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CARINE MACHADO DE ALMEIDA EVOLUÇÃO SEDIMENTOLÓGICA E PALEOECOLÓGICA DA PLATAFORMA CARBONÁTICA DO PARCEL DOS ABROLHOS, BAHIA, BRASIL Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Geoquímica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Geociências. Área de Concentração: Geoquímica Ambiental ORIENTADORA: DRª. CÁTIA FERNANDES BARBOSA CO-ORIENTADOR: DR. RENATO CAMPELLO CORDEIRO Niterói 2009

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Page 1: CARINE MACHADO DE ALMEIDA§ão de mestrado... · ensinamentos de vida e pela força e paciência principalmente na reta final deste trabalho. E a minha família mineira Silvana Canaverde,

CARINE MACHADO DE ALMEIDA

EVOLUÇÃO SEDIMENTOLÓGICA E PALEOECOLÓGICA DA PLATAFORMA

CARBONÁTICA DO PARCEL DOS ABROLHOS, BAHIA, BRASIL

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geoquímica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Geociências. Área de Concentração: Geoquímica Ambiental

ORIENTADORA: DRª. CÁTIA FERNANDES BARBOSA

CO-ORIENTADOR: DR. RENATO CAMPELLO CORDEIRO

Niterói

2009

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CARINE MACHADO DE ALMEIDA

EVOLUÇÃO SEDIMENTOLÓGICA E PALEOECOLÓGICA DA PLATAFORMA

CARBONÁTICA DO PARCEL DOS ABROLHOS, BAHIA, BRASIL

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geoquímica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Geociências. Área de Concentração: Geoquímica Ambiental

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Profª Drª Cátia Fernandes Barbosa – Orientadora

Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________

Profª Drª Ana Luiza Spadano Albuquerque

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________

Profª Drª Bárbara Segal Ramos

Universidade Federal do Rio de Janeiro

____________________________________________________

Profª Drª Claudia Gutterres Vilela

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Niterói 2009

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À minha mãe, pelo

amor, apoio e carinho,

em todos os momentos

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha orientadora, Dra Cátia F. Barbosa pela amizade e

confiança no meu trabalho, pela excelente orientação, paciência e disponibildade

durante toda orientação e pela incansável ajuda principalmente na reta final. Ao meu

co-orientador professor Dr. Renato C. Cordeiro, pela amizade, pela coleta do

testemunho, pela ajuda nas análises e pelas incansáveis e intermináveis discussões

sobre a filosofia da vida.

Ao professor Dr. José Carlos Seoane (Cainho) pela maravilhosa ajuda na

coleta e pelo incentivo e apoio durante todo o trabalho. A minha amada amiga Dra

Patrícia Oliveira Silva, pela maravilhosa amizade e pela orientação na vida e no

meio científico, por sempre me proporcionar através de doces palavras à segurança

que preciso pra continuar acreditando no meu trabalho.

Aos colegas de trabalho Gerson Fermino e Alessandra Farias pelo excelente

trabalho realizado ao longo deste projeto, sem o qual muitas interpretações não

seriam possíveis.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de mestrado. Aos professores do

Departamento de Geoquímica da UFF, pelos ensinamentos científicos e

acadêmicos. Em especial ao prof Dr. Bruno Turcq, pelo grande incentivo e interesse

e valiosos esclarecimentos e pela ajuda para realização das datações, ao professor

Dr. Marcelo Bernardes, pela grande ajuda, conselhos e principalmente auxílio nas

interpretações geoquímicas. À professora Ana Luiza S. Albuquerque pelas

maravilhosas aulas que contribuiram para realização das interpretações e pela

minunciosa correção na pré-banca. Ao prof. Dr. Abdelfetah Sifeddine que tive o

prazer de conhecer na reta final deste trabalho e mesmo em tão pouco tempo de

convívio me ajudou a olhar de maneira crítica e elucidativa os resultados

encontrados. Agradeço também aos funcionários do Departamento de Geoquímica

em especial ao secretário Nivaldo Camacho pelo seu profissionalismo, pelo bom

humor e por estar sempre disposto a me ajudar com a burocracia e dúvidas

cotidianas.

Ao meu querido amigo e professor de inglês Guilherme Martins pela amizade,

por sempre me colocar para cima e por não medir esforços para colaborar em meu

crescimento pessoal e científico.

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Aos colegas e amigos que fiz neste departamento ao longo desses dois anos

de trabalho, em especial aos amigos mais que essenciais, Gerson Dias, Camila

Lobo, Yvaga Poti, e Ludmila pela maravilhosa amizade, risadas e apoio ao longo de

muitos anos. Ao Fabio pela ajuda com as planilhas e por estar sempre disposto a me

socorrer, a Luciane por estar sempre disposta a me ajudar e me ouvir e a todos os

outros amigos do departamento, sem os quais este curso não teria sido o mesmo.

Aos meus amados amigos de laboratório Silvia Lisboa, Martina Prazeres, Alan,

Thais Lamana, Michelle Hollerbach, Rodrigo Portilho, Patrícia Oliveira, por

mostrarem que os dias mais difíceis de trabalho podem ser prazeroso quando se

tem amigos, pelas risadas e ensinamentos cotidianos.

Aos amados amigos Marina Duque, Taia Borba, Robson, Marcos Paulo, Lívia,

Carolina Barros, Rafaela Alencar, pois sem essas maravilhosas figuras minha vida

não seria tão colorida. E as crianças amadas que enfeitam minha vida, Caio,

Wellington Junior (Jup), Miguel e João Gabriel.

Ao meu namorado Pedro Steiner pelo amor, pelo companheirismo, pelos

ensinamentos de vida e pela força e paciência principalmente na reta final deste

trabalho. E a minha família mineira Silvana Canaverde, Yasmin Canaverde,

Gustavo, Camomila, Filpo e aos amigos das mantiqueiras, maravilhosos exemplos

de vida e amor. A minha querida amiga e irmã do coração Raquel Gavazzi e sua

família Lenice e Eduardo por estarem em minha vida a tanto tempo me incentivando

e acreditando no meu potencial.

A minha maravilhosa família Selma Costa, Cláudio, Gabriel, Sonia, Vicente,

Fabinho, Laise, Bruninha e a minha amada prima que mesmo distante fisicamente

está perto de coração Flavinha, seu marido Bryan e as pequenas Jaime e Emily. E

ainda aos mais especiais formadores dessa base maravilhosa que é a família Diva

Almeida e Sydonio Almeida (in memorial) duas pessoas que são exemplo de vida,

amor e união. A minha amada irmã Bianca Almeida pelas orações pelo amor, por ser

exemplo de ser humano e de fé.

E a mais amada de todas, a minha querida mãe Cleoneia, pela força, garra,

superação e determinação. Por sempre me ensinar não só o valor dos estudos, mas

principalmente por me ensinar que o caráter, a simplicidade, a humildade e a

perseverança são a base para a construção de um ser humano.

E finalmente agradeço a todos que passaram em minha vida e que, de

alguma forma, contribuíram para a construção de quem sou hoje.

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“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”.

Isaac Newton

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RESUMO

O Complexo Recifal dos Abrolhos, Bahia, Brasil é o ecossistema recifal mais importante do Atlântico Sul, devido a sua alta biodiversidade e importância na produção de sedimento biogênico e carbonático. Este trabalho objetivou o estudo da deposição sedimentar e paleoecológica deste sistema, ao longo do Quaternário superior com base na quantificação dos padrões de distribuição da fauna de foraminíferos bentônicos e de características físicas e geoquímicas. A análise de um testemunho sedimentar de dois metros de comprimento denominado AB05-1 coletado na plataforma carbonática a leste do Arquipélago dos Abrolhos, em coluna d’água de vinte e três metros de profundidade sugere que: mudanças nos padrões de sedimento e matéria orgânica, podem ter modificado a comunidade de foraminíferos bentônicos sendo resultado de mudanças climáticas e oceanográficas em diferentes escalas espaciais e temporais ao longo dos últimos cinco mil anos A.P. O testemunho foi sub-amostrado transversalmente totalizando noventa amostras e quatro foram escolhidas para datação pelo método do 14C (AMS). Foram realizadas análises granulométricas, mineralógicas, carbono orgânico total (COT), nitrogênio total, razão C/N, além dos isótopos de 13C e 15N. Para as análises paleoecológicas, os foraminíferos foram lavados em peneira 0,063mm, triados, identificados em nível genérico e separados em grupos tróficos. O sedimento da base do testemunho foi datado por radiocarbono em 5.230 anos cal. A.P. O tamanho dos grãos mostrou uma granodecrescência ascendente, sugerindo uma diminuição da hidrodinâmica para o recente, ou deposição aumento da sedimentar. Os resultados de matéria orgânica sugerem um aumento do teor de carbono orgânico total para o recente e mais ainda de nitrogênio total, conseqüentemente a razão C/N diminuiu, sugerindo um aumento da produção fitoplanctônica e/ou aumento da produtividade da estrutura recifal dos chapeirões adjacentes. Os valores para o δ13C variaram entre -21 e -18‰ ao longo de todo o testemunho, sugerindo que não houve aporte terrígeno ao longo do tempo. Os foraminíferos com endossimbiontes (Peneroplis e Archaias) diminuíram ao longo do tempo e gêneros heterotróficos (Miliolinella e Cornuspira) e tolerantes ao estresse (Bolivina, Elphidium e Ammonia) aumentaram da base para o topo, o que pode estar relacionado às mudanças observadas na granulometria e no aporte de matéria orgânica. Tais mudanças podem estar relacionadas a alterações em escala regional, como mudanças nos padrões de vento e do clima e oscilações do nível relativo do mar ao longo dos anos, ou como resposta de um fator local levado pela evolução da estrutura recifal do arco externo ao longo do Quaternário recente desde os últimos cinco mil anos A.P. A utilização de parâmetros faunísticos juntamente com estudos físicos e geoquímicos no sedimento apresentou boa resolução no entendimento da evolução paleoecológica da plataforma carbonática do Arquipélago dos Abrolhos. Palavras-chave: paleoecologia; sedimentologia; mineralogia; foraminífero

bentônico; geoquímica; sudoeste do Atlântico.

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ABSTRACT

The Complex Reef of Abrolhos , located in the State of Bahia, Brazil, is the most important coral reef ecosystem of the South Atlantic due to its great biodiversity and importance for carbonate and biogenic sediment production. The purpose of this work was the study of palaeoecological and sedimentary evolution of this system along the late Quaternary by the use of standard benthic foraminiferal methods besides physical and geochemical analysis. This analysis was conducted on a two-meter-long core (AB05-1), which was collected at a twenty-three-meters water depth at a carbonate platform to the east of the Abrolhos Archipelago. It was suggested that some changes in the sedimentological and organic matter inputs might have caused changes on the benthic foraminiferal community, as a result of climate and oceanographic variations at different spatial and time scales within the last five thousand years. The core was transversally sectioned and sub-samples at each two-centimeter was retrieved totalizing ninety samples, from which four were sampled to be dated by the 14C method. Moreover, some granulometric, mineralogic, Total Organic Carbon (TOC), total nitrogen, C/N ratio, besides 13C and 15N isotopes analyses were conducted to the paleoecological analyses. The foraminifera were washed, through a 0,063mm mesh sieve , picked up, identified and separated in trophic groups. After the radiocarbon dating the sediment at the base of the core was found to be 5.230 years (cal. B.P.). The grain size decresed toward the top of the core, what suggested lower hydrodynamic conditions to the recent. The organic matter results suggested an increase of TOC and further increase of total Nitrogen, which consequently diminishes the C/N ratio and suggested an increase of phytoplankton and/or increase of coral reefs productivity from the nearby goblet shape structures of the “chapeirões”. The δ13C values ranged from -21‰ to -18‰ in all parts of the studied core, suggesting the non-existence of continental land influence on this system along the studied period. Simbiont-bearing foraminifera (Peneroplis and Archaias) diminished toward the top of the core, and heterotrophic genera (Miliolinella and Cornuspira) as well as stress tolerant genera (Bolivina, Elphidium and Ammonia) increased. This could be related to changes observed in grain size and organic matter, what can be linked to regional alterations, such as changes in wind, and climate patterns, and sea-level oscillation along the years. However, it could have been the result of a local factor caused by the evolution of the coral reef structure during the late Quaternary along the last five thousand years. In conclusion, the use of faunistic parameters with geochemical and physical studies on the sediment showed a good resolution on the paleoecological evolution of the carbonate platform on the Abrolhos Archipelago.

Keywords: paleoecology; sedimentology; mineralogy; benthic foraminifera;

geochemistry; southwest Atlantic.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 MAPA DO MUNDO MOSTRANDO A DISTRIBUIÇÃO DOS TRÊS PRINCIPAIS

SETORES DE CARBONATO ONDE OS SEDIMENTOS SÃO PRODUZIDOS E ACUMULADOS (MODIFICADO DE BOSENCE E WILSON, 2003) ................................... 19

FIGURA 2 ORGANISMOS CONSTRUTORES DE SEDIMENTO BIOGÊNICO CARBONÁTICO E SUA DISTRIBUIÇÃO EM LATITUDE (FONTE: HTTP://WWW.GEOLOGIE.UNI-STUTTGART.DE/ONLINE_KURSE/VIRTFOSS) ACESSADO EM: 15/12/2008. ................................................................................................... 20

FIGURA 3 DISTRIBUIÇÃO DOS AMBIENTES RECIFAIS NO BRASIL (FONTE: MAIDA E FERREIRA, 2004) ....................................................................................................................... 21

FIGURA 4 PRINCIPAIS FATORES QUE INFLUEM NAS VARIAÇÕES DOS PALEONÍVEIS DO MAR (FONTE: SUGUIO ET AL., 2005) ............................................................................ 24

FIGURA 5 CURVA MÉDIA DE VARIAÇÕES DO PALEONÍVEL DO MAR NOS ÚLTIMOS 7.000 ANOS A.P. AO LONGO DA COSTA BRASILEIRA EM CONFRONTO COM A CURVA DA ÁREA DE SALVADOR. (FONTE: SUGUIO E TESSLER, 1984 APUD SUGUIO ET AL., 2005). ............................................................................................................. 26

FIGURA 6 CURVA DE NÍVEL DO MAR PARA SALVADOR (FONTE: HTTP://WWW.UNB.BR/IG/SIGEP/SITIO071/SITIO071.HTM). ACESSADO EM 20/04/2008. .................................................................................................................................. 26

FIGURA 7 COMBINAÇÃO DE FONTES DISTINTAS DE RAZÃO C/N E VALORES DE Δ13C DE FITOPLÂNCTON, ALGAS LACUSTRES, PLANTAS TERRESTRES C3 E PLANTAS TERRESTRES C4 (MODIFICADA DE MEYERS,1994) ....................................................... 29

FIGURA 8 A) FORAMINÍFEROS COM ENDOSSIMBIONTES, B) FORAMINÍFEROS HETEROTRÓFICOS. (FONTE: HTTP://WWW.MARINE.USF.EDU/FACULTY/PAMELA-HALLOCK-MULLER.SHTML). ACESSADO EM 20/12/2008. .............................................. 33

FIGURA 9 FORAMINÍFEROS TOLERANTES AO ESTRESSE (FONTE: HTTP://WWW.MARINE.USF.EDU/FACULTY/PAMELA-HALLOCK-MULLER.SHTML). ACESSADO EM 20/12/2008. .................................................................................................... 33

FIGURA 10 MAPA DA REGIÃO DE CARAVELAS E EM DESTAQUE O ARQUIPÉLAGO DOS ABROLHOS (FONTE: LEÃO, 2002) .............................................................................. 35

FIGURA 11 MAPA GEOLÓGICO COM MODELO PARA O ARCABOUÇO TECTONO-MAGMÁTICO DA REGIÃO DO COMPLEXO VULCÂNICO DE ABROLHOS (FONTE: SOBREIRA E FRANÇA, 2006). ................................................................................................ 36

FIGURA 12 BANCOS RECIFAIS (ESQUERDA) E PINÁCULOS OU CHAPEIRÕES (DIREITA) (MODIFICADO DE LEÃO E KIKUCHI, 2003) ..................................................... 40

FIGURA 13 DIAGRAMA ILUSTRANDO A DISTRIBUIÇÃO DOS SEDIMENTOS SUPERFICIAIS DO FUNDO NAS ÁREAS INTERRECIFAIS DE ABROLHOS (DADOS DE ACORDO COM LEAO, 1982, LEAO E GINSBURG, 1997. MODIFICADO DE LEAO E DUTRA, 2005).......................................................................................................................... 41

FIGURA 14 LOCALIZAÇÃO DO TESTEMUNHO AB05/01, A LESTE DO ARQUIPÉLAGO DE ABROLHOS, BAHIA, BRASIL (FONTE: FERMINO, 2007, MODIFICADO DE BARBOSA ET AL., 2006). ......................................................................................................... 44

FIGURA 15 (A) FOTOMONTAGEM DO TESTEMUNHO AB05-01 COM ESCALA EM CM. (B) DIAGRAMA DO TESTEMUNHO AB05-01 DEMONSTRANDO OS NÍVEIS DE AMOSTRAGEM PARA DATAÇÃO DE 14C E CLASSIFICAÇÃO DE COR E TEXTURA (MODIFICADO DE FERMINO, 2007) ...................................................................................... 45

FIGURA 16 FRAGMENTOS DE CONCHAS DE MOLUSCOS AMOSTRADAS PARA DATAÇÃO 14C. ............................................................................................................................ 47

FIGURA 17 : (A) FOTOMONTAGEM DO TESTEMUNHO (B) VALORES DE DATAÇÕES CAL ANOS A.P. (MODIFICADO DE FERMINO, 2007) ........................................................ 52

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FIGURA 18 GRÁFICO IDADE CAL A.P. X PROFUNDIDADE EM CM DO TESTEMUNHO AB05-1. OS NÚMEROS ACIMA DE CADA LINHA REPRESENTAM AS TAXAS DE SEDIMENTAÇÃO PARA CADA INTERVALO DATADO. ..................................................... 53

FIGURA 19 GRANULOMETRIA DO TESTEMUNHO AB05-1 (FONTE: FERMINO, 2007). .. 54 FIGURA 20 DIAGRAMA SILTE/AREIA/ARGILA DAS AMOSTRAS DO TESTEMUNHO

AB05-1 (FONTE: FERMINO, 2007) ......................................................................................... 55 FIGURA 21 PORCENTAGEM DE AREIA, SILTE E ARGILA DO TESTEMUNHO AB05-1 ... 56 FIGURA 22 DISTRIBUIÇÃO DOS CARBONATOS DO TESTEMUNHO AB05-1 (FONTE:

FARIAS, 2008) ............................................................................................................................. 57 FIGURA 23 GRANULOMETRIA E MINERALOGIA DO TESTEMUNHO AB05-1(FONTE

FARIAS, 2008) ............................................................................................................................. 58 FIGURA 24 VALORES DE COT (%), NITROGÊNIO (%) E RAZÃO C/N PARA O

TESTEMUNHO AB05-1. ............................................................................................................ 59 FIGURA 25 COMPOSIÇÃO ISOTÓPICA PARA 15N E 13C (‰) AO LONGO DO

TESTEMUNHO AB05-01. .......................................................................................................... 60 FIGURA 26 ABUNDÂNCIA ABSOLUTA DE INDIVÍDUOS DE FORAMINÍFEROS

BENTÔNICOS (IND./10ML) (À ESQUERDA) E RIQUEZA DE GÊNEROS (À DIREITA) DO TESTEMUNHO AB05-1. ..................................................................................................... 61

FIGURA 27 DIVERSIDADE DE SHANNON-WIENER (H’) E EQUITATIVIDADE DE PIELOU (J’) DO TESTEMUNHO AB05-1. .............................................................................................. 62

FIGURA 28 ABUNDÂNCIA ABSOLUTA DE FORAMINÍFEROS COM ENDOSSIMBIONTES (IND./10ML) AO LONGO DO TESTEMUNHO AB05-1. ........................................................ 64

FIGURA 29 ABUNDÂNCIA ABSOLUTA DE GÊNEROS HETEROTRÓFICOS (IND./10ML) DO TESTEMUNHO AB05-1. ..................................................................................................... 65

