosN stios.

    3.1.1 Resultados

    Fizemos simulacoes para taxa de mortalidade do predador 0.1 m 0.9 e sua taxa de

    reproducao 0.1 rp 0.9 em uma rede homogenea. Consideramos valores das constantes de

    meia-saturacao das presas no intervalo 0.1 Ki 0.9 comi = 1,2. Atribumos valores paraK1

    sempre menores queK2, de forma que a presa do tipo 1 sempre possui maior taxa de reproducao

    que a presa do tipo 2.

    Observamos que quando a taxa de reproducao do predador for menor que a sua taxa de

    morte o predadore extinto da rede e as presas tomam todo o espaco. Elas coexistem na rede

    porque o fator de morte das presase o ataque do predador e, uma vez que ele foi extinto,e uma

    questao de tempo para elas ocuparem toda a rede (figuras 3.5 e 3.6).

  • 16

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 3.5: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.1, K1 = 0.1

    eK2 = 0.2.

    Figura 3.6: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.1, K1 = 0.1 eK2 = 0.2.

    Pararp = 0.2 em= 0.1, o padrao que normalmente encontramose a coexistencia da presa

    tipo 1, quee a mais apta, com o predador (figuras 3.7 e 3.8).E um comportamento esperado,

    pois as duas presas competem pelo mesmo recurso e a que melhorse adaptar, vai se desenvolver

    e levar a outraa extincao [9].

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 3.7: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.2, K1 = 0.1

    eK2 = 0.2.

    Figura 3.8: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.2, K1 = 0.1 eK2 = 0.2.

    Quando utilizamos a taxa de reproducao do predador com o valorrp = 0.5 e mantemos

    sua taxa de mortalidade emm= 0.1, observamos um comportamento diferente do esperado.

  • 17

    A presa tipo 1e extinta e a presa tipo 2 coexiste com o predador na rede como esta mostrado

    nas figuras 3.9 e 3.10. Esse padrao tem poucas chances de acontecer. Ha alguns fatores que

    poderiam propiciar esse comportamento. As especies tem baixo poder de busca por recursos,

    pois elas so interagem com seus vizinhos de fronteira. Desta forma, os predadores so consomem

    as presas que estao ao seu alcance imediato e os stios vazios que ficam no entorno das presas

    servem de protecao para elas. A presa tipo 1 tem taxa de reproducao maior que a presa tipo

    2, isso faz com que a primeira se reproduza mais e isso proporciona mais indivduos para o

    predador consumir. Como a presa tipo 2 ficou em menor numero, teve menos chance de ser

    consumida. Desta forma, o predador ficou sem recurso suficiente e sofreu uma diminuicao

    significativa em sua populacao. Assim, as presas puderam se reproduzir mais livremente,ate

    o sistema atingir a sua configuracao de estabilidade. Podemos observar na figura 3.10 que nao

    ha uma regiao predileta, pois todos os stios tem a mesma quantidade de recursos. As presas

    tipo 2 que restaram se perpetuam por todos os stios disponveis, aumentando a quantidade de

    indivduos das duas especies sobreviventes ate atingirem a configuracao de estabilidade.

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    50000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 3.9: Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.5, K1 = 0.2 eK2 = 0.4.

  • 18

    t=1 t=10 t=20

    t=40 t=60 t=100

    t=150 t=180 t=210

    t=250 t=500 t=3000

    Figura 3.10: Evolucao temporal da distribuicao das especies na rede apos 1, 10, 20, 40, 60, 100,

    150, 180, 210, 250, 500 e 3000 passos de tempo param= 0.1, rp = 0.5, K1 = 0.2 eK2 = 0.4.

    Um comportamento fora do esperado tambem e encontrado para os parametrosm= 0.1,

    rp = 0.4, K1 = 0.8 eK2 = 0.9. As tres especies coexistem na rede, mas com as duas especies de

    presa sofrendo grandes variacoes no numero de indivduos como mostra a figura 3.11. O com-

    portamento nao era esperado, porque em [9]e mostrado que quando duas especies competem

    por umunico recurso, a especie que melhor se adaptar, ira dominar, levando a outraa extincao.

    Mas, devemos levar em conta que existe a influencia do predador, que naoe considerada em [9]

    e [10]. O habitat heterogeneo tem relacao direta com a diversidade de especies, pois quando a

    quantidade de habitats cresce, o numero de especies tambem cresce. Quando a quantidade de

  • 19

    habitats se torna muito grande, o numero de especies diminui [10].

