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Licenciatura em Ciências da Nutrição Caracterização do estado nutricional, somatótipo e práticas de suplementação de atletas de endurance no início da época desportiva Artigo Científico Original Final Elaborado por Rui Dias Amaro Aluno nº 201492706 Orientador Externo: Mestre Isanete Alonso Orientador Interno: Prof. Doutor Roberto Mendonça Barcarena junho 2018

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Licenciatura em Ciências da Nutrição

Caracterização do estado nutricional, somatótipo e práticas de

suplementação de atletas de endurance no início da época desportiva

Artigo Científico Original Final

Elaborado por Rui Dias Amaro

Aluno nº 201492706

Orientador Externo: Mestre Isanete Alonso

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Caracterização do estado nutricional, somatótipo e práticas de

suplementação de atletas de endurance no início da época desportiva

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Orientador Externo: Mestre Isanete Alonso

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O autor é o único responsável pelas ideias expressas neste documento

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Agradecimentos

Um grande obrigado à Mestre Isanete Alonso por ter confiado em mim e me ter deixado

participar ativamente neste projeto ambicioso, que com certeza continuarei a fazer parte no

futuro. Foi (e continua a ser) uma experiência magnifica, onde consegui pôr à prova tudo o

que me foi ensinado durante o curso e ainda ganhar novas aptidões. Continuemos!

Ao professor Doutor Roberto Mendonça, por toda a ajuda dada e pela disponibilidade total

e rápida com que deu resposta às minhas (constantes) dúvidas ao longo destes meses. Ficarei

para sempre grato por tudo o que me ensinou e pelo esforço que fez!

Por último, à minha esposa, Joana, por ter aguentado este período difícil em que estive pouco

presente, e ainda arranjado tempo e paciência para me motivar e ajudar. O teu apoio foi

sempre incondicional, e sem ti nada disto teria sido possível! Obrigado!!!!

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e Engenharia i

Resumo

Introdução: Durante a época competitiva, o desempenho desportivo do atleta é influenciado

por um conjunto de fatores interligados, como a composição corporal, carga de treino e dieta.

Neste sentido, a avaliação de atletas no início de uma época pode representar uma estratégia

crucial para a otimização do seu desempenho atlético.

Objetivo: Caracterizar o estado nutricional, somatótipo, e avaliar a ingestão nutricional,

padrões alimentares específicos e práticas de suplementação em atletas de endurance no

início da época desportiva.

Metodologia: Neste estudo observacional transversal, 47 atletas foram recrutados na Escola

SportPontoCome de Tercena e na equipa Sub 23 Liberty Seguros/Carglass, e depois

separados em 4 grupos: rapazes (n = 14), raparigas (n = 6); adultos amadores (n = 17) e

adultos profissionais (n = 10). A ingestão nutricional foi avaliada através que um

questionário de frequência alimentar, a composição corporal determinada através de

bioimpedância tetrapolar elétrica, e o somatótipo através do método Heath-Carter.

Resultados: Os adultos profissionais apresentam menos massa gorda que os amadores (7,2

± 2,6 vs. 13 ± 4,3 kg). Em média, os rapazes são caracterizados por um somatótipo

mesomorfo balanceado, as raparigas e adultos amadores mesomorfo endomórfico, e os

profissionais mesomorfo ectomórfico. Apesar de uma carga de treino semanal significativa

(15 ± 9 e 17 ± 2 horas), no grupo dos adultos a ingestão de hidratos de carbono é bastante

inferior (4,6 ± 0,4 vs. 5,4 ± 0,7 g/kg de peso corporal) ao recomendado (7 a 10 g/kg),

enquanto a gordura ultrapassa os 35% da ingestão energética total. Em todos os grupos a

ingestão de proteína está acima de 2g/kg de peso corporal, enquanto vários micronutrientes

não chegaram a atingir 50% dos valores recomendados (vitamina D, K e molibdénio). A

maior parte dos atletas consome suplementos alimentares (66%), muitos sem

aconselhamento profissional (29,4%), e frequentemente motivados por razões não

fundamentadas pelo conhecimento científico atual.

Conclusão: Foram identificados vários desequilíbrios antropométricos e nutricionais

capazes de comprometer o desempenho desportivo e saúde destes atletas, mostrando a

necessidade do acompanhamento nutricional por profissionais qualificados.

Palavras-chave: atletas, endurance, somatótipo, dieta, suplementação

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e Engenharia ii

Abstract

Introduction: During a competitive season, an athlete´s performance is influenced by the

interaction of multiple factors, such as body composition, exercise load and diet. The

athlete’s evaluation in the beginning of the season may represent a crucial strategy in

optimizing performance.

Aim: To assess the nutritional status, somatotype, nutritional intake, specific dietary patterns

and dietary supplementation practices among endurance athletes in the beginning of the

training season.

Methodology: In this cross-sectional study, 47 athletes were recruited from the

SportPontoCome Cycling School of Tercena and the Sub 23 Liberty Seguros/Carglass team

and split in four groups: boys (n = 14), girls (n = 6), amateur adults (n = 17) and professional

adults (n = 10). Nutritional intake was evaluated by a Food Frequency Questionnaire, body-

composition by bioelectrical impedance, and the somatotype according to the method

described by Heath-Carter.

Results: Professional adults have lower body fat compared to amateurs (7,2 ± 2,6 vs. 13 ±

4,3 kg). On average, boys display a balanced mesomorph somatotype, girls and amateurs an

endomorphic mesomorph somatotype, and the professionals an ectomorphic mesomorph

somatotype. Despite a demanding weekly training load in the adults group (15 ± 9 to 17 ± 2

hours), carbohydrate consumption is significantly below (4,6 ± 0,4 vs. 5,4 ± 0,7 g/kg of body

weight) current recommendations (7 to 10 g/kg); while fat represents more than 35% of total

energy intake. All groups report protein ingestion above 2g/kg of body weight, while the

intake of several micronutrients remained below the half of recommended values (vitamin

D, K and molybdenum). Most athletes consume dietary supplements (66%), many without

professional advice (29,4%), and often with motivations without scientific support or

evidence.

Conclusion: We found several anthropometric and nutritional unbalances that may

compromise the athlete´s performance and health. Athletes should seek nutritional advice

from qualified professionals.

Key-Words: athletes, endurance, somatotype, diet, supplementation

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Lista de abreviaturas e siglas

AA – Adultos amadores

AP – Adultos profissionais

DDR – Dose diária recomendada

GC – Gordura corporal

h/s – Horas por semana

HC – Hidratos de carbono

IA – Ingestão adequada

IE – Ingestão energética

IMC – Índice de massa corporal

MG – Massa gorda

PC – Peso corporal

PRO – Proteína

QFA – Questionário de frequência alimentar

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1. Introdução

A prática de desportos de endurance (como o ciclismo, mountain bike e o triatlo) em contexto

de competição implica a dedicação do atleta a um regime de treino e calendário de provas

que variam em intensidade e frequência ao longo da temporada desportiva. Durante este

período, o desempenho parece ser influenciado por um conjunto de fatores interligados como

a composição corporal, antropometria, treino e dieta.

