caracterizaÇÃo genÉtica da raÇa bovina...

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Caria Sofia Rodrigues Leal CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DA RAÇA BOVINA BARROSÃ Estudos de genética bioquímica, familiar e populacional Dissertação de Mestrado em Ecologia Aplicada apresentada à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Porto 1998

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  • Caria Sofia Rodrigues Leal

    CARACTERIZAO GENTICA DA RAA BOVINA BARROS

    Estudos de gentica bioqumica, familiar e populacional

    Dissertao de Mestrado em Ecologia

    Aplicada apresentada Faculdade de Cincias

    da Universidade do Porto.

    Porto

    1998

  • Agradecimentos

    Quero aqui apresentar o meu agradecimento ajuda prestada por certas pessoas, sem a qual

    no era possvel a realizao do presente trabalho.

    Ao Prof. Doutor Nuno Ferrand de Almeida, agradeo a oportunidade e o apoio constante que

    demonstrou durante a realizao deste trabalho, as indicaes que forneceu na estruturao e

    elaborao do mesmo, pela cedncia de bibliografia, bem como as crticas e sucessivas revises do

    manuscrito.

    Ao Prof. Doutor Paulo Alexandrino quero agradecer o apoio na realizao deste mesmo

    trabalho, assim como todas as indicaes que forneceu para a sua realizao prtica.

    Ao Prof. Doutor Jorge Eiras, pelas facilidades concedidas na utilizao do laboratrio de

    Bioqumica do Departamento de Zoologia e Antropologia, e ao ICETA pelas facilidades concedidas na

    utilizao dos laboratrios de Gentica Animal.

    comisso do Mestrado, na figura da Prof. Dra. Leonor Fidalgo e ao respectivo corpo docente,

    os importantes conhecimentos transmitidos durante o ano curricular deste mestrado.

    AMIBA (Associao do Minho dos Criadores de Bovinos de Raa Barros), principalmente

    ao Sr. Miguel Machado e Dr. Jos Leite, pelo apoio dado, pela ajuda na recolha de amostras de sangue

    e pelo simptico acolhimento que demonstraram na sua associao, estando sempre prontos a dispensar

    os seus servios.

    D.R.A.E.D.M. (Direco Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho), em especial ao

    Sr. Eng. Corte Real Santos (Estao de Produo Animal da Zona Agrria do Vale do Ave), agradeo

    todo o apoio e encorajamento que demonstrou.

    Quero tambm agradecer a colaborao e o tempo despendido nas vrias sadas de campo, aos

    funcionrios do Livro Genealgico (ao Sr. Guilherme em especial) e aos funcionrios das brigadas de

    Sanidade Animal de Vieira do Minho e Pvoa de Lanhoso.

  • A todos os colegas de mestrado e de laboratrio, pela amizade, pelo apoio e pelo ambiente de

    camaradagem existente entre todos, em especial Madalena Branco, ao Joo Alexandrino, ao

    Agostinho Antunes, Graa Lopes, ao Filipe Castro e Rita Campos.

    Junta Nacional de Investigao Cientfica e Tecnolgica (JNICT) agradeo a Bolsa de

    Mestrado (PRAXIS XXI/BM/8799/96) que me foi concedida, o que possibilitou a minha

    disponibilidade para a realizao da parte prtica de investigao deste trabalho.

    Aos meus amigos, em especial Dra. Graa Loureiro, ao Dr. Armando Loureiro e Dra. Filipa

    Carvalho pela pacincia, pelo apoio constante que revelaram ao longo deste trabalho e pelas suas

    crticas ao manuscrito.

    minha me e ao meu marido, que tornaram possvel este percurso que me conduziu at aqui.

    A eles, dedico todo este trabalho.

  • INDICE

    1 - INTRODUO 1 1.1 - A DOMESTICAO 3

    1.1.1- Evidncia histrica da domesticao do gado bovino 3

    1.1.2- Paleontologia / arqueozoologia 4

    1.1.3- Anlise gentica 7

    1.2 - A DIVERSIDADE DAS RAAS BOVINAS 10

    1.2.1-Asraas ibricas 10

    1.2.2 - A raa Barros 11

    Aspectos histricos da disperso e evoluo do efectivo populacional 11

    Aspectos morfolgicos 15

    Origem 15

    2 - MATERIAL E MTODOS 17

    2.1- AMOSTRAGEM E CONSERVAO DAS AMOSTRAS 17

    2.1.1-Amostragem 17

    2.1.2 - Obteno e conservao das amostras de sangue 17

    2.2- BATERIA DE MARCADORES GENTICOS SELECCIONADOS 18

    2.3 - TRATAMENTO DAS AMOSTRAS 24

    2.4 - MTODOS DE SEPARAO 26

    2.5 - MTODOS DE DETECO 34

    2.6 - MTODOS DE CLCULO 38

    3 - RESULTADOS E DISCUSSO 39

    3.1- ANLISE DOS MTODOS DE SEPARAO 39

    3.2 - ANLISE FAMILIAR 51

    3.3 - ANLISE POPULACIONAL LOCUS A LOCUS 54

    3.4 - ANLISE POPULACIONAL CONJUNTA 72

    3.4.1 - Diversidade gentica na raa Barros 72

    3.4.2 - Comparao com outra raas Ibricas 74

    3.4.3 - Diferenciao gentica 77

    4 - CONDIDERAES FINAIS 86

    5 - CONCLUSES 88

    6 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 90

    ANEXO

  • Introduo

    1 - INTRODUO

    O crescente interesse demonstrado pelas raas bovinas autctones permitiu o

    aparecimento, nos ltimos anos, de uma conjuntura poltica e econmica claramente favorvel

    sua conservao. Este interesse reflecte-se, por exemplo, na criao de incentivos produo

    (ajudas comunitrias e medidas agroambientais) ou no apelo ao consumo de produtos de

    qualidade certificada. Estas circunstncias implicam, contudo, a necessidade de uma maior

    capacidade de produo que, em sistemas agrcolas tecnicamente pouco desenvolvidos, poder

    estar associada a programas de melhoramento gentico e, consequentemente, a eventuais

    perdas de diversidade gentica (FAO, 1994; LoFTUS et ai,1994; FERNANDES, 1996).

    Em Portugal existe um nmero considervel de raas bovinas autctones que se

    encontram, ainda, pouco estudadas. Na verdade, a maior parte dos trabalhos sobre elas

    realizados envolve anlises fenotpicas, estando ainda por investigar a estrutura gentica das

    suas populaes, o seu grau de proximidade, a sua origem e evoluo recente.

    No seio das raas nacionais, a raa Barros apresenta um conjunto de caractersticas

    morfolgicas muito peculiares, que incluem um perfil cncavo da cabea, uma salincia das

    arcadas orbitarias e cornos em forma de lira alta. Este conjunto de particularidades tem

    suscitado opinies controversas sobre a sua origem (GONALVES GARCIA, 1964; GARCIA et ai, 1981; LEAL, 1995). Por outro lado, claramente uma raa emblemtica da regio noroeste de Portugal, associada a uma agricultura de subsistncia e a um patrimnio cultural que se

    torna necessrio conservar (GONALVES GARCIA, 1964; GARCIA et ai, 1981; LEAL, 1995).

    A sua rea de distribuio abrange apenas 17 concelhos pertencentes a 4 distritos: Vila

    Real, Viana do Castelo, Braga e Porto. Actualmente, a existncia de problemas de produo

    responsvel pela progressiva diminuio de alguns ncleos populacionais, apesar dos esforos

    de certas entidades para o evitar (MARTINS, 1982; LEAL, 1995).

    i

  • Introduo

    Em face do exposto, torna-se necessrio alargar a investigao sobre esta raa bovina,

    nomeadamente atravs da sua caracterizao gentica. Espera-se, assim, poder contribuir para

    o estabelecimento de um plano de conservao da Barros e, simultaneamente, aprofundar o

    estado actual do conhecimento sobre a gentica das suas populaes.

    2

  • Introduo

    1.1. - A DOMESTICAO

    1.1.1. - Evidncia histrica da domesticao do gado bovino

    H cerca de 15.000 anos, verificavam-se profundas mudanas climticas na Terra. Os

    glaciares recuaram para Norte, a temperatura tornou-se mais amena, uma maior rea

    geogrfica tornou-se habitvel. O Homem teve ento de vencer dificuldades impostas pela

    Natureza, inventando a agricultura e a criao de gado, passando de caador nmada a

    agricultor e a pastor (SARAIVA, 1993).

    O incio da agricultura e a primeira domesticao de animais por parte do Homem est

    datada de 10.000 anos a.C. (final do Paleoltico), numa regio conhecida por Crescente Frtil,

    no Prximo Oriente. O primeiro animal domesticado ter sido o co, seguindo-se a ovelha, a

    cabra e o gado bovino j no Neoltico (8.000 anos a.C.) (HEMMER, 1990; CLUTTON-BROCK,

    1992).

    A domesticao do gado bovino foi, provavelmente, um processo gradual. natural

    que, no princpio, apenas alguns animais (essencialmente fmeas) fossem retirados das manadas

    de auroques selvagens e criados isoladamente, no levando de imediato ao aparecimento de

    diferenas morfolgicas claras. Esta hiptese apoiada por registos arqueozoolgicos, onde a

    forma "proto-domesticada" no se distingue da forma selvagem (LOFTUS et ai, 1994).

    A expanso neoltica em direco Europa ter levado milhares de anos, seguindo uma

    via martima (mar Mediterrneo) e uma via continental (atravs dos Balcs e pelo curso do

    Danbio). Da Siclia, a revoluo neoltica espalhou-se por toda a bacia mediterrnea

    ocidental, atingindo a Pennsula Ibrica e a costa atlntica e trazendo consigo a arte, a

    agricultura e a criao de gado. Desta forma, s no 5 milnio a.C, chegaram Pennsula

    Ibrica as prticas agrcolas e a pastorcia (SARAIVA, 1993).

    Desde o Neoltico que o gado bovino domesticado (Bos taurus) tem um papel muito

    importante para o Homem. As grandes civilizaes da Antiguidade do-nos testemunhos

    escritos e trabalhos artsticos indicando a sua importncia na alimentao (carne, leite), nos

    trabalhos agrcolas, na guerra, na arquitectura e mesmo na religio.

    3

  • Introduo

    Durante o perodo compreendido entre o incio do Neoltico at s idades do Cobre e

    do Bronze, a domesticao dos bovinos levou a uma contnua diminuio do tamanho corporal

    dos animais na Europa. Posteriormente, este processo ter sido interrompido com a introduo

    de gado bovino trazido de Roma, e muitas raas extinguiram-se aps a queda do Imprio

    Romano (EPSTEIN & MASON, 1984).

    Esta tendncia continuou a observar-se durante a Idade Mdia e s com a Revoluo

    Industrial e a necessidade de abastecer as grandes cidades se produziu um incremento na

    criao de gado (EPSTEIN & MASON, 1984).

    Neste domnio, a modernizao da agricultura e a produo intensiva de alimentos ter

    originado uma contnua diminuio dos efectivos populacionais de muitas raas autctones,

    evidente sobretudo durante a ltima metade deste sculo. Estas circunstncias determinaram,

    assim, a sensibilizao da sociedade para as consequncias do empobrecimento de diversidade

    gentica do gado bovino, permitindo o estabelecimento de linhas de investigao destinadas

    sua gesto e conservao (BROWN et ai, 1993; FAO, 1996).

    1.1.2. - Paleontologia / arqueozoologia

    De acordo com os actuais dados paleontolgicos, o mais antigo ruminante do "Velho

    Mundo" ter aparecido no Mioceno (Gelocus), caracterizando-se pela ausncia de incisivos na

    mandbula superior e possuindo j uma conformao do esqueleto idntica dos bovinos

    actuais (IGLESIAS, 1989 e GARCIA et ai, 1992). Esta forma viria a originar, posteriormente, os

    quatro gneros actuais de ruminantes: Ovis, Capra, Antilope e Bos (IGLESIAS, 1989).

    A evidncia paleontolgica indica, tambm, que tero existido na Europa diferentes

    espcies de bovdeos, actualmente extintas. Destas, apenas o auroque sobreviveu at Idade

    Mdia, havendo documentos escritos que se referem ao local e data da morte do ltimo

    exemplar (Polnia, 1627) (LOFTUS et ai, 1994).

    As primeiras representaes de bovinos feitas pelo Homem devem, precisamente,

    referir-se a auroques, sendo um dos exemplos mais conhecidos constitudo pelas pinturas

    rupestres das grutas de Lascaux (Frana) (figura 1.1.1).