FIGURA 30 ABUNDÂNCIA ABSOLUTA DE GÊNEROS TOLERANTES AO ESTRESSE (IND./10ML) DO TESTEMUNHO AB05-1. .............................................................................. 66

FIGURA 31 ESTAÇÕES DE COLETA DE SEDIMENTO PARA TAMANHO MÉDIO DO GRÃO NO VERÃO (À ESQUERDA) E INVERNO (À DIREITA), A ESCALA DE CORES CORRESPONDE AO TAMANHO DOS GRÃOS; A SETA EM VERMELHO APONTA AS ESTAÇÕES AB-3V-20 E AB-3I-20 RESPECTIVAMENTE, PRÓXIMO AO LOCAL DE COLETA DO TESTEMUNHO AB05-1 (MODIFICADO DE OLIVEIRA-SILVA, 2008). ..... 69

FIGURA 32 RAZÃO C/N X ISÓTOPOS DE 13C PARA O TESTEMUNHO AB05-01. ............. 72 FIGURA 33 PORCENTAGEM DE NITROGÊNIO TOTAL, COT(%) E Δ15N PARA O

TESTEMUNHO AB05-1. ............................................................................................................ 73 FIGURA 34 ABUNDÂNCIA ABSOLUTA DOS GÊNEROS DE FORAMINÍFEROS

BENTÔNICOS (IND/10ML) DO TESTEMUNHO AB05-1, ONDE A SETA EM VERMELHO REPRESENTA O PONTO DE MENOR ABUNDÂNCIA DE GÊNEROS AJEITAR CURVA PELO STATISTICA. ................................................................................... 75

FIGURA 35 ABUNDÂNCIA ABSOLUTA (IND./10ML) PARA OS GÊNEROS AMPHISTEGINA, ARCHAIAS, BOLIVINA, ELPHIDIUM E QUINQUELOCULINA. .......... 76

FIGURA 36 MAUNDER MINIMUM NA HISTÓRIA DE 400 ANOS DE ATIVIDADES SOLARES (FONTE: HTTP://EN.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/MAUNDER_MINIMUM. ACESSADO EM 24/11/2009) .................................................................................................... 77

FIGURA 37 PORCENTAGEM DE SILTE E AREIA. A SETA EM VERMELHO REPRESENTA O PONTO DE MUDANÇA BRUSCA NO PADRÃO DE SEDIMENTAÇÃO (55CM). ....... 78

FIGURA 38 PORCENTAGEM DE CADA GRUPO TRÓFICO NAS UNIDADES DO TESTEMUNHO AB05-1 ............................................................................................................. 80

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO DE COLETA ............................................................. 43 TABELA 2 PONTOS AMOSTRADOS PARA DATAÇÃO DO TESTEMUNHO AB05-1. ......... 46 TABELA 3 IDADES 14C CALIBRADAS DO TESTEMUNHO AB05-1 ........................................ 51 TABELA 4 TAXA DE SEDIMENTAÇÃO MÉDIA PARA AS 3 UNIDADES DATADAS DO

TESTEMUNHO AB05-1 ............................................................................................................. 53 TABELA 5 GRUPOS DE GÊNERO ÍNDICE DE FORAMINÍFEROS BENTÔNICOS .............. 63

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMS – Espectrometria de Massa com Aceleradores (Accelerator Mass

Spectrometry).

A.P. – antes do presente.

A.D. – anos domênicos.

COT – carbono orgânico total.

Ind – indivíduos.

IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15 2 BASE TEÓRICA ................................................................................................. 18 2.1 PLATAFORMA CARBONÁTICA E RECIFES DE CORAL ........................... 18

2.2 ASPECTOS BIOLÓGICOS E BIOGEOQUÍMICOS DE AMBIENTES RECIFAIS .................................................................................................................. 22 2.3 OSCILAÇÕES DO NIVEL DO MAR NO BRASIL ......................................... 23 2.3.1 Conceitos gerais ........................................................................................ 23 2.3.2 Variações no Brasil .................................................................................... 25

2.3.3 Evolução dos recifes na costa da Bahia .................................................. 26 2.4 GEOQUIMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA ................................................... 27 2.4.1 C/N e δ 13C, identificadores de fonte de matéria orgânica ...................... 28

2.4.2 Concentração de carbono orgânico e nitrogênio total ........................... 29 2.4.3 Valores de δ 15N .......................................................................................... 30 2.5 FORAMINÍFEROS ....................................................................................... 30

2.5.1 Paleoecologia ............................................................................................. 30 2.5.2 Foraminíferos bentônicos em recifes de coral ........................................ 32

3 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................ 34 3.1 ASPECTOS GERAIS ................................................................................... 34 3.2 ASPECTOS GEOLÓGICOS ........................................................................ 35

3.3 ASPECTOS CLIMÁTICOS E OCEANOGRÁFICOS .................................... 36 3.4 ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS ........................................................... 38

3.4.1 Morfologia da costa continental adjacente .............................................. 38 3.4.2 Tipos de recife ............................................................................................ 39 3.5 SEDIMENTOLOGIA ..................................................................................... 40

4 METODOLOGIA ................................................................................................. 43

4.1 COLETA ....................................................................................................... 43

4.2 ABERTURA DO TESTEMUNHO ................................................................. 43 4.3 DESCRIÇÃO DO TESTEMUNHO ............................................................... 46

4.4 DATAÇÃO POR 14C ..................................................................................... 46 4.4.1 Taxa de sedimentação ............................................................................... 47 4.5 GRANULOMETRIA ...................................................................................... 47

4.6 MINERALOGIA ............................................................................................ 48 4.7 TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA, NITROGÊNIO, δ13C E δ15 N .................. 48

4.8 ANÁLISE DE MICROFÓSSEIS .................................................................... 49 4.9 ANÁLISE DE DADOS .................................................................................. 49 5 RESULTADOS .................................................................................................... 51

5.1 DATAÇÃO .................................................................................................... 51 5.1.1 Taxa de sedimentação ............................................................................... 52

5.2 ASPECTOS SEDIMENTARES .................................................................... 53 5.2.1 Granulometria ............................................................................................. 54

5.2.2 Mineralogia ................................................................................................. 57 5.3 GEOQUÍMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA ................................................... 58 5.3.1 Carbono orgânico total e nitrogênio total ................................................ 58 5.3.2 Isótopos estáveis de Carbono (δ13C) e nitrogênio (δ15N) ....................... 59 5.4 FORAMINÍFEROS ....................................................................................... 60 5.4.1 Abundância e riqueza de gêneros ............................................................ 60 5.4.2 Índice de diversidade ................................................................................. 61

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5.4.3 Níveis tróficos ............................................................................................ 62

6 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 67 6.1 GEOQUÍMICA .............................................................................................. 67 6.1.1 Histórico deposicional, hidrodinâmico e mineralógico da plataforma carbonática de Abrolhos ........................................................................................ 67 6.1.2 Geoquímica da matéria orgânica .............................................................. 71

6.2 FORAMINÍFEROS ....................................................................................... 74 6.2.1 Foraminíferos e mudanças ambientais. ................................................... 74 6.2.2 Níveis tróficos ............................................................................................ 78 6.3 INTERPRETAÇÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................... 82 7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 85

8 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 86 APÊNDICES ........................................................................................................... 104

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1 INTRODUÇÃO Os recifes de corais brasileiros, de uma maneira geral, e o Complexo Recifal

dos Abrolhos, em particular, são ecossistemas de extrema importância no Oceano

Atlântico, pois concentram um grande número de espécies endêmicas e suportam

grande biodiversidade (MOURA, 2000; LEÃO, 2002). Durante a época Holocênica,

oscilações no nível do mar causaram efeitos bastante profundos na evolução destes

recifes (ANDRADE et al., 2003). Segundo Martin et al.(1998) e Leão e Ginsburg

(1997), durante a última regressão os topos dos recifes ficaram expostos à erosão

marinha, dissolução e bioerosão, e as comunidades viventes nesse ambiente

emerso ficaram expostas às fortes radiações solares e aos altos níves de

sedimentação e turbidez das águas. Um outro fator que também foi determinante

para a estabilização deste ambiente recifal foi o sistema de circulação oceânica e

atmosférica durante o Holoceno, o qual foi o maior responsável pelo padrão de

dispersão do sedimento desta região (BITTENCOURT et al., 2000).

A presença de construções carbonáticas, e em especial de recifes ao longo

da costa brasileira, é uma característica marcante (SANTOS et al., 2007). A taxa de

deposição em recifes tropicais é fortemente influenciada pelo retrabalhamento e pela

deposição de partículas de organismos, tais como: esqueleto de moluscos,

foraminíferos, crustáceos e equinodermos, além da bioerosão dos próprios corais

(KLEYPAS et al., 2006). Dentre estes organismos contribuidores de ambientes

recifais, os foraminíferos, são reconhecidos mundialmente como um dos mais

importantes na construção de sedimentos carbonáticos. Segundo Langer et al

(1997), estes protozoários contribuem com aproximadamente 43 milhões de

toneladas de CaCO3 para os oceanos do mundo por ano, sendo 34 milhões

acumuladas em sedimentos recifais.

Entradas de nutrientes nos ecossistemas recifais (MOBERG e FOLKE, 1999;

BELLWOOD et al., 2004; COSTA Jr et al., 2006; COSTA Jr., 2007; COSTA Jr. et al.,

2008), aumento da temperatura (BUDDEMEIER et al., 2004; KLEYPAS et al., 2006;)

e da sedimentação (BITTENCOURT et al., 2000; DUTRA et al., 2004; SEGAL et al.,

2008), podem ser responsáveis por um declínio da cobertura coralínea e

desestabilização destes ambientes. Estes fatores podem causar maior proliferação

de organismos heterotróficos, macroalgas e produção fitoplanctônica acarretando

em um aumento da bioerosão e diminuição da entrada de luz no sistema alterando

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os padrões de sedimentação e dificultando o recrutamento e estabelecimento de

comunidades coralíneas. Além disso, estes fatores podem dificultar a ação dos

organismos simbiontes (zooxantelas) que habitam organismos como os corais e

foraminíferos com endossimbiontes (HALLOCK et al., 2003).

Alguns gêneros de foraminíferos bentônicos, como a Amphistegina spp.

requerem as mesmas condições ambientais que os corais. Por isso, vêm sendo

utilizados como bioindicadores no monitoramento da saúde ambiental de sistemas

coralíneos (HALLOCK, 1984; MACHADO e MORAES, 2001; HALLOCK et al., 2003;

BARBOSA et al., 2005, 2006; OLIVEIRA-SILVA et al., 2006; OLIVEIRA-SILVA,

2008; LAMANA, 2007; LISBOA, 2007; PRAZERES, 2007; ARAÚJO e MACHADO,

2008; SCHUETH e FRANK, 2008). As vantagens do monitoramento através dos

foraminíferos, incluem o curto ciclo de vida, o que diminui o tempo de resposta aos

estresses ambientais, a facilidade de amostragem, que não danifica o meio, bem

como sua capacidade de preservação como fóssil (BOLTOVSKOY, 1965). Através

de sua capacidade de preservação, estudos com estes microfósseis podem auxiliar

na reconstituição de paleoambientes e elucidar muitas questões pretéritas sobre o

sistema em questão (BOLTOVSKOY et al., 1980; TINOCO, 1989).

Estes organismos podem ser separados de acordo com o nível trófico em

foraminíferos com endossimbiontes, heterotróficos e oportunistas (HALLOCK et al.,

2003). Posteriormente, CARNAHAN et al., 2008; e CARNAHAN et al., no prelo,

definiu os organismos denominados “oportunistas” como “tolerantes ao estresse” e

aqueles previamente definidos como “heterotróficos” como “outros pequenos”

foraminíferos uma vez que os taxa tolerantes ao estresse também são pequenos e

heterotróficos. Assim, espera-se encontrar em ambientes recifais saudáveis,

abundância de foraminíferos com endossimbiontes (COCKEY et al., 1996) e um

número reduzido de outros pequenos foraminíferos heterotróficos e tolerantes ao

estresse. As assembléias mudam seus padrões de abundância e diversidade de

acordo com os parâmetros abióticos, e devido ao seu curto ciclo de vida, respondem

rapidamente a mudanças na sedimentação, teor de matéria orgânica, oxigênio,

nutrientes e diversos outros parâmetros ambientais (ARAUJO e MACHADO, 2008).

Desta forma, este trabalho tem como objetivo o conhecimento da sucessão

deposicional da plataforma carbonática do parcel dos Abrolhos ao longo do

Quaternário superior com base na quantificação dos padrões de distribuição da

fauna de foraminíferos bentônicos e de características físicas e geoquímicas, tais

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como; granulometria e geoquímica da matéria orgânica. Para alcançar este objetivo

foi analisado um testemunho sedimentar de 2m de comprimento coletado no

Arquipélago dos Abrolhos, Bahia, Brasil, utilizando técnicas de paleoecologia de

foraminíferos, com ênfase nos parâmetros de carbono orgânico total (COT),

porcentagem de nitrogênio total, razão C/N, isótopos de 13C e 15N, e dados

secundários de mineralogia e granulometria. Para estudos paleoecológicos foi feita a

identificação dos gêneros de foraminíferos bentônicos com intuito de análise

temporal e de padrões de abundância e índices de diversidade. Além disso, foi

elaborada a correlação dos padrões de distribuição dos foraminíferos com os dados

granulométricos e da composição elementar e isotópica da matéria orgânica.

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2 BASE TEÓRICA 2.1 PLATAFORMA CARBONÁTICA E RECIFES DE CORAL

Os sedimentos siliciclásticos são derivados de processos relacionados ao

clima, tais como: erosão, transporte e deposição que disponibilizam fragmentos de

rocha para as bacias sedimentares. Os rios são uma fonte pontual que abastecem

as bacias sedimentares de sedimentos siliciclásticos. Estes fragmentos são então

dispersados por escorregamento, transportados por ação da gravidade, e por

suspensão (BOSENCE e WILSON, 2003).

Diferente dos sedimentos siliciclásticos, os sedimentos carbonáticos são

produzidos em áreas específicas, ou por organismos marinhos que utilizam

carbonato de cálcio para construção de seu esqueletos (corais, molusco, crustáceos,

foraminíferos), ou precipitados como grãos sedimentares diretamente da água do

mar (oólitos) (SCHNEIDER et al., 2000). Segundo Jones e Desroches (1992),

Schneider et al.(2000) e Bosence e Wilson (2003), dentre outros autores, são

conhecidos hoje, três ambientes de deposição do carbonato (Figura 1).

1. Setores de carbonato de águas quentes: águas marinhas rasas,

tropicais que apresentam comunidades de organismos que realizam

a calcificação rapidamente e que dependem da fotossíntese para

sua energia (Ex. corais em associação com suas algas simbiontes,

algas verdes e vermelhas). Estas comunidades constroem os recifes

de coral a partir de águas rasas freqüentemente supersaturadas de

carbonato de cálcio que podem também precipitar, por exemplo,

grãos carbonáticos como os óoides.

2. Setores de carbonato de águas frias: plataforma marinha rasa a

moderadamente profunda em ambientes temperados, ártico e

algumas áreas tropicais que são suportados pela calcificação de

comunidade de invertebrados marinhos, tais como, moluscos,

briozoários, foraminíferos e algumas algas vermelhas. Estas

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comunidades (com exceção das algas) não são confinadas à zona

fótica.

3. Setor de carbonato pelágico: áreas oceânicas onde as condições

são favoráveis para organismos planctônicos, tais como

cocolitoforídeos e foraminíferos. Depois que morrem, esses

organismos depositam-se formando o sedimento carbonático desta

região. Entretanto, ao se depositarem em águas muito profundas ou

ácidas, estes sedimentos podem passar por processo de

insaturação e dissolução do carbonato.

Figura 1 Mapa do mundo mostrando a distribuição dos três principais setores de carbonato onde os sedimentos são produzidos e acumulados (Modificado de BOSENCE e WILSON, 2003) Através de estudos sobre o mar profundo e do avanço das tecnologias nas

últimas décadas, foi possível constatar uma outra fonte de produção de carbonato

nos oceanos do mundo, que são os recifes de coral de mar profundo. Estudos

mostram que estes recifes podem viver a centenas de metros de profundidade e

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suportar temperaturas muito baixas, porém ainda não se sabe o total de sua

contribuição na produção biogênica marinha (FREIWALD et al., 2004).

Como já citado anteriormente, os setores de águas rasas tropicais constituem

o lugar onde o carbonato é fixado mais rapidamente por algas e animais, e onde as

partículas de carbonato precipitam mais facilmente (JONES e DESROCHES, 1992).

Os recifes de coral são os principais contribuidores e encontram-se nestes domínios

da plataforma carbonática rasa, principalmente na região dos trópicos, onde há a

disponibilidade de condições ideais para seu estabelecimento. Plataformas

continentais cujas águas se caracterizam por temperaturas mais elevadas (18 a

36°), salinidades (27 a 40) e substrato estável, constituem o ambiente adequado

para o crescimento e estruturação de corais hermatípicos, formação de recifes

coralgais e outros organismos contribuidores do sedimento carbonático (STANLEY,

2003; PONZI, 2004).

A abundância e distribuição dos organismos contribuidores do sedimento

biogênico pode variar de acordo com os parâmetros abióticos, tais como:

intensidade de luz, temperatura e salinidade. Em grande escala essas variações

ocorrem naturalmente de acordo com a latitude (LEÃO e GINSBURG, 1997).

(Figura 2).

Figura 2 Organismos construtores de sedimento biogênico carbonático e sua distribuição em latitude (Fonte: http://www.geologie.uni-stuttgart.de/online_kurse/virtfoss) acessado em: 15/12/2008.

No Brasil, as formações recifais, incluindo algumas que não são recifes de

corais verdadeiros, estão presentes principalmente ao longo da costa tropical

nordeste (MAIDA e FERREIRA, 2004) (Figura 3). Os recifes de Abrolhos, no sul da

Bahia, são os maiores e os mais ricos recifes de corais do país, e são

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significantemente diferentes dos modelos recifais descritos na literatura. A

comunidade de corais recifais de Abrolhos é caracterizada por uma baixa

diversidade e alto endemismo. Quinze espécies de corais escleractíneos são

encontradas nestes recifes, do qual um é endêmico da costa leste do Brasil

(Mussismilia braziliensis) e outros quatro endêmicos do Brasil (Laborel 1969 apud

Segal et al., 2008). Devido a sua grande biodiversidade e singularidade de

assembléias biológicas e formação recifal, o primeiro Parque Nacional Marinho do

Brasil foi estabelecido em Abrolhos em 1983 (DUTRA, 2005).

Figura 3 Distribuição dos ambientes recifais no Brasil (fonte: MAIDA e FERREIRA, 2004)

Os fatores físico-químicos locais (temperatura, intensidade de luz, salinidade,

sedimentação, nutrientes, teores de carbono orgânico) podem afetar a composição

biomineralógica dos sedimentos calcários das plataformas rasas (SCHNEIDER et

al., 2000). Por sua vez, estes parâmetros podem variar devido a alterações em

escala global, tais como; aquecimento global, acidificação dos oceanos, variações

do nível do mar, causando, por exemplo, aumento da temperatura superficial da

água, dissolução do carbonato, aumento da turbidez das águas, fluxo de nutrientes e

do regime hidrodinâmico (PONZI, 2004).

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2.2 ASPECTOS BIOLÓGICOS E BIOGEOQUÍMICOS DE AMBIENTES RECIFAIS

Os ecossistemas recifais, localizados em águas tropicais pobres em

nutrientes suportam uma extraordinária biodiversidade (KIKUCHI et al., 2003; HERO

e RIDGWAY, 2006). O processo de reciclagem de nutrientes entre corais,

zooxantelas e outros organismos do recife oferece uma explicação de como estes

ecossistemas são capazes de se estabelecer em áreas onde a tendência seria de

desertificação, devido à escassez de nutrientes (RAVEN, 2005). Esta reciclagem

garante que menos nutrientes sejam necessários para suportar a comunidade. As

algas que vivem no interior dos tecidos dos corais construtores dos recifes

(zooxantelas), em uma relação de simbiose, realizam fotossíntese e liberam para os

corais compostos orgânicos nutritivos. Por sua vez, as zooxantelas sobrevivem e

crescem utilizando os produtos gerados pelo metabolismo do coral, como gás

carbônico, compostos nitrogenados e fósforo. As necessidades nutricionais dos

corais são, em grande parte supridas pelos seus simbiontes. Elas estão também

envolvidas na secreção de carbonato de cálcio e formação do esqueleto do coral.