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 3.11: Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.4, K1 = 0.8 eK2 = 0.9.

    A figura 3.12 representa o diagrama de fase para habitats homogeneos com um recurso.

    Observamos que para 0.1 m 0.2 tres estados sao possveis. O estado em que o predador

    e extinto e as duas presas sobrevivem na redee representado pela cor ciano. O estado em que

    a presa tipo 2e extinta e sobrevivem a presa tipo 1 e o predador correspondea cor azul. O

    estado em que as tres especies sao extintas corresponde a cor violeta. Por fim, os pontos re-

    presentados pela cor marrom, sao aqueles em que nao houve predominancia de nenhum estado.

    Chamamos de estado nao definido. Com o aumento derp, os estados mudam de coexistencia

    das duas presas com a extincao do predador para a coexistencia da presa tipo 1 com o predador

    e continuando a aumentar, passamos para a extinao das tres especies.

    Param 0.3, observamos dois estados apenas (ver figura 3.12). Quando temosrp m, o

    predadore extinto e as duas presas ocupam toda a rede. Quandorp > m, a presa tipo 1, que tem

    a maior taxa de reproducao, fica coexistindo com o predador e a presa tipo 2e extinta.

  • 20

    m=0.1

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.2

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.3

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

  • 21

    m=0.4

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.5

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.6

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

  • 22

    m=0.7

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.8

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.9

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

  • 23

    Presa tipo 1 e Presa tipo 2 apenas

    Presa tipo 1 e Predador apenas

    Nenhum estado predomina

    Extino das trs especies

    Figura 3.12: Diagrama de fase para o habitat homogeneo com 1 recurso e parametros 0.1 m 0.9, 0.1 rp 0.9, 0.1 K1 0.8 e 0.2 K2 0.9.

    3.2 Habitats Heterogeneos

    Subdividimos a rede em sub-redes de tamanhos iguais, e atraves de uma distribuicao de

    probabilidade uniforme (U(0,1)) em cada sub-rede inserimos a mesma quantidade de recurso.

    Deste modo, criamos habitats heterogeneos (Figura 3.13). O passo seguintee determinar a

    vizinhanca de cada stio, pois a interacao e feita considerando os quatro stios mais proximos

    do stio em questao. Como no caso da rede homogenea, considera-se stio vizinho aquele que

    fizer fronteira com o stio em questao. Quanto aos stios das extremidades, tambem procedemos

    da mesma forma que no caso visto da rede homogenea. Apos a construcao da rede, inserimos

    as especies. Atraves de uma distribuicao de probabilidade uniforme (U(0,1)), preenchemos

    a rede com duas especies de presa e uma especie predadora, onde cada especie tem a mesma

    probabilidade de ser escolhida (Figura 3.4).

  • 24

    Figura 3.13: Rede dividida em 4 regioes distintas com o mesmo tamanho. Os stios de cada

    regiao possuem a mesma quantidade de recurso.

    Os recursos sao utilizados pelas presas para fins de reproducao atraves da equacao

    fi j =Rj

    Rj +Ki, (3.2)

    onde fi j e a taxa de reproducao da presai no stio j, Rj e a quantidade de recurso disponvel no

    stio j eKi e a constante de meia-saturacao da presai. A constante de meia-saturacao determina

    como uma especie aproveita o recurso disponvel em cada stio.

    Apos a subdivisao da rede, a construcao da vizinhanca, o preenchimento dos recursos, e a

    distribuicao das especies, procedemos com a dinamica do modelo, quee identica a do modelo

    com habitat homogeneo.

    3.2.1 Resultados

    Fizemos simulacoes neste ambiente heterogeneo com um recurso para taxa de mortalidade

    do predador 0.1 m 0.9 e para cadam variamos a sua taxa de reproducao no intervalo

    0.1 rp 0.9. Consideramos valores das constantes de meia-saturacao das presas no intervalo

    0.1 Ki 0.9 comi = 1,2. Atribumos valores paraK1 sempre menores queK2, de forma que

    a presa do tipo 1 sempre possui maior taxa de reproducao que a presa do tipo 2 em uma dada

    regiao.

    Observamos que param= 0.1 e rp = 0.1 o predadore extinto e as duas presas preenchem

    toda a rede para quaisquer valores das constantes de meia-saturacao das presas (figuras 3.14

    e 3.15). Nesse caso, as duas especies de presa coexistem, porque ounico fator que as levaa

    mortee o ataque do predador. Como ele foi extinto, as presas irao competir pelo recurso e a que

  • 25

    melhor se adaptar tera o maior numero de indivduos na rede.

