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CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO: Um estudo de casos Mauro Rodrigues Flores Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro Mestrado Orientador: Kleber Fossati Figueiredo PhD. Rio de Janeiro 2002

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O

COMÉRCIO ELETRÔNICO: Um estudo de casos

Mauro Rodrigues Flores

Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de JaneiroMestrado

Orientador: Kleber Fossati FigueiredoPhD.

Rio de Janeiro

2002

Page 2: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

ii

FOLHA DE APROVAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS

PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO: Um estudo de casos

Mauro Rodrigues Flores

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD deAdministração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dosrequisitos necessários à obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

Prof. ________________________________ - Orientador

(Kleber Fossati Figueiredo - COPPEAD)

Prof. ________________________________

(Rebecca Arkader – COPPEAD)

Prof. ________________________________

(Helvécio Luis Reis – FUNREI)

Rio de Janeiro

2002

Page 3: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

Flores, Mauro Rodrigues.

Caracterízação de Operadores Logísticos para o ComércioEletrônico: Um estudo de casos. Mauro Rodrigues Flores. Riode Janeiro, 2002.

xii, 146 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Administração) – UniversidadeFederal do Rio de Janeiro – UFRJ / COPPEAD, 2002.

Orientador: Kleber Fossati Figueiredo

1. Comércio Eletrônico. 2. Logística. 3. Administração -Teses. I. Figueiredo, Kleber Fossati (Orient.). II. UniversidadeFederal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD deAdministração. III. Dissertação (Mestr. – COPPEAD/UFRJ)

Page 4: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

iv

Você confiou mesmo

Sem seu apoio e incentivo meu

Serei e

À Cássia, meu amor.

quando eu receava.

sonho não teria se

realizado.

ternamente grato...

Page 5: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

v

Agradecimentos

Ao meu orientador Professor Kleber Figueiredo, que me

confiou a chance de chegar ao fim.

À Professora Rebecca Arkader, que aceitou o convite

para participar da minha banca e, mais que uma

orientadora, foi sempre uma grande incentivadora na minha

estada no COPPEAD.

Ao Professor Helvécio Luiz Reis que aceitou o desafio

de participar da minha banca.

À Professora Heloísa Leite que foi o meu anjo da

guarda e conselheira quando eu me encontrava indeciso em

ingressar no mestrado.

Ao Paulo Silveira e os amigos da Intecom que, com a

maior demonstração de amizade, disponibilizaram tanto do

seu tempo.

Ao Eduardo Mollo e os amigos da ebX, que entenderam as

dificuldades e abriram as portas da empresa.

Ao meu pai, à minha mãe e ao Márcio, meu irmão, que

tanto me apoiaram e, no momento decisivo, tanto me

auxiliaram, trabalhando como se este fosse seu próprio

trabalho.

A todo o pessoal da COPPEAD, sempre tão atenciosos e

disponíveis.

Aos grandes amigos da Vésper que, no “momento da

verdade”, me apoiaram e entenderam toda a minha tensão.

Page 6: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

vi

Flores, Mauro Rodrigues. Caracterização de Operadores

Logísticos para o Comércio Eletrônico: Um estudo de

casos. Orientador: Kleber Fossati Figueiredo. Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2002. Dissertação. Mestrado em

Administração.

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo identificar quais são

as características e capacitações necessárias ao operador

logístico para execução da logística do comércio

eletrônico B2C.

Através de pesquisa bibliográfica, buscou-se analisar

as necessidades específicas do processo de atendimento do

pedido do varejo no comércio eletrônico B2C, tendo como

foco o ponto de vista do contratador do serviço. Com base

nisso, foram estabelecidas as capacitações necessárias

para lidar com esse tipo de pedido.

De acordo com as descrições acima, construiu-se,

então, um modelo de análise dos operadores que foi

utilizado para avaliar, através do estudo de casos, duas

empresas brasileiras desse mercado.

Page 7: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

vii

Flores, Mauro Rodrigues. Caracterização de Operadores

Logísticos para o Comércio Eletrônico: Um estudo de

casos. Orientador: Kleber Fossati Figueiredo. Rio de

Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2002. Dissertação. Mestrado em

Administração.

ABSTRACT

This study aimed to identify the desired

characteristics and capabilities of third party logistics

providers necessary to deal with B2C e-commerce

logistics.

The literature review, focused on the specific needs

of online retailing fulfillment, from the service

customer’s point of view. Based on that, the study

outlined the set of skills and capabilities needed to

deal with these orders.

This set was used to design a framework to verify how

third party logistics providers are dealing with these

capabilities so as to fulfill orders from their

customers.

Page 8: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

1

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: CUSTOS PERCENTUAIS POR MODELO DE NEGÓCIO ............. 23

TABELA 2: CUSTOS PERCENTUAIS POR CATEGORIA DE PRODUTOS. ......... 23

TABELA 3: PRINCIPAIS MÉTODOS UTILIZADOS PELAS EMPRESAS DE COMÉRCIO

ELETRÔNICO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO ................. 55

TABELA 4: MÉTODOS UTILIZADOS PELO COMÉRCIO ELETRÔNICO PARA MANUSEAR AS

DIFERENTES FUNÇÕES LOGÍSTICAS - PERCENTUAL ........... 55

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2

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: DIFERENÇAS DA LOGÍSTICA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO EM RELAÇÃO À

LOGÍSTICA TRADICIONAL............................ 19

QUADRO 2: ATITUDES DO CLIENTE EM RELAÇÃO AO RETORNO DOS PRODUTOS... 37

QUADRO 3: RESUMO DAS CAPACITAÇÕES NECESSÁRIAS AO OPERADOR LOGÍSTICO DO

COMÉRCIO ELETRÔNICO. ............................ 65

QUADRO 4: PROPOSTA DE SERVIÇOS DA INTECOM NOS MERCADOS QUE SE DISPÕE

ATENDER. ..................................... 79

QUADRO 5: SERVIÇOS PRESTADOS PELA INTECOM PARA O “COMÉRCIO

ELETRÔNICO”. .................................. 89

QUADRO 6: NÍVEL DE ESCOLARIDADE DOS FUNCIONÁRIOS INTECOM. ....... 93

QUADRO 7: PERFIL DE CARREIRA DOS FUNCIONÁRIOS DA INTECOM. ....... 94

QUADRO 8: PROPOSTA DE SERVIÇOS DA EBX NOS MERCADOS QUE SE DISPÕE

ATENDER. ..................................... 99

QUADRO 9: SERVIÇOS PRESTADOS PELA EBX PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO . 108

QUADRO 10: FONTES CONTRATAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS DA EBX .......... 112

QUADRO 11: GRAU DE ESCOLARIDADE DOS FUNCIONÁRIOS DA EBX. ....... 112

QUADRO 12: RESUMO DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELAS EMPRESAS PESQUISADAS.

......................................... 115

QUADRO 13: PROCESSOS E TECNOLOGIAS UTILIZADOS EM TI NAS EMPRESAS

PESQUISADAS ................................. 116

QUADRO 14: CARACTERÍSTICAS DOS PROCESSOS E SISTEMAS DE TI UTILIZADOS

NAS EMPRESAS PESQUISADAS ....................... 118

QUADRO 15: PERCENTUAL DE FUNCIONÁRIOS POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE NAS

EMPRESAS PESQUISADAS. ......................... 124

QUADRO 17: QUADRO-RESUMO DAS CAPACITAÇÕES PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO

VERIFICADAS NAS EMPRESAS PESQUISADAS.............. 129

Page 10: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

3

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: CONCEITO DA LOGÍSTICA PONTO-A-PONTO................. 26

FIGURA 2: A MUDANÇA PARA A PRODUÇÃO PUXADA – ESTOQUES, ATIVOS E TI. 27

FIGURA 3: O CUSTO DA PROPRIEDADE X CUSTO DA TERCEIRIZAÇÃO........ 41

FIGURA 4: MODELOS DE INFRA-ESTRUTURA LOGÍSTICA EM FUNÇÃO DE CUSTOS DE

TRANSPORTE E CARREGAMENTO DO INVENTÁRIO. ............. 46

FIGURA 5: ESCALA DE GRAU DE INTEGRAÇÃO ...................... 54

FIGURA 6: MATRIZ DE COMPETIÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS ......... 63

FIGURA 7: PILARES DA PROPOSTA DE VALOR DA INTECOM.............. 77

FIGURA 8: FLUXO DA INFORMAÇÃO INTERNAMENTE À INTECOM E ENTRE ELA E SEUS

CLIENTES/AFILIADOS.............................. 85

FIGURA 10: FLUXO DE INFORMAÇÕES DA OPERAÇÃO NA EBX............ 104

FIGURA 11: POSICIONAMENTO DAS EMPRESAS PESQUISADAS NA MATRIZ DE AFRICK

E CALKINS. ................................. 114

Page 11: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................ 1

1.1 PROBLEMA ......................................... 1

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................ 1

1.3 OBJETIVO ......................................... 8

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................... 9

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................ 10

2 REVISÃO DE LITERATURA............................. 11

2.1 INTRODUÇÃO ....................................... 11

2.2 COMÉRCIO ELETRÔNICO - CONCEITO ....................... 12

2.3 MODELOS DE NEGÓCIO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO B2C ........... 13

2.4 DIFERENÇAS ENTRE A LOGÍSTICA DO COMÉRCIO TRADICIONAL E A

LOGÍSTICA DO COMÉRCIO ELETRÔNICO...................... 17

2.5 OS IMPACTOS DO COMÉRCIO ELETRÔNICO NA LOGÍSTICA.......... 21

2.5.1 Sistemas de Gestão e Equipamentos de TI...... 28

2.5.2 Capacitação Operacional..................... 31

2.5.3 Recursos Humanos............................ 34

2.5.4 Atuação Geográfica.......................... 36

2.5.5 Capacitação para a Logística Reversa ........ 37

2.5.6 Escala Operacional.......................... 38

2.5.7 Gestão da Capacidade........................ 41

2.6 A ESTRUTURA DE ATENDIMENTO DE PEDIDO NO COMÉRCIO ELETRÔNICO. 42 2.6.1 A Decisão sobre a Infra-estrutura ........... 43

2.6.2 A Decisão sobre o Nível de Integração Vertical46

2.7 TIPOS DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO .. 56

2.7.1 Tipologia do Operador com Relação à Propriedade

dos Ativos ................................. 56

2.7.2 Tipologia com Relação à Especialização dos

Serviços ................................... 61

2.8 RESUMO.......................................... 63

3 METODOLOGIA ...................................... 69

Page 12: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

5

3.1 TIPO DE PESQUISA .................................. 69

3.2 SELEÇÃO DOS CASOS ESTUDADOS.......................... 70

3.3 COLETA DOS DADOS .................................. 71

3.4 ANÁLISE DOS DADOS ................................. 72

3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ............................... 72

4 DESCRIÇÃO DOS CASOS .............................. 73

4.1 CASO INTECOM ..................................... 73 4.1.1 A empresa .................................. 73

4.1.2 Atuação Geográfica.......................... 74

4.1.3 Estrutura de Capital........................ 75

4.1.4 Posicionamento Estratégico/Comercial ........ 75

4.1.5 Parcerias .................................. 80

4.1.6 Capacitação em TI........................... 82

4.1.7 Serviços Prestados/Operações ................ 89

4.1.8 Recursos Humanos............................ 93

4.2 DESCRIÇÃO DO CASO EBX............................ 94 4.2.1 A Empresa .................................. 94

4.2.2 Atuação Geográfica.......................... 95

4.2.3 Estrutura de Capital........................ 95

4.2.4 Posicionamento Estratégico/Comercial ........ 96

4.2.5 Parcerias ................................. 100

4.2.6 Capacitação em TI.......................... 102

4.2.7 Serviços Prestados/Operações ............... 107

4.2.8 Recursos Humanos........................... 111

5 ANÁLISE DOS CASOS ............................... 113

5.1 CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS ........................ 113

5.2 EQUIPAMENTOS, SISTEMAS E CAPACITAÇÃO EM TI............. 116

5.3 CAPACITAÇÃO OPERACIONAL............................ 120 5.3.1 Armazenagem ............................... 120

5.3.2 Serviço ao cliente......................... 121

5.3.3 Transportes ............................... 122

5.4 RECURSOS HUMANOS ................................. 123

5.5 ATUAÇÃO GEOGRÁFICA................................ 124

Page 13: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

6

5.6 ESCALA OPERACIONAL................................ 125

5.7 GESTÃO DA CAPACIDADE .............................. 126

5.8 CAPACITAÇÃO PARA A LOGÍSTICA REVERSA.................. 127

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..... 128

6.1 CONCLUSÕES ...................................... 128

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................... 131

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema

Com o crescimento do uso da Internet e, com ela, do

comércio eletrônico, os últimos anos presenciaram um grande

número de varejistas se lançando neste mercado.

As novas empresas virtuais, e também as empresas que já estavam estabelecidas no comércio offline mas que não

possuíam estrutura de logística adaptada ao processamento,

armazenagem e distribuição do pedido feito via Internet,

buscaram a utilização de operadores logísticos para a

realização desta tarefa.

Como este é um novo tipo de atividade, existe uma grande

expectativa em relação às facilidades e capacitações

oferecidas pelos operadores para o atendimento do pedido do

comércio eletrônico. Sendo assim, este trabalho foi

preparado com o intuito de estudar o processo de atendimento do pedido online das vendas do varejo, buscando

entender quais são as características e capacitações

necessárias aos operadores logísticos para o atendimento

deste tipo de pedido.

1.2 Relevância do Estudo

Segundo escreveu HERSZKOWICZ (2000), a Internet é a

mídia que mais rapidamente cresceu na história da

humanidade, ao atingir mais de 50 milhões de usuários no

mundo, em apenas cinco anos.

Esta velocidade de crescimento também é significativa

na América Latina onde, apesar da fragilidade da economia,

da infra-estrutura envelhecida, populações de baixa renda

Page 15: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

2

e educação, houve uma explosão das ‘pontocom’. A diferença

entre o que ocorreu nos EUA e países já desenvolvidos e o

que ocorre aqui está na continuidade do processo. Enquanto

naqueles países a evolução se deu como uma seqüência de

fatos, aqui as coisas se atropelam. Os processos de

desenvolvimento deste negócio tiveram seus estágios

iniciais pulados, estabelecendo-se modelos mais complexos

já no início das operações (HERSZKOWICZ, 2000).

Estas “quebras” na linha de desenvolvimento dos mercados

fazem surgir dois desafios principais para as empresas que

se propõem a realizar o comércio na Internet:

• Como garantir uma logística eficiente? e

• Como gerar uma operação lucrativa?

O primeiro dos desafios é basicamente operacional e

subdivide-se em duas linhas principais:

• Como entregar as mercadorias vendidas online? e

• Como garantir a aquisição e, assim, a oferta desses

produtos por parte do varejista? – isto porque existem

diversos modelos que vão desde o repasse das vendas

efetuadas pelos varejistas aos fabricantes (sem que

haja a necessidade da posse do produto), à compra e

manutenção em estoques próprios dos artigos

revendidos.

No primeiro deles - a entrega – existe tendência para

uma solução mais rápida, pois ela está diretamente sob o

controle do distribuidor.

No segundo - garantia da oferta dos produtos colocados à venda - de acordo com REBOUÇAS (2001), a situação é mais

Page 16: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

3

complicada. Gerenciar estoque com uma variedade grande de

produtos envolve diferentes fornecedores, com prazos e

características distintos. Muitos fabricantes e

fornecedores brasileiros mantém estoques no limite para

garantir o giro do capital no atual cenário de juros altos.

Isto reduz o prazo de reposição das mercadorias e desafia

ainda mais a logística.

Assim, a pulverização de fornecedores em muitas das

principais categorias de produtos que estão migrando para a venda online, aliada a um atraso na utilização de

instrumentos de EDI1 por parte dos fornecedores, torna

complicada a tarefa de oferecer uma seleção variada de

produtos. Este segundo problema demandará um investimento

maior, além de tempo para transformar a cultura de relacionamento entre varejista e fornecedor (HERSZKOWICZ,

2000). Problemas desta magnitude levantam dúvidas e

questionamentos sobre a viabilidade econômica do comércio

eletrônico na América Latina e, assim, no Brasil, na medida

em que influenciam diretamente a operação e,

conseqüentemente, a lucratividade.

Com isso, chega-se ao segundo desafio. A lucratividade

no comércio eletrônico é tão importante quanto no varejo

tradicional. Desta forma, a tarefa de gerar lucro a médio e

longo prazos é prioritária.

Segundo HERSZKOWICZ (2000), os problemas relacionados à

logística afetam negativamente a lucratividade, porém são

bem mais numerosos os fatores que influenciam positivamente

os resultados e que garantirão a viabilidade econômica da

atividade.

1 Eletronic Data Interchange – Troca Eletrônica de Dados .

Page 17: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

4

Deixando para trás a questão na América Latina como um

todo e olhando o Brasil, pode-se afirmar que ainda há um

grande caminho a percorrer para haver um casamento mais

adequado entre a velocidade da compra e toda a atividade de processamento de pedidos e entregas (REBOUÇAS, 2001).

Os desafios brasileiros para a implementação do comércio

eletrônico ainda assustam: vão da dimensão continental do

país às conhecidas deficiências de transporte e infra-

estrutura. Isto torna ainda mais difícil uma coesão entre a

venda virtual e a distribuição física, pois é extremamente

difícil e dispendioso garantir cobertura nacional.

Tudo isso ressalta a necessidade de investimentos no

processo de atendimento do pedido. Nesse negócio, os

volumes são pequenos e dispersos, fazendo com que a última

milha - a parte final do processo de entrega – fique extremamente cara para algumas localidades (COSTA, 2000).

Mas o Brasil está enfrentando as dificuldades da

logística do comércio eletrônico de forma direta. A chegada

de novas empresas de entregas expressas ou os investimentos

das empresas já estabelecidas no Brasil, buscando aumentar

a qualidade e/ou a extensão geográfica destes serviços, tem

sido uma constante no noticiário econômico. Os

investimentos destas empresas são feitos em sistemas, frota

e novos centros de distribuição, conforme demonstram

algumas publicações:

“A Varig decidiu investir 100 milhões de dólares na

VarigLog... A Varig Logística planeja atuar nas três

modalidades de logística existentes: entregas

expressas de menos de 24 horas (conhecida como serviço

de courier), transporte e armazenagem de carga e

Page 18: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

5

gestão de estoque de grandes clientes...” (COSTA,

2000).

“...maior empresa do mundo de entrega expressa de

encomendas, estuda futuras aquisições estratégicas

para melhorar seu desempenho logístico e abocanhar

cada vez mais o mercado de e-commerce (Internet)...A

UPS acaba de consolidar investimentos de US$ 100

milhões, no Brasil.” (HESSEL, 1999).

“...A ebX desembolsou cerca de US$ 70 milhões na

compra do controle de empresas e nos próximos doze

meses... O foco da ebX será tanto os volumes de cargas

oriundos do comércio eletrônico como o de malotes e

pequenas encomendas expressas...” (HESSEL, 2000)

“...A espinha dorsal para o desenvolvimento do

comércio eletrônico é a logística...O Submarino está

finalizando a ampliação de R$ 14 milhões na reforma e

adequação de um novo armazém na Barra Funda, Zona

Oeste de São Paulo...” (HESSEL e GOLDBERG, 2000)

“...Os fundos Chase Capital Partners e Garantia

Participações (GP) comprometeram-se no ano passado a

investir, juntos, 170 milhões de dólares na

TotalExpress... Quem quiser se dar bem em logística

não pode só esperar o comércio eletrônico crescer. Tem

de, acima de tudo, fazer parte da turma fornecedor-

empresa-cliente...” (É PRA JÁ, 2000).

Apesar das estimativas de mercado para o comércio

eletrônico para o consumidor no mundo serem diferentes

para cada uma das fontes consultadas, existe uma

coincidência em sua dimensão com relação ao comércio entre

Page 19: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

6

empresas: o primeiro corresponde a 10% do segundo. Mesmo

assim, as somas movimentam elevados valores.

Citando pesquisa da Forrester Research, FLEURY e

MONTEIRO (2000) relatam que o comércio eletrônico como um

todo atingiu no mundo US$ 18 bilhões em 1999 e deve

alcançar US$ 108 bilhões em 2003.

Já a pesquisa da AT KEARNEY (2000) apresenta os

seguintes números: o varejo eletrônico no mundo foi

estimado em US$ 48,5 bilhões e são previstos US$ 187,6

bilhões em 2003. Os gastos estimados em 2000, somente para

os EUA, foram de US$ 37 bilhões.

No Brasil, quando comparadas aos números da América

Latina, as estimativas são menos representativas. Em 2001,

o volume de negócios do comércio eletrônico para o

consumidor no Brasil pode ter chegado a US$ 524 milhões

pelas projeções do instituto norte-americano Jupiter Media

Metrix. Com relação a 2000, o mercado quase dobrou: a

receita do comércio eletrônico para o consumidor foi de

US$ 267 milhões. Para 2002, as perspectivas também são

animadoras. Segundo o Jupiter Media Metrix, este tipo de comércio irá movimentar US$ 950 milhões (CRESPO, 2001).

WENRICH et al. (2001) foram mais longe nos números.

Segundo os seus dados, o Brasil foi o primeiro país na

América Latina a iniciar o caminho online e seu

pioneirismo continua a dar frutos. O País representa mais de dois terços do mercado de varejo online na América

Latina, com US$ 906 milhões de receitas estimadas em 2001.

O fato é que o crescimento esperado para o comércio

eletrônico não foi uma realidade. O mundo e,

conseqüentemente, o Brasil surpreenderam-se com o grande

Page 20: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

7

crescimento e a quebra das empresas ‘pontocom’. Muitas

delas, que prometiam revolucionar as formas de comércio

até então conhecidas, tiveram seu fim acelerado – somente

nos EUA, o efeito dominó da “explosão da bolha” de abril

de 2000 gerou, até maio de 2001, a quebra de 493 empresas

de Internet e, destas, 47% eram empresas de comércio

eletrônico (www.webmergers.com – maio/2001). Somente no

ano de 2001, foram fechadas 537 empresas (VASCONCELOS,

2002).

Segundo VASCONCELOS (2002), somente 10% das empresas

‘pontocom’ restaram no mercado. Houve uma “seleção

natural” e quem chegou até aqui foram aquelas que devem

realmente permanecer. O alento é que a crise nos EUA vem atingindo menos as empresas de varejo online. As fusões e

aquisições movimentaram a soma de US$ 40 bilhões mostrando também uma consolidação naquele país (VASCONCELOS, 2002).

Manter a competitividade no mercado ‘pontocom’ tornou-

se uma tarefa crítica e, para isso, é necessário um

cuidado extremo com o cliente. As empresas estão se

movendo de forma rápida, estabelecendo estratégias de marketing que acreditam poder fornecer-lhes vantagens

competitivas dentro deste novo modelo de negócios (ATKEARNEY, 2001).

A logística para estes novos empreendimentos é de

grande valor estratégico, podendo ser responsável direta

pelo sucesso ou motivo do insucesso. Esta importância pode

ser verificada pelo texto abaixo:

“A espinha dorsal para o desenvolvimento do

comércio eletrônico é a logística. Sem ela, o produto

não chega a parte alguma. E não adianta só contratar

Page 21: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

8

empresas que realizem entregas rápidas. O segredo é

administrar os estoques e saber se o produto

anunciado está ou não disponível.” - HESSEL e

GOLDBERG (2000).

Uma das estratégias adotadas pelas empresas para o

atendimento do pedido do comércio eletrônico é a

tercerirização para especialistas de parte ou da

totalidade das atividades logísticas. É neste cenário

turbulento do comércio eletrônico brasileiro para o

consumidor que os estudos das qualificações necessárias à

sua logística, da importância da tecnologia aplicada a

seus processos e do desenvolvimento de operadores que

atendam às demandas impostas por esse serviço são de

grande relevância.

1.3 Objetivo

O objetivo principal desta dissertação foi o de

pesquisar como os operadores logísticos estão lidando com

as capacitações necessárias para atender às

características da logística do comércio eletrônico,

através do estudo de casos do mercado brasileiro de

operadores logísticos para o comércio eletrônico.

Assim, a intenção foi pesquisar o processo de

desenvolvimento do operador logístico que se qualifica

para o serviço de logística no comércio eletrônico para

consumidores. Acredita-se que este estudo pode auxiliar os

próprios operadores e seus contratantes, no sentido de

orientá-los no desenvolvimento de capacitações específicas

deste negócio, proporcionando uma melhor alocação de

investimentos.

O objetivo colocado em forma de pergunta é o seguinte:

Page 22: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

9

• Como os operadores logísticos estão lidando com as

capacitações necessárias à logística do comércio

eletrônico para o consumidor?

Para responder a esta pergunta, torna-se necessário

avaliar quais são as capacitações que o operador deve

possuir para atender aos requisitos da logística na

Internet. Dessa forma, esta dissertação tem como objetivo

intemediário responder às seguintes perguntas:

1. Quais são os modelos de negócio adotados pelo

comércio eletrônico para o consumidor?

2. Quais são os impactos do comércio eletrônico para o

consumidor sobre a logística?

3. Quais são os desafios e capacitações necessárias

para execução da logística do comércio eletrônico

para o consumidor?

1.4 Delimitação do Estudo

Para RIBEIRO (2001), a indústria de operadores

logísticos é uma indústria recente e a literatura ainda

inicia um processo de categorização. Em função desta

afirmativa, considera-se o mercado para o comércio

eletrônico um modelo ainda mais novo. Uma análise concisa dos professores Cesar Lavalle e Paulo F. Fleury (COSTA,

2000), mostra que, apesar de ser uma indústria recente,

ela teve uma rápida expansão nos últimos anos.