    4

  • Introduo

    Figura 1.1.1: Pintura rupestre nas paredes de grutas em Lascaux, Frana. Datando de h cerca de 15.000 anos. Reproduzido de FORBES (1986).

    S mais tarde surge a evidncia de que o processo de domesticao se poder ter

    iniciado. De facto, alguns achados neolticos (8.000 a 5.500 anos a.C.) provenientes da

    Anatlia, parecem indicar a presena de animais j domesticados. Esta regio do Sudoeste

    Asitico poder, assim, constituir o centro de domesticao do gado bovino a partir de

    populaes selvagens da subespcie asitica do auroque (Bos primigenius namadicus)

    (EPSTEIN & MASON, 1984).

    Outra evidncia adicional fornecida pela descoberta de ossos e dentes de um animal

    sensivelmente mais pequeno do que o auroque (Iraque, 5.000 anos a.C), bem como por um

    primeiro testemunho escrito onde se descreve, em placas de argila, uma cabea de vaca

    (Mesopotmia, 5.000 anos a.C.) (ROGERSON, 1991).

    Muitos outros achados arqueolgicos e paleontolgicos foram encontrados na

    Mesopotmia (4.000 anos a.C.) e no vale do rio Nilo (4.000 anos a.C), mostrando um bovino

    totalmente domesticado e de longos cornos (EPSTEIN & MASON, 1984).

    A consolidao do processo de domesticao , a partir desta altura, inquestionvel,

    tornando-se abundantes os registos de bovinos domesticados na Mesopotmia e vale do Nilo.

    A este respeito, devem referir-se especialmente as numerosas esculturas, relevos, pinturas e

    textos em papiro que relatam pormenores da vida quotidiana do povo egpcio e onde aparecem

    diversas cenas que mostram a importncia do gado bovino na agricultura e na alimentao

    (figura 1.1.2).

    5

  • Introduo

    Figura 1.1.2: Desenho ilustrativo de uma ordenha, 5a dinastia. Reproduzido de BAINES

    & MLEK (1980).

    A partir desta altura, as descobertas arqueozoolgicas so testemunho de uma

    expanso do gado bovino. Assim, existem registos datados de h cerca de 2.000 e 3.000 anos

    a.C. que sugerem a ocorrncia, no Norte de frica, de animais de enormes cornos em forma de

    lira (EPSTEIN & MASON, 1984).

    Tal expanso d-se, tambm, pela Turquia, indo at ao Cucaso e Rssia, e chega

    tambm Europa, onde nas regies do Norte foram encontrados objectos de arte da idade do

    Cobre e do Bronze que representam bovinos e datam do incio do Cristianismo (EPSTEIN &

    MASON, 1984).

    A migrao para oriente est, tambm, bem documentada atravs de numerosos restos

    arqueozoolgicos descobertos em toda a sia. , contudo, nesta regio geogrfica que se

    pode observar a transio de gado bovino sem bossa (Bos taurus) para outro com bossa (Bos

    indicus). Segundo alguns autores, as raas de Bos indiens, ou gado zebu, derivariam das raas

    de Bos taurus, ou gado taurino, atravs de um processo de seleco (EPSTEIN & MASON,

    1984). Alternativamente, estes dados podem tambm ser interpretados como a ocorrncia de

    dois processos de domesticao independentes, seguidos do contacto entre as duas populaes

    domsticas de gado bovino.

    Adicionalmente, deve salientar-se que a evidncia descrita ainda muito incompleta,

    pelo que a interpretao dos dados deve ser feita com bastante precauo. A ttulo de

    exemplo, refiram-se os achados arqueozoolgicos efectuados na Pennsula dos Balcs e na

    6

  • Introduo

    Macednia Grega (6.200 anos a.C). Segundo EPSTEIN & MASON (1984) estes achados

    sugerem que o Sul da Europa poderia constituir o primeiro centro de domesticao do gado

    bovino, a partir de onde se teria iniciado a sua expanso em direco ao resto do continente

    europeu, Rssia e Sudoeste Asitico.

    1.1.3. - Anlise gentica

    A investigao sobre a gentica das diferentes raas de gado bovino tem contribudo de

    forma muito significativa para a compreenso da sua histria, dos padres de diversidade que

    actualmente as caracterizam, e do seu grau de parentesco. Os resultados actualmente

    disponveis reportam-se a trs domnios principais: grupos sanguneos, variao gentica de

    protenas e polimorfismos do DNA (DNA mitocondrial e microssatlites).

    Grupos sanguneos

    A primeira tentativa para avaliar o grau de diferenciao gentica entre raas bovinas e

    caracterizar a sua diversidade data do incio de dcada de 70, e envolveu precisamente o

    estudo dos diferentes grupos sanguneos que iam sendo descritos (RUSSELL, 1996; USHA,

    1996). Contudo, a maior parte dos resultados no permitiu a obteno de concluses

    definitivas pelo facto de se trabalhar com um nmero relativamente reduzido de loci que, adicionalmente, era pouco polimrfico. Deve, porm, referir-se que se dispe actualmente de

    uma considervel quantidade de informao no que se refere distribuio da variabilidade dos

    grupos sanguneos nas diferentes raas bovinas, conferindo a este conjunto de dados uma

    importncia no desprezvel no estudo de eventuais alteraes da estrutura gentica de

    populaes de gado bovino nos ltimos vinte anos (RUSSELL, 1996; USHA, 1996).

    Protenas

    A introduo de tcnicas electroforticas de separao de protenas permitiu aumentar

    de forma muito considervel o nmero de sistemas genticos polimrficos conhecidos nas

    raas bovinas, em especial no que se refere a protenas do sangue e do leite (USHA, 1996).

    A anlise da sua distribuio populacional veio demonstrar a ocorrncia de dois grupos

    principais de bovinos, ou duas subespcies (Bos primigenius taurus e Bos primigenius

    7

  • Introduo

    indiens), cada um deles caracterizado pela presena de diversos alelos privativos em vrios loci

    (BRAEND, 1971).

    Estes resultados esto, de uma maneira geral, de acordo com dados morfolgicos,

    histricos e ainda com a distribuio geogrfica conhecida dos principais grupos (EPSTEIN &

    MASON, 1984). No entanto, o acrscimo de informao fornecido por este tipo de marcadores

    foi, ainda, insuficiente para resolver muitas das interpretaes contraditrias publicadas sobre o

    tema.

    Polimorfismo do DNA

    A introduo das tcnicas de anlise genmica directa e, em especial, a descoberta do

    polimorfismo do DNA-mitocondrial (mtDNA) e dos microssatlites, forneceram os

    instrumentos necessrios a uma detalhada caracterizao gentica das raas bovinas.

    A anlise da variao da molcula de mtDNA permitiu verificar que Bos primigenius

    taurus e Bos primigenius indicus tero divergido h cerca de 210.000 anos, uma data muito

    anterior indicada pelos dados arqueolgicos para o incio do processo de domesticao. ,

    assim, muito provvel que tenham ocorrido duas domesticaes independentes a partir de duas

    subespcies diferentes do auroque: Bos primigenius namadicus ter dado origem ao gado

    zebu, na sia (Vale do Indu), e Bos primigenius primigenius ao gado europeu, vindo do

    Prximo Oriente (LOFTUS et ai, 1994a, 1994b).

    Muito recentemente, BRADLEY et ai (1996) e MACHUGH et ai. (1997) sugerem, ainda,

    uma terceira domesticao independente, ocorrida em frica. Esta evidncia resulta, tambm,

    de anlise do polimorfismo do mtDNA, indicando uma separao entre os ancestrais do gado

    europeu e africano anterior domesticao (22.000 - 26.000 anos). Este terceiro processo de

    domesticao ter-se-ia, assim, efectuado a partir da subespcie africana do auroque (Bos

    primigenius opisthonomus).

    A descoberta dos microssatlites e do seu elevado grau de polimorfismo data do fim da

    dcada de 80 (Lm & LUTY, 1989; WEBER & MAY, 1989) e constitui, provavelmente, a

    metodologia mais adequada para estudar a histria recente da diversificao das raas bovinas

    (MACHUGH et ai, 1994; ARRANZ et ai, 1996). Os primeiros resultados que envolvem uma

    caracterizao em larga escala de diferentes populaes permitiram distinguir mais claramente

    a estrutura gentica dos dois grandes grupos de gado bovino (Bos taurus e Bos indicus), e

    constituem a base para futuros estudos mais especficos.

    8

  • Introduo

    Por outro lado, os microssatlites permitiram, tambm, o incio do projecto de

    cartografia do genoma bovino que, no fim de 1994, contabilizava 202 marcadores genticos

    (dos quais 144 eram microssatlites) regularmente espaados em 90% do seu comprimento.

    Cerca de um ano depois existiam, j, mais de 400 microssatlites (USHA et ai, 1995), levando

    EGGEN et ai (1995) a apresentar um trabalho de reviso e consolidao de informao j

    existente para evitar a ocorrncia de possveis redundncias.

    A aplicao deste tipo de marcadores no se restringe apenas anlise da diversidade

    gentica populacional e construo de mapas genticos. De facto, so actualmente escolhidos

    para a realizao de testes de paternidade (GLOWATZKI-MULLIS et ai, 1995; USHA et ai. 1995;

    ARRANZ et ai, 1996), deteco de loci que determinam a expresso de caractersticas

    quantitativas (QTL) (RON et ai, 1994), determinao do sexo em embries, seleco animal

    assistida, entre outros.

    No seu conjunto, estes resultados tm permitido um avano notvel na compreenso da

    evoluo das actuais raas bovinas. A prossecuo desta via de investigao poder levar ao

    esclarecimento definitivo do nmero de domesticaes independentes que ter ocorrido

    (EPSTEIN & MASON, 1984; LOFTUS et al, 1994a, 1994b; BRADLEY et al, 1996; MACHUGH et

    al, 1997) a partir das populaes selvagens de auroque. Seguidamente, legtimo esperar que

    venha a ser possvel analisar a uma escala mais fina o grau de parentesco gentico entre raas

    que ocupem reas geogrficas mais reduzidas. Neste particular, ser extremamente interessante

    incluir as populaes ibricas e, em especial, a raa Barros.

    9

  • Introduo

    1.2. - A DIVERSIDADE DAS RAAS BOVINAS

    A domesticao resultou na criao de milhares de raas de animais domsticos,

    geneticamente diferentes e adaptadas s necessidades humanas e a uma grande variedade de

    condies ambientais (FAO, 1993).

    1.2.1. - As raas ibricas

    A grande diversidade de raas bovinas da Pennsula Ibrica poder dever-se, em parte,

    introduo de outras raas domsticas, que se cruzaram entre si e com bovinos j existentes

    na Pennsula. A introduo de outras raas ter sido feita de duas formas distintas:

    1 - atravs dos movimentos migratrios, acompanhando as vrias invases de povos

    vindos do oriente, como o caso dos Fencios ( sc. X a.C), Gregos (sc. VII a.C.), e

    Romanos (sc. III a.C). Estes ltimos dominaram completamente a Pennsula durante

    7 sculos e tero contribudo para a diversificao do gado bovino pelo facto de

    introduzirem animais de caractersticas diferentes. Supe-se que do seu cruzamento

    com os bovinos ibricos se tero originado os troncos aquitnico e ibrico (MIRANDA

    do VALE, 1949);

    2 - atravs da introduo de animais do Norte de frica na sequncia da invaso de

    povos como os Cartagineses (sc. V a.C.) e, j na era crist, os Mouros (711 d.C).

    Estes tero introduzido descendentes de Bos primigenius opisthonomus, que poder

    ter influenciado a formao de vrias raas ibricas, nomeadamente as raas Barros e

    Cachena (APARCIO, 1960, in IGLESIAS, 1989, EPSTEIN & MASON, 1984). Estas

    podero, assim, constituir uma linha que descende do tronco mauritnico (MIRANDA

    do VALE, 1949).

    10

  • Introduo

    Adicionalmente, provvel que povos oriundos do Norte da Europa, nomeadamente

    os Visigodos, possam ter introduzido gado bovino dessa regio. Contudo, a sua eventual

    contribuio para a diversidade de raas bovinas da Pennsula Ibrica est por esclarecer.

