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SUMÁRIO SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ÁREAS DE INFLUÊNCIA .. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL . LEGISLAÇÃO INCIDENTE E APLICÁVEL PLANOS E PROGRAMAS CO-LOCALIZADOS IMPACTOS AMBIENTAIS PROGRAMAS AMBIENTAIS PROGNÓSTICO AMBIENTAL CONCLUSÕES EQUIPE TÉCNICA .................................................... .......................01 ..................................03 .......... ......................................................11 .................................................. ........13 Meio Físico ........................................................................13 Meio Biótico ......................................................................18 Meio Socioeconômico .......................................................23 ........................................33 ................................37 ..............................................................39 .........................................................53 ........................................................57 ................................................................................61 ...........................................................................63 Relatório de Impacto Ambiental - RIMA i

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ÁREAS DE … · projeto, que capta água no Eixo Leste do Projeto de Integração do rio São Francisco com Bacias do Nordeste Setentrional(PISF)

SUMÁRIOSUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..

CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

ÁREAS DE INFLUÊNCIA ..

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL .

LEGISLAÇÃO INCIDENTE E APLICÁVEL

PLANOS E PROGRAMAS CO-LOCALIZADOS

IMPACTOS AMBIENTAIS

PROGRAMAS AMBIENTAIS

PROGNÓSTICO AMBIENTAL

CONCLUSÕES

EQUIPE TÉCNICA

.................................................... .......................01

..................................03

.......... ......................................................11

.................................................. ........13

Meio Físico ........................................................................13

Meio Biótico ......................................................................18

Meio Socioeconômico .......................................................23

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APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO

O EMPREENDIMENTO

O Ramal do Agreste é um empreendimento de infra-estrutura hídrica estratégico pela sua entrada na

Região do Agreste Pernambucano, sendo formado por um sistema de canais, estações de bombeamento

de água, pequenos reservatórios, uma linha de transmissão e uma subestação para fornecimento elétrico do

projeto, que capta água no Eixo Leste do Projeto de Integração do rio São Francisco com Bacias do Nordeste

Setentrional (PISF).

A água bruta, produto final do empreendimento, será distribuída, após tratamento, através de um sistema de adutoras

a ser construído, para os municípios de intervenção direta da obra, mas atingindo também, indiretamente, os demais

municípios das bacias hidrográficas beneficiadas pelo empreendimento: Ipojuca, Moxotó, Ipanema, Goiana; Capibaribe;

Sirinhaém; Mundaú; Una; Paraíba; e Traipu.

O LICENCIAMENTO

O empreendimento denominado Ramal do Agreste é objeto de licenciamento ambiental estadual através da Companhia

Pernambucana de Recursos Hídricos e Meio Ambiente CPRH, conforme processo CPRH N 11.060/05, inicialmente idealizado

para todo o Sistema Adutor do Agreste Pernambucano, com Termo de Referência elaborado em janeiro de 2006 e revisado em

outubro de 2006, sendo em seguida dividido em dois licenciamentos.

O empreendedor contratou o Consórcio das empresas CONESTOGA-ROVERS E ASSOCIADOS e ENGECORPS CORPO DE

ENGENHEIROS CONSULTORES para desenvolver os estudos ambientais e acompanhar o processo de licenciamento do

empreendimento até a emissão da Licença Prévia - LP.

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IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDEDOR

IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS CONSULTORAS

Nome:

Inscrição Municipal: 2.625.534-0

CNPJ: 02.104.432/0001-78

Endereço: Rua Francisco Tramontano, 100 / 6º Andar Real Parque São Paulo SP - CEP: 05.686-010

Telefone: (11) 3750-4301 / Fax: (11) 3750-4366

Responsável Técnico:

Nome:

Inscrição Municipal: 442.317-1

CNPJ: 62.025.440/0001-50

Endereço:Alameda Tocantins, 125 / 4o Andar Barueri SP - CEP:06.455-020

Telefone: (11) 2135-5281 / Fax: (11) 2135-5244

Responsável Técnico:

CONESTOGA-ROVERS E ASSOCIADOS LTDA.

ENGECORPS CORPO DE ENGENHEIROS CONSULTORES LTDA.

Engº. José Manuel Mondelo Prada

Engº. Danny Dalberson de Oliveira

Razão Social:

CNPJ: 03.353.358/0001-96

Endereço: Esplanada dos Ministérios, Bloco "E" - CEP 70062-900

Telefone: (61) 414-5828

Fax: (61) 225-8895

Representante Legal:

CPF: 220.627.341-15

Telefone: (61) 3414-5814 / 3414-5815

Pessoa de Contato:

CPF:005.832.605-78

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL

GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA

JOÃO REIS SANTANA FILHO

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CARACTERIZAÇÃO DOEMPREENDIMENTO

CARACTERIZAÇÃO DOEMPREENDIMENTO

INFORMAÇÕES GERAIS

O Ramal do Agreste é um empreendimento de infra-

estrutura hídrica que utiliza água do Eixo Leste do Projeto de

Integração do Rio São Francisco com Bacias do Nordeste

Setentrional (PISF), destinado a reduzir a falta de água na

região do Agreste de Pernambuco.

A região do projeto está localizada no Polígono das Secas,

que apresenta um quadro de extrema irregularidade de

chuvas, onde a falta de água é um forte obstáculo ao

desenvolvimento socioeconômico e à subsistência da

população.

Junto ao ramal deverá ser implantada também uma Linha de

Transmissão de Energia Elétrica e uma Subestação.

LOCALIZAÇÃO E ACESSOS

O Ramal do Agreste está localizado no Estado de

Pernambuco, atravessando os municípios de Sertânia e

Arcoverde, nas bacias hidrográficas dos rios Moxotó e

Ipojuca.

Constitui-se de um canal com aproximadamente 69 km de

extensão, que levará água do Eixo Leste da Transposição do

Rio São Francisco à bacia do rio Ipojuca. O acesso à região do

empreendimento se dá pela BR-232, que liga Recife à

Parnamirim.

O traçado do Ramal do Agreste inicia-se no futuro

reservatório de Barro Branco, no município de Sertânia, cruza

os municípios de Sertânia e Arcoverde e termina depois de

atravessar a serra do Pau d´Arco, no vale do rio Ipojuca, no

futuro reservatório de Ipojuca.

O Ramal atravessa áreas rurais pouco habitadas,

caracterizadas por Caatinga, com vegetação arbustiva

arbórea e herbácea arbustiva, utilizadas para pastagens e

lavouras anuais, além de extração de lenha e produção de

carvão. Observam-se ainda áreas desmatadas e queimadas,

além do uso dos cursos d'água para agricultura em menor

escala. A sede urbana do município de Sertânia localiza-se

nas proximidades do traçado do Ramal.

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Rio Ipojuca, próximo a Amaragi

Pastagem degradada

Barragem do Riacho Tigrelocalidade Henrique Dias – Sertânia - PE

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ANTECEDENTES HISTÓRICOS

A história do Ramal do Agreste está ligada à história do Eixo Leste e,

conseqüentemente, ao Projeto de Transposição do Rio São Francisco,

hoje chamado de Projeto de Integração do São Francisco com Bacias do

Nordeste Setentrional (PISF), já licenciado pelo IBAMA.

A idéia da transposição de águas do rio São Francisco para garantir o

abastecimento de água ao Semi-Árido Nordestino e o desenvolvimento

da região foi objeto de vários estudos, desde meados do século passado.

Desde então, o empreendimento já sofreu muitas alterações, mas seu

objetivo geral garantir o abastecimento de populações e o

desenvolvimento da região permanece o mesmo.

Estudos demonstraram a necessidade de um novo eixo de obras, o Eixo

Leste , para atender áreas prioritárias não incluídas anteriormente no

empreendimento. Na versão atual, o PISF amplia sua área de alcance

através do Eixo Leste, de onde parte o Ramal objeto do presente

EIA/RIMA.

OBJETIVOS

O Agreste Pernambucano é uma área que sofre com a escassez de água

na região, o que dificulta o desenvolvimento da população, situação essa

que é agravada pela má qualidade de fontes locais de água, com alto grau

de salinidade. Há séculos, o problema da região continua à espera de soluções, sendo cada vez mais agravado, não só por imposição da

natureza, como também pela necessidade de políticas públicas mais eficientes.

O enfrentamento desse problema pelo poder público tem se caracterizado pela tentativa de garantir a água nos rios intermitentes a partir

do armazenamento de água em reservatórios grandes e pequenos, regionalmente conhecidos por açudes. Os açudes, entretanto, não

conseguem disponibilizar, em média, mais do que 25% da água que armazenam, fazendo com que seja baixa a garantia de regularização

dos rios intermitentes.

Neste contexto, as obras do Ramal do Agreste visam aumentar a oferta local, garantindo o abastecimento de água à população

beneficiada.

A distribuição de água ao Agreste Pernambucano será feita pelo Sistema Adutor, a partir do reservatório de Ipojuca, previsto para

abastecer com água de boa qualidade cerca de 70 municípios da região. Este projeto, porém, ainda está em fase de estudo de viabilidade

e deverá ser licenciado pela CPRH em breve.

Pode-se concluir que o principal objetivo do Ramal do Agreste é garantir água a uma região que sofre com a seca, causada não só pelo

pequeno volume de chuva, mas também pela má distribuição durante o ano e pelo alto grau de salinidade de boa parte das fontes locais.

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JUSTIFICATIVAS

As instalações atuais dos sistemas de abastecimento de água que atendem às sedes dos municípios da região do Agreste Pernambucano

estão funcionando em condições precárias, tanto no aspecto do suprimento de água bruta em quantidade e qualidade, como nos aspectos de

tratamento, reservação e distribuição de água tratada.

Segundo os dados disponíveis no ATLAS

NORDESTE (ANA, 2005), um número

significativo de sedes municipais do Agreste de

Pernambuco encontra-se em situação crítica de

abastecimento, o que acaba por impedir o

desenvolvimento da região, sendo então

necessária a implantação de obras de melhorias

e de ampliação dos sistemas, com caráter

estruturante.

A construção de açudes não se mostra eficiente,

devido às condições geológicas e climáticas da

região. Outras alternativas para ampliação da

disponibilidade hídrica, como o uso de águas

subterrâneas, a indução de chuvas e a

reservação de águas da chuva em cisternas não

se mostram capazes de alterar, de forma isolada,

a situação da oferta de água na região.

A situação da oferta de água no Agreste de Pernambuco demonstra claramente a grande dependência da região de fontes hídricas

externas, tais como o Eixo Leste do PISF, justificando plenamente a implantação do Ramal do Agreste.

A população total, urbana e rural, a ser beneficiada foi estimada em cerca de 3,2 milhões de pessoas até o ano de 2025, segundo projeções

realizadas nos Estudos Hidrológicos Complementares das Regiões do Agreste, Zona da Mata e da Região Metropolitana do Recife .

População essa que representa uma demanda hídrica de 5,95 m³/s, para o ano de 2025, que, somada a demandas para abastecimento de

outros usos da água (dessedentação animal, irrigação, abastecimento industrial e aqüicultura) na região do Agreste, totalizam 11,54 m³/s,

conforme o estudo acima mencionado.

A mesma fonte identifica que a oferta hídrica local alcança cerca de 5 m³/s, considerando os sistemas existentes e a implantação de mais

três açudes: Inhumas II, Mundaú II, ambos da bacia do rio Mundaú, e Batateira, da bacia do rio Una. Dessa forma, a região do Agreste de

Pernambuco apresenta um déficit hídrico de mais de 6,5 m³/s para o ano de 2025, que as fontes hídricas locais ou mesmo outras alternativas

cogitadas não oferecem condições de suprir, demonstrando a necessidade de que sejam tomadas soluções definitivas.

Como conseqüência direta do atendimento às exigências

hídricas, ocorrerá um aumento da qualidade de vida da

população, com melhoria dos sistemas de saneamento

básico e crescimento de atividades produtivas que têm na

água um importante componente. O Projeto também

contribuirá para a fixação da população na região, sujeita a um

processo contínuo de migração.

Outro benefício importante do empreendimento, devido à

oferta de água de boa qualidade, é a redução do número de

internações hospitalares na região e dos índices de

mortalidade infantil.

Finalmente, o Ramal do Agreste deverá contribuir ainda para a

redução dos gastos públicos com medidas de emergência

durante as freqüentes secas, uma vez que a oferta de água

será garantida e o impacto das secas reduzido, justificando-

se, portanto, também sob o ponto de vista econômico.

Reservatório no Riacho do Tigre

Reservatório Mulungú

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DESCRIÇÃO TÉCNICA DO PROJETO

Fonte Hídrica e Concepção Geral

O Ramal do Agreste partirá do futuro reservatório de BarroBranco, integrante das obras do Eixo Leste, no municípiode Sertânia (PE), desenvolvendo-se até o reservatório deIpojuca, no município de Arcoverde (PE), onde estáprevista a saída para o Sistema Adutor. O Ramal do Agreste é constituído por umconjunto de estruturas hidráulicas: canais artificiais, barragens, túneis,tubulações, estruturas de controle, tomadas de uso difuso e uma estação debombeamento.

DEMANDAS ENVOLVIDAS E BALANÇO HÍDRICO

As primeiras estimativas para quantificação das demandas hídricas da região do Agreste dePernambuco foram desenvolvidas ainda durante os estudos de viabilidade do PISF (agosto de2000), tendo em vista a previsão de implantação do Eixo Leste e do Ramal do Agreste.Posteriormente, já em março de 2002, foi realizada uma atualização do balanço entre a ofertade água da região e a sua demanda hídrica, pelos estudos hidrológicos denominados EstudosHidrológicos Complementares das Regiões do Agreste, Zona da Mata e da RegiãoMetropolitana de Recife . O relatório considerou o ano de 2025 como o limite para os dadosdas regiões consideradas.

O atendimento à demanda considerou o total de bacias hidrográficas da região leste do Estadode Pernambuco, ou seja, rios Goiana, Capibaribe, Ipojuca, Sirinhaem, Una, Mundau, Ipanema epequenos rios interiores.

O balanço hídrico negativo demonstrado entre demandas hídricas futuras e oferta de águalocal na região do Agreste de Pernambuco, para o ano de 2025, deverá ser solucionado emdefinitivo com a implantação do empreendimento, não somente em termos de quantidadecomo de qualidade dos recursos hídricos adicionais que serão disponibilizados à região.

Após a tomada d'água noreservatório de Barro Branco,inserido no Eixo Leste do PISF, oRamal do Agreste transportará edistribuirá a água até osreservatórios Negros e Ipojuca,no Estado de Pernambuco.

As vazões e níveis d'água de todoo sistema serão monitorados porsensores. As demandas a serematendidas serão identificadasp e l o n í v e l d ' á g u a d o sreservatórios do sistema.

OPERAÇÃO INTEGRADADO SISTEMA

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OBRAS CONSTITUINTES DO RAMAL DO AGRESTE

Devido ao relevo da região, com um desnível de 210 m ao longo do traçado

do Ramal do Agreste, estão previstas obras de infra-estrutura hidráulica:

túneis, reservatórios, aquedutos, trechos de canais e uma estação de

bombeamento com adutora metálica, além de uma linha de transmissão e

uma subestação.

PROCEDIMENTOS DE IMPLANTAÇÃO DAS OBRAS

As metodologias adotadas para a construção do Ramal do Agreste foram objeto de seleção criteriosa, com base na análise dediversas obras semelhantes e de mesmo porte deste empreendimento. Dentre os estudos analisados, destacam-se diversosprojetos de canais de irrigação de grande porte já implantados ou em implantação no País, principalmente na Região Nordestedo Brasil (Projeto Jaíba, em Minas Gerais; Projeto Salitre, na Bahia; Projeto Pontal Sul, em Pernambuco; Projeto Tabuleiro deRussas e Gorotuba, no Ceará), além de diversas obras de usinas hidrelétricas, estações elevatórias, barramentos e obras deinfra-estrutura geral.Também foi considerado o emprego dos mais modernos equipamentos de construção e insumos de última geração paraexecução dos principais serviços previstos pelo projeto.Para desenvolvimento das obras do Ramal do Agreste é necessária a implementação de uma infra-estrutura de apoio, comoacessos, instalação de canteiros e acampamentos, todos adequados ao projeto e às condições locais e ambientais. Sãoprevistas também estruturas do tipo central de britagem e produção de concreto, tendo em vista o material e tecnologiaescolhidos para a construção dos elementos componentes do projeto.

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Quanto ao descarte de materiais gerados nas escavações para construção dos canais e dos túneis, serão colocados emambos os lados dos canais, dentro da faixa de domínio das obras. Também será aproveitado, quando possível, para execuçãode revestimento primário de vias de acesso.Foram previstos três canteiros de obras: no início do trecho, junto ao reservatório Barro Branco, junto à estação debombeamento (EB-1), e na área do reservatório Negros.A energia elétrica para alimentação dos canteiros será obtida da conexão com sistemas de distribuição locais, através daconstrução de linhas de interligação provisórias. A água para abastecimento dos canteiros será obtida dos corpos d'água maispróximos e transportada por caminhões-pipa. Quanto à água potável, deverão ser implantadas estações de tratamento deágua nos canteiros de obra.Como suporte aos canteiros de obras está previsto, para o bom gerenciamento das obras, um Escritório Administrativo Central(EAC) sediado na cidade de Arcoverde.

A mão-de-obra local poderá contribuir para a formação dos contingentes necessários às obras, reduzindo o número de

alojamentos previstos.

Açude no Sítio Padre Cícero,município de Bezerros - PE

Açude no rio Papagaio, na periferia do povoado Papagaio em Pesqueira - PE

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MÃO-DE-OBRA

No pico das obras, no 27° mês do cronograma, o totalde mão-de-obra envolvida deverá chegar a 4.181empregados, incluindo mão-de-obra técnica eadministrativa.

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A implantação das obras do Ramal do Agreste estáprevista para um período de construção ótimo, definidoem 34 meses, em uma só etapa.

CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO E VALOR DO INVESTIMENTO

O cronograma detalhado da execução das obras deverá serdefinido pelo seu projeto executivo, com base noplanejamento das empreiteiras, considerando as suascaracterísticas, as diversas atividades envolvidas e seusrespectivos condicionantes.O custo total previsto para o Ramal do Agreste é deR$548.000.000,00 (quinhentos e quarenta e oito milhões dereais), tendo como data de referência fevereiro de 2003.

EMPREENDIMENTOS ASSOCIADOS E DECORRENTES

Os principais empreendimentos associados ou decorrentes do Ramal do Agreste são o Eixo Leste do PISF, por ser a fonte hídrica doprojeto, e o Sistema Adutor do Agreste, que receberá a água disponibilizada pelo Ramal e distribuirá à área beneficiada.

O Eixo Leste, já licenciado para instalação pelo IBAMA, é a fonte hídrica do Ramal do Agreste. Parte do Projeto de Integração do RioSão Francisco com Bacias do Nordeste Setentrional (PISF), tem sua captação no reservatório de Itaparica, no município deFloresta, em Pernambuco, possuindo uma extensão de 216,6 km até o rio Paraíba na cidade de Monteiro, na Paraíba.

Eixo Leste da Transposição do São Francisco

Sistema Adutor do Agreste PernambucanoTrata-se de um sistema de adutoras com início no reservatório de Ipojuca, no ponto final do Ramal do Agreste. Através dessesistema, a água que será disponibilizada pelo Ramal será distribuída à grande maioria dos municípios da região do Agreste dePernambuco. Serão beneficiados os núcleos urbanos das sedes municipais, os distritos urbanos e a população rural situadosdentro da faixa de 2,5 km de cada lado das adutoras.

Pelo projeto do Sistema Adutor, em fase de elaboração, a água a ser disponibilizada pelo Ramal do Agreste substituirá partedaquela que hoje é distribuída à população urbana pela COMPESA, devido aos altos teores de salinidade, além de garantir oabastecimento a longo prazo, considerando o aumento da população, de modo a permitir o desenvolvimento sustentado da região.

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Entrevista com moradores da localidadede Cachoeira, em Sertânia - PE

Cisterna e coletor de chuva

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ALTERNATIVAS TÉCNICAS E LOCACIONAIS

Alternativas Técnicas

Algumas possibilidades foram cogitadas como fontes hídricas alternativas para abastecimento das demandas da regiãodo Agreste de Pernambuco, tais como água subterrânea, indução e captação da água das chuvas e açudagem.

A açudagem é um recurso necessário, mas como não se pode prever o regime de chuvas da região a longo prazo, nãoatinge a eficiência desejada. O armazenamento de águas subterrâneas é importante para suprir as várias demandas, masnão resolve o abastecimento local de grandes demandas urbanas concentradas. As águas subterrâneas, no AgrestePernambucano, são classificadas como águas salinas e a utilização de dessalinizadores é necessária para melhorar aqualidade da água para uso humano.

