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Departamento de Engenharia Mecânica CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DE UM FLUIDO DE 1 PERFURAÇÃO IDEAL: GOMA XANTANA 2 3 4 Aluno: Guilherme Cunha Maia Nobre 5 Orientador: Paulo Roberto de Souza Mendes 6 7 8 9 Resumo 10 11 Nos últimos anos, houve um aumento contínuo na demanda de goma xantana, sendo 12 estimado um crescimento anual de 5 a 10%. As finalidades da produção de goma xantana são 13 encontradas em 65% sendo utilizada na indústria de alimentos, 15% na indústria de petróleo e 14 aproximadamente 20% em aplicações diversas. 15 Na indústria petrolífera é empregada como fluido de perfuração de poços e na 16 recuperação secundária e terciária do petróleo, além de ser utilizado como lubrificação das 17 brocas de perfuração, para recuperação de óleo. Esses processos já são utilizados na Arábia 18 Saudita e na China e são adotados também pela Petrobras (SILVEIRA, 2009). 19 Em virtude desses aspectos, a caracterização de fluidos como a goma xantana se 20 tornou essencial, principalmente sua necessidade e vantagens sobre outros polímeros para a 21 recuperação do petróleo. 22 Este trabalho consiste na avaliação reológica da goma xantana. Para isso, foram feitos 23 ensaios de "step change", em que a taxa de cisalhamento é variada ao longo do mesmo ensaio 24 usando uma concentração de 0,86 % em água. Foi possível observar seu comportamento em 25 relação à variação da taxa de cisalhamento. Houve a necessidade, ao longo do projeto, do uso 26 de mais de um reômetro para aumentar a confiabilidade dos resultados obtidos. Também 27 foram usados bactericidas na solução para evitar a degradação da goma ao longo dos ensaios. 28 Para a realização do trabalho, foi utilizada uma metodologia de preparo da goma 29 xantana bem definida. Posteriormente, foram realizados testes reológicos através do reômetro 30 rotacional. 31 Com os gráficos de taxa de cisalhamento pela viscosidade, foi possível construir a 32 curva que mostra o escoamento do fluido (flow curve). 33 34 Introdução 35 36 Os biopolímeros são polissacarídeos de origem microbiana que têm a capacidade de 37 formar géis e soluções viscosas em meio aquoso. Os biopolímeros são interessantes do ponto 38 de vista industrial por serem amplamente utilizados como espessantes, gelificantes, agentes de 39 suspensão, colóides protetores, entre outras aplicações. 40 Nas últimas décadas, observaram-se progressos significativos em relação à 41 identificação, caracterização e utilização de polissacarídeos sintetizados por microrganismos. 42 Dextrana, xantana e gelana são, praticamente ainda, os únicos polissacarídeos microbianos 43 comercializados em larga escala, tendo importância relevante no mercado de gomas. 44 A goma xantana foi descoberta na década de 50 em NRRL (Nothern Regional Research 45 Laboratories) no departamento de agricultura dos Estados Unidos (BORN et al, 2002). Foi 46 extensivamente estudada, nos anos seguintes, por causa de suas propriedades que 47 possibilitariam lhe acrescentar às outras gomas solúveis em água já conhecidas. Ela deve, 48 provavelmente, continuar sendo o polímero mais utilizado nos próximos anos, devido às suas 49 características reológicas singulares, pois pode alterar as propriedades básicas da água com 50

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Departamento de Engenharia Mecânica

CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DE UM FLUIDO DE 1

PERFURAÇÃO IDEAL: GOMA XANTANA 2

3

4

Aluno: Guilherme Cunha Maia Nobre 5

Orientador: Paulo Roberto de Souza Mendes 6 7 8 9 Resumo 10

11

Nos últimos anos, houve um aumento contínuo na demanda de goma xantana, sendo 12

estimado um crescimento anual de 5 a 10%. As finalidades da produção de goma xantana são 13

encontradas em 65% sendo utilizada na indústria de alimentos, 15% na indústria de petróleo e 14

aproximadamente 20% em aplicações diversas. 15

Na indústria petrolífera é empregada como fluido de perfuração de poços e na 16

recuperação secundária e terciária do petróleo, além de ser utilizado como lubrificação das 17

brocas de perfuração, para recuperação de óleo. Esses processos já são utilizados na Arábia 18