    1.2.2. - A raa Barros

    Aspectos histricos da disperso e evoluo do efectivo populacional

    O centro de criao da raa Barros situa-se actualmente na zona do planalto da Serra

    do Barroso, abrangendo os actuais concelhos de Montalegre, Boticas, Vieira do Minho

    (freguesias de Campos e Ruives) e Cabeceiras de Basto (freguesia de Gondies). Esta regio

    no possui condies agro-climatricas que permitam grandes exploraes agrcolas, pelo que

    uma parte importante da populao se dedica criao de gado (GARCIA et ai, 1981;

    FERNANDES, 1996).

    Vivendo sobretudo em zonas montanhosas, a Barros utilizada, essencialmente, como

    fora de trabalho e na produo de carne de excelente qualidade, motivo pelo qual a Unio

    Europeia a reconhece com denominao de Origem Protegida (FERNANDES, 1996).

    No sculo passado e incio do sculo XX existia um grande incentivo para a criao

    desta raa devido procura da sua carne, muito apreciada em Inglaterra. Este incentivo

    contribuiu, indirectamente, para que a estatura dos animais se elevasse (GARCIA et ai, 1981), e

    para que a zona de criao se dispersasse pelas reas submontanhosas e pelas plancies do

    Entre Douro e Minho at orla martima, chegando mesmo ao concelho de Vila Nova de Gaia

    (figura 1.2.1). Nestas zonas fazia-se a criao de novilhos para explorao como bois de

    trabalho e para produo de carne. Tal explorao est bem patente nos painis de azulejos da

    estao de caminhos de ferro de S. Bento, no Porto, e mesmo nos desenhos das caladas nas

    principais avenidas desta cidade.

    li

  • Introduo

    B

    . _ . . . . . . ' " ' - . . . : : ' !

    Figura 1.2.1: A) Junta de bois de trabalho de raa Barros, B) Fmea adulta Barros, C) Macho adulto Barros. Fotografias datadas de 1949, gentilmente cedidas pela Direco Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho - Centro de Produo Animal (D.R.A.E.D.M.).

    12

  • Introduo

    Porm, a necessidade de maiores produes de carne foi conduzindo, durante a

    segunda metade deste sculo, a um progressivo declnio no efectivo populacional da raa

    Barros, tornando-se mesmo raro poder observar uma junta de bois. Recentemente, as

    alteraes verificadas na poltica agrria e ambiental da Unio Europeia tero permitido

    alguma recuperao. Nesse contexto, a criao, em 1981, do Livro Genealgico da raa

    Barros constitui um passo importante para a certificao dos animais e o aumento do seu

    valor. Actualmente, o seu efectivo populacional tem crescido continuamente, e essa tendncia

    parece estvel.

    Segundo dados fornecidos pelo Registo Zootcnico e pela Associao do Minho dos

    Criadores de Bovinos de Raa Barros (AMTOA), existiam, em 1996, 38.002 fmeas

    reprodutoras inscritas e 375 touros de cobrio (tabela 1.2.2.1), distribudos por vrios

    concelhos dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Porto (figura 1.2.2).

    Tabela 1.2.2.1: Movimento do Registo Zootcnico relativo raa Barros.

    Vacas Inscritas Postos de Cobrio Vitelos Anos Abatidas Registadas Inscritas Encerrados Recenseados Existncias Inscritos 1981 0 4884 4882 1 25 24 0 1982 19 6169 11032 6 42 60 532 1983 31 4436 15437 14 35 81 1593 1984 72 866 16231 13 14 82 2151 1985 47 604 16788 15 15 82 1767 1986 106 1027 17709 18 13 77 2414 1987 72 1186 18823 2 14 89 2632 1988 122 1192 19877 5 7 91 2574 1989 138 718 20506 14 26 103 2532 1990 89 1017 21440 8 7 102 2404 1991 159 1309 22590 14 26 114 2531 1992 52 1902 24440 6 17 125 3203 1993 0 4205 28645 37 87 175 4077 1994 0 6248 34893 58 111 228 4679 1995 340 2447 37000 0 112 340 5759 1996 120 1122 38002 26 61 375 5901

    Fonte: Registo Zootcnico (cedido pela AM1BA).

    Apesar desta situao favorvel, no se pode considerar que a raa Barros no corra,

    ainda, perigo de extino. Na verdade, so vrios os factores que tm contribudo para a

    diminuio da sua rea de criao, ou mesmo para a alterao das caractersticas destes

    animais. De entre esses factores deve salientar-se i) a substituio de Barros por outras raas, autctones (Minhota, Mirandesa, Maronesa) ou importadas (Frsia, Gelbvieh e Parda Sua),

    13

  • Introduo

    que fornecem ao agricultor um rendimento superior, ii) a progressiva mecanizao da

    agricultura e a diminuio das reas de pastagem, iii) o pequeno nmero de machos

    reprodutores associado a um efectivo idoso, iv) uma baixa fertilidade mdia, grandes

    intervalos entre partos e elevado nmero de abortos, e v) desmotivao dos produtores mesmo

    em face das actuais condies de comercializao.

    LEGENDA:

    | j - -Concelhos de Entre Douro e Minho S Concelhos de Trs-os-Montes

    ESCALA: 1:1380000

    Figura 1.2.2: Mapa de distribuio do actual efectivo Barros.

    14

  • Introduo

    Aspectos morfolgicos

    O bovino Barros apresenta uma estatura mediana, com 121-130 cm de altura

    cernelha e pelagem de cor castanha (variando entre a cor de palha at a cor acerejada) (LEAL,

    1995). A cabea curta e larga, encimada por uma cornamenta em forma de lira alta; os

    cornos so muito compridos e espessos, de cor branca suja, com pontas escuras; o conjunto

    ocular saliente, dando-lhe o aspecto de olhos de sapo; as orelhas so de tamanho mdio; os

    membros so curtos e pouco ossudos e o pescoo curto, bem ligado cabea e com garrote

    largo (MARTINS, 1982).

    uma raa com caracteres sexuais secundrios bem diferenciados. Os touros so

    normalmente mais escuros, particularmente no tero anterior, com maior corpulncia do que as

    fmeas, mais robustos, com barbela mais desenvolvida, cabea mais curta e mais larga, cornos

    mais grossos e ligeiramente mais curtos (GARCIA et ai, 1981; MARTINS, 1982). Esta raa apresenta duas particularidades morfolgicas que a distinguem de todas as

    outras raas: grande desenvolvimento crneo e perfil cncavo da cabea com acentuado

    prognatismo mandibular. O elevado crescimento crneo poder estar relacionado com a

    seleco dos animais. De facto, nas populares chegas de touros, o animal que sai vencedor ser

    o touro cobridor das vacas da aldeia. Este processo ter permitido a primazia de touros de

    maior ossatura capital, mais potente musculatura cfalo-cervical, maior fora no ngulo trsico

    e, consequentemente, grande desenvolvimento dos cornos (MIRANDA do VALE, in GONALVES GARCIA, 1964; ARAJO, 1986). No que se refere ao acentuado prognatismo

    mandibular, possvel que, em parte, esteja relacionado com o grande desenvolvimento

    crneo. Este ter exigido um desenvolvimento correlativo de certos ossos cranianos e o

    atrofiamento dos ossos da face (GONALVES GARCIA, 1964).

    Origem

    A origem da raa Barros e o seu enquadramento com as outras raas da Pennsula

    Ibrica est ainda por explicar, constatando-se uma grande heterogeneidade na opinio de

    diversos autores a este respeito (MARTINS, 1982).

    Alguns autores referem a existncia, no Norte de frica (vale do Nilo), de um gado

    com caractersticas morfolgicas semelhantes actual raa Barros, em especial no que se

    refere forma, tamanho e espessura dos cornos. Este gado normalmente associado

    15

  • Introduo

    designao subespecfica Bos primigenius opisthonomus (embora tambm se refira como Bos

    primigenius mauritaniens e como Bos taurus desertorum), e ter chegado Pennsula Ibrica

    atravs de vrias rotas migratrias dos povos norte-africanos. A raa Barros poderia, assim,

    ser includa no tronco mauritnico, tendo como ancestral Bos primigenius mauritanicus

    (GARCIA et ai., 1981).

    Neste contexto, poder admitir-se que o gado que corresponde a este grupo se tenha

    instalado na Pennsula Ibrica, provavelmente durante a longa ocupao Moura (GONALVES

    GARCIA, 1964). Posteriormente, a raa Barros ter sido desalojada pelos troncos ibrico e

    aquitnico, restando apenas um ncleo populacional confinado s zonas planlticas do

    Barroso, onde permaneceu at hoje (GONALVES GARCIA, 1964).

    Esta hiptese no , contudo, partilhada por outros autores, que lhe criticam a escassa

    evidncia (forma e tamanho dos cornos) e, portanto, uma clara ausncia de base cientfica

    (IGLESIAS, 1989).

    Perante o exposto, pode verificar-se que a raa Barros apresenta aspectos

    morfolgicos e histrico-evolutivos muito peculiares, sendo ainda hoje difcil proceder ao seu

    enquadramento no seio das restantes raas bovinas ibricas. O aprofundamento da investigao

    sobre a estrutura gentica das suas populaes poder ser, assim, uma via para o

    esclarecimento das muitas questes que permanecem por responder. Nestas condies, este

    trabalho pretende ser uma contribuio para o conhecimento da gentica das populaes da

    raa bovina Barros atravs da consecuo dos seguintes objectivos:

    1. estudo da variabilidade gentica da raa Barros ao nvel das protenas eritrocitrias

    e plasmticas;

    2. desenvolvimento e afinao de tcnicas de separao de protenas por electroforese

    e focagem isoelctrica e sua deteco especfica (histoqumica e imunolgica);

    3. anlise familiar dos polimorfismos encontrados;

    4. avaliao do grau de diferenciao gentica existente entre a raa Barros e outras

    raas bovinas.

    16

  • Material e Mtodos

    2. - MATERIAL E MTODOS

    2.1. - AMOSTRAGEM E CONSERVAO DAS AMOSTRAS

    2.1.1. - Amostragem

    Foram recolhidas 356 amostras de sangue correspondente a 294 indivduos de raa

    Barros (dos quais 141 estavam inscritos no Livro Genealgico), e 62 indivduos de raa

    Minhota. As colheitas efectuaram-se em zonas de intensa criao da Barros, designadamente

    nos concelhos de Arcos de Valdevez, Cabeceiras de Basto, Fafe, Pvoa de Lanhoso e

    Mono, em finais de 1993, durante o ano de 1994 e ainda no perodo de 1996/ 1997, em

    Vieira do Minho.

    A recolha de sangue em indivduos de raa Minhota foi efectuada com a finalidade de

    servir como termo de comparao gentica, uma vez que se realizam cruzamentos entre esta

    raa e a Barros.

    2.1.2. - Obteno e conservao das amostras de sangue

    O sangue foi colhido da veia jugular, em tubos contendo 0,1 ml de EDTA (cido

    etilnodiaminotetractico) dissdico a 10% ou em tubos heparinados.

    As amostras de sangue foram centrifugadas (10 minutos a 13000 rpm), separando-se

    em seguida o plasma dos eritrcitos. Aos eritrcitos foi adicionado meio de glicerol (seis

    partes de uma soluo 5% de citrato trissdico 2H20 adicionados a quatro partes de glicerol)

    numa proporo aproximada de 2:1; as amostras foram conservadas a -20C.

    17

  • Material e Mtodos

    2.2. - BATERIA DE MARCADORES GENTICOS SELECCIONADOS

    No presente trabalho foi escolhida uma bateria de 12 marcadores genticos, dispersos

    no genoma do bovino (figura 5): HB (Hemoglobina), CAII (Anidrase carbnica), PEPB

    (Peptidase B), DIA (Diaforase), NP (Fosforilase nucleosdica), MDH (Desidrogenase do

    malato), PGD (Desidrogenase do cido fosfoglucnico), GPI (Isomerase da fosfoglucose),

    MPI (Isomerase da manose-6-fosfato), ALB (Albumina), TF (Transferrina) e GC

    (Componente especfico de grupo).

    CP SODl TF

    PEPC IDH1

    AMY1 AMY1A PGM1

    4

    LDHB PEPB

    ADH2 PGM2 ALB GC SOD3

    6

    IADA

    ALDH1

    CAII

    ME1 PGM3 SOD2

    NP

    10

    CAT HBB,q22-q27

    PGD IALDH2 DIA4

    HP GPI,q22-q24

    MPI iBF GLOl

    LDHA MDH2

    Figura 2.2.1: Localizao de vrios loci proteicos no genoma de Bos taurus. Com um tom mais carregado, indicam-se os marcadores estudados neste trabalho. Adaptado de FRIES et ai. (1993).

