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LEONARDO LUCAS DO NASCIMENTO SIQUEIRA CARACTERIZAÇÃO CITOARQUITETÔNICA E NEUROQUÍMICA DO SISTEMA DOPAMINÉRGICO MESENCEFÁLICO DE TARTARUGA MARINHA (Chelonia mydas) Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Biologia Estrutural e Funcional da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal-RN 2018

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LEONARDO LUCAS DO NASCIMENTO SIQUEIRA

CARACTERIZAÇÃO CITOARQUITETÔNICA E NEUROQUÍMICA DO

SISTEMA DOPAMINÉRGICO MESENCEFÁLICO DE TARTARUGA

MARINHA (Chelonia mydas)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Biologia Estrutural e Funcional

da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte

Natal-RN

2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ESTRUTURAL E

FUNCIONAL

CARACTERIZAÇÃO CITOARQUITETÔNICA E NEUROQUÍMICA DO

SISTEMA DOPAMINÉRGICO MESENCEFÁLICO DE TARTARUGA

MARINHA (Chelonia mydas)

ORIENTADORA

Simone Almeida Gavilan

CO-ORIENTADOR

Expedito Silva do Nascimento Júnior

Natal-RN

2018

Siqueira, Leonardo Lucas do Nascimento. Caracterização citoarquitetônica e neuroquímica do sistemadopaminérgico mesencefálico de tartaruga marinha (Cheloniamydas) / Leonardo Lucas do Nascimento Siqueira. - Natal, 2018. 75 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação emBiologia Estrutural e Funcional. Orientadora: Profa. Dra. Simone Almeida Gavilan. Coorientador: Prof. Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior.

1. Quelônio - Dissertação. 2. Sistema nervoso - Dissertação.3. Citoarquitetura - Dissertação. 4. Neurotransmissores -Dissertação. 5. Dopamina - Dissertação. I. Gavilan, SimoneAlmeida. II. Nascimento Júnior, Expedito Silva do. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 598.13

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351

LEONARDO LUCAS DO NASCIMENTO SIQUEIRA

CARACTERIZAÇÃO CITOARQUITETÔNICA E

NEUROQUÍMICA DO SISTEMA DOPAMINÉRGICO

MESENCEFÁLICO DE TARTARUGA MARINHA (Chelonia mydas)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Biologia Estrutural e Funcional da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Aprovado em: 15 de maio de 2018.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Profa. Dra. Simone Almeida Gavilan

____________________________________

Prof. Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior

____________________________________

Prof. Dr. Flávio José de Lima Silva

Natal-RN

2018

AGRADECIMENTOS

Agradeço antes de tudo ao meu Deus que criou situações que me levaram a participar da

seleção de mestrado PPGBIOEF e por isso estou escrevendo esses agradecimentos agora. A

Ele toda glória e louvor por todas as coisas que faz, pela vida, por sua graça, amor e salvação.

Tudo começou no IFRN com a professora Mônica Almeida, irmã gêmea da professora

Simone. Então serei sempre grato pelo carinho e consideração que teve. Uma pessoa incrível

e sempre pronta a ajudar. Obrigado pela pessoa que és.

Por vários amigos do curso de Comércio Exterior que me incentivaram a seguir em frente em

um novo desafio. Em especial a minha amiga Regirlane e sua mãe, que me deram muito apoio

com conversas e orações.

A professora Simone Almeida que me recebeu muito bem no laboratório e aceitou me

orientar, me confiando desenvolver a pesquisa de um projeto desafiador e de muita

importância. Sou muito grato pela pessoa que és e a tenho como referência.

A minha amiga Alana, que me ajudou durante o processo seletivo para o mestrado. Ajudando-

me a revisar todo o assunto, mesmo não sendo da área. Obrigado pelo tempo que dedicou em

me ajudar.

Agradeço a toda equipe do Projeto Cetáceos da Costa Branca/UERN que acabou contribuindo

de várias maneiras para o desenvolvimento do projeto. Em especial aos que durante a

necropsia, retiraram os encéfalos utilizados neste trabalho. Sei o quanto é trabalhoso, obrigado

pela contribuição de vocês.

Obrigado a todos que fazem parte do laboratório de Morfofisiologia Comparada dos

Vertebrados. Obrigado a Rafael, Rebeca, Raquel e Silmara pelo tempo que vocês ofereceram

para me ajudar durante os procedimentos de laboratório.

Agradeço ao meu co-orientador, professor Expedito Nascimento, pelas orientações e pela

disponibilidade do laboratório de Neurociências (Labneuro). Sou grato a todos que fazem

parte do Labneuro, em especial, gostaria de destacar Regina pelo auxílio com os reagentes, a

Hélder, que deu o pontapé inicial e me ensinou como fazer os procedimentos, a Paulão, que

dedicou um pouco de seu tempo nas férias e me socorreu quando eu estava perdido na

imunoistoquima. Muito obrigados a todos.

Obrigado a minha família, pelo apoio. Em especial aos meus pais que sempre investiram na

educação de seus filhos. Obrigado mãe por criar todo o ambiente favorável para eu conseguir

me concentrar e por te levado café para mim todo o tempo (risos).

Agradeço a todos que de alguma forma contribuiu para que isso fosse possível.

LISTA DE ABREVIATURAS

CA: Catecolamina

DA: Dopamina

FLM: Fascículo longitudinal medial

GC: Griseum centrale

IP: Núcleo interpendicular

IS: Núcleo istmico

ISMC: Núcleo ístmico pars magnocelular

ISPC: Núcleo ístmico pars parvocelular

NIDT: Decussação tegmental do núcleo intersticial

nIII: Núcleo do nervo oculomotor

nIV: Núcleo do nervo troclear

nPM: Núcleo profundo mesencefálico

PV: Pendúnculo ventral do fascículo prosencefálico lateral

RA8: Homólogo reptiliano do grupamento A8 em mamíferos

Rs: Núcleo reticular superior

Ru: Núcleo rubro

SGC: Stratum griseum centrale

SGF: Stratum griseum et fibrosum superficiale

SGP: Stratum griseum profundum

SN: Substância negra

SNc: Subsância negra, pars compacta

SNr: Subsância negra, pars reticulata

SO: Stratum opticum

TSC: Núcleo central do torus semicircular

TT: Tracto tecto-talâmico

VTA: Área tegmental ventral

LISTA DE FIGURA

Figura 1. Síntese de dopamina, as enzimas envolvidas e sua liberação na fenda sináptica.

Fonte: Acervo, pessoal, 2018. .................................................................................................. 09

Figura 2. Representação de receptor de dopamina transmembana. Esquema da estrutura

putativa da isoforma de receptor D2R. A inserção de aminoácido D2L específica é indicada

junto com os locais potenciais. Resíduos aminoácidos potenciais envolvidos em N-

glicosilação, fosforilação de PKA, palmitoilação e ligantes de agonistas também são

mostrados. Fonte: VALLONE; PICETTI; BORRELI, 2000. .................................................. 11

Figura 3. Distribuição de grupos celulares neuronais DA em cérebro de roedor em

desenvolvimento (a) e adulto (b). Os neurônios dopaminérgicos no cérebro de mamíferos

estão localizados em nove grupos celulares distintos, distribuídos a partir do mesencéfalo ao

bulbo olfatório, como ilustrado esquematicamente, em uma visão sagital. As projeções

principais de grupos celulares DA estão ilustrados por flechas. Abreviações: Ige, eminência

ganglionar lateral; mge, eminência ganglionar medial; p1-p3, prosômeros 1-3. Fonte:

BJÖRKLUND; DUNNETT, 2007. .......................................................................................... 13

Figura 4. Secção transversa através da metade rostral do mesencéfalo, evidenciando

numerosas células fluoresecentes verdes (catecolaminérgicas) dentro do tegmento

mesencefálico da tartaruga pintada (Chrysemys picta) através de técnica de histofluorescência.

Aumento em 100 vezes. Fonte: PARENT; POIRIER, 1971. ................................................... 17

Figura 5. Mesencéfalo caudal. Corpos celulares da substância negra (grupo A9) e área

tegmental ventral (grupo A10) imunorreativos a tirosina hidroxilase em um lagarto não

tratado com colchicina. Um amplo feixe de fibras fluorescentes finas em seção transversal é

visível dorsomedial a substância negra. Transversalmente fibras cortadas mais espessas

podem ser vistas ventrolateral e ventromedial ao grupo celular CA da área tegmental ventral

(Barra: 150 μm). Neurônios, provavelmente dopaminérgicos, de tamanho médio na substância

negra. Neurônios, provavelmente dopaminérgicos, de tamanho pequeno e médio contendo TH

na área tegmental ventral. Fonte: WOLTERS et al., 1984 ....................................................... 18

Figura 6. Fotomicrografia de secção coronal através do mesencéfalo do lagarto Gekko gecko

mostrando neurônios e fibras imunorreativas a dopamina na área tegmentar ventral e porção

rostral da substância negra (E). Fonte: SMEETS; HOOGLAND; VOORN, 1986. ................. 19

Figura 7. Fotomicrografia mostrando células imunorreativas a dopamina no complexo

VTA/SN de Python regius. Note a distribuição aleatória dos processos das células DA na

porção lateral do complexo. Barra: 100 pm. Fonte: SMEETS, 1988 ....................................... 20

Figura 8. Localização da área de estudo, Costa Branca, RN, Brasil ....................................... 21

Figura 9. Células e fibras imunorreativas a TH no mesencéfalo do jacaretinga (Caiman

crocodilus) em nível de substância negra (A, C) e área ventral de Tsai (B, D). (B). Barra:

0,01 mm. Fonte: BRAUTH, 1988 ............................................................................................ 22

Figura 10. Fotomicrografia do mesencéfalo de tartaruga mostrando um subdivisão da

substância negra (pars compacta e pars reticulata) a partir da imunoistoquímica para TH.

Fonte: REINER, 2017. ............................................................................................................. 23

Figura 11. Representação de encéfalo de tartaruga marinha baseada em encéfalo de tartaruga

verde (Chelonia mydas) juvenil. O encéfalo pode ser dividido em três regiões: cérebro

anterior (telencéfalo e diencéfalo), cérebro médio (mesencéfalo) e cérebro posterior

(metencéfalo e mielencéfalo). Algumas estruturas do encéfalo podem ser observadas: (1)

Nervo olfatório; (2) bulbo olfatório; (3) cérebro; (4) nervo óptico; (5) nervo motor ocular

comum; (6) lóbulo óptico; (7) cerebelo; (8) medula; e (9) medula espinal. Fonte: Acervo

pessoal. ..................................................................................................................................... 25

Figura 12. Localização da área de estudo, Bacia Potiguar, RN, Brasil. ................................... 28

Figura 13. Exemplar juvenil da espécie Chelonia mydas. Fonte: WWF, 2018 ........................ 29

Figura 14. Distribuição de tartaruga-verde (Chelonia mydas) ao longo de regiões tropicais e

subtropicais de todo o mundo. Fonte: IUCN, 2017. ................................................................. 30

Figura 15. (A) Biólogo atendendo a encalhe de tartaruga marinha registrada durante

monitoramento junto com a equipe de resgate, responsável pela translocação do animal até a

Base de Reabilitação. (B) Recinto de tartarugas marinhas da Base de Reabilitação de Animais

Marinhos- PCCB-UERN, Praia de Upanema, Areia Branca. (C) Tartaruga marinha recebendo

atendimento da equipe médica veterinária do PCCB-UERN. (D) Animal com melhora

significativa em seu quadro clínico recebendo alimentação. (E e F) Soltura de tartarugas

marinhas aptas para a reintrodução ao seu habitat. Fonte: Projeto Cetáceos da Costa Branca –

PCCB/UERN, 2018. ................................................................................................................. 31

Figura 16. Unidade de Necropsia instalada na Base de Reabilitação de Animais Marinhos-

PCCB-UERN, Mossoró- RN. ................................................................................................... 32

Figura 17. Tartaruga-verde (Chelonia mydas) juvenil macho que veio a óbito. (A) Visão

dorsal. (B) Visão ventral. (C) Retirada de plastrão sem danificar os grandes vasos sanguíneos.