Para delimitação do estudo, adota-se aqui o mesmo conceito estabelecido por RIBEIRO (2001) para a definição

de operador logístico:

Page 23: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

10

“…a empresa prestadora de serviços logísticos

capacitada para realizar, no mínimo e de forma

integrada, a execução e o gerenciamento do

transporte, armazenagem, assim como o controle

de estoques.”

Na revisão de literatura procurou-se focar a utilização

de textos dos últimos quatro anos, porém com enfoque maior

sobre aqueles temas onde há estudos sendo realizados há

mais tempo.

1.5 Estrutura da Dissertação

Esta dissertação está dividida em seis capítulos:

No primeiro, foi apresentada a introdução do trabalho

com: problema, relevância, objetivo, delimitação de estudo

e estrutura de apresentação.

O segundo capítulo apresenta a revisão de literatura

que dá o embasamento teórico ao estudo para as análises

dos casos.

No terceiro capítulo, é detalhada a metodologia

utilizada neste trabalho.

O quarto capítulo apresenta os dois casos estudados.

No quinto capítulo, é feita a análise dos casos com

base na literatura pesquisada.

E finalmente, no sexto capítulo, são apresentadas as

conclusões e as propostas para futuros estudos.

Page 24: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

11

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Introdução

Esta revisão tem como objetivo proporcionar ao leitor

informações relacionadas à logística do comércio eletrônico

e, dessa forma, oferecer o embasamento necessário à

sustentação da pesquisa dos operadores logísticos que

executam o atendimento de seus pedidos.

O capítulo está dividido em oito temas principais. O

primeiro deles é esta introdução. O segundo trata da

conceitualização do varejo no comércio eletrônico, enquanto

que, no terceiro, são estabelecidos os diferentes modelos

de negócio dentro dele. Neste último, também é apresentada

a conceitualização do processo de atendimento do pedido do

comércio eletrônico.

No quarto tema, são apresentadas as diferenças entre a

logística tradicional – com práticas tradicionalmente

difundidas para atender o comércio fora da Internet – e a

logística necessária para atender os pedidos online.

O quinto tema trata dos impactos dos pedidos online

sobre a logística e a forma como as empresas têm buscado

adequar sua estrutura para fazer frente a eles. Nesta

estrutura, estão relacionadas as capacitações necessárias

em equipamentos, sistemas, operação, recursos humanos,

retornos dos pedidos e aspectos ligados à atuação

geográfica, escala operacional e à gestão da capacidade.

O sexto tema mostra as diferentes formas que as empresas

vêm se utilizando para atender aos pedidos do comércio

Page 25: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

12

eletrônico, com relação à propriedade dos ativos ou

terceirização das atividades.

No sétimo tema, é apresentada a caracterização dos

diferentes operadores logísticos e sua tipologia.

O oitavo e último tema apresenta um resumo de todo o

capítulo para que seja estabelecido um modelo de análise

dos operadores logísticos do comércio eletrônico.

2.2 Comércio Eletrônico - Conceito

De acordo com CAMERON (1997), o comércio eletrônico é

todo negócio realizado eletronicamente, onde a transação

ocorre entre dois parceiros de negócios ou um negociante e

seu consumidor.

Segundo o ECR BRASIL (1998), existem três tipos de

itens comercializados através do comércio eletrônico:

• Produtos: Bens não virtuais entregues através de

redes de distribuição paralela (ex.: livros, roupas,

CDs, eletro-eletrônicos);

• Informação/Mídia: Conteúdo virtual e disponível para

compra imediata (ex.: relatórios, notícias, publicações, software);

• Serviços: Disponibilização de um serviço (ex.:

reserva de viagens, serviços financeiros,

classificados).

Conforme o mesmo relatório, esses itens podem ser

explorados no mercado através de duas categorias:

• Business-to-business (B2B): que explora as relações

entre parceiros de negócios (empresas);

Page 26: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

13

• Business-to-consumer (B2C): que explora as relações

entre a indústria ou comércio e o consumidor final.

Para LEVY e WEITZ (1998) apud SILVA (2001), o comércio

eletrônico B2C é um formato de varejo onde o varejista e o

consumidor se comunicam através de sistema eletrônico

interativo. Durante este diálogo, o consumidor pode

comprar produtos diretamente através deste sistema

interativo e a mercadoria será entregue no destino

escolhido pelo consumidor.

2.3 Modelos de Negócio do Comércio Eletrônico B2C

O site www.shop.org – da associação americana que

congrega os varejistas online - em suas pesquisas, faz a

distinção dos modelos de varejo online em:

• Multicanal – são os varejistas que realizam suas

vendas através de vários canais ou que, já presentes

em canais tradicionais, partiram também para a venda online. Como exemplo, existem as empresas de vendas

por catálogo, as que possuem lojas estabelecidas

(brick-and-mortar2) ou aquelas de venda em canais de

televisão; e

• Pure-player3 ou Pure-play – são os varejistas que

iniciaram suas atividades exclusivamente através da venda online. É importante ressaltar que, como o

próprio site observa, o varejista online que se

utiliza de pedidos remetidos por fax ou por telefone

2 Tijolos e cimento – este termo é de uso comum na literatura para designar os varejistas com lojas

estabelecidas, assim como suas variações clicks-and-bricks ou bricks-and-clicks para os varejistas que possuem lojas estabelecidas e o canal do comércio eletrônico. Há também o termo click-and-slick que, segundo Reynolds (2001), é utilizado para os varejistas por catálogo que desenvolveram o canal comércio eletrônico.

3 Há traduções que chamam de “puro-sangue” mas, nesse texto, será sempre tratado como pure-player.

Page 27: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

14

para suportar a operação online, não são

considerados multicanal.

REYNOLDS (2001) ainda subdivide os varejistas

multicanais em click-and-mortar e baseados em catálogo,

seguindo a configuração abaixo:

• Pure-players;

• Multicanal:

• Click-and-mortar4;

• Baseados em catálogo.

No comércio eletrônico, o processo de compra e

pagamento por parte do consumidor são virtuais e em alta

velocidade mas, para efetivação da venda, deve existir a

entrega física de um produto que ocorre em velocidade

muito menor. Neste caso, conforme reportagem publicada na EXAME (2000), a tecnologia mais moderna convive com uma

das habilidades mais antigas: a capacidade de armazenar e

gerir o estoque, de manuseá-lo, de separar os produtos em

embalagens individuais e de entregá-los no prazo prometido

e na porta da casa do consumidor.

Tudo isso faz parte da gestão da cadeia de suprimento para o comércio eletrônico que, segundo PYKE, JOHNSON e

DESMOND (2000), pode ser quebrada em uma série de

subprocessos dentro de dois títulos principais:

• gerenciamento do fornecimento e

• fulfillment do pedido.

4 Possui lojas físicas e venda virtual.

Page 28: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

15

Para PYKE, JOHNSON e DESMOND (2000), o gerenciamento do

fornecimento refere-se às atividades pertencentes à

administração de abastecimento e o estoque dos produtos,

incluindo:

• Gerenciamento do fornecedor (desenvolvimento de

novos fornecedores e manutenção do relacionamento

com os existentes, incluindo os fornecedores

internos);

• Gestão das compras (tomar as decisões de compras);

• Gestão dos estoques (receber, armazenar, proteger e

controlar os estoques).

O fulfillment – que no caso do comércio eletrônico pode

ter o e acrescentado antes da palavra, ficando e-

fulfillment (UNCTAD, 2001) - inclui todas aquelas

atividades desde o processo de decisão de compra, passando

pela entrega do produto ao consumidor, até a sua

satisfação total com a qualidade e funcionalidade. Segundo PYKE, JOHNSON e DESMOND (2000), para o comércio

eletrônico, o fulfillment compreende cinco processos

distintos que podem ser executados pelo varejista ou

terceirizados para outros parceiros:

• Captura do pedido (o andamento da aquisição do

cliente desde o processo de decisão de compra

através do recebimento correto dos dados e

confirmação do pedido);

Page 29: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

16

• Processamento do pedido (preparo do pedido para o

pick & pack5, incluindo a checagem de crédito,

criação da lista de picking, faturamento e geração

do endereçamento);

• Pick & pack;

• Embarque (transportar os bens do armazém para o

endereço indicado na compra);

• Serviços de pós-venda e manuseio de retornos.

Ainda segundo PYKE, JOHNSON e DESMOND (2000), nos casos

onde os produtos são feitos sob medida para o consumidor, o “pick & packing” pode incluir montagem ou customização,

que também podem ser executados pelo vendedor ou um

terceiro contratado. Por exemplo, a Dell6 monta seus

computadores para a configuração estabelecida pelo

consumidor e prepara-os para embarque.

Assim como o e-fulfillment, existe a e-logística (e-

logistics), que é a aplicação dos processos logísticos ao

fulfillment das transações do comércio eletrônico – a

logística do comércio eletrônico. A e-logística difere da

logística tradicional já que ela pretende atender às

necessidades e requisitos dos comerciantes e clientes envolvidos no comércio eletrônico (UNCTAD, 2001).

5 Selecionar fisicamente o item correto do pedido, inspecionar e preparar para o embarque. 6 Empresa de venda de hardware (servidores, micro-computadores, lap-tops etc).

Page 30: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

17

2.4 Diferenças entre a Logística do Comércio Tradicional e

a Logística do Comércio Eletrônico

De acordo com FLEURY e HIJJAR (2001), é senso comum que

o processo de atendimento do pedido e entrega dos produtos vendidos online é um dos principais gargalos do comércio

eletrônico. Este gargalo é causado porque os requisitos da

logística do comércio eletrônico são muito maiores que

aqueles da logística tradicional (UNCTAD, 2001).

Conforme descrito por FLEURY e MONTEIRO (2001), em

contraste com os sistemas logísticos da velha economia7, a

logística do comércio eletrônico se caracteriza por um

grande número de pequenos pedidos, geograficamente

dispersos e entregues de forma fracionada porta-a-porta, o

que resulta em baixa densidade geográfica e altos custos

para a entrega.

Na logística tradicional, são movimentados grandes

volumes por embarque, que têm como destino distribuidores e varejistas (UNCTAD, 2001) e, segundo BAYLES (2001), para

poucas localidades geográficas. Os embarques também são rastreados por cargas consolidadas, ou seja, containers,

pallets ou outra medida de granel e não por pedidos

individuais. Em relação à infra-estrutura, os fabricantes

adequaram suas frotas para descarregar em docas de

distribuidores e varejistas que se responsabilizam pela

entrega final aos consumidores. Ainda na logística

tradicional, a visibilidade das interfaces entre as

diversas atividades dentro da cadeia de suprimentos é

freqüentemente limitada. Dessa forma, a capacidade de

Page 31: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

18

visão integral do fluxo de atendimento do pedido, do

fabricante ao consumidor, tem sido virtualmente

inexistente (BAYLES, 2001).

Ainda de acordo com BAYLES (2001), no comércio

eletrônico, o consumidor quer ser capaz de redirecionar a

entrega, selecionar o custo do transporte, o tempo de

atendimento, fracionar o pedido e reencaminhá-lo a

múltiplos endereços. O consumidor típico do comércio

eletrônico é uma entidade desconhecida que faz seu pedido

em uma base individualizada, em função de impulso, demanda

sazonal, preço e conveniência. Portanto, um fabricante ou

um varejista eletrônico deve ser capaz de elaborar um

pedido individual, embarcá-lo diretamente para o comprador

em qualquer lugar, rastreá-lo a qualquer tempo, atender às

reclamações dos consumidores e manusear os retornos dos

clientes em uma velocidade superior e com custo menor

quando comparado ao custo da logística tradicional.

Também para o UNCTAD (2001), no fluxo da logística

tradicional, as informações tendem a circular entre dois

participantes individuais sem uma visibilidade total. Em

contraste, no comécio eletrônico, a importância dada à

integração das informações e transações entre os

participantes da cadeia de suprimentos é crescente.

Vários autores tecem comentários sobre as diferenças

entre a logística do comércio eletrônico em relação à

logística tradicional. No quadro 1, na seqüência, é

apresentado um resumo dos relatos dos autores em relação a

7 Velha economia é o termo utilizado para tratar as empresas tradicionais no jargão de negócios. Em

contrapartida, as empresas virtuais ou que desenvolvem e se utilizam de alta tecnologia são tratadas por empresas da nova economia.

Page 32: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

19

estas diferenças.

Quadro 1: Diferenças da logística do comércio eletrônico em

relação à logística tradicional

Item Autor Comentário

Cust

o FLEURY e MONTEIRO (2001)

Alto custo em função da baixa densidade de entrega.

UNCTAD (2001)

Grande número de pequenas encomendas ou pacotes para um grande número de clientes que realizam pedidos diretamente e um número maior de vendedores que o comércio tradicional.

FLEURY e MONTEIRO (2001)

Grande número de pedidos. Pequenos e fracionados com média menor que US$ 100.

BAYLES (2001) Maior quantidade de pedidos. Um-para-um e customizados.

MACCULLOUGH (1999) Grande volume de pedido, com proliferação de pequenos pacotes fracionados.

HARRINGTON (2000) Pedido deve ser tratado item a item.

LEDER(2001) Pequena quantidade de itens e de diferentes tamanhos e volumes.

Pedi

do

OSLEN (2000) Os pedidos são individuais.

UNCTAD (2001) Menos previsível e mais instável, pois ela é originada por um número maior de consumidores.

FLEURY e MONTEIRO (2001) Incerta e fragmentada.

BAYLES (2001) Sazonal. COOK, RIGBY e CHU (1999)

Sob-demanda.

Dema

nda

MACCULLOUGH (1999) Puxada, sazonal e de difícil previsão.

BAYLES (2001) Os pedidos devem ser entregues rapidamente.

TRUNK (2000) Maior velocidade no atendimento do pedido

LEDER (2001) A expectativa é que a entrega tenha um comportamento como o da venda: alta velocidade.

Velo

cida

de d

e at

endi

ment

o

SAAB e GIMENEZ(2001)

Há alta expectativa e os sites devem trabalhar os prazos de entrega em função da região ou tipo de pedido.

Page 33: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

20

Quadro 1 - Continuação

Tópico Autor Comentário

UNCTAD (2001)

As origens e os destinos dos embarques têm área de cobertura mais dispersa, dado que mais compradores colocam mais pedidos diretamente com produtores e distribuidores e mais vendedores acessam os compradores globalizadamente.

FLEURY e MONTEIRO (2001)

Pedidos geograficamente dispersos. Disp

ersã

o

Geog

ráfi

ca

LEDER(2001) Grande abrangência (Brasil e Exterior).

UNCTAD (2001)

Grande expectativa sobre a disponibilidade de informação, cobrindo todas as transações sobre a cadeia de suprimentos. A geração de informação está presente ao longo de toda a cadeia de suprimento, ao contrário do comércio tradicional onde a informação é gerada entre os links da cadeia de suprimento. In

form

ação

FLEURY e MONTEIRO (2001)

Fluxo de informação bi-direcional na cadeia.

FLEURY e MONTEIRO (2001)

Porta-a-porta e altamente dispersos.

BAYLES (2001) Variável, com destinos diferentes. Possível alterar o destino.

LEDER(2001) Diversos locais de entrega. Dest

ino

MACCULLOUGH (1999)

O destino podem ser residências e locais de trabalho (porta-a-porta).

UNCTAD (2001)

Os clientes têm maior expectativa sobre a qualidade dos serviços. Grande número de clientes, na sua maioria desconhecidos.

FLEURY e MONTEIRO (2001)

Desconhecidos.

BAYLES (2001) Exigente e compra por impulso e conveniência.

Clie

nte

HARRINGTON (2000) Compra por impulso.

UNCTAD (2001) Alta incidência de retornos ao fornecedor se comparado ao comércio tradicional.

Reto

rnos

BAYLES (2001) Retornos mais freqüentes.

Page 34: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

21

2.5 Os Impactos do Comércio Eletrônico na Logística

“A verdade mais prosaica sobre varejistas

eletrônicos é que eles não dependem de sites

vistosos ou campanhas publicitárias exóticas,

mas sim do atendimento de pedidos em sua

forma mais básica...” (VON HOFFMAN, 2001)

No fundo, o sucesso do varejo virtual não depende de

dispersar marketing ou anúncios. O problema é muito maior

do que uma boa página, um click e serviços personalizados.

A garantia de sucesso ou falha, no fim, será determinada

pela capacidade de estabelecer processos já conhecidos no

varejo, como o atendimento do pedido. Se os consumidores

não tiverem a confiança de que o varejista atenderá seu

pedido conforme o prometido, a capacidade de crescimento do negócio estará comprometida (FELDMETH e WISSMAN, 2001).

Conforme MANN e LOMAS (2001), a dificuldade das

empresas em converter a interação virtual de seu site em

uma entrega física de produtos fez com que muitas idéias

de negócio via Internet caíssem por terra. Até mesmo os varejistas online mais bem-sucedidos enfrentaram (e ainda

enfrentam) problemas para alcançar a escala operacional

adequada e solucionar as dificuldades relacionadas à

tipicidade da operação.

O fato é que, como explica BAYLES (2001),

freqüentemente, os novos entrantes do comércio eletrônico

falham em reconhecer a importância da logística. É neste

momento que eles pecam, porque quase 40% dos custos da

mercadoria vendida podem estar sendo “queimados” no

fulfillment. Segundo pesquisa citada por HARRINGTON

(2000), estes custos são devido à falta de sofisticação

Page 35: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

22

dos sistemas de atendimento dos pedidos. Cerca de 25% das receitas de vendas são gastos no fulfillment.

Isso é confirmado por SILVERTEIN, STANGER E ABDELMESSIH

(2001). Eles relatam que os altos custos envolvendo a

logística são, provavelmente, mais um dos motivos para o varejo online não estar gerando resultados satisfatórios.

Para eles, em várias categorias, as margens não são

suficientes para cobrir as despesas de fulfillment e

marketing.

Segundo LEE e WHANG (2001), o fulfillment pode ser a

atividade mais cara e crítica tanto para a venda online

como para a venda offline. Por isso, a empresa que fizer a

entrega dos produtos e serviços a preços razoáveis obterá

vantagem competitiva.

SILVERTEIN, STANGER E ABDELMESSIH (2001) mostram que,

em cada categoria, algumas companhias conseguiram reduzir

os custos e montar operações com sucesso. Entretanto,

coletivamente, somente as empresas baseadas em catálogo

se adaptaram à mídia online com resultados consistentes.

Elas se beneficiaram de suas marcas já estabelecidas, do

conhecimento do processo porta-a-porta e da infra-

estrutura já existente para cobrir a “última-milha”.

Para TRUNK (2000), é senso comum que as empresas

baseadas em catálogo são as mais bem preparadas para

participar do comércio eletrônico, ainda que existam

diferenças relativas à previsibilidade de demanda (maior

na venda por catálogo) e no prazo de atendimento do pedido

(menor na venda pela Internet) entre estes dois canais de

vendas.

Page 36: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

23

A razão para este senso geral pode estar ancorada nos resultados operacionais destas empresas. Segundo REYNOLDS

(2001), os varejistas virtuais originários da venda por catálogo apresentam custos de fulfillment 18% menores que

os pure-players e 43% menores que os click-and-mortar.

Conforme pode-se verificar nas tabelas 1 e 2 a seguir, os custos de fulfillment por modelo de negócio e por

categoria de produtos ainda são grandes e as empresas

baseadas em catálogo têm conseguido atingir maior

eficiência neste processo.

Tabela 1: Custos percentuais por modelo de negócio

Custos Diretos como % da Receita Todas as empresas

Pure Plays Catalogs

Bricks &

Mortars CMV 76% 85% 70% 82% Fulfillment 10% 29% 5% 22% Serviço ao cliente 2% 8% 1% 8% Margem antes dos Custos de Mkt 12% 22% 24% -12% Mkt 24% 119% 6% 36% Margem após Mkt -12% -141% 18% -48%

Fonte: SILVERTEIN, STANGER E ABDELMESSIH (2001)

Tabela 2: Custos percentuais por categoria de produtos.

Custos diretos como % da Receita

Livros/ música/ vídeo

Vestu-ário Hardware Eletrô- nicos

Prod. Consu-

mo

Saúde/ beleza

CMV 82% 53% 87% 76% 77% 65% Fulfillment 11% 17% 20% - 39% 24% Serviço ao cliente 3% 3% 1% 4% - 6% Margem antes dos custos de Mkt 4% 26% 11% 21% -16% 6%

Mkt 21% 36% 6% 35% -17% 227% Margem após Mkt -17% -10% 5% -14% -33% -221

Fonte: SILVERTEIN, STANGER E ABDELMESSIH (2001).

Os investidores do comércio eletrônico estão se

conscientizando que, para melhor se adequarem ao processo de vendas online, têm que garantir um fulfillment

eficiente e um serviço ao cliente de boa qualidade. De

Page 37: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

24

acordo com REYNOLDS (2001), eles estão buscando atender

esses requisitos através do uso de operadores

terceirizados qualificados, desenvolvimento de capacitação

interna e/ou aquisição de pequenos negócios com

competência necessária e sistemas já em funcionamento.

Alguns exemplos são:

• a compra da Fingerhut pela Federated Department

Stores;

• a aquisição de um dos centros de fulfillment da

Proteam.com pela Toy R Us Inc.. A Proteam.com é uma

empresa de vendas diretas que era conhecida como

Genesis Direct Catalog; e

• a aquisição do Musician’s Friend (empresa de vendas,

por catálogo e pela Internet, de instrumentos

musicais através do Guitar Center, um dos maiores

varejistas mundiais desses artigos).

No Brasil, há o exemplo da aquisição da BookNet – até

então uma livraria que havia surgido exclusivamente

através da venda online, mas que chegou a estruturar uma

operação offline - pelo GP8, lançando no varejo virtual o

site Submarino.com que passou a oferecer um mix variado de

produtos (SILVA, 2001).

Hoje, o maior foco dado à logística em relação ao marketing no comércio eletrônico é, segundo BAYLES (2001),

resultado do maior nível de exigência dos consumidores.

Conforme já foi visto, há uma maior expectativa em relação

8 Garantia Participações.

Page 38: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

25

à velocidade da entrega dos pedidos e à capacidade de

rastreio desde a compra até a entrega. De acordo com

UNCTAD (2001), os clientes querem serviços confiáveis,

flexíveis e individualizados. Esperam por informações

sobre o fluxo do pedido da mesma forma com que buscam e fazem a compra: com um click do mouse. Isto coloca ainda

mais importância na visibilidade do fluxo de informação ao

longo da cadeia de suprimentos.

As características da venda do comércio eletrônico

também trazem maior disponibilidade de informação para o

vendedor sobre as necessidades do consumidor. Dado que a

Internet oferece interações customizadas entre o varejista

e o comprador, está ocorrendo uma mudança em direção à

produção puxada. Nela, os produtos são oferecidos de

acordo com uma identidade mais personalizada. Um exemplo

dessa nova forma é a Dell que capturou o mercado de PCs,

montando computadores de acordo com especificações de cada consumidor e os remetendo até no mesmo dia (COOK, RIGBY e

CHU, 1999).

MACCULLOUGH (1999) e BAYLES (2001), citando o Forrester

Research9, resumem o modelo que chamam de “end-to-end”

(ponta-a-ponta). Nele, fica estabelecido o

compartilhamento e disponibilização da informação e

serviços em toda a cadeia de suprimentos nos dois sentidos, ou seja, desde o click de compra até a entrega

final ao consumidor e, retornando em sentido inverso,

desde o consumidor até o varejista conforme apresentado na

figura 1, a seguir:

9 Instituto americano independente de pesquisas que tem como foco a pesquisa do futuro da mudança das tecnologias e seus imp actos sobre os negócios, consumidores e sociedade.

Page 39: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

26

Figura 1: Conceito da logística ponto-a-ponto.

Entrega ClienteSite Fulfillment

•Aceitedopedido•Custo•OpçõesCustomizadas

•Montagem

do Pedido

•Serviços

Agregados

•Cliente

•Retornos

•Manuseio

•Recibo

•Auto-

Serviço

(Pick-up

point)

Visão do consumidor

Visão do e-commerce

Inform.

Inform. Inform.

Produto Produto

Fonte: Adaptado de MAcCULLOUGH (1999)

O maior problema é que o cenário atual da logística não

espelha todas as necessidades esperadas para o comércio eletrônico. De acordo com COOK, RIGBY e CHU (1999), os

sistemas de distribuição, hoje em funcionamento, foram

desenhados para mover suprimentos de produtos

manufaturados para estruturas de estocagem intensivas em

ativos. Os fornecedores estão acostumados a “empurrar” os

produtos para os clientes.

Para COOK, RIGBY e CHU (1999), as capacitações e infra-

estrutura, que devem ser postas em prática para atender

aos novos conceitos do comércio eletrônico, deixam de lado

os investimentos em intensidade de ativos para uma maior

intensidade em TI10. Com isso, espera-se no futuro uma

10 Abreviação comumente utilizada para Tecnologia da Informação.

Page 40: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

27

menor ênfase em estoques. Em contrapartida, existirá uma

maior ocorrência de atendimento dos pedidos sob demanda.

Desta forma, os varejistas online têm reexaminado suas

estratégias de fornecimento e investido em sistemas de TI

necessários a sustentar suas operações de suporte e

vendas.

Na figura 2, a seguir, são apresentados os efeitos da

mudança de conceito de produção empurrada para produção

puxada (característica do comércio eletrônico) sobre a

administração de estoques, os investimentos em ativos e

investimentos em TI.

