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Em 1998, foi realizado pesquisas e análises através da técnica do isótopo com carbono-14, radioativo, do chamado ‘’Sudário de Turim’’, um manto que, após a crucificação de Cristo, foi utiizado para cobrir seu corpo. A resultância obtida mostrou que o linho utilizado na composição do manto cresceu entre os anos 1260 e 1390. Neste caso, confirmou-se que o Sudário de Turim analisado, não podia ser o santo sudário, tornando-se uma farsa. A TÉCNICA DE DATAÇÃO ATRAVÉS DO CARBONO-14 Em alguns casos, pode-se determinar a idade de um dado material com base na taxa de decaimento de um isótopo radioativo, que é a diminuição da atividade de uma amostra de material contendo substâncias radiativas. Um exemplo de aplicação desse fenômeno é a datação de materiais através da medida do decaimento do carbono-14. Essa técnica é muito utilizada em arqueologia e antropologia na determinação da idade aproximada de diversos artefatos. Ela foi desenvolvida em 1946, por Willard Frank Libby, o que lhe rendeu o Nobel de Química em 1960. A maior parte do carbono presente na Terra é composta da mistura de dois isótopos estáveis: o carbono-12 (98,9%) e o carbono-13 (1,1%). Entretanto, amostras naturais de carbono sempre contêm traços do isótopo de carbono-14, que é radioativo, emite radiação β– e tem meia vida de 5.730 anos. O isótopo está presente na Terra na proporção de 1 para cada 10 12 átomos, sendo que 1 g de carbono apresenta A QUIMICA DO TEMPO: CARBONO- 14

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Page 1: carbono-14

Em 1998, foi realizado pesquisas e

análises através da técnica do isótopo com carbono-14, radioativo, do chamado ‘’Sudário de Turim’’, um manto que, após a crucificação de Cristo, foi utiizado para cobrir seu corpo. A resultância obtida mostrou que o linho utilizado na composição do manto cresceu entre os anos 1260 e 1390. Neste caso, confirmou-se que o Sudário de Turim analisado, não podia ser o santo sudário, tornando-se uma farsa.

A TÉCNICA DE DATAÇÃO ATRAVÉS DO CARBONO-14

Em alguns casos, pode-se determinar a idade de um dado material com base na taxa de decaimento de um isótopo radioativo, que é a diminuição da atividade de uma amostra de material contendo substâncias radiativas. Um exemplo de aplicação desse fenômeno é a datação de

materiais através da medida do decaimento do carbono-14.

Essa técnica é muito utilizada em arqueologia e antropologia na determinação da idade aproximada de diversos artefatos. Ela foi desenvolvida em 1946, por Willard Frank Libby, o que lhe rendeu o Nobel de Química em 1960.

A maior parte do carbono presente na Terra é composta da mistura de dois isótopos estáveis: o carbono-12 (98,9%) e o carbono-13 (1,1%).

Entretanto, amostras naturais de carbono sempre contêm traços do isótopo de carbono-14, que é radioativo, emite radiação β– e tem meia vida de 5.730 anos.

O isótopo está presente na Terra na proporção de 1 para cada 1012 átomos, sendo que 1 g de carbono apresenta aproximadamente 14 dpm (desintegrações por minuto), uma quantidade mínima de radiação, que, ainda assim, pode ser facilmente detectada utilizando-se técnicas modernas.

A técnica de Libby, foi desenvolvida utilizando contadores Geiger (detectores de radiação) muito sensíveis, que ele mesmo desenvolveu, que media radiação

β– emitida utilizando quantidades grandes de amostra.

Hoje em dia, utiliza-se um espectrômetro de massas (que identifica as moléculas que compõem uma substância e necessita-se de poucos miligramas de amostra para realizar a análise) como equipamento, no qual os átomos de carbono são convertidos em íons C–, mediante bombardeio da amostra com átomos de césio. Os números de átomos de carbono com as diversas massas são assim determinados, obtendo-se a relação 14C/12C, que diminui com o tempo.