Saudita e na China e são adotados também pela Petrobras (SILVEIRA, 2009). 19

Em virtude desses aspectos, a caracterização de fluidos como a goma xantana se 20

tornou essencial, principalmente sua necessidade e vantagens sobre outros polímeros para a 21

recuperação do petróleo. 22

Este trabalho consiste na avaliação reológica da goma xantana. Para isso, foram feitos 23

ensaios de "step change", em que a taxa de cisalhamento é variada ao longo do mesmo ensaio 24

usando uma concentração de 0,86 % em água. Foi possível observar seu comportamento em 25

relação à variação da taxa de cisalhamento. Houve a necessidade, ao longo do projeto, do uso 26

de mais de um reômetro para aumentar a confiabilidade dos resultados obtidos. Também 27

foram usados bactericidas na solução para evitar a degradação da goma ao longo dos ensaios. 28

Para a realização do trabalho, foi utilizada uma metodologia de preparo da goma 29

xantana bem definida. Posteriormente, foram realizados testes reológicos através do reômetro 30

rotacional. 31

Com os gráficos de taxa de cisalhamento pela viscosidade, foi possível construir a 32

curva que mostra o escoamento do fluido (flow curve). 33

34 Introdução 35

36

Os biopolímeros são polissacarídeos de origem microbiana que têm a capacidade de 37

formar géis e soluções viscosas em meio aquoso. Os biopolímeros são interessantes do ponto 38

de vista industrial por serem amplamente utilizados como espessantes, gelificantes, agentes de 39

suspensão, colóides protetores, entre outras aplicações. 40

Nas últimas décadas, observaram-se progressos significativos em relação à 41

identificação, caracterização e utilização de polissacarídeos sintetizados por microrganismos. 42

Dextrana, xantana e gelana são, praticamente ainda, os únicos polissacarídeos microbianos 43

comercializados em larga escala, tendo importância relevante no mercado de gomas. 44

A goma xantana foi descoberta na década de 50 em NRRL (Nothern Regional Research 45

Laboratories) no departamento de agricultura dos Estados Unidos (BORN et al, 2002). Foi 46

extensivamente estudada, nos anos seguintes, por causa de suas propriedades que 47

possibilitariam lhe acrescentar às outras gomas solúveis em água já conhecidas. Ela deve, 48

provavelmente, continuar sendo o polímero mais utilizado nos próximos anos, devido às suas 49

características reológicas singulares, pois pode alterar as propriedades básicas da água com 50

Departamento de Engenharia Mecânica

capacidade de espessamento, estabilização, emulsificação, suspensão e gelificação. Soluções 51

de xantana possuem alta viscosidade em baixas concentrações, estabilidade em uma ampla 52

faixa de temperatura, pH e concentração de sais. 53

Por estas razões, a goma xantana tem sido bastante empregada na indústria alimentícia e 54

petrolífera e, apesar do preço ser mais elevado por unidade de massa, é menor quando 55

comparado por unidade de viscosidade obtida. Assim, este trabalho tem como objetivo 56

estudar o comportamento reológico da goma xantana, ou seja, estudar o escoamento desse 57

material. E ainda, será analisada a sua composição química. 58

59

Motivação 60

61

A goma xantana tem diversas áreas de atuação, porém sua importância na área 62

petrolífera é analisada, justificando o seu valor para a recuperação do petróleo no mercado. 63

Na indústria petrolífera, é empregada como fluido de perfuração de poços e na recuperação 64

secundária e terciária do petróleo, além de ser utilizado como lubrificação das brocas de 65

perfuração. Em virtude desses aspectos, a caracterização de fluidos como a goma xantana se 66

tornou essencial, principalmente sua necessidade e vantagens sobre outros polímeros para a 67

recuperação do petróleo. 68

Com essa pesquisa, espera-se entender melhor o comportamento da goma xantana, 69

contribuindo, assim, com avanços tecnológicos não só para a engenharia de reservatórios, mas 70

para outras indústrias como as de cosméticos, alimentos, farmacêuticas dentre muitas outras 71