No eixo horizontal, a figura representa a evolução do

modelo atual de produção empurrada para a produção puxada,

enquanto o eixo vertical representa o nível de

investimento necessário em estoque, ativos e TI:

Figura 2: A mudança para a produção puxada – estoques,

ativos e TI.

ArmazenagemCoordenação do Fluxo do

ProdutoEntrega Direta Sob Demanda

Descrição

Fornecimento baseado em previsões e realizados por centros de distribução até o

momento da venda

Estoques recebidos de diversas fontes e

consolidados de acordo com rotas de entrega

Elaborada e entregue diretamente das estruturas do

fabricante

Pedidos encaminhados, confeccionados e embarcados

diretamente para o consumidor

Níveis de Estoque

Intensidade de Ativos

Intensidade de TI

General Motors Amazon Ethan Allen Dell

Safeway Staples Bose ChipshotExemplos

“ProduçãoEmpurrada”

“ProduçãoPuxada”

Evolução do Modelo

AltaBaixa

Intensidade

Fonte: BAIN/MAINSPRING 2000.

Page 41: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

28

Vários autores detalham os impactos gerados na

logística pelas novas exigências do comércio eletrônico.

VON HOFFMAN (2001) apresenta essas necessidades através da

descrição de duas operações de fulfillment que são

consideradas adequadas. Já REYNOLDS (2001) e BAYLES

(2001) apresentam estas necessidades através de um

questionário. Assim, na seqüência, será apresentado um

resumo desses comentários em relação às atividades e

capacitações que envolvem a logística.

2.5.1 Sistemas de Gestão e Equipamentos de TI

Os sistemas de gestão e os equipamentos são elementos

fundamentais para que o atendimento ao cliente, com relação

aos pedidos, seja customizado.

Então, deve-se levar em consideração os sistemas de

gestão do pedido, de estoques, da armazenagem, de

roteirização, o rastreio desses pedidos, a integração dos

sistemas e os equipamentos utilizados em sua identificação

ou seu cadastramento, para que se faça valer a eficiência

da logística.

2.5.1.1 Sistema de Gestão do Pedido

De acordo com o UNCTAD (2001), os sistemas de

gerenciamento de pedidos possibilitam a entrada online

dos pedidos e informação em tempo real sobre os clientes e

sobre os produtos por eles adquiridos. Com isto, o

varejista pode determinar prioridades no atendimento do

pedido. Alguns dos sistemas permitem aos consumidores

especificar as necessidades e requisitos para a entrega de

produtos customizados, além de oferecer interativamente

produtos que se encaixam no comportamento de consumo dos

compradores.

Page 42: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

29

VON HOFFMAN (2001) descreve que deve haver um sistema

de controle que propicie rápido encaminhamento dos pedidos

aos fornecedores naqueles casos onde o fulfillment é

executado pelo fornecedor. Segundo ele, na Gardem.com, por exemplo, o sistema é capaz de conectar 70 fornecedores.

Para HARRINGTON (2000), o sistema de gerenciamento deve

controlar pedido a pedido em tempo real ao invés de

processos por lote.

2.5.1.2 Sistema de Gestão de Estoques

Para SAAB e GIMENEZ (2000), os estoques devem ser

administrados através de modernas técnicas, com sistemas de gestão e previsão de demanda. VON HOFFMAN (2001)

acrescenta que, além de ser capaz de planejar e gerir, o

sistema deve monitorar os produtos em estoque e seus custos. BAYLES (2001) e REYNOLDS (2001) relatam que também

é importante a interface entre este sistema e o site de

venda, de forma a ter uma atualização online da página de

venda e alertas para reposição das mercadorias em estoque.

2.5.1.3 Sistema de Gestão da Armazenagem (WMS)

Para VON HOFFMAN (2001) e SAAB e GIMENEZ (2000), a

armazenagem deve contar com um sistema de gestão para

fácil localização dos itens como equipamentos de rádio- freqüência, por exemplo. REYNOLDS (2001) e BAYLES (2001)

também estabelecem como necessária a utilização de WMS e

rádio-freqüência. Descrevendo a operação considerada eficiente da WebVan11, BAYLES (2001) relata que ela

contava com um sofisticado WMS que coordenava o picking

11 A WebVan abriu falência em 2000, após pesados investimentos em sua estruturação. Ela tinha como

propósito realizar o fulfillment para varejistas online de produtos de consumo (groceries) em algumas

das maiores cidades americanas.

Page 43: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

30

através de um sitema de correias, corredores e racks

especialmente desenhado para que um operador pudesse

localizar, coletar e despachar um pedido com vários itens

a cada 20 minutos em média.

2.5.1.4 Sistemas de Roteirização

REYNOLDS (2001) questiona como será a roteirização, se

um pedido pode ter volumes embarcados para múltiplos

endereços e como será o controle nos casos de canais com vários participantes (terceiros, confirmação do pedido).

Segundo SAAB e GIMENEZ (2000), a roteirização deve ser

administrada eficientemente para cobrir todas as

possibilidades de pedidos.

Segundo GREGOR e GALARDI (2001), devem ser oferecidos

pacotes complexos de serviços tais como: reroteirização e

disperção, para possibilitar flexibilidade na cadeia de suprimentos.

2.5.1.5 Rastreio dos Pedidos

Para GREGOR e GALARDI (2001) e REYNOLDS (2001), há a

necessidade de fácil acesso ao status dos pedidos e

informações contábeis por parte dos clientes. Segundo REYNOLDS (2001), o sistema de rastreio deve ser capaz de

informar todas as etapas desde o pedido até a entrega.

2.5.1.6 Integração dos Sistemas

REYNOLDS (2001) e BAYLES (2001) questionam o

compartilhamento de informação entre os diversos sistemas utilizados nos sites de venda, deixando claro que a

integração de sistemas de confirmação de pagamento,

gestão do pedido, controle e gestão dos estoques, embarque

e transporte e entrega dos produtos são fatores críticos

para o comércio eletrônico.

Page 44: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

31

2.5.1.7 Equipamentos

SAAB e GIMENEZ (2000) relatam que os processos de

armazenagem devem envolver muita tecnologia como: código

de barras, rádio-freqüência, sistemas de suporte das

operações e informações gerenciais. A utilização de

sistemas de identificação/cadastramento por código de

barras é fato comentado pela maioria dos autores como

forma de controlar mais precisamente os itens e pedidos. BAYLES (2001) cita estes equipamentos para assegurar a

operação no processo de picking. VON HOFFMAN (2001) relata

o uso da codificação para monitorar, licenciar e controlar

os produtos e os embarques. Com a utilização da

codificação por barras, todos descrevem ser necessária a

utilização de leitores óticos (“scanners”) (VON HOFFMAN,

2001; BAYLES, 2001; SAAB e GIMENEZ, 2000 e REYNOLDS,

2001).

2.5.2 Capacitação Operacional

Como foi visto, a capacitação operacional é um dos

fatores também importante no processo de logística.

Por isso, deve-se levar em consideração: a armazenagem,

o serviço ao cliente e o transporte para que este processo

não seja prejudicado em nenhuma de suas fases.

2.5.2.1 Armazenagem

Na armazenagem, OSLEN (2000) descreve que deve ser

desenvolvida a habilidade em executar o picking individual de pequenos pedidos. Para isto, VON HOFFMAN (2001)

descreve um sistema eficiente que possui: esteiras para

transporte e prateleiras instaladas de forma a acomodar

brinquedos. A área de separação dos pedidos foi elaborada

para permitir aos separadores localizar os pedidos de

Page 45: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

32

forma rápida e bancadas especiais de embalagem para presente. Segundo SAAB e GIMENEZ (2000), a separação deve

contar com coletores de dados manuais, esteiras e equipamentos especiais como prateleiras. Para HARRINGTON

(2000), o armazém deve ter uma área de picking avançada e

uma área de “estoque reserva” suportando este picking.

Esta área deve estar apropriada para separação de ordens

individuais e se utilizar de esteiras, carrosséis e

prateleiras.

REYNOLDS (2001) e BAYLES (2001), nos seus

questionários, também citam a necessidade de áreas

especiais de manuseio, montagem e submontagem, utilização

de racks e gôndolas na estocagem para permitir um picking

eficiente.

2.5.2.2 Serviço ao Cliente

A proatividade na comunicação de faltas também é preocupação dos autores GREGOR e GALARDI (2001). Eles

descrevem que deve haver rápida notificação nos casos de

exceção para solução de problemas. Para VON HOFFMAN

(2001), deve haver rápida comunicação sobre falhas ao site

vendedor e BAYLES (2001) questiona como são oferecidos os

serviços de comunicação de falhas ao cliente.

2.5.2.3 Transportes

PYKE, JOHNSON e DESMOND (2000), em sua pesquisa sobre o

varejo virtual na indústria de móveis, afirmam que os

custos de transporte serão normalmente maiores no comércio

eletrônico, já que os produtos embarcados para os clientes

um-para-um não se beneficiam de economias de transporte.

Isto é um fator crítico, já que, se a densidade geográfica

dos pedidos permitir embarques em veículos dedicados desde

a estrutura de armazenagem/produção para o consumidor, o

Page 46: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

33

custo do transporte pode ser um pouco menor. Entretanto,

se a densidade é baixa, o item terá que ser transportado

em cargas fracionadas na maior parte de seu trajeto,

aumentando, assim, o custo.

Para LASETER et al. (2000), os veículos normalmente

utilizados variam de bicicletas e pequenas motocicletas a pequenos veículos e vans. Isto significa que, mesmo

obtendo um menor custo por pedido quando há utilização plena da capacidade de uma van, por exemplo, nos casos de

veículos com menor capacidade, um maior número de entregas

significa um maior número de viagens.

De acordo com LEE e WANGH (2001), para a maioria dos

varejistas, o tamanho do pedido de cada consumidor é

pequeno. O custo da entrega só é justificado se houver uma

alta concentração dos consumidores dentro de uma área ou

se o valor do pedido é alto o suficiente. Os custos da

entrega são excessivamente grandes se os consumidores

fizerem os pedidos, ao mesmo tempo, de baixo valor e

distribuídos por uma extensa área geográfica. Eles propõem

como forma de medir a eficiência econômica, a densidade de

valor da entrega (DVE). A DVE é medida através da divisão

da média do valor do embarque pela média da distância

percorrida para a entrega.

Uma forma de melhorar a DVE é consolidar os embarques

em transportadores que possuam maior volume de entregas ou

através do estabelecimento de dias determinados para a

entrega em algumas rotas. Outra forma, é através da

redução do tempo que o entregador aguarda pelo cliente

para efetivar a entrega ou evitando-se o tempo perdido

quando o cliente não está presente no momento da entrega,

havendo a necessidade de retorno posterior. A proposta,

Page 47: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

34

neste caso, é a instalação de receptáculos com chaves que

são fornecidos aos entregadores. Com isso, eles podem

fazer a entrega rapidamente mesmo quando o cliente está

ausente.

Segundo SAAB e GIMENEZ (2000), a entrega é talvez o

ponto mais importante do comércio eletrônico. Para

executá-la, o vendedor deve ser capaz de oferecer

transportes com diferenciais de preços e prazos, através do uso de couriers, correios e transportadoras ou a

utilização de um ou mais operadores de transporte.

REYNOLDS (2001) e BAYLES (2001) questionam se os

transportes utilizados pelo varejista são adequados à

operação, citando os processos conhecidos da UPS, Fedex e

USPS como adequados.

BAYLES (2001), em função das expectativas dos clientes,

questiona também se existe a oferta de pacotes diferentes de prazos e preços. Para GREGOR e GALARDI (2001), deve

haver fácil comparação entre estes preços e níveis de

serviço entre os transportadores utilizados.

2.5.3 Recursos Humanos

Está claro que os desafios ligados à logística do

comércio eletrônico têm impacto direto na força de

trabalho. Em todas as atividades descritas, existe uma

maior especialização da operação em relação à utilização de sistemas e equipamentos. Para REYNOLDS (2001), é

necessário realizar o treinamento dos funcionários para

superar os desafios da implementação de processos e fazer uso das tecnologias necessárias ao fulfillment do comércio

eletrônico.

Page 48: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

35

Em relação à gestão da informação, deve haver

capacitação para lidar com sofisticados sistemas,

múltiplas fontes de informações e, principalmente, fazer

uso delas. Falando em operações, o manuseio de

equipamentos de alta tecnologia, nas práticas de

armazenagem, torna necessário que a mão-de-obra possua

qualificação para tal. A maior exposição ao consumidor,

seja no processo de serviço a clientes ou na entrega final, também exige pessoal qualificado (REYNOLDS, 2001).

Para HARRINGTON (2000), o desenvolvimento de uma

estrutura de logística para o comércio eletrônico

necessita de investimentos em pessoas. A implementação

disto é um processo oneroso e demorado. Como os processos de fulfillment possuem características próprias, é grande

o desafio de busca por recursos humanos para lançar,

suportar e gerenciar as atividades. Mesmo que eles estejam

disponíveis, a curva de aprendizado na operação é outro

fator que traz grande impacto às operações.

Fazendo um link entre os desafios da logística do

comércio eletrônico e aqueles trazidos pelo novo ambiente competitivo, pode-se citar FIGUEIREDO e ARKADER (2000),

que afirmam que a formação em logística desempenha um

papel fundamental na criação do novo dirigente capaz de

lidar com todas as novas exigências do mercado. Segundo

eles, o desenvolvimento deste novo dirigente deve ser

potencializado em três grandes linhas principais:

• Aquisição do conhecimento necessário para desenvolver

a logística como função superior;

Page 49: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

36

• Compreensão da visão logística como uma perspectiva

global e estratégica da empresa – visão integradora e

generalista de sua função;

• Gerência de pessoas, permitindo uma posição de

liderança sobre as equipes – estimulando o trabalho

em equipe e interfuncional.

2.5.4 Atuação Geográfica

MccULLOUGH et al (1999) descreve que um dos alicerces

de sustentação do serviço logístico no comércio eletrônico

é a entrega porta-a-porta. Segundo ela, as empresas devem

se preparar para todo o tipo de entregas globais e, para

isto, é necessário que estejam aptas a executar as

entregas utilizando-se de parcerias locais.

O varejista deve ser capaz de garantir o serviço de

entrega dentro do compromisso de prazo acordado com o cliente. Para SAAB e GIMENEZ (2000), a decisão sobre qual

será a região de atuação de uma empresa é motivada, entre

outros, pelo desejo de fidelizar clientes, pela falta de

escala operacional ou incapacidade operacional de

atendimento em determinadas regiões e rentabilidade sobre

sua rotas de entrega.

Segundo FELDMETH E WISSMAN (2001), a concentração da

população ao longo da área de atuação e a própria extensão

desta área são fatores que impactam diretamente no acesso

ao mercado, podendo obrigar o varejista do comércio

eletrônico a possuir mais de um ponto de distribuição.

Esta distribuição também interfere na rentabilidade das

rotas de entrega, dado que o custo de uma entrega está

ligado à produtividade de entrega dos veículos.

Page 50: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

37

De acordo com estudo conduzido por LASETER et al.

(2001) que analizava o custo da entrega de bens ao longo

de cidades de alta densidade demográfica, a última milha

tem seus dois principais motivadores de custo na

concentração das vendas e na densidade da população. Sendo

assim, a economia da operação de entrega do comércio

eletrônico está diretamente impactada pela dispersão das

entregas.

2.5.5 Capacitação para a Logística Reversa

A logística reversa é um dos principais problemas do varejista online, já que a política de retornos adotada é

fator de alta relevância em relação ao comportamento de

compra do consumidor. O quadro 2, a seguir, apresenta

atitudes do consumidor em relação à possibilidade de retorno dos itens comprados online.

Quadro 2: Atitudes do cliente em relação ao retorno dos

produtos.

Comportamento do Consumidor com Relação ao Retorno de Itens Comprados Online

A política de retorno influencia na compra 94% Prefere retonar em lojas físicas 92% Forte restrição à cobrança de taxas de retorno 89%

Fonte: BizRate.com apud BAYLES

Segundo PYKE, JOHNSON e DESMOND (2000), para refrear o

receio do consumidor em relação à qualidade dos pedidos do

comércio eletrônico, muitos varejistas estabeleceram

garantias incondicionais. Isto significa que eles recebem

de volta qualquer item e reembolsam o cliente ou o repõem

com outro de igual valor. O fator crítico, neste caso,

está relacionado à freqüência com que os consumidores

solicitam a troca ou devolução. Retornos freqüentes podem

levar a empresa à falência, em função dos altos custos de

manuseio e reembarque envolvidos. Para artigos pequenos

Page 51: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

38

como CDs e livros, o retorno é gerenciável (abaixo de um

por cento, em certos casos). Porém, estes mesmos autores

relataram taxas de retorno de até quarenta por cento na

venda de móveis através da Internet. Por isso, devem ser

estabelecidos processos e sistemas para lidar com

retornos, envio ao fabricante de itens com defeito, manutenção no local ou sucateamento (HARRINGTON, 2000).

De acordo com REYNOLDS (2001), estas taxas se

justificam porque os consumidores adquirem os produtos sem

ter a capacidade de examiná-los e, algumas vezes,

desapontam-se com sua compra ou mesmo o produto pode

chegar danificado pelo processo de transporte. Em qualquer

dos dois eventos, o consumidor necessita de um meio fácil

para retornar o produto. Para isso, o vendedor deve

estabelecer processos de manuseio interno dos retornos

(armazenagem, atualização dos estoques etc).

BAYLES (2001), descrevendo a utilização de centros de

retorno, trata dos tópicos relacionados a essa atividade.

Tem-se como exemplo, o controle da entrada em estoque de

produtos em retorno e a análise dos mesmos, para

direcionamento aos diversos possíveis destinos da

mercadoria como retorno direto ao estoque, sucateamento ou

remanufatura. Além disso, ela trata sobre os requisitos

dos sistemas para manusear a informação sobre os retornos

e o rastreio dos bens.

2.5.6 Escala Operacional

A grande maioria dos textos pesquisados citou a escala

operacional e seus efeitos sobre a cadeia, como um dos

grandes impeditivos ao estabelecimento de uma estrutura de

custos adequada ao comércio eletrônico pelo varejista. Os

Page 52: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

39

investimentos necessários em equipamentos, ativos, pessoas

e TI somente encontram um retorno adequado quando as

vendas atingem uma escala elevada. O problema está no

tempo que tem se mostrado elevado para atingir essa

escala.

Como resultado disso, as empresas podem buscar a

terceirização de algumas atividades. Apesar de haver, entre

os assuntos posteriores, um que fala especificamente sobre

a tercerização, neste ponto, torna-se necessário abrir um

espaço e tratá-la como um dos impactos diretos da escala

operacional do comércio eletrônico na logística.

FELDMETH E WISSMAN (2001) citam como exemplo os centros

de distribuição que possuem alto custo de operação e de

instalação e, dado ao ambiente de negócios para o

varejista, o acesso a capitais pode ser um fator impeditivo à implementação de uma estrutura de fulfillment

própria.

É neste mesmo sentido que HARRINGTON (2001) relata que

o desenvolvimento de uma estutura própria de fulfillment

requer a aplicação de capital – armazéns, sistemas de

informação, infra-estrutura de telecomunicações são caros

e necessitam de investimentos continuados ao longo do

tempo. A tecnologia, em particular, muda ao longo do tempo

e o tempo de ciclo dos sistemas em TI são cada vez menos

extensos. Os operadores logísticos fazem este

investimento, pois seu negócio depende deles. Assim, para

eles, isto é apenas mais um custo em operar o negócio.

Portanto, ao invés de fazer um investimento em ativos, o

varejista pode alavancar o investimento do terceiro de

forma a ter custos variáveis em seus processos.

Page 53: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

40

Segundo FELDMETH E WISSMAN (2001), a decisão sobre a

terceirização no processo de fulfillment do comércio

eletrônico passa pelo clássico “trade-off” entre fazer ou

comprar. Existem vários fatores a serem considerados e

muitos prós e contras a serem pesados. Na decisão, também

deve ser levado em conta que as expectativas do fulfillment e as capacitações necessárias para atendê-lo

são dinâmicas. Para COOK, RIGBY e CHU (1999), a resposta

para este “trade-off” está no cálculo da escala mínima

para amortizar os investimentos em armazéns e TI

necessários a uma operação que garanta o nível de serviço

adequado aos clientes.

Considerando que a escala necessária para pagar os

investimentos em armazéns está acima de 15.000 pedidos por

dia (figura 3), se um varejista eletrônico qualquer

necessita de 4 armazéns, ele só terá resultado positivo

quando suas vendas atingirem a marca de 60.000 pedidos por

dia. Isso é uma marca gigantesca mesmo para grandes

varejistas online. Os varejistas de menor porte têm,

assim, uma melhor opção financeira na terceirização. Por

outro lado, o negócio é muito atrativo para as empresas de

catálogo, desde que integrem suas vendas nesse canal com as realizadas online. Elas possuem escala para fazer com

que seus ativos operem eficientemente. Como exemplo, pode-

se citar a Land’s End (150.000 pedidos por dia), a LL Bean (125.000) e a J. Crew (95.000). Algumas empresas Clicks-

and-Mortar estão encontrando saída para a escala

necessária através do uso de suas lojas já estabelecidas

(COOK, RIGBY e CHU, 1999).

Page 54: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

41

Figura 3: O Custo da propriedade x custo da terceirização.

Fonte: COOK, RIGBY e CHU (1999)

2.5.7 Gestão da Capacidade

De acordo com MANN (2001), a flexibilidade na

capacidade é um aspecto de extrema importância para o fulfillment eficiente. Nas datas comemorativas, onde há

maior concentração das compras online, é grande a

preocupação dos varejistas com a manutenção do compromisso

de entrega. No Natal de 1999, quase todos os varejistas

tiveram problemas com a demanda que excedeu, em muitas

vezes, o volume médio de pedidos.

É importante ser capaz de reconhecer os aspectos

ligados à capacidade ao se comprometer com o consumidor,

Page 55: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

42

mas também é importante ter flexibilidade para aumentar o

volume da operação quando a demanda exigir, porque, senão,

é possível que o varejista corra o risco de não ser capaz de cumprir com as promessas feitas aos consumidores (MANN,

2001).

Para HARRINGTON (2000), flexibilidade na capacidade é

um dos grandes trunfos do varejista. O problema é: como

estabelecer o nível adequado de investimentos em infra-

estrutura, o tamanho ideal do centro de distribuição,

pessoal etc.

MANN (2001) propõe duas formas de gerir a capacidade.

Uma é através de utilização de mão-de-obra flexível, com a

adoção de processos e tecnologia que facilitem a rápida

adaptação dos novos trabalhadores contratados. A outra é

através da criação de uma rede de provedores que possam

executar uma parte dos serviços quando a demanda aumentar.

É claro que esta opção esbarra nos desafios da integração

e aumenta a importância da adoção de tecnologias de gestão

da cadeia de suprimentos.

No processo de avaliação da capacidade, REYNOLDS (2001)

e BAYLES (2001) questionam o tamanho médio e o limite

máximo e mínimo do pedido. Qual é o número médio e o

limite máximo de pedidos atendidos? Qual é o número de

SKUs em estoque, horário de corte e o prazo para

atendimento em função desse corte?

2.6 A Estrutura de Atendimento de Pedido no Comércio

Eletrônico

É comum que os pequenos varejistas online, que possuem

lojas físicas, tenham uma escala de operação também

pequena e assim consigam estocar e atender o pedido pelos

Page 56: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

43

mesmos depósitos que mantém para seu canal de lojas. Em contrapartida, existem varejistas online que atendem

milhares de pedidos por dia, deixando o fulfillment a

cargo de distribuidores ou fabricantes para embarcar por eles (BAYLES, 2001). A escolha do modelo adequada ao

fulfillment para a venda online passa por duas linhas de

avaliação:

• a infra-estrutura específica do modelo adotado; e

• a integração vertical destas estruturas.

São vários os fatores que impactam na escolha da infra-estrutura mais adequada ao fulfillment. COOK, RIGBY e CHU

(1999) fornecem alguns fatores que relacionam as

necessidades dos clientes ao tipo de produto vendido.

Segundo eles, a forma do varejista evitar falhas e

desenvolver uma estratégia vencedora no comércio

eletrônico é focar em duas questões:

• Primeiro: quais capacitações terão impacto sobre os

lucros? Isto é, na seleção da infra-estrutura –

ainda não importando se própria ou terceirizada – o

que deve ser estabelecido para que satisfaça as

necessidades dos consumidores e mantenha uma margem

de lucro adequada para o varejista?

• Segundo: qual é o nível ideal de integração vertical

das atividades logísticas, ou seja, quais as

atividades serão próprias e quais podem ser

contratadas?

2.6.1 A Decisão sobre a Infra-estrutura

COOK, RIGBY e CHU (1999) escrevem que a infra-estrutura

deve ser estabelecida para atender os requisitos críticos

Page 57: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

44

dos consumidores. Desta forma, é imperativo o

desenvolvimento de capacitações na logística e no rastreio

de pedidos que estão ligadas às perguntas abaixo:

• De que forma deve-se começar o processo?

• Onde devem ser localizados os armazéns e quantos

devem ser?

• Que tipo de transporte utilizar?

• Qual o processo de retorno que melhor se adequa?

Fica claro que o tipo de produto comercializado

influencia diretamente nas expectativas dos clientes (COOK, RIGBY e CHU, 1999) e, assim, impactam também na

decisão da infra-estrutura. Diferentes categorias de

produtos geram diferentes comportamentos de consumo. Por

exemplo:

• Produtos de consumo - Os clientes esperam que o

varejista possua uma grande variedade de ofertas no seu site e consideram que a grande maioria das

mercadorias deve ser entregue no mesmo dia ou no dia

seguinte, dentro de um prazo estreito de

atendimento. Os custos de transporte são

proporcionais ao valor agregado dos artigos

transportados. Esses fatores significam que os

produtos devem ser armazenados em centros de

fulfillment próximos ao seu local de consumo.