A chuva induzida é outra alternativa para tentar viabilizar o abastecimento de água na região do Agreste de Pernambuco.Mas não se mostra muito atrativa devido à baixa eficiência associada às condições climáticas da região, além dos custosque envolve.

Deve-se considerar a captação da água de chuva em cisternas, para abastecimento à população na zona rural, como umaalternativa de reservação hídrica complementar, devido à sua importância em atender o consumo humano, distante dasfontes hídricas sustentáveis.

O resultado das análises realizadas demonstra que nenhuma das alternativas tecnológicas avaliadas mostra-se maisviável ou eficaz que o Projeto do Ramal do Agreste. Estudos, entre os quais o Plano de Recursos Hídricos do Estado dePernambuco, indicam que fontes hídricas externas à região são a única solução, uma vez que as reservas locais seencontram esgotadas.

Alternativas Locacionais

Para verificar quais as melhores opções de traçado do Ramal do Agreste, sob o ponto de vista técnico, financeiro eambiental, foram analisadas várias alternativas de adução até o ponto de entrega da água, variando-se o local decaptação, o traçado, o número de estações de bombeamento e obras complementares: Campos-Liberal, Copiti-Liberal,Moxotó-Cordeiro e Cordeiro.

Verifica-se que a alternativa de menor custo é a Campos-Liberal, e que também resulta em menor custo da água aduzida edistribuída à região do Agreste de Pernambuco.

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Análise e Seleção de Alternativas

No estudos de viabilidade do Ramal do Agreste, a melhor alternativa deve ser aquela que,simultaneamente, resultará menor interferência no meio ambiente e que minimizará os custos deinvestimentos e de operação do projeto.O processo de seleção da alternativa mais viável ambientalmente foi realizado através dacomparação entre as opções antes citadas.Considerando que as quatro alternativas foram comparadas através de critérios suficientes pararepresentar impactos de ordem ambiental e socioeconômica na sua região, constata-se que aquelaque foi selecionada - Campos-Liberal - é, de fato, a mais adequada, justificando sua escolha para oprosseguimento dos estudos.

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ÁREAS DE INFLUÊNCIAÁREAS DE INFLUÊNCIA

O Ramal do Agreste Pernambucano está inserido em uma área de transição entre o Sertão e o

Agreste, atravessando o município de Sertânia e terminando em um reservatório a ser construído no

alto da bacia do rio Ipojuca, já no município de Arcoverde.

A definição das áreas de estudos foi feita segundo os procedimentos comuns de observação das

características do empreendimento, das suas principais relações com as diferentes regiões em que

está inserido e, por fim, da conseqüência destas relações nos elementos ambientais.

Para esses estudos ambientais, foram consideradas duas unidades espaciais de análise, ou seja: a

Área de Influência Indireta (AII) e a Área de Influência Direta (AID), este último, território em que se

dão majoritariamente as transformações ambientais primárias (ou diretas) decorrentes do

empreendimento.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Meios Físico e BióticoA Área de Influência Indireta (AII) é definida como a área afetada pelos impactos indiretos da implantação e operação do

empreendimento.

O conceito da bacia hidrográfica como unidade de estudos ambientais está sendo aplicado há bastante tempo em

diversos países, inclusive no Brasil. Por isso, a inclusão das bacias receptoras desses recursos na Área de Influência

Indireta dos estudos físico-bióticos do Ramal do Agreste.

As dez bacias que compõem a Área de Influência Indireta (AII) são apresentadas a seguir, sendo que as cinco últimas

ultrapassam o limite estadual: Moxotó, Ipojuca, Goiânia, Capibaribe, Sirinhaém, Una, Mundaú, Paraíba, Traipu e Ipanema.

ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA

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Pequeno açude no riacho do Meio,cabeceiras do rio Una

Rio Ipojuca, município de Arcoverde – PE:vegetação aquática

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Meio socioeconômico

No desenvolvimento dos estudos do meio socioeconômico,

foram considerados, na definição da Área de Influência Indireta,

os limites dos 72 municípios que serão futuramente atendidos.

A Área de Influência Direta (AID) é definida como a área

sujeita aos impactos diretos da implantação e operação

do empreendimento.

Considerou-se como limite para a Área de Influência

Direta uma faixa de 5 km em torno das obras do Ramal do

Agreste (2,5 km para cada lado), formada pelos trechos

de canal, aquedutos, túneis e da linha de transmissão,

além de uma faixa de 2,5 km marginal aos futuros

reservatórios Negros e Ipojuca.

Visando a avaliação de impactos sobre a biota aquática,

considerou-se também na AID as bacias hidrográficas dos

rios Moxotó e Ipojuca, em função da contribuição direta

de água que receberão da bacia do rio São francisco, via

Eixo Leste do PISF.

Cabe ressaltar que pequenos trechos desta área

ultrapassam os limites do Estado de Pernambuco com a

Paraíba. Como esses trechos estão em áreas desabitadas

e fora dos limites dessas bacias, foram retirados da AID.

ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA

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Moradia típica na área deintervenção do projeto – Sertânia - PE

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DIAGNÓSTICO AMBIENTALDIAGNÓSTICO AMBIENTAL

MEIO FÍSICO

Clima e Condições MeteorológicasEstudos recentes do fenômeno das secas no Nordeste Brasileiro mostraram anecessidade de se conhecer as características da atmosfera, regionalmente eenfocando uma maior escala espacial, até mesmo em nível global.

Semi-Árido Nordestino

, sendo

os meses mais chuvosos os de novembro, dezembro e janeiro; os mais secos os de junho, julho e agosto,

tendo seu período de chuva iniciado em setembro, atingindo o seu máximo em dezembro e, praticamente,

terminando no mês de maio

O clima da região semi-árida nordestina é caracterizado pela falta de chuvas e pelas altas taxas deevaporação e insolação.

O leste do Piauí, todo o Estado do Ceará e a metade oeste dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e

Pernambuco se encontram na área de maior freqüência de secas, onde as precipitações afastam-se da

média em percentagens iguais ou superiores a 50%. O regime de chuvas no Semi-Árido Nordestino pode

ser caracterizado em anos não-anômalos, ou seja, um ano chuvoso no verão e outro seco no inverno

.

A caracterização climática da região é complexa e marcada por grandes secas, atrasos do período chuvoso

e pela sua concentração em alguns poucos anos. Uma das principais conseqüências é a pouca

disponibilidade de água no solo para as plantas e a fragilidade dos sistemas sociais e econômicos que

dependem das chuvas.

Observa-se na região o fenômeno do veranico , período entre 10 e 25 dias de temperaturas elevadas,

durante a época de seca que acarreta alta evapotranspiração. A insolação é muito forte, da ordem de 2.800

horas por ano em média, e a evaporação atinge, nas regiões mais secas, 2.000 mm.

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Fonte adaptado INMET 1992

Ilustração - Déficit hídrico médio mensal em Arcoverde PE, de 1961 a 1990

Avaliação Climatológica das SecasAs secas no Nordeste são conhecidas desde os séculos XVI e XVII. A região alterna períodos de longa estiagem e períodos curtos dechuva concentrada. Para que a zona compreendida por este fenômeno climático fosse atendida e definida a área de sua atuação, foidelimitada, por Lei, em 1936, o chamado . Da irregularidade anual das chuvas resultam anos de grandes cheias eanos de grande carência de águas de chuvas.Observa-se na Ilustração a seguir que há déficit hídrico durante 11 meses do ano, sendo que o excedente hídrico singular de abril éde baixa magnitude. O déficit hídrico é mais grave nos meses quentes do verão do hemisfério sul, quando a zona de convergênciaintertropical (ZCIT) se desloca para o norte, chegando até o hemisfério norte. Nestes meses quentes, quando a borda meridional daZCIT está ao norte do Agreste Pernambucano, ocorre uma zona de divergência sobre a área em questão.

polígono das secas

Principais Características Climatológicas

Taxa de Evaporação Potencial

Temperatura do Ar

Os maiores valores no Semi-Árido ocorrem de outubro a dezembro (> 400 W/m²).

Apresenta-se, predominantemente, na direção de sudoeste para nordeste, tendo os maiores valores próximos ao litoral.

Apresenta um quadro geral de sudoeste para nordeste (litoral). Em outubro e novembro, ocorre uma mudança natural do Semi-Áridopara noroeste.

Taxa de Precipitação

As principais características climatológicas, na área de interesse e em torno do Projeto do Ramal do Agreste de Pernambucano, sãoapresentadas a seguir.

A Ilustração a seguir apresenta as médias mensais das temperaturas mínima, média e máxima de Arcoverde-PE, obtidas através dasNormais Climatológicas. Nesta, se pode observar que a temperatura mínima média mensal ultrapassa 15 C e que a média máximamensal supera 30 C em diversos meses do ano. Destaca-se também que as temperaturas médias mensais têm sazonalidaderelativamente baixa, oscilando entre 20 C e 25 C.

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Fluxo de Calor no Nível da Superfície do Solo

Vetor Vento no Nível da Superfície

Vento Zonal no Nível da Superfície

Vento Meridional no Nível da Superfície

Este fluxo sofre marcantes alterações de acordo com a época doano. Nos meses de janeiro a março, o fluxo é predominantementepositivo, ocorrendo no sentido atmosfera-superfície. De abril aagosto, surge um conjunto de valores positivos sobre a Paraíba,que se estende até Paulo Afonso (BA), passando pelo AgrestePernambucano. Já a partir de setembro, ocorre a restauração dospadrões de verão.

De modo geral, os ventos se deslocam com uma componente lesteacentuada, com pequenas variações ao longo do ano,principalmente no inverno, quando os ventos assumem umadireção predominante de sudeste.

Os ventos zonais são predominantes do setor leste, cuja dimensãodiminui à medida que se avança para o continente.

As componentes meridionais assumem valores positivos em todaa área do projeto. Os valores de velocidade dos ventos meridionaisdecrescem à medida que os ventos avançam para o continente.

Os ventos meridionais ficam mais fortes nos meses do inverno,atingindo a média de velocidade de cerca de 5,0 m/s. Nas partesocidentais do Semi-Árido, os ventos meridionais variam de 0,5 m/snos meses do verão até cerca de 3,0 m/s nos meses do inverno.

Pressão Atmosférica no Nível da Superfície

Umidade Relativa do Ar no Nível da Superfície

As configurações de pressão à superfície pouco variam ao longo

do ano. Percebe-se um ajuste do campo de pressão à superfície

com as topografias da Serra dos Irmãos, Serra Grande, Chapada

do Araripe, Serra dos Cariris, Planalto da Borborema e Serra dos

Cariris Novos.

De janeiro a março, surge um mínimo de umidade relativa que se

desloca para leste, na direção do oceano. Em janeiro, esse núcleo

apresenta uma posição próxima a Flores (PE), a leste, e mais seco

que a área do empreendimento, com valor de 78%. De abril a

agosto, o quadro se inverte, passando a se configurar um máximo

de umidade relativa (em torno de 80%), que se desloca

gradativamente para leste, paralelamente à linha-de-costa do

oceano.

Em setembro, a configuração sobre o Semi-Árido nordestino

passa a ser não fechada, no sentido do litoral. Em outubro, volta a

surgir um quadro mínimo de umidade relativa próximo a Ouricuri

(PE), a leste e mais seco que a área do empreendimento, o qual

sofre variações de valor, chegando a 65% em dezembro e

continuando desse modo até março.

15

RuídosA medição dos níveis de ruído na região do Ramal do Agreste foirealizada com o objetivo de conhecer o ruído ambiente da regiãoe auxiliar na criação dos mapas de ruído do empreendimento.Foram realizadas medições em períodos diurno e noturno, estaúltima foi focada nas localidades onde serão instaladas asestações de bombeamento, pois elas terão um regime detrabalho de 24 horas.

Os resultados das medições de ruído ambiente na região doRamal do Agreste no período diurno apresentaram os seguintesruídos perceptíveis: pássaros, galo, cortador de grama em casapróxima, passagem de veículos, vento na vegetação, pessoasfalando, sino preso ao pescoço das cabras e criança brincandoem residência.

Já os resultados das medições de ruído ambiente na região doRamal do Agreste no período noturno apresentaram osseguintes ruídos perceptíveis: passagem de veículos, galo,cabrito, pássaros e vento na vegetação.

Rio Ipojuca, sob a ponte que corta arodovia entre Chã Grande e Amaragi

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Geologia e Geotecnia

Hidrogeologia

O Ramal do Agreste encontra-se inserido na Província Borborema,que consiste em uma província na qual dominam terrenosconstituídos por rochas metamórficas de baixo e alto grau e rochasígneas, ocorrendo também coberturas sedimentares Fanerozóicas eCenozóicas.

Os esforços tectônicos a que foi submetida a região atravessadapelo Ramal do Agreste imprimiram às rochas deformaçõescaracterizadas por falhas normais, dobramentos, foliações efraturamentos.

Estes eventos geraram uma armação estrutural caracterizada porextensas zonas lineares, representadas por falhamentos,delimitando um mosaico de terrenos com característicasgeológicas distintas.

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental da Transposição doRio São Francisco com Bacias do Nordeste Setentrional, asatividades sísmicas que atingem o Nordeste comprovam umcontrole estrutural, onde a liberação de energia sísmica, em geral,ocorre em áreas afetadas por falhamentos ou convergência deestruturas.

A zona sismogênica compreendida pela área do Canal do Agreste éa Zona Sismogênica de Caruaru, que se restringe ao BlocoPernambuco, cujas margens sul e sudeste parecem representarextensão da zona de sutura de Salvador.

Em função das características geomorfológicas, pedológicas ehidrogeológicas observadas no interior dos limites da área doempreendimento, o Ramal do Agreste, com base nos critérios deestrutura, modo de ocorrência, circulação de água e tipo deporosidade está totalmente inserido no Domínio HidrogeológicoFissural. O meio aqüífero do tipo fissural, geralmente chamado decristalino , é caracterizado pela inexistência ou presença reduzidade espaços na rocha.

Nessa área, predomina um clima semi-árido seco, pouco chuvoso,onde o intemperismo dominante é o físico, causando um solo decobertura muito raso, às vezes totalmente ausente.

Como alternativa para suprir a falta de água de boa qualidade,produzida pelos poços, a população residente na área rural constróicisternas para captação de águas de chuvas. Na falta de cisternae/ou água de melhor qualidade, a população rural é abastecida poráguas poluídas de pequenos barreiros.

Ocorrência de Sismos na Região Nordeste

Caracterização dos sistemas aqüíferos

GeomorfologiaA área de estudo pode ser dividida em três grandes unidades

de paisagem:

A Unidade de Paisagem Pediplano Central do Planalto da

Borborema compreende um compartimento com altitudes que

variam entre 500m e 600m, apresentando trechos que atingem

mais de 800m. Limita-se ao norte com as Encostas Setentrionais

(Maciços Setentrionais); a leste com as Encostas Orientais da

Borborema e a oeste com o Pediplano do Baixo São Francisco. A

rede hidrográfica é representada pelos rios Ipojuca e Una, além

dos afluentes do Ipanema e do Canhoto, além do riacho Seco. Na

região do empreendimento, essa unidade ocorre em sua maior

parte no município de Arcoverde.Os solos mais freqüentes neste ambiente são os PlanossolosHáplicos eutróficos solódicos e típicos.

A Encosta Setentrional do Planalto da Borborema inclui uma faixa

alongada e irregular (direção leste-oeste), que abrange desde as

imediações do município de Gravatá até as proximidades da

cidade de Serra Talhada. Limita-se a leste com a Depressão Pré-

litorânea, a sul com o Planalto Central e com o Pediplano do Baixo

São Francisco e, a oeste, com o Pediplano Sertanejo. Trata-se de

uma área com altitude variando de 400m a mais de 1.000m. A

drenagem é complexa, sendo representada pelos riachos

formadores das bacias dos rios Ipojuca, Capibaribe, Ipanema,

Moxotó e do riacho do Navio. No extremo sudoeste, surge um

relevo montanhoso com mais de 1.100m de altitude, onde se

observa a serra de Triunfo. Destacam-se, ainda, as serras do

Ororubá, dos Fogos, das Porteiras e dos Campos.

a) Pediplano Central do Planalto da Borborema

b) Depressão Sertaneja

c) Encosta Setentrional do Planalto da Borborema.

A unidade Depressão Sertaneja ocorre em maior extensão em

torno do Planalto Sertanejo, com declives em direção aos fundos

de vales e litoral. As características mais importantes desta

unidade de paisagem estão relacionadas com a diversificação

litológica devido à ocorrência de rochas cristalinas e

sedimentares de diversas origens e idades.

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Pedologia

Recursos Hídricos

Os principais solos presentes na área são Argissolos Vermelho-Amarelos, Luvissolos Crômicos, Neossolos Flúvicos, NeossolosLitólicos, Neossolos Regolíticos, Planossolos Háplicos, PlanossolosNátricos e Tipo de Terreno Afloramentos de Rochas.

Os solos do nordeste são muito apropriados à erosãoindependemente do relevo. Os estudos de solos e de sensibilidade àerosão permitem concluir que a área dos estudos é propensa àerosão em suas diversas formas, especialmente laminar e emsulcos.

A maior parte da região do empreendimento, em condiçõesnaturais, só pode ser classificada para pastagens naturais e, mesmoassim, para animais altamente resistentes às condições de seca,como os caprinos criados e adaptados no nordeste brasileiro.

Considerando os resultados do levantamento de solos e aclassificação da capacidade agrícola, conclui-se que a áreaestudada não tem vocação para culturas de sequeiro, devendo sermanuseada com muito cuidado, pois a maioria dos solos é suscetívelaos processos erosivos.

Na região semi-árida e especialmente na área estudada, épraticamente impossível a agricultura produtiva e rentável semirrigação, cujos processos devem realizar a maior economia d'águapossível, como o gotejamento.

Em seu percurso de 69 km de extensão, aproximadamente, o Canaldo Agreste atravessará 47 pontos de cruzamento com cursosd'água, na bacia hidrográfica do rio Ipojuca, que tem sua foz noOceano Atlântico, e na sub-bacia do rio Moxotó, que desemboca noreservatório de Paulo Afonso, no rio São Francisco.

Das 47 travessias identificadas, 35 receberão obras de drenagem.Para as estruturas de drenagem foi calculada a vazão com tempo derecorrência de 100 anos.

A bacia do rio Moxotó nasce na Serra Capitão-Mor, próximo à cidadede Sertânia, e está inserida nos estados de Pernambuco e Alagoas.Tem como principais afluentes pela margem esquerda: RiachoCoxia, Pioté, Brejo e Coité, e pela margem direita: Riacho daCustódia e da Barreira. Existe um grande reservatório no seu interiorchamado Açude Poço da Cruz próximo à cidade de Ibimirim.

Suscetibilidade à Erosão

Aptidão Agrícola das Terras

A bacia hidrográfica do rio Ipojuca, com uma área total de 3.310km², está inserida completamente no Estado de Pernambuco. Orio Ipojuca tem sua nascente na Serra das Porteiras, no municípiode Arcoverde e percorre cerca de 250 km até a sua foz ao sul doPorto de Suape. É limitado ao norte pela bacia do rio Capibaribe,ao sul pelas bacias do rio Sirinhaém e Una e, a oeste, pela baciado rio Ipanema. Nesse percurso, passa por várias cidades doAgreste e da Zona da Mata pernambucanos, recebendo grandecarga de poluentes domésticos, além dos efluentes de usinas deaçúcar e destilarias de álcool. Em sua bacia também é praticadaagricultura irrigada com produção de hortaliças.

Além da bacia hidrográfica do rio Ipojuca e da sub-bacia do rioMoxotó, que são atravessadas pelo Canal do Agreste, a região doempreendimento é composta por mais seis bacias e duas sub-bacias. São elas: Goiana; Capibaribe; Sirinhaém; Mundaú; Una;Ipanema; Paraíba; e Traipu

Usos da Água

Situação dos Comitês de Bacias Hidrográficas

Direitos Minerários

Foram identificados 36 pontos de captação de água na bacia dorio Ipojuca, dentre esses, 9 captações são para abastecimentopúblico. Segundo o Plano Diretor de Recursos Hídricos da Baciado rio Moxotó, a captação de águas para abastecimento humanonesta bacia é feita, na maior parte, em açudes construídos nadécada de 1.960.

A resolução n° 02/2002 do Conselho Estadual de RecursosHídricos de Pernambuco criou o Comitê da Bacia Hidrográfica doRio Ipojuca, abrangendo um total de 24 municípios. Sua sedelocaliza-se na cidade de Caruaru-PE. Já a resolução n° 02/2000do Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco criouo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó, que abrange 10municípios, com sede em Sertânia-PE.