    18

  • Material e Mtodos

    HB

    A hemoglobina responsvel pelo transporte do oxignio dos pulmes para os tecidos.

    A sua estrutura tetramrica, tendo cada uma das quatro subunidades um grupo prosttico -

    - heme - com um tomo de ferro no centro. A fraco principal da hemoglobina de mamferos

    adultos composta por duas cadeias a e duas cadeias P (BRAEND, 1971; CECCHINI & Nus,

    1986).

    O locus da HB foi um dos primeiros a ser estudado, apresentando polimorfismo em

    vrios mamferos (CECCHJM & Nus, 1986; BRAEND et ai, 1988; CLARKE et ai, 1989; WANG

    et ai, 1990; SELVARAJ et ai, 1991). Em 1955, CABANNE & SERAIN (in BRAEND, 1988),

    descrevem pela primeira vez o polimorfismo da HB em bovinos do Norte da frica.

    Posteriormente, muitos estudos foram efectuados descrevendo-se 13 variantes (raros na sua

    maioria), com diferenas apenas nas cadeias beta (CECCHINI & Nus, 1986; BRAEND, 1988).

    CAII-E.C.4.2.1.1

    A CAII uma metaloenzima com grande distribuio nos animais e nas plantas

    (TASHIAN, 1989). Catalisa de forma reversvel a hidratao do C02 em H2C03 (CECCHINI &

    Nus, 1986; TASHIAN, 1989). O seu papel fisiolgico ainda no bem conhecido mas

    possvel que tenha participao na manuteno do balano osmtico (TASHIAN, 1989).

    A ocorrncia de variao gentica na CAII est descrita em muitas espcies de

    mamferos, tendo sido descritos dois loci polimrficos (CAI e CAII) (TASHIAN & CARTER,

    1976; CLARICE et ai, 1989; SELVARAJ et ai, 1991).

    SARTORE et ai (1969) foram os primeiros a detectar polimorfismo electrofortico da

    anidrase carbnica em bovinos domsticos e bfalos americanos. Nos eritrcitos de bovinos

    apenas se exprime a anidrase carbnica II que apresenta geralmente 2 alelos codominantes

    autossmicos (CAIPF e CAIPS) (SARTORE et ai, 1969; TASHIAN & CARTER, 1976). Mais

    tarde, foram encontrados 3 novos alelos (C, Z e X) (CECCHINI & Nus, 1986).

    19

  • Material e Mtodos

    PEPB-E.C.3.4.12.

    As peptidases formam um conjunto de enzimas capazes de hidrolisar di- e tripptidos,

    caracterizando-se pela sua especificidade em relao a diversos substratos, bem como atravs

    da sua distribuio tecidular.

    A PEPB apresenta uma estrutura monomrica, tendo sido descrita como polimrfica

    em algumas raas brasileiras de bovinos de origem europeia e indiana (DEL LAMA et ai,

    1992).

    DIA-E.C.1.6.4.3.

    A enzima monomrica DIA (NADH - Methemoglobina redutase), tambm conhecida

    por citocromo bs redutase, faz parte de um grupo de enzimas que catalisam a reduo da

    methemoglobina (IGLESIAS, 1989; VIEIRA, 1993; kRAHhetal, 1986).

    O seu polimorfismo gentico foi detectado em vrias espcies de Ungulados, incluindo

    os bovinos (CLARKE et ai, 1989; IGLESIAS, 1989; SELVARAJ et ai, 1991; TATE & McEWAN,

    1992).

    NP-E.C.2.4.2.1.

    A enzima NP encontra-se distribuda por vrios tecidos e rgos e catalisa

    reversivelmente a fosforlise dos nucleosdeos purnicos, levando formao das respectivas

    bases e ribose-1-fosfato (IGLESIAS, 1989).

    O polimorfismo gentico desta enzima foi detectado em vrias espcies de mamferos,

    incluindo os bovinos (ANSAY, 1973; HARRIS & HOPKINSON, 1978; TUKER & YOUNG, 1988;

    CLARKE tal, 1989; IGLESIAS, 1989; FERRAND, 1995).

    20

  • Material e Mtodos

    MDH-E.C.l. 1.1.37

    A MDH uma oxirredutase dimrica na maioria dos mamferos, responsvel pela

    oxidao do L-malato em oxoglutarato, com NAD como aceitador. A reaco reversvel em

    presena de NADH e oxaloacetato. A enzima diz-se NAD especfica pelo facto da reaco s

    ocorrer na presena deste cofactor (MORAIS, 1992; PEREIRA, 1997).

    A ocorrncia de variao gentica neste locus foi descrita para vrios mamferos

    (HARRIS & HOPKINSON, 1978; TUNN et ai, 1989; SELVARAJ et ai, 1991). Contudo,

    relativamente aos bovinos, no foi possvel encontrar referncias quanto ao seu polimorfismo.

    PGD-E.C.1.1.1.44

    A PGD uma enzima dimrica envolvida na via das pentoses-fosfato, catalisando a

    converso de 6-fosfogluconato em ribose-5-fosfato.

    O polimorfismo gentico do locus PGD est descrito em diversas espcies de

    Ungulados (HERZOG, 1988; PENEDO et ai, 1988; BEKENEV & ORLO VA, 1991; KUROSAWA &

    TANAKA, 1991; JANZEN & COTHRAN, 1991; FERNDALE et al, 1992). Contudo, relativamente

    aos bovinos, no foi possvel encontrar referncias quanto ao seu polimorfismo.

    GPI-E.C.5.3.1.9

    A isomerase da fosfoglucose cataliza a reaco reversvel de converso de glucose-

    -6-fosfato em frutose-6-fosfato (HARRIS & HOPKINSON, 1978; PRETSCHei ai, 1990).

    uma enzima dimrica com polimorfismo gentico em vrias espcies de mamferos,

    nomeadamente no co (ARNOLD & Bouw, 1989), no porco (VAN DE WEGHE et ai, 1988;

    BEKENEV & ORLO VA, 1991), na ovelha (RASERO et ai, 1993), em lamas e alpacas (PENEDO et

    ai, 1988) e no Homem (HARRIS & HOPKINSON, 1978).

    21

  • Material e Mtodos

    MPI-E.C.5.3.1.8

    A MPI uma enzima monomrica de aco cataltica que permite a isomerizao de D-

    -manose-6-fosfato em D-frutose-6-fosfato.

    Em diversas espcies de mamferos, nomeadamente no Homem (RlTTER et ai, 1974),

    em babunos (RITTER & SCHMITT, 1973) e ratos (NICHOLS et ai, 1973; VANDEBERG &

    AIVALIOTIS, 1990), esta enzima no apresenta actividade em eritrcitos, sendo porm

    detectada em diversos tecidos como rim, fgado e o msculo. Mais tarde, demonstrou-se a

    possibilidade de proceder a esta deteco em hemolisados de cavalos, coelhos e lebres (HALL

    et ai, 1991; VIEIRA & FERRAND, 1995; SANTOS, 1995).

    O polimorfismo gentico de MPI em bovinos foi descrito por ANSAY (1973),

    apresentando trs alelos autossmicos codominantes (MPPA, MPI*B e MPI*C).

    ALB

    A albumina a protena mais abundante no plasma dos mamferos e apresenta uma

    estrutura monomrica. A sua funo est relacionada com processos de transporte e de

    regulao do balano osmtico (CECCHTNI & Nus, 1986; CARTER et al, 1989).

    O polimorfismo gentico da albumina est descrito em vrias espcies de Ungulados

    (STORMONT et ai, 1963; BOWLING & CLARK, 1988; PENEDO et ai, 1988; ERHARDT, 1991;

    SELVARAJtfa/., 1991;CRISTOFALO?/a/., 1992; ERHARDT & SlMIANER, 1993).

    EFREMOV e ASHTON em 1965 (in CECCHTNI & Nus, 1986) descrevem pela primeira vez

    polimorfismo gentico em raas bovinas inglesas. Inicialmente encontraram-se dois alelos

    (ALB*A ou ALB*F, e ALB*B ou ALB*S), por electroforese cida. Mais tarde, descreveram-

    -se outros alelos em raas britnicas (ALB*H e ALB*G), e em raas africanas (ALB*D,

    ALB*E e ALB*F) (CECCHINI & Nus, 1986). ABE et ai. em 1971 descrevem, o alelo ALB*X

    (in CECCHTNI & Nus, 1986).

    22

  • Material e Mtodos

    TF

    A transferrina uma 3-globulina srica responsvel pelo transporte do ferro. Possui

    uma estrutura monomrica glicosilada (CECCHINI & Nus, 1986; WELCHS, 1990; PENHALLOW

    et ai, 1991; CUNHA, 1994).

    O polimorfismo gentico desta protena foi detectado em vrias espcies de Ungulados

    (KRISTJANSSON, 1963; STORMONT et ai, 1963; ASHTON, 1965; GAHNE et ai, 1977; CECCHJNI

    & Nus, 1986; ERHARD, 1986; KUROSAWA & TANAKA, 1988; PENEDO et ai, 1988; CLARKE et

    ai, 1989; HERZOG, 1989; JUNEJA et ai, 1989; TSUJI et ai, 1989; SCHNEIDER et ai, 1990;

    STRATIL et ai, 1990; WANG et ai, 1990; SELVARAJ et ai, 1991; DRATCH et ai, 1992;

    VANKAN & BELL, 1992a; CZovket ai, 1993; ERHARD et ai, 1993).

    ASHTON em 1965 descreveu, pela primeira vez, o polimorfismo gentico de TF em

    bovinos, estando actualmente descritos sete alelos: TF*A, TF*B, TF*D1, TF*D2, TF*E,

    TF*F e TF*G (CECCHTNI & Nus, 1986). A subdiviso do alelo TF*D em TF*D1 e TF*D2 foi

    descrita por KRISTJANSSON & HICKMAN (1965).

    Nos bovinos, os loci TF e CP encontram-se ligados, como tem sido descrito para vrias

    espcies de mamferos (JUNEJA et ai, 1989).

    GC

    A GC apresenta uma estrutura monomrica e o seu polimorfismo gentico est descrito

    em vrias espcies de Ungulados (GAHNE, 1963; KRISTJANSSON, 1963; JUNEJA et ai, 1987;

    PENEDO et ai, 1988; PENEDO & JUNEJA, 1989; KALB et ai, 1990; ERHARDT, 1991; VANKAN

    & BELL, 1992b; STERN et ai, 1992; ERHARDT & SIMIANER, 1993; STRATIL et ai, 1995).

    Nos bovinos, o polimorfismo gentico da GC foi inicialmente descrito por GAHNE

    (1963) e ASHTON (1963) {in GAHNE et ai, 1977), mas s mais tarde foi possvel obter

    frequncias gnicas para este locus (alelos GC*A e GC*B) em diferentes raas europeias

    (GAHNE et ai, 1977). A utilizao de novas tcnicas de separao permitiu distinguir um

    terceiro alelo, GC*C (VAN DE WEGHE, 1982).

    23

  • Material e Mtodos

    A existncia de ligao factorial entre os loci ALB e GC foi demostrada no Homem,

    em primeiro lugar, e depois nos cavalos, nos bovinos e na ovelha (VAN DE WEGHE, 1982;

    ERHARDT & SlMIANER, 1993).

    2.3. - TRATAMENTO DAS AMOSTRAS

    HB

    A separao da molcula HB por focagem isoelctrica foi feita mediante a utilizao de

    hemolisados diludos 1:8 em gua bidestilada.

    CAII

    A separao electrofortica de CAII foi realizada em gel de amido e em focagem

    isoelctrica. No primeiro caso, as amostras foram simplesmente tratadas com tolueno,

    enquanto no segundo se procedeu, ainda, sua reduo com uma soluo de ditiotreitol

    (DTT) 120 mM (100 \ de amostra no diluda e 20 pi de DTT 120 mM) durante 1 h a 37C.

    Quando se utilizou focagem isoelctrica, alm do tratamento j referido, foi necessrio

    realizar uma diluio final de 1:10 com gua bidestilada.

    PEPB; DIA; NP; MDH; PGP; GPI e MPI

    As separaes electroforticas de PEPB, DIA, NP, MDH, PGD, GPI e MPI em gel de

    amido foram efectuadas com hemolisados no diludos, submetidos ao mesmo tratamento

    descrito para CAII quando separada por electroforese convencional.

    24

  • Material e Mtodos

    ALB

    Na separao de ALB por focagem isoelctrica utilizaram-se amostras de plasma

    diludas com gua bidestilada na proporo de 1:70.