O CICLO DO CARBONO-14

Ao longo dos anos a existencia do carbono-14 vem sendo questionada

A QUIMICA DO TEMPO: CARBONO-14

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levando em conta seu tempo de vida de 5.730 anos e os bilhões de anos de idade do paneta Terra. Isso ocorre pois há uma renovação constante da quantidade de carbono-14 no planeta, observada na reação: 14N+ 1 n → 14C + 1H. O processo de formação do carbono-14 acontece nas camadas mais altas da atmosfera, com influencia dos raios cósmicos que, após colidirem com núcleos presentes no ar, formam cargas neutras que se chocam com o isótopo contendo número de massa 14 do nitrogenio. A partir da radiação cósmica, aproximadamente 7,5 kg de carbono-14 são produzidos a cada ano. Após a sua formação, o mesmo é oxidado a 14CO2, fazendo parte do denominado ciclo do carbono, o que faz que circule pelo mundo, através da atmosfera, oceanos e biosfera. Por fim, a quantidade de carbono-14 que é formado nos processos citados a cima é considerado constante, de acordo com seu tempo de formação e decaimento.

O CARBONO-14 NA BIOSFERA

De acordo com o ciclo de Calvin Benson as plantas através da foto síntese absorvem o Carbono – 14 convertendo-lhe em compostos orgânicos e incorporando-o em tecidos vivos.

Conforme o crescimento da planta a quantidade de Carbono – 14 também crescem em seu organismo, ate que atinge um equilíbrio da quantidade que tem em seu organismo e a quantidade da atmosfera que é 14 dpm g*1.

Com a morte da planta, o processo de incorporação de carbono é interrompido,

e por conseqüência há um decaimento da radioatividade deste isótopo. Isso conclui que quando planta morre é disparado um cronometro com o tempo de vida que esse carbono ainda tem. O tempo de degradação de um material radioativo se chama meia vida ou seja depois de anos ele perde metade do valor de sua massa radiativa e sempre seguindo esse pensamento de perder metade de sua massa.

O carbono 14 pode ser ingerido por todos os seres através de uma cadeia alimentar onde um ser vivo come a planta com carbono, assim se acumulando nele, em seguida um outro ser se alimenta do primeiro ser que se alimentou da planta assim ingerindo carbono 14 e assim por diante.

LIMITAÇÕES DA TÉCNICA

Apesar da técnica de datação por Carbono-14 ser reconhecida como um grande avanço científico, ela também tem suas limitações, em vista de que não é possível calcular o passado com total precisão.

Uma das limitações, é levar em conta que a quantidade total do isótopo Carbono-14 na atmosfera, permaneceu constante ao longo de milhares de anos, quando isso pode não ser totalmente verdade.

Também é destacado por Robson Fernandes Faria, que um objeto com até cem anos de idade (o que é pouco em comparação as várias extensas datações que a técnica apresenta) não poderia ser datado com precisão, devido a realidade de que a quantidade de radiação emitida nesse período de tempo é muito pequena,

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e a diferença praticamente não seria detectada, isso resulta em uma incerteza em torno de 100 anos. Isso também se aplica a objetos com mais de 40.000 anos, uma vez que, após esse intervalo de tempo, se observa que a radiação emitida se reduz a valores praticamente nulos. Então, Robson Fernandes conclui que a técnica de datação com Carbono apresenta uma boa eficiência com objetos que tenham entre 100 e 40.000 anos de idade.

MANUSCRITO DO MAR MORTO

Em 1947 um pastor chamado Mohamed Adh-Dhib, estava a procura de sua cabra que tinha se perdido do rebanho, ao fim de sua procura sem êxito, Mohamed Adh-Dhib senta-se para descasar, e percebe uma caverna estreita. No dia seguinte ele e mais um amigo entram nessa caverna e da lá retiram vários manuscritos, que hoje são conhecidos como manuscritos do mar morto.

Essa coleção de manuscritos tem fragmentos da bíblia Hebraica ( velho testamento) com exceção do livro de Ester.

Depois de autentificar os livros eles precisavam de sua datação através do carbono - 14

A atividade do carbono- 14 nos manuscritos era de aproximadamente 11 dpm g-1. Assim, a idade dos mesmos pôde ser calculada através da equação: ln (N/N0 )= -kt onde N é a atividade radioativa do carbono-14 na amostra quando da realização da análise, N0 é a atividade radioativa do carbono-14 no tecido vivo (que é a mesma da atmosfera,

ou seja, 14 dpm g-1) e k é a constante de velocidade do decaimento radioativo. Como o decaimento radioativo é uma reação de primeira ordem, k = 0,693/ t 1/2. Neste caso, k = 0,693/5,73 x 103 = 1,21 x 10-4 ano-1 Logo, ln (11/14) = -(1,21 x 10-4)t e, assim, t = 2,0 x 103 anos, ou seja, dois mil anos, comprovando-se que os manuscritos do Mar Morto remontam ao tempo da vida e pregação de Cristo.