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Page 1: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SOLOS EM ARIE MATA DE ... · “CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SOLOS EM ARIE ... Pontifícia Universidade Católica de Campinas – SP CEATEC

Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica ISSN 1982-0178

III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação

ISSN 2237-0420 24 e 25de setembro de 2013

“CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SOLOS EM ARIE MATA DE SANTA GENEBRA– CAMPINAS/SP”

Deborah Regina Mendes

Pontifícia Universidade Católica de Campinas – SP

CEATEC – Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias

[email protected]

Regina Márcia Longo Sustentabilidade Ambiental nas Cidades

Ceatec – Centro de Ciências Exatas, Ambientais e de Tecnologias

[email protected]

Resumo: Para uma boa manutenção de um remanescente florestal é necessário que o mesmo apresente condições para o adequado desenvolvimento das plantas. Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar indicadores químicos da acidez do solo relacionando com os teores de Carbono e matéria Orgânica em áreas de borda da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Mata de Santa Genebra, localizada no município de Campinas/SP. Para isso foram avaliados 40 pontos subdivididos em 10 parcelas em toda a extensão da borda da mata as análises foram feitas seguindo os métodos da EMBRAPA. Com os resultados obtidos pode-se observar uma correlação entre os valores de carbono, matéria orgânica e pH, demonstrando que nos pontos onde a acidez encontra-se elevada, provocada provavelmente pela ação antrópica das áreas do entorno, há uma variação relevante na proporção de matéria orgânica. As áreas de mata que mantêm suas bordas com vegetação nativa possuem um alto teor de pH e assim uma quantidade significativa de matéria orgânica o que favorece o desenvolvimento de plantas e assim dificulta o surgimento de plantas oportunistas como os cipós.

Palavras-chave: Análise química,

remanescente florestal urbano, acidez do solo. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias – Recuperação de Áreas Degradadas – CNPq.

Introdução O estudo e caracterização de remanescentes florestais situadas em áreas urbanas se tornaram uma prioridade devido às crescentes atividades

antrotópicas que geram degradações ambientais, tais como erosão, contaminação de solos, esgotamento de nutrientes, salinização, compactação, chegando a casos de desertificação [1]. A Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Mata Santa Genebra que está situada no distrito de Barão Geraldo, região norte do Município de Campinas, SP (22º49'45"S e 47º06'33" W) em uma área de 251,8 hectares e altitudes que variam de 580 a 610 m, se tratando assim de uma remanescente florestal situada em área urbana. Atualmente é protegida pela Fundação José Pedro de Oliveira, após a viúva Sra. Jandira Pamplona de Oliveira, ter concretizado a doação da mata ao Município de Campinas em 1981 para fins estritamente científicos e culturais, enfatizando seu desejo de que fosse conservada, pois seu falecido marido, que sofria de tuberculose acreditava que dentro da Mata respirava melhor. A vegetação da ARIE é classificada como um remanescente de vegetação de Floresta Estacional Semidecidual, fisionomia vegetal que anteriormente possuía a maior área de cobertura no Estado de São Paulo e hoje é uma das mais devastadas e com uma das menores áreas existentes. È composto por dois ecossistemas florestais muito distintos em seus aspectos florísticos e estruturais, assim como em sua geomorfologia e solo local - a floresta de terra firme e a floresta brejosa. Ao longo dessa extensão são encontradas clareiras, de diferentes idades e tamanhos, devido às queimadas e à extração seletiva de madeiras nobres, o corte raso para aproveitamento de lenha, a extração de palmito e medicinal em alguns trechos restritos [1].

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A reserva encontra-se inserida em uma matriz agrícola cuja principal atividade é o cultivo de cana-de-açúcar, que se torna mais um dos fatores para a perturbação do ambiente, unida as alterações do lençol freático, a poluição hídrica e atmosférica. Cria-se assim uma fragmentação que provoca o isolamento de trechos, ficando a periferia dos fragmentos mais exposta á insolação e modificação do regime dos ventos, causando assim o efeito de borda [2].. Tendo em vista essa problemática atual, o objetivo deste trabalho é analisar amostras do solo no decorrer de toda a borda, usando de analises de concentração pH, teor de Carbono (C) e análise de Matéria Orgânica (m.o), para discutir o efeito de borda em relação à conservação de solo e auxiliar nas propostas de recuperação na área.