Em qualquer desporto em que o corpo tenha impacto na biomecânica do movimento, a

antropometria tem um papel fulcral no desempenho do atleta (Gutnik et al., 2015). Está bem

demonstrado que atletas de endurance exibem uma baixa percentagem de gordura corporal

(%GC) e peso corporal (PC) (Heydenreich, Kayser, Schutz, & Melzer, 2017). Isto é

considerado uma vantagem nestes desportos, já que permite aos atletas conseguirem uma

maior economia de movimento e capacidade termoregulatória a partir de um rácio peso/área

de contacto mais favorável, bem como uma menor insulação do tecido adiposo subcutâneo

(Heydenreich et al., 2017; Christoph Alexander Rüst, Knechtle, Knechtle, Wirth, &

Rosemann, 2012). Para além da %GC e PC, também outras características antropométricas

têm vindo a ser correlacionadas com o desempenho físico, como a espessura das pregas

cutâneas (Arrese & Ostáriz, 2006), a altura (Zampagni et al., 2008), o índice de massa

corporal (IMC) (Christoph A. Rüst et al., 2011), as circunferências dos membros, mais

especificamente da coxa (Knechtle, Wirth, Alexander Rüst, & Rosemann, 2011) e gémeo

(Schmid et al., 2012), e ainda o somatótipo (Barbieri et al., 2017).

Para conseguir atingir os níveis de composição corporal desejados e ainda garantir a energia

necessária para compensar a carga de treino e competição, uma ingestão energética adequada

é essencial (Thomas, Erdman, & Burke, 2009). Dependendo do número de horas de treino,

as necessidades energéticas de atletas de endurance podem chegar a ser 5 vezes maiores que

as suas taxas de metabolismo basal (Westerterp, Saris, van Es, & ten Hoor, 1986). Aqui, os

hidratos de carbono (HC) assumem um papel preponderante, representando um combustível

chave para o cérebro e sistema nervoso central, bem como um substrato versátil para gerar

trabalho muscular, suportando uma grande gama de intensidades de exercício devido à

utilização de vias anaeróbias e oxidativas (Thomas et al., 2009). Contudo, é frequente

verificar que em atletas, o aporte de HC encontra-se muitas vezes abaixo das recomendações

(Masson & Lamarche, 2016), em parte resultado de práticas de restrição energética, dietas

«da moda» que promovem um baixo consumo de HC e um elevado consumo de gordura,

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mas também devido a um pobre conhecimento em nutrição básica (Burke, Cox, Cummings,

& Desbrow, 2001).

Esta falta de conhecimento também pode ser observada ao nível da utilização em larga escala

e de forma indiscriminada de suplementos alimentares na população atlética, muitas vezes

por razões não substanciadas pela evidência e conhecimento corrente (Garthe & Maughan,

2018). De fato, muitos atletas dão grande ênfase à utilização de suplementos alimentares

com a crença de que proporcionam mais benefícios para a saúde que alimentos normais

(Reinert, Rohrmann, Becker, & Linseisen, 2007), apesar destes terem um papel muito

pequeno no desempenho quando comparados com fatores como o talento, treino, tática e

motivação (Garthe & Maughan, 2018). Esta prática parece estar também relacionada com

um aconselhamento nutricional desadequado, já que as fontes de informação para a toma de

suplementos alimentares mais citadas por atletas são a família e amigos, treinadores,

médicos, e só no final da lista, os nutricionistas (Braun et al., 2009; Nieper, 2005; Wiens,

Erdman, Stadnyk, & Parnell, 2014). Por esta razão, é essencial conhecer quais as razões

apontadas pelos atletas para a utilização de suplementos, no sentido de encorajar a adoção

de estratégias de análise custo-benefício antes de ponderarem a toma de qualquer suplemento

alimentar (Garthe & Maughan, 2018).

Neste sentido, a recolha do máximo de informação detalhada que permita uma correta

monitorização do atleta a vários níveis é essencial, principalmente no contexto de uma época

de competição composta por fases de diferentes intensidades (Lucia, Hoyos, & Chicharro,

2001). Assim, os objetivos deste estudo são:

(1) caracterizar o estado nutricional de atletas de endurance no início de uma época

desportiva;

(2) determinar o somatótipo da população em estudo;

(3) avaliar a ingestão nutricional habitual, macro e micronutrientes, e a sua adequação

para a população em estudo;

(4) identificar práticas de suplementação e padrões alimentares específicos, bem como

quais as motivações inerentes e fontes de aconselhamento utilizadas.

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2. Metodologia

Características dos participantes: Um total de 47 atletas de endurance praticantes de

triatlo, mountain-bike e ciclismo, pertencentes à Escola SportPontoCome de Tercena e à

equipa Sub 23 Liberty Seguros/Carglass (Bike Clube de Portugal), aceitaram participar neste

estudo. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da Atlântica – Escola Universitária

de Ciências Empresariais, Saúde, Tecnologias e Engenharia (Anexo I), de acordo com a

Convenção de Helsínquia (1975) e o Tratado de Oviedo (1999); e o consentimento

informado (Anexo II) dos participantes (ou dos responsáveis) obtido antes de qualquer

recolha de dados. Todos os 47 participantes completaram a análise sociodemográfica,

antropométrica e nutricional.

Desenho experimental: Estudo observacional transversal, realizado no CESOB, Centro de

Estudos, Sociedade, Organizações e Bem-Estar, entre janeiro e junho de 2018. Para

tratamento dos dados, a população foi separada em 2 grandes grupos: Crianças e Adultos;

depois separados em Rapazes (n = 14) e Raparigas (n = 6); adultos amadores (AA, n = 17)

e adultos profissionais (AP, n = 10).

Antropometria/composição corporal: Todas as medidas antropométricas foram realizadas

entre as 08 e as 12 horas da manhã, após jejum de 8 horas. O peso, e os dados de composição

corporal obtidos por bioimpedância tetrapolar elétrica (InBody® 120, InBody Inc.,

Michigan, EUA); a altura com um estadiómetro portátil (SECA 213, SECA GmbH & Co.

KG, Hamburgo, Alemanha) com precisão de 0,5 mm; a espessura das pregas cutâneas obtida

segundo o método da International Society for the Advancement of Kinanthopometry

(ISAK) com recurso a um adipómetro SlimGuide (Creative Health Products, Ann Arbor,

MI, USA), e os perímetros com fitas antropométricas (Rosscraft Inovations, Vancouver,

EUA). Os diâmetros foram medidos com um paquímetro (Cescorf Innovare, Brasil). Todas

as medidas antropométricas foram realizadas com o mínimo de vestuário possível, a uma

temperatura ambiente regulada para os 30º C, de forma a ajudar os participantes a relaxar e

reduzir a tensão muscular. O somatótipo foi calculado segundo o método de Heath-Carter

(Heath & Carter, 1967).