Por estabelecer uma fonte de nutrientes em meio à escassez, os recifes abrigam

grande variedade de organismos (KLEYPAS et al., 2006; BUDDEMEIER et al.,

2004).

Ao contrário do que já se sabe hoje, nas décadas de 1970 e inicio da década

de 1980, a concepção errônea era difundida de que a alta produtividade de recifes

de corais era dependente de suplemento de nutrientes (LONGMAN, 1981). Porém,

em 1969, Margalef (apud HALLOCK, 2005) foi o primeiro autor a reconhecer que

recifes de corais não só são dependentes de águas quentes oceânicas, mas

também de ambientes de baixo-nutriente.

Atualmente pesquisas mostram que um dos maiores e mais importantes

contribuidores para o declínio dos ambientes recifais é a eutrofização do ambiente

(HODGSON, 1999; MOBERG e FOLKE, 1999; BELLWOOD et al., 2004; SMITH et

al., 2005; HALLOCK, 2005; COSTA JR. et al., 2006; 2007; 2008). Estudos

realizados indicam que um aumento sutil da eutrofização em ambientes recifais pode

aumentar o fluxo de nutriente no ambiente bentônico, resultando em uma mudança

detectável na estrutura de comunidade. Por exemplo, a mudança do domínio dos

corais para um domínio coralgal da comunidade recifal é presumivelmente

conseqüência do aumento do fluxo de nutrientes (HALLOCK, 2005). Similarmente a

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mudança do domínio dos corais para dominância de animais filtradores e

heterotróficos sem organismos endossimbiontes é presumivelmente o resultado de

um substancial aumento do fluxo de nutrientes (HALLOCK, 2005; SMITH et al,

2005).

Outros fatores também podem alterar a cobertura e a sedimentação

carbonática em ambientes recifais, como é o caso da temperatura das águas, o qual

pode ser conseqüência de uma alteração global ou local podendo ocasionar eventos

de branqueamento (BROWN, 1997; HODGSON, 1999; LEÃO et al., 2003;

DOUGLAS, 2003; BELLWOOD et al., 2004). Em Abrolhos a mudança nos padrões

de sedimentação e cobertura coralínea tem sido sugerida como uma conseqüência

da evolução da linha de costa ao longo do Quaternário, além de variações no nível

do mar, mudanças do clima e de padrões atmosféricos, como é o caso de eventos

do El Niño (LEÃO e GINSBURG,1997; DUTRA et al., 2004; BITTENCOURT et al.,

2000; 2008; SEGAL et al., 2008).

A rede estrutural e de cadeia dos ambientes recifais, baseada principalmente

em um ambiente oligotrófico, limita a quantidade de nutrientes e de organismos

heterotróficos. Além disso, variações de temperatura e sedimentação, que acarretam

o branqueamento, doenças e turbidez nas águas também levam ao favorecimento

de organismos heterotróficos e oportunistas. À medida que há entrada de nutrientes

que não sejam provenientes da regeneração feita pelos corais e seus

endossimbiontes, ou haja uma diminuição da saúde e cobertura dos corais, os

organismos heterotróficos encontram um ambiente favorável para sua estabilização,

competindo com o domínio da cobertura de coral e muitas vezes substituindo e

alterando a estrutura da comunidade local. (HALLOCK, 2005; KLEYPAS et al, 2006).

2.3 OSCILAÇÕES DO NIVEL DO MAR NO BRASIL

2.3.1 Conceitos gerais

As flutuações do nível relativo do mar constituem elemento importante na

evolução das planícies costeiras brasileiras, sobretudo no Quaternário (TESSLER e

GOYA, 2005) Este fato foi descrito por diversos autores, mas em especial por

Suguio (1978) apud Tessler e Goya, (2005); Martin e Flexor, (1985); Andrade et al.,

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(2003); Angulo et al., (2006). O registro mais completo da evolução das planícies

costeiras brasileiras é encontrado na planície costeira de Rio Grande do Sul

(TESSLER e GOYA, 2005).

As variações dos paleoníveis do mar possuem diferentes causas e

intensidades, tais como: (i) flutuações no volume das bacias oceânicas,

principalmente em conseqüência da tectônica de placas, causando a tecnoeustasia;

(ii) flutuações nos volumes das águas contidas nas bacias oceânicas, principalmente

por fenômenos de glaciação (formação de geleira e deglaciação - fusão de geleiras),

dando origem a glacioeustasia; e (iii) deformação das superfícies oceânicas,

pricipalmente por causas gravitacionais, causando a geoidoeustasia (SUGUIO et al.,

2005; TESSLER e GOYA, 2005)(Figura 4).

Tais variações são importantes na definição da morfologia de costa, e na

composição sedimentológica do ambiente. Normalmente, quando ocorrem eventos

de transgressão marinha (aumento do nível do mar), os sedimentos das regiões de

maior profundidade são transportados para a linha de costa. O contrário acontece

quando há eventos de regressão marinha, ou seja, os sedimentos de regiões mais

rasas são carreados para regiões mais profundas (PONZI, 2004; COE e CHURCH,

2003).

Figura 4 Principais fatores que influem nas variações dos paleoníveis do mar (Fonte: SUGUIO et al., 2005)

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2.3.2 Variações no Brasil

Estudos sistemáticos sobre o paleonível do mar da linha de costa brasileira

iniciaram-se em meados da década de 1960. Desde então, mais de 100 publicações

têm tratado da história do nível do mar para estas regiões (ANGULO et al., 2005).

Ao longo do Quaternário, dois ciclos transgressivos e regressivos modelaram as

planícies costeiras brasileiras, conseqüência de oscilações relativas do nível do mar.

O primeiro ciclo, de idade pleistocênica (~120.000 anos A.P.), atingiu cotas de 8 +/-

2 m acima do nível atual (DOMINGUEZ et al., 1981). A partir do máximo

transgressivo pleistocênico, o nível do mar recuou até posições ao redor de 110m

abaixo do nível atual, há cerca de 17000 anos A.P. Ao longo deste processo de

regressão marinha, a atual plataforma continental foi quase totalmente exposta,

sendo sulcada por vales fluviais (DOMINGUEZ et al., 1981; MARTIN et al., 1996;

LEÃO e DOMINGUEZ, 2000).

A partir do máximo regressivo (17.500 a 16.000 anos AP), o nível relativo do

mar foi submetido a uma nova elevação, tendo atingido há cerca de 7000 anos A.P.,

um nível próximo do zero atual (DOMINGUEZ et al., 1981; SUGUIO et al., 2005).

Este processo transgressivo se manteve até cerca de 5100 anos A.P., atingindo

cerca de 5m acima do nível atual. Esta foi denominada Ultima Transgressão máxima

do Holoceno (DOMINGUEZ et al., 1992).

Segundo Martin et al. (1996) e Suguio et al. (2005), no Holoceno existiram

algumas oscilações no nível do mar entre 5000 até o atual: (i) há aproximadamente

3.900 anos A.P., foi sugerido um nível do mar de 1, a 2m abaixo do atual; (ii) há

3.000 anos A.P., subida do nível do mar entre 2 a 3m acima do atual; (iii) há 2.800

anos A.P., ocorreu novamente pequena descida com nível inferior ao atual; (iv) há

cerca de 2.500 anos A.P. foi atingido o paleonível 1.5 a 2m acima do atual e, desde

então, tem estado em rebaixamento contínuo. Entretanto, segundo Angulo & Lessa

(1997) e Angulo et al. (2005), após o nível máximo há 5000 anos A.P., o nível do

mar teria descido progressivamente até atingir o atual sem grandes oscilações

(Figura 5).

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Figura 5 Curva média de variações do paleonível do mar nos últimos 7.000 anos A.P. ao longo da costa brasileira em confronto com a curva da área de Salvador. (Fonte: SUGUIO e TESSLER, 1984 apud SUGUIO et al., 2005).

2.3.3 Evolução dos recifes na costa da Bahia

Na costa da Bahia, os dados de trabalhos científicos sobre a história

geológica do período Quaternário, indicam que os recifes de coral só começaram a

crescer a 7000 anos atrás (ANDRADE et al., 2003). Existem evidências que os

recifes cresceram acompanhando a subida do mar, e alcançaram seu clímax

aproximadamente 5000 anos antes do presente, coincidindo com a altura máxima do

mar que, nessa época, estava cerca de 5 metros acima do nível atual. A curva de

nível do mar construída para a região de Salvador é a mais detalhada dentre as da

costa leste e nordeste do Brasil e, portanto, utilizada para toda a costa da Bahia

(Figura 6) (ANDRADE et al., 2003; DUTRA et al., 2004).

Figura 6 Curva de nível do mar para Salvador (Fonte: http://www.unb.br/ig/sigep/sitio071/sitio071.htm). Acessado em 20/04/2008.

Segundo Andrade et al. (2003) e Bittencourt et al. (2008), foram evidenciados

quatro estágios bem marcados de crescimento dos recifes nesta porção da costa do

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Brasil: 1) início e estabelecimento dos recifes; 2) rápido crescimento e acresção; 3)

crescimento de recifes em franja e crescimento lateral dos topos dos pináculos

recifais, formando os chapeirões; e 4) degradação dos recifes, declínio do

crescimento dos recifes. Os dois primeiros estágios desenvolveram-se durante a

transgressão marinha, e os dois últimos durante a regressão.

2.4 GEOQUIMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA

A matéria orgânica (MO) sedimentar fornece uma variedade de indicadores,

ou proxies, que podem ser usados na reconstrução de paleoambientes e

paleoclimas de ambientes marinhos e continentais (RÜHLEMANN et al, 1999;

MEYERS, 1994; 1997; 2003). A MO contida no sedimento é o resíduo de biota do

passado, portanto, a quantidade e o tipo de MO sedimentar, reflete condições

ambientais que influenciaram o ecossistema em diferentes tempos pretéritos

(MEYERS, 1997). As concentrações de MO são influenciadas pela produção inicial

da biomassa e sua subseqüente degradação depois da sedimentação, e podem

integrar diferentes origens, processos de deposição e quantidade de preservação.

Por isso, é comum encontrar diferentes concentrações de um lugar para outro

(MEYERS, 1994; RUTTEMBERG e GOÑI, 1997).

Os sedimentos marinhos recebem MO de fonte autóctone (produzida in situ,

produção de fitoplâncton), e alóctone (MO transportada de outro lugar, por exemplo,

através de descargas de rios ou correntes) (MEYERS 2003; LAMB et al, 2006;

WHITE et al., 2007; TESI et al., 2007). Normalmente, somente uma parte da matéria

orgânica biossintetizada inicialmente escapa da remineralização e é então soterrada

no sedimento. A fonte de informações paleoambientais contudo, permanece

preservada nas composições moleculares, elemental e isotópica. Valores de C/N e

δ13 C da matéria orgânica total, em particular, parecem conservar e reter

informações paleoambientais por muitos milhões de anos e por isso são importantes

marcadores para identificar a fonte da matéria orgânica (MEYERS 1994).

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2.4.1 C/N e δ 13C, identificadores de fonte de matéria orgânica

A razão C/N tem sido freqüentemente utilizada para distinguir entre origem da

matéria orgânica sedimentar de algas e plantas terrestres (MEYERS 1994;

SIFEDDINE et al., 2004; LAMB et al., 2006; WHITE et al., 2007). O material de

origem fitoplanctônica tem razão molar C/N entre 4 e 10 e plantas vasculares, por

sua vez, apresentam valores superiores a 20 na razão C/N (MEYERS, 1994). Esta

distinção resulta da menor quantidade de celulose nas algas e abundância nas

plantas vasculares (MEYERS,2003). Valores elevados para razão C/N em

ambientes marinhos podem indicar aporte terrígeno, isso ocorre principalmente em

ambientes próximos a descargas de rios e estuários. Em contrapartida, baixos

valores da razão C/N, indicam maior quantidade de matéria orgânica proveniente de

algas marinhas (MEYERS, 1994).

Com relação às razões isotópicas do Carbono (δ13C), elas são utilizadas para

distinguir entre fontes de matéria orgânica sedimentar de plantas marinhas e

terrestres e identificar ainda a matéria orgânica para diferentes plantas terrestres

(MEYERS, 1994, WHITE et al., 2007).

Segundo Meyers (1994), a composição isotópica da vegetação arbórea e

arbustiva, que segue comportamento padrão de assimilação preferencial de 12C

(ciclo fotossintético C3 de Calvin-Benson), apresenta um sinal isotópico em torno de

-20 ‰. Algumas plantas, como as gramíneas, cujo ciclo fotossintético é diferente (C4

de Hatch-Slack), apresentam valores isotópicos entre -8 e -12 ‰. O sinal isotópico

para a matéria orgânica produzida para o CO2 atmosférico è de: δ13C~ -7‰.

Portanto, as plantas que usam o ciclo fotossintético C3, consequentemente tem

média de valores δ13C de ~ -27‰ e aquelas que utilizam ciclo C4, possuem valores

de ,δ13C ~ -14‰. As algas de ambientes lacustres utilizam CO2 dissolvido, o qual

possui equilíbrio isotópico com o CO2 atmosférico, possuindo valores entre -25 e -

30‰. A fonte de carbono inorgânico para as algas marinhas é a dissolução do

carbonato, o qual possui valores de δ13C ~ 0‰. A matéria orgânica marinha

conseqüentemente possui valores de δ13C entre -22 e -20‰. A Figura 7 mostra o

conjunto desses quatro valores distintos de C/N e δ13C, cuja combinação é utilizada

para distinguir as fontes de matéria orgânica no sedimento.

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Figura 7 Combinação de fontes distintas de razão C/N e valores de δ13C de fitoplâncton, algas lacustres, plantas terrestres C3 e plantas terrestres C4 (Modificada de MEYERS,1994)

2.4.2 Concentração de carbono orgânico e nitrogênio total

A concentração de carbono orgânico total (COT) é um indicador calibrado

que descreve a abundância de matéria orgânica nos sedimentos. A matéria orgânica

típica contém aproximadamente 50% de carbono, portanto, a concentração de

matéria orgânica no sedimento equivale a cerca de duas vezes a concentração de

COT (MEYERS,2003). Parâmetros como paleoprodutividade biológica,

paleoceanografia e paleoclima podem ser inferidos pela acumulação da massa de

carbono orgânico. Porém, as escalas temporais e espaciais sob os quais estes

sinais biogeoquímicos ocorrem variam dependendo de parâmetros físicos, químicos

e biológicos (TESI et al., 2007). Alguns fatores devem ser considerados como, por

exemplo, o potencial de preservação no ambiente a ser estudado (MEYERS, 1997).

Em sedimentos oxigenados da zona fótica, há degradação da matéria

orgânica mais rapidamente do que em ambientes anóxicos, como por exemplo, em

algumas áreas de ressurgência (MEYERS, 1997; RÜHLEMANN et al, 1999). A

comparação de outros proxies de produtividade de condições do passado pode

ajudar a compensar os efeitos da ação da diagênese e deste modo melhorar a

interpretação das mudanças paleoambientais (MEYERS,1997).

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2.4.3 Valores de δ 15N

Razões do isótopo de nitrogênio estável em sedimentos marinhos fornecem

um registro de mudanças bioquímicas da coluna d’água. Este parâmetro também

pode registrar informações sobre as condições em que a matéria orgânica foi

produzida (HOLMES et al., 1999). O nitrogênio apresenta dois isótopos estáveis no

ambiente: o 14N e o 15N. O interesse principal no estudo paleoceanográfico é a

reconstrução das variações da utilização do nitrato, denitrificação e fixação do

nitrogênio, que por sua vez permitem avaliar modificações na produtividade de

ambientes marinhos e lacustres (HOLMES et al., 1999; LEHMANN et al., 2002).

2.5 FORAMINÍFEROS

2.5.1 Paleoecologia

O principal objetivo da paleoecologia é o de refazer as relações entre os

organismos do passado e seu meio ambiente, inferidas a partir do registro fóssil.

Esta se vale das mesmas regras que governam as relações ecológicas modernas

(Teoria Ecológica) e ocupa-se das populações de organismos (espécies) e do meio

em que vivem. A resposta dos seres vivos aos estímulos ambientais ao longo do

tempo originou os diferentes padrões de vida (DUTRA, 2000).

Quando um novo ambiente é colonizado, as populações podem utilizar dois

tipos de estratégias, com vários graus intermediários. Enquanto algumas surgem

repentinamente, aumentam explosivamente em número e extinguem de modo

rápido, outras se mantêm estáveis em número e composição ao longo do tempo,

controlando sua densidade espacial (número de indivíduos/unidade de superfície ou

volume), demonstrando uma regulação interna de seus elementos. As primeiras são

conhecidas como r-estrategistas (espécies oportunistas), com alta taxa de

natalidade. Ocorrem em ambientes instáveis, com oscilações acentuadas, e são

pioneiras em ambientes devastados. Outras são k-estrategistas (espécies

reguladoras), ocorrem em ambientes estáveis, com variações periódicas e

previsíveis (DOUGLAS, 1979; SEN GUPTA, 1999; DUTRA, 2000).

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Ainda segundo Dutra (2000), a importância de inferir estes procedimentos, em

uma sucessão paleobiológica, é detectar quais e de que tipos foram às mudanças

ambientais ocorridas. Pela presença de cada uma dessas estratégias, é possível

avaliar alterações que fogem do caráter local ou populacional visto acima, permitindo

inferir processos de efeito mais global e as mudanças que atingem o ecossistema

como um todo.

Os foraminíferos são protistas bentônicos ou planctônicos, que surgiram no

Cambriano e vivem até o Recente, em sua maioria em ambientes marinhos.

(VILELA, 2000). Possuem uma carapaça ou teca rígida, formada por matéria

orgânica, calcita, aragonita ou sílica, secretadas pela própria célula, ou por

partículas aglutinadas selecionadas do sedimento. As carapaças possuem tamanho,

texturas e formatos variados, são compostas por uma ou várias câmaras,

apresentam uma ou mais aberturas em posições diferenciadas (BOLTOVSKOY et

al., 1980).

Os foraminíferos são protozoários muito abundantes no bentos, e devido a

sua capacidade de registro fóssil, são largamente utilizados em estudos

paleoecológicos. Devido à complexidade e diversidade de ambientes em que vivem,

mostram uma alta biodiversidade e abundância como um efeito de seus diferentes

requerimentos ambientais. O seu curto ciclo de vida e a possibilidade de

reorganização da genética por reprodução sexuada possibilitam uma reação rápida

às mudanças do ambiente. Isto faz dos foraminíferos bioindicadores ideais para

pequenas e longas mudanças no ambiente marinho, tanto em escala global, quanto

local (BARBIERI et al., 2006).

Segundo Bonetti et al. (2002), a utilização destes organismos em estudos

paleoecológicos busca investigar os mecanismos de evolução em áreas marinhas.

As associações ou populações de espécies-índice que se sucedem ao longo da

coluna sedimentar podem refletir, ainda que com algumas restrições metodológicas,

as variações ambientais promovidas por intervenções antrópicais e/ou naturais,

sendo importantes marcos de ruptura ou restauração do equilíbrio ecológico dessas

áreas. Assim, tanto em estudos ecológicos atuais de foraminíferos, quanto em

estudos paleoecológicos, mudanças na freqüência e abundância de associações

específicas podem estar intimamente relacionadas com as condições ambientais.

Estes organismos podem responder a mudanças ambientais em termos de

razão de reprodução, levando a alta produção das espécies sob condições

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favoráveis e seu desaparecimento sob condições desfavoráveis. O principal fator de

regulação para abundância e diversidade é o teor de nutrientes; condições

oligotróficas e mesotróficas induzem alta diversidade, enquanto a eutrofização leva

ao desenvolvimento de algumas espécies oportunistas. Além do mais, a resposta a

mudanças ambientais é expressa pelo formato da testa e composição (MURRAY,

2003; ALVE, 1995).