• Livros e CDs – Os consumidores aceitam aguardar mais

tempo pela entrega ou pagam um preço prêmio pela

velocidade. Os custos de transporte são menores

(proporcionais ao valor do item) e a perecibilidade

ou a obsolescência são menos críticos. Neste caso, a

Page 58: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

45

dispersão do estoque por um maior número de

armazéns12 ao longo do território atendido

proporciona atendimento dentro da faixa de tempo

esperada pelos consumidores.

• Produtos eletro-eletrônicos – Os altos custos de

armazenagem (de 3 a 5% do custo da mercadoria por

mês) dominam a questão econômica neste caso. A

solução mais adequada é um único centro de fulfillment com transporte aéreo para atender as

entregas emergenciais.

A figura 4, a seguir, representa a matriz de um

possível modelo de decisão de instalações que pode ser

utilizado levando-se em conta os valores de

transporte/manutenção de estoque em relação ao produto

(conforme estabelecido nas observações acima).

12 O texto cita de quatro a seis centros para o caso dos EUA.

Page 59: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

46

Figura 4: Modelos de infra-estrutura logística em função de

custos de transporte e carregamento do inventário.

Baixo

Custo do Transporte como percentual da vendaAlto

Alto

Baixo

Cus

to d

o E

stoq

ue c

omo

perc

entu

al d

a ve

nda

Multi-Armazenagem (2 - 12)•Livros

Armazem Único•Eletroeletrônicos

Armazéns Locais (>13)•Produtos de consumo

Fonte (COOK, RIGBY e CHU, 1999)

2.6.2 A Decisão sobre o Nível de Integração Vertical

FELDMETH e WISSMAN (2001) defedem que não existem

respostas fáceis sobre a melhor forma de executar o fulfillment no comércio virtual, principalmente no que se

refere à discussão entre fazer internamente ou comprar o

serviço de fornecedores.

Todas as opções requerem um estudo detalhado, pois cada

varejista tem um modelo próprio para o fulfillment

(freqüentemente único) que depende de seus produtos, capacitações operacionais, marketing e estratégia. Além

disso, o modelo de operação específico de uma empresa deve

Page 60: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

47

estar preparado para se desenvolver ao longo do tempo (FELDMETH e WISSMAN, 2001).

Para GULATI e GARINO (2000), no caso das empresas com

atividades online e offline, a decisão sobre a integração

tem que levar em conta a possibilidade de fusão dessas

atividades em uma mesma estrutura ou a manutenção de

estruturas separadas.

De acordo com HAYES e WHEELWRIGHT (1984), a decisão de

terceirizar ou fazer por conta própria é uma das decisões

estratégicas mais críticas que uma companhia pode tomar,

estando diretamente ligada à pergunta:

Como se posicionar em seu ambiente competitivo?

Do ponto de vista de operações, as alternativas de

posicionamento têm a ver com as decisões de integração

vertical ou fornecimento, o que pode ser tratado como um

conceito amplo de posicionamento de processo. As decisões

ligadas a essa decisão com um todo envolvem alguns

assuntos fundamentais como:

• Quais são as fronteiras que a empresa deve

estabelecer para suas atividades?

• Como ela deve construir as relações com outras

empresas – fornecedores, distribuidores e clientes –

externamente às suas fronteiras?

• Sobre quais circunstâncias ela deve mudar estas

fronteiras ou estes relacionamentos e quais seriam

os efeitos sobre sua posição competitiva?

Aplicando-se à indústria de serviços o conceito de fábrica focada (SKINNER, 1974), é possível imaginar que

Page 61: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

48

uma empresa não pode ter boa performance em todas as

arenas de competição. Portanto, ela deveria focar seus

esforços em atividades e operações que tenham correlação

com o seu negócio, delegando a outras empresas as

atividades consideradas complementares ou acessórias.

A proposta da terceirização é repassar para

especialistas a execução de funções selecionadas, mas que

não são essenciais ao funcionamento da empresa enquanto

ela se foca nos recursos ligados às suas competências- chave. As atividades não essenciais são descritas por SINK

e LANGLEY (1997) como aquelas que são importantes para a

continuidade estável dos negócios, mas não são um

ingrediente exclusivo do produto. Elas são periféricas e

existem para suportar o objetivo principal de uma empresa,

porém demandam uma quantidade desproporcional de tempo de

gerenciamento e esforços.

De acordo com o UNCTAD (2001), as empresas que vendem

online utilizam-se de diversos métodos e canais para

atender os pedidos de seus clientes. Três são os canais

principais utilizados. Algumas empresas ainda se utilizam

de combinações desses métodos. Os canais são classificados conforme as companhias executam seu fulfillment:

1. Com estrutura própria;

2. Através de drop-shipping;

3. Com o uso de operadores logísticos.

2.6.2.1 Estruturas Próprias de Logística

Segundo o relatório UNCTAD (2001), a utilização de

estruturas próprias de logística possibilita o controle

total das operações e dos custos nas empresas. Também

Page 62: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

49

possibilita manutenção do contato direto com seus

clientes. Entretanto, para o desenvolvimento de estrutura

própria são necessários pesados investimentos na infra-

estutura física e de operações.

As empresas brick-and-mortar utilizam-se com mais

freqüência das estruturas próprias de fulfillment. Estas

estruturas foram projetadas para o manuseio de pedidos da

logística tradicional e, em muitos casos, já estão

amortizadas. Porém, este é um modelo muito questionado,

pois, conforme visto anteriormente, as estruturas não são

muito adequadas ao manuseio de pequenos pedidos do comércio eletrônico (UNCTAD, 2001).

Segundo BAYLES (2001), a execução do fulfillment por

conta própria é o modelo que possui o melhor resultado em

termos de custo no longo prazo. Ele reduz o número de

parceiros externos e, com isso, elimina custos das

interfaces. Dado que o varejista eletrônico é responsável

pelo manuseio desde a compra até a entrega, ele consegue

por conta própria ditar o seu nível de serviço. Quando

este processo flui de forma satisfatória, o resultado é

velocidade no atendimento do pedido e altos níveis de

acuracidade.

Nas estruturas próprias, o serviço é essencialmente

customizado e, por isso, é mais facilmente adaptável,

porém servem exclusivamente às necessidades do varejista,

podendo crescer ou mudar de acordo com suas prioridades (FELDMETH E WISSMAN, 2001).

Também para REYNOLDS (2001), o fulfillment executado em

instalações próprias, dá ao varejista um maior controle

sobre todos os pontos onde sua marca está sendo avaliada

Page 63: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

50

pelo cliente. Entretanto, o varejista necessita de know-

how, trabalho manual, infra-estrutura e, freqüentemente,

de equipamentos especiais e softwares aplicados. Tudo isto

pode estar além da capacitação dos varejistas. A maior

desvantagem deste modelo é que, na maioria dos casos, o

local de embarque é feito de um centro único de fulfillment, o que significa que entregas para o mesmo dia

ou mesmo entregas com um dia de prazo são quase

impossíveis para negócios com uma área de atuação

abrangente.

2.6.2.2 Drop-Shipping

O segundo modelo adotado pelos varejistas dentro do comércio eletrônico é o método drop-shipping (UNCTAD-

2001). Segundo BAYLES (2001), neste método, o varejista

online anuncia o produto, faz a venda e a cobrança do

cliente. Tendo recebido os pedidos, ele os repassa para as empresas que se encarregam de realizar o fulfillment e

embarcar diretamente para o consumidor. O varejista não

toma posse do produto, pois, assim, ele não tem qualquer

custo associado com a armazenagem ou compra do mesmo.

Conforme o UNCTAD (2001), o processo funciona da

seguinte maneira: quando o cliente fecha a compra, o varejista envia o pedido para o seu drop-shipper - que

pode ser o fabricante, atacadista ou distribuidor. O drop-

shipper atende o pedido e o envia diretamente para o

cliente do varejista. Desta forma, o varejista permanece

como proprietário da base de clientes e seu lucro é a

diferença entre o que recebe do cliente e o que paga pelo produto/serviço ao drop-shipper.

Para BAYLES (2001), o problema deste modelo está no

baixo controle sobre o processo de embalagem e embarque.

Page 64: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

51

Os produtos podem ser enviados com a marca do drop-shipper

ao invés do varejista, causando impactos negativos na

manutenção da lealdade dos clientes do primeiro. No

retorno das mercadorias também pode haver dificuldade,

especialmente para os casos onde o consumidor realiza

pedidos que são preenchidos por vários fornecedores, já

que, em um mesmo pedido (com mais de um produto), pode

haver diferentes drop-shippers.

Outro problema reside no fato que nem todas as empresas drop-shipper estão adaptadas a lidar com o pedido do

comércio eletrônico. Assim, podem não satisfazer as

necessidades do consumidor que pode receber artigos

adquiridos em partes, através de embarques diferentes e

também em datas diferentes. Tudo isso não só impõe um

aumento de custo, como acrescenta dificuldade no rastreio dos embarques pelo consumidor (UNCTAD-2001).

O drop-shipping funciona melhor quando o varejista

oferece uma grande variedade de produtos no seu site, mas

não quer se envolver no processo de gerenciamento de toda

a cadeia do pedido. Ele requer que o varejista abra mão de parte do controle sobre o processo de fulfillment, pois,

apesar de poder determinar rígidos níveis de serviço, ele

continua pondo a sua marca nas mãos de outras empresas.

Neste caso, a marca reflete valores como: qualidade do

produto, processo de entrega, comunicação com os clientes

(no que diz respeito ao rastreio), embarque, datas de atendimentos etc. (REYNOLDS, 2001).

Resumindo, a principal vantagem do drop-shipping é que

o varejista não tem que arcar com o custo de manutenção de

estoques e infra-estrutura de distribuição. Ele também

proteje a empresa do risco associado às perdas com artigos

Page 65: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

52

que deixam de ser vendidos mas que já foram pagos e postos em estoque. Os custos de armazenagem, pick-packing e de

embarque estão a cargo do drop-shipper. Este método ainda

tem a vantagem de proporcionar ao varejista a possilidade de comercializar um variado mix de produtos, pois não há

estoque próprio no processo (UNCTAD, 2001).

2.6.2.3 A Terceirização da Logística para Operadores

De acordo com o relatório UNCTAD (2001), o terceiro

modelo é a terceirização do e-fulfillment para operadores

logísticos. Como diversas empresas desenvolveram

capacitações para realizar a logística para outras

companhias, a terceirização é uma das opções a serem

consideradas. Ela é particularmente vantajosa para os

varejistas pure-player e para aquelas empresas que estão

iniciando suas operações e ainda não adquiriram a

experiência, capital ou infra-estrutura física

necessários.

Alguns varejistas utilizam-se de modelos híbridos onde

varia-se o grau de integração. Essa variação acrescenta

novas possibilidades aos três modelos principais citados anteriormente (estrutura própria, drop-shipping e

tercerização). Como exemplo, o varejista eletrônico pode

manter como próprios a armazenagem e o controle do

estoque, enquanto repassa a terceiros o transporte e a distribuição (UNCTAD, 2001).

Este também parece ser o caminho para aquelas empresas

já estabelecidas que desejam permanecer concentradas em seu negócio principal. Segundo FELDMETH e WISSMAN (2001),

a terceirização nada mais é do que repassar todo ou uma

porção do atendimento do pedido para um operador

logístico.

Page 66: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

53

2.6.2.4 Como o Comércio Eletrônico vem se Utilizando da Terceirização da Logística

Segundo o UNCTAD (2001), pesquisa realizada pela

PriceWaterhouseCoopers mostra que existem importantes diferenças entre os diversos tipos de varejistas online,

levando-se em consideração a extensão com que eles se utilizam dos diferentes métodos de fulfillment. Pode-se

verificar, por exemplo, que os varejistas pure-player

tendem a executar grande parte de seus pedidos através da

terceirização para operadores logísticos ou através da utilização de drop-shipping. Em contrapartida, os

varejistas multicanal ou aqueles que realizam venda

através de catálogos têm como característica o atendimento

do pedido através de suas estruturas próprias.

Os resultados apresentados por MONTEIRO (2002) mostram

que o grau de integração física de uma empresa é

inversamente proporcional à abrangência de suas operações

no comércio eletrônico. Nesta pesquisa, a empresa que

conseguiu a maior abrangência em relação às suas lojas

físicas (Petco.com), foi em função da realização do fullfilment através de um CD exclusivamente dedicado às

operações do comércio eletrônico (mesmo que em uma

estrutura própria). Em contraste, a Sendas tem a menor abrangência, já que realiza o fulfillment através do

modelo local, ou seja, atende os pedidos online através

de uma loja física (somente uma), localizada em uma região

do Rio de Janeiro. Neste caso, o nível de integração

(máximo) estudado mostra que as operações tiveram sua

abrangência tanto regional como em variedade, restritas às

operações da loja física.

Page 67: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

54

A figura 4, abaixo, adaptada do texto de MONTEIRO

(2002), apresenta os vários níveis de integração possíveis

dentro do modelo de fulfillment do comércio eletrônico.

Figura 5: Escala de grau de integração

+

-

• Integração Total (Execução de Todas as Atividades

Logísticas)

• Complementação das Atividades (Terceirização Parcial

- Trasportes por Exemplo)

• Controle Somente Sobre o Inventário

• Terceirização Total da Logística (Uso das Instalações

e Estoques do Fornecedor

Adaptação do modelo proposto por MONTEIRO (2002).

Segundo o UNCTAD (2001), pesquisas mostram que há

diferenças importantes entre os vários tipos de varejistas

com relação à extensão do uso das formas diferentes de execução do fulfillment. Elas mostram, por exemplo, que os

pure-players tendem a executar grande parte do fulfillment

através de operadores logísticos ou drop-shippers. Por

outro lado, os varejistas multicanal, tais como os clicks-

and-mortar e clicks-and-slicks13, tendem a executar uma

grande parte do fulfillment através de estruturas

próprias. A tabela 3 mostra os principais meios que os

varejistas usam para atender aos pedidos. A tabela 4

apresenta uma quebra dos serviços logísticos em relação à

forma como diferentes tipos de varejistas se utilizam

deles.

13 Clicks-and-slick é o termo utilizado para as empresas de venda via catálogo que também possuem o

canal de vendas online.

Page 68: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

55

Ambas mostram que a operação de fulfillment é

realizada, principalmente, por estruturas próprias e que,

em última análise, a escolha do modelo de integração é uma

decisão estratégica que a empresa tem que fazer com base

na consideração de custo e das necessidades dos clientes (UNCTAD, 2001). Como era de se esperar, existe uma

tendência dos varejistas brick-and-mortar em utilizarem

suas estruturas próprias para executarem o fulfillment.

Tabela 3: Principais métodos utilizados pelas empresas de

comércio eletrônico no atendimento do pedido

Método de Atendimento do Pedido Varejista Pure-Player

Varejista Multicanal

A partir das instalações da empresa 44.5 71.8 Drop-shipping e fabricantes/distribuidores 30.6 5.1 Terceirização a partir de fornecedores dedicados ao atendimento do pedido

8.3 17.9

De instalações operadas por parceiros(alianças ou joint-ventures) 8.3 2.6

Atendimento eletrônico (software, informação) 5.6 0.0

Outros 2.7 2.6 Fonte: UNCTAD-2001.

Tabela 4: Métodos utilizados pelo comércio eletrônico para manusear as diferentes funções logísticas - Percentual

Varejo Pure-Player Armaze-

namento Pick & Pack

Embar-que

Retor-nos

Abaste-cimento

Estrutura própria de maneuseio 47.2 41.6 36.1 63.9 52.8 Contratação de terceiros 41.7 44.4 47.2 22.2 25.0 Combinação entre a empresa e terceirização e própria 8.4 11.2 13.9 13.7 16.7

Outros Métodos 2.7 2.8 2.8 0.0 5.5

Varejo Multicanal Armaze-namento

Pick & Pack

Embar-que

Retor-nos

Abaste-cimento

Estrutura própria de manuseio 71.8 69.2 66.7 79.5 76.9 Contratação de terceiros 20.5 20.5 23.1 12.8 12.8 Combinação entre a empresa e terceirização e própria 5.1 7.7 7.7 5.2 7.7

Outros Métodos 2.6 2.6 2.5 2.5 2.6

Fonte: UNCTAD (2001)

Page 69: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

56

2.7 Tipos de Operadores Logísticos para o Comércio

Eletrônico

Há, na literatura, várias categorizações para

operadores do comércio eletrônico. As mais citadas são

aquelas relacionadas à propriedade ou não dos ativos e à

sua especialização.

2.7.1 Tipologia do Operador com Relação à Propriedade dos

Ativos

Segundo FLEURY (2000), sob o ponto de vista

operacional, existem dois tipos de operadores logísticos:

aqueles baseados em ativos ou aqueles baseados em

informação ou gestão14. Os operadores baseados em ativos

possuem investimentos próprios em armazéns, transporte

etc. Os operadores baseados em gestão e informação não possuem ativos próprios. Vendem know-how de gerenciamento,

baseados em sistemas de informação e capacidade analítica,

que lhes permite identificar e implementar as melhores

soluções para cada cliente, com base na utilização de ativos de terceiros. Segundo SHEFFI (1990), estas

empresas, ao invés de possuírem ativos para realizar

tarefas logísticas, se concentram nas pessoas e sistemas

como seus maiores investimentos.

14 Segundo Sheffi (1990), os baseados em ativos também são chamados de AB do Inglês AssetBbased e

aqueles baseados em informação também são conhecidos por NAB do Inglês Non Asset Based – em português: não baseado em ativos.

Page 70: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

57

2.7.1.1 Operadores Baseados em Ativos (AB15)

Entre os operadores logísticos baseados em ativos,

incluem-se os principais integradores tais como DHL, Fedex

e UPS que se propõem a desenvolver as atividades de

armazenagem, agenciamento de carga e distribuição. Uma categoria distinta de operadores são os drop-shippers e as

fulfillment-houses. Uma fulfillment-house armazena as

mercadorias para o comércio eletrônico e detém a

responsabilidade de entregá-las para os clientes. Neste

caso, tanto a mercadoria quanto o comércio, é propriedade do varejista, enquanto a fulfillment-house se incumbe dos

serviços de armazenagem, pick-packing, embarque e

distribuição dos bens (UNCTAD, 2001).

De acordo com BAYLES (2001), as fulfillment-houses

acrescentam aos seus serviços de fulfillment e logística

atividades de call-center, atendimento ao cliente e

elaboração de relatórios financeiros e marketing. Em

alguns casos, estas funções podem até mesmo ser extendidas

para o processamento das compras através de cartões de

crédito, embalagem e rastreio dos pedidos. A diferença entre as fulfillment-houses e os integradores está no fato

de que, para elas, o varejista não precisa manter estoque

na sua estrutura, enquanto no caso dos integradores, o

varejista mantém o estoque em sua estrutura e é responsável pelo fulfillment (UNCTAD, 2001).

BAYLES (2001) relata que, como este modelo de

terceirização é lucrativo tanto para o fornecedor como para o comerciante, houve um “boom” de lançamentos nesse

perfil. Algumas dessas companhias já realizavam serviços

15 Do Inglês Asset Based.

Page 71: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

58

similares para a venda de catálogos e outras, por exemplo,

a Sameday.com e a iFulfill.com que foram lançadas para

prestar serviços para o comércio eletrônico.

Para maior detalhamento das funções de uma fulfillment-

house, a seguir, descreve-se as características de dois

exemplos entre as empresas americanas que adotam esse modelo: Sameday e iFulfill.

De acordo com BAYLES (2001), a Sameday.com é uma

empresa estabelecida para atender a vários varejistas online. Seu foco são as empresas com vendas entre US$ 10 a

US$ 50 milhões anuais e que façam tanto o processo de

venda quanto o processamento de cartões por conta própria.

A Sameday.com provê entrega no mesmo dia para pedidos

inseridos até a madrugada nas principais cidades a um

preço entre US$ 10 e US$ 15 por entrega. Para isso, possui

dois grandes centros e está desenvolvendo uma série de

outros em cidades-chave dos Estados Unidos. Como forma de

diferenciação, a Sameday usa o que há de mais novo em

softwares de distribuição e gestão da cadeia de

suprimentos. Como conseqüência, seus sistemas têm

interface direta com os servidores dos varejistas

atendidos para dar a entrada dos pedidos e a saída das

confirmações de embarque.

Para a iFulfill, o mercado alvo são os pequenos

varejistas com menos de 50 pedidos mensais que não possuam

processamento próprio de cartões de crédito. Todo o

sistema da iFulfill foi desenvolvido para fazer o

gerenciamento de sistemas e o manuseio do inventário para

quem não desenvolveu qualificação para a logística.

Page 72: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

59

A interface com o sistema da iFulfill é feita online,

através de um código específico para cada produto. Este

código é inserido diretamente na página do varejista.

Quando o consumidor escolhe um determinado produto na

página do varejista, a seleção é enviada para a empresa.

Quando todas as seleções estão realizadas, a compra é

efetivada com o comprador, preenchendo seus dados e os do

cartão de crédito. A iFulfill ainda informa ao varejista

quando o estoque de determinado item está baixo para que

este providencie a reposição.

O varejista paga um percentual do valor faturado no

cartão de crédito, mais um valor fixo que vai de US$ 4 por

pedido (até 10 pedidos por mês) a US$ 1 por pedido (para

mais de cinqüenta pedidos por mês). Uma taxa adicional de

US$ 0,30 também é cobrada para cada item extra por pedido.

Também é cobrada uma taxa de US$ 4 por mês por cada

produto disponibilizado na página de venda. Como exemplo,

neste caso, de um varejista que oferece cinco CDs em seu

site é cobrado US$ 20 como taxa mínima mensal. Esta

corresponde a um mínimo de cinco pedidos por mês.

Certamente, as taxas detalhadas neste breve histórico somadas às outras para manter o site de vendas em

funcionamento fazem com que o custo por pedido seja alto

mas, com o aumento das vendas mensais, este custo cai

rapidamente. É o preço para se ter alguém gerindo o fulfillment enquanto o varejista se preocupa

exclusivamente com a venda e em selecionar bem os itens que farão parte de seu mix de produtos.

Page 73: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

60

2.7.1.2 Operadores Não Baseados em Ativos (NAB16)

Os NAB desenvolvem atividades de gestão da operação de

parceiros contratados. Uma vantagem na contratação com os

operadores NAB é a sua independência no relacionamento com

transportadores e empresas de armazenagem. O operador está

livre para desenvolver os sistemas mais eficientes para os

contratadores e gerenciar a seleção do provedor de

serviços mais ade quados a cada situação (BAYLES, 2001).

A independência do operador NAB também é citada por SHEFFI (1990), que ressalta que eles podem utilizar os

serviços de outras empresas que são fortes, tanto no

sentido da especialização da atividade realizada, como em

relação à região de operação. Outro ponto citado por

SHEFFI (1990) na defesa do uso do operador NAB é que ele

pode melhor representar seus contratadores em negociações

com outros prestadores de serviços que envolvam ativos

físicos e reforçar as parcerias com seus clientes. Isto proporciona maior envolvimento nos processos de marketing,

compras, localização de instalações e outras decisões que

acarretarão economias nas atividades logísticas.

Segundo AFRICK e CALKINS (1994), os benefícios

propostos pelas companhias NAB geralmente dependem da expertise. O NAB é uma escolha mais acertada para os

embarcadores cujas necessidades estejam voltadas ao

gerenciamento dos processos, ou seja, quando a coordenação

ou a integração dos fluxos são as melhores oportunidades

para adicionar valor, ao invés da adição de valor através

de serviços físicos, por exemplo, nas atividades de

transporte ou armazenagem. Estas empresas, que provêm

16 Do Inglês Non Asset Based.

Page 74: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

61

gerenciamento de transportes e coordenação,

freqüentemente, alavancam o volume de atividades por toda

uma base de outros clientes, de forma a conseguir menores

taxas junto aos prestadores de serviço.

2.7.2 Tipologia com Relação à Especialização dos Serviços

Outra categorização dos operadores é através dos

serviços realizados. Nesta análise, os operadores podem

ser especializados verticalmente ou generalistas (se

propõem a atender qualquer tipo de seviço/produto).

Operadores especializados verticalmente, ou seja, que

atendam a um mercado específico como: eletroeletrônicos,

artigos de beleza etc., possuem vantagem sobre aqueles que

se dizem capazes de armazenar, coletar, embalar e embarcar qualquer tipo de produto. Esta, segundo REYNOLDS (2001), é

a tendência do mercado de servidores. O racional para esta

afirmação, segundo a autora, reside no fato de que a transferência de expertise entre as operações pode não ser

eficiente.

No caso da logística tradicional, MULLER (1993) chama

este tipo de operador de integrado e AFRICK e CALKINS

(1994), de híbrido. Neste caso, o operador especializa-se

em uma forma de serviço ainda mais integrada,

proporcionando um casamento entre um serviço de

gerenciamento das atividades com a utilização de alguns

ativos de suas companhias coligadas.

A definição oferecida por AFRICK e CALKINS (1994) para

este tipo de operador se confunde com as outras

definições. Por exemplo, os serviços oferecidos pelos

operadores híbridos são basicamente os mesmos oferecidos

pelos operadores não baseados em ativos, com a distinção

Page 75: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

62

de que os serviços físicos gerenciados por eles podem ser

extensivamente terceirizados para sua coligada.