Pernambuco se caracteriza por uma produção mineral compostaprincipalmente por minerais não metálicos, tendo a indústria daconstrução civil o consumidor final da maioria desses minerais.Na área do empreendimento encontram-se apenas 8 processosminerários, descritos como sendo áreas de exploração de quatrobens minerais: minério de ferro, calcário, migmatito e,principalmente, granito.

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Ambientes AquáticosLimnologia

Compartimento Água

Compartimento Sedimento

Ictiofauna

A partir das amostras de água coletadas nos principais corpos d'água

localizados na área do empreendimento, entre eles o riacho Tigre, o

riacho Negros e o reservatório Mulungu, conclui-se que:

a concentração de feofitina-a foi um pouco maior que as

concentrações de clorofila-a. A concentração média de clorofila-a

indica que a maioria desses ambientes pode ser classificada

como eutrófica;

a comunidade fitoplanctônica apresentou grande variedade. O

grupo com maior riqueza é o das clorofíceas;

a comunidade zooplanctônica também apresentou grande

variedade. Durante o estudo foram encontrados os filos Protozoa

Asquelminto e Arthropoda.

Na área de estudo, os sedimentos amostrados foram compostos

principalmente por areias e silte.

A matéria orgânica total apresentou um conteúdo médio de 3,85%.

Foram encontrados 13 táxons, pertencentes aos filos Annelida,

Arthropoda e Mollusca. Os moluscos, representados pela classe

Gastropoda, contribuíram com 79% da macrofauna.

As interferências causadas pela ação humana em rios e riachos vêm reduzindo sensivelmente a diversidade de peixes no Brasil.Nesse contexto, as redes de drenagem têm sido particularmente impactadas por empreendimentos de infra-estrutura que modificamdiretamente o curso natural dos rios, alteram seu escoamento normal e modificam as propriedades do lençol freático superficial.

A integridade biológica de uma comunidade de peixes é um indicador sensível do estresse direto e indireto do ecossistema aquáticointeiro, tendo grande aplicação em monitoramento biológico para avaliar a degradação ambiental (Fausch et al., 1990). Somenteatravés da caracterização das comunidades de peixes pode-se identificar pontos de sensibilidade ambiental, levantar principaisdesafios construtivos e estabelecer padrões comparativos, caso o ambiente venha sofrer perturbações durante as fases deinstalação e operação do empreendimento. Dessa maneira, é possível intervir, buscando minimizar os efeitos negativos sobre ascomunidades biológicas aquáticas.

MEIO BIÓTICO

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Rio Ipojuca, próximo a Amaragi - PE

Açude no Sítio Padre Cícero, em Bezerros - PE

Traíra (Hoplias cf. malabaricus)

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Levantamento da IctiofaunaAs estruturas do Ramal do Agreste estão situadas,na bacia do rio Moxotó, na Província Zoogeográficado Rio São Francisco. A bacia do rio Ipojuca, querecebe as águas provenientes do Ramal do Agreste,foi considerada como Área de Influência Direta (AID)do empreendimento. As espécies registradasdurante as campanhas de campo nas bacias dosRios Moxotó, Ipojuca e Una foram: Piau, Pequira,Pataca, Sardinha, Sagüiru, Traíra, Canivete, Curimatãcomum, Bagre, Cascudo (Bodó), Cascudinho (Bodó), Tucunaré, Corro, Guppy, Barrigudinho, Tilápia (Filápia) e Ciclídeo (Jaguar).De forma geral, a composição da ictiofauna corresponde ao esperado para a fauna de peixes de água doce neotropical. A listagemapresentada não é, de forma alguma, exaustiva, mas propicia a idéia da diversidade da ictiofauna registrada para a baciahidrográfica do rio São Francisco, na sub-bacia do Rio Moxotó.

De uma maneira geral, as dianteiras das bacias da região do projeto do Ramal do Agreste são consideradas ambientes periódicos. Amaioria dos pontos amostrados é constituída de riachos temporários ou sazonais.Nos riachos de menor porte, espera-se a maior ocorrência de espécies endêmicas, consideradas as mais frágeis nas bacias da área doempreendimento.

Os estudos sobre a fauna dos rios que deságuampróximo à foz do rio São Francisco indicam quetodas as espécies podem ser consideradasraras, porém, durante os levantamentos, não foipossível detectar nenhum grupo tipicamenteraro.Nenhuma das espéc ies , amost radasdiretamente no campo ou encontradas emregistros de coleções científicas, consta na listafederal de espécies ameaçadas, à exceção doPirá ( ), consideradoespécie vulnerável na sua bacia de origem, a doRio São Francisco.O número de represamentos feitos na RegiãoNordeste Brasileira não tem precedente emoutra parte do País e afetou bastante a aparênciados cursos d'água locais. Como conseqüênciadesses empreendimentos, a ictiofauna da regiãofoi fragmentada em populações isoladas, e as rotas utilizadas pelos poucos peixes realizadores de migração reprodutiva que nelaexistem foram ainda mais limitadas.Como Espécies Invasoras foram encontradas o guppy ( ), espécie comum no comércio de aquário em todo o mundo, as tilápias(Cichlidae, Tilapinii: .) e as carpas (Cyprinidae: ) que são freqüentementeintroduzidas em açudes artificiais e atingem os rios em eventos de cheias.Em sua maioria, as espécies de relevância econômica se restringem às áreas estuarinas da região ou espécies não-nativas encontradasem açudes e reservatórios. No que diz respeito a Relevância Ecológica, pode-se considerar que, todas as espécies apresentam valoresecológicos semelhantes.

Caracterização dos Habitats Amostrados

Espécies de Maior Relevância

Conorhinchus conirostris

P. reticulataOreochromis sp. e Tilapia sp Ctenopharyngodon sp. e Cyprinus sp.

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Resultados

Piaba/pequira (espécie da famíliaCharacidae, sub-família Cheirodontinae)

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Ambientes TerrestresVegetação e Áreas Protegidas

Caracterização da Área de Influência IndiretaA área de influência indireta (AII) do Ramal do Agreste estálocalizada na região do Bioma Caatinga que se estende porcerca de 11% do território nacional, ocupando uma área de935.000 km². A vegetação da Caatinga caracteriza-seprincipalmente pela ocorrência de plantas adaptadas àscondições climáticas características do Semi-Árido -predominância de arbustos e árvores de pequeno porte,cobertura descontínua de copas, caules tortuosos, folhascaducas, espinhos, cactos e bromélias em abundância.

A vegetação natural de Caatinga da região do Ramal doAgreste está quase totalmente alterada. A ocupaçãoagropecuária predomina em grande parte da área, inclusivena área compreendida pelo Ramal e a Linha de Transmissão,entre Sertânia e Arcoverde.

Foram registradas para a caatinga 58 espécies das quais 42são endêmicas da caatinga. Alguns gêneros característicossão 'mandacarus', 'facheiros', 'cabeças-de-frade' e 'palmas',sendo este último endêmico da caatinga.

Na lista oficial de espécies da flora ameaçadas de extinçãono País há 39 espécies para os estados do Nordeste e MinasGerais, sendo que apenas duas espécies são do BiomaCaatinga: eConsiderando que o Bioma Caatinga já está muito alterado, onúmero de espécies ameaçadas talvez seja ainda maior. Apequena extensão de áreas protegidas em Unidades deConservação é um fato grave nesse contexto.

Segundo informações disponíveis, existem 65 áreasprotegidas na região do Bioma Caatinga, considerandoUnidades de Conservação (UC) Federais e Estaduais e TerrasIndígenas (TI). A metade do número total de UC é deReservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN). AÁreas de Preservação Ambiental (APA) representam 73,7 %da área total ocupada pelas UC, que é inferior a 5% doterritório compreendido pelo bioma.

Entre as áreas protegidas existentes na região do Ramal doAgreste, destacam-se, pela dimensão e localização, duasUnidades de Conservação (UC) e três Terras Indígenas (TI),situadas nas sub-bacias mais próximas da área do projeto.São as UC Parque Nacional do Catimbau e Reserva Biológicada Serra Negra (Rebio) e as TI Xucuru, Kapinawá e Kambiwá,ressaltando-se que estas duas são adjacentes ao Parque e àRebio, respectivamente.

Uma parte da área do Ramal está inserida na maior áreaprioritária para conservação dos biomas brasileiros destaregião a área Ca074 (Custódia), que abrange o cursosuperior da bacia do rio Moxotó. De acordo com asinformações disponíveis no Portal Bio/MMA, as açõesprioritárias para essa área dizem respeito ao manejosustentável e à recuperação dos recursos florestais.Observa-se também que as UC e TI existentes estãoincluídas entre as áreas prioritárias.

Schinopsis brasiliensis Astronium urundeuva.

Caracterização da Área de Influência DiretaNa classificação do Mapa do Bioma Caatinga, as únicas espéciesque ocorrem na região onde se insere a AID (área delimitada por2,5 km para cada lado do Canal e da LT) são: Savana-EstépicaArborizada, Agropecuária e Formações Pioneiras com InfluênciaFluvial e/ou Lacustre.Na maior parte desta área predomina a agropecuária e avegetação natural já está bastante alterada, não tendo sidoidentificada, no Mapa do Bioma, nenhuma área significativa devegetação sem interferência humana.Já no Mapa da Vegetação do Estado de Pernambuco, na regiãoonde se insere o projeto, identificada como região do "Sertão",ocorrem as classes definidas como "Caatinga Arbustiva ArbóreaAberta , "Caatinga Arbustiva Arbórea Fechada", "CaatingaArbórea Fechada" e "Antropismo". Nestas classes, a alturamédia da vegetação não ultrapassa os 5m, com árvoresatingindo menos de 10m.

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Pastagem degradada (classe 4)

Mulungu (Erythrina mulungu)

Cactus Facheiro (Pilosocereus piauhyensis),espécie quase ameaçada de extinção

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A interpretação das imagens também revelou que a vegetaçãonatural na área já está bastante alterada pela ação humana -fragmentada por diversas rodovias, com extensas áreas abertas ecom indicações de um forte e antigo processo de ocupação e usodo solo.

A retirada de madeira para lenha/carvão é provavelmente aprincipal ação humana que afeta a vegetação da caatingaarbustiva arbórea e eventualmente algumas áreas da caatingaarbórea.

O município de Sertânia apresentou a maior quantidade de carvãovegetal extraído de matas nativas do Estado de Pernambuco noperíodo de 1990 a 2005.

Na região do empreendimento, as áreas de vegetação mais abertae degradada estão próximas de cursos d' água e em relevo maissuave e plano, como as várzeas, áreas preferenciais paraagricultura. No extremo oposto, as áreas de vegetação naturalidentificadas como menos alteradas, encontram-se somente nasencostas da Serra Capitão Mor.

Em uma dessas áreas, observou-se a presença de duas espéciesque fazem parte da lista oficial da flora ameaçada de extinção(IBAMA, 1992), confirmadas na recente revisão da lista, a aroeira( ) e abaraúna ( , ambas na categoria devulnerável à extinção. A aroeira e a baraúna foram vistas na áreaque será afetada pela construção da barragem e reservatório deNegros. A vegetação das encostas próximas, na Serra CapitãoMor, parece estar em bom estado de conservação.

Aparentemente, a vegetação natural na região apresenta umacomposição florística empobrecida, de áreas significativamente

Myracrodruon urundeuva, antes Astronium urundeuva

Schinopsis brasiliensis)

alteradas. Na visita de campo, só foram observadas as espéciesarbóreas mais comuns da caatinga, tais como o mulungu (

), as caatingueiras ( spp), o juazeiro (), a faveleira ( ), o umbuzeiro

( ), o marmeleiro ( ) e aimburana ( ), bem como, entre os cactos, omandacaru ( ), a palma ( ) e o xique-xique ( ).

Na composição florística da área, observa-se, como indicador dedegradação da vegetação natural, a presença bastante comum daalgaroba ( ), espécie exótica introduzida no Semi-Árido Nordestino.

Erythrina

mulungu Caesalpinia Ziziphus

joazeiro Cnidoscolus phyllacanthus

Spondia tuberosa Croton sonderinanus

Commiphora leptophloeos

Cereus jamacaru Opuntia dillennii

Pilocereus gounellei

Prosopis juliflora

Fauna TerrestreBioma da Caatinga

Área de Influência Indireta (AII) do Empreendimento

Nas áreas mais conservadas, a fauna da caatinga possui animais de

porte, como onças, e grandes predadores de sementes, tais como a

Arara-vermelha e a Arara-azul. Em algumas áreas, a quantidade de

mamíferos de médio porte, como o veado-catingueiro, queixadas e

caititus, são similares a de uma floresta úmida.

As bacias dos rios que atravessam o sistema adutor, em especial,

Moxotó e Ipojuca percorrem a Caatinga, que, segundo o documento

Biodiversidade na Caatinga (MMA, 2002), possui 148 espécies de

mamíferos, 353 espécies de aves e 154 espécies de répteis e

anfíbios; e atravessa também a Floresta Atlântica, que, segundo o

documento MITTERMYER, 2000, possui 261 espécies de mamíferos,

620 espécies de aves, destas, 434 espécies localizadas no Centro

de Endemismo Pernambuco, e 580 espécies de répteis e anfíbios.

Na zona situada a norte e oeste do sistema adutor encontram-se

áreas da caatinga chamadas de agreste, que são mais úmidas do

que o Sertão Pernambucano e Paraibano.

Em torno da cidade de Sertânia, a criação extensiva de caprinos

ajuda a diminuir as poucas espécies vegetais, tornando difícil a

existência de espécies da fauna dependentes destes ambientes.

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Vegetação ciliar (classe 5)

Cactus Xique-Xique (Pilocereus gounellei)

Baraúna (Schinopsis brasiliensis),espécie ameaçada de extinção

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Dentro da bacia do Moxotó, uma área de destaque para a fauna na

região é o Parque Nacional do Catimbau que apresenta 21 espécies de

mamíferos, 128 espécies de aves, 19 espécies de répteis e 3 espécies

de anfíbios. Destaca-se a ocorrência de espécies ameaçadas de

extinção, como o pintassilgo-do-nordeste e outras consideradas

vulneráveis ou raras. São citadas ainda as ocorrências de mamíferos de

maior como a onça-de-bode. Há possibilidade de ocorrência do bico-

virado e do chorrozinho na região.

A Bacia do Ipojuca apresenta três áreas diferentes: as áreas de

caatinga, as áreas de brejos de altitude e as áreas de floresta atlântica.

Essa parte da floresta atlântica, chamada de Centro de Endemismo

Pernambuco, possui grande importância para conservação e tem

registro de mais de 437 espécies de aves. A maioria das espécies

ameaçadas da fauna do Nordeste brasileiro ocorre nesses locais.

A Área de Influência Direta (AID) do empreendimentoA Área de Influência Direta (AID) do Meio Biótico é relativamente constante em toda a sua extensão, existindo

pequenas mudanças do grau de civilização da caatinga existente.

A região norte do Canal apresenta-se mais civilizada que as demais, existindo poucas áreas com vegetação nativa. A

fauna apresenta o mesmo comportamento, sendo os registros nessa região restritos a espécies resistentes a ação do

homem. Há registros da caça de 24 espécies de pequenas aves com o uso do veneno do extrato da maniçoba nos

arredores de Sertânia. Quando já se caça com envenenamento pequenas espécies, pode-se deduzir o

desaparecimento das espécies de maior valor da região.

A parte central do Canal atravessa o vale dos riachos Negros e Tigre. Nesses locais, foram registrados endemismos

de habitat de espécies como, tem-farinha-aí e o chorrozinho . O local ainda é utilizado para a criação de caprinos,

além de possuir sinais da ação do homem.

Na parte final da área, foram observadas espécies típicas das caatingas locais, como alguns lagartos, além de aves

características, destacando-se a choca a gatinha e a gralha-piom-piom . Nessa região, foram observadas ainda

espécies de porte sujeitas à caça, como a ema.

22

Tem-farinha-aí(Myrmorchilus stigilatus)

Caatinga Arbórea (vegetação da classe 1)

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MEIO SOCIOECONÔMICOÁrea de Influência Indireta

Aspectos Demográficos

Educação

A Área de Influência Indireta do Meio Socioeconômico é composta,além dos municípios de Sertânia e Arcoverde, na RegiãoAdministrativa do Moxotó - onde se localizarão as obras do Canal eda linha de transmissão de energia - pelos territórios de 70municípios distribuídos pelas Regiões de Desenvolvimento (RD) doAgreste Central, do Agreste Meridional e do Agreste Setentrional.

Os municípios que fazem parte da Área de Influência Indiretarepresentam umagrande parcela da região do Agreste Pernambucano, incluindoalgumas de suas maiores cidades, como Caruaru, e Garanhuns.Algumas destas regiões conservam ainda elevados contingentesrurais, principalmente em municípios das Regiões deDesenvolvimento do Agreste Meridional e do Agreste Setentrional.Ressalta a reduzida taxa de crescimento da população entre osCensos Demográficos de 1991-2000. Dentre os fatores quecontribuem para isso, estão a falta de alternativas de geração derenda, o elevado grau de concentração das terras, além da quedanos índices de fecundidade observada desde a década de 1980.Abrangendo uma grande região, com quase 27.000 km , osmunicípios em estudo possuem grandes variações em suasdimensões, resultando em densidades demográficas bastantediferenciadas, que vão desde os 630 hab/km verificados emToritama (Agreste Setentrional), com apenas 35 km , até 13hab/km observados em Sertânia (Moxotó). As famílias residentesnestes municípios, em geral contam com pouco mais de 4moradores/domicílio na área rural e pouco menos de 4moradores/domicílio na área urbana.

A grande maioria das comunidades situadas na AII possui ensinoaté a quarta série, em escolas localizadas na própria comunidade.Em muitos casos as turmas são multiseriadas, principalmente nomeio rural, mas poucas crianças em idade escolar não freqüentama escola. Um dos fatores responsáveis por tal fenômeno, além dotrabalho realizado pelas Secretarias estadual e municipais, é apresença maciça do programa Bolsa-Escola, que representaimportante fonte de renda monetária das famílias.Os governos estadual e municipais estão implantando diversosprogramas nos municípios da AII, destacando-se:

Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA);Se Liga e Acelera Pernambuco;Alfabetização Cidadã;Programa de Centros Tecnológicos de Educação Profissional;Pedagogia da Informática Educacional e Pedagogia de Projetos.

2

2

2

2

A Educação de Jovens e Adultos está disseminada por toda aregião, presente em todos os municípios da AII, com pelo menosum dos dois segmentos que correspondem ao EnsinoFundamental.É bastante reduzida a oferta de cursos superiores na AII(MEC/INEP 2004) com a presença de instituições deste nível deensino em apenas cinco dos 72 municípios que a compõe, alémde duas Universidades públicas em Caruaru a UniversidadeFederal de Pernambuco e a Universidade do Estado dePernambuco e quatro instituições de ensino superiorparticulares, totalizando o oferecimento de 43 cursos superioresna cidade. Com isso, Caruaru, a maior cidade do Agreste, seconstitui em importante pólo de ensino superior no estado,configurando-se como uma cidade universitária, com todos osbenefícios daí derivados. Há ainda duas instituições de ensinosuperior particulares no município de Santa Cruz do Capibaribe,tornando esta cidade ponto de atração de jovens de diversosoutros municípios próximos que demandam seus cursos paracontinuarem seus estudos.

De modo geral, são bastante precárias as condições desaneamento dos municípios que compõem a Área de InfluênciaIndireta do empreendimento. Menos de 58% das moradias e55% da população da AII contam com água encanada,proveniente de rede geral. Nos municípios de Sertânia eArcoverde, 71% das residências são ligadas à rede geral, quefornece água para 69% dos moradores.Ainda mais precária é a situação do esgotamento sanitário naregião correspondente à AII, em que somente 40% dosdomicílios, com 38% dos moradores, estão ligados a redes decoleta, mesmo quando utilizando a rede de galerias de águaspluviais. Agravando este quadro, deve-se observar que mesmoas águas servidas recolhidas por rede são em geral despejadas

nos corpos d'água, sem qualquer tipo de tratamento. Asfossas são também utilizadas em larga escala, principalmente nomeio rural, devendo-se destacar que, em quase 90% dos casos,trata-se de fossas rudimentares, e não fossas sépticas. Cerca deum quinto dos domicílios onde moram mais de 24% doshabitantes da região não dispõe de banheiro ou sanitário.Por fim, cabe fazer referência a um dos maiores problemasenfrentados pelas municipalidades, qual seja o da destinaçãofinal do lixo. Na AII como um todo, pouco mais da metade do lixoproduzido nos municípios é coletado, com o restante tendo comoprincipal destino final o simples descarte em terrenos baldios oulogradouros, além de uma parcela importante que é queimadoprática utilizada principalmente no meio rural.