2.5.2 Foraminíferos bentônicos em recifes de coral

De aproximadamente 10 famílias de foraminíferos, acredita-se que menos de

10% possuem algas simbiontes. No entanto, estas famílias são responsáveis pela

maior parte da produção de carbonato produzido pelos foraminíferos, porque esta

simbiose é feita principalmente por foraminíferos de locais tropicais e foraminíferos

planctônicos, os dois grupos maiores produtores de carbonato. Alguns membros de

outras famílias , como é o caso do gênero Elphidium, são capazes de sequestrar

cloroplasto, os quais fazem o papel de um simbionte por dias ou semanas. Porém

não há relação de simbiose, o sequestro destes cloroplastos permite que o protista

se beneficie da fotossíntese (HALLOCK, 1999).

As vantagens potenciais das algas simbiontes para os foraminíferos incluem:

a) energia proveniente da fotossíntese; b) os simbiontes acentuam a calcificação; e

c) aumento de metabolismo dos hospedeiros que possuem algas simbiontes. Ou

seja, em ambientes onde as condições são favoráveis para o estabelecimento

destes foraminíferos com endossimbiontes, devido ao seu metabolismo facilitado e

uma vantagem energética substancial, estes serão beneficiados com relação aos

organismos similares, porém, que não possuem esta interação. E quanto maior a

ocorrência destes táxons, melhor será a produção de carbonato da área em

questão. Esta é exatamente a ponte entre os foraminíferos que possuem

endossimbiontes e os corais. Caso o ambiente seja favorável, haverá domínio

destes taxa com endossimbiontes. Caso o ambiente mude e ofereça impedimento

para o funcionamento perfeito destas algas, como aumento de temperatura,

diminuição do oxigênio, entrada de nutrientes, dentre outros. Isto afetaria

diretamente a fotossíntese destes organismos, fazendo com que eles não possuam

capacidade de competir com tantos outros organismos e muitas vezes cedendo

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espaço para foraminíferos heterotróficos e tolerantes ao estresse. Além disso, a

mudança da estrutura de comunidade destes ambientes pode modificar o sedimento

do ambiente (HALLOCK, 1999; HALLOCK et al., 2003; SCHUETH & FRANK, 2008).

Hallock et al. (2003) e Carnahan et al (2008) ao longo de observações e

estudos durante 30 anos, separaram os foraminíferos bentônicos em grupos tróficos.

A partir destes grupos vêm desenvolvendo estudos em diversos tipos de ambientes.

Estes grupos (Figuras 8 e 9) ao longo deste trabalho serão utilizados como

bioindicadores de mudanças ambientais de acordo com os trabalhos citados acima.

Figura 8 a) foraminíferos com endossimbiontes, b) foraminíferos heterotróficos. (Fonte: http://www.marine.usf.edu/faculty/pamela-hallock-muller.shtml). Acessado em 20/12/2008.

Figura 9 Foraminíferos tolerantes ao estresse (Fonte: http://www.marine.usf.edu/faculty/pamela-hallock-muller.shtml). Acessado em 20/12/2008.

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3 ÁREA DE ESTUDO

3.1 ASPECTOS GERAIS

A área de estudo compreende a plataforma carbonática do Arquipélago de

Abrolhos, localizada na margem continental leste brasileira no seguimento

correspondente às bacias marginais do Espírito Santo, Mucuri e Cumuruxatiba

(SOBREIRA e FRANÇA, 2006).

A plataforma continental leste brasileira apresenta características de margens

passivas tropicais com correntes de bordas ocidentais (EKAU e KNOPPERS, 1999).

É estreita e quase que inteiramente recoberta de sedimentos carbonáticos de origem

marinha revelando a pequena influência dos aportes continentais e o impacto da

Corrente do Brasil (CB) que corresponde a um dos braços derivados da Corrente Sul

Equatorial (SEC) (MILLIMAN, 1975). Esta plataforma varia consideravelmente com

relação a sua forma e largura. A maior parte dela é bem estreita, com

aproximadamente 50 km de largura. Porém, na região Sul da Bahia, mais

especificamente na altura da cidade de Caravelas, a região do Banco de Abrolhos

sofre um alargamento superior a 200 km, como resultado de eventos de vulcanismo

há milhares de anos atrás (DOMINGUEZ et al., 1992; ANDRADE, 2003; LEÃO e

DOMINGUEZ, 2000; LEAO et al., 2003, BITTENCOURT et al., 2008).

O complexo recifal de Abrolhos abrange a mais extensa área de recifes de

coral do Brasil e de todo o Oceano Atlântico Sul. Possui recifes de corais, ilhas

vulcânicas, bancos rasos e canais, ocupando uma área de aproximadamente 6.000

km2 na parte norte do banco de Abrolhos (entre as coordenadas de 17°20’ -18°10’S

e 38°35’-39°20’W) (LEÃO, 2002). Melo et al. (1975) apud Araujo e Machado (2008),

foi o primeiro a descrever esta seção da plataforma continental, com relação a

fisiografia. A plataforma em geral possui profundidades menores que 60 m e

menores que 30 m em volta das estruturas recifais. A profundidade das águas entre

os recifes costeiros (Arco Costeiro) e a linha de costa não ultrapassa 15m. No Canal

de Caravelas, que separa os recifes costeiros da linha de costa, a profundidade

varia entre 10-20m. No canal de Abrolhos, o qual separa os recifes costeiros das

ilhas do Arquipélago de Abrolhos (Arco Externo), a profundidade varia entre 20-30m

(LEÃO, 1982, Figura 10).

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Figura 10 Mapa da região de Caravelas e em destaque o Arquipélago dos Abrolhos (Fonte: LEÃO, 2002)

3.2 ASPECTOS GEOLÓGICOS

O Complexo Vulcânico de Abrolhos (CVA) é uma província ígnea basáltica

formada durante o Paleógeno na margem continental leste brasileira, no seguimento

correspondente às bacias do Espírito Santo, Cumuruxatiba e Mucuri (Figura 11). A

província foi implantada sobre a crosta continental estirada dezena de milhões de

anos atrás, durante a fase rift, no Eocretáceo. Em sua maior parte, o vulcanismo

sucedeu-se em ambiente submarino, e os únicos afloramentos conhecidos das

rochas do CVA ocorrem no Arquipélago de Abrolhos, um grupo de cinco ilhotas

situadas ao largo da costa sul do Estado da Bahia (SOBREIRA e FRANÇA, 2006).

As ilhas de Abrolhos são afloramentos de um alto estrutural chamado de Alto

de Santa Bárbara e seus estratos sedimentares pertencem a um sistema

deposicional de talude, de idade Cretáceo Superior e Terciário Inferior (MOHRIAC,

2006).

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Figura 11 Mapa geológico com modelo para o arcabouço tectono-magmático da região do Complexo Vulcânico de Abrolhos (Fonte: SOBREIRA e FRANÇA, 2006).

3.3 ASPECTOS CLIMÁTICOS E OCEANOGRÁFICOS

A porção nordeste do Brasil é regida por um padrão de circulação geral que é

controlado por massas de ar geradas na célula de alta pressão do Atlântico Sul e

pelo avanço de massas polares associados com a zona de convergência

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intertropical (ROSSI-WONGTSCHOWSKI et al., 2006). As áreas costeiras do Brasil

são, hoje, influenciadas por ventos alísios, tanto de sudeste (SE), como de nordeste

(NE) que também geram correntes oceânicas. Ao longo do ano a influência é

predominantemente da Corrente do Brasil (CB), que flui no sentido norte-sul

transportando a Água Tropical (oligotrófica) (MAIDA e FERREIRA, 1997).

O banco recifal dos Abrolhos (17°25’– 18°10’S; 038°33’–039°37’W) está

submetido às condições climáticas descritas acima e o avanço da frente polar

também gera mais ventos de direção sul -sudoeste os quais reforçam os ventos de

sudeste gerados pelo anticiclone (BITTENCOURT, 2000; LEÃO et al., 2003). De

uma forma geral, a passagem de frentes frias gera ventos sudoeste fortes no inverno

(com picos de 8 m.s-1), enquanto durante o verão as intensidades mais altas não

excedem valores de 3ms-1 (SEGAL et al., 2008). Estes dados destacam a influência

das frentes polares na área citada.

Este padrão de circulação atmosférica em Abrolhos é susceptível aos

distúrbios, particularmente ocasionados por eventos intensos do chamado fenômeno

El Niño (ENSO), o qual pode perturbar o avanço das frentes polares Atlânticas

(BITTENCOURT et al., 2000; EVANGELISTA et al., 2007). Durante tais eventos a

intensificação do sistema de alta pressão do Atlântico Sul pode ser responsável pela

mudança da migração das frentes polares em direção ao norte ao longo do

continente sul-americano, resultando em uma maior trajetória para leste (MARTIN et

al,1993 apud EVANGELISTA et al., 2007). Desta forma, este mecanismo e a

subsidência associada são responsáveis pela redução na freqüência do alcance das

frentes frias nas áreas nordeste da América do Sul, onde um regime de clima seco e

quente é estabelecido.

O clima ao longo da área estudada é considerado tropical úmido, com

temperaturas médias variando entre 23°C no inverno e 28°C no verão (LEÃO e

GINSBURG,1997). A precipitação varia entre 1.500 e 3.000 mm/ano, a média anual

na região adjacente a área de Abrolhos é de 1.750 mm/ano. Os meses chuvosos

são março, abril e maio, quando há precipitação de 37% (612mm) da chuva anual

(NIMER,1989 apud ARAUJO e MACHADO, 2008). A temperatura na superfície da

água varia de 28°C (no verão) a 24°C (no inverno) (LEÃO e GINSBURG,1997). Os

valores de salinidade medidos na região da costa norte variam entre 35 a 39 e na

região de Abrolhos a salinidade média é de 36 (LEÃO et al., 2003).

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A maior corrente ao longo da plataforma brasileira é a Corrente do Brasil

(CB), que deriva da Corrente Equatorial, com uma velocidade média de 0.7 nós. A

velocidade e direção das correntes podem variar de acordo com os ventos

predominantes (LEÃO e GINSBURG,1997). A CB flui no sentido norte-sul e no seu

percurso, encontra o Parcel dos Abrolhos e em seguida, a cadeia Vitória-Trindade

que formam uma barreira topográfica à Corrente do Brasil. Esta característica

topográfica induz a formação de vórtices e ressurgência na borda da plataforma e

abriga o sistema de recifes de coral mais ao Sul do Atlântico (ROSSI-

WONGTSCHOWSKI et al., 2006).

3.4 ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS

3.4.1 Morfologia da costa continental adjacente

A planicie costeira de Caravelas possui uma área aproximada de 800 km2 e é

bordejada por Tabuleiros Costeiros de idade Terciária da Formação Barreiras

(ANDRADE e DOMINGUEZ, 2002; ANDRADE et al., 2003). Esta planície costeira

engloba os sedimentos quaternários de origem marinha e fluvio-estuarina, incluindo

os terraços marinhos, que foram denominados em Andrade e Dominguez (2002)

como; Terraços arenosos internos, Terraços arenosos externos, Terraços lagunares

(terraços argilosos), Terras úmidas (manguezais/ planície de maré, brejos) e Praias.

O rio Jucuruçu usado como limite norte desta área, alcança a costa fluindo

para sul atrás de antigas linhas de praia. O sedimento na desembocadura desse rio

é uma mistura de areias mal selecionadas compostas de grãos de quartzo e

fragmentos de conchas de molusco de vários ambientes: marinho, parálicos e

comunidades associadas ao ambiente de manguezal. A Ponta da Baleia (parte

central da área) é o resultado sedimentar, muito provavelmente produzido pela

confluência das correntes de deriva litorânea com os complicados padrões

hidrográficos da área, resultantes da presença dos recifes muito próximos da costa.

Para sul, na área entre os rios Caravelas e Peruípe, canais de marés se estendem

mais ou menos paralelos à costa numa extensa área de pântanos e manguezais. A

água costeira é rasa, calma e com sedimentos em suspensão. Os recifes mais

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próximos da costa concorrem para a dispersão da energia das ondas oceânicas

(LEÃO, 2002).

3.4.2 Tipos de recife

Os recifes de Abrolhos, no sul da Bahia, são os maiores e os mais ricos

recifes de corais do Brasil e significantemente diferentes dos modelos recifais

descritos na literatura. Essas diferenças dizem respeito à morfologia das estruturas

recifais, ao tipo de sedimento do fundo, e aos seus principais organismos

construtores. (LEÃO, 2002).

Estas formações distribuem-se em dois arcos aproximadamente paralelos à

linha da costa. O arco costeiro está localizado a cerca de 10 a 20 km da costa e é

formado por um complexo de bancos recifais e pináculos coralíneos isolados de

dimensões variadas, os topos de chapeirões adjacentes coalescem lateralmente

formando bancos recifais com extensão de 1 até 20 km e formas variadas. O arco

externo, que se situa a leste das ilhas de Abrolhos, está localizado cerca de 70 km

da costa, e é formado por pináculos coralíneos gigantes em águas com

profundidades superiores a 25 m (CASTRO, 1997; LEÃO, 2002; LEÃO et al., 2003;

DUTRA et al.,2004). Os pináculos chamados “chapeirões” possuem forma bem

irregular e seus topos se expandem lateralmente parecendo um cogumelo. Há

“chapeirões” de diversos tamanhos e diferentes estágios de crescimento (LEÃO e

GINSBURG,1997). Existem ainda recifes em franja que bordejam as cinco ilhas do

Arquipélago dos Abrolhos (DUTRA et al., 2004; LEÃO, 2002).

Os bancos recifais afastados da costa são estruturas com dimensões muito

variadas, geralmente maiores que os bancos que ficam adjacentes à praia em áreas

ao norte do banco dos Abrolhos, como ocorre em Porto Seguro. São formados pela

coalescência lateral do topo dos chapeirões. Com formas alongadas, circulares, ou

em semi-arco, estes recifes podem variar suas dimensões de algumas dezenas de

metros de largura até mais de uma dezena de quilômetros de extensão, como é o

caso do Parcel das Paredes. A maioria desses recifes apresenta o topo recifal

truncado, podendo ficar total ou parcialmente exposto durante as marés baixas

(LEÃO, 1982).

As colunas recifais isoladas de alto mar são os chamados “chapeirões”

gigantes que crescem em profundidades geralmente superiores a 15 metros.

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Segundo Castro (1997), os chapeirões são colunas coralíneas isoladas que crescem

sobre o fundo submarino com a forma de um cogumelo tendo a base estreita e o

topo expandido lateralmente. Os chapeirões gigantes e maduros do Banco dos

Abrolhos têm dimensões que podem alcançar mais de 20 metros de altura e cerca

de 50 metros de diâmetro no topo (Figura 12).

Figura 12 Bancos recifais (esquerda) e pináculos ou chapeirões (direita) (Modificado de LEÃO e KIKUCHI, 2003)

3.5 SEDIMENTOLOGIA

Conforme mencionado anteriormente, durante o período Quaternário a zona

costeira foi afetada por intensos episódios de transgressão e regressão

(BITTENCOURT et al, 2000). Em Abrolhos, canais estreitos e bancos arenosos

formaram-se durante a última regressão pleistocênica, quando o banco de Abrolhos

ficou subaereamente exposto e sua superfície foi cortada por um sistema fluvial que

desaguou na chamada depressão de Abrolhos (parte sul do banco) e depositou

sedimentos de origem terrígena. Durante a transgressão que sucedeu, essa

sedimentação terrígena foi substituída por depósitos carbonáticos de origem

marinha (VICALVI et al., 1978 apud LEÃO, 2002).

Atualmente, a produção de sedimento carbonático a partir dos organismos

recifais gera uma transição de fácies sedimentares que é caracterizada pela

dominância de sedimentos siliciclásticos, na zona costeira, e sedimentos

carbonáticos recifais costa afora. Há, assim, três tipos distintos de sedimento: (i)

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areias quartzosas ao longo da costa; (ii) sedimentos mistos na área intermediária

entre os arcos recifais costeiro e externo, e (iii) material biogênico dominante nas

áreas dos recifes (CASTRO, C.B. 1997 LEÃO, 2002) (Figura 13).

Figura 13 Diagrama ilustrando a distribuição dos sedimentos superficiais do fundo nas áreas interrecifais de Abrolhos (dados de acordo com LEAO, 1982, LEAO e GINSBURG, 1997. Modificado de LEAO e DUTRA, 2005)

De acordo com Leão (1982), os sedimentos costeiros têm 30 a 70% de

constituintes siliciclásticos, porém nos ambientes mais afastados da costa o

sedimento terrígeno pode ser menor que 10%. Os sedimentos terrígenos finos estão

depositados na plataforma interna nos canais interrecifais. Somente durante eventos

de curta duração, tais como tempestades de inverno, alguma porção destes

sedimentos finos são suspensos e alcançam os recifes externos. (LEÃO e DUTRA,

2005). As plumas de sedimento provenientes dos rios localizados a norte do sistema

(Pojuca, Paraguassu, Pardo e Jequitinhonha), raramente alcançam os recifes

(SEGAL et al., 2008).

Os constituintes biogênicos que compõem os recifes afastados da costa são

predominantemente de origem esqueletal, compostos por grãos de vários

organismos recifais formados in situ (LEÃO e GINSBURG,1997). Em torno dos

recifes, areia e lama são os sedimentos mais comuns, estes sedimentos lamosos

são predominantemente de origem biogênica, resultando da ação de bioerosão de

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vários organismos presentes neste sistema (LEÃO e DUTRA, 2005). A coexistência

de recifes em sedimentos carbonáticos e siliciclásticos tem recebido maior ênfase

durante as últimas décadas (LEÃO e GINSBURG,1997).

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4 METODOLOGIA

4.1 COLETA

Em 16 de julho de 2005, o testemunho AB05/1 foi coletado durante a

campanha de inverno do Projeto Diagnóstico da Saúde Ambiental de Ecossistemas

Recifais da Costa Brasileira com a utilização de Foraminíferos Bentônicos. (Projeto

FOCO). A coleta foi realizada a leste do Arquipélago dos Abrolhos próximo ao recife

denominado “Chapeirão do Pierre”, a uma profundidade de 23m, através de

mergulho autônomo (Tabela 1 e Figura 14).

Para amostragem foi utilizado um tubo de PVC de 2,50m de comprimento e

7,5cm de diâmetro. O tubo de PVC foi cravado no sedimento de fundo a 10m do

“Chapeirão do Pierre” com o auxílio de um percussionador e retirado pelos

mergulhadores inflando-se o colete de mergulho.

Tabela 1 Localização da estação de coleta Testemunho Latitude (S) Longitude (W) profundidade Província fisiográfica

AB05-01 17°96´ 38°67´ 23 m Plataforma Continental

Fonte: Este estudo

4.2 ABERTURA DO TESTEMUNHO

O testemunho foi aberto no Departamento de Geoquímica da Universidade

Federal Fluminense, no Laboratório de Estudos Paleoambientais. Para abertura em

seção transversal foi utilizada uma serra elétrica circular. Foi recuperado 1,79m de

comprimento do testemunho, sendo que os 8cm do topo foram descartados por

apresentarem mistura das camadas do sedimento (Figura 15). Posteriormente, o

testemunho foi sub-amostrado em intervalos de 2cm, num total de 90 amostras, para

análises geoquímicas e micropaleontológicas descritas a seguir.

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Figura 14 Localização do testemunho AB05/01, a Leste do Arquipélago de Abrolhos, Bahia, Brasil (Fonte: Fermino, 2007, modificado de Barbosa et al., 2006).

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Figura 15 (a) Fotomontagem do testemunho AB05-01 com escala em cm. (b) diagrama do testemunho AB05-01 demonstrando os níveis de amostragem para datação de 14C e classificação de cor e textura (modificado de FERMINO, 2007)

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4.3 DESCRIÇÃO DO TESTEMUNHO

O testemunho AB05-1 apresentou um sedimento carbonático, rico em

bioclástos, com muitas conchas de gastrópodes e bivalves, fragmentos de corais,

tubos de poliquetas e visualmente observou-se uma granodecrescência ascendente

e dos bioclastos. A coloração do sedimento foi descrita através da USGS soil color

chart (carta de Munsel) e mostrou tons cinza claro (5Y7/2) nos primeiros 20 cm da

base, e cinza claro (5Y7/1) no restante do testemunho até o topo.