    TF

    Na separao de TF efectuada por focagem isoelctrica utilizaram-se amostras de

    plasma submetidas a vrios tipos de tratamento, para comparao dos padres de bandas

    obtidos:

    1. Remoo dos resduos de cido silico da molcula de TF

    diluio 1:3 com neuraminidase, durante 1 h a 37 C.

    2. Remoo do Fe da molcula de TF

    diluio 1:3 com EDTA-dissdico (20%) 2 h antes da aplicao para remoo dos

    tomos de Fe da molcula de TF.

    3. Saturao em Fe da molcula de TF

    3.1 - diluio 1:3 com soluo de sulfato de amnio frrico 0,15% (p/v) em cido

    ctrico 60 mM, seguida de incubao temperatura ambiente 18 h. A utilizao

    de uma razo ligante / Fe de 20:1 permite uma rpida saturao da molcula de

    TF (FERRAND, 1995).

    3.2 - diluio 1:3 com soluo de sulfato de amnio ferroso 0,15% (p/v) em cido

    ctrico 60 mM, seguida de incubao temperatura ambiente 18 h.

    3.3 - diluio 1:3 com soluo de citrato de amnio frrico 0,15% (p/v) em cido

    ctrico 60 mM, seguida de incubao temperatura ambiente 18 h.

    3.4 - diluio 1:3 com soluo de citrato frrico 0,15% (p/v) em cido ctrico

    60 mM, seguida de incubao temperatura ambiente 18 h.

    3.5 - diluio 1:3 com soluo de cloreto de ferro 0,15% (p/v) em cido ctrico

    60 mM, seguida de incubao temperatura ambiente 18 h.

    25

  • Material e Mtodos

    Antes da insero, as amostras foram parcialmente purificadas atravs da adio de 5

    volumes de uma soluo de rivanol 0,6% (p/v) em tampo Tris / HC1 0,05 M (ajusta-se o pH

    para valores de 9,1 com Tris 1 M), seguida de centrifugao.

    G

    A fim de proceder remoo dos resduos de cido silico existente nas cadeias de

    hidratos de carbono ligadas molcula GC, as amostras de plasma foram submetidas a uma

    incubao com uma soluo de neuraminidase {Clostridium perfringens, SIGMA type V, 1,8

    U/ml) na proporo de 1:3 durante 18 h a 37C, acrescentando-se posteriormente gua

    bidestilada at obteno de uma diluio final de 1:4. Paralelamente, procedeu-se a uma

    diluio das amostras com gua bidestilada (1:9) para comparao dos padres de bandas

    obtidos.

    2.4. - MTODOS DE SEPARAO

    Electroforese convencional

    Nas tcnicas de electroforese convencional, foram utilizados vrios sistemas de tampo

    para os gis e para as pontes, conforme a protena em estudo.

    Focagem isoelctrica

    Os sistemas de focagem isoelctrica utilizados na separao de protenas foram

    realizados em matrizes de poliacrilamida (T = 5%; C = 3%) com dimenses 230xl00x0,3mm.

    Os gis foram aplicados sobre uma pelcula de suporte GELFIX (SERVA), permitindo o seu

    manuseamento adequado.

    A adio de solues de TEMED 10% (p/v) e persulfato de amnio (PSA) 10% (p/v)

    permitiu a polimerizao do gel temperatura ambiente (24 horas) ou a 37 C durante 1 h.

    As separaes por focagem isoelctrica decorreram sobre placa de arrefecimento a

    aproximadamente 10C (8 - 12C).

    26

  • Material e Mtodos

    HB

    A separao da molcula de HB foi realizada por focagem isoelctrica em gradiente de

    pH livre, segundo a tcnica descrita por FERRAND (1995), com algumas modificaes.

    A composio da soluo de polimerizao e os parmetros elctricos utilizados esto

    indicados nas tabelas 2.4.1 e 2.4.2, respectivamente.

    Tabela 2.4.1: Soluo de polimerizao utilizada para a separao da molcula nativa de HB por focagem isoelctrica.

    Componentes da soluo Quantidades

    Acrilamida 28% (p/v)

    Bisacrilamida 2% (p/v)

    Sacarose

    Anflitos 5-8 (SIGMA) 7-9 (PHARMACIA)

    gua bidestilada TEMED 10% (v/v)

    PSA 10% (p/v)

    1,8 ml

    0,8 ml

    2 g

    300 p.1

    300 ul

    at 10 ml volume final

    10 ul

    70 ul

    Tabela 2.4.2: Parmetros elctricos utilizados na focagem isoelctrica de HB.

    Voltagem (V) Corrente (mA) Potncia (W) Tempo (T)

    Pr focagem 1500 25 1

    2

    3

    30 min

    15 min

    15 min

    Focagem 1500 25 15 2h 30 min

    As solues para os elctrodos foram cido asprtico 0,04 M (nodo) e NaOH 0,1 M

    (ctodo). As amostras foram aplicadas a 1,5 cm do ctodo, tendo sido inseridas com o auxlio

    de um aplicador de borracha silicone (SERVA).

    27

  • Material e Mtodos

    CAII

    A separao de CAII fez-se em gel de amido (15% p/v, SIGMA) conforme o descrito

    por AMORIM (1983), com algumas modificaes, e ainda por focagem isoelctrica em

    gradiente de pH livre.

    Utilizam-se os seguintes sistemas tampo para a separao por electroforese em gel de

    amido:

    Tampo das Pontes: Tris 0,250 M pH = 7,6 cido ctrico 0,067 M

    Tampo do Gel: Diluio 1:10 do tampo das pH = 7,6 pontes

    As amostras foram inseridas em meio Sephadex G-200 (PHARMACIA) na proporo

    de 1:1. As electroforeses foram realizadas em placa de arrefecimento (8C) e com um

    gradiente de potencial de 5 V/cm durante 16 h.

    A tcnica utilizada para a separao de CAII por focagem isoelctrica foi a descrita por

    BOWLING et ai. (1990), com algumas modificaes. A composio da soluo de

    polimerizao e os parmetros elctricos utilizados esto indicados nas tabelas 2.4.3 e 2.4.4,

    respectivamente.

    As solues para os elctrodos foram cido asprtico 0,04 M (nodo) e NaOH 0,1 M

    (ctodo). As amostras foram inseridas com o auxlio de um aplicador de borracha silicone

    (SERVA) colocado a 1,5 cm do ctodo.

    28

  • Material e Mtodos

    Tabela 2.4.3: Soluo de polimerizao utilizada na separao de CAII por focagem isoelctrica.

    Componentes da soluo

    Acrilamida 28% (p/v)

    Bisacrilamida 2% (p/v)

    Sacarose

    Anflitos 4-6,5 (PHARMACIA)

    Anflitos 3,5-10 (PHARMACIA)

    gua bidestilada TEMED 10% (v/v)

    PSA 10% (p/v)

    Quantidades 1,8 ml

    0,8 ml

    2 g

    500 |o.l

    100 ul

    at 10 ml volume final

    10 ul

    70 ul

    Tabela 2.4.4: Parmetros elctricos utilizados na separao de CAII por focagem isoelctrica.

    Voltagem (V) Corrente (mA) Potncia (W) Tempo (T)

    Pr focagem 1500 25 1

    3

    5

    30 min

    15 min

    15 min

    Focagem 2500 25 8

    10

    12

    30 min

    30 min

    30 min

    PEPB

    A separao da PEPB foi realizada em gel de amido (15% p/v, SIGMA) de acordo

    com a tcnica descrita por POVEY et ai. (1972), com algumas modificaes.

    29

  • Material e Mtodos

    Utilizou-se o seguinte sistema tampo:

    Tampo das Pontes: Tris 0,1 M

    pH = 7,4 NaH2P04 0,1 M

    Tampo do Gel: Diluio 1:10 do tampo das

    pH = 7,4 pontes

    As amostras so inseridas em meio Sephadex G-200 (PHARMACIA) na proporo de

    1:1. As electroforeses foram realizadas em placas de arrefecimento (8C) e com um gradiente

    de potencial de 5 V/cm durante 16 h.

    DIA

    No caso da separao de DIA a tcnica idntica utilizada para CAII: electroforese

    em gel de amido (15% p/v, SIGMA) conforme o descrito por AMORIM (1983), com algumas

    modificaes.

    NP, MDH, PGD, GPJ e MPI

    As separaes das enzimas NP, MDH, PGD, GPI e MPI fizeram-se em simultneo por

    electroforese em gel de amido (15% p/v, SIGMA) conforme o descrito por AMORIM et ai.

    (1982), com algumas modificaes.

    Utilizou-se o seguinte sistema tampo:

    1,130 M

    0,400 M

    0,020 M 0,010 M

    Tampo das Pontes: NaOH

    pH = 6,0 cido ctrico

    Tampo do Gel: His/HCl

    pH = 6,0 NaOH

    30

  • Material e Mtodos

    As amostras foram inseridas em meio Sephadex G-200 (PHARMACIA) na proporo

    de 1:1. As electroforeses foram realizadas em placas de arrefecimento (8C) e com um

    gradiente de potencial de 8 V/cm durante 15 h.

    ALB

    Nas tabelas 2.4.5 e 2.4.6 indicam-se, respectivamente, a composio da soluo de

    polimerizao para a separao de ALB por focagem isoelctrica, segundo a tcnica descrita

    por ROCHA et ai. (1991), com algumas modificaes, e os parmetros elctricos.

    Tabela 2.4.5: Soluo de polimerizao utilizada para a separao de ALB por focagem isoelctrica.

    Componentes da soluo Quantidades

    Acrilamida 28% (p/v)

    Bisacrilamida 2% (p/v)

    Ureia

    Anflitos 5-6 (PHARMACIA) Anflitos 5-8 (PHARMACIA) Anflitos 6-8 (PHARMACIA)

    gua bidestilada TEMED 10% (v/v)

    PSA 10% (p/v)

    1,8 ml

    0,8 ml

    4,8 g

    250 ni

    250 ni

    125 ul

    at 10 ml volume final

    30 ul

    70 ul

    Tabela 2.4.6: Parmetros elctricos utilizados na separao de ALB por focagem isoelctrica.

    Voltagem (V) Corrente (mA) Potncia (W) Tempo (T)

    Pr focagem 1500 25

    Focagem 1500 25

    1 30 min

    2 15 min

    3 15 min

    4 3 h

    5 30 min

    31

  • Material e Mtodos

    As solues para os elctrodos foram cido asprtico 0,04 M (nodo) e NaOH 1 M

    (ctodo). As amostras foram aplicadas a 1,5 cm do ctodo, com o auxlio de um aplicador de

    borracha silicone (SERVA).

    TF

    A separao da molcula de TF foi efectuada por focagem isoelctrica. A composio

    da soluo de polimerizao e os parmetros elctricos utilizados esto indicados nas tabelas

    2.4.7 e 2.4.8, respectivamente.

    Tabela 2.4.7: Soluo de polimerizao utilizada para a separao da TF por focagem isoelctrica.

    Componentes da soluo Quantidades

    Acrilamida 28% (p/v)

    Bisacrilamida 2% (p/v)

    Sacarose

    Anflitos 3,5-5(LKB)

    Anflitos 4-6,5 (PHARMACIA)

    gua bidestilada

    TEMED 10% (v/v) PSA 10% (p/v)

    1,8 ml

    0,8 ml

    2 g

    100 ul

    500 ul

    at 10 ml volume final

    30 ul

    70 ul

    Tabela 2.4.8: Parmetros elctricos utilizados na separao de TF por focagem isoelctrica.

    Voltagem (V) Corrente (mA) Potncia (W) Tempo (T)

    Pr focagem 1500 25

    Focagem 2500 25

    l 20 min

    2 10 min

    3 10 min

    8 30 min

    10 30 min

    12 30 min

    32

  • Material e Mtodos

    As solues para os elctrodos foram de cido asprtico 0,04 M (nodo) e de NaOH

    1 M (ctodo). As amostras foram aplicadas a 1,5 cm do ctodo, com o auxlio de um aplicador

    de borracha silicone (SERVA).

    GC

    Nas tabelas 2.4.9 e 2.4.10 apresenta-se, respectivamente, a composio da soluo de

    polimerizao e os parmetros elctricos utilizados na focagem isoelctrica de GC.

    Tabela 2.4.9: Soluo de polimerizao utilizada para a separao da GC por focagem isoelctrica.