Pode-se dizer que este tipo de operador logístico é uma

evolução do operador baseado em ativos, se posicionando em

algum ponto entre os operadores AB e aqueles NAB em termos

dos serviços oferecidos e seu relacionamento com os contratadores (AFRICK e CALKINS, 1994).

A evolução para um modelo de operador híbrido é citada também por AFRICK e MARKESET (1996). Para esses autores,

ela faz parte de uma mudança do operador baseado em ativos

para um modelo mais baseado nas habilidades. Neste caso,

as empresas estariam solucionando problemas logísticos

específicos através de habilidades tranferíveis,

excelência em sistemas e processos e adquirindo somente os

ativos e mão-de-obra necessários para atingir os

requisitos.

AFRICK e CALKINS (1994) apresentaram um modelo gráfico

chamado de matriz de competição, onde estabelecia o

posicionamento dos tipos de operadores em relação ao grau

de especialização e à propriedade dos ativos.

Na figura 6, a seguir, pode-se verificar que os AB se

posicionam na matriz no quadrante superior esquerdo. Já os

operadores NAB estão posicionados no quadrante inferior

direito. Por fim, os operadores chamados de híbridos são

aqueles que possuem características de ambos os tipos, ou

seja, possuem ativos físicos e sistemas de gerenciamento e

informação, posicionando-se no quadrante superior direito.

Page 76: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

63

Figura 6: Matriz de competição de operadores logísticos

Serviços deGerenciamento

Serviços Físicos

Aum

ento

de

Com

plex

idad

e, C

usto

miz

ação

Aumento de Complexidade, Customização

Contratos de Gerenciamentode Serviços Logísticos

Contratos de ServiçosLogísticos Físicos

Contratos de ServiçosLogísticos Integrados

Serviços Básicos

Baseadosem Ativos

Não Baseados emAtivos

Híbridos

Fonte: AFRICK e CALKINS (1994).

2.8 Resumo

A revisão de literatura apresentada neste capítulo

procurou convergir para a discussão das capacitações

necessárias para a logística do comércio eletrônico, a

forma como as empresas têm realizado o fulfillment e, por

último, a apresentação dos tipos de operadores logísticos.

Como vimos, assim como não há uma solução única para o estabelecimento de um processo de fulfillment do comércio

eletrônico, não há um formato único para o operador que se

propõe a executar este fulfillment.

Page 77: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

64

O fulfillment dos pedidos do comércio eletrônico pode

ser feito através de estrutura própria, do drop-shipping,

ou através da terceirização para operadores logísticos.

Esta tercerização pode ser total, ou seja, o operador pode

executar todas as operações para atendimento do pedido, ou

parcial, onde o operador executa algumas das atividades.

Com relação à estrutura de ativos, os operadores

logísticos do e-commerce podem ser baseados em ativos (AB),

que são aqueles que possuem ativos próprios para execução das atividades. Entre eles estão as fulfillment-houses.

Podem também ser não baseados em ativos (NAB) ou baseados

em informação ou gestão, que são aqueles que desenvolvem

atividades de gestão da operação de parceiros contratados.

Os operadores logísticos podem ser especializados, ou

seja, baseiam seu direcionamento estratégico em uma

determinada indústria ou operação (especialização) ou podem

ser generalistas, ou seja, propõem-se a atender a qualquer

tipo de serviço/produto (generalização).

Também foram estabelecidos os impactos e, através deles,

as capacitações necessárias em cada uma das atividades da logística para lidar com o fulfillment do comércio

eletrônico. O quadro 3, na seqüência, apresenta o resumo

das capacitações necessárias ao operador logístico do

comércio eletrônico com base nos comentários dos textos

coletados na revisão de literatura.

Page 78: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

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Quadro 3: Resumo das capacitações necessárias ao operador

logístico do comércio eletrônico.

Item Autor Comentário SAAB e GIMENEZ(2001)

Devem possuir coletores manuais e sistemas de rádio-freqüência.

BAYLES Os controles devem ser por código de barras, com scanners e coletores.

VON HOFFMAN(2001) Utilização de código de barras, sistemas de RF. Escaneamento e conferência com coletores.

Tecn

olog

ia

REYNOLDS (2001) Utilização de rádio-freqüência e código de barras.

UNCTAD (2001)

Demanda por processamento online de conhecimentos de transporte, pagamento dos fretes, documentação alfandegária e cálculo de somas tarifárias. Crescente importância da integração das informações na cadeia e ela deve ser compartilhada por todos os participantes.

SAAB e GIMENEZ(2001)

Os pedidos devem ser rastreáveis desde a compra até a entrega. O controle de estoque é uma função crítica e deve ser gerido com modernas técnicas e sistemas de previsão da demanda. Deve ser utilizado o WMS. A cadeia deve estar integrada de forma a obter um maior controle. Os sistemas também devem integrar estoques ao site de venda. Os sistemas de roteirização e picking devem estar automatizados.

OSLEN (2000)

O sistema de gerenciamento de pedidos deve estar desenvolvido de forma a necessitar do menor número de intervenções manuais. O WMS desenvolvido para controlar a seleção de pedidos pequenos.

Info

rmaç

ão

VON HOFFMAN (2001)

Devem ser utilizados sistema de gestão do pedido, sistemas para conferência dos embarques, sistema que integrem os fornecedores, sistema para rápido encaminhamento dos pedidos aos fornecedores e sistema de planejamento e gestão do estoque. Os sistemas devem permitir rápida comunicação de faltas ao vendedor.

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Quadro 3 - Continuação Item Autor Comentário

REYNOLDS (2001)

Deve haver integração dos sistemas próprios, controle e integração dos diversos participantes da cadeia. Os sistemas devem permitir rastreamento da compra à entrega. Deve haver um link entre a gestão do estoque e o site de venda e alertas para a reposição do estoque.

BAYLES (2001)

É necessário sofisticado software de controle de armazenagem (WMS). Deve haver integração de todos os sistemas utilizados. O processo deve permitir rastreamento a qualquer momento.

HARRINGTON (2000)

A informação deve estar disponibilizada em tempo real. O pedido deve ser gerenciado individualmente através de sistemas.

Info

rmaç

ã0

MACCULLOUGH (1999)

Os clientes irão cobrar cada vez mais informações detalhadas ao longo de toda a cadeia. O fluxo de informação será maior nos dois sentidos permitindo maior gestão sobre os estoques. A explosão de SKUs nas grandes cadeias de varejo necessita de controle por sistemas.

HARRINGTON (2000)

O estoque deve ser movimentado em cargas unitárias. Estoque em área recuada com picking avançado e equipamentos de separação unitária como carrosséis, prateleiras.

OSLEN (2000) Devem desenvolver habilidade em executar o picking individual de pequenos pedidos.

BAYLES (2001)

Deve desenvolver capacitação para manuseio de variedade e quantidade. Utilização de docas especiais, correias transportadoras, empilhadeiras próprias para separação de pedidos, prateleiras e gôndolas.

VON HOFFMAN (2001)

Prateleiras, esteiras, separação desenhada para fácil localização. Bancadas especiais para embalagens. Devem ter estruturas de separação especiais como esteiras e coletores.

SAAB e GIMENEZ(2001)

Utilização de equipamentos especiais como esteiras.

REYNOLDS (2001) Deve haver manuseio de embalagens especiais.

Arma

zena

gem

UNCTAD (2001) Aumento da necessidade por estrutura de armazenagem que possa manusear maiores volumes de pequenos embarques.

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67

Quadro 3 - Continuação Item Autor Comentário

GREGOR e GALARDI (2001)

Deve haver rápida notificação nos casos de exceção e solução de problemas.

Sevi

ço

ao

Clie

nte

VON HOFFMAN (2001)

Deve haver rápida comunicação sobre falhas ao site vendedor.

HARRINGTON (2000) Devem estar preparados para embarques internacionais.

REYNOLDS(2001) O meio de transporte utilizado deve ser adequado à carga transportada.

BAYLES (2001) Que tipos de transportes são oferecidos. A frota deve ser compatível com o tipo de entrega.

SAAB e GIMENEZ(2001)

Deve ser capaz de oferecer transportes diferenciais como courier. Tr

ansp

orte

s

OSLEN (2000) Os sites devem saber gerenciar os vários transportadores.

MccULLOUGH et al (1999)

As empresas devem se preparar para todo o tipo de entregas globais e, para isso, é necessário que estejam aptas a executar as entregas, utilizando-se de parcerias locais.

SAAB e GIMENEZ (2000)

A decisão sobre qual será a região de atuação de uma empresa é motivada, entre outros, pelo desejo de fidelizar clientes, pela falta de escala operacional ou incapacidade operacional de atendimento em determinadas regiões e a rentabilidade sobre sua rotas de entrega.

FELDMETH E WISSMAN (2001)

A concentração da população ao longo da área de atuação e a própria extensão dessa área são fatores que impactam diretamente no acesso ao mercado. At

uaçã

o Ge

ográ

fica

LASETER et al. (2001)

A última milha tem seus dois principais motivadores de custo na concentração das vendas e na densidade da população.

FELDMETH E WISSMAN (2001)

Os centros de distribuição possuem alto custo de operação e de instalação. Assim, dado ao ambiente de negócios, para o varejista, o acesso a capitais pode ser um fator impeditivo à implementação de uma estrutura de fulfillment in-house.

HARRINGTON (2001)

O desenvolvimento de uma estutura de fulfillment moderna requer a aplicação de capital – armazéns, sistemas de informação, infra-estrutura de telecomunicações são caros e necessitam de investimentos continuados ao longo do tempo.

COOK, RIGBY e CHU (1999)

Deve ser estabelecido um cálculo da escala mínima para amortizar os investimentos em armazéns e TI necessários a uma operação que garanta o nível de serviço adequado aos clientes.

Esca

la

COOK, RIGBY e CHU (1999)

Considerando-se que a escala necessária a pagar os investimentos em armazéns está acima de 15.000 pedidos por dia.

Page 81: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

68

Quadro 3 - Continuação Item Autor Comentário

BAYLES (2001) Deve ser estudada a capacidade de manuseio e os horários de corte para embarque.

REYNOLDS (2001) Devem ser analisados na operação a capacidade de atendimento, o número atual de embarques e as dimensões médias dos pedidos.

MANN (2001)

A flexibilidade na capacidade é um aspecto de extrema importância para o fulfillment eficiente. É importante ter flexibilidade para aumentar o volume da operação quando a demanda exigir. Senão, é possível que o varejista corra o risco de não ser capaz de cumprir com as promessas feitas aos consumidores.

Capa

cida

de

HARRINGTON (2000) A flexibilidade de capacidade é um dos grandes trunfos do varejista.

REYNOLDS (2001) Processos para manuseio interno dos retornos.

HARRINGTON (2000).

Devem ser estabelecidos processos e sistemas para lidar com retornos, envio ao fabricante de itens com defeito, manutenção no local ou sucateamento.

MACCULLOUGH (1999)

As empresas devem estar preparadas para lidar com retornos.

OSLEN (2000) Deve ser desenvolvida a capacidade de manusear os retornos. Re

torn

os

BAYLES (2000)

Processos para gerenciamento dos retornos, processo de controle da entrada do produto em retorno, análise e redirecionamento para remanufaturamento ou sucateamento.

Page 82: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

69

3 METODOLOGIA

3.1 Tipo de Pesquisa

Para efeito de definição do tipo de pesquisa adotado, utilizou-se a taxionomia proposta por VERGARA (1997).

Segundo ela, a pesquisa pode ser classificada com relação

aos fins e aos meios.

Quanto aos fins, esta pesquisa é exploratória e

descritiva. Exploratória porque, apesar de já ser grande o

número de pesquisas sobre o comércio eletrônico, o estudo

da logística aplicada a este negócio ainda é incipiente.

Descritiva, pois descreve quais são as características da

logística do comércio eletrônico e quais são as

capacitações necessárias ao operador logístico para lidar

com ela.

Com relação as meios, ela tem como característica ser

bibliográfica, de campo e estudo de casos. Bibliográfica

por se apoiar em dados colhidos na revisão de literatura

existente sobre a logística do comércio eletrônico e seus

operadores, para, então, estabelecer as características e

capacitações que levassem ao modelo de análise utilizado no

estudo de casos. De campo, pois foi utilizado um roteiro de

entrevistas para levantar as informações que levaram a

análise de adequação dos operadores logísticos ao modelo

adotado.

Segundo GIL (1989), o estudo de casos é indicado àquelas

pesquisas exploratórias onde os temas mais completos

carecem de uma maior flexibilidade.

Page 83: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

70

Para YIN (1994), o estudo de casos é utilizado nas

situações onde uma pesquisa empírica investiga fenômenos

atuais que ocorrem na prática. Desta forma, o estudo de

casos foi o método escolhido, uma vez que havia a intenção

de coletar uma grande variedade de detalhes acerca de

atividades e processos adotados pelos operadores que se dispõem a executar o fulfillment do comércio eletrônico.

3.2 Seleção dos Casos Estudados

O primeiro critério utilizado na seleção dos casos

estudados foi baseado nas reportagens e pesquisas de

mercado de operadores logísticos que se propunham a executar o fulfillment do comércio eletrônico.

Como segundo critério, buscou-se selecionar empresas que

pudessem representar ao menos os dois modelos descritos na

revisão de literatura: operador logístico baseado em ativos

e outro, baseado em gerenciamento – como forma de

acrescentar diversidade ao estudo.

É sabido que o processo para autorização ao acesso às

informações necessárias à pesquisa nem sempre é uma tarefa

fácil junto às empresas. Este processo atinge resultados

mais efetivos quando, em função de contatos prévios ou

indicações de pessoas, há uma aproximação com as mesmas.

Desta forma, a seleção final da Intecom foi definida

pelo acesso à empresa através dos contatos anteriormente

estabelecidos entre o autor e a alta administração da mesma, que aprovou de pronto o estudo. No caso da ebX, o

contato inicial com o principal executivo de logística da

empresa (que aprovou a pesquisa) foi conseguido através de

pessoas do relacionamento do autor. Sendo assim, conseguiu-

se estruturar a pesquisa com empresas de características

Page 84: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

71

diferentes, atingindo-se o objetivo inicial que era a

diversidade das estruturas de ativo das empresas.

3.3 Coleta dos Dados

Os dados das empresas foram coletados através das visitas e entrevistas com o staff de logística de cada uma

delas. Para proporcionar um maior foco nas informações

pertinentes à pesquisa e, assim, um maior aproveitamento do

tempo, foi adotado um roteiro de entrevistas que é

apresentado no ANEXO 1. O roteiro foi baseado nas

informações do modelo elaborado no resumo (item 2.8 da

revisão de literatura). Também foram necessários contatos posteriores (via telefone e e-mails) com os responsáveis

pelas informações, para esclarecimento de dúvidas surgidas

ao longo do processo de descrição dos casos.

As visitas à Intecom aconteceram nos dias sete e oito de

março de 2002. Foram entrevistados: Diretor de Tecnologia,

Diretora de Operações, Gerente de Afiliados/Soluções,

Comercial e o Analista de Soluções. Cada entrevista durou

em média uma hora e elas foram gravadas com a anuência de

cada um dos entrevistados.

A ebX foi visitada no dia quatorze de março de 2002 e

foram entrevistados: Diretor de Logística, Gerentes de

Planejamento Logístico, Projetos e Processos e o de

Tecnologia. As entrevistas tiveram o mesmo tempo médio e

foram gravadas com a anuência dos entrevistados.

Outros meios utilizados para o levantamento dos dados sobre as empresas foram a pesquisa nos seus sites,

reportagens publicadas na mídia (jornais e revistas),

apresentações corporativas e dados fornecidos pelas

próprias empresas nas visitas.

Page 85: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

72

3.4 Análise dos Dados

A análise dos dados deu-se à luz da revisão de

literatura, comparando aquilo que foi encontrado na

pesquisa com o modelo proposto no resumo do item 2.8.

Ainda que não exista quantificação dos resultados, a

análise qualitativa dos dados encontrados trouxe à tona

informações úteis para a preparação das conclusões

apresentadas.

3.5 Limitações do Método

Segundo VERGARA (1997), todo o método tem possibilidades

e limitações. Este trabalho encontra suas principais

limitações em dois fatos pertinentes ao próprio método:

• Conforme GIL (1989), o estudo de casos não pode

generalizar os resultados obtidos;

• O estudo de casos é impregnado pela percepção do

entrevistado que pode trazer às respostas um viés pessoal (YIN, 1994).

A pesquisa ainda é diretamente impactada por sua

condição de execução. Por ser um assunto novo e possuir

poucos textos sobre o assunto no Brasil, este estudo pode

ser impactado pela diferença entre as necessidades e

condições dos serviços logísticos encontrados nas regiões

de origem dos principais textos da pesquisa bibliográfica

(EUA) e aquelas encontradas no Brasil.

Page 86: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

73

4 DESCRIÇÃO DOS CASOS

4.1 Caso Intecom

4.1.1 A empresa

A Intecom é um investimento em conjunto do Grupo Martins

e o JP Morgan. O primeiro é o maior atacadista brasileiro,

contando em 2002 com mais de 6.000 funcionários, sendo

4.000 pessoas na força de vendas e um faturamento de R$1,8

bilhão no exercício de 2000. Atende 100% dos municípios brasileiros, status este que somente os Correios podem

vangloriar-se de compartilhar. O segundo é um dos maiores

bancos de investimentos do mundo – o qual teve receita

líquida de 8,9 bilhões de dólares no ano de 1999 e que

oferece uma série de serviços financeiros como:

levantamento de capital, aconselhamento estratégico e valuation.

A Intecom foi criada em 2000 para atender o mercado de

encomendas virtuais. Seguindo uma tendência do mercado, ela surgiu na esteira do “boom” da Internet com o intuito de

ser um facilitador dos processos logísticos do comércio online. Esta associação, projetada pela Andersen Consulting

(atual Accenture), teve como objetivo aproveitar o “know-

how” do Grupo Martins no manuseio de pequenos pedidos para

seus clientes a fim de atingir os alvos principais da

Intecom, que eram os portais e sites de comércio eletrônico

da Internet. Vale dizer que o Grupo Martins tem grande

volume de suas vendas em pequenos clientes, que muitas

vezes não compram uma caixa completa de produtos. Para

estes casos, a empresa já faz hoje, em todo o Brasil,

entrega fragmentada.

Page 87: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

74

Os investimentos previstos para o seu lançamento eram de

US$ 25 milhões nos dois primeiros anos, com estimativa de,

em 2005, atingir um faturamento de US$ 180 milhões.

Apesar de ser uma empresa independente, com sede própria

e presidente exclusivo, a Intecom se apóia em boa parte na

infra-estrutura das outras empresas do grupo. É o caso dos

mais de 2.600 caminhões da transportadora Marbo, dos

centros de armazenagem e de distribuição espalhados pelo

país.

A Intecom possui como missão estabelecida:

“Integrar operações logísticas através das

melhores soluções do mercado suportadas por

avançada tecnologia, provendo informações em

todas as etapas da cadeia.”

4.1.2 Atuação Geográfica

A Intecom está preparada para atuar em todo o território

nacional, ainda que não com o mesmo padrão para todos os

serviços em todas as regiões, pois o seu foco, assim como

o foco inicial do comércio na Internet, é a região

sul/sudeste.

Por possuir afiliados17 ou capacitação para desenvolvê-

los em função das necessidades de cada mercado, serviço ou

cliente (conforme será verificado no item operações), ao

utilizar a estrutura do Marbo e o apoio de um contrato de

relacionamento com os Correios, a Intecom se qualifica como

operadora para o “comércio eletrônico” em todo o Brasil.

17 Afiliado é o termo utilizado na Intecom para designar os parceiros para cada uma das atividades

contratadas.

Page 88: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

75

4.1.3 Estrutura de Capital

A Intecom é uma empresa que não possui ativos próprios e

a única operação na qual se envolve diretamente é a do

armazém de Osasco, utilizado para desenvolvimento da

tecnologia, padronização de processos e treinamento. Toda a

estrutura de armazenagem e transporte empregada por ela

pertencem aos seus afiliados. Este mesmo armazém é

utilizado para o fulfillment e cross-docking dos clientes

de comércio eletrônico atualmente em operação.

Apesar de não ser baseada em ativos, a estrutura de

equipamentos e instalações é variável de acordo com cada

contrato e depende dos afiliados utilizados ao longo do

tempo. Como exemplo, pode-se citar os ativos da Marbo, sua

co-irmã, proprietária de 50 centros de distribuição

espalhados pelo Brasil, com cerca de 2.600 veículos, dos possíveis “pick-up points”, que são pontos avançados de

coleta e distribuição através da rede de drogarias Drogão

ou da cadeia de lojas de conveniência da BR Distribuidora.

Conforme relatado na entrevista com o gerente comercial,

o maior ativo da Intecom está na sua capacidade de

gerenciar o relacionamento com os afiliados.

4.1.4 Posicionamento Estratégico/Comercial

A Intecom surgiu para atender ao comércio virtual, mas

no final de 2000, impactada pelo estouro da bolha da

Internet, ficou claro que somente estes serviços não

suportariam a estrutura da empresa. O posicionamento foi

redirecionado para o mundo real, não deixando de lado a

logística virtual. Para se ter uma idéia desta nova

condição, segundo o diretor de tecnologia, o comércio

eletrônico representa hoje menos de 12% dos clientes.

Page 89: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

76

A estratégia adotada desde então foi: focar nos clientes

líderes em seus respectivos segmentos de mercado. Em 2002,

a Intecom possui uma carteira de clientes consistente,

composta de importantes empresas líderes de mercados.

Entre eles estão: Submarino, Extra.com, Terra, Itautec,

Telefônica, Telesp, Siemens, Multibras, BSH Continental e

LG Eletronics.

A "migração" do foco inicial do comércio eletrônico para

um conceito mais especializado de customização em cargas

fracionadas está ligada aos números e as previsões de

crescimento do comércio eletrônico - que não se

concretizaram. Desta forma, foram realizadas diversas

pesquisas de mercado para ampliação da área de atuação da

Intecom, que permitissem dar a sustentabilidade ao

crescimento projetado para a empresa.

O redirecionamento foi motivado por necessidades

internas e externas. A interna foi a já comentada

necessidade de buscar uma sustentação e a externa foi

porque, tendo desenvolvido capacitação e tecnologia para o

manuseio de carga fracionada com características do

comércio eletrônico, houve uma busca das empresas por

serviços que exigiam essa capacitação. Este entendimento é

corroborado pela opinião do diretor de tecnologia:

“A estrutura de venda do comércio eletrônico vai

ser viável a longo prazo. É uma corrida de

resistência e a Intecom quer fazer parte da festa

na linha de chegada.”

Da mesma forma, as empresas que iniciaram o

desenvolvimento de venda pela Internet como um mercado

diferenciado perceberam que esta via interativa era mais um

Page 90: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

77

canal de venda. Assim, o retorno do canal de atendimento online para o interior da estrutura dessas empresas,

propiciou para a Intecom a oportunidade de prestar os

serviços de logística total às mesmas.

Conforme a figura 7, a seguir, a Intecom se baseia em 3

pilares fundamentais para sustentar esse novo

posicionamento: inteligência logística, sistemas

inteligentes de informação e alianças estratégicas.

Figura 7: Pilares da proposta de valor da Intecom.

•Aliançasestratégicas,integrando habilidadese esforços paraoferecer soluçõespersonalizadas aosnossos clientes•Capilaridade deatuação em diversasáreas:

– Logística integrada– Financeira– Call Center / Webcenter

•Profundo conhecimentodo ciclo logístico.•Atendimento adiversos níveis deserviço: rodoviário ouaéreo, capital ouinterior, pequeno ougrande porte•Roteirização etracking dos pedidos

•Sistema deProcessamento deOrdens•Sistema deInteligência Logística•Integração desistemas e interfaces•Integração com CallCenters•Data Warehousing

REDE DEAFILIADOS

INTELIGÊNCIALOGÍSTICA

TECNOLOGIASUPERIOR

Proposição de Valor

Fonte: Intecom

A empresa tem consciência de que seus serviços não se

destinam a todo o mercado de logística. A Intecom agrega

valor a empresas que necessitam de informaçao rápida,

integração tecnológica avançada e flexibilidade – neste

caso, representada através da customização dos serviços

prestados através de parcerias e inteligência logística.

Assim, a Intecom identificou alguns nichos de mercado

onde tem seu foco de atuação:

Page 91: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

78

•Telecom;

•Eletro-eletrônicos e informática (PC, periféricos,

placas e componentes);

•Peças de reparo; e

•Comércio Virtual.

Dentre as vantagens propostas pela Intecom, está a sua

capacidade de entender as necessidades de seu cliente e

buscar a melhor solução, em contrapartida à imposição de um

processo existente nos operadores baseados em ativos.

Segundo o entrevistado, o importante é a customização do

serviço. E, nisto, a Intecom tem a maior flexibilidade,

pois pode estabelecer a parceria mais indicada em cada área

de atuação para atender às necessidades dos clientes.

O quadro 4, a seguir, apresenta as possíveis ofertas de

serviço/valor da Intecom nos mercados que se propõem

atender, pois, apesar de ter a qualificação para executar

todas as funções, hoje, ainda não exerce em sua totalidade:

Page 92: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

79

Quadro 4: Proposta de serviços da Intecom nos mercados que se dispõe atender.

