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    660 Hortic. bras., v. 21, n. 4, out.-dez. 2003

    Abatata (Solanum tuberosumL.) a nvel mundial, em ordem de im-portncia econmica, a quarta culturaagrcola, sendo plantada em pelo me-nos 125 pases e consumida por mais deum bilho de pessoas em todo o mundo(Freire, 1998).

    No Rio Grande do Sul cultiva-seanualmente cerca de 50.000 ha e, ape-sar das boas condies edafoclimticas,a produtividade mdia est em torno de10 t ha-1, estando abaixo da mdia nacio-nal de 18 t ha-1(FNT, 2001). Atualmen-

    PASTORINI, L.H.; BACARIN, M.A.; TREVIZOL, F.C.; BERVALD, C.M.P.; FERNANDES, H.S. Produo e teor de carboidratos no estruturais emtubrculos de batata obtidos em duas pocas de plantio1.Horticultura Brasileira, Braslia, v. 21, n. 4, p. 660-665, outubro/dezembro 2003.

    Produo e teor de carboidratos no estruturais em tubrculos de batataobtidos em duas pocas de plantio1

    Lindamir H. Pastorini2; Marcos Antonio Bacarin3; Fabio Cristiano Trevizol4; Clauber Mateus P. Bervald4;Heloisa S. Fernandes52URI, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses, Av. Assis Brasil, 709, 98400-000 Frederico Westphalen-RS; 3

    UFPel, Depto. Botnica, C. Postal 354, 96010-960 Pelotas-RS; 4Bolsista de Iniciao CientficaPIBIC/UFPel, Depto. Botnica C. Postal354, 96010-960 Pelotas-RS; 5Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, C. Postal 354, 96010-960 Pelotas-RS; E-mail: [email protected]

    te, as principais cultivares plantadas noBrasil so Achat, Atlantic, Asterix, Ba-ronesa, Bintje e Monalisa (Melo, 1999).Para a agroindstria de batata frita vemsendo utilizada a cultivar norte-ameri-cana Atlantic (Filgueira, 2000). Prolafoi recentemente lanada pela Embrapa

    para a indstria de batata palha (Pereiraet al, 2000).

    Os fatores de importncia comercialdos tubrculos, tanto para o

    processamento industrial como para oconsumo in natura, so o teor, qualida-

    de do amido e a composio bioqumi-ca, principalmente, em termos de a-cares redutores. A composio da mat-ria seca pode variar de acordo com acultivar, condies de cultivo e grau dematuridade dos tubrculos, sendo queos compostos qumicos no so distri-

    budos homogeneamente no tubrculo(van Es & Hartmans, 1987).

    Dentre os vrios tipos deprocessamento destacam-se a batata fritaou chips, batata frita congelada, bata-ta frita desidratada e farinha de batata

    1 Parte integrante da tese de doutorado do primeiro autor, realizada na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da UFPel.

    RESUMO

    Tubrculos de batata cv. Atlantic e Prola, obtidos do cultivo deoutono (53; 68 e 100 dias aps o plantio - DAP) e primavera (70; 78e 99 DAP) foram levados ao laboratrio e classificados quanto aodimetro (50mm), contados e determinadaindividualmente a massa fresca. Em seguida, coletaram-se amostras

    para anlise dos teores de amido, carboidratos solveis totais, a-cares redutores e sacarose. Durante o cultivo de outono, a cultivarAtlantic apresentou maior massa fresca dos tubrculos ao final dociclo e a cv. Prola apresentou maior nmero de tubrculos em todasas colheitas. No cultivo da primavera a cv. Prola apresentou maiormassa fresca mdia dos tubrculos, sendo que em ambas cultivares,observou-se reduo da produtividade ao final do ciclo, talvez emresposta ao estresse hdrico verificado no perodo. Considerando ofator cultivar, observa-se que o teor de amido foi significativamentemaior nos tubrculos da cv. Prola aos 53 e 100 DAP do cultivo deoutono, enquanto a cv. Atlantic apresentou valores significativamentemaiores de carboidratos solveis totais aos 53 DAP. Houve reduonos teores de acares redutores, em ambas cultivares, ao final docultivo de outono, o que tambm foi verificado para os teores de

    sacarose. Os teores de amido e carboidratos solveis totais reduzi-ram, em ambas cultivares ao longo do ciclo de primavera, sendo queno houve diferena entre as cultivares em relao aos teores deacares redutores e sacarose ao final do cultivo de primavera.