Ingestão Alimentar: O consumo alimentar habitual foi recolhida através da aplicação de

um questionário de frequência alimentar (QFA) semi-quantitativo (Anexo III), relativo aos

últimos 12 meses, composto por 86 itens, desenvolvido e validado para a população

portuguesa (Lopes, 2000; Lopes, Aro, Azevedo, Ramos, & Barros, 2007). Para a obtenção

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do consumo alimentar, a frequência referida para cada item foi multiplicada pela respetiva

porção média padrão, em grama (g), e por um fator de variação sazonal para alimentos

consumidos em épocas específicas, (0,25 foi considerada a sazonalidade média de três

meses). A conversão dos alimentos em nutrientes foi efetuada utilizando como base o

programa informático Food Processor Plus (ESHA Research, Salem, Oregon), com

informação nutricional proveniente de tabelas de composição de alimentos do Departamento

de Agricultura dos Estados Unidos da América, adaptada a alimentos tipicamente

Portugueses. Todas as crianças responderam ao questionário na presença de pelo menos um

dos responsáveis.

Questionário sociodemográfico: Dados foram recolhidos por entrevistadores treinados

utilizando um questionário estruturado (Anexo IV) de forma a obter informação relativa a:

aspetos sociodemográficos (ex. idade, sexo, educação, local de residência), história médica

(presença de doença e toma de medicação) e estilos de vida (hábitos tabágicos, consumo de

álcool e exercício físico), com especial foco nos hábitos alimentares e práticas de

suplementação dietética. A seção relativa a dieta e suplementação foi baseada num estudo

previamente realizado numa população atlética portuguesa (Sousa, Fernandes, Moreira, &

Teixeira, 2013).

Análise estatística: A análise estatística foi feita com o software SPSS (versão 25, SPSS

Inc., Chicago, IL, EUA). Todos os valores relativos são expressos como M ± DP (média,

desvio padrão). O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para avaliar a normalidade da

distribuição das variáveis em estudo. As médias entre grupos foram comparadas através de

testes t de Student e U de Mann-Whitney para amostras independentes. O teste de Qui-

quadrado foi usado em variáveis categóricas, e a força da relação entre si calculada através

do coeficiente de Phi (Φ). As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas

se p <0,05.

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3. Resultados

Antropometria: As características relativas à antropometria e composição corporal dos

vários grupos estão representadas na Tabela 1.

Tabela 1. Características antropométricas da população (n=47).

Crianças Adultos

Características Rapazes

(n = 14)

Raparigas

(n = 6)

Amadores

(n = 17)

Profissionais

(n = 10)

Idade (anos) 12 ± 2,3 13 ± 1,1 43 ± 7,0 20 ± 1,6##

Peso (kg) 48 ± 16 53 ± 14 73 ± 9,1 66 ± 5,5#

Altura (cm) 156 ± 16 155 ± 8,3 175 ± 6,8 178 ± 8,6

IMC (kg/m2) 19 ± 3,0 22 ± 4,8 24 ± 2,5 21 ± 2,4#

Perímetros (mm)

Braço Relaxado 23 ± 3,9 27 ± 4,8 30 ± 3,0 27 ± 1,8#

Braço contraído 25 ± 4,0 28 ± 4,5 32 ± 3,1 29 ± 1,8#

Antebraço 23 ± 2,7 24 ± 3,0 27 ± 1,9 26 ± 1,4

Tórax 79 ± 11 83 ± 9,6 97 ± 6,4 87 ± 18#

Abdominal 71 ± 10,1 77 ± 11 84 ± 6,4 77 ± 3,1##

Cintura 67 ± 7,6 71 ± 13 81 ± 6,2 75 ± 2,8#

Coxa 43 ± 6,4 47 ± 6,6 51 ± 3,1 52 ± 3,0

Gémeo 32 ± 4,0 34 ± 4,0 37 ± 1,9 34 ± 4,5#

Diâmetros (mm)

BU 6,2 ± 0,7 5,9 ± 0,6 6,6 ± 0,6 6,7 ± 0,4

BF 8,7 ± 0,6 7,9 ± 1,6 10 ± 0,6 9,6 ± 0,4

E 5,0 ± 0,4 5,2 ± 1,2 5,7 ± 0,6 5,5 ± 0,2

Pregas cutâneas (mm)

Tricipital 9,4 ± 3,9 18 ± 6,8* 9,9 ± 3,4 5,3 ± 1,5##

Bicipital 4,8 ± 2,4 9,2 ± 6,0* 3,6 ± 1,6 2,3 ± 0,7#

Subescapular 7,1 ± 2,4 13 ± 9,2 11 ± 4,2 6,7 ± 1,3##

Midaxilar 6,7 ± 2,4 12 ± 8,3 7,4 ± 3,0 4,5 ± 0,7#

Peitoral 5,3 ± 1,9 8,9 ± 6,5 6,1 ± 3,1 4,0 ± 0,9#

Suprailíaca 11 ± 5,4 22 ± 14 12 ± 4,6 7,1 ± 1,6#

Supraespinal 7,6 ± 4,1 13 ± 9,0 7,9 ± 3,8 4,4 ± 0,7##

Abdominal 11 ± 6,0 16 ± 8,9 15 ± 5,2 7,3 ± 2,0##

Crural 12 ± 5,1 22 ± 6,7* 11 ± 5,5 6,4 ± 2,5#

Geminal 9,3 ± 4,2 17 ± 8,6* 5,7 ± 3,0 4,0 ± 1,2#

BIA

AGT (L) 29 ± 9,8 27 ± 5,0 44 ± 5,8 43 ± 3,5

Proteínas (kg) 7,8 ± 2,7 7,4 ± 1,4 12 ± 1,6 12 ± 1,0

Minerais (kg) 2,7 ± 1,0 2,6 ± 0,5 4,1 ± 0,6 4,0 ± 0,4

MG (kg) 8,3 ± 4,3 16 ± 8,3* 13 ± 4,3 7,2 ± 2,6##

MME (kg) 24 ± 11 20 ± 4,1 34 ± 4,7 34 ± 3,0

GC (%) 17 ± 6,2 28 ± 9,1* 17 ± 5,1 11 ± 3,5##

Notas: *p<0,05 vs. Rapazes; #p<0,05 vs. Adultos amadores; ##p<0,001 vs. Adultos

amadores. IMC – Índice de massa corporal, BU – Biepicondilar úmero, BF – Biepicondilar

fémur, E – Estílio-lunar, BIA – Bioímpedância tetrapolar elétrica, AGT – Água corporal total,

MG – Massa gorda; MME – Massa muscular esquelética, GC – Gordura corporal, h/s – horas

por semana.