    No caso em que utilizamos 0.2 rp 0.4 e o mesmo valor dem= 0.1, verificamos que

    a presa do tipo 1 coexiste com o predador e a presa do tipo 2e extinta da rede (figuras 3.16

    e 3.17). O comportamento observado nas figuras 3.16 e 3.17e esperado, pois quando duas

    especies competem pelo mesmo recurso, a que melhor se adapta ao recurso, se desenvolve mais

    e acaba por levar a outraa extincao [9].

    0 500 1000 1500 2000 2500 3000PASSOS DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 3.14: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.1, K1 = 0.1

    eK2 = 0.2.

    Figura 3.15: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.1, K1 = 0.1 eK2 = 0.2.

    0 500 1000 1500 2000 2500 3000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 3.16: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.2, K1 = 0.1

    eK2 = 0.2.

    Figura 3.17: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.2, K1 = 0.1 eK2 = 0.2.

  • 26

    Quando aumentamos a taxa de reproducao do predador pararp = 0.5 e mantemos a taxa de

    mortalidade emm= 0.1 observamos um comportamento diferente do esperado. A presa tipo 1

    e extinta e a presa tipo 2 coexiste com o predador na rede como mostram as figuras 3.18 e 3.19.

    Este comportamento tem poucas chances de ocorrer. O raio de atuacao tanto dos predadores

    quanto das presas se restringe, apenas, aos quatro stios vizinhos que fazem fronteira com seu

    stio o que dificulta na busca por recurso. Devidoa baixa taxa de reproducao da presa tipo 2

    em relacaoa da presa tipo 1, associado com o pequeno raio de atuacao dos predadores, a presa

    tipo 1 foi logo extinta, deixando stios vazios ao redor da presa tipo 2 de modo que estes stios

    serviram de protecao para essas presas. Deste modo, os predadores ficaram sem presas ao seu

    alcance imediato, vindo a quase serem extintos tambem. Assim, as presas sobreviventes se

    reproduziram mais livremente ate que ambas as especies obtivessem recursos suficientes para

    sobreviverem. Se olharmos para os tresultimos instantaneos da figura 3.19, veremos que existe

    uma regiao que nao e muito habitada. Isso se devea baixa taxa de reproducao da presa, pois

    naquela regiao a quantidade de recursoe muito pequena.

    0 500 1000 1500 2000 2500 3000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    50000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 3.18: Variacao do numero de indivduos param= 0.1, rp = 0.5, K1 = 0.1 eK2 = 0.8.

  • 27

    t=1 t=10 t=20

    t=40 t=60 t=100

    t=150 t=250 t=350

    t=450 t=500 t=3000

    Figura 3.19: Evolucao temporal da distribuicao espacial das especies na rede apos 1, 10, 20, 40,

    60, 100, 150, 250, 350, 450, 500 e 3000 passos de tempo param= 0.1, rp = 0.5, K1 = 0.1 e

    K2 = 0.8.

    Podemos ter uma visao melhor dos resultados a partir das figuras 3.20 a 3.25. Paracada

    conjunto de parametro realizamos dez simulacoes. Mostramos o percentual de sobrevivencia de

    cada especie param= 0.1, rp = 0.5 erp = 0.6. Observando as figuras 3.20 e 3.21, percebemos

    que com o aumento da taxa de reproducao do predador, a presa 1 sofre uma queda no percentual

    de sobrevivencia.

  • 28

    Presa 1

    90 80 70 60 50 40 30

    0.1 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8

    K1 0.2 0.3

    0.4 0.5

    0.6 0.7

    0.8 0.9

    K2

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    %

    Figura 3.20: Ilustracao do percentual de

    sobrevivencia para a presa tipo 1 comm=

    0.1 erp = 0.5 como funcao dos parametros

    K1 eK2.

    Presa 1

    60 50 40 30 20 10

    0.1 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8

    K1 0.2 0.3

    0.4 0.5

    0.6 0.7

    0.8 0.9

    K2

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    %

    Figura 3.21: Ilustracao do percentual de

    sobrevivencia para a presa tipo 1 comm=

    0.1 erp = 0.6 como funcao dos parametros

    K1 eK2.

    Nas figuras 3.22 e 3.23 percebemos que ha uma rugosidade maior pararp = 0.6 do que para

    rp = 0.5. Isso nos diz que a variacao do percentual de sobrevivenciae maior noultimo caso.

