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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIENCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL USO E CONSERVAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SYOMARA KER DE MELO CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM AMOSTRAS DE Escherichia coli ISOLADAS DE LAGOAS DO PARQUE ESTADUAL DO RIO DOCE, MINAS GERAIS OURO PRETO 2006

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIENCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

USO E CONSERVAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

SYOMARA KER DE MELO

CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM

AMOSTRAS DE Escherichia coli ISOLADAS DE LAGOAS

DO PARQUE ESTADUAL DO RIO DOCE, MINAS GERAIS

OURO PRETO 2006

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SYOMARA KER DE MELO

CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM

AMOSTRAS DE Escherichia coli ISOLADAS DE LAGOAS

DO PARQUE ESTADUAL DO RIO DOCE, MINAS GERAIS

Orientadora:

Profa.Dra. Maria Célia S. Lanna

Laboratório de Microbiologia Geral – ICEB /UFOP

Co-orientador:

Prof. Dr. Carlos Augusto Rosa

Laboratório de Ecologia e Biotecnologia de Leveduras – ICB/UFMG

OURO PRETO 2006

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia ambiental com ênfase no

Uso e Conservação de Recursos

Hídricos da Universidade Federal de

Ouro Preto.

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Catalogação: [email protected]

M528c Melo, Syomara Ker de. Caracterização de fatores de virulência em amostras de Eschericha coli isoladas de lagoas do Parque Estadual do Rio Doce - MG [manuscrito]/ Syomara Ker de Melo. – 2006. xiii, 100 f. : il. color., graf., tabs., mapas. Orientadora: Profa. Dra. Maria Célia Silva Lanna. Co-orientador: Prof. Carlos Augusto Rosa. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisa em Recursos Hídricos - Pró-Água. Programa de Mestrado em Engenharia Ambiental. Área de concentração: Microbiologia. 1. Escherichia coli - Teses. 2. Água - Qualidade - Minas Gerais - Teses. 3. Virulência (Microbiologia) - Teses. I. Universidade Federal de

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Esta dissertação é dedicada a minha mãe

(Sônia), meus irmãos (Leca, Dim, Júnior, Poly,

Dan), e Demian.

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“Aprender é construir, reconstruir, constatar

para mudar, o que não se faz sem abertura

ao risco e à aventura do espírito.

Paulo Freire (1921-1997)

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AGRADECIMENTOS ________________________________________________________

Os meus mais sinceros agradecimentos à Deus, pela proteção e amparo

durante vários momentos ao longo dessa minha jornada, e principalmente, por ter

colocado pessoas certas, nas horas certas em minha vida.

Aos meus amados pais e irmãos pela incessante fonte de amor e incentivo

dispensados à mim.

Ao meu grande amor Demian, pela paciência, companheirismo, carinho,

incentivo, compreensão e por todas as alegrias que compartilhamos juntos,

durante todo esse tempo.

À minha orientadora Profa. Dra. Maria Célia Silva Lanna pelo apoio,

amizade, confiança e, principalmente pela oportunidade de realização desse

trabalho.

Agradecimento muito especial, ao meu co-orientador, Prof. Dr. Carlos

Augusto Rosa pelo exemplo de profissionalismo e comprometimento com o

conhecimento científico, pelos ensinamentos, amizade, e, principalmente, por

nunca ter medido esforços para que esse trabalho acontecesse. O seu apoio

incondicional a esse projeto foi fundamental para que tudo desse certo. A você

serei eternamente grata. Obrigada pela confiança.

À toda a família do Laboratório de Ecologia e Biotecnologia de Leveduras

pela grande amizade, convivência e troca de experiência: Cris Roscoe, Fátima,

Bia, Luíz Rosa, Prix, Carol, Inayara, Carla Daniela, Adriana, Marjore, Fatinha,

Ilana, Biinha, Fernandinha, Fernanda Badotti, Lud, Lia, Lú, Fabiana, Michelle,

Suzane, César, Renata, Raquel, Natália, Aline, Isabela, Mariângela, Mariana e

Vívian. Todos vocês são muito especiais para mim. Muito Obrigada por tudo.

Adoro vocês!