    Palavras-chave: Solanum tuberosum, amido, acares redutores,sacarose.

    ABSTRACT

    Production and non-structural carbohydrates content inpotato tubers obtained in two planting times

    Potato tubers, cv. Atlantic and Prola, harvested in autumn (53;68 and 100 days after the planting - DAP) and spring cultivation(70, 78 and 99 DAP) were classified in relation to the diameter (50mm), counted and the fresh mass determinedindividually. Samples were collected and analyzed for the contentof starch, total soluble carbohydrates, reducer sugars and sucrose.During autumn cultivation, the tubers of cv. Atlantic presented higherfresh mass at the end of the cycle and the cv. Prola presented greaternumber of tubers in all the collections. In the spring cultivation thecv. Prola presented higher average fresh mass in tubers, and in bothcultivars was observed a reduction in the productivity at the end ofthe cycle, perhaps as a response to water stress verified in the period.Content of starch was significantly larger in the cv. Prola at 53 and100 DAP of the autumn cultivation, while the cv. Atlantic presentedsignificantly larger values of total soluble carbohydrates at 53 DAP.Reduction in reducing sugars and sucrose content was observed inboth cultivars at the end of the autumn cultivation. The content ofstarch and total soluble carbohydrates decreased, in both cultivarsalong the spring cycle. No differences between cultivars in relationto reducing sugars and sucrose content were observed at the end ofthe spring cultivation.

    Keywords:Solanum tuberosum, starch, reducers sugars, sucrose.

    (Recebido para publicao em 30 de outubro de 2002 e aceito em 4 de julho de 2003)

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    (Pereira, 1987; Silva, 1991; Davies &Mackay, 1994). A cor o fator maisimportante no julgamento da qualidadedo chips pelo consumidor, sendo queo escurecimento excessivo indica baixaqualidade, por estar associado aochips queimado, alm de apresenta-rem gosto amargo (Pereira & Costa,1997). O escurecimento da batata estassociado ao alto teor de acares redu-tores que reagem com os aminocidoslivres, fenmeno conhecido como efei-to Maillard (Shallenberg et al., 1959;Talburt et al., 1975).

    Em tubrculos de batata, o amido o principal carboidrato armazenado,correspondendo de 60 a 80% da mat-ria seca do rgo (Pereira, 1987; van Es

    & Hartmans, 1987; Kobmann et al.,1995). Os gros de amido so formados

    j nos estdios iniciais da tuberizao,aumentando o seu contedo durante ocrescimento do tubrculo (van Es &Hartmans,1987).

    A sacarose o principal carboidratotranslocado pelas plantas, sendo tambmreconhecida como tendo uma importan-te funo na regulao metablica, sina-lizando processos na expresso de genese na determinao do desenvolvimento

    e diferenciao nas plantas (Salisbury &Ross, 1992; Chourey et al., 1995).

    A quebra enzimtica da sacarose emrgos drenos pode ser de grande im-

    portncia para mecanismo da conversoem amido, quer transitoriamente oucomo depsito de amido. A essncia detoda reao o acoplamento da sacarosesintase com clivagem da UDP-glicosedependente de pirofosfato (PPi) para

    produzir glicose-1-fosfato, catalisandoo primeiro passo da biossintese de ami-

    do nestes rgos (Akazawa et al., 1995;Guerin & Carbonero, 1997).

    A baixa taxa de sntese de sacarosepode causar aumento no nvel de triosesfosfato e reduzir Pi no citoplasma, ecomo resultado o carbono pode ser des-viado para a sntese de amido. A taxa deformao de sacarose pode, desse modo,regular indiretamente a taxa de forma-o de amido (Huber & Israel, 1982).

    O presente trabalho teve por objeti-vo quantificar os teores dos carboidratos

    no estruturais e a produo de tubr-culos de batata obtidos em diferentespocas de plantio.