Saneamento

innatura

Matriz de Nossa Senhora da Conceição,em Sertânia - PE

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SaúdeCabe destacar que uma obra que tem como um de seus objetivos principais aumentar a oferta de água potável para o consumo humanotrás consigo um potencial enorme de impactar positivamente os indicadores de saúde de qualquer região. Afinal, a falta de água potávelé um dos mais graves problemas de saúde pública.

Apesar do Estado de Pernambuco possuir uma das maiores redes públicas do país, tem uma distribuição heterogênea de serviços desaúde, que estão mais concentrados na Região Metropolitana do Recife, contribuindo assim para uma maior dificuldade no acesso dapopulação ao sistema. A rede básica é ainda ineficiente, os hospitais municipais e regionais são pouco resolutivos e agregam poucatecnologia. A rede ambulatorial é composta por unidades de saúde, na sua maioria com baixo poder resolutivo, concentrando oatendimento de média complexidade nas sedes das Regionais de Saúde.

A rede hospitalar nos municípios que integram a Área de Influência Indireta contavam em julho/2003 com 80 unidades vinculadas aoSUS, das quais 60 públicas e 20 privadas (particulares ou filantrópicas). Estas unidades hospitalares somavam, em seu conjunto, cercade 3.500 leitos, o que significa uma relação de mais de 1,75 leitos/1.000 habitantes.

O atendimento ambulatorial oferecido pela rede conveniada ao SUS nos municípios da AII é prestado basicamente em unidadespúblicas municipais.

Os índices de mortalidade infantil ainda são bastante elevados, devendo-se registrar, contudo, que se observa uma constante tendênciade queda, derivada das diversas políticas e campanhas levadas a efeito nos últimos anos, como o Programa de Saúde da Família, oincentivo ao aleitamento materno e o combate à desidratação através da reidratação oral. O quadro de grandes carências apresenta-seespecialmente dramático nos municípios que formam a Região de Desenvolvimento (RD) Moxotó na AII, Arcoverde e Sertânia.

O maior índice de falecimentos na AII é derivado das doenças do aparelho circulatório. As principais causas de internações hospitalaressão causadas por gravidez, parto e puerpério e doenças do aparelho respiratório. As doenças infecto-parasitárias sobressaemprincipalmente no Agreste Meridional e nos municípios do Agreste Setentrional e do Moxotó.

Nos anos de 2002/2003, o estado de Pernambuco viveu uma grande epidemia de dengue. Em 2005, contudo, foram poucos os casosocorridos nos municípios que constituem a AII, sendo que no Agreste Central apresentou-se a maior concentração. As hepatites A e Esão as mais importantes para este estudo, pois sua via de transmissão é fecal-oral, e portanto, muito associada ao consumo de águacontaminada com coliformes fecais. Novamente o Agreste Central foi a Região de Desenvolvimento estudada onde o quadro se mostroumais crítico, sendo que o município de Poção, mostrou-se o mais afetado por hepatite em 2005.

Nos municípios da AII foram confirmados 962 casos de esquistossomose em 2005 e a RD com maior prevalência da doença foi o AgresteSetentrional, com um índice de 8,5 casos/10.000 hab. A leptospirose teve apenas 20 casos notificados na AII em 2005.

É marcante a presença da hanseníase em praticamente todos os municípios da Área de Influência Indireta. A tuberculose, apesar de nãoser doença de veiculação hídrica merece ser considerada neste estudo em função de seu potencial de disseminação na região.

As doenças sexualmente transmissíveis poderão sofrer impacto em seus indicadores, face ao razoável contingente de mão de obramasculina que deve se dirigir para a região em função do empreendimento.

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Aspectos EconômicosA Área de Influência Indireta do Projeto abrange uma grande região, abarcando municípios com os mais diversos portes e atividadesdesenvolvidas. Dentre eles alguns se destacam, tornando-se pólos indutores de desenvolvimento e, conseqüentemente, de atração denovos empreendimentos, tanto pelo dinamismo de sua economia, como Caruaru, como por sua localização estratégica, levando aocrescimento dos setores de comércio e serviços, como Arcoverde. De forma geral, contudo, tratam-se de pequenos municípios com aeconomia fortemente dependente dos repasses governamentais, vivendo um processo de urbanização acelerado, o que se traduz emincremento das atividades de comércio e serviços emdetrimento das atividades tradicionais da agropecuária.Considerando-se todos os setores de atividades, o setor deComércio agrega mais da metade dos estabelecimentos ematuação nos municípios da AII, seguido pelo de Serviços, estequadro se repete em todas as Regiões de Desenvolvimentoconsideradas.É grande a importância da contribuição da AdministraçãoPública, principalmente através dos salários pagos aosservidores, constituindo-se, na verdade, no grandeempregador em grande parte dos municípios. Destaca-se,ainda, a forte presença do setor de Indústrias em algunsmunicípios, como Caruaru, Garanhuns e Belo Jardim. Por essemotivo, inclusive, são estes os municípios com maioresrendas per capita dentre todos os estudados.Em Sertânia e, principalmente, em Arcoverde, municípios deespecial interesse para este estudo, por ser em seusterritórios que se darão as obras do Ramal do Agreste, o setorde Comércio e Serviços assume posição privilegiada na composição do PIB.Examinando-se os dois municípios de maior interesse para esta fase do projeto, verifica-se que a variação positiva no nível de empregosformais em 2006 foi superior em Sertânia que em Arcoverde.Em todas as Regiões de Desenvolvimento, o setor agropecuário caracteriza-se por apresentar, em geral, um elevado índice deconcentração dos imóveis rurais, mas com reduzido nível de ocupação por atividades produtivas, tanto agrícolas como pecuárias.No que se refere à agricultura, as principais lavouras temporárias da região, em área colhida, são ligadas à subsistência das famílias,principalmente o feijão e o milho. Secundariamente a mandioca é produzida principalmente no Agreste Meridional. A cana-de-açúcar e otomate, apesar de cultivados em poucos municípios da AII, têm sua importância acentuada pelo elevado valor de sua produção. Dentre aslavouras permanentes, a banana aparece com a maior área colhida, especialmente nos municípios do Agreste Central, enquanto o café ea castanha-de-caju são produzidos em diversos locais do Agreste Meridional. Contudo, o maracujá e a tangerina, mesmo com o cultivorestrito a poucos municípios, são os produtos que apresentam os maiores rendimentos na relação entre valor da produção e área colhida.Destacando-se Arcoverde e Sertânia, o feijão e, principalmente, o milho, são asculturas que ocupam a maior parte das terras dedicadas às lavouras temporárias, praticamente não havendo cultivo de lavouraspermanentes.A pecuária mantém importância em diversos municípios da região, principalmente a criação de bovinos, tanto de corte como de leite, e acaprinocultura. Em Sertânia a criação de caprinos cumpre papel de grande relevância na economia local, destacando-se como o maiorprodutor de Pernambuco, com mais de 1/3 do rebanho estadual. O rebanho de Arcoverde consegue a segunda maior produtividadeleite/animal/ano de todos os municípios da AII.Ainda com respeito ao setor agropecuário da economia, cabe fazer referência à produção extrativa vegetal, que tem nas produções delenha e de carvão, disseminadas em todo o território, o maior valor adicionado.As empresas estão, em sua maior parte, concentradas em poucos municípios. Somente em Caruaru estão instaladas mais de 30% dasindústrias da região. Ao se adicionar aquelas localizadas nos municípios de Belo Jardim, Bezerros, Gravatá, Pesqueira, Garanhuns, SantaCruz do Capibaribe e Toritama, tem-se que apenas 8 municípios concentram cerca de 75% das indústrias existentes na Área de InfluênciaIndireta.Os segmentos destas indústrias são diversificados, destacando-se os produtosalimentícios e as confecções. Tanto em Sertânia como em Arcoverde o setor industrial se apresenta com escassa importância para aeconomia dos municípios.

Qualidade de VidaO IDH - Índice de Desenvolvimento Humano, calculado pelo PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, apresentoumelhorias entre 1980 e 2000 em todos os municípios da AII. A dimensão que mais contribuiu para esta elevação foi a Educação. Dequalquer forma, é ainda reduzido o IDH nesta vasta região, apesar da totalidade dos municípios estar situada na faixa cujos valores sãoconsiderados médios , isto é, com IDH acima de 0,500. Apenas dois municípios se destacam por já terem transposto o índice de0,700, considerado como IDH alto : Caruaru (IDHM 0,713) e Arcoverde (IDH 0,708).

Casa de Farinha ainda em funcionamento,em Salgadinho - PE

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Infra-estrutura Regional

Transportes

Energia

O Agreste Pernambucano, situado entre o litoral do estado e oSertão, apresenta uma extensa malha rodoviária, compostatanto de rodovias federais como estradas estaduais e viasmunicipais. Dentre as principais vias existentes na Área deInfluência Indireta que, na verdade, funcionarão como guiaspara os dutos do Ramal do Agreste devem ser destacadas asseguintes rodovias federais:

BR-232BR-104BR-423BR-424BR-110

Diversas estradas estaduais realizam ligações entre osmunicípios da AII, dentre elas:

No Agreste Setentrional: PE-050, PE-095, PE-088, PE-089,PE-086, PE-090, PE-091, PE-121, PE-130, PE-145;No agreste Meridional: PE-085, PE-087, PE-103, PE-109,

PE-112, PE-149,PE-170, PE-180, PE-177, PE-187, PE-218,PE-214, PE-193, PE-233;No Agreste Central: PE-217, PE-270, PE-300, PE-197.

Como estrutura aeroviária, deve ser citada a presença na AIIdos aeroportos de Caruaru, com pista asfaltada 1.700m, e osde Arcoverde e Garanhuns, ambos com pista de 1.200m, alémdos pequenos aeródromos de Pesqueira e de Belo Jardim,com pista ao redor de 1.000m de extensão.

Todos os municípios da AII contam com energia elétrica,distribuída pela CELPE. O consumo anual total, ultrapassa1.200 Gwh, a maior parte é de consumo residencial (42,2%),seguido pelo consumo industrial (13,4%) e pelo consumocomercial (13,0%).Algumas linhas de alta tensão, pertencentes à CHESF,atravessam a AII, nas proximidades de Tacaimbó. É tambémneste município que está instalada a única Subestação daCHESF na AII, a TAC SE TACAIMBÓ.

SegurançaVisando modernizar o combate à violência em Pernambuco, diversos especialistas decidiram integrar as polícias militar e civil,dando origem a Secretaria de Defesa Social (SDS), criada através da Lei nº 11.629, de 28 de janeiro de 1999.

No Agreste Central o município que tem a maior taxa de mortalidade por homicídio é São Joaquim do Monte, seguido por Brejoda Madre de Deus. Poção, município com pouco mais de 12 mil habitantes, não teve nenhum registro de homicídio no ano de2002. Apenas Pesqueira e Poção contam com efetivo da Guarda Municipal, com um efetivo de 14 guardas. A Guarda Municipalde Pesqueira também atua na proteção ambiental.

No Agreste Setentrional o município que tem a maior taxa de mortalidade por homicídio, é Santa Cruz do Capibaribe seguido porMachados. Os municípios de Vertentes e Orobó não tiveram nenhum registro de homicídio no ano de 2002. Santa Cruz doCapibaribe teve o maior número absoluto de homicídios em 2002, seguido de Surubim. Somente Santa Cruz do Capibaribe contacom efetivo de 38 Guardas Municipais.

No Agreste Meridional o município com maior taxa de mortalidade por homicídio é Garanhuns (50.51%). Em Brejão, Calçado,Paranatama e Terezinha, não teve houve registro de homicídio no ano de 2002. O número absoluto de homicídios neste ano foimaior em Garanhuns e Buíque. Apenas Bom Conselho, Garanhuns, Buíque e Venturosa contam com efetivo da Guarda Municipaltotalizando um efetivo de 201 guardas.Todos atuam na proteção ambiental.

BR-110

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Turismo e Lazer

O turismo é uma das atividades econômicas que predomina naRegião do Agreste Central além da pecuária leiteira e de corte e daavicultura.Destaca-se Caruaru, que atrai turistas em busca de uma modalidadede turismo intitulada Turismo do Forró . Conta com boa estruturahoteleira, além de restaurantes, bares e lojas de artesanato. A Feirade Caruaru, considerada uma das maiores feiras ao ar livre domundo, também faz parte do roteiro turístico regional.A vila Alto do Moura recebeu da UNESCO o título de maior centro deartes figurativas da América Latina, em função das obras doceramista Mestre Vitalino. O local concentra mais de 200ceramistas que transformam suas casas em onde expõemas peças feitas de barro retirado das margens do Rio Ipojuca.A Região Agrestina Central tem o turismo impulsionadoprincipalmente pela Festa dos Reis, Semana Santa e festas juninas,mas também conta com o Circuito do Frio. Os moradores locais eturistas enfrentam uma temperatura média de 15 graus e sedivertem com shows de música regional.O turismo ecológico também é explorado em Gravatá por conta dasinúmeras cachoeiras, como as da fazenda Pedra do Tao. O municípiotambém merece destaque por ser um pólo moveleiro na região. BeloJardim - a terra dos músicos e conhecida por suas belezasnaturais, em que se destacam a Cachoeira Engenho Tira-Teima,Corredeira da Espalhadeira, Serra dos Ventos e Serra do Caboclo,entre outras atrações.Bezerros, cidade situada às margens da rodovia BR 232, a 50 minutos de Recife, é conhecida como "Terra dos Papangus", personagemque faz parte do carnaval pernambucano desde a década de 30.Em se tratando de opções de lazer na região, Caruaru é o município que conta com o maior leque de opções, incluindo desde bibliotecaspúblicas, museus e teatros a livrarias, ginásios poliesportivos e videolocadoras, seguido do município de Pesqueira. Os municípios maiscarentes nesse quesito são Agrestina e Poção.Na região do Agreste Setentrional, a atividade turística é pouco explorada em função da precariedade da oferta de infra-estrutura. Entreos problemas identificados sobressaem a manutenção de estradas e vias e abastecimento d´água. Ainda assim, a atividade turísticadestaca-se na economia da região, assim como a confecção de bordados artesanais (Passira e Salgadinho) e jeans (Toritama) e aprodução de móveis (João Alfredo). Taquaritinga do Norte foi incluído no calendário oficial da programação do "Circuito do rio" desde2000 com a Festa das Dálias.O Agreste Setentrional consolidou-se como o grande produtor de confecções e artefatos de tecido, atividade econômica de maior pesoda região, detendo 73% da produção de todo o Estado, equivalendo a 850 milhões de peças ao ano (setor formal e informal).A região do Agreste Meridional também tem no turismo uma das bases de sua economia, apesar da falta de infra-estrutura. O clima e orelevo são alguns dos maiores diferenciais da região, em relação ao resto do Estado, oferecendo diversas opções de turismo. Garanhunssedia o Festival de Inverno e chega a receber cerca de 50 mil turistas/dia. Em Saloá tem-se investido no turismo rural e em Buíque sãoexploradas potencialidades turísticas como o Vale do Catimbau, que possui sítio arqueológico com inscrições rupestres. Em se tratandode opções de lazer na região, Garanhuns, Lajedo e Venturosa são os municípios que contam com o maior leque de opções.

ateliers Memorial Mestre Galdino,em Alto do Moura, Caruaru - PE

Casa-Museu Mestre Vitalino, em Caruaru - PECasa-Museu Mestre Vitalino, em Caruaru - PECasa-Museu Mestre Vitalino, em Caruaru - PE

Museu do Forró Luís Gonzaga, em Caruaru - PE

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Aspectos Culturais

Cultura, Religiosidade e Lazer na AIINo aspecto cultural, percebe-se diversas afinidades entre os municípios da Área de Influência do empreendimento.Exemplos disso são o gosto da população pelas Feiras, como a famosa feira de Caruaru, e eventos ligados à cultura dosertão e plantios, como a Festa do Morango, em Garanhuns, feiras de produtos de artesanato e barracas dealimentação e os festejos de motivação religiosa, como as festas de padroeiro e de outros santos, o Natal, o Dia deReis, a Páscoa e as festas juninas. As comemorações de São João propiciaram a afirmação de um ciclo festivo quepassou a ter calendário com os principais santos homenageados no mês de junho e é muito comum dançar-sequadrilha. O forró, o coco e o baião também estão presentes nestas e em outras comemorações locais.

A Quaresma e a Semana Santa também são motivos de realização de atividades no sertão como a Paixão de Cristo,Missa de Ramos. As manifestações tradicionais mais freqüentes em vários desses municípios são encontradas nosgrupos folclóricos como os repentistas, bacamarteiros, pastoris, trio de forró, reisado, bandas de pífanos, coco,brincantes de perna de pau e outros grupos de tradição local, bastante expressivos na Região do Moxotó, emArcoverde e Sertânia.

No Agreste Meridional ocorre o Festival de Inverno nos meses de julho e agosto nas cidades de clima frio, ondepassam a acontecer festas com atrações regionais e nacionais, compondo o Circuito do Frio de Pernambuco.

A rede de equipamentos de lazer, no entanto, é bastante precária na região, sendo a presença de quadras esportivas,cinemas, teatros, museus e bibliotecas praticamente inexistente. Apenas municípios pólos apresentam algumavariedade na distribuição destes equipamentos.

Artesanato

Cultura alimentar

O Estado de Pernambuco, como toda a região Nordeste,apresenta uma grande variedade de produtos artesanais. Pelosprincipais ramos, o artesanato pernambucano está dividido emcestaria e trançados, bordados e rendas, cerâmica, couro,tecelagem, madeira, metal e tapeçaria.

De modo geral, na Área de Influencia Indireta e, em especial paraa população de baixa renda, a principal refeição diária consistemesmo em arroz, feijão, milho (e produtos derivados) e mandioca(e produtos derivados). Nos grupos de melhor renda predomina amistura , que geralmente acrescenta maior fonte de proteínas,como frango, carne (de boi, de carneiro ou de bode), peixe, eovos.

No sertão pernambucano, a carne de carneiro e de bode divide apreferência da população com a carne bovina. Várias partes sãoaproveitadas em pratos típicos como a buchada de bode e apanelada, que é feita com a cabeça, as vísceras e o sangue debode.

Os principais pratos da culinária local nos municípios quecompõem a AII são:

.

O sabor pernambucano também se revela nas ceias e cafés:cuscuz de milho ou de mandioca, inhame e macaxeira com carnede sol ou charque, tapiocas quentinhas ou ao molho de coco,queijo de coalho ou manteiga, batata doce, banana comprida,munguzá, frutapão, arroz doce, xerém, manuê, angu, coalhada,broa, canjica, pamonha.

Bode Guisado, Buchada, Carne de Sol com

Feijão Verde, Chambaril, Sarapatel, Mão-de-Vaca, Galinha de

Cabidela, Galinha de Capoeira, Carne de Charque, Feijoada e

Arrumadinho

Artesanato de Alto do Moura, em Caruaru – PE,detalhe de banda de pífanos

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Organização SocialObserva-se que a sociedade civil da área de estudo apresenta um padrão deorganização social bastante diversificado e tendendo a atender ao conjunto deproblemas característicos da região, os quais têm como principais eixos aglutinadoresa insegurança quanto à disponibilidade de recursos hídricos, a luta pela posse da terra ea implementação de projetos complementares às carências existentes. Em quasetodos os municípios são encontrados Conselhos ligados às áreas de Saúde, Educação,Social, Ambiental, entre outras, que ganham relevância quando associados a gestõesmunicipais de cunho popular e democrático. No entanto, no semi-árido como um todo,e em especial na Área de Influência, a população ainda conta fundamentalmente com oapoio das grandes redes regionais vinculadas ao Conselho Indigenista Missionário -CIMI, à Comissão Pastoral da Terra CPT e ao Movimento Sem Terra - MST.

Há ainda a presença de vários grupos de cunho educativo e ambiental quedesenvolvem trabalhos específicos voltados para a cultura local, geração de renda,organização de cooperativas.

Patrimônio Histórico e Cultural

Patrimônio Arqueológico e Pré-Histórico

Durante todo o século XX não houve alterações significativas na região em estudo, nem nas atividades econômicas básicas, nem no modode vida das populações sertanejas, uma vez que as questões da propriedade da terra e das

relações de poder no campo não mudaram estruturalmente; modernizaram-se os transportes e as comunicações, propiciando algumadiversificação cultural; houve pequena diversificação agrícola e incipiente industrialização.

No Agreste Pernambucano permanecem tradições culturais forjadas em cerca de dois séculos, primeiramente oriundas principalmente dosertão e, mais recentemente, também da Zona da Mata: usos e costumes sertanejos, como o aproveitamento do couro, culinária sertaneja,festas, músicas, danças e espetáculos, como a vaquejada, as bandas de pífanos, o coco e o Mamulengo. Aos poucos, expandiu-se efirmou-se, ali, a criação de caprinos, ligada à população rural de menores recursos.