4.4 DATAÇÃO POR 14C

Foram selecionadas quatro amostras ao longo do testemunho AB05-1 para

análise de 14C pelo método AMS (Tabela 2, Figura 16). Estas amostras foram secas

na estufa à 50ºC por 48h e posteriormente enviadas ao Laboratoire de Mesures

Carbone 14, França, para serem analisadas pela técnica de Espectrometria de

Massa com Aceleradores (Accelerator Mass Spectrometry - AMS). Posteriormente,

as idades foram calibradas com o auxílio do programa Calib, Versão 5.0.2. Para a

correção do efeito reservatório foi utilizado um ∆R= 8 ± 17 (ÂNGULO et al., 2005).

Por definição, o presente corresponde ao ano de 1950, momento quando a

atmosfera ainda não estava influenciada pelos experimentos atômicos (TURCQ et

al., 2007).

Tabela 2 Pontos amostrados para datação do testemunho AB05-1.

Código de Laboratório Profundidade no testemunho (cm)

material

Sac A 9489 AB05/1-10-11 Molusco

Sac A 9490 AB05/1-69-74 sedimento

Sac A 9491 AB05/1-124-125 molusco

Sac A 9492 AB05/1-168-171 sedimento

Fonte: Este estudo.

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Figura 16 Fragmentos de conchas de moluscos amostradas para datação 14C.

4.4.1 Taxa de sedimentação

Através das datações obtidas para cada amostra foi possível estimar a taxa

de sedimentação expressa em cm/ano. O cálculo da taxa de sedimentação e

interpolação das idades correspondente a cada idade do testemunho foram feitos

por regressão linear.

4.5 GRANULOMETRIA

O procedimento para granulometria consistiu na pesagem de 2,00 g de

sedimento, em balança de duas casas decimais, e posterior peneiramento, realizado

em peneira com malha de 500 μm, para a eliminação de partículas que ultrapassem

a capacidade de trabalho do aparelho. A fração maior que 500 μm foi desprezada.

Posteriormente, as 90 amostras foram analisadas entre as faixas granulométricas de

0,04 a 500 μm em laboratório através do analisador de partículas a laser (Cilas®

modelo 1064). Tal analisador apresenta 64 detectores e 100 classificações de

tamanho de partículas, além de dois emissores de laser para uma melhor precisão

na faixa sub-mícron. As amostras foram lidas com o auxílio do programa Gradistat v.

4.0 (A grain size distribution and statistic package for the analysis of unconsolidated

sediments by sieving or laser granulometer- University of London, Department of

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Geology) e os parâmetros sedimentares calculados segundo Folk e Ward (1957)

(FERMINO, 2007).

4.6 MINERALOGIA

Para mineralogia foram analisadas 47 amostras do total de 90 amostras,

sendo, oito amostras contínuas, ou seja, a cada 2 cm nas profundidades 8-10 cm até

a amostra 20-23 cm (8 amostras) e as amostras 24-26 cm até 180-182 foram feitas

alternadamente, ou seja a cada 4 cm (39 amostras). Tais amostras destinadas à

análise da mineralogia foram analisadas por espectrometria do infravermelho à

transformada de Fourrier (FTIR), segundo Bertaux et al. (1998). De acordo com tal

metodologia, a quantidade de radiação absorvida é proporcional à quantidade de

matéria absorvente nas amostras. O material sedimentar foi submetido à secagem,

maceração tanto manual quanto automática até que se obtivesse um tamanho de

partícula inferior a 2 μm; depois este material foi seco em estufa a 50 °C por alguns

minutos e posterior homogeneização da amostra com KBr (1:400), secagem a 50 °C

novamente e prensagem a fim de se confeccionar pastilhas para passagem no FTIR

(Perkin Elmer Spectrum 1000). Os espectros obtidos (na faixa entre 4000 e 400 cm-1

de comprimento de onda) foram tratados utilizando o programa Spectrum para

Windows, sendo as linhas de base corrigidas manualmente num momento anterior

às quantificações mineralógicas que foram feitas no programa Excel através de

comparação com os padrões disponíveis (FARIAS, 2008).

4.7 TEOR DE MATÉRIA ORGÂNICA, NITROGÊNIO, Δ13C E Δ15 N

As amostras destinadas a estas análises, foram submetidas ao ataque ácido

de HCl 1M, segundo Loring e Rantala (1992) para descarbonatação, maceradas em

gral de pistilo de ágata, pesadas (0,01 a 0,02 g de sedimento seco) em balança de

cinco casas decimais e acondicionadas em cápsulas de estanho. Cada cápsula foi

acondicionada em uma bandeja apropriada e posteriormente, foram enviadas para o

laboratório UC Davies Stable Isotope Facility, Departament of Agronomy,

Universidade da Califórnia, Estados Unidos, onde os teores de carbono orgânico

total e nitrogênio total depositados ao longo do testemunho foram avaliados

utilizando-se um analisador automático CHN. Os isótopos estáveis de carbono e

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nitrogênio ( 13C e 15N) foram determinados por espectrometria de massa (IRMS) da

marca PDZ Europe 20-20 ANCA-GLS acoplada ao CHN, no mesmo departamento

citado. A quantificação dos isótopos é dada em ‰ da composição isotópica do

padrão PDB (fóssil Belemnitella americana da Formação Peedee na Carolina do

Sul).

4.8 ANÁLISE DE MICROFÓSSEIS

Para a análise de microfósseis, todas as 90 amostras foram padronizadas em

10 ml durante o fatiamento do testemunho e lavadas através da peneira

granulométrica de abertura de malha 0,062 mm, descartando-se a granulação

abaixo deste intervalo. No intervalo entre a lavagem das amostras, as peneiras

foram mergulhadas em azul de metileno, com o objetivo de corar organismos que,

pudessem vir a contaminar a amostra subseqüente, posteriormente às amostras

foram secas em estufa à 50ºC.

No laboratório de Videomicroscopia do Departamento de Geoquímica da UFF,

as amostras foram quarteadas e triadas sob estereomicroscópio utilizando a

metodologia de Hallock (2003) onde são triados 150 indivíduos para foraminíferos.

Depois de triados, os indivíduos foram colados em lâminas para armazenamento de

microfósseis e posteriormente identificados em nível genérico. Para as

denominações supra-específicas foram utilizados os trabalhos de Brady, 1884,

Loeblich e Tappan (1988), Akimoto et al. (2002), Boltovskoy et al. (1980), Jones

(1994), Hottinger (1993), Cushman (1929).

Foram tiradas fotomicrografias dos foraminíferos bentônicos no

estereomicroscópio da Zeiss, com máquina Sony w-90 (Apêndice f). Estas fotos

representam os indivíduos de cada grupo trófico utilizado para este trabalho em

ilustração esquemática, pois não possuem escala de tamanhho.

4.9 ANÁLISE DE DADOS

Depois de identificados os dados de abundância dos gêneros de

foraminíferos foram tabelados em Planilha (Apêndice g) onde as linhas

representaram os gêneros e as colunas as profundidades do testemunho.

Posteriormente, foram contabilizados os números de indivíduos totais em 10ml de

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sedimento. Para análise dos índices de diversidade foi utilizado o programa

PRIMER 5.0 (CLARKE e WARWICK, 1994). Através deste software foram

calculados os descritores ecológicos da associação faunística, tais como: número

de indivíduos (N), riqueza de espécies (S) (neste trabalho gêneros), diversidade de

Shannon-Wiener [H’= -Σi pi log (pi)], e equitatividade de Pielou [J’= H’/log (S)].

Os resultados das variáveis geoquímicas e micropaleontológica foram

submetidos à análise estatística não paramétrica através da correlação de

Spearman, que opera com ranking das medidas para cada variável (Zar, 1999).

Estas análises foram analisadas no software STATISTICA 6.0 (Apêndice e).

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5 RESULTADOS

Baseado nos dados de granulometria, matéria orgânica e foraminíferos,

conforme detalhadas a seguir, foram reconhecidas três unidades principais de

sedimentação no testemunho AB05-1, notadas de I a III, da base para o topo, sendo:

Unidade I - 185cm a 119cm (5170 a 1280 anos A.P.)

Unidade II - 119cm a 61cm (1280 a 345 anos A.P.)

Unidade III - 61cm a 9cm (345 até o recente)

5.1 DATAÇÃO

As datações por 14C indicaram para a base do testemunho AB05-1 uma idade

interpolada de 5.170 anos cal A.P. A Tabela 3 apresenta os intervalos e as idades

prováveis para as diferentes profundidades selecionadas do testemunho e a Figura

17 mostra o testemunho e as idades prováveis calibradas (em anos cal. A.P.) para

as profundidades selecionadas. A partir destes resultados foi realizado o cálculo da

taxa de sedimentação (cm/ano) e interpolação das idades das outras profundidades

do testemunho (Apêndice b).

Tabela 3 Idades 14C calibradas do testemunho AB05-1

Cod.Lab. Profundidades (cm) material idade

provável Idades radiocarbono A.P.

Sac A9492 AB 05-1 10-11 concha molusco recente recente

Sac A9491 AB 05-1 69-74 sedimento 420 755 ±30

Sac A9490 AB 05-1 124-125 concha molusco 1390 1885±30

Sac A9489 AB 05-1 168-171 sedimento 4160 4130±35

Fonte: Este estudo

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Figura 17 : (a) Fotomontagem do testemunho (b) valores de datações cal anos A.P. (modificado de FERMINO, 2007)

5.1.1 Taxa de sedimentação

As taxas de sedimentação média foram calculadas através da média das

espessuras datadas e apresentaram valores menores na base do testemunho como

mostrados na Figura 18.

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0,17cm/ano

0,02cm/ano

0,06cm/ano

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

prof cm

ida

de

ca

l A

P

Figura 18 Gráfico Idade cal A.P. x profundidade em cm do testemunho AB05-1. Os números acima de cada linha representam as taxas de sedimentação para cada intervalo datado.

Os resultados mostraram diferentes taxas de sedimentação para os três

estratos datados (Tabela 4).

Tabela 4 Taxa de sedimentação média para as 3 unidades datadas do testemunho AB05-1

Intervalo de tempo(idade cal AP)

Intervalo da profundidade (cm)

Taxa de sedimentação média (cm/ano) e desvio padrão

50-420 50-70 0,17 ± 0,003

420-1390 70-125 0,06± 0,03

1390-4160 125-169 0,02± 0,002

Fonte: Este estudo

5.2 ASPECTOS SEDIMENTARES

Os resultados, granulometria e mineralogia são dados secundários

pertinentes ao presente trabalho, foram também objeto dos estudos de Fermino

(2007) e Farias (2008) e foram destacados neste trabalho os principais níveis

encontrados por estes autores e posteriormente reinterpretados para o presente

trabalho dentro das três unidades encontradas.

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5.2.1 Granulometria

Através da análise dos diagramas de porcentagem de areia, diâmetro

mediano, diâmetro médio e principalmente densidade, tornou-se visível uma

sucessão sedimentar constituída de seis unidades de sedimentação (estratos ou

camadas). Para o trabalho deste autor, as unidades foram numeradas da base para

o topo de 1 a 6, sendo-lhes atribuídas cores para melhor visualização (Figura 19 e

20) (FERMINO, 2007).

Figura 19 Granulometria do testemunho AB05-1 (Fonte: FERMINO, 2007).

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Figura 20 Diagrama silte/areia/argila das amostras do testemunho AB05-1 (Fonte: FERMINO, 2007)

Segundo Fermino (2007), as seis modas visualizadas ao longo do testemunho

AB05-1, ocorreram nas seguintes frações granulométricas:

• De 0,2 a 0,9 μm – argila.

• De 2,0 a 15,0 μm – de argila a silte médio.

• De 15,0 a 70,0 μm – silte médio a areia muito fina.

• De 15,0 a 170,0 μm – silte médio a areia fina.

• De 70,0 a 140,0 μm – de areia muito fina a areia fina.

• De 140,0 a 500,0 μm – areia fina a média.

Em direção ao topo ocorreu uma alternância entre as frações 140,0 a 500,0

μm (areia fina a média) e 15,0 a 70,0 μm (silte médio a areia muito fina) em suas

freqüências (FERMINO, 2007).

Como mencionado anteriormente os dados granulométricos foram

reinterpretados. Segundo as 3 unidades encontradas para o testemunho AB05-1 foi

feito o gráfico de porcentagem de areia, silte e argila (Figura 21). Os valores para

cada amostra encontram-se no Apêndice c.

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Figura 21 Porcentagem de areia, silte e argila do testemunho AB05-1

Na Unidade I, apesar dos grãos corresponderem a cerca de 60% de silte,

ocorre também uma porcentagem maior de areia. Há grande variação da

granulometria (amplitude da porcentagem de areia, silte e argila). Observa-se uma

leve tendência à diminuição do teor de areia (de 40% em 185 cm para 23% em 119

cm), aumento de silte (de 53% em 185 cm para 68% em 119 cm) e leve aumento de

argila (de 6,4% em 185 cm a 8,6% em 119 cm).

Na Unidade II, há tendência da diminuição de areia (de 23% em 119 cm para

19% em 61 cm) e aumento de silte continua (de 68% em 119 cm para 70% em 61

cm), porém há diminuição da variação dos valores. A argila apresenta oscilação dos

valores a partir de 120 cm (1215 anos cal A.P.) até 75 cm (445 anos cal A.P.) com

aumento em 10,7% a 101 cm e mínimo de 7,35% em 89 cm.

Na Unidade III, continua a tendência da diminuição da areia (de 19% em 61

cm para 12% em 9 cm) e aumento de silte (de 70% em 61 cm para 80% em 9 cm).

Na profundidade de 55 cm (305 anos cal A.P.), ocorre uma mudança no padrão de

sedimentação, onde a porcentagem de silte aumenta em um curto período de tempo

e há a diminuição de areia para o mesmo período. A porcentagem de areia diminui

de 18% em 55 cm para 13% em 53 cm, e o silte diminui de 71% em 55 cm para 78%

em 53cm. A argila diminui em 37 cm (180 anos cal A.P.) de 9,33% para 7,1% em 9

cm (Recente).

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5.2.2 Mineralogia

Através da análise de espectroscopia de infravermelho, Farias (2008) definiu

os principais minerais que ocorrem nos sedimentos do testemunho, são eles os

carbonatos como a aragonita, calcita e dolomita, os argilominerais como a caulinita,

ilita e esmectita, e o grupo da sílica como quartzo e sílica amorfa.

Os teores de carbonatos obtidos são muito elevados e mostram-se oscilando

entre 60 e 99%, com os maiores teores na base do testemunho (Figura 22).

Figura 22 Distribuição dos carbonatos do testemunho AB05-1 (Fonte: FARIAS, 2008)

A partir da profundidade 128-130cm em direção ao topo, os carbonatos

apresentam várias quedas em seus teores chegando a valores de 60 a 96%. Na

profundidade de 60-62cm os carbonatos voltam a apresentar valores de 89 a 96%,

permanecendo assim até a profundidade 28-30cm. A partir desta profundidade até o

topo do testemunho ocorrem mais duas quedas destes valores, nas profundidades

de 25cm e 13cm (FARIAS, 2008).

Nas profundidades onde ocorrem os menores valores de carbonato, ocorre

também uma anomalia nos valores de caulinita, variando de 12,5 a 29% do teor. Os

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outros argilominerais, ilita e esmectita acompanham a maior parte dos picos de

caulinita, com os teores variando de 0 a 4% e de 0 a 8% respectivamente (Figura

23) (FARIAS, 2008).

Figura 23 Granulometria e mineralogia do testemunho AB05-1(Fonte Farias, 2008)

5.3 GEOQUÍMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA

5.3.1 Carbono orgânico total e nitrogênio total

Os teores de carbono orgânico total (COT) e nitrogênio total (Figura 24)

mostram tendências crescentes da base para o topo, sendo para COT de 0,24% em

185cm para 0,35% em 9cm e para nitrogênio total de 0,03% em 185cm para 0,05%

Unidade I

Unidade II

Unidade III

Unidade I

Unidade II

Unidade III

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em 9cm. Os valores de nitrogênio aumentam em uma proporção mais acentuada do

que os teores de COT, conseqüentemente os valores de C/N diminuem de 9,2 em

185cm para 6,5 em 9cm.

Nas Unidades I e II, há variação dos valores de COT e N total, porém é na

Unidade III que esses valores aumentam mais acentuadamente (0,21% em 61 cm

para 0,35% em 9 cm) para COT e (0,03% em 61 cm a 0,05% em 9 cm) para o

nitrogênio. Na profundidade de 33 cm (150 anos cal A.P.), há um aumento anômalo

para os valores da razão C/N (10,41), que pode significar erro metodológico, pois

não segue o padrão das outras amostras. Os valores para todas as amostras

encontram-se no Apêndice d.

Figura 24 Valores de COT (%), nitrogênio (%) e razão C/N para o testemunho AB05-1.

5.3.2 Isótopos estáveis de Carbono (δ13C) e nitrogênio (δ15N)

Os valores do δ13C no testemunho AB05-1 variaram entre -21 a -18‰ ao

longo do testemunho. Os valores do δ15N variaram diferentemente ao longo das

unidades. Na Unidade I, houve grande variação na amplitude dos valores

apresentando aumentos de 3,9‰ em 159 cm e diminuição para 2,5‰ em 153 cm.

Na Unidade II, os valores para δ15N apresentaram-se mais similares (3,8‰ em 120

cm a 3,6‰ em 81 cm) e a partir desta profundidade os valores aumentam até chegar

em um máximo de 4,2‰ em 75 cm, com posterior diminuição. Na Unidade III há

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outro aumento de 3,8‰ em 51 cm com diminuição dos valores até o topo do

testemunho para 3,1‰ em 9 cm (Figura 25).

Figura 25 Composição isotópica para 15N e 13C (‰) ao longo do testemunho AB05-01. 5.4 FORAMINÍFEROS

Foram identificados 128 gêneros de foraminíferos ao longo do testemunho

(Apêndice f), pertencentes às ordens Rotaliida, Miliolida e Textulariida, sendo as

duas primeiras mais abundantes em número de gêneros.

5.4.1 Abundância e riqueza de gêneros

Com relação à abundância absoluta (numero de indivíduos em 10ml), o

número de espécimens ao longo do testemunho variou bastante, tendo um valor

máximo de 165.710 em 73 cm (430 anos cal. A.P.) e mínimo de 7.957 em 61 cm

(345 anos cal. A.P.).

Na Unidade I houve maior abundância de gêneros em 177 cm (118.589

indivíduos em 10ml), porém com relação às duas unidades posteriores a abundância

geral foi relativamente mais baixa. Na Unidade II aconteceram 3 máximos de

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abundância (140.709 indivíduos (ind.) em 115 cm, 124.416 ind. em 87 cm e 165.710

ind. em 73 cm), sendo que no final desta unidade em 61cm (358 anos A.P.) houve a

menor abundância absoluta (7.957 ind.). Finalmente, na Unidade III a abundância

volta a aumentar. A riqueza de espécies se manteve relativamente constante ao

longo do testemunho, porém variou sua amplitude. Alcançando um máximo de 46

gêneros em 183 cm (5040 anos A.P.) e um mínimo de 28 gêneros em 77 cm (510

anos A.P.) (Figura 26).

Figura 26 Abundância absoluta de indivíduos de foraminíferos bentônicos (ind./10ml) (à esquerda) e riqueza de gêneros (à direita) do testemunho AB05-1.

5.4.2 Índice de diversidade

O índice de diversidade foi calculado e os dados gerados encontram-se na

Tabela 10 no Anexo. A diversidade de Shannon (H’), apresentou o menor e o maior

valor na Unidade I (2,51 em 167 cm) e (3,14 em 183 cm), respectivamente.