(D) Incisão de agulha no ventrículo para passagem de solução fixadora (paraformaldeído 4%)

pelo sistema sanguíneo do animal com auxílio de seringa. (E) Ruptura da região dorsal da

caixa craniana para acesso ao encéfalo; (F) visão lateral do encéfalo...................................... 34

Figura 18. Tartaruga adulta da espécie Chelonia mydas (tartaruga verde). (A) Ruptura da

região dorsal da caixa craniana para acesso ao encéfalo; (B) (C) visão geral do encéfalo em

relação à cabeça; (D) encéfalo retirado e encaminhado para o processo de pós-fixação. ........ 34

Figura 19. (A) Procedimento de corte do encéfalo utilizando criostato em temperatura média

de – 20°C e secções coronais de 30 μm. (B) Encéfalo de tartaruga marinha orientado em

posição longitudinal, em sentido rostrocaudal, e fixado a um suporte e envolvido por meio de

uma cola especial. Após a retirada dos cortes do criostato com o auxílio de um pincel, eles são

colocados em placas de ensaio de uso laboratorial. (C) A placa da esquerda contém solução

anticogelante e foi destinada as secções que passaram (imunoistoquímica para TH) ou

passarão (outros procedimentos) por métodos imunológicos, enquanto a placa da direita foi

destinada as secções que passaram pelo método de Nissl. O compartimento 1 recebeu as

secções na ordem a,b,c,d em diante, os compartimentos 2, 4, 5 e 6 foram transferidos para

recipientes com solução anticongelante e mantidos em temperatura menor que 0°C até serem

usados. ...................................................................................................................................... 35

Figura 20. (A) Secção coronal do mesencéfalo de tartaruga marinha imersa em solução

montagem para ser posicionada em lâmina histológica gelatinizada. (B) Cortes já organizados

em lâminas passando pelo procedimento de secagem em temperatura ambiente. (C) Lâminas

passando pelas baterias do método de Nissl ............................................................................. 38

Figura 21. Alguns dos procedimentos no método da imunoistoquímica. (A) Visão geral da

bancada exibindo ferramentas utilizadas, como ponteiras de pipetas, solução tampão fosfato

0,1 M, pH 7,4 e Triton X-100 contendo cloreto de sódio, placa de ensaio imunológico,

cestinha com fundo em tela para receber as secções e mantê-las em contato com as soluções

oferecidas e rotor. (B) Cortes dentro de cestinhas com solução tampão fosfato 0,1 M, pH 7,4

passando pelo procedimento das lavagens através de rotação. (C) Pipetagem de anticorpo

primário – uma das várias etapas em que se usam pipetas para colocar a quantidade correta,

medidas em μl de reagentes. (D) Secções do mesencéfalo na etapa de imersão em meio

contendo peróxido de hidrogênio como substrato e DAB como cromógeno para visualização

da reação, procedimento que ocorre dentro de capela e com maior atenção devido a toxicidade

do reagente DAB. ..................................................................................................................... 39

Figura 22. Encéfalo de tartaruga verde juvenil. De cima para baixo, são representadas as faces

lateral, dorsal e ventral do encéfalo e da esquerda para direita uma visão anteroposterior. (A)

Encéfalo de tartaruga juvenil mostrando as principais divisões da morfologia externa. ......... 42

Figura 23. Visão para sagital da região cefálica de tartaruga-verde juvenil exibindo a (A)

Morfologia externa do encéfalo e alguns (B) nervos craniais destacados pelas setas. ............. 44

Figura 24. Desenho esquemático de secção coronal através do mesencéfalo de tartaruga-verde

(Chelonia mydas), ilustrando a distribuição de corpos celulares dopaminérgicos

imunorreativos a TH e suas fibras. (A) Mesencéfalo rostral. (B) Mesencéfalo rostromedial.

(C) Mesencéfalo médiocaudal. (D) Mesencéfalo caudal. Observar o surgimento da área

tegmental ventral (VTA) e substância negra (SN) em porções mais rostrais e do grupamento

homólogo reptiliano A8 de mamíferos (RA8) em porções mais caudais. Fonte: Acervo

pessoal, 2018. ........................................................................................................................... 44

Figura 25. Tipos de neurônios (triangular multipolar, fusiforme e ovoide bipolar)

imunorreativos a tirosina hidroxilase encontrados ao longo do tegmento mesencefálico em

tartaruga-verde (Chelonia mydas). Fonte: Acervo pessoal, 2018. ........................................... 45

Figura 26. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais em sentido rostrocaudal do

mesencéfalo de tartaruga-verde (Chelonia mydas) exibindo a citoarquitetura através do

método de Nissl (A, B, C, D e E) e evidenciando neurônios dopaminérgicos imunorreativos a

tirosina hidroxilase (A’, B’, C’, D’ e E’). Barra: 1000μm. ..................................................... 46

Figura 27. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais rostrais do mesencéfalo de

tartaruga-verde (Chelonia mydas) com corpos de neurônios e fibras imunorreativas a tirosina

hidroxilase (TH+). (A) Substância negra. Barra: 500 μm. (B) Pars compacta da SN,

localizada em posição ventrolateral no tegmento mesencefálico, exibindo corpos de neurônios

e dendritos dispostos sem uma orientação de sentido único. (C) Pars reticulata da SN,

localizada em lateralmente a SNc, com um menor número de corpos de neurônios e fibras

longas dispostas, principalmente, em sentido mediolateral. B e C são caixas homônimas em

A. Barra: 100μm. ...................................................................................................................... 47

Figura 28. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais rostromediais do

mesencéfalo de tartaruga-verde (Chelonia mydas) com corpos de neurônios e fibras

imunorreativas a tirosina hidroxilase (TH+). (A) Área tegmental ventral em posição

ventromedial e substância negra ventrolateral. Barra: 500 μm. (B) Pars compacta da SN

(SNc), localizada em posição ventrolateral no tegmento mesencefálico, exibindo corpos de

neurônios e dendritos dispostos sem uma orientação de sentido único e Pars reticulata da SN

(SNr), localizada lateralmente a SNc, com um menor número de corpos de neurônios e fibras

longas dispostas, principalmente, em sentido mediolateral. (C) Corpos de neurônios e suas

fibras na SNr. Seta indica neurônio do tipo triangular multipolar. B é caixa homônima de A.

Barra: 100μm ............................................................................................................................ 48

Figura 29. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais mediocaudais do

mesencéfalo de tartaruga-verde (Chelonia mydas) com corpos de neurônios e fibras

imunorreativas a tirosina hidroxilase (TH+). (A e C) Equivalente reptiliano do grupamento

A8 em mamíferos (RA8). (B) RA8 com corpos de neurônios dispersos e prolongamentos

axonais com orientação, predominantemente, dorsoventral. (D) Seta indica neurônio ovoide

bipolar no grupamento RA8. B e D são caixas homônimas em A e C, respectivamente. (A)

Barra: 500 μm. (B, C e D) Barra: 100μm ................................................................................. 49

Figura 30. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais caudais do mesencéfalo de

tartaruga-verde (Chelonia mydas) com corpos de neurônios e fibras imunorreativas a tirosina

hidroxilase (TH+). (A) Área tegmental ventral (VTA) localizada ventromedialmente no

tegmento mesencefálico (B) Seta inidica neurônio ovoide bipolar na VTA, observar fibras

curtas com disposição difusa. B é caixa homônima em A. Barra: 100μm ............................... 50

RESUMO

São conhecidas no mundo sete espécies de tartarugas marinhas, dentre essas, há registros de

ocorrência de cinco espécies no litoral do Brasil: Dermochelys coriacea, Chelonia mydas,

Caretta caretta, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea. De acordo com a Lista

Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, todas as espécies de

tartarugas marinhas existentes no Brasil, se encontram ameaçadas de extinção, estando C.

mydas classificada como “Em perigo” e E. imbricata “Criticamente em perigo”. As espécies

C. caretta, L.olivacea e D. coriacea estão classificadas como “Vulneráveis”. Embora se saiba

sobre a morfologia externa do sistema nervoso de tartarugas marinhas, pouco se conhece

sobre a neurobiologia desses animais. O sistema dopaminérgico tem papel crítico em uma

grande variedade de funções e está presente no sistema nervoso central de todos os

vertebrados, sendo responsável pela neurotransmissão de dopamina. A dopamina é

reconhecida pela atividade que exerce no controle de processos complexos, como

programação da atividade motora e comportamentos motivados. Entendendo a importância

deste neurotransmissor e a carência de trabalhos que descrevam a citoarquitetura do encéfalo

de tartaruga marinha, esta pesquisa se propôs a caracterizar pela primeira vez os grupamentos

neuronais dopaminérgicos do mesencéfalo em tartaruga verde (C. mydas). Para isto, foram

utilizados dois métodos: o método de Nissl para descrever a citoarquitetura e a

imunoistoquímica para TH como forma de marcar os neurônios DA. Foram utilizados quatro

exemplares de C. mydas encalhadas que vieram a óbito na base de Reabilitação do Projeto

Cetáceos da Costa Branca ou que foi encontrado morto durante o monitoramento de praias

entre os anos de 2016 a 2017. Os animais foram necropsiados e retirados o encéfalo, tendo

passado pelo procedimento de perfusão (formol 4%) ou não (fixado em formol 10% por

imersão). Após fixados, os encéfalos foram mantidos em sacarose 30% até ser realizada a

microtomia através de criostato. As lâminas confeccionadas foram descritas utilizando

microscópio óptico, sendo realizadas capturas de imagens através de câmera acoplada ao

microscópio. O mesencéfalo de tartaruga verde apresenta um padrão de organização neuronal

semelhante ao encontrado em outros répteis. Os neurônios DA imunorreativos podem ser

divididos em um grupamento ventromedial (área tegmental ventral/A10), um grupamento

dorsolateral (substância negra/A9) e uma extensão caudal de A9 (homólogo reptiliano de A8

em mamíferos/RA8). Os neurônios destes grupamentos são bipolares ou multipolares e

ovoides, fusiformes ou triangulares em forma. Desta forma, viabilizamos as primeiras

descrições do sistema dopaminérgico que podem auxiliar no entendimento de questões

ecológicas e fornecer bases neuroanatômicas para futuros estudos funcionais da motricidade.

Palavras-chave: quelônio; sistema nervoso; citoarquitetura; neurotransmissores; dopamina.

ABSTRACT

Seven species of sea turtles are known in the world, among them, five species occur on the

coast of Brazil: Dermochelys coriacea, Chelonia mydas, Caretta caretta, Eretmochelys

imbricata and Lepidochelys olivacea. According to the Red List of the International Union for

the Conservation of Nature all species of sea turtles in Brazil are threatened with extinction,

with C. mydas classified as "Endangered" and E. imbricata "Critically endangered". The

species C. caretta, L.olivacea and D. coriacea are classified as "Vulnerable". Little is known

about the neurobiology of these animals. The dopaminergic system plays a critical role in a

wide variety of functions and is present in the central nervous system of all vertebrates and is

responsible for dopamine neurotransmission. Dopamine is recognized for its activity in the

control of complex processes, such as motor activity programming and motivated behaviors.

Understanding the importance of this neurotransmitter and the lack of studies describing the

cytoarchitecture of the marine turtle brain, this research aimed to characterize for the first time

the dopaminergic neuronal dopaminergic clusters of the midbrain in green turtle (C. mydas).

For this, two methods were used: the Nissl method to describe the cytoarchitecture and the

immunohistochemistry for TH as a way of marking DA neurons. Four C. mydas stranded

specimens were used. They died at the Rehabilitation base of the Projeto Cetáceos da Costa

Branca or were found dead during the monitoring of beaches between 2016 and 2017. The

animals were necropsied and the brain was removed, having undergone the perfusion

procedure (formalin 4%) or not (fixed in 10% formalin by immersion). After fixation, the

brains were maintained in 30% sucrose until the microtomy was performed by cryostat. The

prepared slides were described using an optical microscope, and images were taken through a

camera coupled to the microscope. The green turtle midbrain presents a pattern of neural

organization similar to that found in other reptiles. Immunoreactive DA neurons can be

divided into a ventromedial group (ventral tegmental area/A10), a dorsolateral group

(substantia nigra/A9) and a caudal extension of A9 (reptilian equivalent

of mammalian A8/RA8). The neurons of these groups are bipolar or multipolar and ovoid,

fusiform and triangular in shape. In this way, we enabled the first descriptions of the

dopaminergic system that can aid in the understanding of ecological issues and provide

neuroanatomic bases for future functional motor studies.

Keywords: chelonian; nervous system; cytoarchitecture; neurotransmitters; dopamine.

7

SUMÁRIO

Resumo ........................................................................................................................ 05

Abstract ........................................................................................................................ 06

1. Introdução .................................................................................................................... 08

1.1. Dopamina ..................................................................................................................... 08

1.2. Receptores Dopaminérgicos ........................................................................................ 10

1.3. Grupamentos Neuronais Dopaminérgicos ................................................................... 12

1.4. Grupamentos Neuronais Dopaminérgicos Mesencefálicos ......................................... 13

1.5. Grupamentos Neuronais Dopaminérgicos Mesencefálicos em Répteis ...................... 16

1.6. Tartaruga-marinha ....................................................................................................... 24

2. Objetivos ...................................................................................................................... 27

2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................. 27

2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................. 27

3. Materiais e Métodos .................................................................................................... 28

3.1. Área de Coleta ............................................................................................................. 28

3.2. Modelo Experimental .................................................................................................. 28

3.3. Coleta de Dados ........................................................................................................... 31

3.3.1. Remoção de encéfalo, fixação e armazenamento ........................................................ 32

3.3.2. Microtomia .................................................................................................................. 34

3.3.3. Método de Nissl ........................................................................................................... 36

3.3.4. Imunoistoquímica para Tirosina Hidroxilase .............................................................. 38

3.3.5. Obtenção das Imagens e Análise dos Resultados ........................................................ 39

3.3.6. Análise Estatística ........................................................................................................ 40

4. Resultados .................................................................................................................... 41

4.1. Morfologia Externa ...................................................................................................... 41

4.2. Microscopia ................................................................................................................. 43

5. Discussão ..................................................................................................................... 51

6. Conclusão .................................................................................................................... 55

7. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 56

8

1. INTRODUÇÃO

1.1. Dopamina

A 3-hidroxitiramina/dopamina (DA) é uma monoamina pertencente ao grupo das

catecolaminas (CA) e atua como um dos neurotransmissores no sistema nervoso de

vertebrados. Catecolaminas é o termo que agrupa compostos orgânicos com uma estrutura de

anel benzeno com dois grupos hidroxilados adjacentes e uma cadeia amina oposta

lateralmente (SMEETS; GONZÁLEZ, 2000). A biossíntese de DA ocorre em via comum com

outras duas CAs: noradrenalina e adrenalina (PRAKASH; WURST, 2006). Dopamina,

noradrenalina e adrenalina constituem as CAs mais utilizadas pelo sistema nervoso. DA pode

ser tanto precursora para a síntese de outras CAs, como também pode desempenhar o papel de

um dos principais neurotransmissores de modulação no cérebro (JONES; PILOWSKI, 2002;

MARÍN et al., 2005).