que trabalham com fluidos pseudoplásticos. Essa expectativa se deve principalmente porque é 72

indispensável conhecer as propriedades reológicas dos materiais para projetar um processo 73

que envolva o seu escoamento. 74

Em um fluido pseudoplástico, com o aumento da velocidade de escoamento do fluido 75

dentro da coluna de perfuração, tem-se um aumento da taxa de cisalhamento, e 76

consequentemente uma diminuição da viscosidade deste fluido. Por isso que fluidos 77

pseudoplásticos são recomendados pois, dentro da coluna, necessita-se de uma certa 78

facilidade do fluido escoar. Quando o fluido de perfuração atinge a formação, na região 79

situada na ponta da broca, ocorre uma redução brusca de velocidade e, portanto, da taxa de 80

cisalhamento, levando a um aumento da viscosidade do fluido, que por sua vez atende a 81

exigência de transportar os cascalhos até a superfície, liberados pela broca durante a 82

perfuração. Além disso, um fluido de perfuração tem função de resfriar e lubrificar a broca 83

(ALMEIDA et al., 2010). 84

É fundamental para a autonomia e o desenvolvimento econômico do Brasil a 85 implementação científica e industrial desse polissacarídeo, tornando o país independente e 86

competitivo internacionalmente na produção de goma xantana e na extração de petróleo. 87

88

Revisão bibliográfica 89

90 A goma xantana (C35H49O29) é um polissacarídeo de elevado peso molecular 91

produzido pelas bactérias do gênero Xanthomonas. Esse material, produzido por diferentes 92

espécies de Xanthomonas, contém normalmente glucose, manose e ácido glucurônico, exceto 93 Xanthomonas vesicatória, que contém galactose em substituição à manose (ORENTAS et al., 94

1963). 95

Os fluidos de perfuração são misturas complexas de sólidos, líquidos e, por vezes até 96

gases. São tradicionalmente classificados de acordo com seu constituinte principal, em fluidos 97

à base de gás de óleo e à base de água. A utilização de um ou outro tipo de fluido depende da 98

profundidade do poço e do tipo de formação a ser perfurada. 99

Departamento de Engenharia Mecânica

Os polímeros mais utilizados na formulação do fluido de perfuração à base de água 100

eram a carboximetilcelulose - CMC, celulose polianiônica - PAC e poliacrilamida 101

parcialmente hidrolisada - PHPA. Entretanto, estes polímeros são muito sensíveis às 102

condições de alta salinidade, baixando a eficiência do processo quando utilizadas. Desta 103

forma, a goma xantana passou a ser amplamente utilizada para este propósito, pois seu 104

comportamento é estável na presença de salinidade (LIMA et al., 2001). 105

As soluções de xantana mostram um comportamento pseudoplástico, ou seja, a 106

viscosidade diminui com o aumento da taxa de deformação do fluido. A goma xantana é 107

altamente estável em ampla faixa de pH, sendo afetada com valores de pH>11 e pH<2,5. Essa 108

estabilidade depende da concentração: quanto maior a concentração, maior a estabilidade da 109

solução. A goma xantana é também estável em ampla faixa de temperatura (10°C a 90 °C). 110

No entanto, em pequenas taxas de deformação (<20���), a viscosidade da goma xantana 111 diminui consideravelmente com o aumento da temperatura ( XU et al., 2013). 112

A importância e potencialidade do uso de biopolímeros nos mais diversos segmentos 113

industriais como agentes espessantes, estabilizantes, gelificantes e emulsionantes em 114

alimentos, fármacos, tintas, defensivos agrícolas e outros, é um consenso na literatura. 115

Observa-se, nesses setores, uma contínua substituição dos polissacarídeos convencionais por 116

produtos de origem microbiana, por várias razões, como a possibilidade de modificação de 117

suas características reológicas através do controle de parâmetros de fermentação, 118

independência climática, controle de qualidade dos lotes (SILVEIRA, 2009). 119

Apesar do grande mercado consumidor de xantana e de suas diferentes aplicações e 120

potencialidades, poucos são os países que a produzem. A xantana utilizada no Brasil ainda é 121

importada na sua totalidade, entretanto o país possui os insumos básicos utilizados durante o 122

processo, como o açucar de cana e o etanol, o que o torna um centro potencial para a 123

produção deste polímero (ARAÚJO et al., 2005). 124

125

Objetivos 126

127

Este trabalho tem como objetivo estudar o comportamento reológico da goma xantana 128

usando, como metodologia básica, ensaios laboratoriais por meio de testes em reômetros. 129