    MATERIAL E MTODOS

    O experimento, utilizando-se culti-vares de batata Atlantic e Prola, foi

    conduzido no campo experimental daEmbrapa Clima Temperado no munic-pio de Pelotas, RS. Realizou-se os plan-tios de outono (13/03/2000) e de prima-vera (05/09/2000).

    Em cada plantio foram realizadastrs coletas que consistiam na retiradade todos os tubrculos de 20 plantas decada cultivar. Imediatamente aps a co-lheita, os tubrculos foram transferidos

    para o laboratrio onde foram classifi-cados quanto ao dimetro em trs clas-ses (50 mm),contados e pesados individualmente.Aps a classificao dos tubrculos,coletaram-se amostras para anlises qu-micas, de aproximadamente 1 g da re-gio central de quatro tubrculos porclasse de tamanho. Tais amostras foramarmazenadas em etanol 80% e mantidassob refrigerao at o processamento.

    Para a determinao dos teores deamido, carboidratos solveis totais, a-cares redutores e sacarose, as amostras

    previamente coletadas foram maceradas

    e centrifugadas para a obteno de ex-trato alcolico, o qual foi evaporado eadicionado gua destilada obtendo-seextrato aquoso, a partir do qual deter-minou-se os teores de compostos sol-veis. Com o resduo da centrifugaorealizou-se a hidrlise cida para a de-terminao dos teores de amido segun-do o mtodo descrito por McCready etal. (1950). Os teores de carboidratossolveis totais foram determinados atra-vs das reaes com antrona (Clegg,

    1956) e os acares redutores pelo m-todo de Somogy-Nelson (Nelson, 1944;Hodge & Hofreiter, 1962). A sacarosefoi determinada atravs da reao comantrona fria, aps adio de KOH quente(Passos, 1996).

    Para cada poca de plantio foi utiliza-do o delineamento experimental inteira-mente casualizado, em esquema fatorial2x3, sendo duas cultivares e trs classesde dimetro (50 mm),com quatro repeties, por tratamento.

    Os resultados obtidos dos teores deacares foram submetidos anlise devarincia e comparados pelo teste de

    Tukey, analisando-se os fatores principaise os desdobramentos dos graus de liber-dade para as interaes significativas.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Ao final do cultivo de outono, con-siderando as 20 plantas coletadas decada cultivar, foi verificado que as plan-tas da cv. Atlantic apresentaram menornmero total de tubrculos (100) e maiormassa fresca total (7,62 kg), sendoque as plantas da cv. Prola obtiveram116 tubrculos e 7,07 kg de massa fres-ca. No cultivo de primavera, ao final dociclo, os tubrculos da cv. Perola eAtlantic apresentaram 1,93 kg de mas-sa fresca. A reduo da produtividade

    no final do ciclo, possivelmente foi de-vido a falta de chuva no ms de dezem-

    bro. Neste perodo as temperaturas m-ximas tambm foram altas, acima daconsiderada normal para o perodo, fa-zendo com que o ciclo de crescimento edesenvolvimento das plantas fosse re-duzido, acarretando, portanto queda na

    produtividade.

    Considerando a distribuio dos tu-brculos dentro dos tamanhos (50 mm), verificou-se que no culti-

    vo de outono, aos 53 DAP, em ambascultivares, no foram observados tubr-culos com dimetro maior do que 50 mm,e aos 100 DAP no foram encontradostubrculos com dimetro inferior a 30mm. No cultivo de primavera, aos 70DAP, a cultivar Prola no apresentoutubrculos com dimetro acima de 50mm, enquanto que aos 99 DAP, ambascultivares no apresentaram tubrculosinferiores a 30 mm de dimetro.

    A pluviosidade foi o fator que mais

    influenciou a queda da produtividade nofinal do cultivo de primavera. SegundoPassos et al.(1984), a poca de maiorconsumo de gua ocorre normalmentequando a planta atinge o mximo dedesenvolvimento vegetativo e o mxi-mo de crescimento dos tubrculos, ouseja, 60 dias aps o plantio at amaturao. Essa reduo da massa fres-ca e dimetro dos tubrculos observa-dos tanto na cv. Atlantic quanto na cv.Prola talvez tenha ocorrido devido aoestresse hdrico entre a segunda (76DAP) e a ltima coleta (99 DAP). Du-rante este perodo, foram 19 dias sem

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    chuvas, sendo que no ms de dezembroat o dia da ltima coleta no houve pre-

    cipitao. Portanto, o estresse hdrico noperodo fez com que o ciclo de cresci-mento e desenvolvimento das plantasfosse reduzido, acarretando queda na

    produtividade. A reduo da massa fres-ca e do tamanho dos tubrculos de bata-ta devido ao estresse hdrico tambm relatado por Melo (1999).