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Agradecimento mais do que especial às amigas de laboratório: Cris

Roscoe, Fátima, Bia e Carol pelo apoio incondicional nos experimentos de biomol.

E principalmente à Prix pelo auxílio em todos os momentos.

O meu muito obrigada, ao Prof. Dr. Francisco A. R. Barbosa pela

oportunidade de fazer parte de tão importante e grandioso projeto como o PELD.

Agradeço também aos amigos conquistados na Limnologia: Fábio, José

Fernandes, Dinho, Meg, Luciana, Sophia, Felipe, Nelson, Pedro, Juliàn e Tiago

pelo companheirismo, amizade e alegrias compartilhadas durante as coletas no

Parque.

Aos amigos do Laboratório de Microbiologia da UFOP, Luís, Ricardo, Ivan,

Marly. E principalmente à Vivian, pela amizade e cumplicidade.

À amiga Lianna Nakahodo pela sincera amizade e pelos bons momentos

vividos em Ouro Preto.

Agradecimento muito especial ao amigo Igor, pela amizade, pelas

coincidências e reencontros em nossas vidas e também pelo auxílio na etapa final

desse trabalho.

Aos eternos amigos de Ouro Preto, Vinícius Albano, Madú e Bina que

apesar da distância sempre torceram muito por mim.

Ao Prof. Dr. Luiz Simeão, pelo apoio indispensável na identificação das

amostras.

Ao Prof. Dr. Tomomasa Yano e toda à sua equipe, principalmente à

Daniela Alves pela colaboração.

Ao Prof. Dr. Edilberto Nogueira Mendes, à Profa. Dra. Paula Prazeres pelo

auxílio e esclarecimentos.

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Ao Departamento de Microbiologia da UFMG pelo apoio indispensável na

realização desse trabalho.

À Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em especial ao

Departamento de Pós-Graduação Uso e Conservação de Recursos Hídricos, pela

oportunidade de aperfeiçoamento profissional e pela bolsa concedida durante o

curso de mestrado.

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COLABORADORES ________________________________________________________

� Prof. Dr. Carlos Augusto Rosa – Laboratório de Ecologia e Biotecnologia de

Leveduras - Departamento de Microbiologia – ICB / UFMG.

• Departamento de Pós-Graduação em Microbiologia da UFMG – ICB.

� Prof. Dr. Francisco Antônio Rodrigues Barbosa – Laboratório de Limnologia -

Departamento de Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre-ICB / UFMG.

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SUMÁRIO _________________________________________________________________ Lista de Tabelas................................................................................................. iv

Lista de Figuras.................................................................................................. vi

Lista de Abreviaturas.......................................................................................... viii

Resumo.............................................................................................................. ...............................................................................................................

x

Abstract.............................................................................................................. xii

1. Relevância e Justificativa............................................................................... 1

2. Revisão Bibliográfica................................................................................... 3

2.1 – Contaminação microbiológica de corpos d’água naturais e potenciais riscos à saúde humana....................................................................................

3

2.2 – Grupo Coliforme como Indicador de Qualidade de Água......................... 4

2.3 - Escherichia coli ......................................................................................... 7

2.4 – Fatores de Virulência em Escherichia coli 8

2.5 – Escherichia coli enteropatogênicas e as Gastroenterites......................... 10

2.6 – Principais Subgrupos de E.coli diarreogênicas......................................... 12

2.6.1 - Escherichia coli enteropatogênica (EPEC)............................................. 12

2.6.2 - Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC)............................................... 14

2.6.3 - Escherichia coli enterohemorrágica (EHEC).......................................... 16

2.6.4 – Escherichia coli enteroagregativa (EAEC)............................................. 18

2.6.5 - Escherichia coli enteroinvasora (EIEC).................................................. 19

2.6.6 – Escherichia coli Difusamente Aderente (DAEC).................................... 20 2.7 – Susceptibilidade de Escherichia coli a antimicrobianos ........................... 20

3. Objetivos....................................................................................................... 22

4. Materiais e Métodos..................................................................................... 23

4.1 - Origem e Caracterização das amostras.....................................................