Comparando-se a Unidade I com as duas unidades subseqüentes esta se apresenta

com uma diversidade menor do que as outras duas Unidades. A equitatividade serve

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como referência para que se avalie o valor de um índice de diversidade e reflete o

grau de dominância de espécies em uma comunidade. Geralmente é expressa de

forma numérica (variando de 0 a 1), derivada de algum índice de diversidade

específico. Em uma comunidade, a equitatividade será baixa quando há poucas

espécies altamente dominantes em meio a um grande número de espécies raras. Se

não houver espécies altamente dominantes, a equitatividade será maior

(MAGURRAN, 2003). Para o testemunho AB05-1, o menor valor para a

equitatividade de Pielou (J’) foi obtido em 167 cm (0,72) na Unidade I e o maior valor

em 109 cm (0,82), na Unidade II (Figura 27).

Figura 27 Diversidade de Shannon-Wiener (H’) e Equitatividade de Pielou (J’) do testemunho AB05-1.

5.4.3 Níveis tróficos

Foram considerados os gêneros mais representativos no testemunho AB05-1

em relação à abundância de cada grupo trófico. Como já citado anteriormente, estes

grupos foram pré- estabelecidos em Hallock et al (2003) e Carnahan et al (2008),

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tais como: Grupo I: foraminíferos com endossimbiontes; Grupo II: heterotróficos e

Grupo III; “tolerantes ao estresse” Na Figura 40 no Anexo, encontram-se

representados esquematicamente alguns exemplares destes três grupos. Os

gêneros utilizados como gêneros índice foram escolhidos principalmente pela

abundância e freqüência ao longo do testemunho (Apêndice e).

Tabela 5 Grupos de gênero índice de foraminíferos bentônicos

GRUPOS

Foraminíferos bentônicos

I) Foraminíferos com endossimbiontes Peneroplis e Archaias

II) Heterotróficos Miliolinella e Cornuspira

III) Tolerantes ao estresse Bolivina, Elphidium e Ammonia

Fonte:

Com relação aos foraminíferos com endossimbiontes, na Unidade I tanto para

Peneroplis quanto para Archaias aparecem os maiores valores (figura 28).

Para Peneroplis ocorre um aumento da abundância absoluta em 177cm de

16.263 ind. uma posterior diminuição em direção ao topo da Unidade I, chegando a

833 ind. em 121cm. Na Unidade II há um aumento destes indivíduos ocorrendo dois

máximos (13.988 ind. em 115cm e 15950 em 73cm). Logo após este último máximo,

há uma queda abrupta dos indivíduos deste gênero (de 15950 ind. em 73cm para

1191 ind. em 71cm), Na Unidade III estes valores continuam baixos até os 43cm,

onde chegam a 630 ind., e aumentam levemente, chegando a 9608 ind. em 9cm.

Para Archaias, na Unidade I, foi onde houve a maior ocorrência de

abundância do gênero, (14230 ind. em 177cm; 18973 em 171cm e 10164 em

149cm) com declínio (1508 ind. em 143cm) em direção ao topo desta unidade e um

quarto aumento ainda na Unidade III (13988 ind. em 120cm). Posteriormente os

valores oscilaram na Unidade II até 71cm, quando houve um declínio da abundância

relativa que se manteve até o topo (3072 ind. em 9cm).

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Figura 28 Abundância absoluta de foraminíferos com endossimbiontes (ind./10ml) ao longo do testemunho AB05-1. Os dois gêneros utilizados neste trabalho para representar o grupo dos

heterotróficos (Miliolinella e Quinqueloculina) apresentaram comportamentos

semelhantes entre si. O gênero Quinqueloculina apresentou uma grande variação

específica, o que pode acarretar incertezas devido a diferentes respostas a

variações ambientais dependendo da espécie, portanto optou-se por utilizar o

gênero Cornuspira, que teve grande abundância e freqüência ao longo do

testemunho e apresentou menor variação específica (Figura 29).

Na Unidade I a abundância absoluta foi baixa para os dois gêneros e a partir

da Unidade II há um aumento de abundância de ambos com aumentos para

Miliolinella (20571 ind. em 115cm; 24192 ind. em 87cm e 30129 ind. em 73cm) e

para Cornuspira (5184 ind. em 87cm e 4430 ind. em 73 cm). Ocorre decréscimo

posterior da abundância destes gêneros em 61 cm (Miliolinella com 1553 ind. e

Cornuspira 189 ind.). Na Unidade III estes gêneros apresentaram um leve aumento

da abundância relativa em direção ao topo.

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Figura 29 Abundância absoluta de gêneros heterotróficos (ind./10ml) do testemunho AB05-1. Os três gêneros de foraminíferos tolerantes ao estresse foram representados

por Bolivina, Elphidium e Ammonia (Figura 30). Os dois primeiros apresentam uma

elevada abundância absoluta entre os representantes deste grupo trófico ao longo

do testemunho, e o terceiro corresponde a um gênero considerado extremamente

tolerante a estresses ambientais (ALVE, 1985; BERNHARD & SEN GUPTA, 1999;

CARNAHAN, 2005).

Na Unidade I, Bolivina e Elphidium apresentaram comportamento semelhante

entre si, com baixa ocorrência. Na Unidade II os dois gêneros ocorreram

frequentemente com aumentos para Bolivina (6400 ind. em 113cm e 11519 ind. em

73cm) e para Elphidium (7975 ind. em 77cm e 14178 ind.em 73 cm).

Posteriormente, em 61 cm estes gêneros, assim como todos os anteriores,

diminuem em abundância absoluta, com Bolivina apresentando 265 ind. e Elphidium

com 947 ind. Em seguida aumentaram a abundância com altos valores destes dois

gêneros em direção ao topo (9cm), Bolivina (4224 ind.) e Elphidium (6144 ind.).

A abundância absoluta do gênero Ammonia, na Unidade I foi baixa com

exceção das profundidades 177cm (677 ind.) e 136 cm (96 ind.). Posteriormente

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voltou a ocorrer na profundidade 69cm (407 anos cal. A.P.) com 96 ind. com

aumento da freqüência e abundância até o topo do testemunho (recente).

Figura 30 Abundância absoluta de gêneros tolerantes ao estresse (ind./10ml) do testemunho AB05-1.

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67

6 DISCUSSÃO

6.1 GEOQUÍMICA

6.1.1 Histórico deposicional, hidrodinâmico e mineralógico da plataforma carbonática de Abrolhos

A evolução sedimentar da costa nordeste do Brasil ao longo do período

Quaternário segundo Dominguez et al. (1992), foi controlada por três maiores

fatores; variações no nível do mar, direção dos ventos e clima. Porém, segundo

Bittencourt et al. (2000), a formação e orientação geral da linha de costa foram

também fatores extremamente importantes no padrão de dispersão do sedimento ao

longo desta evolução.

Ao longo do testemunho AB05-1 o tamanho dos grãos (Figura 19) apresentou

um padrão geral de granodecrescência ascendente (FERMINO, 2007). A Unidade I

(5170 anos cal A.P. até 1140 anos cal A.P.) apresentou tamanho de grãos maiores

em relação as unidades superiores do testemunho, com frações entre 140 a 500 μm

(areia fina a média). Estes resultados corroboram com os resultados descritos por

Andrade et al. (2003), que através da descrição dos resultados da coleta de 19

testemunhos ao longo da costa de Caravelas descreve a evolução da sedimentação

ao longo desta costa para os últimos 7000 anos A.P. Para o testemunho CA 96/11

(6.281 anos A.P. até 1.290 anos A.P.) descrito no trabalho deste autor há também o

registro de uma diminuição do tamanho dos grãos da base para o topo.

Segundo Bittencourt et al. (2000), atualmente, ao longo da costa do Estado

da Bahia, a direção de transporte e dispersão dos sedimentos pela movimentação

das águas ocorre principalmente de sul para norte. Porém, nem sempre esta direção

de dispersão dos sedimentos ocorreu desta forma. Bittencourt et al. (2000) e

Andrade et al. (2003) descrevendo a evolução da linha de costa de Caravelas e

Bahia mostraram alguns estágios de inversão deste sentido de transporte. Através

de estudos sedimentológicos de testemunhos coletados ao longo da costa de

Caravelas e datações com 14C, Andrade et al. (2003), descreveu sete estágios dos

padrões de sedimentação para a costa de Caravelas, sendo que três destes

estágios representam estágios de inversão do transporte do sedimento. Em um

primeiro estágio (5000 anos A.P. 4000 anos A.P.) esse transporte seguia o sentido

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sul-norte da costa brasileira, em um segundo estágio (4000 anos A.P.e 1700 anos

A.P.) este sentido foi invertido, ou seja, o sedimento era transportado de norte para

sul e num terceiro momento (1600 anos A.P. até 1070 anos A.P.) voltou ao padrão

sul –norte. Para este autor a principal causa destas inversões esta relacionada às

mudanças relativas do nível do mar e o concomitante desenvolvimento dos recifes

de coral, que formaram uma barreira fazendo com que ocorressem esses períodos

de inversão. Por outro lado, esses períodos de inversão têm sido sugeridos por

Martin & Suguio (1992), como resultado de mudanças na circulação atmosférica

induzidas pela ocorrência do fenômeno El Niño, que poderiam ter influenciado

também a mudança no sentido das correntes e da direção de transporte do

sedimento.

Como resposta a esses períodos de inversão Bittencourt et al. (2000)

descreveu períodos de erosão intercalados a processos de progradação (um

processo natural de ampliação das praias, processo oposto ao da erosão)

resultando em barreiras geográficas formando zonas de dispersão dos sedimentos

que vêm de sul para norte na linha de costa do Brasil como por exemplo, a Ponta da

Baleia-Corumbau, Ponta de Corumbau-Belmonte e Salvador-Mangue Seco. Estas

barreiras geográficas podem causar acúmulo do sedimento ou sua dispersão.

Todos esses processos de inversão e desenvolvimento de barreira geográfica

para dispersão ocorreram principalmente no período correspondente a Unidade I e

em parte na Unidade II do testemunho AB05-1 (Figura 21). Estas mudanças e

inversões nos padrões de sedimentação podem estar relacionadas à grande

variação na porcentagem de areia e silte que são apresentadas principalmente na

Unidade I e em parte na Unidade II. Segundo Andrade et al. (2003), o crescimento

da ponta da Baleia em associação com a emergência e estabelecimento dos recifes

de coral Sebastião Gomes, Coroa Vermelha, Viçosa e Abrolhos, fez com que fosse

criado um ambiente de baixa energia, favorecendo a deposição de grãos finos na

região. Este fato pode ser corroborado através da maior porcentagem de silte em

direção ao topo do testemunho AB05-1 que puderam ser depositados devido a um

ambiente com menor hidrodinâmica como citado acima.

Na Unidade III, foi observado um aumento significante de silte e diminuição

de areia com uma alta correlação negativa entre silte e argila (-0,98; p<0,05)

(Apêndice c) ao longo de toda esta unidade. E mais especificamente na

profundidade de 55cm (300 anos A.P.) ocorre um aumento significativo da

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porcentagem de silte e diminuição da porcentagem de areia em direção ao topo.

O testemunho AB05-1 foi coletado no inverno de 2005, juntamente com a

coleta de sedimento superficial para os trabalhos de Barbosa et al. (2006) e Oliveira-

Silva (2008). As amostras do projeto FOCO AB-3i-20 correspondem ao ponto mais

próximo da estação de amostragem do testemunho AB05-1. Os resultados para esta

estação de amostragem (FOCO AB 3i-20) evidenciaram o predomínio de sedimentos

mais finos em relação a todo o sistema, tanto no verão quanto no inverno (Figura

31). Estes resultados corroboram com os resultados de alta porcentagem de silte na

Unidade III para o testemunho AB05-1, que aumentou em direção ao recente. Este

fato poderia evidenciar a influência de um fator local para a estação de coleta do

testemunho AB05-1, a qual influenciaria a deposição das menores frações de

tamanho de grão nesta porção do sistema como, por exemplo, a estrutura recifal

adjacente (chapeirões) que poderiam estar funcionando como barreira física

auxiliando a deposição dos grãos finos.

Figura 31 Estações de coleta de sedimento para tamanho médio do grão no verão (à esquerda) e inverno (à direita), a escala de cores corresponde ao tamanho dos grãos; a seta em vermelho aponta as estações AB-3V-20 e AB-3i-20 respectivamente, próximo ao local de coleta do testemunho AB05-1 (modificado de OLIVEIRA-SILVA, 2008).

No entanto, a Figura 31 ilustra que há variações sazonais no padrão de

sedimentação na região de Abrolhos para todo o sistema, que possivelmente são

influenciadas pela ocorrência da entrada de frentes frias durante o período de

inverno que acarretam a ressuspensão dos sedimentos finos e tornam as águas

mais turvas nesta estação (DOMINGUEZ et al., 1992; BITTENCOURT et al., 2000;

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OLIVEIRA-SILVA, 2008; SEGAL et al., 2008) com possível deposição dos grãos

finos no verão, quando a hidrodinâmica muda. Os elementos básicos do padrão

geral da atmosfera ao longo da costa leste nordeste do Brasil inclui; 1) As massas

originadas das células de alta pressão do Atlântico Sul e 2) avanços periódicos de

massas polares.

Portanto, além das variações da linha de costa e variações do nível do mar,

as mudanças climáticas ao longo do Quaternário poderiam causar variações na

direção dos ventos, e induzir modificações na sedimentação. Além disso, fatores

locais como a morfologia de chapeirões poderiam também ser responsáveis pela

menor hidrodinâmica encontrada para o local de coleta do testemunho AB05-1.

Segundo Knoppers et al., (1999) e Dutra et al., (2004) o rio Caravelas não

soma importância aos processos sedimentares ocorrentes no arco externo, uma vez

que o aporte originado do mesmo não é suficiente para alcançá-lo. A maioria do

material derivado de rios e da erosão costeira parece ficar retido nas águas

próximas à costa ou são barrados pelo arco costeiro (Parcel das Paredes) sendo

que todo o material que ultrapassa tal barreira tende a ser lavado por correntes

oceânicas ou pela corrente do canal de Abrolhos.

Com relação à mineralogia estudada por Farias (2008), foram definidos os

principais minerais: carbonatos, tais como; aragonita, calcita e dolomita, os

argilominerais como a caulinita, ilita e esmectita, e o grupo da sílica como quartzo e

sílica amorfa. A ocorrência dos minerais carbonáticos ao longo do testemunho

AB05-1 foi predominante variando entre 60 a 99%, (FARIAS, 2008). Este predomínio

é também encontrado em trabalhos para o Recente em estudos na região de

Abrolhos, com principal ocorrência de calcita e aragonita (KNOPPERS et al., 1999;

SEGAL, et al, 2008). Um gradiente crescente de carbonatos (continente-oceano) é

descrito por Leão (1982) e Leão e Dutra (2005), onde entre o arco costeiro e a linha

de costa ocorre maior sedimentação siliciclástica; entre o arco costeiro e o arco

externo há uma mistura de sedimentos carbonáticos e siliciclásticos; e no arco

externo de Abrolhos há predominância de material carbonático.

Na Unidade II do testemunho AB05-1 ocorre uma variação na porcentagem

da caulinita que começa em 120cm (1215 anos cal A.P.) com alguns picos até a

profundidade 60cm (345 anos cal A.P.) e a partir desta profundidade volta a diminuir

sua ocorrência. Segundo Knoppers (1999), não se pode dizer que existe aporte de

material terrígeno influenciando o ecossistema recifal de Abrolhos. Porém, traços de

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caulinita no canal de Abrolhos e na plataforma interna, podem indicar que algum

material terrígeno alcança os recifes do arco externo, seja pela passagem da

corrente do Brasil, seja por transferência do arco interno para o arco externo em

função do transporte pelas correntes de maré.

6.1.2 Geoquímica da matéria orgânica

O estoque de Carbono orgânico é um aspecto fundamental para as

comunidades biológicas, seu fluxo é geralmente limitado para os organismos

bentônicos marinhos (LOUBERE & FARIDUDDIN, 1999). O zooplâncton e o

fitoplâncton são os principais contribuidores de carbono orgânico no ambiente

marinho. A fixação fotossintética de carbono por unidade de área e unidade de

tempo é limitada principalmente pela disposição de nutrientes (nitrato, fosfato,

silicato e elementos traço) e pela intensidade da luz (RUHLEMANN et al., 1999).

O carbono orgânico é o mais direto indicador de paleoprodutividade, visto que

é o elemento básico para todos os organismos. A observação é que o conteúdo de

carbono orgânico nos sedimentos marinhos acompanha o padrão de produção

primária. Isto é a base para utilizar o carbono orgânico como um indicador de

paleoprodutividade. Porém, em plataformas carbonáticas rasas, onde há grande teor

de oxigênio, o carbono orgânico depositado é rapidamente degradado. Quanto maior

a quantidade de O2, maior a depleção de carbono orgânico e menor a dissolução do

carbonato (RULLKOTTER, 2000).

A porcentagem de COT ao longo do testemunho aumentou, principalmente na

Unidade III, onde os valores aumentaram de 0,21% de COT em 61cm (345 anos

A.P.) para 0,35% de COT para o recente, sugerindo um aumento na produtividade

primária. Apesar da baixa correlação entre COT e silte (0,17; p<0,05) (Apêndice a),

segundo Berner (1995), Meyers (2003) e Loubere & Fariduddin (1999), a

concentração de COT normalmente aumenta com a diminuição do tamanho dos

grãos, segundo estes autores, a matéria orgânica é mais bem adsorvida em

sedimentos finos, onde há também menor quantidade de oxigênio para degradação

da MO.

O carbono orgânico nos sedimentos marinhos pode ter três principais fontes:

produção por plantas bentônicas costeiras, produção do fitoplâncton oceânico e

fonte fluvial através de matéria orgânica particulada. Ao longo do testemunho AB05-

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1, os valores do δ13C variaram entre -21 a -18‰, indicando que a fonte de matéria

orgânica é exclusivamente marinha (MEYERS, 1994; 2003), e não houve ao longo

da história sedimentar indicada pelo testemunho aporte de fonte continental. Esta

ausência de contribuição continental na sedimentação ao longo dos últimos 5000

anos da região dos Abrolhos observada no testemunho AB05-1 corrobora com os

estudos para o atual feitos por Knoppers et al. (1999) que indicam uma influência

local e menor de sedimentos terrígenos em função de pouca ou nenhuma influência

fluvial em uma margem continental mais estável para o arco externo dos Abrolhos.

Segundo este autor, bancos costeiros, caracterizados por material ressuspenso do

fundo, representaram a fonte principal de matéria das águas costeiras. O transporte

da matéria ao mar é amenizado por uma barreira hidrodinâmica, ocasionada pelas

fortes correntes costeiras, como também pelo próprio arco interno do sistema recifal.

O impacto de material terrígeno é amenizado pela lavagem eficiente da Corrente do

Brasil da região.

A diminuição dos valores da razão C/N (Figura 24), sugere um aumento da

produção marinha. O aumento da quantidade de carbono orgânico significa maior

quantidade de produção biológica, como o C/N aumenta em uma relação inversa

com a porcentagem de N, isto pode significar que esta produção é cada vez maior

de fonte de algas marinha (Figura 32) (MEYERS, 1997).

Figura 33: Razão C/N molar e isótopos de δ13C(‰) para o testemunho AB05-1

Figura 32 Razão C/N X isótopos de 13C para o testemunho AB05-01.

Ainda existem incertezas com relação à natureza das mudanças que as

partículas sofrem na coluna d’água. A reconstrução das variações de nutrientes na

-22,0

-21,5

-21,0

-20,5

-20,0

-19,5

-19,0

-18,5

-18,0

8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0C/N

13C

(‰

)

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superfície das águas requer a preservação do sinal de isótopo de nitrogênio da

superfície da água na matéria orgânica sedimentar (HOLMES et al., 1999). Os

sedimentos parecem ser relativamente enriquecidos em δ15N relativos a matéria

orgânica da coluna d’água (BICKERT, 2000). No testemunho AB05-1, a correlação

negativa entre COT e δ15N (-0,64;p<0,05), parece estar relacionada a esta relação

inversa apresentada acima.