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No grupo dos adultos, existe uma diferença clara em relação à idade (43 ± 7,0 vs. 20 ±1,6

anos; p < 0,001), peso (73 ± 9,1 vs. 66 ± 5,5 kg; p = 0,035) e IMC (24 ± 2,5 vs. 21 ± 2,4

kg/m2; p = 0,018). Na antropometria, os AP apresentam menores valores nos perímetros do

braço relaxado (30 ± 3,0 vs. 27 ± 1,8 mm; p = 0,007), braço contraído (32 ± 3,1 vs. 29 ± 1,8

mm; p = 0,008), tórax (97 ± 6,4 vs. 87 ± 18 mm; p = 0,020), abdominal (84 ± 6,4 vs. 77 ±

3,1 mm; p < 0,001), cintura (81 ± 6,2 vs. 75 ±2,8 mm; p = 0,009), e gémeo (37 ± 1,9 vs. 34

± 4,5 mm; p = 0,003) em relação aos AA. Relativamente à espessura das pregas cutâneas,

encontramos diferenças nos dois grupos, com os rapazes a exibir valores menores ao nível

da prega tricipital (9,4 ± 3,9 vs. 18 ± 6,8 mm; p = 0,006), bicipital (4,8 ± 2,4 vs. 9,2 ± 6,0

mm; p = 0,041), crural (12 ± 5,1 vs. 22 ± 6,7 mm; p = 0,003) e geminal (9,3 ± 4,2 vs. 17 ±

8,6 mm; p = 0,033), em relação às raparigas; e os AP com menores valores nas pregas

tricipital (9,9 ± 3,4 vs. 5,3 ± 1,5 mm; p < 0,001), bicipital (3,6 ± 1,6 vs. 2,3 ± 0,7 mm; p =

0,023), subescapular (11 ± 4,2 vs. 6,7 ± 1,3 mm; p < 0,001), midaxilar (7,4 ± 3,0 vs. 4,5 ±

0,7 mm; p = 0,003), peitoral (6,1 ± 3,1 vs. 4,0 ± 0,9 mm; p = 0,023), suprailíaca (12 ± 4,6

vs. 7,1 ± 1,6 mm; p = 0,006), supraespinal (7,9 ± 3,8 vs. 4,4 ± 0,7 mm; p < 0,001), abdominal

(15 ± 5,2 vs. 7,3 ± 2,0 mm; p < 0,001), curral (11 ± 5,5 vs. 6,4 ± 2,5 mm; p = 0,003) e geminal

(5,7 ± 3,0 vs. 4,0 ± 1,2 mm; p = 0,031) relativamente aos AA. No que toca à composição

corporal, os rapazes têm menor MG (8,3 ± 4,3 vs. 16 ± 8,3; p = 0,020) e % GC (17 ± 6,2 vs.

28 ± 9,1; p = 0,012), que as raparigas, enquanto os adultos profissionais exibem menor MG

(13 ± 4,3 vs. 7,2 ± 2,6; p < 0,001) e % GC (17 ± 5,1 vs. 11 ± 3,5; p < 0,001) relativamente

aos amadores.

Somatótipo: A Tabela 2 mostra os índices de somatótipo para cada grupo, e a Figura 1

mostra a representação visual desses mesmos somatótipos. Os rapazes são caracterizados

por um somatótipo mesomorfo balanceado, as raparigas e AA mesomorfo endomórfico, e os

AP mesomorfo ectomórfico.

Tabela 2. Índices de somatótipo de cada grupo de atletas.

Crianças Adultos

Índices Rapazes Raparigas Amadores Profissionais

Endomorfia 3,0 ± 1,1 5,3 ± 2,4* 3,1 ± 1,1 1,7 ± 0,5##

Mesomorfia 6,3 ± 1,1 6,1 ± 2,6 6,9 ± 1,6 6,7 ± 1,4

Ectomorfia 3,3 ± 1,1 1,6 ± 1,4* 2,2 ± 1,1 3,6 ± 1,9#

Notas: *p<0,05 vs. Rapazes; #p<0,05 vs. Adultos amadores; ##p<0,001 vs. Adultos

amadores.

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Desporto/Treino: Nesta população o desporto mais praticado é o mountain-bike (53,2%),

seguido do triatlo (25,5 %) e do ciclismo (21,3%). A Figura 2 mostra as horas de treino

semanal dos vários grupos. Os rapazes treinam 8 ± 4 h/s (horas por semana), as raparigas 10

± 4 h/s, os AA 15 ± 9 h/s, e os AP 17 ± 2 h/s.

Figura 1. Representação dos somatótipos dos indivíduos e respetivas médias de grupo; A - Rapazes e

raparigas; B - Adultos amadores e profissionais.

Figura 2. Diagrama de caixa a representar as horas de treino por semana praticadas

por cada grupo. A cruz representa a média, os limites inferior e superior da caixa

marcam o primeiro e terceiro quartil, a linha sólida horizontal dentro da caixa

representa a mediana, as barras de erro indicam o percentil 5 e 95, e os círculos

ocos representam os indivíduos cujos valores estão fora do percentil 5 e 95.

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Energia e macronutrientes: A informação relativa à ingestão energética e de

macronutrientes está descrita na Tabela 3. Só encontrámos diferenças significativas ao nível

do consumo de álcool, com os AA a consumirem cerca de 4 vezes mais que os AP (9,2 ± 2

vs. 2,2 ± 1,2; p = 0,02).

Micronutrientes: Os dados relativos à ingestão de micronutrientes estão na Tabela 4. No

grupo das crianças encontramos diferenças no iodo (65 ± 11 vs. 163 ± 40 mcg; p = 0,015).

Após comparação com os valores de Dose Diária Recomendada (DDR) e Ingestão Adequada

(IA) estabelecidas pelo IOM (Institute of Medicine, 2005), encontrámos em todos os grupos

Tabela 3. Ingestão estimada de energia, macronutrientes e água.

Crianças Adultos Valores

recomendados* Características Rapazes Raparigas Amadores Profissionais

Energia (kcal) 2469 ± 854 2796 ± 1507 3123 ± 1382 3201 ± 995

NED´s (kcal)a 2439 ± 486 2554 ± 363 3137 ± 305 3286 ± 166

Proteína (g) 110 ± 32 107 ± 45 150 ± 68 158 ± 62

% Energia 18 ± 3,0 16 ± 2,8 19 ± 2,7 20 ± 2,8 10-30

g/kg PC 2,5 ± 0,7 2,1 ± 0,9 2,0 ± 0,8 2,4 ± 1,2 1,2-2,0b

HC (g) 314 ± 128 342 ± 175 335 ± 137 351 ± 113

% Energia 50 ± 4,9 50 ± 7,3 43 ± 3,5 44 ± 6,9 50-70

g/kg PC 6,7 ± 2,7 6,4 ± 2,9 4,6 ± 1,7 5,4 ± 2,1 6-10b

HC complexos (g) 107 ± 47 130 ± 113 109 ± 57 108 ± 38

Açúcares (g) 131 ± 44 146 ± 60 144 ± 57 162 ± 59

Açúcares (%) 21 ± 3,2 23 ± 7,4 19 ± 4,0 20 ± 5,1 <10

Fibra (g) 30 ± 15 26 ± 5,8 39 ± 18 45 ± 15 19-38c

Fibra insolúvel (g) 18 ± 9,9 14 ± 2,7 25 ± 12 31 ± 11

Fibra solúvel (g) 7,4 ± 3,7 5,4 ± 1,1 9,6 ± 4,8 12 ± 3,5

Gordura (g) 91 ± 29 118 ± 77 132 ± 67 138 ± 46

% Energia 33 ± 2,6 35 ± 6,1 37 ± 4,8 38 ± 5,9 20-35

g/kg PC 2,1 ± 0,7 2,3 ± 1,4 1,8 ± 0,8 2,1 ± 0,8

Saturada (g) 27 ± 7,9 38 ± 31 36 ± 18 32 ± 12

Saturada (%) 10 ± 1,6 11 ± 2,8 10 ± 1,8 9 ± 1,9 <10

Mono. (g) 41 ± 15 54 ± 31 63 ± 35 69 ± 23

Mono. (%) 15 ± 1,5 17 ± 4,0 18 ± 3,7 19 ± 4,5

Poli. (g) 16 ± 6,1 18 ± 13 22 ± 12 25 ± 10

Poli. (%) 5,7 ± 0,8 5,4 ± 0,9 6,4 ± 1,2 6,8 ± 1,1 6-10

Trans (g) 1,1 ± 0,4 1,4 ± 1,4 1,4 ± 0,9 1,2 ± 0,4

Trans (%) 0,5 ± 0,1 0,4 ± 0,2 0,4 ± 0,1 0,1 ± 0,1 <1

Colesterol (mg) 336 ± 155 305 ± 148 551 ± 396 652 ± 449

Álcool (g) 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 9,2 ± 8,2 2,2 ± 3,7#