    Nas figuras 3.24 e 3.25 tambem observamos que o percentual de sobrevivencia varia em torno

    de um valor menor quando a taxa de reproducao do predador aumenta.

    Presa 2

    60 50 40 30 20 10

    0.1 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8

    K1 0.2 0.3

    0.4 0.5

    0.6 0.7

    0.8 0.9

    K2

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    %

    Figura 3.22: Ilustracao do percentual de

    sobrevivencia para a presa tipo 2 comm=

    0.1 erp = 0.5 como funcao dos parametros

    K1 eK2.

    Presa 2

    60 50 40 30 20 10

    0.1 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8

    K1 0.2 0.3

    0.4 0.5

    0.6 0.7

    0.8 0.9

    K2

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    %

    Figura 3.23: Ilustracao do percentual de

    sobrevivencia para a presa tipo 2 comm=

    0.1 erp = 0.6 como funcao dos parametros

    K1 eK2.

  • 29

    Predador

    100 90 80 70 60 50 40 30 20

    0.1 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8

    K1 0.2 0.3

    0.4 0.5

    0.6 0.7

    0.8 0.9

    K2

    10 20 30 40 50 60 70 80 90

    100

    %

    Figura 3.24: Ilustracao do percentual de

    sobrevivencia para o predador comm= 0.1

    e rp = 0.5 como funcao dos parametrosK1

    eK2.

    Predador

    50 40 30 20 10

    0.1 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8

    K1 0.2 0.3

    0.4 0.5

    0.6 0.7

    0.8 0.9

    K2

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    %

    Figura 3.25: Ilustracao do percentual de

    sobrevivencia para o predador comm= 0.1

    e rp = 0.6 como funcao dos parametrosK1

    eK2.

    A figura 3.26 representa o diagrama de fase para o habitat heterogeneo com um recurso.

    Podemos observar que para 0.1 m 0.2 existem os estados de coexistencia da presa tipo 1

    com a presa tipo 2, representado pela cor ciano, da presa tipo1 com o predador, representado

    pela cor azul, presa tipo 2 com o predador, representado pelacor cinza, das tres especies, repre-

    sentado pela cor verde, bem como pontos em que nao houve predominancia de nenhum estado,

    representado pela cor marrom. Param 0.3, passamos a ter as faixas de coexistencia das duas

    presas e extincao do predador, que ocorre quandorp m, e coexistencia da presa tipo 1 com o

    predador, que ocorre quandorp > m.

  • 30

    m=0.1

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.2

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.3

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

  • 31

    m=0.4

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.5

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.6

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

  • 32

    m=0.7

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.8

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

    m=0.9

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k1

    k 2

    r p

  • 33

    Presa tipo 2 com o Predador apenas

    Coexistncia das trs espcies

    Presa tipo 1 e Presa tipo 2 apenas

    Presa tipo 1 e Predador apenas

    Nenhum estado predomina

    Extino das trs especies

    Figura 3.26: Diagrama de fase para o habitat heterogeneo com 1 recurso e parametros 0.1

    m 0.9, 0.1 rp 0.9, 0.1 K1 0.8 e 0.2 K2 0.9.

  • 34

    4 Habitats com dois recursos

    Neste captulo, investigaremos a interacao entre duas presas e um predador em uma rede

    quadrada com condicoes de contorno periodicas contendoLL stios (L= 256), utilizando dois

    recursos diferentes em redes homogeneas e heterogeneas. Essas presas utlizam os recursos que

    estiverem nos stios para sua perpetuacao. Deste modo, a taxa de reproducao das presas nao e

    fixa, vai depender do recurso que estiver disponvel no stio. Encontramos coexistencia das tres

    especies e a coexistencia de uma das presas e o predador. Outro fato bastante interessantee o

    de que encontramos a formacao de uma ilha isolada quando utlizamos dois recursos em redes

    heterogeneas.

    4.1 Habitats Homogeneos

    Atraves de uma distribuicao de probabilidade uniforme (U(0,1)) preenchemos a rede com

    a mesma quantidade de dois recursos, de modo que cada stio tem a mesma quantidade de dois

    recursos distintos. Assim, temos uma rede homogenea com dois recursos em cada stio (figura

    4.1). Como passo seguinte, temos que determinar a vizinhanca de cada stio, pois a interacao

    e realizada considerando os quatro stios mais proximos do stio em questao. Considera-se

    stio vizinho aquele que fizer fronteira com o stio em questao (figura 3.2). Quanto aos stios

    das extremidades, as condicoes de contorno periodicas completam os stios vizinhos que ve-

    nham a faltar (figura 3.3). Apos a construcao da rede, inserimos as especies. Atraves de uma

    distribuicao de probabilidade uniforme (U(0,1)), preenchemos a rede com duas especies de

    presa e uma especie predadora e stios vazios, onde cada estado tem a mesma probabilidade de

    ser escolhido (Figura 3.4).