Para a elaboração do Diagnóstico do Patrimônio Arqueológico, recorreu-se, no caso da AII, apenas a levantamento de dados secundários,arqueológicos e etnohistóricos. Tendo em vista a extensão definida para a AII, considerou-se que, no que concerne à arqueologia, ela seconfunde com a macrorregião de inserção da área de estudo.

Poucas foram as características culturais que se conseguiu levantar sobre as tribos indígenas existentes no passado na AII. Hoje as tribosindígenas da área de estudo encontram-se extremamente integradas, tanto entre si quanto com a sociedade nacional, sendo praticamenteimpossível individualizar suas características culturais. Seu artesanato é muito influenciado pela demanda do mercado. Apesar dastentativas atuais de resgatar a cultura tradicional, não existem elementos que permitam relacionar as características culturais passadascom os elementos recuperados arqueologicamente nos sítios pesquisados na área.

Os sítios arqueológicos registrados na AII do empreendimento, de acordo com as fontes consultadas, somam 162, distribuídos por apenas23 (35%) dos 66 municípios das regiões de desenvolvimento aqui consideradas.

A ocupação da área de estudo durou até o domínio do interior pernambucano pelo conquistador europeu, que rapidamente levou ao declínioda população local e à descaracterização cultural as sociedades indígenas que lá se encontravam.

Um vestígio arqueológico especialmente abundante na área de estudo são as pinturas nas rochas (conhecidas como grafismos rupestres).

Cinema Rio Branco, importante patrimônioedificado histórico de Arcoverde

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Populações IndígenasNa AII, encontram-se duas áreas indígenas. A Terra Indígena Xukuru, com cerca de 50 aldeias ou núcleos, possuipopulação estimada em 8.500 índios (sendo a maior população indígena no Nordeste). Localiza-se no município dePesqueira, agreste de Pernambuco, a 216 km da cidade de Recife. Dentro desta a área indígena situa-se oreservatório e a barragem de Pão de Açúcar (Ver foto), no rio Ipojuca, à jusante da área prevista para a adução dosistema do agreste pernambucano. A água é utilizada pelos índios para a produção agrícola irrigada.

A outra área indígena é a dos Kapinawá fica a 18km da entrada do Parque Nacional do Catirmbau, em Buíque, onde osíndios vivem em aldeias na localidade denominada Mina Grande, com a exploração de agricultura de subsistência eartesanato de palha. A população é de cerca de 1.000 indivíduos, habitando uma área de 12.403ha.

O maior contingente dessas famílias está inserido, segundo os índios, na área do Parque Nacional do Catimbal,contígua a TI Kapinawá.

Remanescentes de QuilombosAtravés das informações disponíveis encontram-se distribuídas, ao longo da área de influência indireta do Ramaldo Agreste, as seguintes comunidades quilombolas:

Furnas

Pé da SerraGuaraibasAngicoCuriquinhaCascavelFidelãoImbéSabaquim

CabeleirasCastainhoCauêteEstivaEstrelaTimbóTigreCavucoPau Ferrado

Chão dos NegrosCacimbinhaNegros do OssoConteCaibraGado Brabo

Serrote do Gado BraboCadeirãozinhoJiral

Artesanato Kariri-Xocó

Artesanato Kariri-Xocó

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Área de Influência Direta

Caracterização GeralFoi percorrido todo o traçado do canal, iniciando-se nomunicípio de Sertânia, na localidade conhecida como BarroBranco, até o município de Arcoverde, na localidade de Poçosde Baixo (Ilustração 4.3-56), objetivando identificar ecaracterizar os imóveis atingidos diretamente pelo traçado docanal. Para tanto, foram percorridos 74.500m, e realizado umsemi-cadastro das propriedades. Foram identificadosaproximadamente 95 imóveis, sendo que a grande maioriaestá localizada no município de Sertânia (75% do total). Dosimóveis identificados, 94% pertencem a pessoas físicas. Amaioria dos imóveis (71%) está registrada no cartório deRegistro de Imóveis - RGI, e seus detentores são proprietários.A estrutura das propriedades que compõe a área delevantamento é composta de imóveis com diferentesdimensões, variando de grandes propriedades até pequenosprodutores. Foi observado um número elevado de médiaspropriedades, com áreas que variam entre 200ha e 400ha.Não se observou moradias localizadas no traçado do canal.Dentre as benfeitorias que estão na área da construção doCanal do Agreste, destacam-se cercas de arame delimitando as propriedades, poucos barreiros construídos e algumas estradas deacesso. Entretanto, na faixa de 250 metros de cada lado do eixo do canal, foram encontradas diversas residências, currais, cercas dearame e pedras, barreiros, bebedouros e cisternas. Na área foram identificadas 76 moradias e, considerando-se a composição familiarmédia de cinco indivíduos na área rural destes municípios, pode-se inferir que aproximadamente 380 pessoas residem na faixa de 250mde cada lado do eixo do Canal do Agreste.

A área é explorada predominantemente por pecuária, com destaque para a criação de cabras (caprinocultura). A utilização das terras, nasua maior porção, é de pastagem natural, sendo explorada a caatinga e a capoeira com o rebanho de caprinos. Em alguns poucos locaisse observa, ainda como auxilio à pecuária, a plantação de palma, milho e capineira, utilizando pequenas porções de terras cercadas. Aagricultura de subsistência é outra prática de exploração das terras, com pequenas áreas plantadas de milho, feijão, cana-de-açúcar emandioca.

Foi percorrido também o trecho onde será implantada a linha de transmissão, localizado no município de Sertânia. Neste percurso não foiverificada qualquer benfeitoria construída, assim como aglomerados urbanos ou famílias residentes.

Deve ser destacado, ainda, que na faixa de 100 metros a partir de ambos os lados do centro do eixo do canal, que se constituirá na faixade domínio onde se localização as obras, foi verificada a existência de 28 casas, que deverão ser removidas.

Moradia típica na área de intervençãodo projeto – Sertânia - PE

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Patrimônio Arqueológico e Pré-Histórico da AIDPara a AID, foi realizado um levantamento de campo, restrito aos municípios de Arcoverde e Sertânia, aproveitando osacessos que mais se aproximavam do traçado do canal, que incluiu coleta de informações orais junto a moradores daslocalidades mais próximas.

Dos 162 sítios arqueológicos registrados até o momento na AII, apenas cinco se encontram nos municípios da AID,sendo três no município de Sertânia e dois no de Arcoverde.

1) Sítio Pedra do Letreiro - Município de Arcoverde

2) Sítio Pedra da Letra - Município de Sertânia

3) Sítio Pedra Letreira - Município de Sertânia

4) Sítio Pedra da Lagoa dos Patos -

Entrevistas feitas com moradores das localidades próximas do empreendimento forneceram informações de outrasocorrências arqueológicas na área de estudo, tais como pedaços de cerâmica, pinturas em rochas, lâminas de machadopolida, entre outras.

O baixo número de sítios arqueológicos conhecidos nos municípios da AID é revelador do baixo investimento empesquisa arqueológica na região do Moxotó. O levantamento de campo e as informações orais coletadas, no entanto,indicaram um alto potencial arqueológico para a AID, com sítios arqueológicos de diversos tipos: cerâmicos, funerários ede arte rupestre (pré-coloniais) e históricos.

Município de Sertânia

Considerações sobre o potencial arqueológico da AID

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Patrimônio Cultural dos municípios da AIDSertânia

Arcoverde

- O espaço cultural mais importante de Sertânia é o Armazém do Artesanato onde, além da exposição e vendado artesanato local, é oferecida a culinária típica regional: xerém com galinha, bode guisado, bolo de milho e mungunzá.

Ocorre no município a Festa Nacional do Bode, onde apresentam-se cantadores, repentistas, emboladores e gruposfolclóricos. Também durante a Festa de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Sertânia, acontecem apresentações,no pátio da Igreja Matriz.

Os produtos mais conhecidos e importantes do artesanato de Sertânia são os oratórios talhados na madeira e asesculturas alongadas de madeira. São, ainda, realizados trabalhos manuais com bordados e renda. Está emdesenvolvimento, em toda a região onde fica Sertânia, o Projeto Rota do Cangaço e Lampião, voltado para odesenvolvimento do artesanato, entre outras atividades, através do turismo. Entre as danças regionais, além do coco,impõe-se a influência do Sertão, com o xaxado. São, ainda, importantes as vaquejadas de Sertânia.

- Os espaços culturais mais importantes são: a feira de artesanato que, da periferia chega ao bairro Tamboré;o Museu do Índio do Nordeste; o Alto do Cruzeiro, onde se reúnem grupos de coco de roda; e a sala Rio Branco de cinema.

O município é conhecido por congregar alguns dos mais tradicionais grupos de coco de roda do Estado de Pernambuco.Arcoverde é ainda um importante centro produtor de literatura de cordel. Quanto a festas juninas, as de Arcoverde sãoconsideradas como sendo o maior São João do Sertão Pernambucano . Outras festividades importantes são a Festa daPadroeira, Nossa Senhora do Livramento, e a Semana Santa, quando ocorrem procissões no Alto do Cruzeiro e no Morro daSanta Cruz e dramatiza-se a Paixão de Cristo.

Sítio Pedra da Lagoa dos Patos –abrigo com pinturas, na AID em Sertânia - PE

Fenda que dá acesso à gruta com gravuras,na AID em Sertânia - PE

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Gestão Pública AmbientalA gestão ambiental pública, no Brasil, é praticada pelos integrantes do Sistema Nacional do MeioAmbiente (SISNAMA), ou seja, os órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal e dosmunicípios, além das fundações responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental.

Dentre os órgãos estruturados no SISNAMA, os mais pertinentes ao empreendimento são:

Os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle efiscalização de atividades que podem provocar a degradação ambiental, chamados Órgãos Seccionais.No Estado de Pernambuco, o órgão seccional é a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e MeioAmbiente - SECTMA, órgão normativo, seguido pela Agência Estadual de Meio Ambiente e RecursosHídricos CPRH, que planeja, coordena e implementa a política estadual de proteção do meio ambientee dos recursos hídricos. Ainda em Pernambuco, é, também, importante o Conselho Estadual de MeioAmbiente - CONSEMA;

Os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nassuas respectivas jurisdições, chamados Órgãos Locais. Os municípios de Sertânia e Arcoverde nãopossuem secretaria ou órgão semelhante destinado ao meio ambiente, embora haja conselho de meioambiente em Sertânia.

LEGISLAÇÃO INCIDENTEE APLICÁVEL

LEGISLAÇÃO INCIDENTEE APLICÁVEL

GESTÃO PÚBLICA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Licenciamento ambiental

Na Resolução CONAMA nº 237/97, Anexo I, é registrada a obrigatoriedade do licenciamento ambiental do empreendimento.De acordo com a Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1988, artigo 60, construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, emqualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ouautorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes é crime.

De modo geral, interessam à questão do licenciamento ambiental do empreendimento, na esfera federal, a Lei nº 6.938, de 31de agosto de 1981, que criou a Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA, o Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, quea regulamentou, e as Resoluções nºs 001/86 e 237/97, ambas do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

A competência do Estado de Pernambuco para o licenciamento é claramente indicada no artigo 10 e §§ da Lei nº 6.938, de31/08/81 e nos artigos 4º, 5º e 6º da Resolução CONAMA nº 237/97, uma vez que os impactos diretos do empreendimentoenvolvem o Estado de Pernambuco, afastando-se assim a competência federal.

O processamento do licenciamento ambiental do empreendimento deve ficar a cargo da Agência Estadual de Meio Ambientee Recursos Hídricos CPRH (Lei Estadual de Pernambuco nº 12.916, de 08 de novembro de 2005 , artigo 4º).

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No Estado de Pernambuco são concedidas as seguintes licenças ambientais (Lei Estadual de Pernambuco nº 12.916, de 08 de novembrode 2005, artigo 5º):

concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento, aprova a sua concepção e localização,atestando sua viabilidade ambiental e estabelecendo as condições a serem atendidas nas próximas fases de sua implementação. Suavalidade máxima é de 2 anos, inclusive prorrogações eventuais;

autoriza o início da implementação do empreendimento, de acordo com as especificações já aprovadas.Sua validade máxima é de 4 anos, inclusive prorrogações eventuais;

autoriza o início da atividade, do empreendimento ou da pesquisa científica, após a verificação documprimento das medidas de controle ambiental determinadas para a operação, conforme o disposto nas licenças anteriores. Suavalidade é de 1 a 10 anos.

Licença Prévia (LP) -

Licença de Instalação (LI)-

Licença de Operação (LO) -

Aspectos Legais do Setor Elétrico e de Linhas de Transmissão

Águas

A exploração do serviço público de energia elétrica, incluindo a atividade de transmissão, é da competência da União Federal de acordocom o art. 21, XII, b, da Constituição Federal (CF). Entretanto, segundo o art. 175 da CF, a prestação de serviços públicos pode ser feita pormeio de concessão ou permissão. Assim, a União Federal, na condição de poder concedente, pode delegar a atividade para outro órgãoque assumirá como concessionária.

Com relação ao serviço público de energia elétrica, a Lei nº 9.427/96 instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, que regula efiscaliza a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica. Esta lei estabelece, como competência da ANEEL,promover licitações para a contratação de concessionárias de serviço público para transmissão de energia elétrica.

Especificamente sobre o licenciamento ambiental das concessionárias de exploração, geração e distribuição de energia elétrica, foieditada a Resolução CONAMA nº 06/87.

Os corpos d'água que interessam ao presente estudo incluem-se, tanto no domínio federal, quanto no estadual. A atribuição de gerir cadacorpo hídrico é da entidade política que detém o seu domínio, mas os municípios também podem atuar, já que a competência para aproteção do ambiente é comum às três esferas da Federação (Constituição Federal, artigo 23, VI).

Na gestão de recursos hídricos deve sempre ser levada em conta a classificação dos corpos d'água da Resolução CONAMA nº 357/2005.Interessam ao empreendimento as classes em que se dividem as águas doces e as salobras.

A gestão nacional dos recursos hídricos é feita pela Agência Nacional de Águas - ANA, a quem compete implementar, em sua esfera deatribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. No Estadode Pernambuco, a gestão dos recursos hídricos compete aos órgãos que compõem o Sistema Integrado de Gerenciamento de RecursosHídricos do Estado de Pernambuco - SIGRH/PE, listados abaixo :

Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH;

Comitês de Bacia Hidrográfica - COBHs;

Órgão gestor de recursos hídricos do Estado;

Órgãos executores do SIGRH/PE;

Organizações civis de recursos hídricos; e

Agências de Bacia.

O empreendedor, tanto no âmbito federal, quanto no estadual, deverá obter permissão para a derivação e captação de águas e para, aomenos, alterar o regime e a quantidade da água existente nos corpos d'água em que pretende interferir.

No Estado de Pernambuco, a concessão de direitos de uso de recursos hídricos compete ao órgão gestor do Sistema Integrado deGerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco - SIGRH/PE, segundo a Lei Estadual de Pernambuco nº 12.984, de 30 dedezembro de 2005.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas federais são compostos por representantes da União; dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação, dos usuários das águas de sua área de atuação, além das entidadescivis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia (Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, artigo 39). O Comitê da BaciaHidrográfica do Rio São Francisco foi criado, com poderes deliberativos, consultivos e normativos, pelo Decreto Presidencial s/n°, de 5 dejunho de 2001.

O comitê de bacia pernambucano de interesse particular para o empreendimento é o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Moxotó, criado

Açude no Sítio Padre Cícero,em Bezerros - PE

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ArUm dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente é o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental (Lei nº 6.938, de31 de agosto de 1981, artigo 9º, I). Em função disto, a Resolução CONAMA nº 3/90 estabeleceu padrões nacionais de qualidade do ar,que dizem respeito a concentrações de partículas totais em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido decarbono, ozônio e dióxido de nitrogênio.

O § único do artigo 1º da Lei do Estado de Pernambuco nº 10.564, de 11 de janeiro de 1991, determina que, naquele estado da federação,sejam adotados os padrões nacionais de qualidade do ar em vigor.

Quanto a padrões de emissões aéreas que devem ser atendidos pelo empreendedor, o artigo 2º da mesma lei estabelece que a emissãode fumaça, em qualquer regime de trabalho, não poderá exceder ao padrão nº 2 da Escala de Ringelmann Reduzida, em localidadessituadas até quinhentos metros acima do nível do mar, e ao padrão nº 3 da mesma escala, para altitudes superiores.

Quanto aos veículos automotores empregados pelo empreendedor, devem ser observados os limites de emissões aéreas estabelecidospelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores PROCONVE, instituído pela Lei nº 8.723, de 29 de outubro de1993.

Flora e Fauna

O empreendimento, que será implantado em área do Bioma

Caatinga, poderá interferir com áreas de preservação

permanente (APP), definidas segundo o Código Florestal, Lei nº

4.771, de 15 de setembro de 1.965.

Dispõe o Código Florestal em seu artigo 4º que a supressão de

vegetação em área de preservação permanente somente

poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de

interesse social, devidamente caracterizados e motivados em

procedimento administrativo próprio, quando inexistir

alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto .

O órgão ambiental competente indicará as medidas

compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor.

5.6 Resíduos Sólidos e Produtos Perigosos

O empreendimento vai gerar resíduos sólidos vindo da

execução de obras civis. Pelo artigo 4º, § 1º da Resolução

CONAMA nº 307/2002, não é permitido colocar resíduos de

construção civil em aterros de resíduos domiciliares, em áreas

de "bota fora", em encostas, corpos d'água, lotes vagos e em

áreas protegidas por Lei. Os resíduos de construção civil devem

ser descartados obedecendo o que determina o artigo 10 da

Resolução CONAMA nº 307/2002.

As obras civis implicarão a movimentação, por via terrestre, de

produtos perigosos, inclusive explosivos. A Lei 10.233, de 5 de

junho de 2001, art.22, VII, determina que cabe à Agência

Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, estabelecer padrões

e normas relativos ao transporte terrestre de cargas especiais e

perigosas em rodovias e ferrovias.

Ruídos

O Conselho Nacional de Meio Ambiente, através da Resolução nº

001/90, prevê que a emissão de ruídos, devido à quaisquer

atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas

obedecerá aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nas

NBR-10.151 e 10.152. A Lei do Estado de Pernambuco nº 2.789,

de 28 de abril de 2005, também disciplina a produção de ruído

naquele estado da federação, em seu artigo 2º.

Importam fundamentalmente para este empreendimento o ruído

produzido por explosivos e por veículos automotores.

Segundo o artigo 7º da Lei do Estado de Pernambuco nº 2.789, de

28 de abril de 2005, o ruído produzido por explosivos utilizados

em pedreiras, rochas ou nas demolições, desde que detonados

no período diurno e previamente licenciados pelos órgãos

competentes das municipalidades, não fazem parte das

restrições por ela estabelecidas. No que diz respeito ao ruído

produzido por veículos automotores, devem ser observados os

limites fixados pelo artigo 20 da Resolução CONAMA nº 8/93.

Patrimônio Cultural

Segundo o artigo 216 da Constituição Federal, constituempatrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material eimaterial, que são referência à identidade, à ação e à memóriados diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.

A Resolução CONAMA nº 001/86, em seu artigo 6º, c,determinou que, na realização de estudos de impacto ambiental,sejam desenvolvidas atividades técnicas sobre sítios emonumentos arqueológicos, históricos e culturais dacomunidade.

Assim sendo, o Termo de Referência preparado pela CPRH para olicenciamento do empreendimento em questão exige que oPatrimônio Cultural material e imaterial da área doempreendimento seja objeto de estudos.

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PLANOS E PROGRAMASCO-LOCALIZADOS

PLANOS E PROGRAMASCO-LOCALIZADOS

Com o objetivo de definir um planejamento descentralizado, foram criados espaços institucionais voltados àmobilização da sociedade para que possa ajudar nas políticas públicas, estabelecendo um diálogo qualificado epermanente com o Governo, destacando-se entre eles:

O Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico social CEDES. Para apoiar o funcionamento desseConselho e mantendo diálogo com os diversos movimentos sociais e entidades da sociedade civilorganizada, foi formada a Secretaria Especial de Articulação social SEAS;

Os Comitês Municipais e Regionais. Para estimular esses espaços de diálogo foi criada a Secretaria Especialde Articulação Regional SEAR.

O Projeto Todos por Pernambuco –

Caderno de Propostas.

,

,

Gestão Democrática e Regionalizada é um instrumento importante, já que junto com aSEAR vem coordenando os Seminários Regionais de Desenvolvimento, com o objetivo de serem apresentados projetosreunindo as contribuições recebidas através de material específico distribuído anteriormente o Aintenção é que os Seminários não se resumam a eventos apenas para a apresentação de projetos, mas que gerem produtos queserão transformados em ações a serem acompanhadas pelos Comitês.

O também tem como objetivo um processo de avaliação contínua dessas açõesconjuntas entre o Governo e as Regiões, de modo a garantir a concretização das propostas.