Metodologia Para a realização dos estudos na Mata Santa Genebra fez-se necessário a caracterização da área, que consistiu na borda de uma floresta nativa, onde foram estabelecidos 40 pontos de coletas espaçados de 200 m. Na figura 1 estão dispostos os pontos de amostragem no decorrer da borda do remanescente. As amostras deformadas foram obtidas em fevereiro de 2013, sendo retiradas com o auxílio de um trado na profundidade de 0-20 cm, adentrando 20m no remanescente, após ter limpado a área com auxilio de uma enxada, para retirada de serrapilheiras e fungos. Anotou-se a coordenada do ponto em questão com o auxilio de um GPS Etrex H Garmin.

Figura 1– Os pontos em amarelo - Determinação dos pontos de coleta. Fonte: Imagens obtidas pelo Google Earth, sem valor cartográfico real. Elaborado por: CUNHA, J. C.M.

As amostras coletadas foram levadas ao laboratório para secagem ao ar por aproximadamente 48 horas, posteriormente destorroadas, homogeneizadas e peneiradas em malha menor de dois mm e então acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados, constituindo a terra fina seca ao ar (TFSA) [3]. Com as amostras preparadas foi realizado a analise de pH, (potencial hidrogeniônico) por meio de eletrodo combinado imerso em suspensão

sólido, seguindo as normas da EMBRAPA 2011 e a determinação de Carbono Orgânico foi feita por meio da oxidação da matéria orgânica do solo via úmida com dicromato de potássio em meio sulfúrico, titulando o excesso de dicromato após a oxidação [3]. Para análise dos dados de solo foram calculados os valores médios e as medidas de variabilidade (desvio padrão, variância, coeficiente de variação e coeficientes de assimetria e curtose). Para a determinação da acidez do solo, interpretaram-se os dados do pH em cada parcela, determinando através da média aritmética dos valores correspondentes em cada ponto uma classificação baseada nos valores de solo adequado para o desenvolvimento de plantas 5,8 < pH > 6,2. Além disso foi analisado graficamente o comportamento da acidez ao longo de cada parcela e paralelamente no conjunto. Para a determinação de Carbono foi usado o volume de sulfato ferroso gasto na prova em branco e em cada amostra, seguindo a fórmula a seguir:

C (g/kg) = (40 - volume gasto) x f x 0.6 onde f = 40 / volume sulfato ferroso gasto na prova em branco, Esse resultado é usado para calcular a concentração de matéria orgânica, usando a seguinte fórmula: Matéria orgânica (g/kg) = C (g/kg) x1, 724, adotando que a participação do carbono em média no húmus é de cerca de 60%%. para análise química de fertilidade. (A) (B)

Figura 2 – (A) Limpeza da área de. (B) Coleta das parcelas para gerar uma amostra, coloca-se as parcelas em um recipiente para fazer a homogeneização.

Resutados e Discussões Como a qualidade do solo interfere

diretamente no desenvolvimento das plantas e seres microscópios, a análise da acidez (pH) torna-se um parâmetro significativo para a classificação da capacidade de uso de um solo. O pH ideal para o desenvolvimento de plantas é entre 5,8 e 6,2. Isso pode explicar a excessiva presença de bambus e trepadeiras (plantas

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oportunista) diretamente associada ao solo como foi possível perceber nos pontos 1, 3, 7, 8, 10 (Tabela 1). Os pontos que servem de exemplo por estarem dentro da faixa adequada para o desenvolvimento de plantas e assim possibilita o funcionamento adequado dos ciclos bióticos são os 2, 4 e 5, com destaque para a parcela 4 que apresentou a melhor preservação natural. As Tabela 1 e Tabela 2 apresentadam a análise descritiva dos resultados da análise de pH e teor de Carbono, respectivamente, obtidos em cada parcela analisada. Tabela 1. Resumo de estatística descritiva para

os valores encontrados para a análise do pH do solo.