Fonte: Intecom

Page 93: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

80

Além dos serviços anteriormente descritos, com o

credenciamento de uma extensa rede de postos de recepção e

retirada de encomendas (BR-Mania, Drogão) e uma logística

integrada para acessar e abastecer estes pontos, a Intecom

oferece oportunidades de negócio para venda, trocas, leilões,

entrega técnica, logística reversa e outros serviços. Isto

viabiliza sua utilização como canal de coleta/distribuição de

duas opções interessantes para o mercado eletrônico:

• quiosques multimídia, instalados em estabelecimentos

credenciados, onde consumidores terão acesso às páginas

da Web conveniadas à Intecom;

• pick-up/drop-off points é uma extensa rede de pontos de

coleta e entrega nos principais centros consumidores e

outros pontos estratégicos. Cabe à Intecom executar

toda a logística de coleta e entrega, guarda das

mercadorias e gerenciamento das operações.

4.1.5 Parcerias

Como um dos pilares de sustentação da Intecom é a aliança

estratégica, ela possui uma estrutura específica para o

desenvolvimento de parcerias. A gerência de afiliados e

soluções é responsável, tanto pelo desenvolvimento dos

afiliados, que serão responsáveis pelos serviços, como pela

solução logística para o cliente contratante.

Conforme relatado na entrevista, a área de afiliados busca

parceiros em função do planejamento estratégico da área

comercial. Uma vez estabelecido o mercado/indústria foco,

determina-se o perfil de parceiros e a estratégia de

Page 94: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

81

afiliação para o atendimento e, então, a área de afiliados

vai em busca destes parceiros em cada região.

O afiliado, qualificado para um tipo de função/região, é

cadastrado no sistema de administração de fretes (SAF) e é

dado o sinal verde ao comercial para que possa “atacar” um

determinado cliente ou indústria. O SAF é um sistema de

gestão logística que possui: destino, tipo de carga, tipo de

cliente, região de atuação, faixa de peso etc, de todos os

afiliados.

Não há ainda uma formalização do processo de seleção dos

parceiros, mas o afiliado deve estar alinhado com o perfil da

empresa, ou seja, o critério básico de afiliação é a

capacitação no trabalho com cargas fracionadas, típicas do

comércio eletrônico. Além disso, o afiliado deve ter

desenvolvido tecnologia própria em TI, de forma a poder se

integrar com os sistemas da Intecom.

Com relação à quarteirização de atividades, evita-se ao

máximo a contratação de afiliados que se utilizem de

subcontratação. A operação até a última milha deve ser

executada pelo parceiro escolhido, evitando-se, assim,

quebrar a cadeia por atividade, pois o risco de perda da

informação, neste caso, é grande.

A perícia operacional está na capacidade em amarrar a

relação do cliente com os afiliados. Esta, portanto, é uma

das principais vantagens da Intecom no desenvolvimento da

solução para o cliente. É como desenvolver uma consultoria e

possuir uma área específica para executá-la, pois, com a

liberdade proporcionada pelas parcerias, pode-se sempre

Page 95: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

82

selecionar a melhor estrutura logística para cada caso, já

que não há obrigação de dispersar os custos de seus ativos.

Estes ativos estão contidos na inteligência e nos parceiros.

4.1.6 Capacitação em TI

Mais um pilar de sustentação da proposta de valor da

Intecom, a área de tecnologia tem estrutura própria de

pessoal. A Diretoria de Tecnologia divide-se em duas áreas

(implementação e desenvolvimento) e recebe a maior alocação

dos investimentos da companhia.

Apesar da idéia de que, como outras áreas, poderia

compartilhar a estrutura de desenvolvimento de sistemas do

grupo Martins, a Intecom desenvolveu equipe e estrutura

próprias para ter total gestão sobre os caminhos e

prioridades de desenvolvimento. Conforme o entrevistado:

“nem sempre as duas estruturas possuem o mesmo

objetivo, pois, se sujeitas a uma mesma estrutura,

poderiam perder o timming necessário ao seu

negócio”.

Como todas as operações possuem elevado grau de

customização, é a tecnologia que suporta as várias operações

com os clientes e afiliados. Em função disto, toda a troca de

informação Intecom/afiliado e Intecom/cliente é viabilizada

por sistema eletrônico e, necessariamente, tem que haver uma

integração entre os sistemas dos afiliados e dos clientes.

Não são aceitos clientes onde a troca de informações seja

“manual” (via fax ou e-mail), exceto no período de

implementação, onde é até possível a aceitação de um processo

Page 96: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

83

manual para a troca de informação de até 50 transações por

dia, desde que já estabelecido no processo de implementação o

prazo de utilização de tal meio.

Neste sentido, a afirmação do entrevistado deixa clara a

opção estratégica da empresa:

“…a Intecom é uma empresa de inteligência e não

quer ter bandos de digitadores. A digitação é uma

função que até existe em função da necessidade de

uma maior flexibilidade no início da operação, mas

não perdura na rotina de operações.”

A arquitetura é bem flexível, trabalha com Oracle, VB, Java e possui também SQL-server. A plataforma de “hardware”

está baseada em Intel e Sun. Existe uma equipe própria de

desenvolvimento, composta de oito pessoas, todas com alto

conhecimento dos sistemas utilizados, selecionada e

desenvolvida dentro da empresa para conduzir os processos.

Na percepção do entrevistado, em muitas empresas de

comércio eletrônico não há uma senioridade entre seus

gerentes. Isto reflete em uma carência na avaliação prévia

das necessidades e impactos das solicitações de serviços. Em

alguns casos, elas pagam por serviços que não serão

utilizados.

O grande desafio/missão na relação com o cliente é ser o

menos incisivo possível e, por isso, não é feita qualquer

alocação de sistemas ou alterações em seus servidores. Nos casos onde existe acesso online de informações de um cliente,

as informações são alocadas na máquina do mesmo. Em outros

Page 97: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

84

casos o cliente disponibiliza as informações em uma área de

FTP e a Intecom captura seus dados e vice-versa.

A gestão do pedido por parte do cliente não importa para a

Intecom, pois alguns o fazem através do SAP, Oracle,

programas proprietários etc. Para a Intecom, o importante é a

forma de integração e, para isso, ela se utiliza de XML,

X400, FTP, e-mail, LotusNotes, VAN IBM, VAN da Interchange,

Proceda, Guedas e outros que estão nesta plataforma de

integração e permite esta integração com os clientes.

Os problemas envolvendo a integração com os clientes estão

ligados à capacitação tecnológica. Em muitos deles, não há

uma tecnologia de integração eletrônica desenvolvida, como no

caso em que o embarcador não informa o endereçamento, CPF,

CEP ou valor. Neste momento, entra em operação contingencial,

um processo manual de recuperação de falhas.

Procura-se, nestes casos, estabelecer uma inteligência no

sistema, bloqueando-se automaticamente todos os pedidos com

falhas. Quando são percebidos erros graves ou erros

repetitivos, um analista é enviado à “casa” do cliente para

dar suporte, permanecendo lá até que o problema seja

corrigido.

O fluxo da informação na Intecom e entre ela e seus

clientes e afiliados está representado na figura 8 a seguir.

Page 98: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

85

Figura 8: Fluxo da informação internamente à Intecom e entre

ela e seus clientes/afiliados

SAF

Gen

co

Gat

es

Plataforama de Integração

Clientes Afiliados

Preparado pelo Autor

Os principais sistemas utilizados pela Intecom são o SAF

(desenvolvido internamente), o Genco e o Gates. A operação

destes sistemas pode ser analisada logo abaixo.

O SAF possui a inteligência da alocação de carga a cada

afiliado e o controle das ordens a eles alocados. A Intecom

não possui sistema de gestão de transportes (TMS), pois não

tem ativos, por isso, não tem porque gerenciar transportes. É

o SAF que gerencia o carregamento de cada serviço para cada

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86

afiliado, em função das características de cada serviço. Por

exemplo, um pedido de 2 kg, com prazo de entrega de 2 dias em

Fortaleza, dá entrada no SAF, sendo direcionado para o

afiliado mais indicado a executar esse tipo de ordem. Com a

opção do sistema aceita, o mesmo emite uma ordem ao

fornecedor para executar a coleta do item.

Um dos subprodutos do SAF é a administração da vida do

pedido ao longo do processo de entrega (rastreio do pedido).

Quando o transportador coleta uma carga, o mesmo se comunica

com o sistema da Intecom, enviando informações do pedido até

a entrega final. Como exemplo, pode-se citar: “coleta executada”, “transferência para hub”, “tentativa de entrega

não realizada por ausência do cliente” etc. Tudo isto é então

centralizado e padronizado dentro do formato acordado na

troca de arquivos e disponibilizado ao cliente. Isto pode ser

feito via Web e mesmo por wap18.

Quando a gestão de estoques e o fulfillment são feitos

pela Intecom, ela utiliza o Genco que recebeu customizações

para ser usado como sistema de gestão de estoques (WMS) e

atender às condições gerais de operação da Intecom.

O fulfillment é iniciado quando um varejista envia o

arquivo indicando seu código do pedido, o produto, o preço, o

prazo de atendimento e os dados do cliente. O sistema aloca

este pedido para o Genco, que gera um código interno próprio, uma ordem de picking e uma pré-nota. Quando o picking é

18 Wireless Access Protocol – Sistema de comunicação de dados utilizado por aparelhos celulares.

Page 100: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

87

feito, o Genco envia para o SAF e o Gates os dados do pedido.

O Gates controla todas as entradas e saídas no estoque.

A partir de então, inicia-se no SAF a rotina de alocação

de parceiro e, no Genco, o controle do pedido. Com a

identificação por código de barras (lido em coletores por

rádio-freqüência) é feito o casamento do pedido, nota fiscal,

volume transportado e cliente.

A partir da nota de picking do Genco o volume passa a ser

somente um código que possuirá uma ou várias notas fiscais e

volumes. Neste ponto, somente importa saber o volume e o peso

por questões de transporte. Este volume pode ser composto por

qualquer coisa – desde um CD a uma televisão 29”.

Montado o pacote, o funcionário da expedição lê o código

com o coletor e recebe a instrução de qual será a doca de

destino. É feita nova conferência no momento da alocação do

pacote à área da doca (área de expedição), lá o expedidor lê

o código da doca e concilia com o código do pacote. Se houver

erro funcional de alocação, o coletor indica o erro de

expedição. Desta forma, as operações têm uma maior garantia

contra erros humanos.

Qualquer ocorrência é imediatamente informada no próprio

coletor. Desta forma, a embalagem ou conteúdo danificado faz

com que aquele pacote (e seu conteúdo) esteja em pendência

com relação ao pedido.

Na chegada do veículo de coleta, os volumes são novamente

lidos para certificar-se de que são destinados àquela

transportadora ou se há falta de algum volume na carga. Caso

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88

haja inconsistência, o sistema mais uma vez alerta o operador

para correção. Assim, evita-se ao máximo as possíveis falhas

humanas no manuseio dos pedidos. Ao fim do processo, é

emitido um romaneio, assinado pelo motorista e atualizada a condição de coleta no sistema de tracking.

A partir de então, a atualização do sistema de tracking

será feita através do envio das informações do afiliado.

Toda esta tecnologia é utilizada também no momento de se

estabelecer melhorias no processo, pois ele gerencia todo o fulfillment, indicando a eficiência com que o pedido foi

manuseado ao longo de todo o processo. Horários de entrada e

saída do pedido, qual operador tem maior eficiência, os

horários de entrada e saída da transportadora são alguns dos

exemplos que se pode citar.

O rastreio dos pedidos e a gestão dos estoques não são

feitos diretamente pelo consumidor final. Este rastreio só

será possível se o varejista disponibilizá-lo para o

consumidor.

Não há link em tempo real de atualização das posições com

os clientes, pois isto é feito a cada operação e, no caso daqueles que possuem gestão de estoque e fulfillment na

Intecom, esta atualização é contínua.

No caso do transporte, a atualização “real-time” não faz o

menor sentido, já que os tempos entre as atividades (de até

48 horas, dependendo do afiliado e do processo contratado)

não justificam um maior investimento na velocidade da

atualização. Para que isto fosse viável, seria necessário que

Page 102: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

89

os transportadores possuíssem coletores que fizessem a baixa

a cada operação. Porém, hoje, não há clientes que se

proponham a pagar por este serviço agregado.

4.1.7 Serviços Prestados/Operações

Os serviços prestados pela Intecom para o comércio

eletrônico são apresentados na Quadro 12 a seguir:

Quadro 5: Serviços prestados pela Intecom para o “comércio

eletrônico”.

Item Serviço Situação

1 Armazenagem OK 2 Transporte OK 3 Consultoria OK 4 Logística integrada OK 5 Logística reversa OK 6 Embarque iternacional Eventualmente 7 Cross-docking OK 8 Distribuição OK 9 Montagem de kits OK 10 Customizações de produtos Em Implantação 11 Embalagens especiais OK 12 Refurbishment OK 13 Manutenção de produtos OK 14 Rastreamento dos pedidos OK 15 Acompanhamento dos pedidos OK 16 Gerenciamento dos estoques OK 17 Roteirização Não 18 Emissão de nota fiscal OK 19 Call-Center OK 20 Confirmação financeira OK 21 Cash-on-delivery OK 22 Desenvolvimento de sistemas OK

A diretoria de operações da Intecom se divide em

Implementação, Operações e Serviço ao cliente.

Page 103: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

90

A primeira delas tem como missão a viabilização das

soluções vendidas para o mercado. É esta área que estuda as

necessidades do cliente e elabora para ele uma proposta

baseada em suas premissas.

Após a contratação do serviço com o cliente, o início das

operações é realizado através da área de implementação, com

visitas e reuniões com o cliente para o estabelecimento de um

planejamento de implementação.

Na implementação, acompanha-se o processo até que os

clientes estejam familiarizados com a operação (através de

treinamentos) e os sistemas já tenham sofrido as adaptações

necessárias para que haja a comunicação. O tempo médio de uma

implementação gira em torno de 45 dias, podendo variar

bastante em função das especificações.

A implementação termina quando se esgotarem todas as

necessidades dos clientes e for possível o gerenciamento da

operação por indicadores, sem a intervenção manual para

correção dos fluxos. Isto inclui a transmissão dos arquivos

sem erros, as emissões de notas fiscais (NF) e conhecimento

rodoviário de transporte de cargas. Finalizada esta fase, a

gestão do processo é repassada ao setor de operações e aos

seus líderes de células.

A gerência de operações é responsável por conduzir a

rotina de relacionamento com clientes e afiliados. Ela

também é responsável pela administração do único CD da

Intecom utilizado para, conforme já informado, capacitação,

treinamento e desenvolvimento de tecnologia. Este CD foi contemplado no plano de negócios como um “show-room”.

Page 104: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

91

A gerência de operações também é responsável pelos

supervisores de armazenagem, expedição, administração da

documentação (NF, CRTC etc) e líderes de célula, os quais são

responsáveis por grupos de clientes e aqueles prestadores de

serviços ligados a estes clientes.

Na área de atendimento ao cliente, um coordenador é

responsável pelos sistemas de qualidade da empresa como um

todo. Em função das mudanças na área operacional, os postos

de atendimento respondem agora pelo atendimento a clientes.

Os líderes de célula, que antes tinham o suporte das

atendentes para responder integralmente por todos os

processos que envolviam o cliente, passam a ter um SAC, para

lidar com os clientes, e um setor de retaguarda, para lidar

com os afiliados.

Isto garante uma adequação maior do relacionamento da

área. As pessoas que lidam com o cliente na solução de

desvios operacionais não têm o mesmo perfil daquelas que

lidam com a correção dos processos dos afiliados.

A estrutura de comércio eletrônico está montada somente no CD da Anhanguera. Lá, é executada a armazenagem, fulfillment,

distribuição e “cross-docking”.

Na distribuição, são utilizados os modais aéreo e

rodoviário e o correio está entre os afiliados. Ele é

utilizado para cargas de até 7 kg e menor valor agregado. Em

função da distribuição ser remunerada por um valor pré-

acordado, fica a cargo da Intecom selecionar o melhor

afiliado e modal a serem utilizados, respeitando os prazos e

o nível de serviço.

Page 105: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

92

O prazo de entrega é de um dia para as capitais e três

dias para as cidades do interior no horário de corte de quinze horas. No “cross-docking”, em alguns casos, onde há um

maior volume de ordens, um funcionário da Intecom é alocado nas intalações do site do cliente para agilizar o processo de

preenchimento do pedido como: separação de notas, volumes

etc.

Os pedidos têm em média um item por volume e variam na

faixa de R$ 200 a 300. DVDs e TVs de 29” têm grande saída. No

caso da Intecom, como as ordens têm um perfil de valor maior,

os correios possuem um volume de apenas 30% do total

distribuído, ficando o restante por conta dos outros

afiliados.

Como as características de armazenagem, pick & packing e

de embarque são muito mais específicas e customizadas, na

operação de armazenagem existe a segregação do pessoal envolvido no fulfillment dos pedidos do comércio eletrônico

em relação à logística tradicional, bem como das áreas e

atividades físicas.

A rotina de operações funciona em dois turnos com horário

de 7:30h às 21:45h, de segunda à sexta-feira. Há estanterias

e “schrinck19” dos produtos, mas não existem equipamentos

especiais de armazenagem como correias, pois a quantidade de

pedidos diários do comércio eletrônico ainda são muito

baixos. O número de SKUs armazenado para o comércio

19 O equipamento de schrinck é utilizado para o revestimento, com um filme plástico, do produto a ser

embarcado.

Page 106: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

93

eletrônico é muito baixo (cerca de 300), o que é

representativo para o volume da operação.

4.1.8 Recursos Humanos

A Intecom é uma empresa nova, com apenas 2 anos de

fundação e, devido às suas características (integradora, com

conceito de gestão da cadeia e consultoria de processos

logísticos), com poucos funcionários, porém altamente

qualificados. A política de contratação adotada, em função da

velocidade com que se deu o seu surgimento, foi a indicação,

por funcionários, de pessoas com conhecimento de logística.

Porém, ainda não há um programa formal de desenvolvimento dos

executivos.

O quadro atual é composto por 42 funcionários, divididos

por nível de escolaridade conforme o quadro 6 a seguir:

Quadro 6: Nível de escolaridade dos funcionários Intecom.

Formação Número de Funcionários Percentual Pós-graduação 2 4.76% Universitário 36 85.71% 2º grau 3 7.14% 1º grau 1 2.38% Não-alfabetizados 0 0.00% Total 42 100.00%

Fonte: Intecom

O perfil de formação acadêmica apresenta um quadro de

carreiras que possuem, entre seus profissionais, capacidade

analítica e lógica conforme o quadro 7 a seguir:

Page 107: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

94

Quadro 7: Perfil de carreira dos funcionários da Intecom.

Formação Percentual dos Funcionários Engenharia 36% Administração 25% Economia 7% Outros 32%

Fonte: Intecom.

4.2 DESCRIÇÃO DO CASO ebX

4.2.1 A Empresa

A ebX foi criada através da aquisição de cinco das maiores empresas brasileiras de courier pelo Grupo Eike Batista. As

aquisições começaram a se concretizar em janeiro de 2000 com

Speed Cargo, depois Postcard, Epatil, HotService e em

setembro a Intercouriers. O grupo possui outros investimentos

como: mineração, água e saneamento, telecomunicações e

tecnologia.

Em 2001, o Warburg Pincus aplicou R$ 72 milhões na ebX.

Com essa injeção de capital, o fundo passou a participar de

25% do capital da empresa, sendo o restante pertencente ao

sócio majoritário: o grupo Eike Batista.

O Warburg Pincus é um dos maiores fundos de investimentos

americanos, com ativos da ordem de US$ 12 bilhões. Também

possui participação em outros negócios no Brasil, como os sites de compras Submarino, Elefante e o Ideia.com, e

investimentos na área de logística no Japão e na Inglaterra.

Page 108: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

95

4.2.2 Atuação Geográfica

A ebX atende a 4500 cidades. Destas, 500 são atendidas

diretamente e isto representa entre 85 a 87% do PIB nacional.

As demais cidades são atendidas por redespachos regionais,

onde são utilizados o correio ou parceiros credenciados e

homologados. Isto depende do perfil da encomenda.

Todos os redespachos são feitos do CO21 mais próximo à

localidade de destino. Assim o custo é menor, o que garante

uma vantagem para a ebX em relação aos outros tranportadores.

4.2.3 Estrutura de Capital

A ebX é baseada em ativos e possui pessoal e estruturas

próprias de armazenagem e frota.

São quatro armazéns localizados em Cotia/SP, Lapa/SP,

Curitiba/SC e Manaus/AM – nos últimos três, a área de

armazenagem é menor (abaixo de 1.200m²).

Dentro desta estrutura encontra-se sua frota de 1.400

veículos.

A estrutura de operações da ebX tem hoje três HUBs (em São

Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro) e 166 Centros Operacionais

(em 26 Estados). Destes, 13 são próprios e localizados nas

grandes capitais, os demais prestam serviços de dedicação

exclusiva ou semi–exclusiva.

21 CO – Centro Operacional

Page 109: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

96

A operação envolve 2.600 pessoas, 570 são funcionários

próprios e o restante, dos parceiros.

4.2.4 Posicionamento Estratégico/Comercial

Os conceitos propostos pela ebX são: facilidade, rapidez e

inovação, fornecendo a seus clientes soluções especialmente

desenvolvidas para o comércio eletrônico.

Os contratos da ebX que envolviam a operação para o

comércio eletrônico se reduziram, pois possuíam um maior

número de clientes como: Som Livre, OfficeNet e Saraiva.com.

Grande parte destes contratos entraram pela carteira da

Intercouriers, que tinha um maior foco neste segmento. Porém,

esta redução vem acontecendo como um todo no Brasil.

Recentemente, os clientes estão utilizando o cross-docking e

a distribuição com rastreio.

Ao longo de 2001, a ebX realizou sua reestruturação e seu

reposicionamento de mercado. Esta mudança levou a redução de

2.400 funcionários para o número atual e a uma redução de

aproximadamente 60% do faturamento.

Segundo José Carlos Solimeo, VP de Operações de Mercado (PROVATTI, 2002), hoje, a ebX se apresenta como uma companhia

do ramo de cargas fracionadas e encomendas. Atua no serviço

multimodal (é a primeira do país com uma apólice multimodal

de seguro que garante o porta-a-porta), com ênfase no mercado

sensitivo ao tempo de entrega.

“...não almejamos só a encomenda expressa, mas a

distribuição com constância.”

Page 110: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

97

A proposta da ebX não é fazer operações estanques de

armazenagem, montagem de kits, armazém geral e outros

processos da cadeia, se estes serviços não resultarem seu

foco principal: a carga fracionada porta-a-porta.

Estas encomedas devem estar dentro do seguinte perfil:

• 250 gramas a 35kg por volume;

• cubagem de 0,8 x 1.2 X 1,0 m.

As limitações são resultado da política onde um único

entregador deve ser capaz de manusear a entrega sem a

necessidade de ajuda externa. Este posicionamento, no

entanto, não é inflexível, podem haver exceções.

Antes de adotar esta linha, ocorreram histórias engraçadas

como a da banheira.

Na época, atendendo um site de leilão virtual, a ebX

chegou a coletar e transportar uma banheira usada:

“...imagina transportar e entregar a um cliente

uma banheira!...”

Alguns diferenciais propostos pela ebX são a movimentação

dentro de um conceito multimodal e a utilização de HUBs. Isto

é diferente da grande maioria das transportadoras. É o padrão

americano e europeu, utilizado pela Fedex, UPS, com prazo de

entrega reduzido, e uma malha multimodal que proporciona um

custo melhor.

Os veículos leves e médios proporcionam alta capiralidade

urbana e é possível entregar porta-a-porta em qualquer lugar

Page 111: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

98

do país com retorno da informação. O prazo de entrega

nacional é de D+1 em 90% dos destinos, a um preço muito

competitivo. Apesar deste prazo, o cliente não está pagando

por um transporte expresso ou emergencial:

“...a empresa estará pagando um preço de encomenda dentro

de uma faixa proporcional ao frete rodoviário.”

Geralmente a empresa de courier não proporciona uma

operação logística global. A ebX oferece o diferencial do

“antes da entrega”: armazenagens, pequenas industrializações, montagens de kits, fracionamento de remessas etc; e no

“depois da entrega”: cash-on-delivery22, frete-a-pagar à vista

ou faturado, retorno de materiais (logística reversa).

O quadro 8, a seguir, apresenta as possíveis ofertas de serviço/valor da ebX nos mercados que se propõem atender, pois, apesar de ter a qualificação para executar todas as funções, em 2002, ainda não exerce em sua totalidade:

22 Termo Inglês comumente utilizado para designar o recebimento do pagamento no momento da entrega.

Page 112: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

99

Quadro 8: Proposta de serviços da ebX nos mercados que se dispõe atender.

Fornecedores Nacionais e Estrangeiros

Administração de Materiais Manufatura Distribuição Física Cliente Consumidor

Atividades Específicas da Administração de Materiais

Atividades da Administ. de Materiais junto à Manufatura

Atividades da Distribuição Física junto à Manufatura

Atividades Específicas de Distribuição Física

Atividades da Distribuição Física junto ao Cliente

Atividades da Dist. Física junto ao Consumidor

•Acompanhamento dos pedidos a fornecedores

•Rastreamento de pedidos •Recebimento, conferência qualitativa, quantitativa e documental

•Armazenagem seca e controlada

•Manuseio e montagem de kit’s padrão

•Paletização para movimentação interna e armazenagem

•Etiquetagem •Controle de estoques •Expedição •Gestão de informações logísticas

•Estudos de viabilidade •Prestação de contas •Medidas de desempenho •Armazenagem refrigerada •Assessoria Fiscal

•Apoio à produção •Preparação de Kit’s para produção

•Gestão de informações logística

•Prestação de contas •Medidas de desempenho

•Abastecimento da linha

•Embalagem do produto acabado ou semi acabado

•Unitização •Paletização para armazenagem e transferência

•Armazenagem seca •Manuseio e montagem de kit’s (comerciais)

•Preparação para expedição

•Identificação do produto (marcação, código de barras e outros)

•Conferência física, quantitativa, qualitativa e documental

•Roteirização •Documentação (ordem de coleta conhecimento, manifesto de carga, etc.)