O processamento de nitrogênio inorgânico durante a fotossíntese, resulta no

fracionamento de isótopos de nitrogênio, entre a fonte inorgânica (NO-3) e a matéria

orgânica produzida. O NO3- com isótopos leves é preferencialmente utilizado na

fotossíntese fitoplanctônica. As concentrações de nutrientes podem influenciar a

utilização do nitrato, e pode haver uma relação inversa entre concentração de

nutrientes e valor de δ 15N. Ambientes pobres em NO3- tornam-se progressivamente

mais ricos em δ 15N, devido ao fracionamento cinético, enquanto não há novo input

de NO3- (HOLMES et al., 1999; BICKERT, 2000). Para o testemunho AB05-1 pode

ser observado principalmente na Unidade III um aumento da porcentagem de

Nitrogênio total e COT e a diminuição do δ15N (Figura 33), sugerindo que houve

maior aporte de nutrientes principalmente nesta Unidade o que fez com que a

utilização do δ15N pelos organismos diminuísse.

Figura 33 Porcentagem de nitrogênio total, COT(%) e δ15N para o testemunho AB05-1.

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A diagênese, entretanto, pode alterar o fracionamento do isótopo de

nitrogênio até mesmo antes de serem depositadas. Altabett e Mc Carthy (1985)

sugerem que a remineralização das partículas depositadas resulta em um

enriquecimento ainda maior do δ15N na matéria orgânica residual. O testemunho

AB05-1 mostrou como valor máximo um enriquecimento de 4‰ na Unidade II (fig.

33) e posteriormente em direção a Unidade III os valores de δ15N mostraram-se

decrescentes, ao contrário dos valores de matéria orgânica que se mostram

crescentes neste período. Altabet (1996) apud Holmes (1999), encontrou que em

sedimentos do pacífico equatorial os valores do δ 15N depositados foram 4‰ mais

pesados que as partículas coletadas em armadilhas de sedimento.

Segundo Nakatsuka et al. (1997), não é o consumo da matéria orgânica pelas

bactérias, mas sim a remineralização e excreção do nitrogênio inorgânico por elas

que causa as mudanças diagenéticas do δ15N no sedimento, enquanto Freudenthal

et al. (2001) afirmam que a matéria orgânica nova dos organismos responsáveis

pela degradação da mesma, que é enriquecida em δ15N, é reincorporada aos

sedimentos e possivelmente age como uma fonte para a degradação subseqüente.

Portanto, o valor máximo para δ 15N no testemunho pode sugerir a remineralização

do nitrogênio inorgânico por ação de bactéria e a subseqüente diminuição deste

valores em direção ao topo, podem sugerir um maior aporte de matéria orgânica no

sistema ou talvez possa significar que não houve tempo ainda para ação de

microorganismos, ou ainda, ambos os processos.

6.2 FORAMINÍFEROS

6.2.1 Foraminíferos e mudanças ambientais.

Como já dito anteriormente, no presente trabalho foram identificados 128

gêneros de foraminíferos bentônicos, das ordens Miliolida, Rotaliida e Textulariida,

as duas primeiras ordens foram as mais freqüentes ao longo de todo o testemunho.

Este resultado está de acordo com Buzas et al. (1977) apud Smith (1987), que

encontrou em Discovery Bay na Jamaica, uma maior abundância de espécies

calcárias de miliolideos e rotalideos perfurados (Rotaliida), com poucas espécies

aglutinantes (Textulariida). Este autor considerou este padrão como microfauna de

águas quentes e rasas, que se encontram nestas proporções devido às grandes

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concentrações de carbonato de cálcio dissolvidas nesses ambientes. Não foram

observados nas amostras do testemunho AB05-1 processos tafonômicos nas

carapaças dos foraminíferos, tais como abrasão, corrosão ou indivíduos quebrados,

indicando que não houve ação de dissolução da calcita nas testas destes

organismos.

A abundância absoluta de foraminíferos foi baixa na Unidade I,

posteriormente em direção a Unidade II a abundância absoluta aumentou com os

maiores valores e novamente decresceu em direção a Unidade III, atingindo o menor

valor para abundância absoluta de todo o testemunho, em 61cm (357 anos A.P. ou

ano de 1652 anos A.D.) (Figura 34). Posteriormente a abundância volta a aumentar

gradativamente. Esta variação na abundância absoluta poderia ocorrer devido a

inúmeros fatores (salinidade, pH, nutriente). Porém, o que chamou a atenção foi esta

diminuição para todos os gêneros na mesma profundidade (61cm) (Figura 35).

Figura 34 Abundância absoluta dos gêneros de foraminíferos bentônicos (ind/10ml) do testemunho AB05-1, onde a seta em vermelho representa o ponto de menor abundância de gêneros ajeitar curva pelo statistica.

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Figura 35 Abundância absoluta (ind./10ml) para os gêneros Amphistegina, Archaias, Bolivina, Elphidium e Quinqueloculina.

Sugere-se que esta diminuição da abundância absoluta tenha ocorrido em

resposta a uma mudança de temperatura global, uma vez que os indivíduos

identificados no testemunho são característicos de águas rasas e quentes. Neste

período não há evidencias na literatura sobre variação no nível relativo do mar para

esta região, no entanto, coincide com a Pequena Idade do Gelo (Little Ice Age) que

correspondeu a um evento de influência global. Segundo Neto e Nery (2005) a

Pequena Idade do Gelo foi o período mais frio dos últimos 1000 anos tendo ocorrido

entre 1650 a 1850 anos A.D.. Como não havia dados meteorológicos antes de 1840,

muitas das informações sobre as condições climáticas dessa época puderam ser

obtidas a partir de registros históricos, crônicas e obras de arte, principalmente da

Europa. Segundo registros históricos, o período de 1685 a 1750 anos A.D., foi

particularmente frio com invernos rigorosos e sem ocorrência da estação de verão

em toda Europa. Na França foram registradas quedas nas safras agrícolas

decorrente de um frio rigoroso.

Inicialmente, acreditava-se que este evento só havia ocorrido na Europa,

porém trabalhos recentes vêm confirmando a ocorrência deste evento globalmente.

Poore et al. (2004) e Richey et al. (2007) através de análises de Mg/Ca e isótopos

de 18O em carapaça de foraminíferos planctônicos do Golfo do México encontraram

um decréscimo na temperatura do mar de 2°C em relação ao atual e atribuíram este

resultado ao evento da Pequena Idade do Gelo e a variabilidade de atividade solar e

sugeriram uma variação na posição da Zona de Convergência Intertropical (ITCZ)

durante este período. Sifeddine et al. (2008) através do estudo da matéria orgânica

e metal traço Molibdenium (Mo) em um testemunho coletado na margem central

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Peruviana no Oceano Pacífico Sul, observaram uma variação na quantidade de

nutrientes, oxigênio e padrões de sedimentação e correlacionaram a variabilidade

destes parâmetros a este mesmo período mais frio. Uma das principais causas da

Pequena Idade do Gelo, segundo os autores citados acima, está relacionada à

variabilidade solar do Maunder Minimum – evento de menor atividade solar que

ocorreu aproximadamente entre 1645 a 1715 anos A.D. (LUTERBACHER et al.

2001). Durante estudos de mais ou menos 30 anos sobre o Maunder Minimum os

astrônomos observaram somente cerca de 50 atividades solares no período, quando

o observado normalmente são cerca de 40.000–50.000 atividades. Acredita-se que o

evento do Maunder Minimum pode ter sido a principal causa da Pequena Idade do

gelo (Figura 36).

Figura 36 Maunder Minimum na história de 400 anos de atividades solares (Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Maunder_minimum. Acessado em 24/11/2009)

Por volta desta profundidade à 55cm (318 anos A.P., ou seja, 1691 anos A.D.)

os padrões de sedimentação mudam bruscamente (Figura 37).

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Figura 37 Porcentagem de silte e areia. A seta em vermelho representa o ponto de mudança brusca no padrão de sedimentação (55cm).

Para este trabalho os resultados são relativos uma vez que se baseiam em

registros de abundâncias absolutas de foraminíferos e padrões de sedimentação.

Segundo Sifeddine et al. (2008), eventos climáticos dos últimos 1000 anos ainda são

bem pouco estudados, apesar de ser nesta fase o período segundo o testemunho do

presente estudo possuir maiores variações e mudança dos parâmetros estudados.

6.2.2 Níveis tróficos

Os foraminíferos são usados como bioindicadores porque o aumento do

estresse ambiental faz com que os taxa mais sensitivos sejam eliminados, entretanto

os gêneros mais tolerantes freqüentemente são os últimos organismos a

desaparecer no local de impacto (ALVE, 1995). Os foraminíferos com

endossimbiontes são comuns em mares tropicais rasos, oligotróficos e que podem

hospedar algas endossimbiontes intracelulares (FUJITA, 2004). Estes protozoários

são particularmente importantes na produção de sedimento carbonático, devido ao

seu tamanho, razão de produção de carbonato e resistência à abrasão e dissolução

(COLLEN & GARTON, 2004).

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Yamano et al, (2000), estudando a formação dos sedimentos recifais de

Green Island, Austrália observou que um dos principais contribuidores do sedimento

carbonático da região eram os foraminíferos com endossimbiontes, principalmente

as espécies Amphistegina lessoni, Baculogypsina sphaerulata e Calcarina hispida,

que contribuíam com cerca de 30% do sedimento. Nos ambientes recifais brasileiros

representantes da família Calcarinidae não são encontrados (ARAUJO &

MACHADO, no prelo) No testemunho AB05-1 as principais famílias de foraminíferos

com endossimbiontes correspondem a Peneroplidae, Soritidae e Amphisteginidae.

Cockey et al (1996) analisou assembléias de foraminíferos coletadas ao longo

de transeções em Key Largo na Flórida em 1991-92 e comparou estas amostras

com amostras coletadas na mesma área em 1961 (ROSE E LIDZ, 1977). Foi

observado que as assembléias tinham mudado de 60-80% de dominância de

foraminíferos com endossimbiontes em 1961 para 65 a 90% de dominância de

pequenos rotalídeos e miliolídeos (heterotróficos) em 1992. Isto indica uma

diminuição dos foraminíferos com endossimbiontes e um aumento dos taxa

heterotróficos.

Para uma melhor visualização da distribuição dos grupos tróficos para o

testemunho AB05-1 foi confeccionado o gráfico em pizza (Figura 39) do somatório

dos principais gêneros de cada grupo trófico (maior freqüência e abundância)

encontrado para o testemunho. Os cinco principais gêneros de cada grupo foram:

Foraminíferos com endossimbiontes: - Amphistegina, Peneroplis, Archaias, Sorites e

Boreli; Foraminíferos heterotróficos: -Miliolinella, Pyrgo, Quinqueloculina,

Sigmamiliolinella e Cornuspira; Foraminíferos tolerantes ao estresse: - Ammonia,

Bolivina, Bolivinita, Elphidium e Trochammina. Observou-se uma diminuição dos

foraminíferos com endossimbiontes passando de 39% na Unidade I para 26% na

Unidade II e 16% na Unidade III, acompanhada de aumento dos gêneros

heterotróficos e tolerantes ao estresse ao longo das Unidades. De 55% para 61% e

de 6% para 23% respectivamente da Unidade I para a Unidade III (Figura 38).

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Figura 38 Porcentagem de cada grupo trófico nas Unidades do testemunho AB05-1

Através dos resultados obtidos no testemunho AB05-1, pode-se observar

assim como Cockey et al (1996) a diminuição da dominância de foraminíferos com

endossimbiontes da Unidade I em direção a Unidade III. Aplicando-se o coeficiente

de correlação de Spearman, na Unidade I Peneroplis e Archaias apresentaram alta

correlação entre si (0,74;p<0,05) (Apêndice a) e no topo da sucessão sedimentar

houve maior abundância dos gêneros heterotróficos (Miliolinella e Cornuspira),

igualmente com alta correlação (0,74; p<0,05) juntamente com foraminíferos

“tolerantes ao estresse” (Bolivina, Elphidium, com correlação de 0,86; p<0,05). O

gênero tolerante a estresse Ammonia (ALVE, 1995), não apresentou correlação com

nenhum dos gêneros descritos acima.

Os gêneros heterotróficos também tiveram forte correlação entre os dois

primeiros gêneros “tolerantes ao estresse”, sendo entre Miliolinella e Bolivina (0,88;

p<0,05); Miliolinella e Elphidium (0,86; p<0,05); Cornuspira e Bolivina (0,64; p<0,05)

e Cornuspira e Elphidium (0,71; p<0,05). Esta alta correlação foi observada também

entre Miliolinella e Cornuspira e entre Bolivina e Elphidium que correspondem à taxa

“tolerantes ao estresse” mas também heterotróficos (CARNAHAN et al., 2008; e

CARNAHAN et al., in press). Andersen (1975) apud Carnahan (2005) investigando

a porção norte da baía Biscayn, Flórida, observou dentre as assembléias de

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foraminíferos bentônicos que as espécies Ammonia beccarii e Elphidium gunteri

galvestonense dominavam a região da Baía caracterizada como a região mais salina

e indicou tais espécies como extremamente tolerantes a estresses ambientais.

Bolivina e Elphidium foram fortemente correlacionadas entre si. Estes gêneros e

outros da família Buliminidae (ex: Fursenkoina), têm sido mostrados como tolerantes

a altos teores de COT e condições de baixa oxigenação (BERNHARD & SEN

GUPTA, 1999)

De acordo com Araújo et al. (2008) a análise de amostras de superfície de

fundo de Abrolhos observou que um dos principais fatores para a distribuição das

assembléias de foraminíferos bentônicos foi o tamanho dos grãos, onde as espécies

Amphistegina lessonii e Peneroplis carinatus (com endossimbiontes), mostram-se

abundantes em sedimentos arenosos carbonáticos, enquanto Ammonia beccarii,

Elphidium poeyanum, Pyrgo subsphaerica, Quinqueloculina disparilis e Q.

lamarckiana são mais abundantes em sedimentos com porcentagens misturadas de

areia e lama compostas de carbonato e material siliciclástico.

A diversidade no testemunho AB05-1 aumenta de uma maneira geral

apresentando altos valores em todo o testemunho (entre 2,5 e 3,13) corroborando os

resultados de Araújo (2008). Porém, da Unidade I para a Unidade III a diversidade

mostra uma tendência crescente, que pode estar relacionada ao aparecimento de

novos taxa principalmente os já citados acima como heterotróficos e tolerantes ao

estresse. Ferreira (1977), através de estudos na Zona intermarés de Itabapoã,

Salvador, Bahia, postulou a relação entre os sedimentos finos e a diversidade

observada da associação de foraminíferos, enfatizando a diminuição da diversidade

em ambientes com grãos grossos, onde há menor retenção de matéria orgânica.

Araújo et al.(2008), reporta que em sedimentos finos há alta diversidade de

assembléia de foraminíferos, enquanto os sedimentos mais grossos contêm menor

diversidade e são dominados por macroforaminíferos.

Ainda segundo Araújo et al.(2008), a hidrodinâmica, a qual remove matéria

orgânica e testas pequenas, é importante na diversidade e riqueza de espécies. Em

áreas mais protegidas, entretanto, as condições hidrodinâmicas permitem o acúmulo

de sedimentos finos, matéria orgânica e diversas formas de foraminíferos.

As variações do nível do mar, padrões de ventos e ondas e mudanças na

morfologia do ambiente recifal também podem contribuir para a modificação das

assembléias viventes no bentos. Cubit (1985) observou que um aumento de apenas

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10cm no nível do mar de 1909 para 1984, mudou significativamente a estrutura dos

sedimentos e a distribuição dos organismos recifais do Caribe.

O aumento dos taxa heterotróficos e “tolerantes ao estresse” e principalmente

a diminuição da quantidade de foraminíferos com endossimbiontes leva a

interpretação de que as condições tornaram-se desfavoráveis para os taxa com

endossimbiontes. Sugere-se que o principal fator desta mudança nas assembléias

esteja relacionado à diminuição do tamanho dos grãos, que diminuiria a entrada de

luz e oxigênio nos sedimentos intersticiais diminuindo a ocorrência de foraminíferos

com endossimbiontes e propiciando o aumento da abundância dos heterotróficos,

mais resistentes a estas condições. Além disso, o teor de matéria orgânica aumenta,

por ser melhor adsorvida aos grãos finos favorecendo a proliferação de novos taxas

heterotróficos e “tolerantes ao estresse” e diminuição dos gêneros com

endossimbiontes.

6.3 INTERPRETAÇÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do testemunho AB05-1 permite algumas interpretações com relação

à evolução sedimentológica e paleoecológica da plataforma carbonática de Abrolhos

para os últimos cinco mil anos, tais como:

Com relação ao tamanho dos grãos, o aumento da porcentagem de silte e a

diminuição da porcentagem de areia da base para o topo do testemunho sugere que

houve diminuição na hidrodinamica do ambiente. Esta interpretação foi corroborada

pelos trabalhos de Bittencourt et al. (2000) e Andrade et al. (2003), que sugerem

fatores como a variação do nível do mar, a evolução dos recifes de coral e as

modificações na linha de costa que formaram uma barreira ao acúmulo e dispersão

dos sedimentos. Fatores climáticos podem igualmente ser responsáveis por

inversões no transporte de sedimentos (MARTIN & SUGUIO,1992).

Com relação à deposição de matéria orgânica, principalmente na Unidade III

do testemunho AB05-1, o tamanho do sedimento, pode ter sido o principal fator para

o aumento do teor da matéria orgânica, primeiro porque nos sedimentos mais finos a

matéria orgânica é melhor adsorvida e segundo porque o tamanho reduzido das

particulas, pode ter influenciado no teor de oxigênio intersticial dificultando a

degradação da MO. Por sua vez, o aumento de COT também pode significar o

aumento da produção fitoplanctônica que propiciou o aumento de chuva orgânica

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para os sedimentos de fundo ou ainda um aumento da produção e exportação da

estrutura recifal adjacente ao ponto de amostragem do testemunho AB05-1. A

produção de fitoplâncton foi intrepretada pelos indicadores de fonte, isto é, a razão

C/N e δ13C.

Com relação aos foraminíferos na Unidade I, à deposição de grãos maiores,

menor quantidade de matéria orgânica e menor produtividade fitoplanctônica

apresentada pela razão C/N pode ter gerado melhores condições para um aumento

nos teores de oxigênio e entrada de luz favorecendo o predomínio de

endossimbiontes. Além disso, as condições de alto hidrodinâmismo, neste período,

quando o nível relativo do mar estava mais alto e não existiam algumas barreiras

geográficas que foram formadas posteriormente, favoreceram o transporte

juntamente com os sedimento finos, dos foraminíferos pequenos. A observação

visual das amostras de sedimento de Abrolhos no momento de triagem dos

foraminíferos sugere que o tamanho dos indivíduos acompanhou o tamanho dos

sedimentos.

Na Unidade II, houve uma primeira diminuição dos foraminíferos com

endossimbiontes e aumento da abundância de heterotróficos que ocorriam em baixa

abundância. Nesta Unidade, começa também a ocorrer, embora com baixa

freqüência o aparecimento de gêneros tolerantes ao estresse. Este aparecimento

resultou no aumento do índice de diversidade de Shannon-Wiener e aumento da

equitatividade, tendo em vista que os foraminíferos com endossimbiontes passaram

a não ser os gêneros dominantes. Esta mudança na estrutura da comunidade pode

estar relacionada à diminuição do tamanho dos grãos que pode ter dificultado a

passagem de luz e oxigênio para os sedimentos intersticiais o que favoreceu o

estabelecimento de taxas mais resistentes a estes fatores.

No início da Unidade III, ocorre o menor ponto de abundância absoluta da

sucessão deposicional do testemunho. Esta queda foi relacionada ao evento da

Pequena Idade do Gelo ocorrido globalmente, principalmente porque todos os

gêneros identificados são típicos de águas quentes. No caso da variação

apresentada ser de efeito local, somente alguns gêneros responderiam a tal

variação. Entretanto como não foram utilizados proxies de paleotemperatura esta

relação possui caráter sugestivo.

Na Unidade III, o tamanho dos grãos diminuiu ainda mais e a porcentagem de

silte aumentou, o que foi correlacionado com a diminuição da hidrodinâmica local em

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função da evolução e estabelecimento das construções recifais e evolução da linha

de costa que formaram barreiras geográficas. Maiores valores para matéria orgânica

evidenciando uma maior produtividade são registrados principalmente pela ação do

fitoplâncton. Nesta fase parece ter se intensificado a influência da Corrente do Brasil

que encontrando tais barreiras geográficas provocaria vórtices e ressuspensão de

nutrientes na região de Abrolhos, como ocorre no Recente (KNOPPERS et al, 1999).