23

4.1.1 - Área de Estudo....................................................................................... 23

4.1.2 - Locais de Coleta..................................................................................... 26

4.1.2.1 - Lago Dom Helvécio............................................................................. 26

4.1.2.2 - Lagoa Jacaré....................................................................................... 26

4.1.2.3 - Lagoa Carioca...................................................................................... 27

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4.1.2.4 - Lagoa Gambazinho.............................................................................. 27

4.1.3 - Procedimentos de coleta........................................................................ 31

4.2 - Análise Laboratorial das amostras............................................................

31

4.2.1 - Determinação da Qualidade Microbiológica das lagoas......................... .................................

31

4.2.2 - Análise estatística dos dados para avaliação das diferenças entre as lagoas..............................................................................................................................................

32

4.4.3 - Isolamento de Escherichia coli das lagoas ............................................ 32

4.2.4 - Identificação dos isolados de Escherichia coli........................................ ........................................

33

4.2.5 - Investigação dos tipos diarreiogênicos dos isolados de Escherichia coli .....................................................................................................................

33

4.2.5.1 - Extração do DNA ................................................................................ 33

4.2.5.2 - Pesquisa dos genes de virulência pela Reação em Cadeia da Polimerase……………………………………………………………………………

33

4.2.5.3 - Eletroforese em gel de agarose…………………………………………. ................................

34

4.2.6 - Pesquisa dos sorogrupos de Escherichia coli diarreiogênicas pelo Teste de Aglutinação em Lâmina.......................................................................

36

4.2.7 - Fermentação do sorbitol e da ramnose na diferenciação dos isolados de Escherichia coli enterohemorrágica.............................................................. ..................

36

4.2.8 – Determinação da susceptibilidade dos isolados de Escherichia coli aos antibacterianos............................................................................................ .................................................................

37

5 - Resultados................................................................................................... 38

5.1 - Qualidade Microbiológica das lagoas....................................................... ................. ..............................................................

38

5.2 – Isolados de Escherichia coli obtidos das lagoas....................................... ...................................

39

5.3 – Tipos diarreiogênicos dos isolados de Escherichia coli das lagoas..........

39

5.3.1 - Genes de virulência dos isolados de Escherichia coli pela PCR ........... 39 5.4 – Sorogrupos diarreiogênicos dos isolados de E. coli ................................

40 5.4.1 - Determinação dos sorogrupos EHEC, EPEC e EIEC............................. 40 5.4.2 - Freqüência dos sorogrupos diarreiogênicos nas lagoas...................... 41 5.5 – Perfil de resistência das linhagens de E. coli isoladas das lagoas...........

41

6 – Discussão................................................................................................... 69

6.1 - Análise da Qualidade da água das lagoas................................................ 69

6.2 – Potencial patogênico dos isolados de Escherichia coli ............................ 70

6.3 - Tipos diarreiogênicos isolados nas lagoas................................................

71 6.3.1 - Presença dos genes stx1 e stx2 característicos Escherichia coli

enterohemorrágica (EHEC)................................................................................ .

71

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6.3.2 - Presença do gene eae característico de Escherichia coli enteropatogênica (EPEC)..................................................................................

74

6.3.3 - Presença do gene eltI característico de Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC)....................................................................................

74

6.3.4 - Ausência de genes de virulência em isolados de E. coli ambientais...... 75

6.4- Sorogrupos diarreiogênicos de E. coli isolados das lagoas....................... 76 6.5 – Linhagens do sorotipo O157: H7 isolados das lagoas.............................. 76 6.6 – Linhagens resistentes a antibióticos isolados nas lagoas......................... 76

7 – Conclusões................................................................................................... 79

8 - Referências Bibliográficas............................................................................. 80

Anexo 1: Linhagens de Escherichia coli isoladas do Lago Dom Helvécio e selecionadas para detecção de fatores de virulência por PCR.........................

99

Anexo 2: Linhagens de Escherichia coli isoladas das Lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e selecionadas para a detecção de fatores de virulência por PCR..............................................................................................................