Água (%) 1353 ± 531 1353 ± 394 2049 ± 944 2067 ± 659

1507 Notas: #p<0,05 vs. Adultos amadores. NED´s – Necessidades energéicas diárias; PC – Peso

corporal; HC – Hidratos de carbono, Mono – monoinsaturada, Poli – Polinsaturada.

*Institute of Medicine, 2005. aBaseado na equação Harris&Bennedict, multiplicada por um nível de atividade física de 1,725 para

as crianças, e 1,9 para os adultos. bAmerican College of Sports Medicine/American Dietetic Association, 2016. cRapazes dos 9 aos 13 anos: 31 g, raparigas dos 9 aos 13 anos: 26 g, homens dos 14 aos 50 anos:38g.

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vários parâmetros abaixo dos 100%. Os rapazes ao nível da biotina (40%), vitamina D

(35%), K (23%), cálcio (71%), potássio (89%), iodo (54%) e molibdénio (18%). As

raparigas ao nível dos carotenoides (84%), biotina (80%), vitamina D (26%), K (38%), e

molibdénio (35%). No grupo dos adultos, os AA apresentaram valores abaixo das DDR para

a biotina (47%), vitamina D (46%), K (22%), iodo (57%) e molibdénio (22%); e os AP ao

nível do retinol (75%), biotina (73%), vitamina D (50%), K (43%), iodo (65%), e molibdénio

(44%).

Tabela 4. Ingestão estimada de micronutrientes e comparação com a DDR/IA.

Crianças Adultos

Rapazes Raparigas DDR/IA Amadores Profissionais DDR/IA

Vitaminas

A total (RE)y 2439 ± 712 1983 ± 253 2534 ± 309 2341 ± 266

Retinol (RE) 641 ± 92 948 ± 183 600 1007 ± 162a 525 ± 119a 700

Carotenóides (RE) 1785 ± 55 1007 ± 332a 1200 1501 ± 189 1810 ± 244 1400

Tiamina (mg) 2,11 ± 0,20 2,14 ± 0,40 0,9 2,35 ± 0,25 2,32 ± 0,25 1,2

Riboflavina (mg) 2,33 ± 0,23 2,90 ± 0,46 0,9 3,08 ± 0,33 3,09 ± 0,43 1,3

Niacina (mg) 29 ± 2,28 28,44 ± 5,97 12 37 ± 4,31 37 ± 4,47 16

B5 (mg) 4,94 ± 0,47 5,86 ± 1,02 4 6,76 ± 0,70 7,73 ± 1,10 5

B6 (mg) 2,90 ± 0,22 2,69 ± 0,36 1,0 3,64 ± 0,40 3,51 ± 0,40 1,3

Biotina (mcg) 8,07 ± 1,62a 16 ± 3,63a 20 14 ± 2,51a 22 ± 6,31a 30

Folato (mcg) 431 ± 49 414 ± 53 300 582 ± 69 558 ± 52 400

B12 (mcg) 10,13 ± 1,00 9,87 ± 1,65 1,8 17 ± 2,17 14 ± 1,90 2,4

C (mg) 162 ± 16 128 ± 15 45 208 ± 31 247 ± 23 90

D (mcg) 5,30 ± 0,55a 3,95 ± 0,71a 15 6,97 ± 1,32a 7,52 ± 1,24a 15

E (mg) 12 ± 1,46 11 ± 1,63 11 18 ± 2,20 20 ± 1,81 15

K (mcg) 14 ± 3,91a 23 ± 6,81a 60 26 ± 7,07a 51 ± 17a 120

Minerais

Cálcio (mg) 923 ± 112a 1401 ± 277 1300 1339 ± 165 1431 ± 248 1000

Cobre (mg) 2,01 ± 0,24 1,93 ± 0,24 0,7 2,94 ± 0,30 2,94 ± 0,32 0,9

Ferro (mg) 20 ± 1,99 19 ± 2,79 8 25 ± 2,87 23 ± 2,56 8

Magnésio (mg) 396 ± 43 406 ± 55 240 586 ± 58 617 ± 73 420

Manganês (mcg) 4,32 ± 0,61 3,89 ± 0,44 1,9/1,6 5,87 ± 0,75 6,17 ± 0,73 2,3

Fósforo (mg) 1555 ± 139 1900 ± 341 1250 2187 ± 223 2382 ± 334 700

Potássio (mg) 4003 ± 360a 4519 ± 768 4500 5095 ± 471 5553 ± 532 4700

Selénio (mcg) 120 ± 11 93 ± 12 40 149 ± 21 175 ± 23 55

Sódio (mg) 2623 ± 221 2823 ± 742 1500 2953 ± 388 2722 ± 375 1500

Zinco (mg) 14 ± 1,09 15 ± 2,46 8 19 ± 2,00 18 ± 2,37 11

Boro (mg) 4,26 ± 0,58 11 ± 3,01 n 6,96 ± 3,06 5,63 ± 1,96 n

Cloro (mg) 564 ± 122 979 ± 232 230 991 ± 141 1323 ± 322 230

Iodo (mcg) 65 ± 11a 163 ± 40* 120 85 ± 18a 97 ± 27a 150

Molibdénio (mcg) 5,97 ± 1,51a 12 ± 3,77a 34 10 ± 2,58a 20 ± 6,63a 45

Notas: *p<0,05 vs. Rapazes. DDR – Dose diária recomendada (ingestão média diária suficiente para garantir as

necessidades nutricionais de quase todos (97-98%) os indivíduos saudáveis num grupo); IA – Ingestão adequada

(quando não existem dados suficientes para estabelecer uma DDR, estima-se um nível de ingestão que se assume

como adequada). RE – Equivalentes de retinol. aNíveis abaixo da DDR/IA para o género e idade. yEquivalentes de retinol: 1 RE = 1 g de retinol = 12 mcg de β-caroteno = 24 mcg de α-caroteno.

n – Sem valores definidos.

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Dieta: Quando inquiridos sobre os seus hábitos alimentares, 25,9 % dos atletas admitiram

praticar dietas, sendo os objetivos mais citados a perda de peso (85,7 %) e a alimentação

saudável (42,9%). Como fonte de aconselhamento (Figura 3), o próprio foi a razão mais

citada (57,1 %), seguida do nutricionista (42,9 %) e do médico (14,3 %).