A predominância de gêneros heterotróficos e tolerantes ao estresse nesta unidade

pode ser devido ao aumento da matéria orgânica, propiciando a sobrevivência

destes taxa. A maior produção fitoplanctônica na coluna dágua pode ter prejudicado

os foraminíferos com endossimbiontes, pois podem ter limitado a entrada de luz para

os sedimentos. A diminuição da hidrodinâmica também pode ter favorecido a

deposição da carapaça de foraminíferos menores.

Os ecossistemas recifais de plataformas carbonáticas rasas tem apresentado

declínio na cobertura coralínea e na qualidade ambiental nas últimas três décadas

(LEÃO et al, 1997; HODGSON, 1999; BELLWOOD et al., 2004; HALLOCK, 2005;

SMITH, et al., 2005). Para os ambientes recifais da Bahia, Leão et al. (1997)

observou através do estudo de dois testemunhos sedimentares que houve um

declínio da cobertura e diversidade da fauna coralínea desde 3000 anos A.P.

Atualmente, os estudos a respeito deste declínio envolvem os efeitos

antropogênicos tais como; nutrificação do ambiente recifal e aumento da

temperatura global que pode ocasionar eventos de branqueamento em massa nos

corais pétreos e zooxantelas. (DOUGLAS, 2003; KLEYPAS, 2006; COSTA Jr et al.,

2007, 2008).

Acredita-se que a maior preocupação ligada às mudanças observadas no

testemunho de Abrolhos é que o índice de aceleração de mudanças ambientais

exceda a capacidade adaptativa dos corais e zooxantelas, os quais sabidamente

não são capazes de evoluir rapidamente (HUGHES et al., 2003). Os oceanos hoje

já estão em situação de nível de mar alto e as oscilações projetadas pelo IPCC

serão pequenas (com previsão de 0.1 a 0.9 m nos próximos 100 anos (WATSON et

al., 2001) se comparadas às variações no Pleistoceno. Além disso, ao contrário do

passado, a resposta das espécies recifais as projeções climáticas poderão ser

afetadas pelos impactos humanos, e a fragmentação e baixa cobertura recifal dos

recifes de coral brasileiros prejudicaria a capacidade de suporte destes o que os

torna muito mais susceptíveis as mudanças futuras).

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7 CONCLUSÃO

Este trabalho reporta as características sedimentares e paleoecológicas da

plataforma carbonática de Abrolhos ao longo dos últimos 5.000 anos cal. A.P. Para

os foraminíferos bentônicos as condições ambientais levaram ao declínio dos

gêneros com endossimbiontes e aumento de foraminíferos heterotróficos e

tolerantes ao estresse. Entretanto, não sabemos se a cobertura de coral seguiu o

mesmo padrão, somente sendo possível afirmar que em direção ao Recente o

sedimento na plataforma carbonática apresenta perda de qualidade capaz de

suportar o crescimento de estruturas recifais modernas (por ex, fora da estrutura dos

chapeirões). Esta perda de qualidade no sedimento pode ter sido ocasionada pelas

variações do nível relativo do mar, no padrão de sedimentação, na evolução da linha

de costa e possíveis eventos climáticos e solares que poderiam de forma sinérgica

afetar todo o ecossistema como um fator regional.

Influências locais podem igualmente influenciar a sedimentação, tais como a

estrutura recifal (chapeirões) adjacente ao local de amostragem do testemunho

AB05-1 que pode ter condicionado a deposição de grãos finos, a partir da formação

de uma barreira física à deposição. Além disso, os recifes de corais posicionados no

chapeirão podem ser os principais exportadores de nutrientes para os sedimentos

de fundo local impedindo a estabilização de comunidades de foraminíferos com

endossimbiontes e/ou comunidades recifais atuais no sedimento abaixo de tais

estruturas.

Este trabalho ainda não é conclusivo para esclarecer ao certo qual é o

principal fator que ocasionou estas mudanças na estrutura da sedimentação e na

evolução paleoecológica mostrada no testemunho, bem como examinar tendências

futuras, o que só pode ser feito através de estudos integrados. Sugere-se assim

maior refinamento desta temática com o intuito de diferenciar principalmente

influências locais e de maior escala. Além disso, sugerem-se estudos utilizando-se

proxies de temperatura para que o fator climático possa ser mais bem compreendido

para este sistema.

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104

APÊNDICES

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105 APÊNDICE A: Correlação de Spearman entre composição elementar isotópica da matéria orgânica, granulometria e foraminíferos bentônicos do testemunho AB05-01. Em realce valores significativos (p<0,05).

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106

APÊNDICE B: Idades interpoladas e taxa de sedimentação para o testemunho AB05-1

Profundidade (cm) Idade cal. A.P.Interpolada Tx de sedimentação (cm/ano)

9 -14 0,17

11 0 0,17

13 14 0,17

15 28 0,17

17 41 0,17

19 55 0,17

21 69 0,17

23 83 0,17

25 96 0,17

27 110 0,17

29 124 0,17

31 138 0,17

33 151 0,17

35 165 0,17

37 179 0,17

39 193 0,17

41 207 0,17

43 220 0,17

45 234 0,17

47 248 0,17

49 262 0,17

51 275 0,17

53 289 0,17

55 303 0,17

57 317 0,17

59 330 0,17

61 344 0,17

63 358 0,17

65 372 0,17

67 386 0,17

69 399 0,17

71 413 0,06

73 438 0,06

75 475 0,06

77 512 0,06

79 548 0,06

81 585 0,06

83 621 0,06

85 658 0,06

87 695 0,06

89 731 0,06

91 768 0,06

93 804 0,06

95 841 0,06

97 878 0,06

99 914 0,06

101 951 0,06

103 987 0,06

105 1024 0,06

107 1061 0,06

109 1097 0,06

111 1134 0,06

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107

(Continuação APÊNDICE B)

Profundidade (cm) Idade cal. A.P.Interpolada Tx de sedimentação (cm/ano)

113 1170 0,06

115 1207 0,06

117 1244 0,06

119 1280 0,06

121 1317 0,06

123 1353 0,06

125 1390 0,02

127 1516 0,02

129 1642 0,02

131 1768 0,02

133 1894 0,02

135 2020 0,02

137 2146 0,02

139 2271 0,02

141 2397 0,02

143 2523 0,02

145 2649 0,02

147 2775 0,02

149 2901 0,02

151 3027 0,02

153 3153 0,02

155 3279 0,02

157 3405 0,02

159 3531 0,02

161 3656 0,02

163 3782 0,02

165 3908 0,02

167 4034 0,02

169 4160 0,02

171 4286 0,02

173 4412 0,02

175 4538 0,02

177 4664 0,02

179 4790 0,02

181 4916 0,02

183 5041 0,02

185 5167 0,02

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108

APÊNDICE C: Porcentagem dos diferentes tamanhos de grãos ao longo do testemunho AB05-1

Profundidade (cm) argila (%) silte (%) areia(%)

9 7,18 80,76 12,06

11 7,32 78,38 14,30

13 6,72 77,93 15,35

15 6,70 77,17 16,12

17 6,77 79,35 13,88

19 6,45 77,88 15,68

21 6,31 78,67 15,02

23 7,05 79,65 13,29

25 6,55 78,23 15,22

27 6,83 78,84 14,33

29 7,50 78,30 14,20

31 7,39 78,11 14,50

33 7,88 79,25 12,87

35 7,52 77,78 14,69

37 9,33 77,48 13,18

39 8,40 77,99 13,61

41 8,22 77,84 13,94

43 8,55 77,96 13,49

45 8,54 78,81 12,65

47 8,20 77,54 14,26

49 10,20 75,79 14,01

51 8,79 77,65 13,55

53 8,81 78,07 13,11

55 10,04 71,54 18,42

57 8,50 72,10 19,40

59 8,25 69,65 22,10

61 9,42 70,81 19,78

63 8,19 70,99 20,82

65 9,56 70,79 19,65

67 9,64 70,77 19,58

69 9,47 70,31 20,22

71 9,33 70,41 20,26

73 9,21 70,85 19,94

75 9,85 70,49 19,66

77 8,94 65,86 25,20

79 9,29 69,30 21,41

81 7,78 72,53 19,70

83 8,50 63,49 28,01

85 9,44 66,29 24,27

87 10,23 66,68 23,08

89 7,35 65,75 26,90

91 10,51 67,71 21,78

93 7,40 63,17 29,42

95 7,62 64,10 28,28

97 9,86 69,97 20,18

99 9,88 69,09 21,04

101 10,77 73,52 15,70

103 7,96 65,97 26,06

105 7,44 62,79 29,77

107 7,57 60,33 32,09

109 10,18 63,91 25,91

111 8,40 64,66 26,94

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109

(Continuação APÊNDICE C)

Profundidade (cm) argila (%) silte (%) areia(%)

113 8,71 66,96 24,33

115 8,42 63,60 27,98

117 9,84 72,21 17,94

119 8,66 68,07 23,27

121 8,38 63,75 27,87

123 7,48 63,52 28,99

125 7,88 62,52 29,60

127 6,87 60,06 33,07

129 7,40 55,24 37,37

131 9,43 68,26 22,31

133 8,36 61,57 30,06

135 10,15 62,47 27,38

137 6,61 56,84 36,54

139 7,93 61,87 30,20

141 8,08 60,67 31,24

143 7,45 51,34 41,21

145 6,52 48,87 44,61

147 7,63 57,36 35,01

149 8,24 60,08 31,69

151 8,67 63,21 28,13

153 7,82 55,53 36,65

155 5,71 44,22 50,07

157 6,29 50,97 42,75

159 6,12 51,24 42,64

161 6,11 48,85 45,04

163 7,59 56,02 36,38

165 7,96 60,34 31,70

167 6,63 52,15 41,21

169 6,97 54,60 38,43

171 7,52 55,43 37,06

173 6,18 47,11 46,71

175 8,53 60,63 30,84

177 6,53 51,24 42,23

179 7,26 60,39 32,34

181 7,84 61,29 30,87

183 8,08 59,05 32,87

185 6,47 53,58 39,95

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110

APÊNDICE D: Valores de porcentagem de carbono orgânico total (COT), nitrogênio (N), razão C/N e isótopos 13C e 15N ao longo do testemunho AB05-1

Profundidade COTSedTot (%) NSedTot (%) razão C/N δ15N (‰)δ 1 3 C ( ‰ )

9 0,350 0,05 6,51 3,10 -17,31

11 0,360 0,05 6,64 3,09 -18,66

13 0,326 0,05 6,93 2,99 -19,00

15 0,310 0,05 6,88 3,05 -19,14

17 0,265 0,04 6,64 2,96 -19,28

19 0,267 0,04 6,64 2,97 -19,09

21 0,294 0,04 6,76 3,00 -19,43

23 0,302 0,04 7,05 3,13 -18,30

25 0,312 0,05 6,65 2,98 -19,01

27 0,299 0,04 6,66 2,94 -19,04

29 0,285 0,04 6,65 3,17 -19,07

31 0,297 0,04 7,17 3,07 -18,96

33 0,263 0,03 10,42 3,17 -21,48

35 0,283 0,04 6,81 3,00 -18,60

37 0,270 0,04 6,95 3,25 -19,15

39 0,197 0,03 7,02 3,37 -19,05

41 0,271 0,04 6,89 3,21 -18,92

43 0,237 0,03 6,93 3,29 -19,06

45 0,244 0,04 6,92 3,44 -19,03

47 0,215 0,03 7,11 3,61 -18,66

49 0,222 0,03 7,03 3,71 -18,87

51 0,214 0,03 7,14 3,79 -19,11

53 0,243 0,04 6,78 3,45 -18,88

55 0,191 0,03 7,25 3,42 -19,23

57 0,249 0,03 7,29 3,37 -19,21

59 0,253 0,04 7,12 3,59 -18,81

61 0,207 0,03 7,25 3,76 -19,13

63 0,199 0,03 7,15 4,00 -18,93

65 0,184 0,03 7,31 3,86 -18,89

67 0,203 0,03 7,43 3,69 -18,98

69 0,186 0,02 7,77 3,86 -19,63

71 0,183 0,03 7,22 4,02 -19,02

73 0,117 0,02 7,49 4,10 -18,77

75 0,197 0,03 7,77 4,15 -19,40

77 0,203 0,03 7,59 4,05 -19,43

79 0,184 0,02 7,64 3,83 -19,48

81 0,176 0,02 7,69 3,57 -19,57

83 0,203 0,03 7,89 3,64 -19,63

85 0,175 0,02 7,74 3,46 -19,55

87 0,204 0,03 7,84 3,61 -19,65

89 0,204 0,03 7,93 3,51 -19,70

91 0,219 0,03 7,91 3,59 -19,89

93 0,193 0,02 8,11 3,51 -19,56

95 0,190 0,02 8,21 3,48 -19,85

97 0,226 0,03 8,37 3,66 -19,73

99 0,214 0,03 8,36 3,46 -20,11

101 0,184 0,02 7,92 3,21 -19,96

103 0,139 0,02 8,38 3,63 -19,83

105 0,157 0,02 8,20 3,68 -19,98

107 0,170 0,02 7,86 3,86 -19,52

109 0,154 0,02 8,13 3,64 -19,83

111 0,165 0,02 8,19 3,67 -19,80

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111

(Continuação APÊNDICE D)

Profundidade COTSedTot (%) NSedTot (%) razão C/N δ15N (‰)δ 1 3 C ( ‰ )

113 0,166 0,02 8,14 3,83 -19,80

115 0,179 0,02 8,66 3,71 -19,96

117 0,164 0,02 8,10 3,67 -19,30

119 0,175 0,02 8,20 3,62 -19,90

121 0,158 0,02 8,08 3,83 -19,79

123 0,144 0,02 8,17 3,67 -19,97

125 0,150 0,02 8,24 3,76 -19,98

127 0,168 0,02 9,59 3,51 -20,87

129 0,154 0,02 8,19 3,42 -19,11

131 0,166 0,02 8,34 3,43 -19,68

133 0,182 0,02 8,43 3,67 -19,83

135 0,097 0,01 8,47 3,63 -19,85

137 0,166 0,02 8,46 3,49 -19,93

139 0,163 0,02 8,75 3,63 -19,84

141 0,160 0,02 8,26 3,07 -18,98

143 0,166 0,02 8,92 3,46 -19,94

145 0,190 0,02 8,69 3,66 -19,86

147 0,164 0,02 8,63 3,80 -20,03

149 0,173 0,02 8,67 3,55 -19,58

151 0,155 0,02 9,78 3,44 -20,70

153 0,148 0,02 8,36 2,42 -20,41

155 0,150 0,02 9,29 3,59 -20,14

157 0,227 0,03 8,93 3,73 -20,05

159 0,166 0,02 8,59 3,89 -19,61

161 0,180 0,02 9,51 3,78 -20,38

163 0,187 0,02 8,89 2,96 -20,11

165 0,161 0,02 9,45 3,56 -19,95

167 0,169 0,02 9,32 3,50 -19,85

169 0,181 0,02 8,97 3,66 -20,10

171 0,143 0,02 9,34 3,14 -20,10

173 0,171 0,02 9,99 2,60 -20,43

175 0,197 0,02 9,54 3,12 -19,88

177 0,203 0,02 9,20 2,94 -19,82

179 0,205 0,02 9,38 3,58 -20,06

181 0,208 0,02 9,46 3,69 -19,88

183 0,222 0,02 9,56 3,13 -20,40

185 0,238 0,03 9,23 3,51 -20,37

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APÊNDICE E: Riqueza de gêneros (S), Abundância absoluta (N), Equitatividade de Pielou (J´), e índice de diversidade de Shanon-Wiener (H’) de foraminíferos ao longo do testemunho AB05-1

Profundidade (cm) S N J' H'

9 37 87552 0,82 2,97

11 40 51292 0,84 3,09

13 35 31171 0,84 2,98

15 33 89059 0,81 2,85

17 33 108917 0,80 2,79

19 35 67840 0,77 2,75

21 29 51018 0,82 2,76

23 39 63057 0,85 3,10

25 44 60480 0,82 3,09

27 40 41167 0,79 2,92

29 42 68800 0,82 3,08

31 42 32438 0,80 2,99

33 41 34390 0,81 3,01

35 33 21720 0,79 2,77

37 45 102720 0,80 3,04

39 39 67680 0,81 2,97

41 33 45819 0,80 2,80

43 39 20610 0,82 2,99

45 37 33196 0,80 2,88

47 38 9668 0,80 2,92

49 33 23040 0,79 2,76

51 38 10826 0,78 2,85

53 41 29759 0,75 2,77

55 42 72640 0,80 2,99

57 33 20340 0,81 2,83

59 41 48614 0,78 2,89

61 44 7957 0,79 2,99

63 32 17975 0,81 2,79

65 38 14184 0,82 3,00

67 41 28407 0,80 2,99

69 40 20160 0,78 2,89

71 39 39327 0,81 2,95

73 35 165710 0,79 2,82

75 36 17820 0,83 2,96

77 28 85071 0,81 2,71

79 44 74520 0,82 3,11

81 35 32580 0,80 2,83

83 33 41933 0,79 2,77

85 40 52144 0,79 2,91

87 44 124416 0,83 3,13

89 36 25527 0,80 2,88

91 39 47040 0,83 3,03

93 30 39434 0,84 2,85

95 36 50688 0,83 2,96

97 40 66998 0,83 3,06

99 33 46904 0,77 2,70

101 36 18309 0,83 2,96

103 37 52750 0,79 2,84

105 38 45360 0,81 2,96

107 37 51520 0,82 2,95

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(Continuação APÊNDICE E):

Profundidade (cm) S N J' H'

109 37 27133 0,85 3,08

111 37 31341 0,76 2,76

113 33 104960 0,80 2,80

115 36 140709 0,82 2,95

117 38 45557 0,82 3,00

119 38 16740 0,79 2,86

123 36 23725 0,79 2,85

125 33 25532 0,81 2,83

127 37 43200 0,82 2,97

129 42 16095 0,78 2,92

131 35 17184 0,82 2,93

133 30 13280 0,76 2,60

135 30 40985 0,77 2,61

137 44 10080 0,78 2,95

139 35 18144 0,74 2,64

141 37 9664 0,80 2,88

143 36 13440 0,83 2,98

145 40 67928 0,81 3,00

147 34 19543 0,83 2,92

149 37 59632 0,77 2,79

151 35 21788 0,79 2,82

153 38 27792 0,73 2,64

155 41 15280 0,78 2,91

157 37 16180 0,75 2,70

159 32 36205 0,73 2,53

161 36 12312 0,76 2,72

163 38 8805 0,79 2,87

165 37 24240 0,78 2,82

167 33 33984 0,72 2,51

169 32 24111 0,75 2,58

171 34 75896 0,73 2,58

173 35 34560 0,77 2,73

175 35 22909 0,77 2,74

177 37 118589 0,76 2,76

179 36 11700 0,75 2,68

181 34 46944 0,79 2,79

183 46 26064 0,82 3,14

185 39 17190 0,79 2,88

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APÊNDICE F: Ilustração esquemática de alguns represantantes de foraminíferos

bentônicos (sem escala) dos 3 grupos tróficos para o testemunho AB05-1

Gêneros de foraminíferos bentônicos com endossimbiontes

1. Peneroplis

2. Amphistegina (dorsal)

3. Amphistegina (ventral)

4. Sorites

5. Archaias (dorsal)

6. Archaias (ventral)

Gêneros de foraminíferos heterotróficos para o testemunho AB05-1

7. Pyrgo

8. Pyrgo

9. Quinqueloculina

10. Quinqueloculina

11. Cornuspira

12. Neoeponides

Gêneros de foraminíferos bentônicos tolerantes ao estresse para o testemunho

AB05-1

13. Elphidium

14. Elphidium

15. Elphidium

16. Elphidium

17. Bolivina

18. Bolivina

19. Ammonia (dorsal)

20. Ammonia (ventral)

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