    A reduo do nmero de tubrculosao final do ciclo em comparao comas coletas anteriores observada, emambas cultivares e ciclos de cultivo,

    pode tambm estar relacionada com-petio pelo limitado suprimento de as-similados (Milthorpe & Moorby, 1966;

    Beukema & Zaag, 1990), j que no fi-nal do ciclo as plantas entram em

    senescncia. Tal fato pode ser observa-do durante o cultivo de primavera, onde mais acentuada a reduo no nmerode tubrculos coletados.

    Analisando o fator principal cultivar,no cultivo de outono, observa-se que oteor de amido (Tabela 1), foi significa-tivamente maior na cultivar Prola aos53 e 100 DAP, entretanto no houve di-ferena entre as cultivares durante a se-gunda coleta. Considerando a compa-rao dentro de cada cultivar, observou-se aos 53 DAP que os tubrculos de di-metro entre 30 e 50 mm da cultivar P-rola apresentaram maior teor de amido,

    enquanto que para a cultivar Atlantic talfato ocorreu nos tubrculos menores de

    30 mm. Na ltima coleta os tubrculosda cultivar Atlantic no apresentaramdiferenas estatstica (p

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    ma das colheitas, porm pode ser desta-cada uma tendncia de maiores teoresde amido nos tubrculos da cultivarAtlantic aos 76 e 99 DAP. Em ambas

    cultivares houve reduo no teor deamido ao final do ciclo, sendo que aos70 DAP, os maiores teores foram obser-vados nos tubrculos de maior dime-tro.

    Para os teores de carboidratos sol-veis totais (Tabela 1), considerando ofator cultivar, no cultivo de outono, fo-ram verificados valores significativa-mente maiores para os tubrculos dacultivar Atlantic aos 53 DAP, sendo queaos 68 e aos 100 DAP ocorreu uma in-verso, ou seja, maiores valores para ostubrculos da Prola. Verificou-se tam-

    bm uma re duo no s teor es de

    carboidratos solveis totais para os tu-brculos de ambas as cultivares ao finaldo ciclo de outono. A reduo no teorde carboidratos solveis totais na cv.

    Atlantic ao longo do ciclo coincide como aumento no teor de amido aos 68 DAPdo cultivo de outono. Davies (1984)observou reduo nos nveis de aca-res totais em tubrculos em desenvolvi-mento, indicando o aumento da taxa desntese de amido. O mesmo foi relatado

    por Tjaden et al. (1998) indicando quenveis reduzidos de amido podem sercorrelacionados com o aumento no con-tedo de acares solveis.

    Comparando cultivares, observou-seaos 53 DAP que os tubrculos de di-metro menor que 30 mm da cultivarAtlantic apresentaram maior teor de

    carboidratos solveis totais, enquanto nacv. Prola os maiores teores decarboidratos solveis totais foram veri-ficados nos tubrculos maiores. Na se-

    gunda coleta (68 DAP), independenteda cultivar, os tubrculos de dimetromenor de 30 mm apresentaram maioresteores de carboidratos solveis totais(Tabela 1). No cultivo de primavera, ostubrculos da cv. Prola apresentarammaiores teores de carboidratos solveistotais aos 76 DAP.

    Os teores de acares redutores, ex-pressos em termos de glicose (Tabela 2),foram significativamente maiores paraos tubrculos da cultivar Atlantic ao 53DAP, porm para os colhidos aos 100DAP no diferiram entre as cultivares.Ao final do ciclo de outono, houve au-

    (*) Mdias seguidas por letras iguais no diferem entre si pelo teste de Tukey (5%); letras minsculas dentro da mesma cultivar (compara-o entre tamanhos), letras maisculas para mdias entre cultivares, legras gregas para comparao entre cultivares considerando o mesmodimetro e a mesma poca.