Suplementos: 63% dos atletas reportaram a utilização de pelo menos um suplemento. No

total, foram reportados 95 suplementos por 17 atletas, com uma média de consumo de 6 por

atleta. Os tipos de suplementos mais usados estão descritos na Figura 4. O mais usado foi o

multivitamínico (76,5%), seguido de proteína (52,9%), géis, bebidas desportivas/energéticas

e magnésio (41,2% respetivamente).

Figura 3. Percentagens relativas de atletas que reportaram as 3 fontes

de informação mais escolhidas na escolha da dieta.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Ferro

B-alanina

Creatina

Ómega-3

Vitamina B12

Magnésio

Bebidas desportivas/energéticas

Géis

Proteína

Multivitaminico

Figura 4. Percentagem relativa dos 10 tipos de suplementos mais utilizados.

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A Figura 5 descreve as razões para utilização mais citadas para a toma de suplementos, com

a manutenção da saúde a ser citada em 50% dos atletas, seguida da melhoria do desempenho

desportivo (43,8%) e mais energia e menos fadiga (31,3%).

A Figura 6 descreve as diferentes fontes de informação para o conselho na toma de

suplementos, em que o nutricionista (29,4%), o próprio (29,4%) e o médico (23,5%), foram

as mais citadas.

De forma a perceber a consciência dos atletas relativa aos possíveis benefícios da toma de

suplementos e o seu uso informado, foram investigadas as associações entre os 10

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Aumento de força

Aumento de velocidade

Aumentar o foco

Aumento da capacidade de endurance

Perder peso

Prevenir e tratar lesões

Acelerar a recuperação

Ter mais energia/reduzir a fadiga

Melhorar o desempenho desportivo

Quero manter-me saudável

Figura 5. Percentagens relativas de atletas que escolheram as 10 razões mais reportadas

para a toma de suplementos

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Media

Treinador

Médico

O próprio

Nutricionista

Figura 6. Percentagens relativas de atletas que escolheram as 5 fontes de

informação mais citadas na decisão para a toma de suplementos.

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suplementos mais utilizados e as 7 razões mais escolhidas para a sua toma (Tabela 5). Como

esperado, podem-se observar associações lógicas do ponto de vista científico entre os

multivitamínicos (Thomas, Erdman, & Burke, 2016), B12 (Ji et al., 2013) e ómega-3 (Pirillo

& Catapano, 2013) e a manutenção da saúde; entre géis, bebidas desportivas e beta-alanina

(Peeling, Binnie, Goods, Sim, & Burke, 2018) e a melhoria de rendimento; e entre os géis,

bebidas desportivas (Campbell et al., 2013) e creatina (Buford et al., 2007) com mais energia

e menor fadiga. Contudo, encontrámos também algumas associações lógicas, mas não

comprovadas cientificamente, como entre os multivitamínicos (Telford, Catchpole, Deakin,

Hahn, & Plank, 1992), magnésio (Newhouse & Finstad, 2000) e ferro (Williams, 2005) e a

melhoria do rendimento, e o magnésio e a produção de energia/redução da fadiga (Lukaski,

2000). Ao mesmo tempo, também encontramos associações casuísticas entre proteína e a

manutenção da saúde, ómega-3 e a melhoria do rendimento e produção de energia/redução

da fadiga; a creatina e o aceleramento da recuperação; a proteína, B12, ómega-3 e beta-

alanina e a perda de peso; e ainda proteína e ómega-3 no aumento da capacidade de

endurance.

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4. Discussão

Antropometria e treino

De acordo com as curvas de crescimento da Organização Mundial de Saúde, os rapazes

encontram-se no percentil 85 de altura, e 50 de IMC; enquanto as raparigas estão no percentil

50 de altura, e 85 de IMC. De fato, as raparigas apresentam quase o dobro de MG e %GC

que os rapazes, apesar da idade, altura e horas de treino serem quase idênticas. Esta diferença

poderá ser explicada pelo impacto da adolescência na composição corporal, época de

desenvolvimento em que os rapazes ganham quase o dobro de massa livre de gordura do que

as raparigas, enquanto estas ganham cerca de o dobro de MG que os rapazes (Malina &

Geithner, 2011).

No grupo dos adultos, os AP são significativamente mais novos e leves que os AA, exibindo

um perfil morfológico semelhante a atletas de elite/profissionais previamente reportados

(Hoogeveen, 2000; Marra et al., 2016). Este grupo apresenta níveis de gordura corporal (MG

e %GC) significativamente menores (p < 0,001) que os AA, apesar de uma carga de horas

de treino por semana bastante similar, e em concordância com dados já descritos na literatura

(Mooses et al., 2013). Isto poderá dever-se ao fato de o grupo AA ser composto por uma

população de idade mais avançada em relação aos AP (43 ± 7,0 vs. 20 ± 1,6 anos) e não

praticar desporto a nível profissional. Contudo, não podemos deixar de referir que,

relativamente ás horas de treino, o grupo AA apresenta um desvio padrão muito maior que

AP (9 vs. 2 h/s), bem como um outlier extremo (38 h/s) que eleva a média

consideravelmente, podendo estar a encobrir uma real diferença significativa entre estes dois

grupos. Esta variação deverá estar relacionada com o fato de que a grande maioria dos AA

tem uma vida profissional fora do desporto (ficando com poucas horas livres para treinar),

enquanto outros, por estarem já reformados, conseguem dedicar consideravelmente mais

horas ao treino.

Somatótipo

A determinação do somatótipo (descrição quantificada da forma do corpo humano) e a sua

influência no desporto tem vindo a ser estudada ao longo dos anos, sendo bem conhecido

que o perfil antropométrico poderá indicar se um dado atleta está apto para o desempenho

ao mais alto nível num dado desporto (Bourgois, 2000; Reilly, Bangsbo, & Franks, 2000).

Neste contexto, níveis altos de mesomorfia estão correlacionados com maior força muscular

(White, Quinn, Al-Dawalibi, & Mulhall, 1982), e contrariamente, níveis baixos de

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endomorfia relacionados com menor MG, uma vantagem para qualquer atleta que tenha de

impulsionar o seu peso corporal ao longo de distâncias (Foley, Bird, & White, 1989). Logo,

à partida, o perfil mesomorfo ectomórfico dos AP é o mais predisposto ao sucesso em

competição, tendo sido apontado como o perfil ideal para tritatlo tipo Ironman (Kandel,

Baeyens, & Clarys, 2014) e frequentemente encontrado em populações de ciclistas

profissionais (Foley et al., 1989; Sánchez-Muñoz, Zabala, & Muros, 2016). O grupo dos

rapazes é o que mais se aproxima dos AP, enquanto os AA e raparigas são os que mais se

afastam desse perfil ideal para endurance, pelos altos níveis de endomorfia apresentados,

revelando a necessidade de um acompanhamento nutricional individualizado no sentido de

melhorar a sua composição corporal.

Alimentação

Após estimativa da ingestão alimentar e comparação com as necessidades energéticas diárias

calculadas de acordo com o nível de atividade física adequado, verificámos que todos os

grupos apresentam uma ingestão energética (IE) relativamente adequada às suas

necessidades menos o das raparigas, com um excedente energético de 242 kcal (2796 ± 1507

vs. 2554 ± 363 kcal).