Foram conduzidos testes do tipo "step change", onde foi observada a variação da taxa de 130

cisalhamento, e análise do comportamento final desse fluido não-newtoniano. Estes testes 131

possibilitaram a construção da Flow Curve, a curva mais básica no estudo de reologia. Foi 132

analisada, ainda, a composição química da goma xantana. 133

134

Metodologia 135

136

Os experimentos consistiram em duas partes. A primeira parte foi de preparação do 137

fluido em estudo. A segunda, dos testes executados em reômetros. Os ensaios foram 138

executados no Laboratório de Reometria que é coordenado pelo Grupo de Reologia da PUC-139

Rio. 140

141

Parte 1: O método de preparo da goma xantana: 142 143

Foram elaboradas diversas soluções com concentração de 0,86 % ao longo das 144

experiências. O método de preparo da goma xantana consistiu nos seguintes passos: 145 146

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147

• Seleciona-se a porcentagem de polímero desejada; 148

• Coloca-se o volume desejado de água deionizada em um recipiente; 149

• O recipiente é posicionado no agitador mecânico (marca Fisaton,modelo 723) com a 150 pá âncora a 300rpm; 151

• Acrescenta-se a goma xantana aos poucos, pela lateral, evitando despejar o pó na pá; 152

• A solução é agitada por 15 minutos; 153

• A seguir, adicionam-se os seguintes bactericidas para evitar a degradação da goma 154

xantana: Benzoato de Sódio e Sorbato de Potássio. A concentração utilizada foi de 155

0,5% de cada bactericida; 156

• Mistura-se a solução por 1 hora; 157

• Mantém-se a solução em repouso à temperatura ambiente por 24 horas antes dos 158 testes. 159

160

161

162

163

164

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166

167

168

169

170

Figure 1 - Solução de Goma xantana 171

172

Parte 2: Caracterização reológica 173

174

Para a caracterização reológica, foram usadas as geometrias “Cross Hatch” e a 175

“Couette”. Esta última, usada em taxas cisalhantes mais altas. 176

A fim de realizar uma caracterização reológica correta, foram inseridas quantidades de 177

fluido, tal que, este estivesse em contato com toda a geometria cisalhante. Com isso, o teste 178

era programado com o auxílio de softwares especializados para ensaios reológicos. Estes 179

comandavam os ensaios para o reômetro. Foi utilizado, num primeiro momento, o reômetro 180

Physica 501 com o software "Start Rheoplus". E num segundo momento, o reômetro Haake 181

com o software "Rheo Win Data". Ambos reômetros são reconhecidos como de última 182

geração. 183

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186

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191

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Figure 2 – Geometrias: Couette e Cross Hatch, respectivamente. 198

199

O teste “step change” consistiu em cisalhar o fluido sob uma determinada taxa de 200

cisalhamento durante um intervalo de tempo, e depois disso outra taxa de deformação é 201

aplicada durante um tempo tal que a viscosidade e outros parâmetros estabilizem. Esse tipo de 202

teste foi usado porque ele permite que a estrutura da amostra se desintegre sob um 203

cisalhamento alto para que suas propriedades sejam estudadas sob um segundo cisalhamento. 204

Nesse estudo, o tempo relativo à primeira taxa de cisalhamento foi de 1000 segundos, e à 205

segunda variou entre 3600 e 5000 segundos. A primeira taxa de cisalhamento aplicada foi de 206

100 1/s. A segunda variou conforme a tabela abaixo: 207

208

Taxa de

deformação 0.001 1/s 0.01 1/s 0.1 1/s 1/s 10 1/s 100 1/s

Número de testes 3 3 3 3 3 3

209

Foram realizados, no total, quarenta e oito testes reológicos, em que 24 foram feitos no 210

Physica 501 e os outros 24 no Haake. O procedimento dos testes realizados no Haake foram 211

idênticos aos realizados no Physica 501, no intuito de reforçar os resultados. 212