Os neurônios em que se pode encontrar dopamina são rotulados como neurônios

dopaminérgicos. Em suas funções básicas, neurônios dopaminérgicos são capazes de

sintetizar, transmitir e recuperar a DA (RIDDLE, R.; POLLOCK, J. D, 2003). Para a síntese

deste neurotransmissor é utilizado o aminoácido tirosina como precursor. A presença de

tirosina no organismo é resultado, principalmente, de sua absorção através de dieta, mas

também, porque a enzima hepática fenilalanina-hidroxilase é capaz de hidroxilar fenilalanina

e a converter em tirosina. Quando a tirosina chega ao interior dos neurônios a biossíntese de

DA é iniciada. Através da ação de tirosina hidroxilase (TH), a tirosina é convertida em 3,4-

dihidroxifenilalanina (DOPA) (MARÍN et al., 2005; CHEN et al., 2008). Para o

funcionamento eficaz de TH intracelular, é necessário a participação do co-fator 6-

tetrahidrobiopterina (BH4), que tem sua síntese modulada pela enzima GTP-ciclohidrolase I

(GTPCHI) (NAGATSU; STJARNE, 1998; NAGATSU; ICHINOSE, 1999). Outra enzima, a

DOPA-descarboxilase, age sobre DOPA a convertendo em 3-hidroxitiramina/dopamina. A

dopamina ainda pode ser convertida em noradrenalina através da ação enzimática da

dopamina-beta-hidroxilase (NAGATSU et al., 1964; PRAKASH; WURST, 2006).

Finalizada sua síntese, a DA é armazenada em vesículas sinápticas por meio do

transportador vesicular de monoamina 2 (VMAT2), que se liga aos terminais pré-sinápticos e

torna as vesículas aptas para serem liberadas por exocitose após estímulo de íons Ca+²

(LAWLOR; DURING, 2004; BERNSTEIN et al., 2014). Após terminar sua atuação nos

9

receptores de neurônios pós-sinápticos, a DA é metabolizada na fenda sináptica pela ação da

enzima catecol-O-metiltransferase (COMT), podendo também, ser recapturada na fenda por

meio da ação do transportador dopaminérgico (DAT) para, posteriormente, ser metabolizada

através da mono-aminooxidase (MAO) ou rearmazenada em vesículas pela VMAT2 (SHIH et

al., 2006; GOOLE; AMIGHI, 2009) (Figura 1).

Figura 1. Síntese de dopamina, as enzimas envolvidas e sua liberação na fenda sináptica. Fonte: Acervo pessoal,

2018.

A DA é reconhecida pela atividade que exerce no controle de processos complexos.

Dentre suas atuações, pode-se citar a modulação sobre os passos iniciais de percepção

sensorial no bulbo olfatório e retina, participação na programação motora, aprendizado,

memória, processos afetivos e motivacionais, controle da temperatura corporal, ingestão de

alimentos, função renal e motilidade intestinal (BONELLI, 2007; YAMAMOTO; VERNIER,

2011; DE LA MORA et al., 2010; URBAN et al., 2012; SCHULTZ, 2013; GONZALEZ et

al., 2013; PACHECO et al., 2014; BARROT, 2014; IKEMOTO et al., 2015). Novas

evidências ainda apontam a DA como um regulador chave no processo inflamatório (YAN et

al., 2015).

O estudo de neurônios catecolaminérgicos (que engloba os neurônios dopaminérgicos,

adrenérgicos e noradrenérgicos) começou por volta de 1960 com as pesquisas de Carlsson,

Falck e Hillarp utilizando o método de histofluorêscencia de formaldeído (CARLSSON,

1962). Estes pesquisadores foram os pioneiros na identificação das duas catecolaminas

primárias: noradrenalina e dopamina. Poucos anos depois, surge uma explicação detalhada da

distribuição de neurônios contendo catecolamina e serotonina no cérebro de rato por

Dahlström e Fluxe (UNGERSTEDT, 1971).

NEURÔNIO PÓS-SINÁPTICO

TERMINAIS PRÉ-SINÁPTICOS

FENILALANINA TIROSINA DOPA

DOPAMINA

NORADRENALINA

FENILALANINA-HIDROXILASE TIROSINA-HIDROXILASE

DOPA-DESCARBOXILASE

DOPAMINA-BETA-HIDROXILASE

VMAT2 Ca+²

DAT

COMT

10

Embora a técnica de histofluorescência tenha trazido uma boa base para o

entendimento do sistema CA em vertebrados, é o método de imunoistoquímica que vem

sendo utilizado por ser mais sensível e específico (SMEETS; GONZÁLEZ, 2000). Para

detectar CA, podem ser utilizados os métodos que detectem as próprias substâncias

catecolaminérgicas ou métodos que detectem suas enzimas sintetizantes, as enzimas

degradativas ou os complexos de captação (SMEETS; GONZALÉZ, 2000).

O método de imunoistoquímica para TH detecta a enzima sintetizante participante na

conversão de tirosina para DOPA. Este método pode ser aplicado para determinar se

neurônios utilizam DA como neurotransmissor. Porém, TH é enzima que participa na síntese

não só de neurônios dopaminérgicos, mas também de neurônios noradrenérgicos e

adrenérgicos. Para determinar a especificidade para síntese de DA seria mais adequado testar

a presença da dopamina-beta-hidroxilase, que só estará presente se os neurônios forem

noradrenérgicos. Mesmo tendo essas especificidades em vista, o uso da imunoistoquímica

para TH para determinar se os neurônios são dopaminérgicos não é incorreto, desde que

existam trabalhos que comprovem a existência de neurônios DA na mesma área em animais

da mesma ordem (PRAKASH; WURST, 2006). Isso foi proposto, por exemplo, por Manger

(2005) quando ele falou que independente do tamanho, fenótipo ou hábito de vida, o mesmo

complemento de núcleos moduladores está presente nos diferentes representantes de

mamíferos. Os neurônios imunorreativos a TH no tegmento mesencefálico de vertebrados

quase sempre possuem DA como neurotransmissor monoaminérgico (SMEETS;

GONZÁLEZ, 2000). Inclusive estudos em répteis, com imunoistoquímica para DA e TH,

revelam grupamentos neuronais sintetizantes de DA no mesencéfalo de diferentes

representantes desse grupo taxonômico (SMEETS; JONKER; HOOGLAND, 1987; SMEETS,

1988).

1.2. Receptores dopaminérgicos

A dopamina opera mediante a ligação com seus diferentes receptores. Todos eles são

proteínas de membrana que pertencem a superfamília de receptores acoplados a proteína G

(Figura 2). São cinco os receptores específicos para DA que estão agrupados em subgrupos

(D1 e D2) (STRANGE, 1993; CALLIER et al., 2003). Fazendo parte de D1 estão D1 e D5 e

de D2 os subtipos D2, D3 e D4 (SPÜHLER; HAURI, 2013). A classificação dos receptores

dopaminérgicos foi feita tendo como base a homologia de sequências, maquinaria de

transdução de sinal e propriedades farmacológicas (SIBLEY et al., 1993). Os subtipos de

11

receptores D1 e D5, frequentemente, são acoplados com subunidades G estimulatórias,

enquanto os subtipos D2, D3 e D4, geralmente, são acoplados a subunidades G inibitórias

(SIIBLEY et al., 1993). Os receptores de dopamina são sensíveis de forma diferente à

presença de seu neurotransmissor. D3 mostra maior afinidade para a dopamina, em seguida e

em ordem decrescente vêm D5, D4, D2 e D1 (WU et al., 2005).

A expressão de receptores D1 ocorre principalmente no caudado e putâmen, núcleo

accumbens, tubérculo olfatório, córtex cerebral e amígdala. Os receptores D1 na substância

negra parecem ser expressos no estriado e transportados por axônios na via direta estriato-

nigral. Já receptores D5 são expressos no hipocampo, núcleo mamilar lateral e no núcleo

parafascicular do tálamo. O receptor D2 é expresso em grande parte no caudado e putâmen,

tubérculo olfatório e núcleo accumbens, mas também é detectado na substância negra pars

compacta e na área tegmental ventral. Eles ainda podem ser localizados em regiões não

cerebrais (retina, rins, sistema vascular e glândula pituitária). Receptores D3 estão menos

distribuídos e encontram-se nas ilhas de Calleja, alguns núcleos septais, hipotálamo e

diferentes regiões talâmicas e cerebelares, assim como, na substância negra pars compacta.

Por último, receptores D4 são expressos no córtex frontal, amígdala, bulbo olfatório,

hipocampo, hipotálamo e mesencéfalo (JACKSON; WESTLIND-DANIELSSON, 1994). Em

síntese, D1, D2 e D5 localizam-se no estriado, sistema límbico, bulbo olfatório e nos córtices

pré-frontal, pré-motor, cingulado e entorrinal, enquanto D3 e D4 estão restritos à área límbica

(CAVE; BAKER, 2009).

Figura 2. Representação de receptor de dopamina transmembana. Esquema da estrutura putativa da isoforma de

receptor D2R. A inserção de aminoácido D2L específica é indicada junto com os locais potenciais. Resíduos

aminoácidos potenciais envolvidos em N-glicosilação, fosforilação de PKA, palmitoilação e ligantes de

agonistas também são mostrados. Fonte: VALLONE; PICETTI; BORRELI, 2000.

12

1.3. Grupamentos neuronais dopaminérgicos

Grupos celulares catecolaminérgicos, normalmente, não estão arranjados de forma

isolada a estruturas anatômicas bem definidas. O padrão de distribuição dos núcleos contendo

CA pode variar entre espécies dentro de um mesmo grupo de vertebrados e mais ainda quando

se fala de diferentes representantes dentro de vertebrados. Dessa forma, definir tais grupos

com a nomenclatura A1-17 torna mais fácil a comparação entre diferentes espécies animais

(BJÖRKLUND; DUNNETT, 2007).

Dahlström e Fluxe descobriram em 1964 doze grupos de neurônios contendo

catecolamina (A1-A12) e nove de neurônios contendo serotonina (B1-B9) em cérebro de rato

(DAHLSTRÖM; FLUXE, 1964). Os grupos celulares A1-A12 foram definidos a partir do

eixo rostrocaudal, estando distribuídos a partir da medula oblonga até o hipocampo. Na

década de 70, novas técnicas facilitaram o estudo de neurônios catecolaminérgicos. Passou-se

a utilizar a técnica de imunoistoquímica para enzimas sintetizantes de CA: tirosina

hidroxilase, aminoácido aromático descarboxilase e dopamina-B-hidroxilase. Esta nova

ferramenta acabou por permitir o mapeamento do sistema catecolaminérgico em maior

detalhe e tornou mais precisa a distinção entre diferentes catecolaminas (BJÖRKLUND;

DUNNETT, 2007). Cinco grupos, compreendendo de A13-17, foram acrescentados

posteriormente. Estes núcleos descobertos por último encontram-se no diencéfalo, bulbo

olfatório e retina (HÖKFELT et al., 1984).

Os neurônios dopaminérgicos presentes no cérebro de mamíferos estão situados em

grupos celulares distintos entre o mesencéfalo e bulbo olfatório. Existem nove desses núcleos

descritos, codificados em sentido rostral a caudal da seguinte maneira: (I) No mesencéfalo os

neurônios DA estão arranjados em substância negra pars compacta (SNc/A9), área tegmental

ventral (VTA/A10) e zona retrorubral (RrF/A8); (II) em seguida é encontrado grupamentos

celulares no diencéfalo referentes aos grupos A11-15, sendo os maiores A11 (grupo de

neurônios do hipotálamo posterior) e A13 (grupos de neurônios da zona incerta no tálamo

ventral); Por último, vem uma pequena população de neurônios dopaminérgicos localizados

no telencéfalo que compreendem os interneurônios periglomerulares do bulbo olfatório (A16)

e os interneurônios amácrinos da retina (MARÍN et al., 2005; BJÖRKLUND; DUNNETT,

2007; PRAKASH; WURST, 2006) (Figura 3).

13

Figura 3. Distribuição de grupos celulares neuronais DA em cérebro de roedor em desenvolvimento (a) e adulto

(b). Os neurônios dopaminérgicos no cérebro de mamíferos estão localizados em nove grupos celulares distintos,

distribuídos a partir do mesencéfalo ao bulbo olfatório, como ilustrado esquematicamente, em uma visão sagital.

As projeções principais de grupos celulares DA estão ilustrados por flechas. Abreviações: Ige, eminência

ganglionar lateral; mge, eminência ganglionar medial; p1-p3, prosômeros 1-3. Fonte: BJÖRKLUND;

DUNNETT, 2007.

1.4. Grupamentos neuronais dopaminérgicos mesencefálicos

A variedade do sistema dopaminérgico mesencefálico surge a partir do processo

ontogenético em que um conjunto comum de precursores passa pela especificação, migração e

diferenciação e gera os padrões de conectividade conhecidos como resultado dos caminhos

axonais na fase de desenvolvimento (VAN DEN HEUVEL; PASTERKAMP, 2008). Cascatas

de eventos levam ao desenvolvimento dos neurônios dopaminérgicos. Eventos

desenvolvimentais iniciais formam um organizador no limite mesencefálico/metencefálico.