  • 35

    Figura 4.1: Ilustracao esquematica de uma rede homogenea com dois recursos em cada stio.

    Os recursos sao utilizados pelas presas para fins de reproducao atraves da equacao

    fi j = min

    (

    R1 jR1 j +Ki1

    ,R2 j

    R2 j +Ki2

    )

    , (4.1)

    onde fi j e a taxa de reproducao da presai no stio j, Rl j com l = 1,2 e a quantidade do recurso

    l disponvel no stio j e Kil e a constante de meia-saturacao da presai para o recursol . A

    constante de meia-saturacao determina como uma especie aproveita o recurso disponvel em

    cada stio. Uma especie que tenha baixo valor da constante de meia-saturacao sera uma boa

    competidora naquele habitat. Se tem um valor alto,e uma competidora fraca naquele habitat.

    Nos variamos as constantes de meia-saturacao da seguinte forma: a presa tipo 1, por exemplo,

    tem constantes de meia-saturacao dadas porK11= 0.1 eK12= 0.2. Para as constantes de meia-

    saturacao da presa tipo 2, teramosK21 = 0.2 e K22 = 0.1. Isto e, invertemos as constantes.

    Assim varremos os valores deK11 de 0.1 a 0.8 eK12 de 0.2 a 0.9.

    Apos a subdivisao da rede, a construcao da vizinhanca, o preenchimento dos recursos, e a

    distribuicao das especies, procedemos com a dinamica do modelo, quee identicaa de habitats

    com um recurso.

    4.1.1 Resultados

    Fizemos simulacoes em uma rede homogenea com tamanhoL = 256, variando a taxa de

    mortalidade do predador em 0.1 m 0.9 e para cadam variamos sua taxa de reproducao em

    0.1 rp 0.9. Nossos resultados sao coerentes com os resultados observado na literatura, pois

    a especie que melhor aproveita o recurso, sobrevive e leva a outraa extincao [1, 10]. Porem,e

    possvel obter coexistencia das tres especies.

    Podemos observar das figuras 4.2 e 4.3, que os indivduos que sobrevivem sao, apenas, a

    presa tipo 2 e o predador. Sao resultados condizentes com os resultados experimentaisvistos

    em [1, 10], pois a especie que sobrevive em um habitate a que melhor aproveita o recurso

  • 36

    disponvel, uma vez que a taxa de reproducao da presa tipo 1 em qualquer stio j da redee

    de f1 j = 0.43 e da presa tipo 2f2 j = 0.60, mostrando que a presa tipo 2e mais adaptada ao

    ambiente que a presa tipo 1.

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 4.2: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.2,K11= 0.1,

    K12 = 0.2, K21 = 0.2 eK22 = 0.1.

    Figura 4.3: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 = 0.2, K21 =

    0.2 eK22 = 0.1.

    Nas figuas 4.4 e 4.5, observamos que ha coexistencia das tres especies. Vemos na figura 4.4

    que as duas presas mudam a dominancia no habitat. Isso mostra que as duas especies estao em

    competicao constante, uma vez que a taxa de reproducao da presa tipo 1 e tipo 2 tem o mesmo

    valor de 0.47.

  • 37

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 4.4: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.2,K11= 0.1,

    K12 = 0.5, K21 = 0.5 eK22 = 0.1.

    Figura 4.5: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 = 0.5, K21 =

    0.5 eK22 = 0.1.

    Ja nas figuras 4.6 e 4.7, utilizamos o valor da taxa de reproducao rp = 0.5 e a mesma

    taxa de mortalidadem= 0.1 do predador. Neste caso, nao e observado coexistencia das tres

    especies para nenhum valor das constantes de meia-saturacaoKi j . Temos esse comportamento

    padrao para esses parametros, porque a taxa de reproducao do predador tem um valor elevado,

    tornando-o eficiente na busca por alimentos. Isso dificulta asobrevivencia da presa mais fraca.