•Impressão de Nota Fiscal •Embarque •Prestação de contas •Medidas de desempenho

•Recebimento do produto acabado •Desconsolidação •Conferência física, quantitativa, qualitativa e documental

•Armazenagem seca e controlada •Controle de estoques •Cross-docking •Embalagem •Unitização (paletização e contenerização)

•Serviços especiais (separação (pick/pack),montagem de kit’s, troca de etiquetas e manuais- nacionalização, etc)

•Roteirização •Documentação (ordem de coleta conhecimento, manifesto de carga, etc.)

•Impressão de Nota Fiscal •Prestação de contas •Medidas de desempenho •Estudos de vabilidade •Armazenagem refrigerada

•Gestão de informações logística

•Prestação de contas

•Medidas de desempenho

•Serviços de atendimento

•Gestão de informações logística

•Prestação de contas

•Medidas de desempenho

•Transporte primário •Rastreamento de veículos •Controle e pagamento de fretes

•Kanban e JIT •Conteinerização •Distribuição direta da fábrica e transferências •Expedição industrial •Rastreamento de veículo •Controle de pagamento Fretes

•Distribuição direta e transferências •Embarque •Rastreamento de veículo •Controle de pagamento Fretes

•Entrega de produtos refrigerados •Entrega de produtos secos •Abastecimento de gôndolas •Retirada de paletes vazios

•Instalação •Entrega direta porta-a-porta •Logística reversa (troca de produtos)

Fonte: ebX

Page 113: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

100

4.2.5 Parcerias

A ebX, apesar de possuir grande parte dos ativos com que

executa as suas operações, depende de parceiros para uma

série de atividades. São transportadores rodoviários,

companhias aéreas, agentes locais de coleta ou redespacho

etc.

Sua seleção, avaliação e homologação é feita pela área de

planejamento logístico e a gestão da operação é feita pela área de data-management. Naqueles parceiros que terão

relacionamento a longo prazo, há todo um processo de

formalização documental, uma avaliação física (qualidade do

prédio, por exemplo) e checagem da capacidade financeira.

No caso das transportadoras menores, que são menos

profissionalizadas, mas que atendem uma região de baixa

densidade, o controle sobre elas é muito maior.

“Não existe uma transportadora no Brasil que

atenda a todo mundo...”

Elas são necessárias para os casos de redespachos locais.

Como já informado, a ebX resdespacha diretamente do CO mais

próximo. São transportadoras que chegam em 10% das praças que

a ebX não chega porque não tem escala. Isso é transparente

para o cliente que também é informado que o nível de

informação para estes casos é menor. Neste caso, também se

utiliza o correio, porém sua participação no volume de

encomendas da ebX é de 3%.

O critério de seleção destes transportadores é

custo/benefício: aquele que proporcionar o melhor é

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101

contratado. Utiliza-se das transportadoras em volumes que

tenham pesos maiores ou volumes de entrega por remessa maior.

Para volumes menores o canal é o correio.

Na seleção dos parceiros agentes locais (COs), há um maior

rigor nos critérios de homologação. Inicialmente, há uma

análise das praças, verificando se são interessantes para ter

uma base ou não. É realizada uma análise dos dados

populacionais: renda per capta, densidade demográfica etc.

com base nos dados do IBGE, correio entre outros.

A segunda fase é avaliar se há escala para uma base

própria ou um agente, ou seja, posto que vai haver uma base

no local:

• Qual seria a abrangência dessa base?

• Quais as cidades que serão de sua responsabilidade?

Por último, determina-se os tempos de trânsito e os prazos

de entrega para as localidades. Neste ponto, avalia-se o que

o mercado exige e qual a viabilidade operacional, para,

então, dar o aval à área de soluções para seus processos.

Hoje, a ebX tem 75% do volume de encomendas realizado por

filiais próprias, outros 15% por agentes exclusivos e os

outros 10% são parcerias onde não há exclusividade – mas que

também passam por um rigoroso processo de seleção.

O controle do parceiro é feito através da área de data-

management. Ele avalia a malha como um todo. Lá são captadas

as discrepâncias, faltas etc. O data-management aciona o

atendimento ao cliente para um trabalho pró-ativo de

Page 115: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

102

informação e as áreas responsáveis pela operação para

correção do problema.

4.2.6 Capacitação em TI

Na ebX, a Gerência de Tecnologia está ligada à área de

operações que, por sua vez, está ligada interinamente à

Diretoria de Engenharia Logística. Ela responde por todo o

desenvolvimento de sistemas, infra-estrutura tecnológica,

suporte e comunicação.

É ela que está finalizando a implementação do sistema que

é um marco no processo de integração da empresa. Depois de

grandes mudanças e o aculturamento necessário a uma empresa

que foi criada da fusão de outras cinco, o desenvolvimento

dos processos que fazem parte do sistema ebXNET foi uma forma

da ebX se conhecer.

Todo o sistema se baseia na implantação do código de

barras por pacote que racionaliza o manuseio e o transporte

de cargas, além de possibilitar o total rastreamento

consolidado por nota fiscal ou por cada pacote e a

conferência das remessas ponto-a-ponto no trajeto.

Existem dois sistemas principais de gerenciamento na ebX:

o ebXLog e o ebXNET. O ebXLog é o módulo do sistema que cuida

do recebimento de materiais até o manuseio (WMS) e o ebXNET é

o sistema que consolida a gestão do pedido, roteamento,

controle do transporte e gestão dos parceiros.

A ebX possuía um sistema legado que era, na opinião do

gerente de informática, uma “colcha de retalhos”. Devido ao

processo de aquisição, (eram 5 empresas) havia 5 sistemas que

Page 116: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

103

trocavam informação entre eles. Na verdade, as operações

haviam sido unificadas mas os sistemas operavam de forma

diferente.

Há pessoal próprio para desenvolvimento de sistemas e sua

função é fazer as customizações necessárias às adequações

operacionais. Eles também são responsáveis pela implementação

da integração com parceiros e clientes.

Quando se fecha um contrato com um cliente é necessário

uma integração com seus sistemas. Para isso, é designada uma

pessoa da área de tecnologia e de projeto que vai até o

cliente avaliar quais são as necessidades e quais os pontos

de interação dos sistemas.

A arquitetura utilizada é Client Server Intel (DELL com

oito processadores) na plataforma WIN2000 Advanced Server com

as aplicações VisualBasic e SQL 7.0. A segurança é garantida

por Linux com fire para a Internet em 3 pontos. Também dispõe

da tecnologia wireless para suportar os coletores (Symbol) do

HUB. A plataforma de comunicação da ebX é bem flexível. São

aceitos vários padrões de mercado (Proceda, Embratel etc.).

Com a chegada do pedido é gerado o picking e o processo de

produção da encomenda. Assim, toda a operação está pronta em

torno da 6:30 da manhã, com documentação emitida, etiquetas,

tudo pronto para manuseio.

A troca de dados com os clientes é acertada no contrato.

Depende do cliente, a forma com que pretende trocá-los com o sistema. Já houve casos de troca online, mas isso não é hoje

uma exigência do mercado.

Page 117: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

104

Isto foi uma solicitação comum dos sites de quando se

lançaram no mercado - no início dos processos do comércio

eletrônico. O varejista procurava impor uma automação maior.

Porém, ao longo do tempo, esta facilidade quase não era

consultada pelos clientes.

A figura 10, abaixo, apresenta o fluxo de informações

entre a ebX, sua rede de parceiros e os clientes. Como pode

ser verificado, a informação está disponível em todas as

fases do processo.

Figura 9: Fluxo de informações da operação na ebX

inp

ut

ou

tpu

t

Clie

ntes

LOGÍSTICA

PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE

PROJETOCONSULTORIA

ADM. PARCERIAS ACORDOS

ADM. MATERIAS - ESTOQUESUPPLY CHAIN (INT-EXT)

ARMAZENAGEM E MOVIMENTAÇÃO

PRODUÇÃO (PICKING AND PACKING)

CONTROLE QUALIDADEOPERAÇÕES

CUSTOMIZADAS

ENCOMENDA

PADRONIZADAREDE

EN

TR

EG

AiN

FOR

MA

ÇÃ

O

PRIMEIRAMILHA

ULTIMA

MILHA

OPERAÇÃOOPERAÇÃOCUSTOMIZADACUSTOMIZADA OPERAÇÃOOPERAÇÃO

PADRONIZADAPADRONIZADA

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CLI

EN

TE

FIN

AL

CLI

EN

TE

S

Fonte ebX.

O WMS da ebX é ebXLog. Ele é o sistema que controla toda a

armazenagem e a gestão dos estoques. A captação dos pedidos

pode ser feita em vários pontos.

O fulfillment dos pedidos se dá da seguinte forma: quando

entra um pedido de um cliente para o qual a ebX faz a

armazenagem, o faz através da plataforma de integração para o

Page 118: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

105

ebXNET e é encaminhado para o ebXLog que gera uma ordem geral

de carga para o armazém e outra ordem de separação dos

pedidos para uma área de separação avançada. A coleta no

armazém ainda não está operando por rádio-freqüência mas

estará em pouco tempo, pois os equipamentos já estão sendo

testados.

Coletados os materiais, o programa faz a baixa do estoque

e eles são encaminhados para as bancadas de separação

avançada. O sistema vai permitir o acompanhamento dos

estoques pelo cliente e é através do ebXLog que o ele terá

visualização do estoque na ebX.

Na área de separação avançada, o operador recebeu a ordem

de separação e, com ela, fará a seleção das quantidades,

embalará o pedido e etiquetará o pacote com a etiqueta de rastreio da ebX (track-label).

O track-label é uma etiqueta em código de barras que passa

a ser o número de rastreio interno para o pacote do pedido e

que será utilizado até a entrega final. O pedido, então,

segue para o ebXNET (o ebXLog também já realizou a

roteirização dos pedidos através das tabelas cadastradas no

ebXNET – eles usam os mesmos bancos de dados), a nota fiscal

é emitida e enxada ao pacote.

A partir daí, o pacote entra no fluxo do HUB que faz a

leitura do pacote, a pesagem, a medida das dimensões, a

emissão do conhecimento de transporte e direciona para uma

saca de transferência para o centro operacional (CO) de

destino.

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106

Para cada saca é aberto um número de lacre e os pacotes

vão sendo colocados nela até que se atinjam os 35 kg. O lacre

da saca é o segundo nível de rastreio, ou seja, o sistema

controla pelo número do lacre todos os volumes que vão dentro

da saca. Esta saca é então direcionada para a cesta do CO de

destino.

Na chegada do caminhão de transferência, também é “aberto”

um lacre e escaneado no sistema. Todas as sacas para aquele

destino são escaneadas e colocadas no caminhão. O lacre do

caminhão é o terceiro nível de rastreio.

Em resumo, o fluxo segue as seguintes consolidações:

pacote, pacotes por saca, sacas por caminhão e depois

caminhões por rota.

Os pacotes também podem ser originários de coletas

externas. Neste caso, eles são etiquetados na coleta e

lançados no ebXNET na entrada dos COs. Cadastrados no sitema,

eles passam também pelo processo de roteamento e são enviados

para o HUB da região para tranferência – eles entram

desordenadamente, pois a função do HUB é exatamente ordenar

os pacotes por destino.

Quando dão entrada no HUB da região da coleta, eles são

escaneados para confirmar o recebimento da transferência dos

COs e dão entrada no fluxo do HUB, seguindo o mesmo processo

já detalhado para o pedido originado no ebXLOG.

Quando o veículo chega no local de destino da

transferência, o lacre do caminhão é lido no sistema e

rompido. A seguir, o lacre da saca também é lido no sistema e

Page 120: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

107

rompido. Os pacotes, então, vão para uma cesta de separação

da rota de entrega. Quando o veículo retorna da rota, a

informação da entrega (ou não entrega motivada) é inserida no

sistema e atualizada para o cliente na base de dados.

Os diversos níveis hierárquicos de controle são chamados de pontos de scanner.

O rastreio dos pedidos pode ser feito a cada momento

através dos “pontos de scanner”. As informações de rastreio

vão estar disponibilizadas via número do pedido do cliente ou número da nota fiscal no site da ebX. Ou, se o cliente assim

desejar, poderão ser disponibilizadas no seu servidor.

4.2.7 Serviços Prestados/Operações

Os serviços prestados pela ebX para o comércio eletrônico

estão apresentados no quadro 9 a seguir:

Page 121: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

108

Quadro 9: Serviços prestados pela ebX para o comércio

eletrônico

Item Serviço Situação

1 Armazenagem OK

2 Transporte OK 3 Consultoria OK 4 Logística integrada OK

5 Logística reversa OK

6 Embarque iternacional Para um cliente especial

7 Cross-docking OK

8 Distribuição OK 9 Montagem de kits OK 10 Customizações de produtos OK

11 Embalagens especiais Não tem projetos

12 Refurbishment Somente para o B2B

13 Manutenção de produtos OK 14 Rastreamento dos pedidos OK

15 Acompanhamento dos pedidos OK 16 Gerenciamento dos estoques OK 17 Roteirização OK

18 Emissão de nota fiscal OK 19 Call-center Não há interesse 20 Confirmação financeira OK

21 Cash-on-delivery OK 22 Frete a pagar no destino ou faturado OK

Preparado pelo autor

A Diretoria de Logística da ebX é responsável pelas três

gerências de logística: Planejamento Logístico, Projetos e Processos e Data-Management. Ela também está inteirinamente

responsável pelas gerências operacionais: Gerência de Hub, de

Rede, de Serviços e de Tecnologia.

Page 122: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

109

A Gerência de Planejamento Logístico é responsável por

estabelecer todo o regime de operação da ebX. Ela também é

responsável por todo o processo de homologação e

implementação dos parceiros que estarão atuando com a ebX nas

diversas atividades. Implementados, eles são repassados para

o controle da gerência de data-management.

A área de data-management é responsável pelo controle da

operação como um todo. Através da análise dos relatórios

fornecidos pelos sitemas gerenciais, ela acompanha a rotina

de operação.

Os desvios encontrados na operação são comunicados a três

diferentes áreas: a área de operações que, com suas quatro

gerências (HUB, Rede, Serviços e Tecnologia), dá a solução

pontual, o serviço a clientes, que entra em contato com os

clientes para informá-los da falha e com a gerência de

planejamento logístico para correção sistêmica da falha.

A Gerência de Projetos e Processos é responsável por todas

as consultorias, desenvolvimento de soluções, propostas a

clientes e pela padronização interna dos processos e

qualidade. Ela também é responsável pela implantação dos

projetos nos clientes.

Os processos de preparação dos volumes para o embarque não

podem ser mexidos, respeitam cubagem, pesos e processos

duramente estabelecidos. Outras operações fora do fluxo

principal de movimentação (que inicia a partir da operação do

HUB) podem ser executadas de acordo com a necessidade do

cliente.

Page 123: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

110

Assim, a área de projetos, na forma de uma consultoria,

pode planejar operações em que se administram parceiros, a

logística do cliente, materiais, todo o supply-chain, mas

nada fora do padrão do fluxo principal de movimentação.

O atendimento a clientes do comércio eletrônico B2C é muito reduzido – se limita ao cross-docking, distribuição e

retorno – e, por isso, não há equipamentos especiais para a

separação no armazém. Porém, há projetos prontos para adoção

destes sistemas e know-how adquirido com cargas fracionadas.

Os equipamentos utilizados na armazenagem são estruturas porta pallets, racks auto-empilháveis e está sendo montada

uma de picking mais fracionada – com uso de prateleiras. Não

há a necessidade de esteiras ou outros equipamentos

especiais.

Não há uma especialização em relação a canal ou indústria,

mas há um manuseio maior de eletro-eletrônicos, cosméticos,

documentos e perfumaria.

Não foi informado o perfil de valor médio de um pedido,

mas o peso médio é de 3 kg.

Há, aproximadamente, 2.000 SKUs no estoque, mas nenhum

correspondente ao B2C.

A capacidade é gerenciada com base no histórico da ebX. O

principal gargalo está nas companhias aéreas, onde a carga é

reservada diariamente. Por exemplo, se há uma média histórica

para Salvador, que são 1.000 kg por dia, então, este volume é

reservado normalmente. Se a operação local verificar que irá

ocorrer excesso - só sabem que vai exceder depois das 20 h -

Page 124: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

111

eles já entram em contato com a companhia aérea e solicitam o

aumento.

Em datas festivas, algumas semanas antes, negocia-se com o

fornecedor o aumento de capacidade. Internamente, vale a

mesma política. Aumenta-se o número de veículos por rota para

estes dias – através da contratação de parceiros.

Toda as operações giram 24 h, de segunda a sábado, porém,

a ebX não “vende” o sábado como um dia útil para entrega,

dado que o índice de eficiência da entrega é muito baixo.

4.2.8 Recursos Humanos

A ebX investe muito em treinamento nos processos. Há um

programa de qualidade implementado com utilização do 5S. Cada

funcionário é sempre lembrado da sua parte no processo, da

importância da organização, da importância do cliente dentro

do negócio e assim por diante.

A ebX possui, hoje, 570 funcionários. E não faz uso normal

de terceiros para suas atividades diretas, salvo em projetos

muito específicos e com tempo limitado.

As fontes de contratação dos funcionários na ebX são

apresentadas no quadro 10, a seguir:

Page 125: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

112

Quadro 10: Fontes contratação de funcionários da ebX

Formação Percentual Universidade 2% Do setor 90% De clientes 1% Empresas de consultoria 1% Outro 6%

Fonte: ebX.

O grau de escolaridade dos funcionários da ebX é

apresentado no quadro 11, a seguir:

Quadro 11: Grau de escolaridade dos funcionários da ebX.

Formação Percentual Pós-graduação 1,5% Universitário 8,5% Universitário incompleto 7% 2º Grau 73% 1º Grau 10%

Fonte: ebX.

Não há programa específico de formação para os executivos

da ebX, mas há a contratação de cursos externos de curta e

média durações, definidos pelas diretorias das áreas em

conjunto com a área de recursos humanos.

Page 126: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

113

5 ANÁLISE DOS CASOS

5.1 Características operacionais

A ebX é enquadrada como um operador baseado em ativos, pois, como descreve FLEURY (2000), possui investimentos

próprios em armazenagem e transporte. Porém, também gerencia uma rede de parceiros para executar o fulfillment na região

onde atua.

A Intecom, ao contrário, é um operador baseado em gerenciamento, pois, de acordo com SHEFFI (1990), ao invés de

possuir ativos para realizar tarefas logísticas, concentra-se

nas pessoas e sistemas como seus maiores investimentos.

Com relação à especialização, não se pode afirmar que há

uma linha definida entre as empresas pesquisadas. Existe uma

aproximação da ebX em relação ao tipo de processo – pequenas

encomendas de até 35 kg e dentro de uma cubagem pré-

determinada - enquanto a Intecom busca uma segmentação em

relação à indústria. Porém, a segmentação não obriga a uma

especialização. Assim, a tese de REYNOLDS (2001), de que essa

especialização é uma tendência do mercado de servidores não

encontra sustentação, provavelmente em função da limitada

dimensão do mercado, ou seja, o volume de operações do

comércio eletrônico não é suficiente para que as empresas

possam segmentá-lo de forma a se especializar em certos tipos

de atividades.

Page 127: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

114

Tomando como base a matriz proposta por AFRICK e CALKINS

(1994), o posicionamento de cada uma das empresas pode ser

estabelecido como na figura 11, a seguir:

Figura 10: Posicionamento das empresas pesquisadas na matriz

de Africk e Calkins.

Serviços deGerenciamento

Serviços Físicos

Aum

ento

de

Com

plex

idad

e, C

usto

miz

ação

Aumento de Complexidade, Customização

Contratos de Gerenciamentode Serviços Logísticos

Contratos de ServiçosLogísticos Físicos

Contratos de ServiçosLogísticos Integrados

Serviços Básicos

Baseadosem Ativos

Não Baseados emAtivos

Híbridos

Intecom

ebX

Enquanto a Intecom baseia a sua operação no gerenciamento

dos serviços prestados por empresas subcontratadas, sem uma

limitação pré-estabelecida à customização, a ebX tem seus

principais processos estabelecidos na alavancagem de seus

ativos, tendo também tem capacitação para o gerenciamento de

terceiros.

Page 128: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

115

Não há grandes diferenças entre os serviços prestados

pelas empresas que possam ser imputados à sua base de ativos.

Conforme pode ser verificado no quadro 12 abaixo, em sua

grande maioria, os serviços prestados por ambas as empresas

são essencialmente os mesmos:

Quadro 12: Resumo dos serviços prestados pelas empresas

pesquisadas.

Item Serviços Intecom ebX 1 Armazenagem Sim Sim 2 Transporte Sim Sim 3 Consultoria Sim Sim 4 Logística integrada Sim Sim 5 Logística reversa Sim Sim

6 Embarques iternacional Eventualmente P/ um cliente “especial”

7 Cross-docking Sim Sim 8 Distribuição Sim Sim 9 Montagem de kits Sim Sim 10 Customizações de produtos Em implantação Sim 11 Embalagens especiais Sim Não tem projetos 12 Refurbishment Sim Somente para o B2B 13 Manutenção de produtos Sim Sim 14 Rastreamento dos pedidos Sim Sim 15 Acompanhamento dos pedidos Sim Sim 16 Gerenciamento dos estoques Sim Sim 17 Roteirização não comercial Sim 18 Emissão de nota fiscal Sim Sim 19 Call-center Sim Não há interesse 20 Confirmação financeira Sim Sim 21 Entrega com coleta de valor Sim Sim 22 Desenvolvimento de sistemas Sim Não

Page 129: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

116

5.2 Sistemas, Processos, Equipamentos e Tecnologias.

O quadro 13, abaixo, apresenta um resumo dos equipamentos

e processos utilizados nas empresas.

Quadro 13: Processos e tecnologias utilizados em TI nas

empresas pesquisadas

Tecnologia/Processo Intecom EBX Código de barras Sim Sim Coletores de dados Sim Sim Rádio-freqüência Sim Sim Conferência por estágios Sim Sim

Preparado pelo autor

Com relação a esses equipamentos e tecnologia, é fácil

verificar a adequação das empresas para o comércio

eletrônico. As duas se utilizam do código de barras para a

gestão do processo de fulfillment desde a entrado do pedido

até a entrega final, conforme estabelecido por BAYLES (2001),

VON HOFFMAN (2001) e REYNOLDS (2001). Além disso, a

utilização de coletores de dados ao longo de toda a operação

é a forma encontrada pelas empresas para dar maior

rastreabilidade e controle ao processo. Isto vai ao encontro do que BAYLES(2001) estabeleceu como necessidade para um

operador logístico do comércio eletrônico.

Enquanto que na Intecom a seleção dos materiais já é feita

por rádio-freqüência, na ebX este processo está em fase final

de implementação. Isso vai ao encontro dos relatos de SAAB e

GIMENEZ (2001), VON HOFFMAN (2001) e REYNOLDS (2001). Segundo

eles, a utilização de equipamentos como rádio freqüência na

seleção dos materiais é uma das capacitações necessárias aos

operadores.

Page 130: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

117

A semelhança entre a forma de atendimento do pedido de

ambas as empresas não é coincidência. O passo-a-passo da

operação de entrada de dados necessários ao fulfillment é

muito similar entre elas e a operação detalhada por VON

HOFFMAN (2001). Já que o controle e acompanhamento do status

do pedido é feito entre cada uma das atividades físicas e,

estas são muito similares entre si, há motivos para dizer que

as empresas estão executando as atividades de acordo com o

estabelecido pela literatura.

As duas empresas vêem o investimento em sistemas como

diferencial para conquista de clientes e garantia de sucesso

no ambiente competitivo.

Há coincidência também na forma de utilização de pessoal

para desenvolvimento de novos aplicativos. As empresas se utilizam de contratação de software-houses23 para

desenvolvimento de sistemas novos ou para alteração daqueles

que são proprietários. Para implementar melhorias naqueles

que já estão em uso e nos processos de integração/suporte a

parceiros/clientes, elas utilizam as equipes internas de

programadores.

Os sistemas utilizados pelas empresas são apresentados no

quadro 14, a seguir:

23 Empresas desenvolvedoras de sistemas.

Page 131: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

118

Quadro 14: Características dos processos e sistemas de TI

utilizados nas empresas pesquisadas

Sistema Intecom EBX Gestão do pedido Sim Sim Sistema de gestão de estoques Sim Sim Sistema de Gestão da Armazenagem (WMS) Sim Sim Sistema de Gestão do Transporte (TMS) Não Sim Roteirizador Não Sim Rastreamento do pedido Sim Sim

Preparado pelo autor

O sistema de gestão de pedidos nas duas empresas é o

centralizador das informações compartilhadas por todos os outros sistemas, estando de acordo com o que BAYLES (2001) e

REYNOLDS (2001) descrevem como necessário. Também seguindo o

que é comentado pelo UNCTAD (2001), SAAB e GIMENEZ(2001) e

VON HOFFMAN (2001), o ebXNet (ebX) e o SAF (Intecom) são a

base para a disponibilização das informações enviadas para

outros participantes da cadeia.