Este organizador, também chamado Iso, é responsável pela proliferação de precursores de

neurônios dopaminérgicos em desenvolvimento e fornecedor de pistas iniciais. Ele atua junto

com a linha média, que fornece informação adicional. Dentre os vários fatores, pode-se citar

FGF8 (fator de crescimento de fibroblastos 8) liberado a partir do Iso e sonic hedgehog (shh)

liberado a partir da linha média. Estes fatores são necessários para especificação inicial de

neurônios dopaminérgicos em desenvolvimento. Ao amadurecerem, eles dão origem a

neurônios que estarão envolvidos em uma grande escala de funções cerebrais (WURST;

BALLY-CUIF, 2001; LIU; JOYNER, 2001; HIDALGO-SANCHEZ; ALVARADO-

MALLART, 2002; KIM, et al., 2003).

A conectividade estrutural entre diferentes áreas cerebrais permite que os sinais por

estas desencadeados sejam integrados, o que permite o desenvolvimento e execução de planos

de ação apropriados a diferentes situações. Através desta integração, neurônios

dopaminérgicos mesencefálicos estão envolvidos em uma série de questões comportamentais,

14

cognitivas, motivacionais, de recompensa, de controle motor e também de algumas desordens

neurológicas e/ou psiquiátricas (BJÖRKUND; DUNNETT, 2007; YETNIKOFF et al., 2014;

HABER, 2014). O estriado se comunica com o córtex pré-frontal, ínsula e mesencéfalo e,

acredita-se, que a integração dos sinais destas áreas seja crítico para respostas adaptativas do

organismo (SALAMONE; CORREA, 2002; KOHNO et al., 2017). Projeções que saem do

mesencéfalo ao estriado sinalizam a existência de eventos motivantes e respostas

antecipatórias moduladas por dopamina estão envolvidas nas preferências que envolvem risco

(SUGAM et al., 2012). Componente importante na tomada de decisão dirigida a objetivos é a

capacidade de antes avaliar bem os aspectos diferentes de recompensa, tais como, valor versus

risco e previsibilidade e ainda inibir comportamentos não adaptativos com base em

experiências não bem-sucedidas. Vias neuronais dopaminérgicas que integra regiões do

mesencéfalo com outras áreas cerebrais estão relacionadas a estas funções. São elas as vias

mesolímbica, mesocortical e mesoestriatal (WISE, 2004; HABER, 2014).

Existem três circuitarias formadas a partir de núcleos que estão no mesencéfalo:

mesoestriatal, mesocortical e mesolímbica. A via mesoestriatal se origina na SNc (A9) e

projeta principalmente para os domínios dorsolaterais do estriado e está envolvida no

movimento voluntário e postura corporal (PRAKASH; WURST, 2006; DELONG;

WICHMANN, 2007; MONEY; STANWOOD, 2013). A via mesocortical, que inerva

diferentes regiões do córtex frontal, refere-se às projeções dopaminérgicas a partir do

mesencéfalo ventral, inclusive a VTA e SN, para o córtex pré-frontal e está relacionada ao

aprendizado e memória (YETNIKOFF et al., 2014). Por último, o sistema mesolímbico é

formado por neurônios dopaminérgicos localizados na VTA e suas projeções para o Núcleo

Accubens (NAc), córtex, amígdala e o hipocampo, que participam da configuração de

comportamentos motivacionais (BJÖRKUND; DUNNETT, 2007; NIEH et al., 2013). A RRF

também se comunica com esses três circuitos através de suas projeções eferentes

(BENTIVOGLIO; MORELLI, 2005). Embora estes circuitos se caracterizem por

apresentarem localizações anatômicas e padrões de atividade distintos, suas células neuronais

estão interconectadas (BENTIVOGLIO; MORELLI, 2005). Dessa forma, as projeções a partir

da SN não estão exclusivamente destinadas ao estriado, assim como, projeções a partir da

VTA não se restringem apenas as vias mesoestriatal e mesolímbica (BJÖRKUND;

DUNNETT, 2007).

15

Degeneração destas vias leva a desordens neurológicas, como por exemplo, a doença

de Parkinson que dificulta a iniciação de movimentos e a postura corporal. Outros exemplos

são esquizofrenia, doença de Huntington, vícios a drogas (desencadeados por drogas de

abuso, como por exemplo, os psicoestimulantes e opióides), distúrbios de humor e transtorno

do déficit de atenção com hiperatividade (ADHD) (LAU et al., 2013; BARROT, 2014; WISE;

KOOB, 2014; BORGONOVO et al., 2016).

Existem estudos disponíveis que investigaram sobre a presença de células

dopaminérgicas mesencefálicas em diferentes classes de vertebrados. Análise comparativa

dos grupos celulares CA no mesencéfalo de vertebrados revela que em peixes ciclóstomos não

há a presença de nenhum desses grupamentos, enquanto osteíctes pode apresentar o

grupamento A10 e condrictes pode exibir tanto o grupamento A9 quanto o A10. Em Anfíbios,

o grupamento A9 e A10 também podem ser observados. Por sua vez, répteis, aves e

mamíferos podem apresentar uma divisão em três grupamentos, podendo ainda ser

encontrados grupos adicionais (SMEETS; GONZÁLEZ, 2000).

Em peixes ciclóstomos e actinopterígeos, estudos imunoistoquímicos não revelaram

grupamentos de células dopaminérgicas no mesencéfalo (RINK; WULLIMANN, 2001;

BARREIRO-IGLESIAS et al., 2008). Embora os actinopterígeos não tenham apresentado

células imunorreativas a DA no mesencéfalo através dos estudos realizados até agora, outra

classe representante de osteíctes, os sarcopterígeos, apresenta espécies em que se pode

identificar grupo de corpos celulares imunorreativos a TH (LÓPEZ; GONZÁLEZ, 2017). Por

exemplo, o mesencéfalo de peixes dipnoicos, uma subclasse de sarcopterígeos, dispõe de

células dopaminérgicas comparáveis a área tegmental ventral/substância negra pars compacta

encontradas em amniotas (SMEETS; GONZÁLEZ, 2000). Tais células em peixes dipnoicos,

não estão restritas apenas na região mesencefálica, ao invés disso, podem se estender até

regiões diencefálicas ventrais (VERNEY et al., 2001; LOPEZ; GONZÁLEZ, 2017). Em

peixes cartilaginosos (condrictes) já foi descrito em todos os representantes de

elasmobrânquios (tubarão, mantas e raias) estudados um grupamento DA mesencéfalico em

torno da sua extensão rostrocaudal, que também podem se estender para o tegmento

diencefálico (MEREDITH; SMEETS, 1987; STUESSE et al., 1994).

Anfíbios, assim como peixes elasmobrânquios, apresentam uma extensão de corpos

celulares mesencefálicos imunorreativos a TH/DA ao longo de sua extensão rostrocaudal.

Estas células estão presentes a partir do limite diencéfalo-mesencéfalo até a saída do nervo

16

oculomotor e estão restritas a linha média, não sendo possível fazer uma subdivisão desse

grupamento. Na rã Rana ridibunda, um único grupo de células imunorreativas a TH/DA são

observadas ao longo da linha média se estendendo até a saída do nervo oculomotor. São

células que parecem pertencer a um grupo dorsomedial proveniente do tubérculo posterior, e

se assemelha a área tegmental ventral (GONZÁLEZ; SMEETS, 1991;). Esse mesmo padrão é

observado no sapo Physalaemus pustulosus (O’CONNELL et al., 2010)

Em aves, é possível fazer uma divisão das células CA em três grupamentos tendo

como base a sua posição (A8, A9 e A10), além de ser possível encontrar grupos adicionais.

Por exemplo, foi observado células CA no cinza mesencefálico periaquedutal. Essas células

foram consideradas a parte mais caudal do grupo celular A11, que se estende à níveis mais

caudais do mesencéfalo. Os grupos celulares A8-A10 representa um campo grande e contínuo

de neurônios dopaminérgicos no mesencéfalo de aves. Normalmente, A10 é o grupamento

mais rostral e medial, enquanto A9 é mais intermediário e lateral e A8 é o mais caudal

(REINER et al., 1994; MOONS et al., 1994).

Células dopaminérgicas no mesencéfalo de mamíferos inicialmente foram

classificadas em três grupos (A8, A9 e A10). Atualmente, é possível subdividir A9 e A10. O

grupo A10 pode ser subdividido em um grupo caudal A10c, que consiste de células no núcleo

de Edinger Westphal, núcleo linear central e rostral e o núcleo interfascicular. A área

tegmental ventral é subdividida em núcleo pigmentado paranigral e núcleo pigmentado

parabraquial. O grupo supramamilar constitui o subgrupo A10dr (dorsal, ventral). O grupo

A10dc (dorsal, caudal) pode ser encontrado na rafe, enquanto o grupo A10dr (dorsal, rostral)

é encontrado dentro ou na proximidade do complexo habenular de ratos (SMEETS;

GONZÁLEZ, 2000). A SN pode ser dividida em camada dorsal e camada ventral. A diferença

entre as camadas da SN é que as células da camada dorsal têm dendritos orientados,

principalmente, em direção mediolateral, são imunorreativas a TH e proteína ligante de cálcio,

Calbindina-D28k e projetam, em grande parte, para a matriz do estriado. As células da camada

ventral, por sua vez, têm uma organização dentrítica de sentido, predominantemente,

dorsoventral, não são imunorreativas a calbindina-D28k e inerva, principalmente, trechos

estriatais (SMEETS; GONZÁLEZ, 2000). Esta nomenclatura e classificação podem ser

adaptadas para outros grupos dentro de mamíferos (MASEKO et al., 2007; DELL et al., 2010;

MEDEIROS et al., 2016; CAVALCANTI et al., 2016).

1.5. Grupamentos neuronais dopaminérgicos mesencefálicos em répteis

17

Os primeiros estudos dos grupamentos neuronais em répteis utilizaram a técnica de

fluorescência induzida por formaldeído (técnica FIF – do inglês formaldehyde-induced

fluorescence) com a finalidade de identificar o sistema monoaminérgico (PARENT;

POIRIER, 1971 – Figura 4). A técnica FIF permite discriminar entre serotonina e

catecolamina, mas não entre os diferentes neurotransmissores catecolaminérgicos (dopamina,

noradrenalina e adrenalina), além de ser pouco sensível, prejudicando assim, a interpretação

dos resultados em áreas em que o sistema dopaminérgico se sobrepõe com o sistema

serotoninérgico (SMEETS; JONKER; HOOGLAND, 1987). Outras formas de visualizar o

sistema monoaminérgico, descobertas sem seguida, foi através da técnica de

imunoistoquímica usando anticorpos contra as enzimas sintetizantes de neurotransmissores e

contra os próprios neurotransmissores (HALÁSZ et al., 1982; GEFFARD, 1984).

Figura 4. Secção transversa através da metade rostral do mesencéfalo, evidenciando numerosas células

fluoresecentes verdes (catecolaminérgicas) dentro do tegmento mesencefálico da tartaruga pintada (Chrysemys

picta) através de técnica de histofluorescência. Aumento em 100 vezes. Fonte: PARENT; POIRIER, 1971.

Assim como em aves e mamíferos, uma divisão de núcleos dopaminérgicos

mesencefálicos, tendo como base a posição, pôde ser feita em três subdivisões. Sendo ainda

possível identificar células dopaminérgicas fora do complexo A8-A10 (SMEETS;

GONZÁLEZ, 2000). Neurônios DA/CA mesencefálicos foram caracterizados em lagartos,

jacaré, serpente e tartaruga.

Através da técnica de imunofluorescência indireta foi possível observar grupos

celulares contendo CA no tronco encefálico do lagarto Varanus exanthematicus. No

mesencéfalo deste lagarto os grupos celulares dopaminérgicos foram divididos em (I)

substância negra, (II) um grupo celular medial a substância negra que se estende rostralmente

e se compara a área tegmental ventral e (III) uma extensão caudodorsal a substância negra.

18

Tais grupos celulares são comparáveis aos grupos A9, A10 e A8 de mamíferos,

orespectivamente (WOLTERS et al., 1984 – Figura 5). Além disso, outras células podem

aparecer fora da divisão tripla em A8, A9 e A10. No lagarto V. exanthematicus e A.

carolinensis, células imunorreativas a TH/DA ocorrem na zona periventricular do

mesencéfalo e na tartaruga P. scripta elegans, algumas células dispersas foram encontradas

no núcleo laminar do torus semicircular (WOLTERS et al., 1984; SMEETS, 1994).

Figura 5. Mesencéfalo caudal. Corpos celulares da substância negra (grupo A9) e área tegmental ventral (grupo

A10) imunorreativos a tirosina hidroxilase em um lagarto não tratado com colchicina. Um amplo feixe de fibras

fluorescentes finas em seção transversal é visível dorsomedial a substância negra. Transversalmente fibras

cortadas mais espessas podem ser vistas ventrolateral e ventromedial ao grupo celular CA da área tegmental

ventral (Barra: 150 μm). Neurônios, provavelmente dopaminérgicos, de tamanho médio na substância negra.

Neurônios, provavelmente dopaminérgicos, de tamanho pequeno e médio contendo TH na área tegmental

ventral. Fonte: WOLTERS et al., 1984.

Algumas células imunofluorescentes catecolaminérgicas de pequeno e médio porte

foram encontradas dispersas no mesencéfalo de V. exanthematicus. Na área ventral e medial

aos núcleos vermelhos (denominada VTA), uma quantidade considerável de células positivas

a CA é encontrada entre fibras do nervo oculomotor. A SN apresenta numerosas células

catecolaminérgicas arredondadas ou ovais de tamanho médio. Células imunorreativas a TH e

DA também estavam presentes na zona periventricular do mesencéfalo (WOLTERS et al.,

1984; SMEETS, 1994).

A distribuição de dopamina imunorreativa no mesencéfalo do lagarto Gekko gecko foi

estudada usando anticorpos contra dopamina. As células dopaminérgicas foram encontradas

na VTA, SN e presumido equivalente reptiliano do grupo A8 em mamíferos (RA8)

(SMEETS; HOOGLAND; VOORN, 1986 – Figura 6).