    Componentes da soluo Quantidades

    Acrilamida 28% (p/v)

    Bisacrilamida 2% (p/v)

    Sacarose

    Anflitos 4,5-5,4 (PHARMACIA)

    Anflitos 4-6 (LKB)

    gua bidestilada TEMED 10% (v/v)

    PSA 10% (p/v)

    1,8 ml

    0,8 ml

    2 g

    437 ul

    188 (il

    10 ml volume final

    10 ul

    70 ul

    Tabela 2.4.10: Parmetros elctricos utilizados na separao de GC por focagem isoelctrica.

    Voltagem (V) Corrente (mA) Potncia (W) Tempo (T)

    Pr focagem 1500 25

    Focagem 1500 25

    1 30 min

    2 15 min

    3 15 min

    4 3 h

    5 30 min

    33

  • Material e Mtodos

    Para os elctrodos, foram utilizadas solues de cido asprtico 0,04 M (nodo) e de

    NaOH 0,2 M (ctodo). As amostras foram inseridas com o auxlio de um aplicador de

    borracha silicone (SERVA), colocado a 1,5 cm do ctodo.

    2.5. - MTODOS DE DETECO

    Aps a separao das protenas, os padres electroforticos foram geralmente obtidos

    por deteco especfica, aproveitando a actividade cataltica das enzimas. Noutros casos, a

    revelao foi feita por colorao geral de protenas.

    HB

    A visualizao da HB foi obtida mediante colorao geral de protenas, segundo o

    seguinte procedimento:

    Fixao:

    Imerso do gel numa soluo de cido tricloroactico 12,5% (p/v), durante 10 minutos.

    Colorao geral de protenas:

    Colorao com uma soluo de Coomassie R-250 0,115% (p/v) numa mistura de cido

    actico/etanol/gua destilada (4:25:71) aps aquecimento, seguida de filtrao, durante

    5-10 minutos. A descolorao feita com cido actico, etanol e gua destilada,

    aquecida a cerca de 60C, at se obter o contraste desejado.

    CAII

    Aps separao por electroforese em gel de amido, visualizou-se a CAII pela sua

    actividade estersica, adicionando-se diacetato de fluorescena (em quantidades vestigiais que

    34

  • Material e Mtodos

    foram previamente dissolvidas em 200 \ de acetona) a uma soluo de incubao tamponada (pH = 6,6). Esta soluo de incubao composta por cido ctrico 27 mM e Na2HP04 116 mM, e foi aplicada sobre o gel de amido com o auxlio de papis de filtro Whatman nl.

    Em seguida, incubou-se durante 30 minutos a 37C. A observao das bandas de CAII (devido

    sua capacidade estersica) feita sob luz ultravioleta.

    Aps separao por focagem isoelctrica, utilizou-se uma colorao geral de protenas

    para visualizao da CAII, segundo o mtodo descrito para a HB, sem fixao.

    PEPB

    A deteco da PEPB aps a separao electrofortica foi feita atravs da aplicao,

    sobre o gel de amido, de papis de filtro Whatman nl embebidos numa soluo de colorao,

    seguindo-se uma incubao de 30 minutos a 37C.

    A soluo de colorao contm o substrato da PEPB, L-leucilglicil-glicina 0,004 M,

    veneno de cobra da espcie Agkistrodon piscivorus piscivorus 0,4% (p/v), MTT 2,4 mM e

    metosulfato de fenazina (PMS) 0,3 mM num tampo de pH = 8,0 (Tris/ HC10,05 M).

    DIA

    Aps a separao por electroforese em gel de amido, a identificao da DIA foi obtida

    pela adio de uma soluo de colorao a uma fatia do gel. A incubao decorreu durante 2

    horas a 37C.

    A soluo de colorao foi realizada em duas fases:

    Io - colocou-se 2,6-diclorofenol-indofenol (DCIP) 0,1 mM com um tampo de

    pH = 8,5 (Tris/ HC1 0,05M), adicionando-se mistura gua bidestilada at perfazer

    50 ml. Em seguida filtrou-se a soluo.

    2o - soluo filtrada adicionou-se MTT 0,3 mM e NADH 0,2 mM e agitou-se antes

    de verter sobre a fatia de gel de amido.

    35

  • Material e Mtodos

    NP

    A deteco da enzima NP, aps a separao por electroforese, foi feita atravs da

    aplicao, sobre o gel de amido, de papis de filtro Whatman nl embebidos com a soluo de

    colorao. Em seguida, incubou-se durante 15 minutos a 37C.

    A soluo de incubao contm inosina 3,7 mM, MTT 2,4 mM, XOD 0,004 U/ml, uma

    gota de azul de Meldola (SIGMA) (10 %, v/v em gua bidestilada) e uma soluo de tampo

    de incubao pH = 7,5 constituda por KH2P04 0,05 M e NaOH 0,04 M.

    MDH

    Na deteco da actividade enzimtica de MDH foi utilizado o mtodo de sandwich,

    aps a sua separao electrofortica em gel de amido. Em seguida, incubou-se durante 15

    minutos a 37C. O mtodo de sandwich consiste na aplicao de uma fatia de gel de amido

    entre duas folhas de papel de filtro Whatman nl embebido com a soluo de colorao.

    A soluo de colorao utilizada na deteco da MDH contm NAD 1 mM, MTT

    2 mM e piruvato de sdio (quantidades vestigiais). Esta soluo foi feita com um tampo de

    incubao pH = 7,4 constitudo por cido mlico 0,222 M, Tris 0,50 M e MgCl2 0,02 M.

    PGP

    A deteco da actividade enzimtica de PGD foi feita pelo mtodo de sandwich, aps a

    sua separao electrofortica em gel de amido.

    A soluo de colorao contm quantidades vestigiais de cido 6-fosfoglucnico,

    NADP, MTT, e uma gota de azul de Meldola (0,5%, p/v em gua bidestilada) dissolvidos num

    tampo de pH = 7,4 constitudo por Tris 0,1 M, His/HCl 0,1 M, Imidazol 0,015 M e MgCl2 0,005 M.

    36

  • Material e Mtodos

    GPI

    A deteco da actividade enzimtica de GPI foi feita pelo mtodo de sandwich, aps a

    sua separao electrofortica em gel de amido.

    A soluo de colorao contm frutose-6-fosfato 5,5 mM, NADP 2,2 mM, MTT

    4 mM, desidrogenase da glucose-6-fosfato (G6PD) 1,4 U/ml e uma gota de azul de Meldola

    (0,5%, p/v em gua bidestilada) dissolvidos num tampo de pH = 7,4 constitudo por Tris 0,1

    M, His/HCl 0,1 M, Imidazol 0,015 M e MgCl2 0,005 M.

    MPI

    Detectou-se a actividade enzimtica de MPI pelo mtodo de sandwich, aps a sua

    separao electrofortica em gel de amido.

    A soluo de colorao contm manose-6-fosfato 4,2 mM, NADP 1,3 mM, MTT

    2,4 mM, e uma gota de azul de Meldola (0,5%, p/v em gua bidestilada) dissolvidos num

    tampo de pH = 7,4 constitudo por Tris 0,1 M, His/HCl 0,1 M, Imidazol 0,015 M e MgCl2

    0,005 M. Por fim, adicionaram-se as enzimas isomerase da glucose-6-fosfato (GPI) 3 U/ml e

    desidrogenase da glucose-6-fosfato (G6PD) 5 U/ml.

    ALBeTF

    A deteco de ALB e de TF foi efectuada atravs do mtodo de colorao geral de

    protenas descrito para a HB, utilizando-se Coomasie R-250, sem fixao.

    G

    A visualizao de GC efectuou-se por deteco imunoenzimtica aps transferncia da

    protena para uma membrana de nitrocelulose (0,45 pm; SCHLEICHER & SCHULL),

    segundo a tcnica descrita por FERRAND (1995).

    37

  • Material e Mtodos

    Aps esse processo de transferncia, as membranas de nitrocelulose foram lavadas 3

    vezes (15 minutos) numa soluo de Tween 20 (MERCK) 0,025% (v/v) em soro fisiolgico

    tamponado com fosfato (PBS: Na2HP04 50 mM, KH2P04 18mM, NaCl 147 mM, pH = 7,1), e

    bloqueadas numa soluo de leite em p magro (5% p/v em PBS) durante 18 h, com agitao

    permanente e temperatura ambiente.

    Depois da primeira lavagem, aplicou-se o antisoro (anti-GC humana, ATAB 81936),

    diludo 1:170 em PBS com 1% (p/v) de albumina srica bovina (SIGMA), durante 1 h

    temperatura ambiente.

    Repetiu-se novamente a lavagem, segundo o processo j referido, seguindo-se a

    aplicao do segundo antisoro (anticorpos contra imunoglobulinas caprinas desenvolvidos em

    coelho, e conjugados com uma peroxidase; ATAB 83806), diludo 1:600 em PBS com 1%

    (p/v) de albumina srica bovina (SIGMA), durante 1 h temperatura ambiente.

    Depois de duas lavagens (5 minutos) com Tween 20/PBS, procedeu-se deteco da

    GC com uma soluo de 9-amino-2-etilcarbazol 0,04% (p/v) e de metanol 20% (v/v) em PBS.

    As bandas correspondentes actividade peroxidsica aparecem rapidamente, bloqueando-se a

    reaco com gua bidestilada.

    2.6. - MTODOS DE CLCULO

    As frequncias gnicas foram calculadas por contagem directa de genes a partir da

    distribuio fenotpica obtida.

    O clculo dos valores de heterozigotia mdia (H), da proporo de loci polimrficos

    (P), do nmero mdio de alelos por locus (ria), estatsticas F e frequncias fenotpicas

    esperadas segundo o equilbrio de Hardy-Weinberg, foi efectuado com a utilizao do

    programa BIOSYS verso 1.7 (SWOFFORD & SELANDER, 1989).

    O clculo de distncias genticas e obteno de dendrogramas, foi efectuado com o

    programa PHYLIP verso 3.5 (FELSENTEIN, 1993).

    38

  • Resultados e Discusso

    3. - RESULTADOS E DISCUSSO

    3.1. - ANLISE DOS MTODOS DE SEPARAO

    De entre os 12 loci estudados neste trabalho, detectaram-se 5 monomrficos

    (PEPB, DIA, GPI, MDH e PGD) e 7 polimrficos (HB, CAII, NP, MPI, ALB, TF e GC).

    Loci monomrficos

    PEPB

    A utilizao de tcnicas de electroforese em gel de amido permitiu a deteco de

    um s fentipo (figura 3.1.1), correspondente a indivduos homozigticos para o alelo

    PEPB*2, descrito por DEL LAMA et ai. (1992). No entanto, na raa Minhota detectou-se

    um indivduo heterozigtico.

    O fentipo PEPB 2 apresenta um padro com duas bandas, uma de grande

    intensidade e outra secundria, mais andica, de menor intensidade. No indivduo

    heterozigtico 2-1 (no representado) observou-se um padro de trs bandas, sendo a

    terceira mais andica e menos intensa.

    A quase inexistncia de PEPB*1 nas raas estudadas est de acordo com o referido

    em DEL LAMA et ai. (1992), que sugere a fixao de PEPB*2 na maior parte das

    populaes de bovinos de origem europeia (com excepo das raas italianas Marchigiana

    e Chianina).

    39

  • Resultados e Discusso

    +

    Figura 3.1.1: Fentipos de PEPB observados por electroforese convencional em gel de amido.

    DIA

    Os resultados obtidos para a enzima DIA revelaram ausncia de polimorfismo

    electrofortico (figura 3.1.2). Resultados semelhantes foram tambm obtidos em vrias

    raas autctones espanholas (GONZALEZ et ai, 1987; IGLESIAS, 1989; ARRANZ et ai,

    1992).

    MAKAVEEV (1979 in IGLESIAS, 1989) detectou polimorfismo desta enzima em

    eritrcitos de bfalos da Bulgria e nas raas bovinas Frisia e Simmental, descrevendo dois

    alelos codominantes, DIA*A e DIA*B.

    Figura 3.1.2: Padro de DIA observado por electroforese convencional em gel de amido.

    40

  • Resultados e Discusso

    No se detectou variao electrofortica para o locus GPI. Estes resultados no se

    podem comparar com os obtidos noutras raas por no ter sido possvel consultar outros

    trabalhos onde se descrevesse variao do locus GPI em gado bovino.

    A figura 3.1.3 apresenta o padro obtido para esta enzima, observando-se trs

    bandas, duas com grande intensidade, e uma banda mais andica de menor intensidade.

    Figura 3.1.3: Padro de GPI obtido em hemolisados por electroforese convencional em gel de amido.

    MDH

    A enzima MDH revelou-se monomrfca. Este resultado concordante com outros

    estudos (ARRANZ et ai, 1992).