Outra ação desenvolvida pela SEAR é o desenvolvido junto ao PROMATA e PRORURAL, evoltado para o auxílio de famílias produtores de cana-de-açúcar, na Zona da Mata - Zona da Mata Sul, Norte e mais 4 municípiosdo Agreste e 7 da Região Metropolitana.

Devido a grande presença de população indígena no Estado de Pernambuco foi elaborado oconstituído a partir da construção de documentos setoriais envolvendo cerca de 10 secretarias de Estado

para atender às reivindicações dessa população.

O Governo do Estado, através da Secretaria das Cidades, está implantando o Trata-se deum programa integrado de ações nas áreas de cultura e lazer voltado para todas as faixas etárias, em áreas públicas,compreendendo assistência médica, atividades físicas e culturais.

Foi editado, em maio/2007, o Plano Estadual de Segurança Pública PESP-PE 2007, resultante das reuniões do Fórum Estadualde Segurança Pública, que ocorreram em março e abril deste ano.

Programa Todos por Pernambuco

Programa Chapéu de Palha

Plano de Ações dos Povos

Indígenas 2007

Programa Academia das Cidades.

O Governo do Estado de Pernambuco apresenta uma gestão com caráterregionalizado, voltado para a interiorização das ações públicas e para a captação darealidade encontrada nas 12 Regiões de Desenvolvimento em que foi organizado oEstado: RD Araripe, RD São Francisco, RD Sertão Central, RD Itaparica, RD Pajeú, RDMoxotó, RD Agreste Central, RD Agreste Meridional, RD Agreste Setentrional, RDMata Sul, RD Mata Sul Norte e RD Metropolitana.

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IMPACTOS AMBIENTAISIMPACTOS AMBIENTAIS

Identificação das Ações e Componentes AmbientaisO primeiro passo para a análise de impactos é a identificação das ações impactantes ouque possam causar impacto sobre os recursos naturais e socioeconômicos. Foi, então,desenvolvido um processo que permite identificar quais atividades seriam capazes decausar impacto sobre os diferentes recursos, avaliando a fundo aspectos como duração,freqüência, extensão, forma, reversibilidade e características espaciais.

O segundo passo é o desenvolvimento de uma metodologia que identifique oscomponentes ambientais que possam ser afetados pelo empreendimento. Procurou-se,então, relacionar as diferentes fases da obra e analisar os componentes ambientais quepossam sofrer impactos. A partir dessas informações, procurou-se identificar medidassuavizadoras, visando evitar, minimizar ou eliminar qualquer potencial impactodesfavorável, que deverão ser executadas pelo empreendedor.

ASPECTOS METODOLÓGICOS

Análise de ImpactosSimulação de Impactos de Ruídos

a)

O programa de modelagem e simulação construiu ummodelo digital do terreno, que representa a topografialocal, considerada como obstáculo natural para apropagação do ruído.

b)Modelagem das Fontes Sonoras

As fontes sonoras foram divididas em grupos de acordocom a etapa de projeto em que estão inseridas e com otipo de fontes:

Ruído Ambiente

Foram definidos dois tipos de fontes de ruído principais:as rodovias; e os centros urbanos.

Obras

As obras no Ramal do Agreste foram divididas em trêssubgrupos: obras gerais; construção de aquedutos; econstrução de túneis.

Elevatória

Com o término das obras, durante a etapa de operação,ficará apenas um conjunto de fontes sonorasrepresentativas, concentradas na Elevatória EB-1. Nãofoi considerada nenhuma medida minimizadora.

Topografia e Ambiente Construído

c)

A simulação foi feita através do programa de computadorpara avaliação de impacto ambiental de poluição sonoraSoundPLAN.

d)

Os baixos níveis de ruído ambiente expressam umasituação crítica tanto durante a realização das obras,quanto para o funcionamento do Ramal.

O impacto sonoro pode ser considerado negativo, direto,permanente, de curto prazo, abrangência local e reversível,com magnitude baixa e alta probabilidade de ocorrência.

Simulação

Conclusão

Juazeiro (Zizyphus joazeiro)

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DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS E MEDIDAS MITIGADORAS

Impacto 1 Introdução de Tensões e Riscos SociaisEste impacto se dará inicialmente na fase de planejamento, com a criação de expectativas da população regional em relação àimplantação do empreendimento. Estas expectativas criam um ambiente favorável à execução das obras, na medida em que seevidenciam os benefícios a serem recebidos pelas comunidades, tais como a maior oferta de água de boa qualidade, a geração deempregos durante a fase de construção e o próprio desenvolvimento econômico e social da região. Por outro lado, são também geradasexpectativas negativas, decorrentes da falta de informações concretas sobre o alcance e os reais impactos do empreendimento.

O impacto terá um momento inicial mais intenso, devido principalmente aos fatos vinculados à contratação de pessoal e aosdeslocamentos de moradores das áreas rurais.

Estas transformações poderão tornar mais críticas situações relacionadas ao aumento da violência e da mendicância, além de colaborarpara o crescimento desordenado das áreas urbanas.

Em vista destes fatores, este impacto é negativo, direto, temporário, com seus efeitos sentidos no curto prazo. É reversível e deabrangência local, sendo de baixa magnitude e de média probabilidade de ocorrência. Sua relevância, portanto, deve ser consideradapequena.

Discussão e divulgação local dos critérios de compra de terras e mudança das famílias rurais afetadas;

Negociação participativa e descentralizada das medidas suavizadoras e compensatórias dirigidas às famílias rurais atingidas;

Maximização da contratação de mão-de-obra local durante a construção;

Divulgação para a população das oportunidades de emprego efetivamente existentes durante a construção;

Divulgação para os empregados não-locais das empreiteiras de normas de conduta social adequadas no relacionamento com aspopulações residentes;

Fornecimento de informações às comunidades rurais sobre alterações no tráfego de veículos nas estradas próximas;

Colocação de sinalização e redutores de velocidade junto aos agrupamentos populacionais rurais;

Divulgação junto aos motoristas de veículos envolvidos nas obras das normas para prevenção de acidentes nas estradas rurais;

Articulação com as prefeituras visando orientar eventuais medidas necessárias na área de segurança pública.

Medidas Recomendadas�

Impacto 2 Ruptura de Relações Sócio-ComunitáriasAs diversas atividades realizadas no Nordeste envolvendo o deslocamento de populações, mostraram a importância dos impactosprovocados. Os seus efeitos principais estão ligados à quebra das relações de vizinhança e parentesco, essenciais para a manutençãodas práticas de socorro e solidariedade, tão necessárias em difíceis condições de sobrevivência.

Embora sejam poucas as famílias a serem afetadas com a construção do Canal do Agreste, os efeitos sobre elas poderão ser graves se osprocessos para liberação das terras onde serão implantados os canais, reservatórios e demais estruturas físicas da obra não foremconduzidos adequadamente.

Este impacto ocorrerá principalmente antes das operações construtivas e sua abrangência se resumirá a trechos dos municípios deSertânia e Arcoverde ao longo do canal e reservatórios projetados.

Pode-se classificar este impacto como negativo, direto, permanente, de curto prazo e irreversível. Sua incidência é local, sua magnitude ébaixa e sua probabilidade é média. Este impacto, portanto, é considerado de pequena relevância.

Divulgação local dos critérios de aquisição de terras e mudança das famílias rurais afetadas;

Maximização da contratação local de mão-de-obra durante a construção;

Realização dos Programas de Indenizações de Terras e Benfeitorias e de Reassentamento de Populações.

Medidas Recomendadas�

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Impacto 3 Riscos de Acidentes com a População

Medidas Recomendadas

O aumento do tráfego de veículos nas áreas próximas às obras interferirá no cotidiano das comunidades situadas nas vizinhanças doscanteiros de obras. Um dos principais impactos desta interferência é o aumento do risco de acidentes a que ficarão expostas estascomunidades. A própria presença de máquinas, equipamentos e veículos pesados se constitui em grande atrativo, principalmente paraas crianças, favorecendo a ocorrência de acidentes.

Este impacto é negativo, direto, temporário, de curto prazo, irreversível e local. Sua magnitude é baixa, com média probabilidade deocorrência e de pequena relevância.

Divulgação de normas para os motoristas dos veículos de serviço voltadas para a prevenção de acidentes nas estradas próximas;

Divulgação para as comunidades rurais de alterações no tráfego de estradas próximas;

Adoção de medidas redutoras de velocidade e sinalização;

Planejamento do transporte pesado em horários não prejudiciais à população.

Impacto 4 Aumento e/ou Aparecimento de Doenças

Medidas Recomendadas

Impacto 5 Aumento da Demanda por Infra-Estrutura de Saúde

Medidas Recomendadas

A população de uma dada região desenvolve uma relativa imunidade às doenças comuns a sua região de origem, resistência que gruposhumanos recém-chegados de outras condições ambientais não dispõem. Estes, por sua vez, poderão servir de vetores para a introduçãode novas doenças nestas localidades. Este é um tipo de impacto esperado para atingir grupos distintos, ocorrendo em espaços e temposdiferenciados.

Num primeiro momento relaciona-se às fases de mobilização e infra-estrutura para as obras. Destaca-se o potencial aumento quepoderá ser observado em relação às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), devendo-se ter especial cuidado com a proliferação decasos de AIDS. O segundo momento é relacionado à fase de operação do empreendimento e se caracteriza pelo possível aumento dealgumas doenças de difusão pela água..

Este impacto é negativo, indireto, temporário, de curto prazo e reversível. A sua abrangência é local, de magnitude e probabilidademédias e de pequena relevância.

Realização de campanhas de esclarecimento junto aos trabalhadores e moradores das cidades;

Acompanhamento da saúde dos trabalhadores nos canteiros de obras;

Articulação com as Secretarias de Saúde do Estado, dos municípios e com a FUNASA.

Diretamente ligado ao aumento e/ou aparecimento de doenças, poderá existir um aumento da exigência por infra-estrutura de saúde.Isto também poderá ser observado tanto nas fases de mobilização e infra-estrutura para obras, quanto, em menor escala, na fase deoperação do empreendimento.

Segundo os dados apresentados no Diagnóstico, a infra-estrutura do setor de saúde existente se mostra suficiente para as necessidadesregionais, mesmo levando-se em consideração eventuais aumentos de exigência dos serviços devido ao surgimento de endemias naregião.

Assim, este impacto se mostra negativo, indireto, temporário, de curto prazo, irreversível, local, de baixa magnitude e probabilidademédia apresentando pequena relevância.

Articulação com as Secretarias de Saúde do Estado, dos municípios e com a FUNASA.

Verificação dos aumentos das necessidades, além da capacidade dos serviços de saúde locais.

Ç

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IMPACTO 6

IMPACTO 7

Perda de Empregos e Renda

Medidas Recomendadas

Geração de Empregos e Renda durante a Implantação

Este impacto se fará sentir em dois momentos distintos. Durante os serviços preliminares às obras, afetará a população residente nasáreas que serão incorporadas ao empreendimento para implantação do sistema hidráulico do Projeto. Mais tarde, ao término da fase deconstrução, quando da desmobilização, afetará principalmente os trabalhadores menos qualificados empregados nos canteiros deobras.

A região a ser atravessada pelo Ramal do Agreste, porém, é de pequena ocupação, assim, a perda de empregos e renda decorrente dasdesapropriações para execução das obras é um impacto negativo, direto, permanente, de curto prazo e irreversível. Seus efeitos se farãosentir localmente, podendo ser considerado de magnitude irrelevante, baixa probabilidade e, portanto, sua relevância pode serconsiderada muito pequena.

Implementação de ações de recomposição economia de subsistência das famílias afetadas por desapropriação;

Incentivo à contratação de mão-de-obra local.

Este impacto começará nos serviços preliminares da implantação do empreendimento, quando as ações de contratação de mão-de-obravão criar postos de trabalho com impacto restrito à economia local ao longo do traçado das obras.

As obras serão realizadas num período estimado de 34 meses e na época de maior pico, no 27º mês, prevê-se que estarão empregadosmais de 4.100 técnicos e trabalhadores, 85% dos quais alocados diretamente na construção e 15% administrativos.

O aumento do nível de emprego local acarretará um maior consumo de bens e serviços nas cidades impactadas, afetando positivamenteo comércio e a arrecadação de tributos.

Este impacto pode ser classificado como positivo, direto, temporário, de curto prazo, irreversível e de abrangência local. Deve serconsiderado de média magnitude e de alta probabilidade, com grande relevância.

Maximização da contratação local de mão-de-obra durante a construção;

Ações de comunicação social com o objetivo de visando divulgar informações sobre aspectos que contribuam para ampliar osbenefícios acarretados pelo Projeto na região.

Medidas Recomendadas

IMPACTO 8 Dinamização da Economia Regional

Medidas Recomendadas

Os efeitos de geração de emprego e renda repercutirão positivamente na economia dos municípios da região, pelo aumento da procurapor bens e serviços devido ao aumento da massa salarial disponível. Isto repercutirá no próprio aumento do nível de emprego nas cidadese na maior dinamização da economia regional.

Outra conseqüência positiva na economia regional é a abertura de novas empresas para o atendimento da demanda adicional. Com isso,haverá também um aumento das finanças municipais através de maior arrecadação de impostos e taxas.

Este impacto é positivo, indireto, permanente, irreversível e de abrangência regional. Caracteriza-se por apresentar altas magnitude eprobabilidade de ocorrência, classificando-se como de relevância muito grande.

Para o aumento de seus efeitos, indica-se:

Maximização da contratação local de mão-de-obra durante a construção�

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IMPACTO 9

IMPACTO 10

Pressão sobre a Infra-Estrutura Urbana

Medidas Recomendadas

Redução da Exposição da População a Situações Emergenciais de Seca

Medidas Recomendadas

Este impacto ocorrerá durante o período em que ocorrerá a maior parte das operações construtivas, persistindo, porém, algum tempoapós o final da implantação do empreendimento. Suas principais causas serão a contratação de mão-de-obra e as demandasrelacionadas com a aglomeração e posterior permanência de trabalhadores não aproveitados.

Mesmo considerando que grande parte da mão-de-obra do projeto será contratada localmente, pode-se antecipar que a parcela vindade fora, somada ao contingente de trabalhadores atraídos e não absorvidos, representará um aumento da exigência por urbanização dasmunicipalidades.

Este impacto é classificado como negativo, indireto, temporário, de curto prazo, irreversível e de abrangência local. Sua magnitude ébaixa, mas com alta probabilidade de ocorrência, sendo de média relevância.

Maximização da contratação local de mão-de-obra durante a construção;

Adoção de ações de divulgação para informar a população sobre as reais oportunidades de emprego existentes durante a construção.

Na região do Agreste Pernambucano, a falta de garantia no abastecimento de água à sua população provoca graves problemas, que vãodesde as restrições à implantação de novos negócios, com as conseqüentes dificuldades ao desenvolvimento de seus municípios, aosprejuízos das atividades agropecuárias e, sobretudo, à exposição de seus moradores a precárias condições de sobrevivência. Oempreendimento permitirá uma redução destes problemas e a conseqüente diminuição da população sob risco.

Este impacto é positivo, direto, permanente, a ser observado no longo prazo, irreversível e de abrangência regional. Apresenta altasmagnitude e probabilidade de ocorrência, devendo-se classificar a sua relevância como muito grande.

Como medida otimizadora de seus resultados, indica-se:

Realização do Programa de Educação Ambiental, com a implantação de ações educativas de combate ao desperdício e conservaçãodos recursos naturais;

Realização do Programa de Implantação de Infra-Estrutura de Abastecimento de Água para Uso Difuso, com a promoção de açõespara permitir o acesso à água aos moradores da região ao longo do Canal, e nas proximidades dos rios Moxotó e Ipojuca.

IMPACTO 11 Diminuição do Êxodo Rural e da Emigração da Região

Medidas Recomendadas

Este impacto terá grande alcance e significado socioeconômico amplo, devido às repercussões sobre o panorama demográfico dasregiões beneficiadas, decorrentes dos recursos hídricos disponibilizados pelo projeto.

O fortalecimento da oferta hídrica nas cidades interioranas terá reflexos positivos em seus sistemas de saneamento básico e atividadesprodutivas (indústria, comércio e serviços), redirecionando para estes núcleos as migrações que encaminhariam para as áreasmetropolitanas. Contudo, não se pode afirmar que este Projeto, sozinho, representará uma solução definitiva para esta grave questão.

Este impacto pode ser classificado como positivo, indireto, permanente, de longo prazo, irreversível e de abrangência regional.Classifica-se como de alta magnitude, e média probabilidade de ocorrência, sendo descrito como de grande relevância.

As principais medidas capazes de aumentar os seus efeitos são:

Realização do Programa de Comunicação Social, para divulgar conhecimentos sobre as condições de acesso à água noempreendimento;

Realização do Programa de Implantação de Infra-Estrutura de Abastecimento de Água para Uso Difuso, com a promoção de açõespara permitir o acesso à água aos moradores da região ao longo do Canal, e nas proximidades dos rios Moxotó e Ipojuca.

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IMPACTO 12 Redução da Exposição da População a Doenças e Óbitos

Medidas Recomendadas

Redução da Pressão sobre Infra-Estrutura de Saúde

Medidas Recomendadas

Um dos aspectos mais graves da escassez hídrica é o quadro de sofrimento a que estão submetidas as populações do semi-árido,resultando no encaminhamento de grande número de pessoas para tratamentos, ou ainda resultando em óbitos, principalmenteinfantil. É esta situação crítica que o Projeto contribuirá para diminuir.Este impacto é positivo, indireto, permanente, a ser observado no longo prazo, irreversível e de abrangência regional. Configura-se demédia magnitude, probabilidade e relevância.

Entre as medidas capazes de otimizar os seus resultados, devem ser destacadas:Realização do Programa de Implantação de Infra-Estrutura de Abastecimento de Água para Uso Difuso;Realização do Programa de Educação Ambiental;Realização do Programa de Monitoramento de Vetores e Hospedeiros de Doenças;Realização do Programa de Controle de Saúde Pública.

Este impacto se relaciona a dois fatores altamente positivos e que revelam alguns dos principais efeitos a serem alcançados com aimplantação do Projeto.O primeiro se refere ao fato de que, com a conclusão das obras, haverá uma maior oferta de água às populações urbanas e rurais,resultando na redução da exposição destas populações às situações de seca e, conseqüentemente, na diminuição dos índices dedoenças decorrentes das más condições sanitárias ainda vigentes na região, ocasionadas, em grande parte, pela falta de água para asatisfação das necessidades básicas dos seres humanos.O segundo aspecto se relaciona à qualidade das águas a serem disponibilizadas. A situação de grande parte dos reservatóriosdestinados ao abastecimento da população na região do Projeto apresenta-se, em alguns lugares, como prejudicial à saúde pública. Apartir do início da operação do empreendimento, será melhorada a qualidade das águas, resultando na diminuição das internações etratamentos.Esses fatores poderão aumentar a suficiência dos equipamentos de saúde hoje existentes, diminuindo as necessidades de novosinvestimentos.Este impacto é positivo, indireto, permanente, observado no longo prazo, irreversível e de abrangência regional. É ainda de altasmagnitude média e probabilidade de ocorrência, sendo, portanto, de grande relevância.

Não há medidas recomendadas para a otimização deste impacto.

IMPACTO 13

IMPACTO 14 Risco de Proliferação de Vetores

Medidas Recomendadas

O Projeto em estudo, através de uma maior oferta de água à região, poderá oferecer condição de veiculação de vetores de diversasdoenças, tais como a esquistossomose, dengue, malária e febre amarelaEste impacto é negativo, indireto, permanente, e com seus efeitos sentidos no longo prazo, reversível (se forem aplicadas as medidasrecomendadas) e de abrangência regional. É de médias magnitude e probabilidade de ocorrência, sendo considerado também de médiarelevância.

Execução do Programa de Educação Ambiental;Monitoramento da qualidade da água dos reservatórios e do Canal;Tratamento sanitário de áreas críticas;Controle de saúde de funcionários de empreiteiras;Execução de um Programa de Inventário da Entomofauna Regional e de Monitoramento de Vetores.

Vista de Pesqueira

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IMPACTO 15

IMPACTO 16

Interferências em Sítios Arqueológicos

Medidas Recomendadas

Aumento da Emissão de Ruídos

Medidas Recomendadas

Os estudos elaborados para avaliação do patrimônio arqueológico da região do empreendimento, concluíram pelo grande potencialarqueológico da região.O diagnóstico baseou-se em levantamento de dados secundários, coleta de informações orais e visita a sítios arqueológicos apontadospelos informantes. Portanto, não se tratou de um levantamento sistemático, mas apenas de potencial arqueológico da área de estudo.Por isso, é possível que a área guarde mais sinais arqueológicos do que os comprovados durante os estudos de diagnóstico.Os fatores que podem gerar esse impacto são os que interferem no solo (cortes), removendo camadas deste e iniciando processoserosivos, depositando material estranho sobre o solo e obstruindo o acesso aos sítios arqueológicos existentes.O impacto caracteriza-se por ser: negativo, direto, permanente, de curto prazo, irreversível, abrangência local, alta magnitude eprobabilidade média.