19

Figura 6. Fotomicrografia de secção coronal através do mesencéfalo do lagarto Gekko gecko mostrando

neurônios e fibras imunorreativas a dopamina na área tegmentar ventral e porção rostral da substância negra (E).

Fonte: SMEETS; HOOGLAND; VOORN, 1986.

O sistema dopaminérgico no cérebro e mesencéfalo da serpente Python regius foi

investigado utilizando anticorpos contra a dopamina. A grande maioria de células

dopaminérgicas neste animal foi encontrada no tegmento mesencefálico. Nesta área, existem

os grupos celulares mediais e laterais, que representam a VTA e SN, respectivamente, mas

que juntas foram chamadas de complexo VTA/SN pelo pesquisador. Enquanto a área

dorsolateral do complexo VTA/SN é rotulado como homólogo reptiliano do grupo celular A8

(RA8) (SMEETS, 1988 – Figura 7).

20

Figura 7. Fotomicrografia mostrando células imunorreativas a dopamina no complexo VTA/SN de Python

regius. Note a distribuição aleatória dos processos das células DA na porção lateral do complexo. Barra: 100 pm.

Fonte: SMEETS, 1988.

A maioria das células dopaminérgicas no cérebro da Pseudemys scripta está localizada

dentro do tegmento mesencefálico. Elas também podem ser divididas em três grupos. O grupo

mais rostral se encontra VTA e suas células são, geralmente, de tamanho médio e processos

curtos. Em sua porção caudal, as células dopaminérgicas da VTA se entrelaçam com as

células da substância negra dorsalmente. A SN é composta por neurônios dopaminérgicos

que, normalmente, são maiores que os neurônios presentes na VTA e também possuem

processos longos com orientação, predominantemente, mediolateral. O terceiro grupo,

denominado homólogo reptiliano do grupo A8 em mamíferos, compreende neurônios

dopaminérgicos que surgem em níveis caudais e estão localizados em posição dorsolateral no

tegmento mesencefálico, em continuidade com a SN. As células do grupo RA8 apresentam

processos que são mais curtos e não possuem uma orientação preferencial como na SN

(SMEETS; JONKER; HOOGLAND, 1987 – Figura 8).

21

Figura 8. Desenhos de uma série de secções coronais, em sentido rostrocaudal, através do mesencéfalo da

tartaruga Pseudemys scripta mostrando a distribuição de células imunorreativas à dopamina (pontos grandes) e

fibras (pontos curtos e linhas contínuas) (A) e fotomicrografia mostrando células imunorreativas a dopamina na

substância negra, evidenciando os processos longos e com orientação mediolateral (B). Barra: 0,01 mm. Fonte:

SMEETS; JONKER; HOOGLAND, 1987b.

Em Caiman crocodilus, um grande grupo de células positivas a CA foi observado no

tegmento pedunculopontino (TP) e em algumas células mediais a ele que podem ser

comparadas a VTA (BRAUTH; KITT, 1980; REINER; KARTEN, 1980 – Figura 9).

Em duas espécies de quelônio do gênero Chrysemys foi revelado que células

catecolaminérgicas estavam presentes no tegmento mesencefálico medial e lateral, similar a

VTA e SN, respectivamente (PARENT; POIRIER, 1971; BRAUTH et al., 1983). Em outra

espécie tartaruga (Pseudemys scripta elegans) algumas células esparsamente distribuídas

foram observadas no núcleo laminar do torus semicircular (TSC) (SMEETS, 1994).

B

A

22

Figura 9. Células e fibras imunorreativas a TH no mesencéfalo do jacaretinga (Caiman crocodilus) em nível de

substância negra (B, C) e área ventral de Tsai (A, D). (B). Barra: 0,01 mm. Fonte: BRAUTH, 1988.

A maioria das células catecolaminérgicas no tronco encefálico de tartaruga está

concentrada na porção rostral do tegmento mesencefálico. Observando no nível do núcleo

oculomotor, estas células formam uma grande coleção que se estendem da região

ventromedial a dorsolateral do tegmento. A distribuição destas células nervosas no cérebro de

tartaruga pintada (Chrysemys picta) foi investigada utilizando a técnica de histofluorescência

de Falck e Hillarp. Foi observado que a organização destas células é muito similar ao

observado no cérebro de rato (PARENT; POIRIER, 1971). É concebível que estas células

correspondam a SN observada em mamíferos e que formem a via “nigroestriatal” a partir de

achados que mostram numerosas terminações catecolaminérgicas encontradas no nível do

estriado (PARENT; OLIVIER, 1970; PARENT; POIRIER, 1971; REINER; KARTEN,

1980).

Nos estudos feitos com tetrápodes, a inervação dopaminérgica dos gânglios da base é

dividido em sistema mesoestriatal dorsal e ventral, sendo a SNc e a VTA as principais fontes

de entrada DA em regiões estriatais (SMEETS; GONZÁLEZ, 2000). Os répteis apresentam

uma forte segregação a partir destes dois grupamentos neuronais, a SNc inerva

substancialmente o estriado e VTA envia projeções para o núcleo accumbens (SMEETS,

1994; PEREZ-SANTANA; SMEETS, 1997). A dopamina age no estriado reptiliano a partir

dos receptores D1 e D2, assim como ocorre em mamíferos (BARRA et al., 2010).

23

Em répteis, os neurônios da SNr estão localizados lateral ou dorsolateral aos neurônios

dopaminérgicos da SNc. Assim como em mamíferos, os neurônios da SNr projetam para o

tectum mesencefálico e estes para os centros pré-motores e motores no tronco encefálico e

medula espinal (MEDINA; REINER, 1994). A rota do gânglio basal para o tectum

mesencéfalico através da SNr provavelmente está envolvida em promover movimento em

répteis (REINER, 2017 – Figura 10).

Figura 10. Fotomicrografia do mesencéfalo de tartaruga mostrando um subdivisão da substância negra (pars

compacta e pars reticulata) a partir da imunoistoquímica para TH. Fonte: REINER, 2017.

Desordens em vias dopaminérgicas, assim como mencionado anteriormente, trazem

alterações neurológicas. Em vertebrados, os efeitos dessas desordens são semelhante à doença

de Parkinson, com anormalidades na postura, rigidez dos músculos, tremor e bradicinesia.

(TEMPLE et al., 2002). Estas alterações podem ser induzidas por substâncias neurotóxicas. A

fim de se conhecer as mudanças neurológicas em répteis, usou-se a substância sintética

neurotóxica, 1-methyl-4-phenyl-1,2,3,6-tetrahydropyridine (MPTP) que após ser convertida

em seu metabólito 1-methyl-4-phenylpyridinium (MPP+) é capaz de induzir uma série de

desordens de movimento através da destruição de neurônios dopaminérgicos no trato

nigroestriatal e consequentemente gerar uma redução de DA no estriado. Foi observado no

lagarto Anolis, que a MPTP causou danos aos terminais do estriado no cérebro do animal e

induziu uma variedade de sintomas parkinsonianos (hipocinesia, rigidez e movimentos da

cabeça e pescoço estereotipados) (GREENBERG et al., 1989). Da mesma forma, depleção de

DA causada por MPTP demonstrou os mesmo efeitos comportamentais relatados a outros

vertebrados em duas espécies de serpentes do gênero Elaphe (TEMPLE et al., 2002).

24

1.6. Tartarugas marinhas

Os répteis existentes compreendem os sphenodons (tuatara), lagartos, serpentes,

tartarugas e crocodilianos. Ao todo, são cerca de mais de 10.000 espécies. Assim como os

mamíferos, os répteis também expressam um número relacionado de comportamentos

complexos. Eles são capazes, por exemplo, de aprender a navegar labirintos (NAUMANN et

al., 2015).

Tartarugas marinhas possuem distribuição cosmopolita, realizando grandes migrações

entre áreas de alimentação e reprodução (MEYLAN; MEYLAN, 1999; LOHMANN et al.,

2008). Tartaruga marinha encontra-se dentro da classe Reptilia, ordem Testudines e família

Cheloniidae e estão agrupadas em duas famílias: Dermochelyidae e Cheloniidae. No mundo

são conhecidas apenas sete espécies, dentre essas, há registros de ocorrência de cinco no

litoral do Brasil: Dermochelys coriacea (tartaruga de couro), Chelonia mydas (tartaruga-

verde), Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente) e

Lepidochelys olivacea (tartaruga Oliva) (MARCOVALDI; MARCOVALDI, 1999).

De acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da

Natureza (IUCN, 2017), todas as espécies de tartarugas marinhas existentes no Brasil, se

encontram ameaçadas de extinção, sendo três (D. coriacea, L. olivacea e C. caretta)

classificadas como vulneráveis, uma como ameaçada (C. mydas) e uma (E. imbricata) como

criticamente ameaçada.

São animais capazes de voltar ao mesmo local onde nasceram para nidificar, mesmo

percorrendo por longas distâncias. Para fazer isso, estudos sugerem que elas utilizem um

mecanismo de navegação baseado no campo magnético da crosta terrestre e impriting

geomagnético, mas que também usam pistas químicas e visuais (SILVA, 2013; BROTHERS;

LOHMANN, 2015). Ou que ainda utilizem pistas magnéticas e químicas em conjunto e de

forma sequenciada como estratégia para localizar pontos específicos (ENDRES et al., 2016).

Em tartarugas marinhas, o encéfalo está organizado de forma longitudinal ao longo da

linha média do crânio e se encontra alojado dentro da caixa craniana. O encéfalo desses

animais pode ser descrito em três regiões de acordo com o seu desenvolvimento: cérebro

anterior, cérebro médio e cérebro posterior. O cérebro anterior se estende desde o nariz até o

cérebro médio e se refere ao telencéfalo e diencéfalo; o cérebro médio se estende desde o olho

até a porção posterior dos lóbulos ópticos e se refere ao mesencéfalo; e o cérebro posterior se

25

estende desde o ouvido até a porção posterior do cerebelo e engloba o metencéfalo e

mielencéfalo (WYNEKEN, 2001) (Tabela 1 e Figura 11).

Tabela 1. Principais divisões do encéfalo de tartarugas marinhas e seus componentes.

Divisões do encéfalo Principais componentes

RE

BR

O

AN

TE

RIO

R Telencéfalo Nervo cranial I (nervo olfatório), bulbo olfatório, hemisférios cerebrais e

ventrículos laterais.

Diencéfalo Hipotálamo, tálamo, infundíbulo e glândula pituitária, glândula pineal, quiasma

óptico, nervos craniais II-III (óptico e motor ocular comum).

RE

BR

O

DIO

Mesencéfalo Lóbulos ópticos, terceiro ventrículo, aqueduto cerebral, nervo cranial IV (nervo

troclear ou patético).

RE

BR

O

PO

ST

ER

IOR

Metencéfalo Cerebelo, parte anterior da medula, IV ventrículo, nervos craniais V-X (nervos

trigêmeos, motor ocular externo abducente, facial, estatoauditivo,

glossofaríngeo e vago, respectivamente).

Mielencéfalo Maior parte da medula, nervos craniais XI-XII (acessório espinal e

hipoglossal).

Fonte: Adaptado de WYNEKEN, 2001

Figura 11. Representação de encéfalo de tartaruga marinha baseada em encéfalo de tartaruga verde (Chelonia

mydas) juvenil. O encéfalo pode ser dividido em três regiões: cérebro anterior (telencéfalo e diencéfalo), cérebro

médio (mesencéfalo) e cérebro posterior (metencéfalo e mielencéfalo). Algumas estruturas do encéfalo podem

ser observadas: (1) Nervo olfatório; (2) bulbo olfatório; (3) cérebro; (4) nervo óptico; (5) nervo motor ocular

comum; (6) lóbulo óptico; (7) cerebelo; (8) medula; e (9) medula espinal. Fonte: Acervo pessoal

As meninges cobrem o encéfalo. A meninge externa ou duramáter é mais forte que a

meninge interna ou piamáter. Esta última é delicada e se encontra intimamente ligada à

superfície do encéfalo. Uma região vascular no encéfalo, conhecida como tela corióidea,

TE

LE

NC

ÉF

AL

O

DIE

NC

ÉF

AL

O

CÉREBRO

MÉDIO

1

2

4

3

4

5

6

7

2

ME

SE

NC

ÉF

AL

O

ME

TE

NC

ÉF

AL

O

MIE

LE

NC

ÉF

AL

O

VISÃO POSTERIOR VISÃO ANTERIOR

9

CÉREBRO ANTERIOR CÉREBRO POSTERIOR

8

26

produz o líquido incolor cefalorraquídeo. Este líquido circula através dos ventrículos e

alcança os espaços epidurais (acima da dura-máter) e subdurais (abaixo da dura-máter) para

banhar o encéfalo (WYNEKEN, 2001).

Inicialmente, o encéfalo tem forma de tubo, mas logo sofre várias modificações ao

longo de sua extensão para dar origem as estruturas observadas em tartarugas adultas. Os

ventrículos laterais, terceiro e quarto ventrículo e aqueduto cerebral, por sua vez, são todos

vestígios da cavidade neural que permanecem nos adultos. Durante a ontogenia, o encéfalo é

proporcionalmente maior em recém-nascidos e juvenis que em subadultos e adultos

(WYNEKEN, 2001).