    Na figura 3.1.4 observa-se o padro de bandas detectado por electroforese

    convencional em gel de amido.

    Figura 3.1.4: Padro de MDH observado por electroforese convencional em gel de amido.

    41

  • Resultados e Discusso

    PGD

    A enzima PGD revelou-se monomrfica para as raas Barros e Minhota; tambm

    neste caso no se encontrou qualquer referncia bibliogrfica relativa a um possvel

    polimorfismo deste locus em gado bovino.

    Na figura 3.1.5 observa-se o padro obtido para esta enzima. Em amostras

    armazenadas por um longo perodo de tempo detectaram-se duas bandas, sendo a mais

    andica a que revela menor intensidade; as amostras mais recentes apresentam um padro

    electrofortico com uma s banda.

    Figura 3.1.5: Padro de PGD observado por electroforese convencional em gel de amido.

    Loci polimrficos

    HB

    A electroforese convencional no permite discriminar os electromorfos de HB. No

    entanto, a utilizao de sistemas de focagem isoelctrica conduz deteco de

    polimorfismo nesta protena, observando-se dois fentipos, HB A e HB AB.

    Na figura 3.1.6 observa-se o padro electrofortico desta molcula, resultante da

    expresso de dois alelos codominantes, HB*A e HB*B. Resultados idnticos esto

    descritos em raas bovinas da Pennsulas Ibrica (VICENTE, 1978; KiDD et ai, 1980;

    IGLESIAS, 1989).

    42

  • Resultados e Discusso

    + -HB*B

    HB*A

    AB AB A A

    Figura 3.1.6: Separao de hemoglobina nativa por focagem isoelctrica.

    AH

    A utilizao de electroforese em gel de amido e focagem isoelctrica permitiu

    identificar trs fentipos, CAII F, CAII FS e CAII S, atribudos expresso de dois alelos

    codominantes, CA*F e CA*S (figuras 3.1.7 e 3.1.8). Porm, a separao por electroforese em

    gel de amido implica alguma morosidade (tempos de corrida muito longos) e, em amostras

    coaguladas, o erro de leitura pode ser superior a 20%. Estas dificuldades so minimizadas

    quando se recorre a focagem isoelctrica.

    Assim, a separao da enzima CAII por focagem isoelctrica oferece vrias vantagens,

    nomeadamente:

    rapidez e simplicidade de execuo;

    utilizao de pequenas quantidades de material biolgico;

    maior nmero de amostras fenotipadas por corrida;

    possibilidade de utilizao de amostras coaguladas.

    43

  • Resultados e Discusso

    F F F S FS FS F S FS

    Figura 3.1.7: Fentipos de CAII observados sob luz ultravioleta, aps separao por electroforese convencional em gel de amido e colorao com diacetato de fluoresceina.

    CAII*F

    | CAII*S

    Figura 3.1.8: Fentipos de CAII observados por focagem isoelctrica, aps colorao geral de protenas.

    NP

    A expresso fenotpica de NP resulta das combinaes possveis entre um alelo

    dominante, NP*H, e um recessivo, NP*L (ANSAY, 1973). Este facto implica que apenas em

    presena do feno tipo NP L possvel fazer corresponder um gentipo (j que o fentipo NP H

    pode corresponder aos gentipos H/H e H/L e o fentipo NP L corresponde ao gentipo L/L).

    Na figura 3.1.9 apresenta-se o padro obtido para a protena aps separao

    electrofortica em gel de amido.

    44

    +

    : . ' .w

    FS FS ]

  • Resultados e Discusso

    H L L H L L

    Figura 3.1.9: Fentipos de NP detectados por electroforese convencional em gel de amido.

    MPI

    Na raa Minhota detectaram-se quatro fentipos, MPI AB, MPI B, MPI BC e MPI C,

    anteriormente descritos por ANSAY (1973) em bovinos; na raa Barros apenas se observam

    os trs ltimos fentipos. De acordo com o mesmo autor, os fentipos encontrados nesta raa

    resultam da combinao de dois alelos codominantes, MPI*B e MPPC, enquanto que MPI*A

    aparece na raa Minhota com uma frequncia reduzida.

    Como se pode observar pela anlise da figura 3.1.10, MPI*A aparece como o alelo

    mais andico, MPI*C como o mais catdico e o alelo mais frequente, MPI*B, situa-se numa

    posio intermdia em relao aos anteriores. Contudo, a intensidade das bandas muito

    fraca, tornando-se quase imperceptvel em alguns casos. Esta grande dificuldade em obter um

    contraste de bandas adequado, mesmo aps longos perodos de incubao a 37C, poder,

    eventualmente, levar a uma incorrecta interpretao dos fentipos. Assim, a utilizao de

    sistemas de focagem isoelctrica na determinao destes fentipos seria aconselhvel, a fim

    de verificar os resultados obtidos por electroforese convencional.

    45

  • Resultados e Discusso

    Figura 3.1.10: Fentipos de MPI observados por electroforese convencional em gel de amido.

    ALB

    A separao por focagem isoelctrica permitiu detectar polimorfismo em ALB. Cada

    indivduo homozigtico aparece com trs bandas: duas de maior intensidade e uma mais

    acdica, com menor intensidade; os indivduos heterozigticos podem apresentar at seis

    bandas.

    Esta heterogeneidade nos padres de ALB tem sido interpretada como o resultado da

    capacidade desta protena se ligar a vrias substncias diferentes (FERRAND, 1995). Com a

    incluso de ureia (8M) na matriz de separao, reagente que provoca a desnaturao da

    protena levando a uma alterao do seu pi para uma zona mais bsica do gradiente,

    conseguem-se obter padres de bandas mais simples e mais definidos (KAWAGUCHI, 1973;

    FERRAND, 1995).

    Na figura 3.1.11 apresentam-se os padres observados que foram interpretados como

    sendo determinados por trs alelos codominantes, ALB*A, ALB*B e ALB*V.

    GAHNE et ai. (1977) e IGLESIAS (1989) detectaram, por electroforese em gel de

    poliacrilamida e de amido, respectivamente, dois variantes em gado bovino, ALB*A e

    ALB*B. A utilizao de focagem isoelctrica veio confirmar a existncia destes dois alelos e

    acrescentar um terceiro, designado por ALB*V, com uma mobilidade mais acdico do que

    ALB*A.

    46

  • Resultados e Discusso

    A B A B A B B B A B A G

    Figura 3.1.11: Fentipos de ALB determinados em amostras de plasma por focagem isoelctrica na presena de ureia 8M.

    ARRANZ et ai. (1992) revelaram a existncia de um outro variante (ALB*D), com

    mobilidade electrofortica intermdia entre ALB*A e ALB*B, ainda no descrito em

    nenhuma raa autctone espanhola. Este alelo poder corresponder ao alelo ALB*V

    encontrado neste trabalho, apesar de apresentar um pi mais cidico do que ALB*A (ARRANZ,

    comunicao pessoal).

    Desta forma, a tcnica de separao por focagem isoelctrica provou ser eficaz na

    separao dos variantes de ALB, tal como j foi demonstrado no gato (BELL et ai, 1994), na

    ovelha (ERHARDT & SIMIANER, 1993) e no coelho (FERRAND & ROCHA, 1992).

    TF

    A transferrina um dos marcadores mais importantes no estudo e caracterizao

    gentica de raas bovinas devido ao seu elevado polimorfismo. No entanto, a sua fenotipagem

    no simples, existindo frequentemente problemas de resoluo e de separao das bandas

    (IGLESIAS, 1989).

    A fim de averiguar qual a melhor forma de separar os diferentes produtos gnicos

    descritos no locus TF, testaram-se vrios sistemas electroforticos em gis de agarose numa

    vasta gama de sistemas tampo. Esta tcnica no ofereceu resultados satisfatrios, pelo que se

    passou separao da TF por focagem isoelctrica, recorrendo a matrizes de poliacrilamida

    47

  • Resultados e Discusso

    com diferentes concentraes de ureia (6M e 8M); tambm neste caso no se conseguiram

    resultados positivos.

    Este tipo de dificuldades encontradas na fenotipagem da TF por focagem isoelctrica

    tinham j sido descritos noutras espcies, nomeadamente na cabra (ERHARDT, 1986) e no

    coelho (FERRAND, 1995). No entanto, TSUJI et ai. (1989) demostraram ser possvel fenotipar

    esta protena em bovinos, por focagem isoelctrica, sem grandes problemas e sem qualquer

    aditivo na matriz de poliacrilamida.

    Desta forma, a utilizao de uma tcnica de focagem isoelctrica com um gradiente de

    pH 3,5-6,5, reforado em 4,0-6,5, permitiu separar os produtos gnicos do locus TF. Contudo,

    os padres obtidos nem sempre eram definidos, tornando-se dificilmente interpretveis.

    Na tentativa de melhorar os padres de resoluo e de verificar se a variao detectada

    no resultava de diferenas no estado frrico da molcula de TF, ou ainda da existncia de

    cidos silicos ligados molcula, procedeu-se sua separao aps vrios tratamentos das

    amostras.

    A remoo dos cidos silicos atravs do tratamento das amostras com neuraminidase

    no permitiu a obteno de bandas definidas; este tratamento no altera significativamente o

    padro das bandas de TF de bovinos, como j tinha sido descrito por PENHALLOU et ai.

    (1991).

    A obteno de TF no estado apofrrico foi conseguida submetendo as amostras a um

    tratamento com EDTA-dissdico. Neste caso observa-se que apoTF apresenta uma

    mobilidade menor e um padro de bandas mais simples, mas ainda sem uma definio

    adequada.

    A forma Fe2TF foi obtida mediante vrios tratamentos com dadores de Fe (ver captulo

    Material e Mtodos). Os resultados s se mostraram satisfatrios atravs da saturao da

    molcula de TF com uma soluo de sulfato de amnio frrico, provavelmente por causar uma

    maior estabilidade da molcula ao longo da sua separao por focagem isoelctrica com

    elevadas voltagens, pois, segundo WELCHS (1990), a forma difrrica da transferrina mais

    resistente desnaturao e ao calor do que a forma apoTF.

    48

  • Resultados e Discusso

    Esto descritos pelo menos oito alelos no locus TF: TF*Al, TF*A2, TF*B, TF*D1,

    TF*D2, TF*E, TF*F e TF*G; os mais comuns no gado europeu (Bos taurus) so TF*A,

    TF*D1, TF*D2 e TF*E (JAMIESON, 1965). No gado asitico e africano (Bos indicus) ocorrem,

    alm das formas anteriores, os alelos TF*B e TF*F.

    Na figura 3.1.12 apresenta-se o proteinograma obtido com a utilizao de amostras

    saturadas com Fe. Esta tcnica permitiu a separao de TF*D em TF*D1 e TF*D2, e a

    deteco de todos os outros fentipos descritos em bovinos europeus. Assim, observaram-se

    quatro alelos codominantes, TF*A, TF*D1, TF*D2 e TF*E.

    A expresso fenotpica dos alelos em homozigotia caracteriza-se pela presena de dois

    dupletos de bandas, aparecendo a banda mais acdica de cada dupleto com intensidade mais

    fraca. Os indivduos herozigticos podem apresentar at oito bandas.

    Figura 3.1.12: Fentipos de TF determinados por focagem isoelctrica apartir de amostras saturadas com uma soluo de sulfato de amnio frrico.

    IGLESIAS (1989) detectou TF*A e TF*D nas cinco raas de bovinos da Galiza, o

    variante TF*E na raa Cachena espanhola e um outro variante raro, TF*R, com mobilidade

    mais lenta, na raa Rubia Galega.

    QQ

    A GC uma protena plasmtica que demonstra um elevado grau de heterogeneidade

    gentica em mamferos (FERRAND, 1995).

    A separao de GC em focagem isoelctrica, seguida da utilizao de immunoblotting,

    melhorou de forma considervel a capacidade de investigar a variao desta protena em

    49

  • Resultados e Discusso

    diferentes espcies (JUNEJA et ai, 1987, PENEDO & JUNEJA, 1989; STRATIL et ai, 1990;

    KALB et ai, 1990; STERN et ai, 1992; VANKAN & BELL, 1992; FERRAND, 1995).

    Nas figuras 3.1.13 e 3.1.14 apresentam-se alguns dos fentipos obtidos na separao

    da GC por focagem isoelctrica. Verifica-se que em amostras tratadas com neuraminidase o

    padro de bandas se apresenta mais simplificado, surgindo, no entanto, duas bandas (uma

    mais bsica e uma mais acdica) de natureza desconhecida. Os padres observados foram

    interpretados como sendo determinados por dois alelos, GC*F e GC*S.