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220 221

Figure 3 – Reômetro Haake. 222

223

Resultados 224

225

Com todos os parâmetros reológicos obtidos através dos softwares nos testes, foi 226

possível analisar as variações desses ao longo do tempo. Todos os dados foram transferidos 227

para as planilhas do Excel. Neste programa, foi possível construir os gráficos de viscosidade 228

versus tempo e de tensão cisalhante versus tempo para cada média de 3 testes de mesma taxa 229

de cisalhamento. 230

231

232

233

234

235

236

237 0.000

0.001

0.010

0.100

1.000

10.000

0 2000 4000 6000

Vis

cosi

ty [

Pa

.s]

Time[s]

Viscosity [Pa.s]

Viscosity [Pa.s]

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Figure 4 – Viscosidade X Tempo para 0,001 1/s realizado no Physica 501. 241

242

Figure 5 – Teste de step change para diferentes taxas de cisalhamento (s-1) 243

244

Com todos os valores de viscosidade e tensão cisalhante estabilizados para cada taxa 245

de cisalhamento, podemos construir a Flow Curve, que relaciona viscosidade por taxa de 246

cisalhamento do fluido. 247

248

Taxa de cisalhamento [1/s] Viscosidade [Pa.s]

0,001 4642,307312

0,01 845,8348394

0,1 123,0135447

1 15,9220894

10 2,038562286

100 0,277434444

1000 0,042127131

2000 0,024118333

Figure 6 - Valores de viscosidade estabilizados para cada taxa de cisalhamento 249

250

0,010

0,100

1,000

10,000

100,000

1000,000

10000,000

1900ral 1901ral 1902ral 1904ral 1905ral 1906ral 1908ral 1909ral 1910ral 1912ral

Vis

cosi

da

de

[P

a.s

]

Tempo [s]

Step Change

0,01

0,1

1

10

0,001

2000

1000

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251

Percebe-se que existe uma mudança considerável na viscosidade do fluido quando 252

variada a taxa de cisalhamento aplicada, o que demonstra que a goma xantana possui um 253

comportamento de fluido não-newtoniano. 254

255

256 Para analisarmos a influência da temperatura, foram feitas rampas de temperatura, 257

como podem ser vistas no gráfico abaixo usando a mesma concentração dos testes de 258

Step Change, 0,86 %. Pode ser observado que a goma não é sensível a temperatura entre 259

15ºC e 30ºC, tendo em vista, que a viscosidade mudou pouco neste intervalo. 260

261 262 263 264 265 266 267 268 269 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral 1900ral 1900ral 1900ral

Vis

cosi

da

de

[P

a.s

]

Temperatura [°C]

teste 1

teste 2

teste 3

teste 4

tete 5

y = 1900ralx

R² = 1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1902ral

1927ral

1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1902ral 1927ral

Vis

cosi

ty [

Pa

.s]

Shear rate [1/s]

Flow curve 0,86%

Figure 7- Flow Curve

Figure 8 - Temperatura versus Viscosidade

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280 Conclusões 281

282

Com a análise dos experimentos realizados nesta pesquisa, foi possível construir a 283

“Flow Curve” e ainda comprovar o modelo "Power Law", que modela matematicamente 284

o escoamento de fluidos não newtonianos. Estes demonstram que a solução de goma 285

xantana é um fluido não newtoniano e pseudoplástico, já que pôde ser observada uma 286

decaimento exponencial da viscosidade quando aumentada a taxa de cisalhamento da 287

goma xantana. 288

Outro resultado relevante é que esse fluido apresenta viscosidade praticamente 289

constante quando a temperatura é variada numa faixa próxima à ambiente. 290

Com isso, o valor da goma xantana no mercado de gomas e a sua aplicabilidade na 291

recuperação do petróleo continuam sendo justificados. Principalmente na recuperação do 292

petróleo é altamente adequado um fluido com comportamento mecânico igual ao da 293

goma xantana. 294

Para um estudo reológico completo da goma xantana, seria necessário ainda a 295

execução de testes oscilatórios e investigação da possibilidade de existência de uma 296

tensão limite de escoamento no comportamento do fluido. 297

298

Referências bibliográficas 299

300

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