Os sistemas de gestão de estoque e gestão de armazenagem também estão integrados e atendem ao estabelecido por OSLEN

(2000), pois foram desenvolvidos para trabalhar com pedidos

fracionados. Atendendo ao que SAAB e GIMENEZ(2001), VON

HOFFMAN (2001) e REYNOLDS (2001) relatam como necessário, a

informação sobre os estoques está disponível para o

varejista, inclusive com alertas para reposição. Apesar

disto, elas ainda não estão disponíveis em tempo real. Neste

caso, a comunicação é feita em lotes por horários de corte.

Na Intecom não há sistema de roteamento dos pedidos. A

explicação dada é que ela não possui frota de veículos

Page 132: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

119

próprios. Também não foi citado pelos entrevistados se seus

afiliados se utilizam deste sistema. Seguindo o estabelecido

por SAAB e GIMENEZ (2000), a ebX possui um eficiente sistema

de roteirização baseado no CEP da região de destino. Este

sistema já estabelece a roteirização desde o momento da

entrada do pedido no HUB. Não há, porém a possibilidade de alterar o roteamento do pedido como GREGOR e GALARDI (2001)

entendem que o sistema deve estar apto.

Nas duas empresas, o status do pedido é informado a cada

nova atividade, estando de acordo com a proposta de REYNOLDS

(2001), que relata que o sistema de rastreio deve ser capaz

de informar todas as etapas desde o pedido até a entrega.

De acordo com o que REYNOLDS (2001) e GREGOR e GALARDI

(2001) requerem, o acesso ao status dos pedidos é fácil,

seja na Intecom, que disponibiliza as informações no site do

cliente, seja na ebX, que dá livre acesso ao cliente para rastreio em seu site através da nota fiscal do produto ou

número do pedido.

A informação sobre o pedido também é detalhada para o

varejista e este pode disponibilizá-la ao consumidor final.

Ele é informado, a cada momento, em qual fase o pedido se

encontra, atendendo dessa forma a MACCULLOUGH (1999), que

relata que os clientes irão cobrar cada vez mais informações

detalhadas ao longo de toda a cadeia. Somente na última

milha, ainda não há este detalhamento, uma vez que, conforme

relatado no caso Intecom, ainda não há meios para confirmação

da entrega do pedido no momento da entrega.

Page 133: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

120

Como estabelecido por REYNOLDS (2001), BAYLES (2001),

UNCTAD (2001), SAAB e GIMENEZ(2001) e VON HOFFMAN (2001), a

integração interna dos sistemas e destes com os sites de

venda são tratados com preocupação nas duas empresas. O

principal problema relatado é relacionado ao fluxo de

informações do pedido, porque alguns sites não controlam

adequadamente as informações do pedido. Ambas as empresas

obtêm vantagens da arquitetura aberta e da flexibilidade na

comunicação de dados, pois se comunicam com os varejistas

através de diversos padrões. Isto traz benefícios, porque

não há grandes customizações para cada um dos clientes.

Nos dois casos, os sistemas são utilizados para controle

do dia-a-dia e para acompanhamento de problemas operacionais

e são utilizados, também em nível estratégico, como banco de

dados para informações gerenciais. Neste caso, seus dados são

utilizados para gestão estratégica das operações, clientes,

parceiros e processos.

Como foi relatado nas entrevistas, ambas se utilizam dos

sistemas para buscar um serviço pró-ativo ao cliente. Com

base neles, informam - através de áreas de serviço ao cliente

- possíveis falhas ou atrasos, enquanto agem na solução do

problema.

5.3 Capacitação Operacional

5.3.1 Armazenagem

A movimentação dos materiais dentro dos estoques é unitizada atendendo ao que preconiza HARRINGTON (2000).

Também atendem ao que definem OSLEN (2000) e BAYLES (2001),

Page 134: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

121

uma vez que o pessoal envolvido e os processos executados estão baseados na habilidade em executar o picking individual

de pequenos pedidos. Na Intecom, por exemplo, na operação de

armazenagem existe (em relação à logística tradicional) a

segregação dos funcionários, bem como das áreas e atividades

físicas para o fulfillment dos pedidos do comércio

eletrônico.

A ebX possui um lay-out muito semelhante ao indicado por

HARRINGTON (2000). Lá, apesar de não haver esteiras de

separação ou carrosséis, há uma área de picking avançada e

uma área de estocagem maior que suporta este picking mais

“fino”.

Não há, em nenhuma das duas empresas, equipamentos

especiais de armazenagem e separação, como correias

transportadoras, empilhadeiras especiais, prateleiras com gôndolas ou esteiras que atendam aos requisitos de VON

HOFFMAN (2001), SAAB e GIMENEZ(2001) e HARRINGTON (2000).

Isto se deve ao pequeno volume de contratos que incluam a

armazenagem como atividade tercerizada.

5.3.2 Serviço ao cliente

A preocupação das empresas com o serviço ao cliente é de

fácil verificação. Na Intecom, a área de atendimento ao

cliente fez recentes mudanças para que os funcionários que

lidam com os clientes tenham perfil adequado para a função.

Na ebX, os desvios operacionais são comunicados pela área de

data-management à de serviços a clientes, para que esta entre

em contato com os clientes e os informe rapidamente sobre

qualquer desvio da operação. Desta forma, ambas reagem de

Page 135: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

122

forma proativa e veloz na comunicação de possíveis falhas, atendendo ao relatado por GREGOR e GALARDI (2001) e VON

HOFFMAN.

5.3.3 Transportes

As empresas oferecem, no transporte, diversos pacotes

diferenciados por prazos e serviços agregados que estão de acordo com o citado por SAAB e GIMENEZ (2000).

A Intecom oferece, na distribuição, os modais aéreo e

rodoviário e tem os correios como um de seus afiliados. A ebX possui vários pacotes, como o standard, que pode ser

acrescido dos opcionais COD (Cash on Delivery), FRAP (Frete a

Pagar no Destino) e cobrança a terceiros. Em ambos os casos,

estes serviços fazem parte de um escopo que fica à disposição

e escolha do cliente. Isto vem ao encontro do que citam BAYLES (2001) e GREGOR e GALARDI (2001). Para eles, deve

haver oferta de pacotes diferentes de prazos e preços e

também fácil comparação entre estes preços e níveis de

serviço entre os transportadores utilizados.

Entre as vantagens na utilização destas empresas pelos

varejistas está a sua capacidade de consolidar cargas de

diversos clientes, o que propicia escala de transporte. A

ebX tem um grande volume médio diário de entregas. A Intecom

também se utiliza de parceiros que possuem escala (a Marbo é

um exemplo). Desta forma, conseguem melhorar a DVE

viabilizando um menor custo de entrega, como relatado por

LEE e WANGH (2001). A forma sistêmica como gerenciam os

parceiros responsáveis pelo transporte (quando estes existem) é mais uma capacitação, citada por OSLEN (2000),

Page 136: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

123

que as empresas já desenvolveram: a Intecom através do SAF e

a ebX com o ebXNET.

5.4 Recursos Humanos

Uma forma que encontraram de atender à capacitação para

lidar com sofisticados sistemas, múltiplas fontes de

informações e o manuseio de equipamentos de alta tecnologia nas práticas de armazenagem citada por REYNOLDS (2001) foi

buscar a mão-de-obra no próprio setor. Ambas têm o próprio

setor de logística como principal fonte de pessoal. A Intecom

não apresentou os percentuais e, na ebX, 90% das contratações

são de pessoas provenientes do setor.

Apesar de não haver uma formalização do processo de

treinamento em nível gerencial, as empresas atendem a HARRINGTON (2000) e FIGUEIREDO e ARKADER (2000), uma vez que

existe encaminhamento dos gerentes a treinamentos específicos

e julgados necessários pelas respectivas diretorias.

É importante citar que a Intecom, por ser uma empresa não

baseada em ativos (ou baseada em gestão da informação), o

percentual de empregados com pós-graduação e nível superior é

elevado. Na ebX, por possuir, nos seus quadros, pessoal

operacional, este percentual é menor, mas, ainda assim,

elevado (90% possuem segundo grau ou grau superior) em relação à média dos operadores pesquisados por RIBEIRO

(2001).

Page 137: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

124

Quadro 15: Percentual de funcionários por nível de

escolaridade nas empresas pesquisadas.

Formação Intecom ebX Pós-graduação 4,8% 1,5% Universitário 85,7% 8,5% + 7% = 15,5% 2º Grau 7,1% 73% 1º Grau 2,4% 10%

Fonte: Intecom e ebX

5.5 Atuação Geográfica

A Intecom foca sua atuação na região sul/sudeste mas,

devido ao seu principal parceiro (Grupo Martins), está apta a

oferecer mais serviços para todas as regiões. A ebX também

tem seu foco na região sul/sudeste, mas possui boa

representatividade também nas maiores cidades da região

nordeste. A ebX atende a 4.500 cidades brasileiras. A Intecom

diz estar presente em todo o território nacional. A forma

como conseguem isso é através da associação com parceiros regionais que McCULLOUGH et al (1999), descrevem como um dos

alicerces do serviço logístico no comércio eletrônico.

Em ambos os casos, há diferenças no escopo de serviços e

nos prazos de atendimento para cada região. Como forma de

garantir essa cobertura mais extensa, as duas empresas se

utilizam de parceiros não dedicados para não onerar seus

custos de reembarque. Essa subcontratação não dedicada tem

como retorno negativo as perdas no escopo de serviço, prazo

de atendimento e na qualidade das informações prestadas já informados. Isto é um dos efeitos previstos por FELDMETH E

WISSMAN (2001), dado que a concentração da população ao

longo da área de atuação e a própria extensão desta área não

é constante.

Page 138: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

125

De qualquer forma, não há como esperar destes operadores

um nível de serviço padrão em todo território brasileiro,

dado que o desnível da infra-estrutura e a baixa densidade

populacional em algumas regiões do país impedem grandes

avanços. Isto vem ao encontro do resultado da pesquisa

conduzida por LASETER et al. (2001). Segundo eles, a baixa

densidade populacional faz com que os custos do serviço

sejam incompatíveis com o produto, uma vez que a economia da

operação de entrega do comércio eletrônico está diretamente

impactada pela dispersão das entregas.

Os embarques de pedidos internacionais, nos dois casos,

são feitos somente para atender a clientes especiais, pois

este não é um serviço formalizado como disponível entre as suas capacitações e desta forma não atende a McCULLOUGH et

al (1999), que estabelecem que há a exigência da capacitação

para a entrega global.

5.6 Escala Operacional

As empresas têm diferentes modelos de operação. Enquanto a

ebX está baseada em ativos próprios e tem uma redução do

custo unitário quanto maior for o volume movimentado, a

Intecom utiliza-se dos ativos de terceiros, compartilhando

com eles a escala necessária à redução de custos, podendo

ambas fornecerem ao contratador estruturas de custo que sejam

atrativas.

A escala atual da ebX está em torno de vinte e dois mil

pedidos por dia, o que, segundo COOK, RIGBY e CHU (1999),

proporciona uma estrutura de custos viável a possíveis

contratadores. A Intecom tem volume de ordens muito menor

Page 139: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

126

(aproximadamente 50.000 pedidos por mês ou 2.500 por dia),

porém isto, agregado ao volume de seus parceiros (somente a

Marbo distribui 20.000 itens diferentes), também pode

proporcionar uma estrutura de custos muito viável aos

contratadores.

5.7 Gestão da Capacidade

A ebX, por estar baseada em ativos próprios, administra a

capacidade aumentando turnos de trabalho e disponibilizando

mais veículos nas rotas. Isto é feito através da alocação de

pessoal por regime de horas extras nas áreas de manuseio,

assim como repasse para parceiros dos volumes de distribuição

para a última milha. É desta forma que ela atende ao

estabelecido por MANN (2001) e HARRINGTON (2000) em relação à

flexibilidade para aumentar o volume da operação quando a

demanda exigir.

Na Intecom, em razão de não ser baseada em ativos, a

estrutura de equipamentos e instalações já é variável e

acordada em cada contrato, dependendo dos afiliados

utilizados ao longo do tempo. A Intecom gerencia a capacidade

em regime contratual podendo pré-estabelecer a flexibilidade

necessária.

Os prazos de atendimento do pedido têm seu maior impacto

no modal aéreo, onde o volume de carga diário e os horários

por vôo são previamente estabelecidos. Assim, para manter o

compromisso com os embarques e os prazos acordados, de acordo

com o que BAYLES (2001) e REYNOLDS (2001) determinam, elas

ajustam seus horários de corte de recebimento dos pedidos de

forma a conciliar com os horários de transporte. As variações

Page 140: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

127

são negociadas em regime de reserva diária e, como são poucas

as alternativas de fornecimento de transporte aéreo, neste

caso, não há muita flexibilidade neste sentido.

Em ambas as empresas, a participação do comércio

eletrônico no volume de carga ainda é muito pequeno. Por

isso, sua variabilidade não é fator impactante na gestão de

capacidade. Assim sendo, mesmo maiores variações de volume

são absorvidas pela estrutura atual.

5.8 Capacitação para a Logística Reversa

A área geográfica onde atuam, ou seja, a presença em

grande parte do território nacional, no caso da ebX e em todo

ele no caso da Intecom, permite que as devoluções dos

clientes sejam feitas diretamente a ambas as empresas.

No caso Intecom, existe ainda possibilidade de coletar as mercadorias devolvidas nos pick-up points (pontos de coleta

disponibilizados através de acordos com redes de lojas).

Os sistemas de gerenciamento de pedidos das empresas

também estão aptos a gerar a ordem de coleta e, assim,

controlar o processo de encaminhamento do material devolvido

até o destino final.

Tanto a ebX quanto a Intecom já realizam esse tipo de

atividade para alguns clientes. No caso da Intecom, já há a

prestação de serviços como manutenção dos equipamentos

devolvidos com avarias e reenvio a fabricantes para remanufatura, atendendo ao que HARRINGTON (2000) relata como

capacitação necessária.

Page 141: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

128

6

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

6.1 Conclusões

Conforme escreveu HERSZKOWICZ (2000), os graves problemas

enfrentados pelo Brasil em sua infra-estrutura são ainda mais

impactados pelas contradições e diferenças sociais. No

entanto, a compra através da Internet não reflete no todo

estas diferenças. A riqueza e a abrangência permitida através da venda online fez com que o desenvolvimento do comércio

eletrônico no Brasil pulasse as etapas de desenvolvimento

percorridas nos EUA por exemplo. Essas quebras estão exigindo

uma rápida adequação das estruturas de controle e

distribuição dos pedidos.

Para o desenvolvimento destas capacitações são necessários

investimentos específicos que, em muitos casos, podem

comprometer os planos de negócio dos varejistas,

principalmente, neste momento de escassez de investimentos. É

este um dos pontos que os operadores logísticos mais podem

ajudar.

Os operadores logísticos estudados estão fazendo a sua

parte. Realizaram investimentos em ativos, processos, TI e

pessoal e, agora, precisam trazer o retorno a estes

investimentos. Conforme o quadro 16 – resumo - apresentado na

seqüência, eles estão capacitados a lidar com o pedido do

comércio eletrônico dentro dos padrões que estão

estabelecidos na revisão de literatura.

Page 142: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

129

Quadro 16: Quadro-resumo das capacitações para o comércio

eletrônico verificadas nas empresas pesquisadas

Item Capacitação

Tecnologia As empresas possuem equipamentos como coletores, rádio-freqüência e utilizam-se de código de barras.

Informação

Desenvolveram sistemas próprios ou adquiriram sistemas de gestão do pedido e seu rastreamento, de estoques, de armazenagem (WMS). A ebX também possui gestão do transporte (TMS) e roteirização que não foi desenvolvidos pela Intecom por não possuir frota própria.

Armazenagem Há a capacitação para manuseio de pedidos individuais, processos estabelecidos mas, em função do número ainda baixo de clientes que tenham contratado a armazenagem, há um baixo número de pedidos que saem diretamente da estrutura e não há equipamentos especiais utilizados nesta área.

Serviço ao Cliente

Possuem estruturas próprias de contato ao cliente, interligadas com sistemas para atuação proativa na solução de problemas.

Transportes Os veículos próprios e de agentes credenciados no caso ebX e aqueles dos afiliados da Intecom estão adequados à entrega fracionada exigida na última milha.

Atuação Geográfica

O foco de atuação é a região Sudeste, que possui a maior densidade de habitantes por m2. Os serviços se diferenciam nas outras regiões em relação aos serviços agregados e ao prazo de entrega. A utilização de parceiros regionais é a forma de manter a atuação na maior extensão.

Escala Ambas as empresas possuem um fator de escala elevado. A ebX pela característica de seu pedido e a Intecom pela utilização de afiliados com grande volume de pedidos.

Capacidade A gestão da capacidade é feita em ambas as empresas através da subcontratação. O fator capacidade não é ainda um impacto.

Retornos

O manuseio de retornos é realizado para vários clientes por ambas as empresas. São clientes não somente do comércio eletrônico e, por isso, desenvolveram capacitação que está adequada à exigência de manuseio.

Page 143: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

130

Em resumo, os operadores logísticos estudados

apresentaram-se capacitados para o atendimento do pedido do

comércio eletrônico, mesmo que ainda tenham como melhorar sua

posição em relação a algumas das atividades – equipamentos

especiais de armazenagem, por exemplo.

Apesar de terem desenvolvido capacitações através de

investimentos, as estimativas iniciais de negócio foram muito

maiores do que o que vem retornando em propostas de trabalho

até agora.

Porém, esta baixa utilização dos operadores na execução

das atividades de fulfillment do comércio eletrônico não

parece ser uma característica específica do mercado

brasileiro. Analisando com mais detalhe a tabela 3, já

apresentada no item 2.6.2.4, pode-se verificar que a

terceirização para operadores dedicados ao atendimento do pedido é somente de 8,3% para os varejistas pure-player e

17,9% para os varejistas multicanal.

Desta forma, a escala de pedidos, que poderia melhorar os

resultados destas empresas, não é uma realidade no momento. O

fato é que o volume de negócios do comércio eletrônico como

um todo não está ajudando as empresas que se lançaram para

executar os serviços logísticos do comércio eletrônico e,

provavelmente, em função disto, existe uma coincidência no

reposicionamento estratégico de ambas as empresas: elas

buscaram escala em outros nichos para suportar sua estrutura.

A tendência dos operadores logísticos estudados, ao abrir

o leque de atividades para execução de serviços da logística

tradicional, aparentemente, segue no mesmo sentido dos

Page 144: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

131

varejistas no comércio eletrônico. Cada vez mais empresas bricks-and-mortar estão utilizando o comércio eletrônico como

mais um dos seus canais de vendas, querendo, com isto,

aumentar o volume de vendas.

6.2 Sugestões para trabalhos futuros

Este trabalho teve como intenção estudar as capacitações

necessárias aos operadores logísticos que se dispõem a

atender o comércio eletrônico. Desta forma, buscou-se

estabelecer, na revisão bibliográfica, quais são estas

capacitações e um modelo de análise que pudesse verificar

estas capacitações.

Ao fim da pesquisa, os resultados mostram que, apesar de

se qualificarem para realizar o atendimento do pedido, os

operadores logísticos do comércio eletrônico não são, ainda,

a principal escolha utilizada pelos varejistas. Neste

sentido, um trabalho que seria de interesse para dar

continuidade a este estudo seria uma pesquisa acerca dos métodos de fulfillment que estão sendo utilizados pelos e-

tailers para o atendimento do pedido e qual é o seu grau de

satisfação com este atendimento.

Outro estudo que poderia contribuir para maior

conhecimento deste mercado seria a pesquisa sobre quais são

as necessidades específicas dos varejistas com relação aos

serviços prestados pelos operadores no ambiente brasileiro.

Page 145: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

132

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Page 152: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

139

ANEXO 1 – ROTEIRO DE ENTREVISTA

Informações gerais da empresa

1. Nome da Empresa

2. Setor de Origem

3. Tempo de fundação

4. Como foi desenvolvido o modelo da empresa (mercado,

estratégia interna, consultoria etc…)

5. Estrutura organizacional

6. Histórico de investimento

7. Histórico de faturamento

8. Posicionamento comercial

Atuação Geográfica

1. Qual é a região de atuação da empresa?

2. Atua da mesma forma em todas as região ou há serviços

diferenciados?

Estrutura de Capital

1. Existe participação de outras empresas no setor?

2. Possui participação em outras empresas?

3. Possui ativos?

c Sim c Não

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140

Informação Dedicados ao e-commerce Total

Armazéns

Frota

Equipamentos

Hardware

Outros

Capacitação em TI

1. Existe equipe para desenvolvimento de sistemas?

2. Há suporte para o cliente na implantação?

3. Qual é a arquitetura utilizada?

4. Qual a plataforma utilizada?

5. Como se utiliza código de barras?

6. Estabelece códigos próprios para a armazenagem?

7. Quais são os sitemas utilizados?

8. Gerenciamento do Pedido

cIMS

cWMS

cTMS

cRastreio das ordens

Como é feita a integração com os sistemas do e-tailer?

1. É necessário hardware especial?

2. É necessário software especial?

cEDI –TXT

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141

cXML

3. A integração com os sistemas dos clientes é real-time?

c Sim c Não

4. Qual é o tempo de atualização das informações para o site

do cliente?

Informação Tempo Médio

Disponibilidade do estoque

Embarque do Pedido

Atendimento do Pedido

Capacitação Operacional

1. Quais os serviços oferecidos para o comércio eletrônico?

cArmazenagem

cTransporte

cConsultoria

cLogística integrada

cLogística Reversa

cEmbarque iternacional

cMontagem de Kits

cCustomizações de produtos

cEmbalagens especiais

cRefurbishment

cManutenção de Produtos

cRastreamento dos Pedidos

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142

cAcompanhamento dos Pedidos

cGerenciamento dos estoques

cRoteirização

cEmissão de Nota Fiscal

cCall-Center

cProcessamento de cartão de crédito

cCash-on-delivery

cOutros

2. Distribuição:

2.1 Quais são as opçÕes de transporte?

2.2 Qual é o tipo de transporte usualmente adotado?

2.3 Existe a possibilidade de negociar transportes a

diferentes taxas para o cliente?

2.4 Quais são os canais de distribuição oferecidos?

cDoor-to-door

cCorreios

cKiosks

cOutros:

3. Operações:

3.1 Qual é o dia a dia de operação?

Turnos/dia:

Dias por semana:

3.2 Existe separação entre as operações para o comércio

tradicional e o e-commerce?

Page 156: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

143

3.3 Existe alguma especialização com relação a indústria ou

canais atendidos?

3.4 Quantos clientes do e-commerce fazem parte da carteira de

clientes?

3.5 Armazenagem:

3.6 Que tipo de armazenagem é utilizado?

3.7 Existe padronização de lay-out?

3.8 Que tipos de materiais são manuseados atualmente?

3.9 Qual é o perfil da ordens atendidas?

3.10 Qual é a dimensão média das ordens?

3.11 Qual é o volume mínimo de manuseio?

3.12 Quantos SKUs mantém em estoque?

3.13 Há acuracidade de estoque estabelecida?

3.14 Há equipamentos de manuseio/separação específicos do e-

commerce no armazém?

3.15 Qual o percentual de erros de picking?

3.16 Qual o tempo de ciclo para uma ordem no armazém?

3.17 Qual é o horário de corte para atendimento de ordens no

mesmo dia no armazém?

3.18 Qual é o percentual de ordens que são totalmente

atendidos no ato da compra (todos os itens do pedido estão em

estoque prontos para embarque)?

3.19 Qual é o tempo de processamento das ordens em dias

(tempo entre a entrada do pedido e a entrega ao consumidor

final?

Page 157: CARACTERIZAÇÃO DE OPERADORES LOGÍSTICOS PARA O … · as características e capacitações necessárias ao operador logístico para execução da logística do comércio eletrônico

144

4. Recursos Humanos

4.1 Número de Funcionários:

4.2 Há contratação de temporários por atividade?

4.3 Fontes de funcionários de nível gerencial:

cUniversidade

cDo setor

cDe clientes

cEmpresas de Consultoria

cOutro

4.4 Grau de escolaridade:

Formação Percentual dos Funcionários

Pós-Graduação

Universitário

2o Grau

1o Grau

Não alfabetizados

4.5 Formação acadêmica:

Formação Percentual dos Funcionários

Engenharia

Administração

Economia

Sistemas

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145

4.6 Existe programa de treinamento dos executivos?

c Sim c Não

4.7 Quais?

Tipo Duração

5. Implementação das Atividades

5.1 Como é o processo de implementação do serviço

(compartilhamento, separação das atividades, gerenciamento de

projetos etc)?

5.2 Há repasse do custo de implementação dos serviços?

5.3 Como é estabelecida a cobrança por serviços especiais?

5.4 Qual é o tempo médio entre a aceitação da proposta e a

implementação do serviço?

6. Parcerias

6.1 Há parcerias/terceirização formalizadas por atividade,

região ou setor de atuação?

6.2 Quais são?

6.3 Como se dá a contratação de terceiros?

6.4 Como se dá a troca de dados com os parceiros?

6.5 Como controla os terceiros?

7. Capacidade

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146

7.1 Como é negociada a capacidade com os clientes?

7.2 Como gerencia a capacidade?

7.3 Quais fatores de pico impactam na capacidade?

7.4 Como negocia a capacidade com terceiros?

8. Problemas e Desafios

8.1 Quais são os principais problemas enfrentados no mercado

brasileito (infraestrutura, TI, sistemas, Impostos, ética,

mentalidade…)?

8.2 Como você vê o futuro do canal B2C no Brasil?

8.3 Como a sua empresa se posicionará para atender este

cenário?

8.4 Qual a expectativa de crescimento da empresa nesse

mercado?