Onde: M.A. = Média aritmética, D.P.= Desvio Padrão, C.V.= Coeficiente de Variância, C.A.= Coeficiente de assimetria e C.C.= Coeficiente de Curtose.

De maneira geral apenas a análise do pH torna-se inviável para determinar todos os efeitos que a borda esta sofrendo pelas ações antrópica em relação aos atributos químicos do solo. Assim, a determinação dos teores de Carbono e a matéria orgânica tornaram-se necessária. Nela pode-se observar que a parcela nove possui grande quantidade de Carbono e, portanto de matéria orgânica que é diretamente proporcional ao carbono. Isso pode explicar a presença de espécies como samambaias e outras espécies florestais nativas. Como o solo adequado necessita de diversos nutrientes não somente o carbono [3]. Sua justificativa para a acidez do solo não esta na concentração de carbono na forma de CO2, que reage com o H2O presente no solo e provoca a acidificação, mas sim outros fatores que devem ser estudados como a presença de metais pesados, concentração de P, K, Mg entre outros. Já o ponto quatro é reforçado na análise de Carbono, demonstrando que realmente possui uma condição adequada do solo para desenvolvimento de plantas, mesmo estando próximo a áreas de cultivo da cana de açúcar

Tabela 2. Resumo de estatística descritiva para os valores encontrados para a análise do teor de Carbono do solo.

Onde: M.A. = Média aritmética, D.P.= Desvio Padrão, C.V.= Coeficiente de Variância, C.A.= Coeficiente de assimetria e C.C.= Coeficiente de Curtose.

Nas Tabela 3 e Tabela 4, estão apresentados osteste de média dos resultados da análise de pH e teor de Carbono, respectivamente, obtidos em cada parcela analisada.

Tabela 3. Médias s dos valores de pH do solo,

analisadas segundo o Teste de Tukey com 5% de significância.

Letras iguais indicam que no nível de 5% de significância não há diferença entre as médias

Tabela 4. Médias dos teores de Carbono do solo,

analisadas segundo o Teste de Tukey com 5% de significância.

Letras iguais indicam que no nível de 5% de significância não há diferença entre as médias

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Assim, na comparação dos resultados das três análises realizadas (Figura 3), observa-se que a acidez não esta diretamente ligada à disposição de nutrientes, mas favorece a diminuição do funcionamento do ciclo biológico. Outro fator interessante é possibilitar a análise da área de brejo que possui alta acidez, mas grande decomposição de matéria orgânica e carbono, justificando a adequação ao palmito Jussara que é tradicional da reserva e muito atrativa para indústrias e exploradores. Através da análise descritiva pode-se analisar a homogeneidade nas parcelas, exceto nos pontos 2, 4 e 5 de acidez adequada e no 8 que possui árvores altas e mata pouco densa, nela a alta acidez possibilita, junto com outros fatores o desenvolvimento de árvores altas e finas.

Figura 3 –- Teor de Carbono e Matéria Orgânica

Conclusão As áreas de mata que mantêm suas bordas com vegetação nativa possuem um pH relativamente elevado e assim uma quantidade significativa de matéria orgânica, o que favorece o desenvolvimento de plantas e dificulta o surgimento de plantas oportunistas como os cipós.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq pelo financiamento do projeto. Ao Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da PUC-Campinas pelo apoio na execução do projeto. Em especial agradeço à orientadora Profª Dra. Regina Márcia Longo pela confiança, apoio e paciência no decorrer desse trabalho.

Referências

[1] MORELLATO, P. C. & LEITÃO-FILHO, H. F. 1995. Ecologia e preservação de uma floresta tropical urbana: Reserva de Santa Genebra, São Paulo. Ed. Da UNICAMP, 1995 [2].MURCIA, C. 1995. Edge effects in fragmented forests: implications for conservation. Trendsin Ecology and Evolution, parte 10, p 58-62. [3] EMBRAPA. 1997. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de Solo. 2 ed. rev. atual. Rio de Janeiro..

212 p. (EMBRAPA-CNPS. Documentos, 1). Fragmentos remanescentes da Bacia do Ribeirão das Anhumas. Disponível em: http://www.iac.sp.gov.br/ProjetoAnhumas/pdf/Futada_SM.pdf> Acesso em: 03 jul. 2012