Realização de prospecções arqueológicas intensivas, como forma eficiente de prevenção do impacto;Implantação de um Programa de Salvamento Arqueológico - na impossibilidade de desvio do traçado do empreendimento;Implantação de Programa de Educação Patrimonial

Os baixos níveis de ruído ambiente enunciam uma situação crítica tanto durante a realização das obras, quanto para o funcionamento doRamal.O impacto das obras é semelhante ao que já ocorre nas rodovias. O ruído gerado durante a construção de cada aqueduto é de até 20dB(A) além do limite noturno a 500 m de distância. O ruído na abertura dos túneis, feitas através de explosivos, é mais intenso. Cadaexplosão pode elevar os níveis de ruído a 500 m a até 40 dB(A) além do limite noturno. Na etapa de operação, a Elevatória EB-1 será afonte mais evidente. Ela gerará um impacto sobre o ruído ambiente atual de 15 dB(A) a 1 km de distância.Este impacto pode ser considerado negativo, direto, permanente, de curto prazo, abrangência local e reversível, com magnitude baixa ealta probabilidade de ocorrência.

Construção de proteção acústica nas áreas de maior ruído de obra.Monitoramento dos ruídos durante a etapa e construção.Construção de proteção acústica para diminuir ruídos da EB-1 na etapa de operação.

IMPACTO 17 Aumento das Emissões de Poeira

Medidas Recomendadas

A emissão de material particulado, no processo de construção, não constitui um impacto importante por ficar restrita aos locais de obrase acontecer, em sua maior parte, distante das zonas urbanas e rurais. Além disso, é um processo que, quando ocorrer, deverá sertemporário e intermitente, mas pode comprometer o bem-estar da população.As emissões de poeira provenientes da movimentação de terras são de difícil controle nas áreas próximas às obras, principalmentedurante as estações secas.Esse impacto é negativo, direto, temporário, de curto prazo, reversível, de abrangência local, de baixa magnitude e média.

Realização do Programa Ambiental de Construção.Borrifar água sobre o solo, principalmente nas estradas de terra próximas a povoados.Planejamento das operações de transporte de materiais e equipamentos, evitando horários noturnos.Fazer revestimento das vias de acesso onde ocorrer maior fluxo de veículos.Recuperação das áreas utilizadas como canteiros de obrasRecuperação paisagística das áreas atingidas.

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IMPACTO 18

IMPACTO 19

Interferências com áreas de processos minerários

Medidas Recomendadas

Aumento da oferta e da garantia hídrica

Medidas Recomendadas

IMPACTO 20 Aumento da oferta de água para abastecimento urbano

Medidas Recomendadas

O levantamento de Processos junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) realizado recentemente selecionou 8 (oito)áreas com direitos minerários presentes na região. Parte de uma dessas áreas será atingida pela implantação do canal. Outra parte seráatingida pela implantação do canal e da linha de transmissão.Esse impacto é negativo, direto, permanente, de longo prazo, irreversível, de abrangência local, de magnitude irrelevante e, com altaprobabilidade de ocorrência.

Avaliação do potencial mineral a ser afetado e da reserva de valor comercial existente nas áreas do empreendimento.Solicitar junto ao DNPM, restrições a novos pedidos de pesquisa ou de licenciamento;Acordo, proposto pelo empreendedor, com o titular da área onde haja restrições ou impedimentos ao desenvolvimento das atividadesde pesquisa e/ou exploração mineral.

O Agreste Pernambucano, região do Projeto do Ramal do Agreste, está inserida no Polígono das Secas, que apresenta uma extremairregularidade na ocorrência de chuvas.O Projeto do Ramal do Agreste é um empreendimento de infra-estrutura hídrica que pretende suprir especificamente o déficit hídrico daregião do Agreste de Pernambuco, através da captação de água no Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Baciasdo Nordeste Setentrional (PISF).A diferença existente entre a oferta e a demanda de água no Agreste de Pernambuco deverá ser eliminada com a contribuição de 8 m³/s,através da construção do Ramal do Agreste.Após a tomada d'água no reservatório de Barro Branco, inserido no Eixo Leste do PISF, o Ramal do Agreste, formado por um conjunto decanais artificiais, barragens, túneis, tubulações, estruturas de controle, tomadas de uso difuso e uma estação de bombeamento,conduzirá e distribuirá a água até os reservatórios Negros e Ipojuca, localizados nas bacias dos rios Moxotó e Ipojuca, respectivamente.A população total urbana e rural a ser beneficiada foi estimada em cerca de 3,2 milhões de pessoas até o ano de 2025, sendo que dessetotal aproximadamente 2,1 milhões estariam em áreas urbanas.Este impacto é positivo, direto, permanente, irreversível e de curto prazo. Sua abrangência é regional, de alta magnitude e altaprobabilidade.

Implantação de um modelo de gestão e operação do sistema, que envolva os órgãos do Estado de Pernambuco responsáveis pelagestão dos recursos hídricos, saneamento e meio ambiente, em conjunto com os outros estados beneficiados pelo PISF.

A água disponibilizada pelo Ramal do Agreste será distribuída à grande maioria dos municípios da região do Agreste de Pernambucoatravés de um sistema de adutoras, com início no reservatório de Ipojuca, ponto final do Ramal.O projeto do Sistema Adutor prevê que a água a ser disponibilizada pelo Ramal do Agreste venha a substituir boa parte daquela que hojeé distribuída à população urbana pela COMPESA, devido à sua qualidade inadequada (altos teores de salinidade). Portanto, a águadisponibilizada pelo Ramal deverá suprir prioritariamente as necessidades do abastecimento urbano (população urbana e indústrias),além do uso difuso para a população rural, sendo evidente o impacto positivo decorrente do aumento da oferta de água para consumohumano. A distribuição de água ao Agreste Pernambucano prevê o abastecimento com água de boa qualidade de cerca de 70municípios da região.Este impacto é positivo, direto, irreversível, permanente e de longo prazo. Tem abrangência regional, alta magnitude e alta probabilidadede ocorrência.

Realização do Programa de Educação Ambiental;Articulação para a implantação do sistema adutor para abastecimento das áreas urbanas e rurais do Agreste Pernambucano.

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IMPACTO 21

IMPACTO 22

Abastecimento de água daspopulações rurais

Medidas Recomendadas

Instabilização de encostas marginais do rio Ipojuca

Característica das regiões mais pobres do semi-árido nordestino,parte das localidades rurais localizadas no Agreste Pernambucanonão possuem sistemas de abastecimento capazes de garantir águaem quantidade e qualidade adequadas ao seu consumo, comsegurança. Essa situação resulta em sérios danos à saúde dapopulação.

Por esta razão, o Projeto do Ramal do Agreste prevê que, além dosnúcleos urbanos, será beneficiada também a população rural situadadentro de uma faixa de 2,5 km para cada lado das futuras adutoras.

Como opção complementar ao Ramal do Agreste, deve-seconsiderar como alternativa de reserva hídrica a captação da águade chuva em cisternas, para abastecimento à população da zonarural, situada em locais distantes das fontes hídricas garantidas.

Este impacto é positivo, direto, irreversível, permanente e de curto prazo. Tem abrangência local, alta magnitude e alta probabilidade deocorrência.

Realização do Programa de Educação Ambiental;

Implantação em médio prazo do sistema adutor para abastecimento das áreas urbanas e rurais do Agreste Pernambucano;

Articulação com projetos de reserva hídrica através da captação da água de chuva em cisternas.

As áreas no entorno do futuro reservatório de Ipojuca e boa parte do curso do rio Ipojuca, situam-se em áreas elevadas, com altitudesmaiores do que 800 metros, em clima seco, porém com temperaturas mais suave do que as das áreas do agreste e do sertão.

Em seu curso médio, antes de Ipojuca, o rio atravessa área de solos de textura arenosa. A área do futuro reservatório, portanto, alagarásolos dessas classes e em reservatório artificial criado nessas condições poderá haver, em suas margens, desmoronamentos e aumentode sedimentos arenosos.

Não é área utilizada com agricultura e não haverá perda de áreas agrícolas com a inundação. O uso principal é com pastagens plantadas,reduzindo, portanto, a exclusão de vegetação arbórea. A área em torno terá um aumento da sua disponibilidade hídrica, em função dapresença do reservatório.

Medidas Recomendadas

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IMPACTO 23 Início ou Aceleração de Processos Erosivos e Carreamento de Sedimentos

Medidas Recomendadas

Para execução de obras para construção do Ramal do Agreste, serão necessários movimentos de solo (terraplanagem),transporte de material em caminhões de grande porte e aumento considerável do tráfego, especialmente em estradas próximas.

De acordo com os levantamentos de solos e sensibilidade à erosão realizados na região, em geral, os solos são moderados afortemente sensíveis à erosão.

Quando há intervenção humana sem a necessária recuperação das áreas degradadas, os processos erosivos tornam-se aindamais intensos, que, ano após ano, se tornam cada vez mais profundos.

Assim, por ocasião das intervenções para construção do canal haverá necessidade de reduzir ao máximo a ocorrência e adimensão de possíveis impactos, evitando danos aos solos, ao sistema hidrográfico, aos mananciais e as vias de acesso.

Além da redução dos impactos, nas áreas de intervenção será necessário aplicar medidas preventivas e de controle, queconstam em vários programas como o PAC, o Programa de Controle de Processos Erosivos e o Programa de Recuperação dasÁreas Degradadas. Será necessário também implantar um Programa de Monitoramento Permanente e Gestão Ambiental,voltado ao acompanhamento e controle de processos erosivos.

Identificar no campo as áreas críticas;

monitorar a ocorrência de processos;

utilizar os processos de recuperação de áreas atingidas recomendados no programa específico;

proteger as áreas críticas durante a construção;

Realizar levantamento das estruturas que podem gerar impactos ambientais;

Evitar atoleiros e locais de travessia de corpos hídricos para prevenção de danos nas épocas de chuva;

Manter os acessos às obras e revestir estradas próximas com materiais recomendados para a região;

Manter em permanente atividade os Programas de Monitoramento e Controle e acompanhar o Programa de Implantação deFaixa de Proteção dos Reservatórios.

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IMPACTO 24 Ocorrência de Cheias Induzidas por Ruptura das Barragens

IMPACTO 25 Modificação do regime fluvial nos rios Ipojuca e Moxotó

Medidas Recomendadas

O risco de rompimento das barragens Negros e Ipojuca é insignificante. Os barramentos estão situados na parte maisalta de suas bacias de contribuição e suas estruturas foram projetadas para suportar cheias históricas, possuindoreforço proporcionado pela acomodação do material descartado da obra, uma das soluções encontradas para reduzir asáreas de bota-fora.

Esse impacto é negativo, direto, temporário, de longo prazo, irreversível, de abrangência local, baixa magnitude e baixaprobabilidade de ocorrência.

O traçado do Ramal do Agreste tem aproximadamente 69 km de extensão e desenvolve-se a partir do futuro reservatóriode Barro Branco, que faz parte das obras do Eixo Leste do PISF e termina, depois de atravessar a serra do Pau d´Arco, nofuturo reservatório de Ipojuca.

O escoamento do reservatório Barro Branco até o reservatório Negros será feito por gravidade, e para realizar a travessiado divisor de águas, entre as bacias dos rios Moxotó e Ipojuca, será necessária a implantação da estação debombeamento EB-1.

As vazões e níveis d'água de todo o sistema serão monitorados por sensores, que serão instalados em cada saída dosistema adutor, na câmara de carga da estação de bombeamento e nos reservatórios intermediário e de destino. Osistema de bombeamento do Eixo Leste, destinado ao suprimento hídrico do Ramal do Agreste, será acionado cada vezque for necessário um determinado volume de água para atender a uma demanda específica, ou várias. A comportainstalada no reservatório Barro Branco se abrirá até o nível da vazão correspondente, permitindo o bombeamento davazão pelo tempo necessário para garantir o volume demandado.

Para permitir o abastecimento de pequenas localidades ao longo do traçado do Ramal, foram previstas estruturas comválvulas dispersoras a serem implantadas nas duas barragens (Negros e Ipojuca).

O reservatório final do Ramal do Agreste, formado pela barragem de Ipojuca, recebe as contribuições das vazõesreprimidas pela estação de bombeamento EB-1.

As futuras barragens e reservatórios Negros e Ipojuca provocarão alterações do regime fluvial em alguns trechos doriacho dos Negros e do rio Ipojuca.

Esse impacto é negativo, direto, permanente, de curto prazo, irreversível, regional, de média magnitude e de altaprobabilidade de ocorrência.

Monitoramento diário dos níveis e das vazões em diversos pontos do Ramal;

Realização do Programa de Educação Ambiental, para que a população preserve os canais e os rios.

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IMPACTO 26

IMPACTO 27

IMPACTO 28

Alteração da rede natural de drenagem

Medidas Recomendadas

Risco de eutrofização dos novos reservatórios

Impactos Relacionados

Medidas Recomendadas

Melhoria da qualidade da água nas bacias receptoras / rio Ipojuca

Medidas Recomendadas

Foram identificados os cursos d'água que serão atravessados, de alguma maneira, pelo Ramal do Agreste. Esses cursos d'água estãolocalizados nas cabeceiras das bacias dos rios Moxotó e Ipojuca, totalizando 47 pontos de travessia.Conforme o Projeto Básico do Sistema de Drenagem do Ramal do Agreste, foram planejadas estruturas especiais para 35 dessastravessias. Nas outras 12 travessias, não foram previstas estruturas especiais de drenagem porque o Ramal do Agreste não interferecom o leito natural do curso d'água: túneis ou aquedutos.A única exceção é o riacho dos Negros, onde serão instalados a barragem e o reservatório de mesmo nome.Apesar das soluções propostas demonstrarem preocupação com a rede natural de drenagem e a preservação das condições deescoamento nos cursos d'água, as alterações locais são inevitáveis e distribuídas ao longo de todo o traçado do empreendimento. Alémdisso, para que essas estruturas de drenagem cumpram sua função é necessária manutenção adequada e sistemática.Esse impacto é negativo, direto, permanente, de curto prazo, irreversível, local, de média magnitude e de alta probabilidade de ocorrência.

Desenvolver um Programa de Educação Ambiental, para preservar a vegetação ao longo das margens dos canais naturais.Desenvolver o plantio de espécies nativas que possuem capacidade de sustentação das margens.Manutenção adequada das estruturas de drenagem (bueiros, sifões etc.) previstas ao longo do traçado das estruturas do Projeto doRamal do Agreste.

Durante o período de enchimento dos reservatórios projetados, as águas ficarão sujeitas a uma baixa circulação, podendo ocasionar umenriquecimento de nutrientes minerais e orgânicos e provocando excesso de vida vegetal, dificultando a vida animal (eutrofização). Issopode causar o comprometimento da qualidade da água e a mortandade de organismos aquáticos.O tempo que uma determinada massa de água permanece no reservatório, desde a sua entrada até a sua saída, é relativamente pequenonos reservatórios Negros e Ipojuca, considerando-se o seu tamanho e profundidade, além das características de operação do sistema, oque evidencia um pequeno risco de eutrofização em função do desenvolvimento de algas.De um modo geral, este impacto pode ser classificado como de média probabilidade de ocorrência, negativo, de curto prazo, indireto, deabrangência local, temporário, de média magnitude e reversível.

Modificação das Comunidades Biológicas Aquáticas Nativas nas Bacias Receptoras.Despejo das Comunidades Biológicas Aquáticas Nativas e Dependentes destes Ambientes nas Bacias Receptoras.Introdução de Fator de Risco para Proliferação de Vetores.

Realização do Programa de Monitoramento da Qualidade da Água e Limnologia.

Realizar o Programa de Limpeza e Desmatamento dos Reservatórios.

Promover a revegetação das margens dos reservatórios.

Os corpos d'água dessa região são utilizados como receptores finais dos esgotos, sem tratamento prévio, e dos pesticidas utilizados noscampos agrícolas.Associados a esses efeitos negativos, interferem também os fatores físicos e climatológicos do semi-árido, representados pelosaspectos geomorfológicos, geológicos, formação de solos, pela escassez e a má distribuição das chuvas.As águas bombeadas terão boa influência na qualidade das águas dos rios e açudes receptores, pois, apresentam maior grau de pureza econtribuirão para a manutenção dos reservatórios em melhores situações de mistura e dissoluções de sais.Este impacto é positivo, de abrangência regional, de alta magnitude, de curto prazo, direto, permanente e reversível. Tem ainda altaprobabilidade de ocorrer a partir do momento em que começar a haver o fluxo de águas do São Francisco para a região.

Realização do Programa de Monitoramento da Qualidade da Água e Limnologia.

Aspecto da margem do reservatórioMulungú, em Arcoverde - PE

Coleta de sedimentos emaçude para análise

Coleta de zooplânctonem açude para análise

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IMPACTO 29 Aumento da recarga fluvial dos aqüíferos

Medidas Recomendadas

Perda e fragmentação de áreas de vegetação nativa e de habitats de fauna terrestre

Medidas Recomendadas

A recarga fluvial dos aqüíferos se inicia na fase de operação do Sistema. Tal fenômeno é considerado positivo à medida que protege aágua contra as perdas por evaporação e proporciona o aumento das ofertas de água ao longo das bacias receptoras.

Esse impacto é positivo, direto, permanente e de longo prazo, reversível, de abrangência regional, magnitude média, e com médiaprobabilidade de ocorrência.

Definir as áreas potenciais para implantar medidas de controle da qualidade dos aqüíferos.

Elaborar e implantar um modelo para prever o comportamento do sistema aqüífero.

Monitorar as condições hidrogeológicas locais antes e durante o enchimento dos reservatórios.

No diagnóstico, identificou-se que a vegetação natural da região já está bastante alterada na área do empreendimento, uma vez quemais da metade das terras está ocupada com uso agropecuário, uma grande parte da vegetação remanescente é utilizada paraextração de madeira e apenas uma área inferior a 13% apresenta ainda vegetação de caatinga arbórea mais conservada.

Considerando-se que, de modo geral, a utilização das terras e dos recursos florestais não ocorre de forma sustentada na região, atendência tem sido a redução da cobertura vegetal e a degradação da capacidade produtiva das terras, que naturalmente já é baixa.

O avanço deste processo de redução da vegetação natural e substituição por uso agropecuário, também pioram o problema da secado sertão, com a redução da capacidade de infiltração e armazenamento de água da chuva no solo.

A redução da diversidade biológica, outra conseqüência direta, aumenta o risco de extinção de algumas espécies da flora regionalque já estão na lista de ameaçadas, como a aroeira e a baraúna, e de outras que estão quase ameçadas, como o facheiro.

Os principais impactos negativos da construção do Ramal, incluindo os reservatórios previstos (Negros e Ipojuca), estão relacionadosà destruição da vegetação existente na área de implantação da infra-estrutura, destacando-se a perda de biodiversidade, a perda debiomassa, a perda de nutrientes e a erosão dos solos desprotegidos, o assoreamento dos corpos d'água, além da perda de recursosnaturais para a economia da região.

Observa-se que a área total, de 1222 ha, que poderá ser ocupada pela implantação das estruturas (Canal, LT e reservatórios)representa 2.4% da AID. Desse total, a maior parte (53%) corresponde a áreas de vegetação já bastante alterada pelo usoagropecuário.

Apesar de afetar uma área relativamente pequena, a implantação do Canal poderá representar uma perda para a biodiversidadenatural local, já bastante ameaçada, considerando-se a fragmentação permanente que esta obra representará para os ecossistemasatingidos.

Em relação à perda da fitomassa existente na vegetação diretamente afetada, observa-se um impacto maior, na medida em queestima-se um volume de lenha superior à produção total de 16 anos (1990 a 2005) e uma quantidade de carvão vegetal equivalente a9 anos (de produ ) do município de Sertânia, representando um impacto significativo para a economia local, que tem na produçãode carvão vegetal uma das principais formas de sustento da população.

Esse impacto é negativo, direto, permanente, de curto prazo, irreversível, de abrangência local, magnitude baixa, e com altaprobabilidade de ocorrência.

Inventário florístico/fitossociológico e de fitomassa;

Aproveitamento da vegetação na área diretamente afetada;

Reposição florestal e recuperação de áreas degradadas;

Apoio a iniciativas de manejo florestal e agropecuário sustentado;

Apoio à gestão de Áreas Protegidas e a iniciativas de formação de RPPN:

Mobilização e capacitação institucional e social.