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LISTA DE TABELAS _________________________________________________________________ Tabela 1 - Padrões de Balneabilidade determinados pelo CONAMA, através da Resolução nº 274, de 29 de novembro de 2000......................................................5 Tabela 2 – Sorogrupos, Seqüências do gene, Tamanho do Produto Amplificado e Temperaturas de anelamento dos iniciadores.......................................................35 Tabela 3 - Determinação do Número Mais Provável (NMP/100ml) para coliformes fecais de amostras de água coletadas em dois pontos (região litorânea e região limnética) das Lagoas Carioca, Gambazinho e Jacaré no Parque Estadual do Rio Doce.......................................................................................................................43 Tabela 4 - Determinação do Número Mais Provável (NMP/100ml) para “coliformes fecais” de amostras de água coletadas em seis pontos (P1, P2, P3, P4, P5 e P6) do Lago Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce.....................................44 Tabela 5 - Análise de Variância (ANOVA, medidas repetidas) comparando as regiões litorâneas e limnéticas das lagoas, Carioca, Jacaré, Gambazinho, Dom Helvécio, e os meses de amostragem no Parque Estadual do Rio Doce.......................................................................................................................45 Tabela 6 - Número de linhagens de Escherichia coli isoladas das Lagoas Carioca, Gambazinho e Jacaré no Parque Estadual do Rio Doce.......................................51 Tabela 7 - Número de linhagens de Escherichia coli isoladas do Lago Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce............................................................52 Tabela 8 - Isolados de E. coli positivos para os genes stx2, eltI e eae que codificam diferentes fatores de virulência detectadas por PCR.............................53 Tabela 9 - Ocorrência de genes de virulência e fermentação de carboidratos em linhagens soropositivas de E. coli enterohemorrágica O157:H7 (EHEC), isoladas das lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio do Parque Estadual do Rio Doce ..............................................................................................................58 Tabela 10 - Ocorrência de genes de virulência em linhagens soropositivos de E. coli enteropatogênica clássica (EPEC) isoladas das lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio do Parque Estadual do Rio Doce...........................59 Tabela 11 - Distribuição das linhagens soropositivos de E. coli enteroinvasora (EIEC), isoladas das lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio do Parque Estadual do Rio Doce em função do local e data de amostragem EIEC.......................................................................................................................61 Tabela 12 - Distribuição dos sorogrupos de Escherichia. coli (EHEC, EPEC e EIEC) nas regiões litorâneas e limnéticas das Lagoas Carioca, Jacaré Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce...........................62

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Tabela 13 - Freqüência das linhagens de Escherichia coli resistentes a antibiótico isoladas nas regiões litorâneas e limnéticas das lagoas do Parque do Rio Doce.......................................................................................................................64 Tabela 14 - Origem, sazonalidade dos isolados de Escherichia coli multi-resistentes aos antibióticos....................................................................................65

v

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LISTA DE FIGURAS _________________________________________________________________ Figura 1 - Mapa da área de abrangência do Parque Estadual do Rio Doce e dos municípios no seu entorno .....................................................................................25 Figura 2 - Foto da área de Praia do Lago Dom Helvécio, principal local dentro do Parque onde é permitido o banho dos turistas e onde foram realizadas as coletas da região litorânea (P1, P2, P3, P4, P5) e região Limnética (P6)..........................28 Figura 3 - Foto da Lagoa Jacaré mostrando os locais de coleta e extensas plantações de Eucalyptus no seu entorno.............................................................28 Figura 4 - Foto identificando as regiões litorânea e limnética da Lagoa Carioca um dos principais locais de coleta...............................................................................29 Figura 5 - Foto da Lagoa Gambazinho destacando os locais de coleta na região litorânea e região limnética....................................................................................29 Figura 6 - Localização das lagoas dentro e no entorno do Parque Estadual do Rio Doce.......................................................................................................................30 Figura 7 - Densidade de coliformes fecais (NMP/100 ml) ao longo do período de amostragem nas lagoas, Carioca, Gambazinho, Jacaré e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce..................................................................................46 Figura 8 - Análise de Correspondência para os pontos amostrados nas lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce considerando a densidade de coliformes fecais (NMP/100 ml) nessas lagoas.....................................................................................................................47 Figura 9 - Análise de Correspondência para os meses de amostragem nas lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce, considerando a densidade de coliformes fecais (NMP/100 ml) e sazonalidade..........................................................................................................48 Figura 10 - Análise de Agrupamento para as lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce considerando a densidade de coliformes fecais (NMP/100ml) nesses corpos d´água....................................................................................................................49 Figura 11 - Análise de Agrupamento para os meses de amostragem nas lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio do Parque Estadual do Rio Doce, considerando a densidade de coliformes fecais (NMP/100 ml) nos pontos amostrados. ..........................................................................................................50 Figura 12 - Freqüência de fatores de virulência em linhagens de E. coli isoladas de lagoas do Parque Estadual do Rio Doce-MG. O gene stx2 codifica expressão da toxina Shiga em E. coli enterohemorrágica (EHEC); o gene eae codifica a