    Podemos observar, ainda, que o numero de indivduos da especie predadora diminuiu por volta

    de 50% em relacao ao caso mencionado na figura 4.2.

  • 38

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    50000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 4.6: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.5,K11= 0.1,

    K12 = 0.2, K21 = 0.2 eK22 = 0.1.

    Figura 4.7: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 = 0.2, K21 =

    0.2 eK22 = 0.1.

    A figura 4.8 representa o diagrama de fase do habitat homogeneo com 2 recurso. Para

    0.1 m 0.2, observamos a coexistencia da presa tipo 1 com a presa tipo 2, representado pela

    cor ciano, da presa tipo 1 com o predador, representado pela cor azul, e da presa tipo 2 com o

    predador, representado pela cor cinza. Observamos tambem a extincao das tres especies, repre-

    sentado pela cor violeta, a sobrevivencia da presa tipo 1, apenas, representado pela cor preta e

    pontos em que nao houve predominancia de nenhum dos estados possveis, representado pela

    cor marrom. Param 0.3 nao existe mais extincao das especies. Observamos a sobrevivencia

    dos dos tipos de presa e a morte do predador, ou a sobrevivencia de uma das presas com o

    predador.

  • 39

    m=0.1

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.2

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.3

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

  • 40

    m=0.4

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.5

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.6

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

  • 41

    m=0.7

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.8

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.9

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

  • 42

    Presa tipo 1 apenas

    Presa tipo 2 com o Predador apenas

    Coexistncia das trs espcies

    Presa tipo 1 e Presa tipo 2 apenas

    Presa tipo 1 e Predador apenas

    Nenhum estado predomina

    Extino das trs especies

    Figura 4.8: Diagrama de fase para o habitat homogeneo com 2 recurso e parametros 0.1 m

    0.9, 0.1 rp 0.9, 0.1 K11 0.8, 0.2 K12 0.9,K21 = K12 eK22 = K11.

    4.2 Habitats heterogeneos

    Subdividimos a rede em sub-redes de tamanhos iguais, e atraves de uma distribuicao de pro-

    babilidade uniforme (U(0,1)) em cada sub-rede inserimos a mesma quantidade de dois recursos

    distintos. Deste modo, criamos habitats heterogeneos com dois recursos cada (Figura 4.9).

    Como passo seguinte, temos que determinar a vizinhanca de cada stio, pois a interacaoe feita

    considerando os quatro stios mais proximos do stio em questao. Considera-se stio vizinho

    aquele que fizer fronteira com o stio em questao (figura 3.2). Quanto aos stios das extremi-

    dade, as condicoes de contorno periodicas completam os stios vizinhos que venham a faltar

    (figura 3.3). Apos a construcao da rede, inserimos as especies. Atraves de uma distribuicao

    de probabilidade uniforme (U(0,1)), preenchemos a rede com duas especies de presa e uma

    especie predadora, onde cada especie tem a mesma probabilidade de ser escolhida (Figura 3.4).

  • 43

    Figura 4.9: Ilustracao esquematica de uma rede heterogenea com quatro habitats e dois recursos

    em cada habitat.

    Os recursos sao utilizados pelas presas para fins de reproducao atraves da equacao

    fi j = min

    (

    R1 jR1 j +Ki1

    ,R2 j

    R2 j +Ki2

    )

    , (4.2)

    onde fi j e a taxa de reproducao da presai no stio j, Rl j com l = 1,2 e a quantidade do recurso

    l disponvel no stio j e Kil e a constante de meia-saturacao da presai para o recursol . A

    constante de meia-saturacao determina como uma especie aproveita o recurso disponvel em

    cada stio. Uma especie que tenha baixo valor da constante de meia-saturacao sera uma boa

    competidora naquele habitat. Se tem um valor alto,e uma competidora fraca naquele habitat.

    Apos a subdivisao da rede, a construcao da vizinhanca, o preenchimento dos recursos, e a

    distribuicao das especies, procedemos com a dinamica do modelo, quee identica a de habitats

    com um recurso.

    4.2.1 Resultados

    Fizemos simulacoes em uma rede heterogenea com dois recursos diferentes e utilizamos

    para essas simulacoes a taxa de mortalidade do predador variando em 0.1 m 0.9 e para

    cadam variamos a sua taxa de reproducao de 0.1 rp 0.9. Para cada valor dem e rp temos

    duas constantes de meia-saturacao. Assim, a presa tipo 1 aproveita bem um recurso, mas nao

    consegue aproveitar bem o outro e o mesmo acontece com a presatipo 2.