Embora existam trabalhos que descrevam a anatomia do SNC de tartarugas marinhas,

os que descrevem a citoarquitetura do seu encéfalo são inexistentes. Nesse sentido, o presente

trabalho utiliza animais provenientes de encalhes e que vieram à óbito para vencer essa

dificuldade. As primeiras descrições da citoarquitetura do encéfalo de tartarugas marinhas são

feitas na região mesencefálica e investigando os grupamentos neuronais dopaminérgicos,

assim como, da orientação de suas fibras. A investigação dos grupamentos neuronais

dopaminérgicos do mesencéfalo em tartaruga marinha é importante por fornecer informação

do sistema dopaminérgico em um grupo reptiliano, aumentando, assim, o entendimento

acerca do sistema nervoso em répteis. Além de providenciar informação útil no entendimento

das similaridades das estruturas nervosas entre os diferentes grupos de vertebrados.

27

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Caracterizar morfologicamente os núcleos mesencefálicos imunorreativos a

Tirosina Hidroxilase de tartaruga marinha.

2.2. Objetivos específicos

Identificar os núcleos neuronais imunorreativos a Tirosina Hidroxilase no

mesencéfalo de tartarugas marinhas;

Descrever a morfologia dos neurônios imunorreativos a Tirosina Hidroxilase

presentes no mesencéfalo de tartarugas marinhas;

Delimitar a citoarquitetura dos núcleos mesencefálicos imunorreativos a

Tirosina Hidroxilase a partir do método de Nissl.

28

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Área de coleta

O trabalho desenvolvido integrou um projeto maior intitulado “Monitoramento de

Praias do Litoral Potiguar/Cearense e Embarcado da Biota Marinha, em especial sobre

Mamíferos Marinhos e Quelônios”, resultante de uma condicionante ambiental exigida pelo

IBAMA à PETROBRÁS decorrente de indicação do Parecer Técnico

CGPEG/DILIC/IBAMA através do contrato de número 2500.005657510.2.

A pesquisa foi realizada em praias do litoral Noroeste do Rio Grande do Norte e

Ceará, entre os municípios de Caiçara do Norte - RN (5° 4'1.15"S; 36° 4'36.41"O) e

Icapuí/CE, (4°38'48.28"S; 37 °32'52.08"O), perfazendo uma extensão aproximada de 344 km

(Figura 12).

Figura 12. Localização da área de estudo, Bacia Potiguar, RN, Brasil.

3.2. Modelo experimental

Foram utilizados neste trabalho quatro encéfalos de tartarugas marinhas pertencentes a

espécie Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) (Figura 13). Cada indivíduo recebeu um código de

identificação (TA1, TA2, TA3 e TA4). Dois eram machos e duas eram fêmeas. De todos,

apenas TA1 era adulto e os demais eram animais juvenis.

29

C. mydas é uma espécie ameaçada de extinção de acordo com a lista da IUCN (2018).

É importante salientar que nenhum animal sofreu eutanásia neste estudo, foram utilizados

apenas os animais que vieram a óbito.

Figura 13. Exemplar juvenil da espécie Chelonia mydas. Fonte: WWF, 2018

De sete espécies de tartarugas marinhas existentes em todo o mundo, C. mydas é

considerada a segunda maior e a única que vai frequentemente à costa para descansar em

algumas regiões. Os adultos são herbívoros, alimentando-se de ervas marinhas, algas e outros

vegetais marinhos com a ajuda de seu bico afiado e serrilhado. Tartaruga-verde é encontrada

em regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, como observado na imagem abaixo

(Figura 14), onde o destaque laranja representa a distribuição desses animais (SEATURTLES,

2017).

Em relação a sua biologia, indivíduos da espécie C. mydas atingem a maturidade

sexual entre 20 a 40 anos. Quando adultos, medem entre 80 a 120 cm de comprimento,

atingindo até 300 kg. Quando filhotes medem entre 3 a 4 cm e pesam de 25 a 30 g. A

reprodução ocorre a cada dois ou quatro anos, com duas a cinco desovas por temporada, com

uma média de 80-120 ovos que duram, aproximadamente 60 dias para eclodirem (MTSG,

2017).

30

Figura 14. Distribuição de tartaruga-verde (Chelonia mydas) ao longo de regiões tropicais e subtropicais de todo

o mundo. Fonte: IUCN, 2017.

3.3. Coleta de dados

Os animais utilizados no estudo foram provenientes de encalhes de tartarugas

marinhas nas praias da região da Bacia Potiguar. Ao registrar o animal vivo, o biólogo

acionava a equipe de resgate que realizava a translocação para a Base de Reabilitação de

Animais Marinhos localizada na Praia de Upanema, Areia Branca (Figura16). Os animais

recebem tratamento adequado ao seu quadro clínico pela equipe médica veterinária do projeto

Cetáceos da Costa Branca com vistas a sua recuperação e posterior soltura (Figura 15).

31

Figura 15. (A) Biólogo atendendo a encalhe de tartaruga marinha registrada durante monitoramento junto com a

equipe de resgate, responsável pela translocação do animal até a Base de Reabilitação. (B) Recinto de tartarugas

marinhas da Base de Reabilitação de Animais Marinhos- PCCB-UERN, Praia de Upanema, Areia Branca. (C)

Tartaruga marinha recebendo atendimento da equipe médica veterinária do PCCB-UERN. (D) Animal com

melhora significativa em seu quadro clínico recebendo alimentação. (E e F) Soltura de tartarugas marinhas aptas

para a reintrodução ao seu habitat. Fonte: Projeto Cetáceos da Costa Branca – PCCB/UERN, 2018.

Quando porventura, alguns desses animais não resistiam e vinham a óbito, eram

imediatamente encaminhados para necropsia no Laboratório de Monitoramento de Biota

Marinha – UERN – Mossoró, dando prioridade a retirada do encéfalo no caso de animais

utilizados neste estudo (Figura 16).

Os técnicos que atuam no projeto possuem a licença ABIO (AUTORIZAÇÃO DE

CAPTURA, COLETA E TRANSPORTE DE MATERIAL BIOLÓGICO) e Cadastro no

SISBIO (Anexo 1).

A

F E

B

C D

32

Figura 16. Unidade de Necropsia instalada na Base de Reabilitação de Animais Marinhos- PCCB-UERN,

Mossoró- RN.

3.3.1. Remoção de Encéfalo, Fixação e Armazenamento

Para fixação dos encéfalos foram utilizados dois métodos. O primeiro foi por meio da

perfusão através do ventrículo, com a passagem de formol 10% precedido pela passagem de

solução salina. Esse método foi utilizado para um animal que havia morrido pouco antes e

estava em perfeita condições para passar pelo procedimento (TA1). Para os demais animais, o

encéfalo foi retirado com um tempo maior após o animal ter morrido (TA2 e TA3). Para estes,

os encéfalos foram retirados sem passar pela perfusão e foram fixados por imersão em formol

4%. Após a fixação inicial, os encéfalos passaram pela pós-fixação e, em seguida, foram

mantidos em sacarose 30%. O animal TA4 não passou pelo procedimento de fixação, pois foi

utilizado com o objetivo único de descrever a morfologia externa do encéfalo.

3.3.1.1. Perfusão Transcardíaca

Em tartarugas marinhas, o coração está localizado dentro do pericárdio. Seu limite

dorsal é com os pulmões enquanto o limite lateral é com os lobos do fígado. Existem quatro

compartimentos ou câmaras que subdividem o coração em tartarugas: seio venoso, dois

grandes átrios e um ventrículo. Da parte anterior e ventral do coração emergem os grandes

vasos. Um desses vasos é a aorta direita, que supre sangue para a cabeça, membros e parte

inferior do corpo, através do tronco braquiocefálico e posteriormente das artérias carótidas. O

acesso ao coração do animal foi feita com a retirada do plastrão. Os processos acrômios

33

serviram como ponto de referência para a localização exata do coração. Foi feito um corte

longitudinal entre os processos acrômios e rebatida a musculatura peitoral lateralmente. A

partir do ventrículo e direcionado a aorta direita foi introduzida uma agulha (20mm x

0,55mm). O passo seguinte foi a passagem no sistema circulatório de solução salina a 0,9%

em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4 (2 litros) como forma de limpar o sistema e potencializar o

efeito do fixador. Em seguida foram passados mais dois litros de solução fixadora composta

por formol 4%. A saída do fluxo vascular foi feito por corte no átrio direito.

Posteriormente, foi realizada a ruptura do crânio do animal com o auxílio de uma mini

serra elétrica, sendo retirado o encéfalo. O encéfalo foi armazenado em uma solução pós-

fixadora contendo formol 10% e sacarose a 30% durante um período de 24 horas (Figuras 18).

E por último, foi mantido em solução sacarose a 30% em tampão fosfato 0,1 M e PH 7,4 a 4º

C até ser submetido a microtomia.

3.3.1.2. Fixação por imersão

Dois animais (TA2 e TA3) não passaram pelo procedimento de perfusão. Ao invés

disso, depois de detectado o óbito do animal, eles tiveram seus encéfalos retirados. O passo

seguinte foi a fixação por imersão em formol 10% durante um média de 20 dias, até ser

detectado que o encéfalo estava consistente. Finalizada a fixação, os encéfalos passaram por

uma graduação crescente de sacarose (10%, 20% e 30%). E foram armazenados em sacarose

30% em tampão fosfato 0,1 M e PH 7,4 a 4º C até serem submetidos a cortes coronais pelo

procedimento de microtomia em criostato.

A B

C D

34

Figura 17. Tartaruga-verde (Chelonia mydas) juvenil macho que veio a óbito. (A) Visão dorsal. (B) Visão ventral. (C) Retirada de plastrão sem danificar os grandes vasos sanguíneos. (D) Incisão de agulha no ventrículo para passagem de solução fixadora (paraformaldeído 4%) pelo sistema sanguíneo do animal com auxílio de seringa. (E) Ruptura da região dorsal da caixa craniana para acesso ao encéfalo; (F) visão lateral do encéfalo.

Figura 18. Tartaruga adulta da espécie Chelonia mydas (tartaruga verde). (A) Ruptura da região dorsal da caixa craniana para acesso ao encéfalo; (B) (C) visão geral do encéfalo em relação à cabeça; (D) encéfalo retirado e encaminhado para o processo de pós-fixação.

3.3.2. Microtomia

Inicialmente, esperou o criostato (Luptec CM 2850) atingir uma temperatura média de

-20°C. Após isso, com o auxílio de uma cola especial (Tissue-T, O.C.T. Compound) o

encéfalo foi fixado longitudinalmente e em sentido rostrocaudal em um suporte para ser

cortado. No procedimento de microtomia, a espessura das secções coronais foi padronizada

E F

A B

C D

35

em 30μm e foram distribuídas em seis compartimentos. O primeiro compartimento, continha

tampão fosfato 0,1 M, pH 7,4 e foi utilizado para o método de Nissl. As secções do primeiro

compartimento obedeceram a ordem rostrocaudal, sendo mantidas uma isoladas das outras na

seguinte ordem: a, b, c, d, em diante. Os demais compartimentos (2, 3, 4, 5 e 6) continham

solução anticogelante e os cortes não foram isolados um dos outros, pois havia como colocá-

los em ordem tendo as lâminas montadas do Nissl. Após a microtomia, os cortes destes

últimos compartimentos foram mantidos em temperatura abaixo de 0°C até serem utilizados

em outro procedimento, como a imunoistoquímica para TH. Os cortes foram colocados nos

compartimentos de maneira cíclica. Primeiro, era colocado no compartimento 1a, depois nos

compartimentos 2, 3, 4, 5 e 6, em ordem crescente, até voltar para o compartimento 1b e

repetir todo o ciclo. A distância entre as secções de um mesmo compartimento foi de

aproximadamente 180 μm (Figura 19).

Figura 19. (A) Procedimento de corte do encéfalo utilizando criostato em temperatura média de – 20°C e

secções coronais de 30 μm. (B) Encéfalo de tartaruga marinha orientado em posição longitudinal, em sentido

rostrocaudal, e fixado a um suporte e envolvido por meio de uma cola especial. Após a retirada dos cortes do criostato com o auxílio de um pincel, eles são colocados em placas de ensaio de uso laboratorial. (C) A placa da esquerda contém solução anticogelante e foi destinada as secções que passaram (imunoistoquímica para TH)

C B

A

Compartimento 1 Compartimentos

a

b

c

g 2

3

4

5

6

36 ou passarão (outros procedimentos) por métodos imunológicos, enquanto a placa da direita foi destinada as secções que passaram pelo método de Nissl. O compartimento 1 recebeu as secções na ordem a,b,c,d em diante, os compartimentos 2, 4, 5 e 6 foram transferidos para recipientes com solução anticongelante e mantidos em temperatura menor que 0°C até serem usados.

3.3.3. Método de Nissl

Foi utilizado o método de Nissl como forma de delimitar a citoarquitetura do

mesencéfalo em tartaruga marinha. Um dos corantes usados neste método é a thionina, que

apresenta afinidade por corpos celulares, especialmente por uma das organelas, o retículo

endoplasmático rugoso. Os cortes do primeiro compartimento foram montados em lâminas

de vidro gelatinizadas, para isso, cada corte era retirado da placa de ensaio, colocado em uma

placa de petri ou prato de vidro contendo solução montagem e com o auxílio de um pincel era

direcionado para a lâmina até ser posicionado da forma preferida. Após esta etapa, as lâminas

com os cortes eram mantidos em temperatura ambiente por pelo menos 24 horas até secarem.

Após isso, foram submetidos ao método de Nissl,

O passo seguinte foi a submissão das lâminas com os cortes já secos no método de

coloração de Nissl, utilizando-se a thionina como corante para permitir uma melhor

demarcação das estruturas. O procedimento foi realizado em duas baterias. A primeira foi a

desidratação/diafanização do tecido e sua posterior reidratação (em sentido inverso) até ser

imerso na thionina. A segunda foi a passagem das lâminas por mais uma bateria de

desidratação. Antes de iniciar o procedimento, a thionina foi tirada da geladeira e quando

alcançou a temperatura ambiente foi aquecida em estufa a 50° C por pelo menos 15 minutos

antes do uso.