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intimina em E. coli enteropatogênica (EPEC); e o gene elt I codifica para toxina LTI de E. coli enterotoxigênica (ETEC)..................................................................54 Figura 13 - Eletroforese em gel de agarose dos produtos de PCR para o gene stx2. Canaleta 1: Padrão de peso molecular, Lambda λ (1Kb); Canaleta 2: Controle positivo de Escherichia coli enterohemorrágica (EHEC) para o gene stx2; Canaletas 3, 4, 6, 7 e 8: Linhagens ambientais de E. coli 236, 330, 344, 292, 280 e 34, isoladas do PERD e, positivas para a amplificação do gene stx2. Canaletas 5, 9 e 10: Linhagens ambientais de E. coli negativas para amplificação do gene stx2.........................................................................................................................55 Figura 14 - Eletroforese em gel de agarose dos produtos de PCR para o gene eae. Canaleta 1: Padrão de peso molecular, Lambda λ (1Kb); Canaleta 2: Controle positivo de Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) para o gene eae; Canaleta 9: Linhagem ambiental de E. coli 373, isolada do PERD e, positivo para amplificação do gene eae. Canaletas 3, 4, 5, 6, 7 e 8: Linhagens ambientais de E. coli do PERD negativas para amplificação do gene eae......................................56 Figura 15 - Eletroforese em gel de agarose para o produto de PCR do gene eltI. Canaleta 1: Padrão de Peso Molecular lambda 1Kb; Canaleta 2: Controle positivo de E. coli enterotoxigênica (ETEC). Canaletas 3,4,5,7,8 e 9: Linhagens de E. coli ambientais isoladas de lagoas do PERD e negativas para amplificação do gene eltI. Canaleta 6: Isolado de E. coli ambiental positivo para o fragmento de gene etl..................................................................................................................57 Figura 16 - Perfil da susceptibilidade aos antimicrobianos de linhagens ambientais de E. coli isoladas das lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce............................................................63 Figura 17 - Foto do perfil da susceptibilidade a antimicrobianos da linhagem ambiental E. coli 58 isolada da região litorânea da lagoa Carioca no Parque Estadual do Rio Doce............................................................................................67 Figura 18 - Foto do perfil da susceptibilidade a antimicrobianos da linhagem ambiental E. coli 34 isolada da região litorânea da lagoa Jacaré no Parque Estadual do Rio Doce............................................................................................68

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LISTA DE ABREVIATURAS _________________________________________________________________

EPEC - Escherichia coli enteropatogênica

ETEC - Escherichia coli enterotoxigênica

EHEC - Escherichia coli enterohemorrágica

EIEC - Escherichia coli enteroinvasora

EAEC - Escherichia coli enteroagregativa

DHEC - Escherichia coli difusamente aderente

PERD – Parque Estadual do Rio Doce

PIE - Programa integrado de ecologia

PELD – Projeto Ecológico de Longa Duração

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

C LT – Região Litorânea da Lagoa Carioca

C LM – Região Limnética da Lagoa Carioca

G LT - Região Litorânea da Lagoa Gambazinho

G LM – Região Limnética da Lagoa Gambazinho

J LT – Região Litorânea da Lagoa Jacaré

J LM – Região Limnética da Lagoa Jacaré

DH – Lago Dom Helvécio

DH LM – Região Limnética do Lago Dom Helvécio

NMP – Número Mais Provável

EMB – Eosina Azul de Metileno

BHI – Brain Heart Infusion

TSA – Tryptic Soy Agar

TE - Tris-EDTA

IAL – Instituto Adolfo Lutz (Meio Rugai Modificado)