Para perceber se a ingestão em macronutrientes era adequada à prática de desporto, os

resultados foram comparados com as recomendações do American College of Sports

Medicine (Thomas et al., 2009) para populações atléticas e ativas. Relativamente aos HC,

as recomendações gerais são de 6 a 10 g/kg PC por dia de forma a manter a glicose sanguínea

durante o exercício de intensidade moderada a elevada, e garantir a reposição de glicogénio

muscular. Aqui, só o grupo das crianças atinge as recomendações, com os AA e AP a

apresentarem uma ingestão abaixo do mínimo esperado (4,6 ± 0,4 e 5,4 ± 0,7 g/kg PC,

respetivamente), especialmente quando consideramos as diferenças na carga de treino

semanal entre os grupos. Dada a carga de treino mais elevada e a necessidade de maximizar

o desempenho, estes atletas deveriam ter um consumo de HC mais perto do limite superior

da gama recomendada, entre os 7/8 e 10 g/k PC. Esta situação já foi previamente descrita na

literatura, sendo frequentemente resultado de uma restrição crónica (ou periódica) da IE de

forma a alcançar ou manter níveis baixos de GC (Burke et al., 2001).

Quanto à proteína (PRO), todos os grupos excederam as recomendações de 1,2 a 2,0 g/kg

PC para atletas de endurance e treino de força, resultados que estão em linha com a ideia

generalizada de que atletas de endurance geralmente consomem mais PRO do que realmente

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necessitam (Tarnopolsky, 2004). Se tivermos em conta a carga de treino dos AP (17 ± 2 h/s),

os valores reportados de ingestão proteica (2,4 ± 0,4 g/kg PC) não são raros na literatura

(Gabel, Aldous, & Edgington, 1995; Rehrer, Hellemans, Rolleston, Rush, & Miller, 2010;

Sánchez-Muñoz et al., 2016), e podem ser ou uma consequência natural da elevada IE diária

(3201 ± 315 kcal), ou uma intenção real de contrariar o balanço de azoto negativo que pode

ocorrer durante o exercício de endurance de alta intensidade, pelo aumento da oxidação

proteica (Burke, 2001). Já em relação às crianças não podemos dizer o mesmo, dado que a

carga de treino não justifica de todo o excesso de ingestão. Estes valores poderão ser

preocupantes porque o consumo excessivo de proteína poderá aumentar o risco de

sobrecarga metabólica nos ossos, rins e fígado (Delimaris, 2013), risco esse ainda mais

aumentado nos atletas que reportaram o consumo habitual de suplementos proteicos (valores

não incluídos no QFA).

No que toca à gordura, a ingestão no grupo dos adultos ultrapassou o limite recomendado

(<35% da energia total), o que acaba por ser o reflexo da fraca ingestão de hidratos de

carbono. Esta situação não é ideal para estes atletas, já que apesar da gordura (na forma de

ácidos gordos livres em circulação no plasma, triglicéridos intramusculares e tecido adiposo)

representar um substrato bastante disponível para trabalho muscular no contexto do desporto

de endurance, o fato é que, ao contrário dos HC, só consegue suportar exercício de

intensidade moderada (Phinney, Bistrian, Evans, Gervino, & Blackburn, 1983). Isto

acontece por uma combinação da depleção (ou diminuição) das reservas de glicogénio

muscular, e da diminuição da eficiência na utilização de glicogénio como substrato para

exercício (Thomas et al., 2016). Ainda dentro dos lípidos, é de notar que a ingestão de

colesterol é bastante elevada no grupo dos adultos, principalmente nos AP (652 ± 142 mg),

quando o Institute of Medicine recomenda o seu consumo na menor quantidade possível

dentro de uma dieta saudável (Institute of Medicine, 2005). Estes níveis deverão estar

relacionados com um elevado consumo de alimentos ricos em colesterol (como os ovos), já

que a ingestão de gordura saturada está dentro das recomendações (<10% da energia total).

Por último, foi possível verificar que os AA apresentam um consumo de álcool

significativamente maior que os AP, mas que mesmo assim está abaixo da média de consumo

nacional em adultos (Lopes et al., 2017).

Quanto a micronutrientes, concluímos que a ingestão de todos os grupos é geralmente

adequada, salvo algumas exceções de alguma importância. Nenhum grupo atingiu a DDR/IA

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de biotina, sendo que no caso dos rapazes e AA a ingestão não chegava aos 50%. A biotina

é uma vitamina hidrossolúvel que atua como coenzima essencial a carboxilases envolvidas

no metabolismo energético, ao catalisar reações na biossíntese de ácidos gordos,

gluconeogénese, anaplerose no ciclo dos ácidos tricarboxílicos, e regulação pleiotrópica de

genes, particularmente em genes envolvidos no metabolismo dos hidratos de carbono

(Zempleni, Hassan, & SK Wijeratne, 2008). Um possível défice desta vitamina pode

provocar um aumento na suscetibilidade ao dano celular por stress oxidativo e à

possibilidade de anemia, situação que pode comprometer o desempenho desportivo do atleta,

situação facilmente resolvida com o aumento do aporte de ovos, couve-flor e cogumelos,

excelentes fontes de biotina (Hoppner, Lampi, & O’Grady, 1994).

Em situação idêntica estão também as vitaminas D e K, sendo que aqui todos os grupos

estavam abaixo dos 50% da DDR/IA em ambas. No caso da vitamina D, os resultados estão

em linha com valores previamente observados na população portuguesa (Cabral et al., 2016),

reforçando a ideia de uma crescente prevalência do défice desta vitamina a nível mundial,

mesmo em países com elevada exposição solar durante grande parte do ano, como Portugal

(S, Whiting, & Barton, 2005). Esta vitamina lipossolúvel produz-se de forma endógena a

partir da exposição da derme a raios ultravioleta B (UVB), mas está dependente de fatores

como a idade, pigmentação da pele, utilização de protetor solar, vestuário, quantidade de

pele exposta, estação do ano e latitude (Cabral et al., 2018). Assim, a ingestão de fontes

alimentares ricas em vitamina D, como ovos, cogumelos, e peixes gordos, poderá ser

essencial na manutenção de níveis aceitáveis não só para a população geral (Spiro & Buttriss,

2014), mas em especial para atletas. Uma insuficiência de vitamina D estimula a secreção

de paratormona (PTH), provocando o aumento da reabsorção óssea e subsequente

deterioração óssea, aumentando o risco de fraturas (Todd, Pourshahidi, McSorley, Madigan,

& Magee, 2015). Para além das funções na regulação do metabolismo ósseo, investigação

recente tem ligado a vitamina D ao desempenho atlético pelo papel na melhoria da função

muscular (através de adaptações morfológicas e pelo aumento da disponibilidade de cálcio

para a contração muscular), e pelo aumento da capacidade aeróbica, devido à sua relação

positiva com o volume máximo de consumo de oxigénio (VO2max) (Todd et al., 2015),

sendo por isso essencial a sua monitoração em atletas. Outros elementos importantes na

manutenção da saúde óssea são o cálcio e a vitamina K, já que a sua insuficiência leva à

deterioração da qualidade óssea podendo resultar num risco aumentado de fraturas (Otani,

Sumida, Matsumoto, & Sato, 2012). É por isso relevante que nenhum grupo tenha atingido

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as DDR/IA para esta vitamina, tendo os rapazes, raparigas e AA ficando bastante aquém dos

50%, e que para além disso os rapazes também não tenham atingido a DDR/IA para o cálcio

(71%), aumentando ainda mais o risco de fratura.