1. Primeira bateria:

(desidratação e diafanização)

a. Álcool 70 – de 2 horas à overnigth até no máximo 18 horas;

b. Álcool 95 I e II – 3 minutos cada;

c. Álcool 100 I e II – 3 minutos cada;

d. Xilol I e II – 3 minutos o primeiro e 30 minutos o segundo;

(Rehidratação – mesma bateria em sentido inverso)

e. Xilol I – 2 minutos;

f. Álcool 100 II e I – 2 minutos cada;

g. Álcool 95 II e I – 2 minutos cada;

h. Álcool 70 – 2 minutos;

37

i. Álcool 50 – 2 minutos;

j. Água destilada – 2 minutos;

(Coloração)

k. Thionina – 40 a 60 segundos

2. Segunda bateria:

(desidratação e diafanização)

a. Água destilada I e II – 5 batidinhas na primeira e 10 batidinhas na segunda;

b. Álcool 50 – 2 minutos;

c. Álcool 70 -2 minutos;

d. Álcool 95 I e II – 2 minutos cada;

e. Álcool 100 I, II e III – 2 minutos cada;

f. Xilol I e II – 2 minutos o primeiro e 4 minutos o segundo.

Por último, foram colocadas as lamínulas, fixadas com cola a lâmina, tendo o cuidado

para não ficarem bolhas que viessem atrapalhar na análise em microscópio.

A B

C

38 Figura 20. (A) Secção coronal do mesencéfalo de tartaruga marinha imersa em solução montagem para ser

posicionada em lâmina histológica gelatinizada. (B) Cortes já organizados em lâminas passando pelo procedimento de secagem em temperatura ambiente. (C) Lâminas passando pelas baterias do método de Nissl.

3.3.4. Imunoistoquímica para Tirosina Hidroxilase

Para aplicação do método de imunoistoquímica para tirosina hidroxilase, foi escolhido

um dos compartimentos mantidos em solução anticogelante em temperatura menor que 0°C.

Precedendo a técnica de imunoistoquímica, foi necessário realizar um pré-tratamento dos

cortes, na perspectiva de atenuar ou abolir a presença de artefatos. Para tal, as secções foram

lavadas durante cinco minutos em tampão fosfato 0,1 M, ph 7,4 e, posteriormente,

permaneceu por 20 minutos em solução de peróxido de hidrogênio H2O2 a uma concentração

de 0,03%. Durante todo o procedimento, os cortes ficaram em movimento em rotor

(velocidade de 40 rpm).

O próximo passo consistiu na incubação com anticorpo primário. As secções foram

colocadas em contato com uma solução formada pelo anticorpo anti-TH obtido em

camundongo (Sigma) em diluição de 1:5.000, soro normal de asno a 2% e Triton X-100 a

0,4% onde permaneceu em incubação por 20 horas em rotor com rotação lenta (40 rpm). Ao

fim deste período os cortes foram lavados cinco vezes durante cinco minutos cada lavagem

em tampão fosfato 0,1M, PH 7,4 para depois serem colocados em contato com o anticorpo

secundário anti-camundongo obtido em cavalo (Sigma) diluído a 1:1.000, por 90 minutos a

temperatura ambiente, sob agitação lenta, em rotor.

Após a incubação com o anticorpo secundário, os cortes foram submetidos mais uma vez

a cinco lavagens de cinco minutos cada em tampão fosfato 0,1M, ph 7,4. Em seguida, os

cortes foram colocados na solução do complexo avidina-biotina-HRP (protocolo ABC, Kit

elite da Vector), numa diluição de 1:100 em Triton X-100 a 0,4% contendo NaCl durante 90

minutos em rotação lenta. Para que fosse possível visualizar a reação, as secções foram

colocadas em meio contendo peróxido de hidrogênio (H2O2), como substrato, e a 3,3,4,4

tetrahidrocloretodiaminobenzidina (DAB), utilizada como cromógeno, durante 10 minutos.

Esta etapa foi realizada dentro de capela e com maior atenção, devido a toxicidade do

reagente DAB. Ao final, os cortes foram lavados por cinco vezes, cinco minutos cada, em

tampão fosfato 0,1 M, pH 7,4 em rotação lenta.

39

Os cortes foram montados em lâminas gelatinizadas e, após secas, foram imersas em

solução de tetróxido de ósmio a 0,05% com o intuito de intensificar a reação. A última etapa

foi a desidratação em baterias de álcool de graduação crescente até o álcool absoluto e

diafanização em xilol, sendo montadas as lamínulas ao final do processo.

Figura 21. Alguns dos procedimentos no método da imunoistoquímica. (A) Visão geral da bancada exibindo ferramentas utilizadas, como ponteiras de pipetas, solução tampão fosfato 0,1 M, pH 7,4 e Triton X-100 contendo cloreto de sódio, placa de ensaio imunológico, cestinha com fundo em tela para receber as secções e mantê-las em contato com as soluções oferecidas e rotor. (B) Cortes dentro de cestinhas com solução tampão fosfato 0,1 M, pH 7,4 passando pelo procedimento das lavagens através de rotação. (C) Pipetagem de anticorpo primário – uma das várias etapas em que se usam pipetas para colocar a quantidade correta, medidas em μl de reagentes. (D) Secções do mesencéfalo na etapa de imersão em meio contendo peróxido de hidrogênio como substrato e DAB como cromógeno para visualização da reação, procedimento que ocorre dentro de capela e com maior atenção devido a toxicidade do reagente DAB.

3.3.5. Obtenção das imagens e análise dos resultados

As secções do tronco encefálico, coradas pelo método de Nissl e/ou submetidas a

imunoistoquímica para TH foram examinadas ao microscópio óptico (Olympus BX41) em

campo claro. Imagens digitais foram obtidas de secções representativas usando uma câmera

digital (Nikon DXM1200) acoplada ao microscópio, sendo usadas as objetivas de 4X, 10X e

20X. Com o auxílio do software Canvas X 2018, as imagens foram analisadas, corrigidas

minimamente para brilho e contraste e os resultados foram documentados em

A B

C D

40

fotomicrografias. A partir das fotomicrografias foram construídos esquemas e ilustrações

usando como base o “A Stereotaxic Atlas of Forebrain and Midbrain of the Eastern Painted

Turtle (Chrysemis picta)” (POWERS; REINER, 1980) e a nomenclatura dos trabalhos Smeets

et al., (1987), Smeets (1988) e Power e Reiner (1993).

Para análise da área e perímetro dos corpos dos neurônios foi utilizado o software ImageJ.

Foram escolhidas duas secções representativas de cada grupamento (RA8, A9 e A10) ao

longo da extensão mesencefálica.

3.3.6. Análise Estatística

Para análise estatística foi utilizado Teste Anova de um fator para comparação do

perímetro e área dos corpos de neurônios imunorreativos a TH nas áreas de interesse. O teste

de tukey foi utilizado como teste de post hoc. Para todos os testes realizados, foi considerado

p<0,05 como sendo significativo.

41

4. RESULTADOS

Durante o período de dezembro de 2016 a janeiro de 2018 foram coletados quatro

encéfalos de tartarugas marinhas. Dessas, uma foi classificada como adulta e três como

juvenis/subadultas. Três vieram a óbito no Centro de Reabilitação do Projeto Cetáceos da

Costa Branca e passaram imediatamente pelo procedimento de retirada do encéfalo. Uma

tartaruga marinha foi registrada já morta durante o monitoramento de praia por um dos

biólogos do PCCB/UERN e devido ao seu estado bem conservado, foi possível caracterizar a

morfologia externa do encéfalo ainda dentro da caixa craniana através de uma secção sagital

do crânio (Quadro 01).

Quadro 01. Exemplares de tartaruga-verde (Chelonia mydas) utilizados no estudo, com a descrição do seu sexo,

comprimento x largura (cm) e procedimento em que foi utilizado.

COD Espécie Sexo Comprimento x

Largura do

Casco (cm)

Procedimento aplicado

TA1 Chelonia mydas Fêmea 57,0 x 57,0

(Juvenil)

Descrição da morfologia externa

(foto), Método de Nissl e

Imunoistoquímica para TH.

TA2 Chelonia mydas Macho 91,0 x 82,0

(Adulto)

Método de Nissl e

Imunoistoquímica para TH.

TA3 Chelonia mydas Macho 41,0 x 38,0

(Juvenil)

Método de Nissl e

Imunoistoquímica para TH.

TA4 Chelonia mydas Fêmea 37,0 x 33,0

(Juvenil)

Descrição da morfologia externa

(foto).

Por tratar-se de animais em risco de extinção, a perfusão só pôde ser realizada após a

detecção do óbito do animal no Centro de Reabilitação do PCCB-UERN.

4.1. Morfologia Externa

O encéfalo de tartaruga-verde juvenil e adulta apresenta-se divido com delimitações

bem definidas. Em sentido rostral a caudal e em vista dorsal, observa-se nervos e bulbo

olfatório, cérebro, lóbulo óptico, cerebelo e medula. Em visão lateral e ventral é possível notar

os nervos ópticos e oculomotor, assim como outros nervos craniais (Figuras 22 e 23).

Em visão dorsal e sentido rostrocaudal, nota-se o bulbo olfatório fazendo limite com

os hemisférios cerebrais (telencéfalo) e estes, por sua vez, fazendo limite posteriormente com

a borda anterior dos lóbulos ópticos. O cerebelo está em posição mais caudal, fazendo

42

fronteira com a borda posterior dos lóbulos ópticos. Na porção ventral e posterior do encéfalo

observa-se o tronco encefálico e dando continuidade, a medula (oblonga e espinal).

Figura 22. Encéfalo de tartaruga verde juvenil. De cima para baixo, são representadas as faces lateral, dorsal e

ventral do encéfalo e da esquerda para direita uma visão anteroposterior.

Figura 23. Visão para sagital da região cefálica de tartaruga-verde juvenil exibindo a (A) Morfologia externa do

encéfalo e alguns (B) nervos craniais destacados pelas setas.

A

B

Medula

Cerebelo

Nervo motor ocular comum

Lóbulo óptico Cérebro Bulbo olfatório

Nervo olfatório

Nervo óptico

43

4.2. Microscopia

Através da técnica de imunoistoquímica para tirosina hidroxilase foi possível

identificar grupamentos neuronais no mesencéfalo de tartaruga-verde. O tegmento

mesencefálico de C. mydas contém células dopaminérgicas imunorreativas a TH que podem

ser agrupadas de três formas de acordo com a posição dos neurônios e a orientação de seus

dentritos: área tegmental ventral (VTA/A10), substância negra (SN/A9) e o equivalente

reptiliano do grupo A8 de mamíferos (RA8) (Figura 24).

A imunoistoquímica para TH junto com o método de Nissl permitiu descrever a

citoarquitetura dos grupamentos A10, A9 e RA8 em tartaruga marinha pela primeira vez

(Figuras 26, 27, 28, 29 e 30). Em secções coronais e com sentido rostrocaudal, é possível

identificar os grupamentos A9 e A10 em níveis mais rostrais. O primeiro possui localização

ventrolateral no tegmento mesencefálico e apresenta divisa citoarquitetônica ventral ao núcleo

rubro, e lateralmente faz limite com o pedúnculo ventral do fascículo prosencefálico lateral

(PV) e fascículo longitudinal medial (FLM). Em sua continuidade, faz limite dorsalmente

com o núcleo profundo mesencefálico (NPrM) e em níveis caudais dá lugar ao grupamento

RA8. A SN pode ser classificada em substância negra pars compacta (SNc), rica em corpos

de neurônios e seus processos, e pars reticulata (SNr), com menor quantidade de corpos de

neurônios e processos longos orientados, predominantemente, mediolateralmente.

A VTA encontra-se em posição ventromedial em níveis mesencefálicos rostrais. Em

seu limite mais dorsal, faz fronteira com as células do núcleo do nervo oculomotor (nIII) e

segue direção ventrolateral, se juntando com as células dopaminérgicas da SN lateralmente.

Em direção caudal, a VTA faz limite lateral com o núcleo interpendicular (IP), ventromedial

com o grupamento RA8 e, por último, em extremo caudal, faz limite ventralmente com o

núcleo reticular superior (Rs). Em todo a extensão mesencefálica é possível observar células

dopaminérgicas pertencentes a VTA. Porém, é em níveis mais caudais que há uma forte

marcação dos neurônios dopaminérgicos imunorreativos a TH. Os processos dos neurônios

dopaminérgicos na VTA são caracterizados por serem curtos.

Em níveis caudais, surge o grupamento RA8 como uma extensão da SN que está

localizada dorsolateralmente a VTA. Possui um menor número de corpos de neurônios e seus

processos, assim como os da SNr, são longos, porém, com orientação predominantemente

ventrolaterais.

44

Os neurônios dos grupamentos RA8, A9 e A10 podem ser fusiformes e ovoides

bipolares ou triangulares multipolares (Figura 25). Os corpos dos neurônios do grupamento

RA8 possuem uma área média de 222 μm 2

, os de A9 uma área média de 296 μm ², enquanto

os de A10 possui uma área média de 200 μm ². Houve diferença significativa (p=0,004) entre

a média da área dos três grupos. O grupamento A9 possui corpos de neurônios com uma

média de área maior que os grupamentos RA8 (P=0,008) e A10 (P=0,0002).