    Em nossas simulacoes, encontramos a coexistencia das especies como podemos ver nas

    figuras 4.10 e 4.11. Como existe mais de uma regiao e as especies tem mais de uma constante

    de meia-saturacao, elas permanecerao no ambiente mais adequado para sua sobrevivencia.

  • 44

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 4.10: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.2,K11= 0.1,

    K12 = 0.2, K21 = 0.2 eK22 = 0.1.

    Figura 4.11: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.2, K11 = 0.1, K12 = 0.2, K21 =

    0.2 eK22 = 0.1.

    Quando aumentamos a taxa de reproducao do predador pararp = 0.5 e mantemos a taxa de

    mortalidade emm= 0.1, tambem observamos coexistencia como podemos ver nas figuras 4.12

    e 4.13.

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    50000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 4.12: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.5,K11= 0.1,

    K12 = 0.3, K21 = 0.3 eK22 = 0.1.

    Figura 4.13: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 = 0.3, K21 =

    0.3 eK22 = 0.1.

  • 45

    A figura 4.13 mostra a configuracao final da rede. Percebemos que a presa tipo 1 esta

    localizada no canto superior direito, onde a presa tipo 2 esta em menor numero. Isso nos mostra

    que as especies ficam alojadas onde melhor se adaptam e que a heterogeneidade tem influencia

    na diversidade das especies [20].

    As constantes de meia-saturacao influenciam no estado final do sistema. Vemos nas figu-

    ras 4.14 e 4.15 que mesmo utilizando a mesma taxa de reproducao e mortalidade e mudando

    as constantes de meia-saturacao, o estado final do sistemae diferente. Temos a sobrevivencia

    da presa tipo 1 com o predador. Observamos, ainda, que existeuma barreira no canto inferior

    direito da figura 4.15 que nao e habitada por especies. Issoe um resultado que esta em con-

    cordania com observacoes, pois a heterogeneidade ambiental produz barreiras querestringem a

    perpetuacao das especies em certos habitats [20].

    0 2000 4000 6000 8000 10000PASSO DE TEMPO

    0

    10000

    20000

    30000

    40000

    50000

    NU

    ME

    RO

    DE

    IND

    IVID

    UO

    S

    presa 1presa 2predador

    Figura 4.14: Variacao do numero de in-

    divduos param= 0.1, rp = 0.5,K11= 0.1,

    K12 = 0.4, K21 = 0.4 eK22 = 0.1.

    Figura 4.15: Estado final da rede param=

    0.1, rp = 0.5, K11 = 0.1, K12 = 0.4, K21 =

    0.4 eK22 = 0.1.

    Atraves de nossas analises, podemos concluir que o tipo de habitat influi a diversidade das

    especies, mas que as caractersticas das especies que vivem nestes habitats tambem contribuem

    para sua sobrevivencia. As figuras 4.16 e 4.17 mostram que quando aumentamos a taxa de

    reproducao do predador derp = 0.2 pararp = 0.5, a coexistencia das tres especies acontece

    com menor probabilidade.

  • 46

    Percentual de Coexistencia

    100 90 80

    0.1 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8

    K11 0.2 0.3

    0.4 0.5

    0.6 0.7

    0.8 0.9

    K12

    70

    80

    90

    100

    %

    Figura 4.16: Ilustracao do percentual de coexistencia param= 0.1 erp = 0.2 como funcao das

    constentes de meia-saturacaoK11 eK12.

    0.1 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8 0.2

    0.3 0.4

    0.5 0.6

    0.7 0.8

    0.9

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    %

    Percentual de Coexistencia

    80 70 60 50 40 30 20

    K11

    K12

    %

    Figura 4.17: Ilustracao do percentual de coexistencia param= 0.1 erp = 0.5 como funcao das

    constentes de meia-saturacaoK11 eK12.

    A figura 4.18 representa o diagrama de fase para o habitat heterogeneo com 2 recursos. Para

    0.1 m 0.2 obtemos a coexistencia da presas tipo 1 com a presa tipo 2, quee representado

    pela cor ciano, das tres especies, quee representado pela cor verde, da presa tipo 1 com o pre-

    dador, representado pela cor azul, da presa tipo 2 com o predador, representado pela cor cinza.

    Observamos tambem a extincao das tres especies, representado pela cor violeta e pontos em

    que nao houve predominancia de nenhum dos estados possveis, representado pela cor marrom.