Outro micronutriente que não chega a satisfazer as DDR/IA em quase todos os grupos é o

iodo, mineral essencial na produção das hormonas da tiroide, a tiroxina (T4) e a

triiodotironina (T3) (Smyth & Duntas, 2005). No caso desta população atlética, uma ingestão

insuficiente poderá ser relevante, sendo conhecido que o exercício vigoroso aumenta a taxa

de sudorese, levando a perdas significativas de minerais e eletrólitos (Lara et al., 2017),

podendo comprometer o desempenho desportivo. A excreção de iodo aumentada aliada a

uma ingestão insuficiente poderá também comprometer a saúde do atleta, resultando numa

situação de défice, algo que tem vindo a ser reconhecido por todo o mundo (Andersson,

Karumbunathan, & Zimmermann, 2012), bem como em Portugal (Santos et al., 2017). Esta

situação pode ser facilmente colmatada pelo aumento do consumo de fontes alimentares

ricas em iodo, como os peixes de mar, ou simplesmente pela utilização de sal iodado (Santos

et al., 2017).

Um mineral ainda com piores níveis de adequação que o iodo em todos os grupos foi o

molibdénio, um elemento-traço que atua em reações de oxido-redução, como cofator de

enzimas como a xantina desidrogenase, que catalisa a conversão da xantina a ácido úrico,

considerado um antioxidante (Maynar et al., 2018). Esta inadequação poderá ser importante

para esta população, já que o processo de produção de ácido úrico está aumentado durante o

exercício devido à elevação de radicais livres; logo, concentrações diminuídas de molibdénio

poderão aumentar o dano causado pelos radicais livres (Maynar et al., 2018), podendo

comprometer o desempenho do atleta.

Apesar de todos estes níveis de inadequação, é importante relembrar que uma ingestão de

micronutrientes estimada abaixo da DDR/IA não se traduz necessariamente numa situação

de défice, sendo necessário proceder a uma análise de marcadores biológicos para a sua

confirmação. Relativamente ao retinol, carotenoides e potássio, alguns grupos não chegaram

a atingir as DDR/IA, mas o nível de adequação está perto dos 80% em todos eles, não nos

parecendo preocupante.

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Dieta e Suplementação

Entre os atletas que admitiram praticar algum tipo de dieta, a grande maioria apontou a perda

de peso como objetivo (85%), o que no contexto do desporto de endurance não é

surpreendente, dadas as claras vantagens já referidas de um PC e GC relativamente baixos

(Heydenreich et al., 2017). Apesar do nutricionista e o médico estarem entre as fontes de

aconselhamento mais citadas, é importante referir que o próprio foi a fonte predominante, o

que pode levar a práticas nutricionais menos adequadas e explicar algumas das inadequações

que foram observadas.

Os resultados deste estudo confirmam a elevada prevalência na toma de suplementos

alimentares na população atlética portuguesa. Neste caso chegou aos 66%, valores dentro da

gama de 37 a 89 % estimada a nível internacional pelo American College of Sports Medicine

(2016), e similar ao que já havia sido reportado em Portugal (Sousa et al., 2013), no Reino

Unido (Petroczi & Naughton, 2008) e Alemanha (Braun et al., 2009). Também em

concordância com estes estudos, os suplementos mais consumidos são os multivitamínicos,

proteína, géis e bebidas desportivas; e as razões mais citadas a manutenção da saúde e a

melhoria do desempenho desportivo. Olhando para as associações significativas

encontradas, concluímos que a maior parte dos suplementos são consumidos por razões sem

lógica científica (ex. proteína e aumentar a capacidade de endurance; p = 0,038; Φ = 0,400,

p=0,038) ou por razões lógicas, mas não comprovadas pela ciência atual (ex. magnésio e

aumento de rendimento; p = 0,029; Φ = 0,421, p = 0,029).

Esta incongruência entre a utilização de suplementos e os motivos para a sua toma já havia

sido encontrada anteriormente (Petróczi, Naughton, Mazanov, Holloway, & Bingham,

2007), e sugere falta de conhecimento ou compreensão relativa aos efeitos dos suplementos

por parte dos atletas ou das fontes de informação utilizadas por estes. Isto não é

surpreendente, já que a fonte de informação mais citada, além do nutricionista, é o próprio

atleta, que por falta de conhecimento é um alvo fácil para as estratégias de marketing

agressivo usadas pela indústria dos suplementos. Este fato é preocupante, já que a utilização

excessiva de suplementos alimentares pode levar a efeitos secundários adversos e interações

significativas com o estado de saúde dos atletas (Maughan, Doug & Trevor, 2004), tornando

o nutricionista (especializado no desporto ou não) uma figura essencial no fornecimento de

informação credível nesta área.

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Limitações

O método utilizado para estimar a ingestão alimentar foi o QFA, logo os resultados obtidos

deverão ser avaliados com cautela já que o objetivo primário de um QFA é a categorização

da ingestão, e não uma estimativa mais precisa, como o método de registos alimentares de 7

dias (Cade, Burley, Warm, Thompson, & Margetts, 2004). Para além disso, o QFA é um

método sujeito a erros de memória do entrevistado que podem levar a uma sobre-estimativa

da ingestão quando esta é baixa, ou subestimativa da ingestão quando esta é alta (Burke,

2001).

Também os resultados reativos à composição corporal deverão ser cuidadosamente

interpretados, já que a bioimpedância tetrapolar elétrica é conhecida por ter uma precisão

limitada, dada a sensibilidade ao estado hídrico dos sujeitos em análise (Larson-Meyer,

Woolf, & Burke, 2018).

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5. Conclusão

A quantidade e variedade de dados que foram recolhidos permitiu fazer uma caracterização

bastante completa do estado nutricional, antropométrico e somatótipo da população em

estudo no início da época desportiva. Após análise, foram identificados vários desequilíbrios

ao nível da composição corporal e ingestão nutricional com potencial para comprometer o

desempenho desportivo e saúde dos atletas, o que acabou por se refletir no padrão alimentar

mais observado nesta população: a dieta com objetivo de perda de peso. Também foi possível

determinar quais os suplementos alimentares mais usados, e perceber que ainda existe muita

incongruência nas motivações para a sua utilização, mostrando a necessidade do

acompanhamento de atletas por profissionais de nutrição capazes de fornecer informação de

qualidade, baseada em evidência científica.

O trabalho realizado propõe-se ser a base para futuros estudos com esta população, sendo

necessária a análise de mais fases da época desportiva (meio e final) para compreender o

conjunto de adaptações fisiológicas que ocorrem ao longo de uma época, e possibilitar o

desenho de estratégias para maximizar o potencial dos atletas.

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Anexos

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ANEXO I

Parecer da Comissão de Ética

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Parecer da Comissão de Éti

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ANEXO II

Consentimento informado

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ANEXO III

Questionário de frequência

alimentar

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ANEXO IV

Questionário sociodemográfico

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