Figura 24. Desenho esquemático de secção coronal através do mesencéfalo de tartaruga-verde (Chelonia mydas),

ilustrando a distribuição de corpos celulares dopaminérgicos imunorreativos a TH e suas fibras. (A) Mesencéfalo

rostral. (B) Mesencéfalo rostromedial. (C) Mesencéfalo médiocaudal. (D) Mesencéfalo caudal. Observar o

surgimento da área tegmental ventral (VTA) e substância negra (SN) em porções mais rostrais e do grupamento

homólogo reptiliano A8 de mamíferos (RA8) em porções mais caudais. Fonte: Acervo pessoal, 2018.

A B

C D

45

Figura 25. Tipos de neurônios (triangular multipolar, fusiforme e ovoide bipolar) imunorreativos a tirosina

hidroxilase encontrados ao longo do tegmento mesencefálico em tartaruga-verde (Chelonia mydas). Fonte:

Acervo pessoal, 2018.

Triangular multipolar Fusiforme bipolar Ovoide bipolar

A A’

B’ B

Fig.28

Fig.27

46

Figura 26. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais em sentido rostrocaudal do mesencéfalo de

tartaruga-verde (Chelonia mydas) exibindo a citoarquitetura através do método de Nissl (A, B, C e D) e

evidenciando neurônios dopaminérgicos imunorreativos a tirosina hidroxilase (A’, B’, C’ e D’). Barra: 1000μm.

C

D

C’

D’

A B

B

c

Fig.30

Fig.29

47

Figura 27. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais rostrais do mesencéfalo de tartaruga-verde

(Chelonia mydas) com corpos de neurônios e fibras imunorreativas a tirosina hidroxilase (TH+). (A) Substância

negra. Barra: 500 μm. (B) Pars compacta da SN, localizada em posição ventrolateral no tegmento

mesencefálico, exibindo corpos de neurônios e dendritos dispostos sem uma orientação de sentido único. (C)

Pars reticulata da SN, localizada em lateralmente a SNc, com um menor número de corpos de neurônios e fibras

longas dispostas, principalmente, em sentido mediolateral. B e C são caixas homônimas em A. Barra: 100μm. (D

e E) Observar formato dos corpos de neurônios triangulares, ovoides e fusiformes, bipolares e multipolares na

SN e a disposição dos dentritos em uma organização dorsomedial. Aumento de 20x e 40x.

C D

E

48

Figura 28. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais rostromediais do mesencéfalo de tartaruga-

verde (Chelonia mydas) com corpos de neurônios e fibras imunorreativas a tirosina hidroxilase (TH+). (A) Área

tegmental ventral em posição ventromedial e substância negra ventrolateral. Barra: 500 μm. (B) Pars compacta

da SN (SNc), localizada em posição ventrolateral no tegmento mesencefálico, exibindo corpos de neurônios e

dendritos dispostos sem uma orientação de sentido único e Pars reticulata da SN (SNr), localizada lateralmente

a SNc, com um menor número de corpos de neurônios e fibras longas dispostas, principalmente, em sentido

mediolateral. (C) Corpos de neurônios e suas fibras na SNr. Seta indica neurônio do tipo triangular multipolar. B

é caixa homônima de A. Barra: 100μm.

A B

C

B

49

Figura 29. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais mediocaudais do mesencéfalo de tartaruga-

verde (Chelonia mydas) com corpos de neurônios e fibras imunorreativas a tirosina hidroxilase (TH+). (A)

Equivalente reptiliano do grupamento A8 em mamíferos (RA8). (B) RA8 com corpos de neurônios dispersos e

prolongamentos axonais com orientação, predominantemente, dorsoventral. (C) Seta indica neurônio ovoide

bipolar no grupamento RA8. B e D são caixas homônimas em A e C, respectivamente. (A) Barra: 500 μm. (B e

C) Barra: 100μm.

B

A B

C

50

Figura 30. Fotomicrografias em campo claro de secções coronais caudais do mesencéfalo de tartaruga-verde

(Chelonia mydas) com corpos de neurônios e fibras imunorreativas a tirosina hidroxilase (TH+). (A) Área

tegmental ventral (VTA) localizada ventromedialmente no tegmento mesencefálico (B) Seta inidica neurônio

ovoide bipolar na VTA, observar fibras curtas com disposição difusa. B é caixa homônima em A. Barra: 100μm.

B

B

A

51

5. DISCUSSÃO

Dentro do subfilo Vertebrata, células dopaminérgicas no mesencéfalo podem estar

ausentes (peixes ciclóstomos), podem apresentar um único grupamento (osteíctes), dois

grupamentos (peixes condrictes e anfíbios) e três grupamentos ou mais (répteis, aves e

mamíferos) (SMEETS; GONZÁLEZ, 2000).

Em mamíferos, há uma maior variação na organização dentrítica, assim como, no tipo

de neurônios dopaminérgicos ao longo do mesencéfalo dependendo da espécie e da divisão e

subdivisão dos grupamentos celulares. Em estudos realizados em primata (CAVALCANTI et

al., 2016), roedores (MOON et al., 2007; LIMACHER et al., 2008; PIETERS et al., 2010;

CAVALCANTI et al., 2014) e quirópteros (MASEKO et al., 2007; DELL et al., 2010;

MEDEIROS et al., 2016), nas subdivisões do complexo VTA/A10, esses neurônios podem se

apresentar na forma ovoide bipolar e piriforme multipolar, com organização dentrítica

variando entre dorsoventral, dorsolateral ou sem um padrão de organização específico. O

complexo SNC/A9 pode apresentar diferentes formatos de corpos de neurônios e

organizações dentríticas também, dependendo da subdivisão e do animal, sendo relatada a

existência de neurônios ovoides, triangulares, piriformes, fusiformes, sendo bipolares ou

multipolares, sem organização dentrítica, com orienação dendrítica, predominantemente,

horizontal e orientação dorsoventral. Os neurônios da RFF/A8 podem ser do tipo ovoide e

fusiformes, do tipo bipolar ou multipolar, sem organização dentrítica especifica ou com

organização no sentido ventrolateral e dorsolateral.

Ao contrário de mamíferos, poucos estudos têm sido feitos descrevendo neurônios

imunorreativos a DA no mesencéfalo de répteis. A maioria dos estudos com esse intuito

foram realizados na década de 80 usando imunoistoquímica para TH e DA.

O mesencéfalo em répteis faz limite anteriormente com o diencéfalo e posteriormente

com o cerebelo. Em sua citoarquitetura, podem-se destacar as áreas do tectum, núcleo

posterodorsal, comissura posterior, núcleo central do torus semicircular, núcleo laminar do

torus semicircular em posição dorsal. Em posição ventral são identificados a VTA, SN, RA8,

fascículo longitudinal medial, núcleo interpendicular pars ventralis, núcleo do nervo

oculomotor (SMEETS; HOOGLAND; VOORN, 1986; SMEETS; JONKER; HOOGLAND,

1987).

52

A grande maioria das células CA/DA em répteis são encontradas no tegmento

mesencefálico. Embora os autores não especifiquem, a partir das fotomicrografias

provenientes das pesquisas é possível notar células ovoides e fusiformes bipolares no

mesencéfalo da tartaruga P. scripta (SMEETS; JONKER; HOOGLAND, 1987), no lagarto G.

gecko (SMEETS; HOOGLAND; VOORN, 1986), na cobra P. regius (SMEETS, 1988) e no

jacaré C. crocodilus (BRAUTH, 1988). Já no lagarto V. exanthematicus são descritos

neurônios com corpos arredondados ou ovoides de tamanho médio na SN (WOLTERS;

DONKELAAR; VERHOFSTAD, 1984). Em C. mydas é possível observar células bipolares

e multipolares com formatos ovais, fusiformes ou estrelados em toda a extensão do tegmento

mesencefálico, não sendo possível identificar a existência significativa de diferença entre os

tipos de neurônios entre os grupamentos neuronais mesencefálicos. No entanto, as células DA

da SN são em média maiores que dos demais grupamentos DA mesencefálicos (VTA e RA8).

Além da tripartição dos grupamentos neuronais imunorreativos a DA no mesencéfalo

de répteis, podem ser detectadas outras áreas com neurônios imunorreativos. Como por

exemplo, no lagarto V. exanthematicus são detectadas poucas células catecolaminérgicas de

tamanho pequeno a médio no núcleo laminar do torus semicircular e núcleo interpendicular

dorsal não observadas em tartaruga marinha C. mydas.

No presente estudo, a distribuição de neurônios dopaminérgicos imunorreativos a TH

no mesencéfalo da tartaruga-verde foi descrita pela primeira vez. Embora seja difícil a

diferenciação entre os diferentes tipos de catecolamina (CA) como dopamina, noradrenalina e

adrenalina usando apenas a técnica de imunoistoquímica para TH, é bem aceito que anticorpo

contra TH demonstre, preferencialmente, o sistema dopaminérgico (SMEETS; HOOGLAND;

VOORN, 1986 cita HÖKFELT et al., 1977). Trabalhos realizados com outros representantes

reptilianos, usando tanto anticorpo contra TH (WOLTERS; DONKELAAR; VERHOFSTAD,

1984; BRAUTH, 1988), como contra DA (SMEETS; HOOGLAND; VOORN, 1986),

mostraram que os grupamentos neuronais dopaminérgicos manteram um padrão básico no

mesencéfalo. Dessa forma, é justificável utilizar imunoistoquímica para TH, ao invés de para

DA, na descrição de tais grupamentos. O padrão organizacional dos grupamentos neuronais

DA mesencefálicos em tartaruga-verde é claramente comparável com o de outros

representantes reptilianos, o que corrobora com a eficácia de anticorpos contra TH em marcar

estruturas neuronais DA no mesencéfalo de répteis.

Comparando os estudos feitos em lagarto (Gekko gecko), jacaré (Caiman crocodilus),

cobra (Python regius) e tartaruga de água doce (Pseudemys scripta elegans) pode-se observar

53

um padrão básico da distribuição de neurônios dopaminérgicos no mesencéfalo de répteis,

definido, mais ou menos, da seguinte maneira: um grupamento medial (VTA); um

grupamento lateral (SN); e, em níveis mesencefálicos caudais, pode ser encontrado um

grupamento dorsolateral, denominado grupamento RA8 (SMEETS; HOOGLAND; VOORN,

1986; SMEETS et al., 1987).

Tartaruga-verde apresenta o padrão de células dopaminérgicas semelhante ao

observado na tartaruga P. scripta e lagarto G. gecko, onde uma tripartição dos grupos

celulares pode ser feita tendo como base, principalmente, a posição e direção dos processos

dos neurônios sintetizantes de dopamina (REINER et al., 1984; SMEETS; HOOGLAND;

VOORN, 1986). A SNr localizada, principalmente, lateral a SNc e possui processos longos e

direcionados lateralmente. Por outro lado, na cobra P. regius existe uma parte medial e lateral

de grupamentos celulares dopaminérgicos que poderia ser considerado a VTA e a SN,

respectivamente, mas que o autor considera um único grupamento e o denomina de

grupamento do complexo VTA/SN. A região presumida como SN não mostra processos que

são direcionados lateralmente. O motivo pelo qual os processos na P. regius não sejam

longos, nem direcionados lateralmente, pode ser explicado pela posição da SNr em relação ao

seu plexus da substância P, onde a localização das células dopaminérgicas coincide quase em

sua totalidade com a área que mostra maior imunorreatividade para a substância P (SMEETS,

1988).

A distribuição de dopamina no mesencéfalo do lagarto G. gecko, assim como foi

observado em tartaruga marinha C. mydas apresentou a tripartição dos grupamentos DA de

forma semelhante. O grupamento mais rostral está localizado na VTA e SN e na parte mais

caudal do mesencéfalo é identificado o RA8. VTA assume posição ventromedial no tegmento,

enquanto SN e RA8 se posicionam dorsolateralmente a VTA. Outro fato que coincide é que

as células dopaminérgicas da SN são, em geral, um pouco maiores que as células da VTA e

seus processos são longos e de orientação, predominantemente, mediolateral. O RA8

apresente neurônios DA com processos orientados, principalmente, em sentido dorsoventral

(SMEETS; HOOGLAND; VOORN, 1986).

Além dos grupamentos RA8, A9 e A10, são identificadas células imunorreativas a TH

e DA em outras áreas mesencefálicas reptilianas. Em duas espécies de lagartos (V.

exanthematicus e A. carolinensis) foram encontradas células imunorreativas a TH/DA na zona

periventricular. Na tartaruga P. scripta células adicionais imunorreativas a DA foram

observadas no núcleo laminar do torus semicircular (TSC) (SMEETS; GONZÁLEZ, 2000).

54

No presente estudo, não foi observado nenhum grupo adicional imunorreativo a TH no

mesencéfalo de tartaruga marinha.

55

6. CONCLUSÃO

O presente estudo, por meio do método de Nissl e da imunoistoquímica para TH,

revela os grupamentos dopaminérgicos do mesencéfalo da tartaruga-verde (Chelonia mydas),

sendo descritos pela primeira vez. Estes caracterizam-se por apresentarem citoarquitetura e

distribuição de neurônios semelhante ao observado em outro répteis. Os grupamentos

neuronais dopaminérgicos imunorreativos a TH no mesencéfalo apresentam uma tripartição,

apresentando-se como A10, A9 e RA8.

Sugere-se o desenvolvimento de estudos complementares que descrevam a

citoarquitetura do sistema nervoso em répteis, com o intuito da realização de uma descrição

geral do sistema dopaminérgico nesses animais, aumentando assim, o entendimento das

variações entre os diferentes representantes reptilianos e entre esses e outros representantes

em vertebrados.

56

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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