    GC*F

    S F S FS S FS F F S FS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

    Figura 3.1.13: Fentipos de GC determinados por focagem isoelctrica; amostras 1, 8, 9 e 10 tratadas com neuraminidase; amostras 2 a 7 diludas em gua bidestilada.

    '" '""S1 '" ' """$*" ,,,:,l,::: S-: -

    FS S S S F S FS S FS F S

    Figura 3.1.14: Fentipos de GC determinados em amostras de plasma tratados com neuraminidase aps focagem isoelctrica.

    Nota-se a existncia de dois alelos codominantes, GC*F e GC*S, sendo o segundo

    mais acdico do que o primeiro.

    50

  • Resultados e Discusso

    3.2. - ANLISE FAMILIAR

    A realizao da anlise familiar relativo ao conjunto de loci polimrficos estudados

    observa-se no estudo de 27 pares me/filho. Esta situao resulta da grande dificuldade

    existente na obteno de informao sobre os machos.

    Os resultados apresentam-se nas tabelas 3.2.1 a 3.2.6. no foi possvel testar o

    equilbrio de Hardy-Weinberg devido ao reduzido tamanho da amostra, bem como ao facto de

    vrios alelos ocorrerem em baixa frequncia.

    Refira-se que no foi detectado qualquer caso de excluso me/filho.

    Tabela 3.2.1: Sistema CAII. Distribuio fenotpica em 27 pares me/filho. Os valores esperados segundo o equilbrio de Hardy-Weinberg esto indicados entre parntesis.

    Total

    4 (3,2) 17

    (12,2) 6

    (11,6) 27

    Tabela 3.2.2: Sistema NP. Distribuio fenotpica em 27 pares me/filho. Os valores esperados segundo o equilbrio de Hardy--Weinberg esto indicados entre parntesis.

    Total

    14

    (11.4)

    13

    (15,6)

    27

    ^ ^ ^ Filho

    Me " " " - ^ F

    Fentipos

    F f~ (1,1)

    FS 2

    (2,1)

    S

    Total 3

    Fentipos

    FS S

    3

    (2,1)

    10 5

    (6,1) (4,0)

    1 5

    (4,0) (7,6)

    14 10

    - v ^ ^ Filho Fentipos

    Me """'"- ^ H L

    Fentipos

    H 10 4

    (7,7) (3,7)

    L 5 8

    (3,7) (11,9)

    Total 15 12

    51

  • Resultados e Discusso

    Tabela 3.2.3: Sistema MPI. Distribuio fenotpica em 26 pares me/filho. Os valores esperados segundo o equilbrio de Hardy-Weinberg esto indicados entre parntesis.

    ^ Filho Fentipos Total

    Me "" ^ ~ ^ A AB AC B BC c Fentipos

    A 0 0 0 - - - 0

    (0,0) (0,0) (0,0) (0,0)

    AB 0 0 0 0 0 - 0

    (0,0) (0,0) (0,0) (0,0) (0,0) (0,0)

    AC 0 0 0 - 0 0 0

    (0,0) (0,0) (0,0) (0,0) (0,0) (0,0)

    B - 0 - 24 1 - 25

    (0,0) (24,2) (0,6) (24,8)

    BC - 0 0 1 0 0 1

    (0,0) (0,0) (0,6) (0,6) (0,0) (1,2)

    C - - 0 - 0 0 0

    (0,0) (0,0) (0,0) (0,0)

    Total 0 0 0 25 1 0 26

    Tabela 3.2.4: Sistema ALB. Distribuio fenotpica em 27 pares me/filho. Os valores esperados segundo o equilbrio de Hardy-Weinberg esto indicados entre parntesis.

    ^ ^ Filho Fentipos Total

    M e ^ ^ - s ^ ^ A AB AV B BV V

    Fentipos

    A 24 2 0 - - - 26

    (25,1) (0,4) (0,2) (25,7)

    AB 0 0 0 0 0 - 0

    (0,4) (0,4) (0,0) (0,0) (0,0) (0,8)

    AG 1 0 0 - . 0 0 1

    (0,2) (0,0) (0,2) (0,0) (0,0) (0,4)

    B - 0 - 0 0 -. 0

    (0,0) (0,0) (0,0) (0,0)

    BG - 0 0 0 0 0 0

    (0,0) (0,0) (0,0) (0,0) (0,0) (0,0)

    G - - 0 - 0 0 0

    (0,0) (0,0) (0,0) (0,0)

    Total 25 2 0 0 0 0 27

    52

  • Resultados e Discusso

    Tabela 3.2.5: Sistema TF. Distribuio fenotpica em 27 pares me/filho. Os valores esperados segundo o equilbrio de Hardy-Weinberg esto indicados entre parntesis.

    \ Filho Fentipos Total

    Me ^ A ADI AD2 AE Dl D1D2 DIE D2 D2E E

    Fentipos

    A 6

    (5,1)

    1

    (1,4)

    4

    (2,1)

    1

    (0,3)

    12

    (8,9)

    ADI 1 2 0 0 0 0 0 - - - 3 (1,4) (2,4) (0,6) (0,1) (0,4) (0,6) (0,1) (5,6)

    AD2 2 0 5 0 - 0 - 2 0 - 9

    (2,1) (0,6) (3,6) (0,1) (0,6) (0,8) (0,1) (7,9)

    AE 0 0 0 0 - - 0 . - 0 0 0 (0,3) (0,1) (0,1) (0,6) (0,1) (0,1) (0,0) (1,3)

    Dl " 0 (0,4)

    " " 1

    (0,1)

    1

    (0,2)

    0

    (0,0)

    - " 2 (0,7)

    D1D2 - 0 1 - 0 0 0 0 0 - 1 (0,6) (0,6) (0,2) (1,0) (0,0) (0,2) (0,0) (2,6)

    DIE - 0 - 0 0 0 0 - 0 0 0 (0,1) (0,1) (0,0) (0,0) (0,2) (0,0) (0,0) (0,4)

    D2 " " 0 (0,8)

    " " 0 (0,2)

    " 0 (0,3)

    0

    (0,1)

    - 0 (1,4)

    D2E - - 0 0 - 0 0 0 0 0 0

    (0,1) (0,1) (0,0) (0,0) (0,1) (0,2) (0,0) (0,5) E " " 0

    (0,0) " " 0

    (0,0)

    * 0 (0,0)

    0

    (0,0)

    0

    (0,0)

    Total 9 3 10 1 1 1 0 2 0 0 27

    Tabela 3.2.6: Sistema GC. Distribuio fenotpica em 27 pares me/filho. Os valores esperados segundo o equilbrio de Hardy-Weinberg esto indicados entre parntesis.

    - - ^ F i l h o Fentipos Total

    Me ^ ^ \ . 1 2-1 2

    Fentipos

    1 17 2 19

    (15,6) (3,1) (18,7)

    2-1 5 2 0 7

    (3,1) (3,8) (0,6) (7,5)

    2 _ 1 0 1

    (0,6) (0,1) (0,7)

    Total 22 5 0 27

    53

  • Resultados e Discusso

    3.3. - ANLISE POPULACIONAL LOCUS A LOCUS

    Neste captulo faz-se a anlise populacional dos loci polimrficos, e ainda dos loci

    PEPB e DIA, para os quais no se detectou variao na raa Barros. A sua incluso justifica-

    -se pelo facto de serem polimrficos noutras raas bovinas, ou em espcies aparentadas.

    PEPB

    O locus PEPB revelou-se monomrfico nas trs populaes de bovinos de raa

    Barros e Minhota, tendo sido detectado um nico produto gnico, PEPB*2 (observado um

    indivduo heterozigtico da raa Minhota). No entanto, este locus referido como polimrfico

    em raas bovinas criadas no Brasil, onde se detectaram dois alelos codominantes, PEPB*1 e

    PEPB*2 (DEL LAMA et ai, 1992).

    O alelo PEPB*2 est fixado nas raas de origem europeia, incluindo as estudadas neste

    trabalho, excepto nas raas italianas Marchigiana e Chianina, nas quais PEPB*1 apresenta

    frequncias gnicas entre 0,11 e 0,14 (tabela 3.3.1).

    Tabela 3.3.1: Frequncias gnicas de PEPB em vrias raas bovinas.

    N

    Frequncias gnicas N PEPB*1 PEPB*2 Referncia

    Barros inscrita 141 - 1,00 Este trabalho

    Barros no inscrita 153 - 1,00 t i

    Minhota 62 0,01 0,003 0,99 0,003 ec

    Blonde d'Aquitaine 13 - 1,00 DEL LAMAetal.{ 1992)

    Charolesa 118 - 1,00

    Chianina 83 0,14 0,03 0,86 0,03 t t

    Hereford 79 - 1,00 et

    Frisia 125 - 1,00 t t

    Jersey 139 - 1,00 "

    Limousine 24 - 1,00 "

    Marchigiana 85 0,11 0,02 0,89 0,02 te

    Simmental 75 - 1,00 t t

    54

  • Resultados e Discusso

    DIA

    Pela anlise da tabela 3.3.2 verifica-se no existir variao gentica neste locus nas

    raas bovinas apresentadas, estando fixado o alelo DIA*S; os resultados obtidos esto de

    acordo com os j publicados por outros autores (GONZALEZ et ai, 1987; IGLESIAS, 1989). Por

    outro lado, nas populaes de bfalos, ocorre um segundo alelo, DIA*F, com frequncias

    entre 0,19 e 0,21.

    Tabela 3.3.2: Frequncias gnicas de DIA em vrias populaes de raas bovinas e bfalos.

    Frequncias gnicas

    N DIA*F DIA*S Referncia

    Portugal

    Barros inscrita 141

    Barros no inscrita 153

    Minhota 62

    Espanha

    Cachena 71

    Caldelana 60

    Frieiresa 33

    Limiana 39

    Rubia Gallega 168

    Vianesa 40

    Sayaguesa (Zamora) 147

    Morucha (Salamanca) 101

    Alistana Sanabresa 157

    Blanca Cacerena 62

    Crdena Andaluza 25

    Asturiana de los Valls 127

    Asturiana de la Montana 106

    Bulgria

    Bfalo 122

    Murrah (Bfalo) 51

    */ IGLESIAS (1989)

    - 1,00 Este trabalho

    - 1,00 "

    - 1,00 a.

    - 1,00 IGLESIAS (1989)

    - 1,00 "

    - 1,00 "

    - 1,00 "

    - 1,00 "

    - 1,00 "

    - 1,00 GONZALEZ et al. (19

    - 1,00 "

    - 1,00 st

    - 1,00 st

    - 1,00 "

    - 1,00 "

    - 1,00 "

    0,19 + 0,0 0,81 0,0 MAKAVEEV(1984

    0,21 0,0 0,79 0,0

    55

  • Resultados e Discusso

    HB

    Os resultados obtidos no estudo de HB permitiram distinguir dois fentipos, definidos

    por dois alelos, HB*A e HB*B (tabela 3.3.3).

    Tabela 3.3.3: Distribuio fenotpica de HB em populaes das raas Barros e Minhota. Os valores esperados de acordo com o equilbrio de Hardy-Weinberg esto indicados entre parntesis.

    Fentipos N HBA HBAB HBB

    Barros inscrita 141 141

    Barros no inscrita 153 153

    Minhota 62 56 6 0

    (56,1) (5,8) (0,1)

    As frequncias gnicas das raas estudadas, bem como outras j publicadas referentes a

    vrias raas bovinas europeias e a duas espcies de bfalos, encontram-se discriminadas na

    tabela 3.3.4.

    A elevada frequncia do alelo HB*A nas raas estudadas (fixado na raa Barros)

    situam-nas juntamente com outras raas bovinas do centro e sul da Europa, onde este alelo

    ocorre com frequncias entre 0,80-0,98 (VICENTE, 1978). Nas restantes raas europeias,

    HB*A ocorre com uma ampla margem de variao (0,38 - 1,00) apresentando-se, quase

    sempre, como o alelo mais frequente.

    No caso dos bfalos, observa-se uma inverso nos valores das frequncias gnicas,

    sendo o alelo HB*B o mais frequente.

    A presena de HB*B nos bovinos europeus, apesar de em baixa frequncia, pode ser

    indicativo de uma origem a partir de raas asiticas ou africanas, j que nestes continentes

    que este alelo ocorre com frequncia mais elevadas; as frequncias gnicas mais elevadas esto