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Proceedings CLME2017/VCEM 8º Congresso Luso-Moçambicano de Engenharia / V Congresso de Engenharia de Moçambique Maputo, 4-8 Setembro 2017; Ed: J.F. Silva Gomes et al.; Publ: INEGI/FEUP (2017) -535- ARTIGO REF: 6695 CARACTERIZAÇÃO DE GESSOS PORTUGUESES COMO MATÉRIA PRIMA PARA DERMOCOSMÉTICOS F. Rocha 1(*) , A. Fortes 2 , C. S. Costa 1 , D. Santos 3 , M. H. Amaral 3 , D. Terroso 1 1 Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, UI Geobiotec, Aveiro, Portugal 2 Universidade Pedagógica de Moçambique, Departamento de Ciências da Terra, Beira, Moçambique 3 Universidade do Porto, Faculdade de Farmácia, Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Departamento de Ciências do Medicamento, Porto, Portugal (*) Email: [email protected] RESUMO O presente trabalho tem como principal objetivo a análise das potencialidades de gessos portugueses como matéria-prima para a elaboração de formulações aplicáveis em dermocosmética. Para tal efectuou-se um estudo preliminar comparativo dos gessos explorados pela empresa cimenteira CIMPOR em Loulé, Óbidos e Soure (Figura 1), através de ensaios de caracterização química, mineralógica, física e tecnológica, com particular ênfase nos recomendados para a avaliação dos graus de qualidade para aplicação em produtos dermocosméticos. Fig. 1 - Depósitos de gesso em Portugal (adaptado de Moura & Velho, 2011). Os depósitos estudados correspondem a afloramentos, de pequenas dimensões, em áreas de anticlinais diapíricos. Em regra, apresentam gipsites de cores brancas, geralmente de maior qualidade para as aplicações tradicionais (como o cimento) a pardacentas (por vezes escuras), o que condiciona as suas atuais aplicações, em cimentos e argamassas. Realizaram-se diversas análises e ensaios (recomendados por Velho, 2005), nomeadamente, Granulométricos (crivagem por via húmida), Mineralógicos, qualitativos e quantitativos (por Difração de Raios X), Químicos, elementos maiores e menores (por Espectrometria de

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO DE GESSOS PORTUGUESES COMO ......Universidade de Aveiro e na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Os resultados obtidos foram objeto de tratamento estatístico,

Proceedings CLME2017/VCEM 8º Congresso Luso-Moçambicano de Engenharia / V Congresso de Engenharia de Moçambique Maputo, 4-8 Setembro 2017; Ed: J.F. Silva Gomes et al.; Publ: INEGI/FEUP (2017)

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ARTIGO REF: 6695

CARACTERIZAÇÃO DE GESSOS PORTUGUESES COMO MATÉRIA PRIMA PARA DERMOCOSMÉTICOS F. Rocha1(*), A. Fortes2, C. S. Costa1, D. Santos3, M. H. Amaral3, D. Terroso1 1Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, UI Geobiotec, Aveiro, Portugal 2Universidade Pedagógica de Moçambique, Departamento de Ciências da Terra, Beira, Moçambique 3Universidade do Porto, Faculdade de Farmácia, Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Departamento de Ciências do Medicamento, Porto, Portugal (*)Email: [email protected]

RESUMO

O presente trabalho tem como principal objetivo a análise das potencialidades de gessos portugueses como matéria-prima para a elaboração de formulações aplicáveis em dermocosmética.

Para tal efectuou-se um estudo preliminar comparativo dos gessos explorados pela empresa cimenteira CIMPOR em Loulé, Óbidos e Soure (Figura 1), através de ensaios de caracterização química, mineralógica, física e tecnológica, com particular ênfase nos recomendados para a avaliação dos graus de qualidade para aplicação em produtos dermocosméticos.

Fig. 1 - Depósitos de gesso em Portugal (adaptado de Moura & Velho, 2011).

Os depósitos estudados correspondem a afloramentos, de pequenas dimensões, em áreas de anticlinais diapíricos. Em regra, apresentam gipsites de cores brancas, geralmente de maior qualidade para as aplicações tradicionais (como o cimento) a pardacentas (por vezes escuras), o que condiciona as suas atuais aplicações, em cimentos e argamassas.

Realizaram-se diversas análises e ensaios (recomendados por Velho, 2005), nomeadamente, Granulométricos (crivagem por via húmida), Mineralógicos, qualitativos e quantitativos (por Difração de Raios X), Químicos, elementos maiores e menores (por Espectrometria de

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Simpósio-6: Recursos Geológicos. Caracterização, Avaliação, Exploração e Aplicação

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Fluorescência de Raios X), Abrasividade, Plasticidade (limites de consistência), Análise Texturométrica (Adesividade e Firmeza), Absorção de Óleo de Linhaça e Tempos de Arrefecimento. Todos os ensaios foram realizados de acordo com as normas vigentes no Departamento de Geociências e, no Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade de Aveiro e na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.

Os resultados obtidos foram objeto de tratamento estatístico, com recurso ao software SPSS Statistic 24. De acordo com os resultados obtidos, concluiu-se que o gesso de Óbidos apresenta maior pureza, tanto do ponto de vista mineralógico como químico, assim como maior teor em finos (<63 µm), enquanto que os gessos de Loulé e Soure apresentam Quartzo como principal impureza mineralógica. Os gessos estudados apresentam, em geral, boas características para aplicação em dermocosmética, nomeadamente no que se refere a propriedades tais como Absorção, Plasticidade, Adesividade, Firmeza e Abrasividade. Esta última apresenta, contudo, algumas limitações, nos casos de Loulé e Soure, com valores algo elevados (devido aos teores de Quartzo), o que condiciona a sua aplicação em produtos que suportem, ou até beneficiem, dessa maior abrasividade.

Fig. 2 - Exploração de Gesso em Soure (Portugal).

REFERÊNCIAS

[1]-Moura, A. & Velho, J.L., Recursos geológicos de Portugal. Palimage edições, Coimbra, 2011.

[2]-Velho, J.L., Mineralogia industrial: Princípios e aplicações. Lindel - Edições técnicas, Lda, Lisboa, 2005.