    Tabela 2. Teor de acares redutores (mg glicose g1massa fresca) e de sacarose (mg sacarose g-1massa fresca) em tubrculos de batata emfuno dos dias aps o plantio (DAP), durante o cultivo de outono e primavera. Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2000.

    Produo e teor de carboidratos no estruturais em tubrculos de batata obtidos em duas pocas de plantio

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    mento do teor de acares redutores nostubrculos da cv. Atlantic, enquanto nosda cv. Perola ocorreu reduo dessesteores. Comparando as duas pocas decultivo, verificou-se, independente dacultivar, maior teor de acares reduto-res durante o outono, o que confirma-do por Hertog (1997) que observou altaconcentrao de acares redutores emtubrculos colhidos em estao do anode baixa temperatura.

    O maior teor de carboidratos sol-veis totais, acares redutores e sacaroseverificado nos tubrculos menores, prin-cipalmente durante as primeiras coletas,indica o transporte de assimilados, viafloema, at o rgo em desenvolvimen-to. Engels & Marschner (1986) relatamque parmetros da tuberizao, como otransporte de fotoassimilados, influen-ciam a fora do dreno dos tubrculos,indicando que o peso dos tubrculos um fator que influencia o importe defotoassimilados.

    No cultivo de primavera, o maiorteor de acares redutores encontradonos tubrculos da cv. Prola, aos 76DAP, sendo significativamente superiornos tubrculos de menor dimetro.Melo (1999) relata que o teor de aca-

    res redutores diminui com a maturida-de dos tubrculos, sendo o acmulo deacares redutores uma caractersticagentica, tambm influenciada por fa-tores ambientais. Isto explicaria a dife-rena entre as cultivares em relao aoteor de acares redutores, como tambmo maior teor de acares redutores nostubrculos de menor dimetro no cultivode outono, visto que os teores de aca-res redutores so indicativos de imaturi-dade dos tubrculos. Entretanto, ao final

    do cultivo de primavera no houve dife-rena entre as cultivares em relao aosteores de acares redutores.

    Os teores de sacarose nos tubrcu-los no diferiram entre as cultivares nasduas primeiras coletas, porm aos 100DAP, os tubrculos da Prola apresen-taram maiores teores de sacarose, sen-do superior nos tubrculos com dime-tro maior de 50 mm (Tabela 2). Podeser destacada a reduo nos teores desacarose ao final do ciclo de outono

    comparado primeira coleta, em ambascultivares. Analisando o fator tamanho

    dos tubrculos, diferenas significativasforam encontradas entre os tubrculosda cv. Atlantic aos 68 DAP, em que sedestaca o maior teor de sacarose paraos tubrculos menores de 30 mm.

    No cultivo de primavera, os teoresde acares solveis (carboidratos so-lveis totais, acares redutores esacarose) reduziram nos tubrculos dacv. Perola ao final do ciclo, acompa-nhando reduo no teor de amido nomesmo perodo (Tabelas 1, e 2). Nostubrculos da cv. Atlantic observou-seque os teores de carboidratos solveistotais, acares redutores e sacaroseaumentaram no final do ciclo, sendomais evidente nos tubrculos com di-metro entre 30-50 mm, apesar da redu-

    o no teor de amido no perodo. Istotalvez esteja relacionado ao estressehdrico que ocorreu entre a segunda (76DAP) e a ltima coleta (99 DAP).

    Contudo, aos 76 e 99 DAP, maioresteores de sacarose foram observados nostubrculos de menor dimetro da cv.Atlantic, sugerindo o transporte de as-similados para os tubrculos em desen-volvimento. De acordo com Vos (1986)a cultura da batata altamente sensvel seca e necessita de osmorregulao

    quando sujeita ao estresse hdrico. Al-tos nveis de sacarose podem manter asclulas osmoticamente ativas.

    Deste modo, pode-se concluir que hreduo no nmero de tubrculos e noteor de amido, em ambas cultivares, aofinal dos dois ciclos de cultivo. Entre-tanto, a queda na produtividade de ba-tata no cultivo de primavera foi influen-ciada pelo estresse hdrico do perodo,induzindo a um aumento no teor de a-cares solveis na cv. Atlantic.

    LITERATURA CITADA

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