    Comm= 0.3, encontramos alguns pontos em que nao houve a predominancia de nenhum dos

    estados possveis, mas que ja estao bem definidas as faixas de coexistencia dos dois tipos de

    presa com a extincao do predador e da coexistencia das tres especies.

  • 47

    m=0.1

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.2

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.3

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

  • 48

    m=0.4

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.5

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.6

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

  • 49

    m=0.7

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.8

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

    m=0.9

    0.0 0.2 0.4 0.6 0.8

    0.0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1.0

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    k11

    k 12

    r p

  • 50

    Presa tipo 2 com o Predador apenas

    Coexistncia das trs espcies

    Presa tipo 1 e Presa tipo 2 apenas

    Presa tipo 1 e Predador apenas

    Nenhum estado predomina

    Extino das trs especies

    Figura 4.18: Diagrama de fase para o habitat heterogeneo com 2 recurso e parametros 0.1

    m 0.9, 0.1 rp 0.9, 0.1 K11 0.8, 0.2 K12 0.9,K21 = K12 eK22 = K11.

  • 51

    5 Conclusao

    Em nosso trabalho, investigamos um modelo de duas presas e umpredador em uma estru-

    tura espacial com recursos disponveis nos stios para as presas utilizarem para sua perpetuacao.

    Atraves desses recursos, fomos capazes de construir um ambiente heterogeneo, visto que cons-

    truimos sub-redes (quatro), de tamanhos iguais, para simular esses ambientes. Obtivemos re-

    sultados que estao de acordo com a literatura, mas encontramos resultados novos.

    Fizemos simulacoes em uma rede quadrada com condicoes de contorno periodicas (L =

    256) e admitimos que so poderia haver a interacao entre indivduos que estivessem em stios

    adjacentes. Assim, simulamos com um e dois recursos em habitats homogeneos e heterogeneos.

    Quando utilizamos um recurso em habitats homogeneos com taxa de mortalidade igual a

    taxa de reproducao do predador,rp m, observamos que o predador vaia extincao e as duas

    presas ocupam toda a rede, pois aunica causa de morte da presae o ataque do predador.

    Quando aumentamos a taxa de reproducao do predador pararp = 0.2, observamos a so-

    brevivencia de uma das presas, convivendo com o predador e a extincao da outra presa. O

    experimento de Gause com as tres especies deParamecium, visto em [1, 9], mostraram que

    quando duas especies competem pelo mesmo recurso, uma acaba por levar a outra a extincao.

    A presa que melhor se adaptava ao recurso que estava disponvel, sobrevivia. Isso mostra que

    nossos resultados estao de acordo com os resultados obtidos na literatura. Com a taxa de mor-

    talidade do predadorm 0.3, temos dois regimes. Quandorp m havera a coexistencia das

    duas presas e a extincao do predador. Quandorp > m, apenas a presa tipo 1 sobrevive com o

    predador.

    No entanto, encontramos um resultado que nao era esperado. Pararp = 0.5 e m= 0.1, a

    presa tipo 2, mais fraca, sobrevive com o predador na rede e a presa tipo 1, mais forte,e ex-

    tinta. Como a presa tipo 1 se reproduz com mais eficiencia e o predador consome com bastante

    eficiencia, o predador acaba por ficar isolado, pois so pode interagir com stios adjacentes. Sem

    ter presas em sua vizinhanca, o numero de indivduos da especie predadora diminui considera-

    velmente. A presa tipo 2 encontra espaco para se reproduzir, sem a interferencia do predador,

  • 52

    ate o ponto em que o sistema atinja a estabilidade. O que podemosconcluir desse resultado

    e que as condicoes desfavoraveis para a presa tipo 2, nao ter a maior taxa de reproducao e

    estar em menor numero, possibilitaram a sua sobrevivencia, mostrando que com um predador

    relativamente forte, a baixa taxa de reproducao pode ser uma estrategia de defesa.

    E importante lembrar que estee um modelo estocastico e que com essa caracterstica, os

    resultados dependem dos valores dos recursos depositados,da disposicao das especies na rede,

    tornando um estado com poucas chances de ocorrer.

    Encontramos um resultado incomum param= 0.1 e rp = 0.4. A coexistencia das tres

    especies. Observamos da figura 3.11 que as presas tipo 1 e 2, sofrem grandes oscilacoes no

    numero de seus indivduos. Esse resultado mostra que as duas especies de presa estao compe-

    tindo. O resultado parece nao ser coerente com o princpio da exclusao competitiva vista em

    [1, 9]