PCR – Reação em Cadeia da Polimerase

LEE – Locus of Enterocyte Effacement

Lesão A/E – Lesão attaching/effacing

SUH – Síndrome Urêmica Hemolítica

EAF – EPEC Adherence Factor

viii

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LISTA DE ABREVIATURAS _________________________________________________________________

BFP – Bundle forming pili

CFA – Fator Antigênico de Colonização

PIC – Protein Involved in intestinal colonization

AAF- Fimbria de Aderência Agregativa

SHET1 – Shigella enterotoxin 1

STa e STb - Toxina termo estável

LTI e LTII - Toxina termo lábil

STx1 e STx2 – Toxina Shiga

PET - Plasmid encoded toxin AMP - Ampicilina

CFL - Cefalotina

AMC - Amoxilina + Clavulanato

CRX - Cefuroxima

CFO - Cefoxitina

CRO - Ceftriaxona

GEN - Gentamicina

CAZ - Ceftazidima

AMI - Amicacina

CIP - Ciprofloxacina

CPM - Cefepime

SUT - Sufazotrim

CTX - Cefotaxima

ATM - Aztreonam

CLO - Cloranfenicol

TET - Tetraciclina

TOB - Tobramicina

TIC - Ticarcilina + Clavulanato

ix

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RESUMO _________________________________________________________________

Os coliformes fecais cujo principal representante é a Escherichia coli fazem

parte da microbiota intestinal do homem e outros animais de sangue quente,

estes microrganismos têm sido extensivamente utilizados no monitoramento da

qualidade de águas e quando detectados em corpos d´água indicam a possível

presença de contaminação fecal recente, e consequentemente, a presença de

patógenos entéricos. Além das linhagens comensais, várias grupos patogênicos

distintos de E. coli diarreiogênicas são reconhecidos: E. coli enteropatogênica

(EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enterohemorrágica ou Produtora

de Toxina Shiga (EHEC/STEC), E. coli enteroinvasora (EIEC), E. coli

enteroagregativa (EAEC), E. coli difusamente aderente (DAEC). As linhagens

patogênicas de E. coli causadoras de infecções intestinais possuem numerosos

fatores de virulência localizados em cromossomos, plasmídios ou DNAs de

bacteriófagos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi determinar a freqüência

de ocorrência e os fatores de virulência de amostras de Escherichia coli isoladas

em lagoas do Parque Estadual do Rio Doce - MG (PERD - MG). As coletas foram

realizadas mensalmente entre Maio de 2004 e Fevereiro de 2005 nas lagoas

Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio. Utilizando a Técnica de Tubos

Múltiplos verificou-se que as lagoas amostradas apresentaram baixas contagens

para coliformes fecais na maioria das amostras analisadas. A densidade de

coliformes fecais variou significativamente (E. coli F= 2,11; p = 0,035) apenas em

relação aos meses de coleta. Um total de 456 (89,94%) das linhagens ambientais

isoladas foram positivas em relação às provas bioquímicas específicas para a

identificação da espécie Escherichia coli. A técnica de PCR foi utilizada para

detecção dos genes de virulência stx1 e stx2 de EHEC, eae de EPEC e eltI de

ETEC. O gene stx2 foi detectado em cinco linhagens de E. coli ambas isoladas

das lagoas Carioca e Jacaré. Nenhum dos 80 isolados de E. coli investigados

apresentou o fragmento de DNA correspondente ao gene stx1. Para o gene eae e

elt I, apenas os isolados E. coli 373 (C LT) e E. coli 58 (C LT) respectivamente,

amplificaram o fragmento de gene de interesse. Pela técnica de aglutinação em

lâmina 61,3% dos isolados de E. coli aglutinaram na presença de soro específico

para EPEC clássica, 18,2% das linhagens aglutinaram para o sorotipo O157: H7

x

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de EHEC e 20,5% aglutinaram na presença do soro específico de EIEC. Na

caracterização fenotípica do sorotipo O157: H7, cinco isolados de E. coli

ambientais não fermentaram o sorbitol e apenas dois não fermentaram a

ramnose. Altas frequências de linhagens de E. coli resistentes à ampicilina (20%),