IMPACTO 30

ção

Caatinga Arbustiva Arbórea (vegetação da classe 2)

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IMPACTO 32

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Favorecimento das condições ambientais para o desenvolvimento da biota

Medidas Potencializadoras Recomendadas

Modificação da composição das Comunidades Biológicas Aquáticas Nativas das baciasreceptoras

Medidas Mitigadoras Recomendadas

Depleção da biodiversidade das Comunidades Biológicas Aquáticas Nativas nas baciasreceptoras

Medidas Mitigadoras Recomendadas

Entre os impactos previstos para acontecerem sobre a biota aquática, este é o único de natureza positiva. Isso porque, ainda que a águaproveniente do Canal do Agreste contribua para a alteração do ambiente em outros aspectos, seu volume, adicionado às águas naturaisda bacia hidrográfica poderá contribuir para a diluição dos efluentes poluidores e melhorar a qualidade ambiental.Este impacto é direto, temporário, de longo prazo, irreversível, de abrangência regional, tem baixa magnitude, positivo e altamenteprovável.

Investimento em tratamento de efluentes domésticos e industriais nas áreas beneficiadas pelo projeto;Monitoramento da Qualidade de Água e Limnologia (lagos e águas estagnadas);Monitoramento da Ictiofauna

Ao receber as águas do Projeto de Integração da Bacia do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional éaltamente provável que alguma porção da ictiofauna da bacia doadora sejam transportados junto com as águas transpostas para asbacias receptoras, no caso, a bacia do Rio Ipojuca.Este impacto é negativo, indireto, de longo prazo, de grande importância, de alta magnitude e irreversível.

Instalação de equipamentos de filtragem e afastamento dos organismos da biota aquática das bacias doadoras;Vinculação desses mecanismos de retenção da biota das bacias doadoras à operação das elevatórias e outros equipamentos debombeamento de águas;Monitoramento da Qualidade de Água e Limnologia nos canais artificiais, açudes intermediários e bacia na receptora;Monitoramento da Ictiofauna.

Ao receber as águas do Projeto de Integração da Bacia do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional háuma grande probabilidade que alguma porção da ictiofauna e o restante da biota aquática nativa das bacias receptoras venha a seextinguir, pelo menos, localmente.No caso, a bacia do rio Ipojuca, a alta probabilidade de acontecimento deste evento ocorre devido ao fato de a probabilidade decontaminação da biota imigrante nas bacias doadoras ser altíssima.Este impacto é permanente, de longo prazo, de grande importância, de alta magnitude e irreversível.

Instalação de equipamentos de filtragem e afastamento dos organismos da biota aquática das bacias doadoras;Vinculação desses mecanismos de retenção da biota das bacias doadoras à operação das elevatórias e outros equipamentos debombeamento de águas;Monitoramento da Qualidade de Água e Limnologia nos canais artificiais, açudes intermediários e bacia na receptora;Monitoramento da Ictiofauna.

IMPACTO 34 Comprometimento do conhecimento da história biogeográfica dos grupos BiológicosAquáticos Nativos

Medidas Mitigadoras Recomendadas

As relações de parentesco entre as espécies e populações dos peixes, e de outros organismos aquáticos, quando associadas às suasáreas de distribuição, possibilitam a inferência de modelos sobre a história das bacias hidrográficas e das biotas que lá habitam. Aintrodução de peixes e demais elementos da biota limnológica, procedentes da bacia do rio São Francisco e demais bacias doadoras,comprometerá a composição da sua fauna nativa, prejudicando a compreensão da história biogeográfica da região.Este impacto é negativo, irreversível, de longo prazo, regional, e de baixa magnitude.

Instalação de equipamentos de filtragem e afastamento dos organismos da biota aquática das bacias doadoras;Vinculação desses mecanismos de retenção da biota das bacias doadoras à operação das elevatórias e outros equipamentos debombeamento de águas;Monitoramento da Qualidade de Água e Limnologia nos canais artificiais, açudes intermediários e bacia na receptora;Monitoramento da Ictiofauna;Manutenção de um registro rigoroso dos eventos de contaminação de espécies imigrantes nas estruturas do Canal do Agreste, Projetode Integração do Rio São Francisco e nas bacias receptoras.

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As recomendações de medidas suavizadoras ou compensatórias apresentadas naAvaliação de Impactos Ambientais foram organizadas em Programas Ambientais quesão agora apresentados segundo a seguinte estrutura:

Programas Ambientais de Apoio às Obras;Programas Ambientais Compensatórios; eProgramas de Controle e Monitoramento.

Para o acompanhamento da implantação dos programas, foi definida uma estrutura deGestão, Supervisão e Auditoria Ambiental.

PLANO DE GESTÃO, SUPERVISÃO E AUDITORIA

PROGRAMAS AMBIENTAISPROGRAMAS AMBIENTAIS

Plano de Gestão, Supervisão e Auditoria Ambiental

Programa de Comunicação Social Programa de Educação Ambiental

Programas de Apoio às Obras Programas CompensatóriosProgramas de Controle e

Monitoramento

Plano Ambiental da ConstruçãoPrograma de Tre inamento eCapac i tação de Técn icos eTrabalhadores das Obras emQuestões AmbientaisPrograma de Identif icação eSalvamento de Bens Arqueológicos ede Educação PatrimonialPrograma de Indenização de Terras eBenfeitoriasPrograma de Reassentamento deFamíliasPrograma de Recuperação de ÁreasDegradadasP r o g r a m a d e L i m p e z a eDesmatamento dos Reservatórios

Programa de CompensaçãoAmbientalPrograma de Conservação e Uso doEntorno e das Águas dosReservatórios

Programa de Monitoramentode Vetores e Hospedeiros deDoençasPrograma de Controle deSaúde PúblicaPrograma de Monitoramentoda IctiofaunaPrograma de Monitoramentoda Qualidade da água e daLimnologiaPrograma de Conservação daFauna e da Flora

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O Sistema de Gestão Ambiental tem como objetivo geral garantir a execução de todas as ações planejadas para controlar, minimizar, monitorare compensar os impactos gerados, mantendo um alto padrão de qualidade ambiental na implantação e operação do Projeto.

A estrutura deve permitir a coordenação das atividades, o controle da documentação, a gerência dos bancos de dados, o estabelecimento decanais de informações que permitam uma boa integração da obra com as comunidades e uma eficiente fiscalização.

O Sistema de Gestão Ambiental será constituído por duas equipes: (1) Equipe de Supervisão Ambiental das Obras e (2) Equipe deAcompanhamento dos Planos e Programas Ambientais não Vinculados Diretamente às Obras. Essas equipes estarão subordinadas a umCoordenador Geral, responsável pelo Gerenciamento do pessoal, desempenhando também o papel de canal de comunicação entre oempreendimento, o órgão ambiental e as comunidades locais.

A Equipe de Supervisão Ambiental será constituída por Inspetores Ambientais, com obrigações relacionadas ao acompanhamento direto dasfrentes de obra, e por um Inspetor Social, com o objetivo de verificar e monitorar as medidas minimizadoras para os impactossocioeconômicos. Essa Equipe será responsável pelo acompanhamento dos programas ambientais vinculados às obras.

A Equipe de Acompanhamento dos Planos e Programas Ambientais será constituída por uma equipe de profissionais com especialidadesvariadas, para garantir a implementação dos programas que não foram relacionados diretamente à obra.

O Processo de Gestão Ambiental deverá se desenvolver ao longo de todo o período de pré-obras e obras e, posteriormente, durante o início dafase de pré-operação, devendo estender-se, na fase de operação, visando a concretização dos mecanismos de monitoramento e controle.

Plano Ambiental de Construção (PAC)

Programa de Comunicação Social

Programa de Educação Ambiental

Programa de Treinamento e Capacitação de Técnicos e Trabalhadores das Obras em Questões Ambientais

Programa de Identificação e Salvamento de Bens Arqueológicos e de Educação Patrimonial

Esse Programa apresenta as diretrizes básicas a serem empregadas durante a implantação do Projeto, e que serão implementadas pelaEquipe de Supervisão Ambiental das Obras, prevista no Programa de Supervisão, Gestão e Auditoria Ambiental.

O Programa de Comunicação Social tem por objetivo geral divulgar e monitorar as informações sobre o empreendimento, comtransparência, freqüência e compromisso, eliminando informações contraditórias e distorções de notícias que poderiam gerarexpectativas negativas entre os diversos públicos envolvidos. Este programa pretende, também, informar e orientar a todos os envolvidoscom o empreendimento sobre as diferentes etapas de implantação do Projeto e seus impactos sociais.

A educação ambiental é fundamental para o melhor gerenciamento ambiental da inter-relação do empreendedor com a populaçãoimpactada, como também para cumprir plenamente a responsabilidade ambiental do setor público no que diz respeito ao princípio deresponsabilidade social.

O Programa de Treinamento e Capacitação de Técnicos contribuirá para a preservação ambiental e minimização dos impactos ambientais esociais decorrentes da implantação do Projeto, principalmente a partir de atividades voltadas para a sensibilização dos trabalhadores quedeverão atuar nos diferentes trechos de obras e períodos de construção.

Este Programa está diretamente ligado ao Programa de Comunicação Social, já que serão utilizados materiais informativos e didáticos aserem preparados em conjunto. Também se relaciona com o Programa de Educação Ambiental, para o detalhamento dos conteúdosrelativos ao meio ambiente e de educação para a saúde, e também com o Plano Ambiental para a Construção PAC, em relação aosconteúdos de segurança e demais informações sobre as obras.

O Programa de Identificação e Salvamento de Bens Arqueológicos e de Educação Patrimonial compreende o aprofundamento dos estudossobre as áreas de interesse cultural, aspectos das comunidades da região e o levantamento dos sítios arqueológicos situados nas áreas deimpacto do empreendimento.

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Programa de Indenização de Terras e Benfeitorias

Programa de Reassentamento de Famílias

Programa de Recuperação de Áreas Degradadas

Programa de Limpeza e Desmatamento dos Reservatórios

Programa de Monitoramento de Vetores e Hospedeiros de Doenças

Programa de Controle da Saúde Pública

Este Programa tem por objetivo o acompanhamento do processo indenizatório para garantir o sucesso de sua implementação com ojusto cumprimento dos direitos do público envolvido.

O objetivo principal do Programa de Reassentamento de Famílias é proporcionar às famílias afetadas condições que permitam suareprodução social e econômica em situação igual à que ocorre atualmente.

O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas atua nas atividades de reabilitação ao final das obras, em que se destacam os acessosaos canteiros de obras, pedreiras, jazidas de areias e jazidas de empréstimo dentre outras.

Este Programa trata da remoção da vegetação e da desinfecção de fossas, áreas de currais e similares, encontradas nas áreas que serãodestinadas à formação dos reservatórios Negros e Ipojuca, atendendo às determinações da Lei no 3.824/60, que torna obrigatória adestoca e conseqüente limpeza das bacias hidráulicas dos açudes, represas ou lagos artificiais .

Este Programa tem como objetivo Impedir que o empreendimento se torne causa direta ou indireta da proliferação de doençastransmissíveis por vetores e hospedeiros de doenças, além de controlar qualquer propagação de vetores e hospedeiros de doençasdecorrente da implantação e operação do empreendimento.

O Programa de Controle de Saúde Pública destina-se a evitar este conjunto de problemas através da implantação de quatro Sub-Programas:

Prevenção da violência e acidentes de trânsito;

Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis;

Prevenção de acidentes com animais peçonhentos; e

Prevenção de doenças que são transmitidas através da água.

O objetivo geral do Programa de Controle da Saúde Pública é garantir o menor impacto negativo possível nas condições de saúde dapopulação vinculada ao empreendimento e da população local.

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Programa de Monitoramento da Ictiofauna

Programa de Monitoramento da Qualidade da Água e Limnologia

Programa de Conservação da Fauna e da Flora

Programa de Compensação Ambiental

Programa de Conservação e Uso do Entorno e das Águas dos Reservatórios

Este programa tem como objetivo caracterizar a estrutura da comunidade de peixes da região do Ramal doAgreste, através do monitoramento nas fases de instalação e operação do empreendimento, fornecendo dadospara a proposição de medidas de controle e/ou suavizadoras quando necessárias.

O Programa de Monitoramento da Qualidade da Água e Limnologia tem como objetivo geral acompanhar aevolução temporal da qualidade da água e a potencialidade de contaminação e degradação dos solos por viahídrica, para adotar medidas preventivas e de controle necessárias ao êxito do Projeto e à diminuição dos riscosdos impactos negativos.

Esse Programa pretende conservar a flora e a fauna local e fornecer condições para uma adequada e racionalgestão, de forma que o Empreendimento seja biologicamente sustentável.

O Programa de Compensação Ambiental visa atender à Resolução CONAMA n 002/96, que estabelece que oempreendimento, cuja implantação causa alterações no meio ambiente, deve destinar, no mínimo, 0,5% do seuvalor global para o custeio de atividades ou aquisição de bens para Unidades de Conservação.

Este Programa é, na verdade, um instrumento de planejamento e gestão dos usos dos recursos naturais.

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PROGNÓSTICO AMBIENTALPROGNÓSTICO AMBIENTAL

A região do Agreste Pernambucano, composta por 72 municípios do Estado de Pernambuco, a ser beneficiada peloempreendimento, compreende uma população residente de cerca de 2 milhões de habitantes (IBGE, 2000).

A base de sustentação econômica e social da região é agropecuária, predominando atividades industriais simplestradicionais, além comércio e serviços limitados pelo pequeno dinamismo da agricultura e da indústria. Pólos interioranos,como Caruaru e Garanhuns, nos quais uma economia diversificada incentiva a modernização e a melhoria das condições devida, podem ser considerados exceções.

Na região do empreendimento, a população cresce a uma taxa média anual de 1,04%, atingindo cerca de 3 milhões dehabitantes em 2037, horizonte final das projeções econômico-demográficas do empreendimento.

Num panorama de urbanização crescente, prevê-se, na ausência do empreendimento, uma constante degradação dascondições de abastecimento de água domiciliar, em função do comprometimento dos atuais mananciais de água potável daregião. Esta degradação acarretará um aumento das situações emergenciais de secas. Terá continuidade também o quadrode doenças associadas à escassez hídrica.

É possível prever que, nas áreas vizinhas ao Projeto, permanecerá o quadro atual de condições desfavoráveis àagropecuária. Desta maneira, o êxodo rural continuará intenso e as pequenas e médias cidades continuarão a sofrer intensapressão demográfica e as condições de vida das populações rurais tenderão a apresentar progressos lentos.

Do ponto de vista ambiental, tanto a área regional, como a local, apresentam problemas típicos de zonas de uso das terraspara fins agropecuários e extrativismo. Sua cobertura vegetal de Caatinga já está bastante comprometida e com sériasconseqüências sobre a fauna original. Com relação à fauna aquática, os comportamentos e as interações tendem a semanter estáveis.

CENÁRIO SEM O EMPREENDIMENTO

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Com a implantação do empreendimento, são esperadasinicialmente mudanças temporárias e localizadas nasimediações das obras.

Do ponto de vista socioeconômico, as transformaçõesimediatas com algum significado são, em geral, negativas.Dentre estas, podem ser destacadas:

a criação de um ambiente de tensões sociais, em funçãode um passado de desconfianças em relação àsintervenções governamentais;

o aumento de riscos socioculturais, tais como os decomprometimento do patrimônio arqueológico ecultural.

CENÁRIO COM O EMPREENDIMENTO

A diminuição destes impactos é amplamente contemplada em diferentes programas ambientais. Por outro lado, a operação do projetorepercutirá desde seu início em uma mudança local positiva, como o atendimento das necessidades locais de uso da água(abastecimento domiciliar, dessedentação de rebanhos etc.), o que compensará bastante as perturbações iniciais do ambientesocioeconômico.Na presença do empreendimento, serão criadas condições de oferta hídrica que favorecerão o desenvolvimento de atividadeseconômicas urbanas, que irão dinamizar a economia e absorver a população migratória.No campo da infra-estrutura de saneamento básico, há a possibilidade de atendimento a 100% dos domicílios, até o ano 2037, com águade boa qualidade, nas cidades com populações acima de 50 mil habitantes. Com isso, a incidência de doenças de associação hídricadeverá ser menor também do que na situação sem projeto .Com relação aos aspectos ambientais, observa-se que o Projeto gera impactos que podem ser minimizados, desde que as medidas e osProgramas Ambientais previstos neste estudo sejam implantados.As perdas e a fragmentação de áreas de vegetação nativa de Caatinga, com reflexos na fauna, são mínimas, ocorrendo principalmentenas áreas de obras e sendo distribuídas ao longo de toda a extensão dos canais a serem construídos. Destaca-se que esse impacto ficabastante diluído no conjunto da região, que é predominantemente de vegetação de Caatinga.Se algum fenômeno indesejável acontecer na qualidade das águas e nos elementos limnológicos, será imediatamente detectado, pois,tanto na implantação como na operação do Projeto, haverá um Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas e Limnologia.Com relação aos impactos do projeto no meio físico decorrentes da construção de canais e de barragens, em sua totalidade são poucosignificativos, se comparados à situação em que se encontram as bacias envolvidas no Projeto.O desenvolvimento do Programa de Educação Ambiental que envolve uma conscientização sobre práticas de manejo dos solos pelosprodutores rurais que irão utilizar as águas, irá favorecer a preservação dos solos e de todos os outros elementos ambientais inter-relacionados.O Projeto do Ramal do Agreste pode ser considerado, portanto, como um empreendimento ambientalmente viável, ao trazer,potencialmente, com sua implantação, benefícios econômicos, sociais e ecológicos que superarão os impactos ambientais que possamocorrer de sua implantação e operação.

Pinturas da Tradição Agreste, registradas noParque Nacional do Catimbau, município deBuíque, Região Agreste Meridional.

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No diagnóstico, identificou-se que a vegetação natural da região já está bastante alterada na região doempreendimento.

Considerando-se que a utilização das terras e dos recursos florestais não ocorre de forma sustentada naregião, a endência tem sido a redução da cobertura vegetal e degradação da capacidade produtiva dasterras, que naturalmente já é baixa.

Nos último 18 anos observou-se que a vegetação natural menos alterada pela ação do homem sofreuuma redução superior a 20%. Projetando-se essa tendência histórica para frente, e supondo-se que ataxa de redução se mantenha neste percentual, em cerca de 60 anos não haveria mais vegetaçãoarbórea natural na região e a degradação dos solos e dos corpos d'água seria aumentada devido a erosãoe aos usos além da capacidade de suporte.

O avanço deste processo de redução da vegetação natural e a sua substituição por uso agropecuário,agravam o problema da seca do sertão, com a redução da capacidade de infiltração e armazenamento deágua da chuva no solo. A redução da diversidade biológica é outra conseqüência direta, aumentando orisco de extinção de algumas espécies da flora regional que já estão na lista de ameaçadas, como aaroeira e a baraúna.

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TENDÊNCIAS PARA A VEGETAÇÃO

A perspectiva de criação de novas áreas protegidas na região é muito remota. De acordo com o mapa deáreas prioritárias para conservação da biodiversidade no Bioma Caatinga, as principais recomendaçõespara as áreas prioritárias identificadas na região de Sertânia são as de recuperação das áreasdegradadas e manejo florestal sustentado. Também indica-se a criação de RPPN, o que pode ser umaboa alternativa para garantir a preservação da vegetação natural da caatinga que ainda existe nasencostas e topos de morros. Porém, a melhor garantia seria o investimento em formas de produçãosustentada, florestal e agropecuária, nas áreas passíveis de utilização.

Cactus Xique-Xique (Pilocereus gounellei)

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CONCLUSÕESCONCLUSÕES

O empreendimento Ramal do Agreste Pernambucano, extensão do Eixoleste do Projeto de Integração do rio São Francisco com Bacias doNordeste Setentrional (PISF), garante água de boa qualidade para toda aregião do Agreste de Pernambuco, permitindo, assim, a regularizaçãodo abastecimento de 72 municípios a partir da implantação de umSistema de Adutoras e de uma Estação de Tratamento de Água (ETA)próxima à barragem do futuro reservatório Ipojuca, em Arcoverde.

A avaliação de impactos ambientais mostrou 22 impactos negativos, epropôs a implementação de medidas preventivas, de modo a minimizarseus efeitos. A mesma avaliação apontou ainda 12 impactos positivos,com a proposta de implementação de medidas potencializadoras deseus efeitos.

Os impactos negativos de maior relevância encontram-se no meiobiótico, sendo possíveis a sua diminuição e controle. Esses impactosserão em parte compensados pelo investimento em preservação deáreas protegidas.

Já os impactos positivos de maior relevância encontram-se noaumento da oferta de água e da garantia hídrica, bem como sobre adinamização da economia regional.

Conclui-se, assim, pela viabilidade

ambiental do empreendimento.

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EQUIPE TÉCNICAEQUIPE TÉCNICA

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