cefalotina (50%) e cefuroxima (14%) foram verificadas, para os demais

antibióticos testados a resistência quando verificada ocorreu em menos de 10%

dos isolados. Todos os lagos amostrados apresentaram níveis de coliformes

fecais abaixo dos valores permitidos pela resolução do CONAMA, para

balneabilidade. Por outro lado, a presença de genes de virulência nas linhagens

de E. coli analisadas sugere que existe a probabilidade dos banhistas adquirirem

doença gastrointestinal transmitida pelas águas dos lagos investigados. A Técnica

de Aglutinação em Lâmina, específica para determinados sorogrupos nem

sempre correlaciona com a patogenicidade da linhagem e a discriminação de

subgrupos de EPEC, ETEC, EHEC e EIEC requer a utilização de técnicas

moleculares baseadas em genes de virulência. Alta incidência de isolados de E.

coli multi-resistentes a antibióticos indicam a possível disseminação de linhagens

resistentes pelos banhistas e animais, e também um risco para saúde dos

mesmos. Os dados obtidos no presente estudo podem contribuir para manter o

equilíbrio dos ecossistemas estudados e ampliar o estudo da ecologia da espécie

E. coli considerando o isolamento dos subtipos no meio ambiente.

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ABSTRACT _________________________________________________________________ The fecal coliforms whose main representative is the Escherichia coli

belong to the intestinal flora of humans and other warm-blooded animals, these

microorganisms have been extensively used at water quality control and when

found at water are an indicator of recent contamination by feces, and as

consequence, enteric pathogenic microorganisms are made present. Beyond the

commensal strains, there are various distinct types of diarrhoeagenic E. coli are

acknowledged: enteropathogenic E. coli (EPEC), enterotoxigenic E. coli (ETEC),

enterohaemorragic E. coli or shiga toxine producer (EHEC/STEC), enteroinvasive

E. coli (EIEC), enteroaggregative E. coli (EAggEC), diffusely adherent E. coli

(DAEC). The pathogenic strains of E. coli that are intestine infectious host

numerous factors of virulence located at chromossome, plasmidis or DNA phages.

Thus, the objective of the research was to determine the frequency of ocurrence

and the virulence of E. coli samples isolated at lakes inside the "Parque Estadual

do Rio Doce-M.G." (PERD - MG). The sample collection happened in a monthly

basis between May, 2004 and February, 2005 at Carioca, Jacaré, Gambazinho

and Dom Helvécio lakes. By using the Multiple Tube Technique, it was verified

that the researched lakes with samples inside had low rate of fecal coliform at the

broad majority of the analysed samples. The fecal coliform density varied

meaningfully (E. coli F=2,11 ; p = 0,35) but only in relation to the sample gathering

months. The final results were of 458 (91%) of the environment strains of

Escherichia coli isolated at the sampled lakes showed positive results regarding

the specific biochemical tests for recognition of the E. coli species. The PCR

technique was used for detection of the virulence genes stx1 and stx2 of EHEC,

eae of EPEC and eltI of ETEC. The stx2 gene was detected within five E. coli

strains, when isolated at the Carioca and Jacare lakes. None of the 80 isolated E.

coli examinated showed the DNA segment corresponding to the stx1 gene, for the

eae and elt I gene, only the isolated E. coli 373 (C LT) and E. coli 58 (C LT),

respectively amplified the segment of the relevant gene. By using the agglutination

technique at a sample 61,3% of the isolated E. coli agglutinated within the

presence of a classic EPEC specific serum, 18.2% of the strains agglutinated to

the serum type O157:H7 of EHEC and 20,5% were agglutinated at the presence of

xii

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the EIEC specific serum. The characterization of the serym type O157: H7, five

environments E. coli isolated did not ferment the sorbitol and only two did not

ferment the rhamnose. High frequencies of E. coli strains which were resistant to

ampiciline (20%), cefalotine (50%) and cefuroxime (14%) were verified, to the

other antibiotics tested, the resistance when verified occurred in less than 10% of

the isolated. All the sampled lakes showed fecal coliform levels much below than

the allowed values by the CONAMA, as it refers to the batheability. In another

side, the presence of virulence genes at the E. coli strains analysed sugests that

there is a possibility to that the bather acquires gastrointestinal disease transmitted

by the waters of the researched lakes. The Agglutination Technique, specificly

meant for some determined types of serum is not always relationed to the

pathogenicity of the strains and discrimination of sub-groups of EPEC, ETEC,

EHEC and EIEC, requires the use of molecular techniques based in virulence

genes. High frequency of antibiotic multi-resistant isolated E. coli will indicate

possible spread of resistant strains by the bather and animals, there is also a risk

for their health. The obtained data at this research can contribute to the keep of

the ballance at the researched ecosystems and to amplify the research of the

ecology of the E. coli Species considerating the isolation of the subtypes at the

environment.

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1

1 - RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA

_________________________________________________________________

O Parque Estadual do Rio Doce possui a maior área de Mata Atlântica

preservada do estado de Minas Gerais. São aproximadamente 36.000 ha, que

abrange parte dos municípios de Timóteo, Marliéria e Dionísio. No seu interior

ocorrem cerca de 42 lagoas naturais que ocupam uma área de 3.530 ha,

correspondentes a 9,8% da área total do parque, sendo a maior delas a lagoa

Dom Helvécio, também conhecida como lagoa do Bispo, com área de 687 ha e

profundidade máxima de 35m (TUNDISI et al., 1985).

As Lagoas Dom Helvécio, Jacaré, Carioca e Gambazinho foram escolhidas

para a realização deste trabalho e apresentam diferentes características, tais

como: extensão, profundidade e riqueza de espécies animais e vegetais.

Atualmente já é possível perceber o efeito impactante da atividade humana dentro

do Parque em função das atividades recreacionais e em áreas circunvizinhas

devido ao extenso desmatamento, a intensa produção de carvão vegetal e o

cultivo de eucalipto.

O Lago Dom Helvécio é o lago mais procurado pelo público para a

realização das atividades de lazer e recreação por oferecer uma completa infra-

estrutura constituída por área de camping, restaurante, base para pescaria,

prestação de serviços para passeios de barco, além da área de praia destinada

ao banho dos turistas. As Lagoas Carioca e Gambazinho localizam-se dentro dos

limites do PERD e são de acesso restrito aos visitantes, sendo permitido somente

a visitação por pesquisadores e funcionários do Parque. Apesar da proibição, as

práticas ilegais de pescaria e acampamento vêm acontecendo com freqüência

nessas lagoas, colocando em risco a perfeita estabilidade desses dois

ecossistemas ainda tão preservados. A Lagoa Jacaré encontra-se localizada no

entorno do Parque, numa área onde há uma grande predominância de plantações

de eucalipto. As instalações às margens da Lagoa Jacaré são extremamente

inadequadas, não oferecem qualquer infra-estrutura para recreação,

acampamento e a prática de pescaria, sendo possível detectar em alguns pontos

da lagoa o escoamento de esgoto para dentro do corpo d’água.

Considerando que a utilização de reservas ecológicas para fins

recreacionais pode muitas vezes ser feita de maneira inadequada,

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comprometendo a qualidade da água a ser utilizada pelos turistas, a identificação

dos tipos patogênicos de E. coli irá possibilitar uma avaliação da diversidade

ecológica e o grau de virulência desses microrganismos que circulam nas lagoas

do Parque Estadual do Rio Doce. É importante ressaltar que uma série de

doenças podem ser veiculadas pela água, tais como: gastroenterites, hepatites,

poliomielite, doenças parasitárias e fúngicas. Escherichia coli diarreogênica é o

grupo de bactérias mais comumemente detectado nos estudos em países em

desenvolvimento, causando cerca de 30 a 40% de episódios de diarréia aguda

em crianças (O`RYAN et al., 2005)

Alta prioridade científica e política é dada à conservação da Floresta

Atlântica, reconhecida como um dos biomas mais diversos e ameaçados do

mundo (MYERS et al., 2000), principalmente devido ao desmatamento, atividades

de mineração, siderurgia, poluição (esgoto não tratado) e introdução de espécies

exóticas. Ainda assim, estudos detelhados dos ecossistemas aquáticos inseridos

neste bioma são raros (BARBOSA, 1994). As águas naturais possuem um valor

inestimável para indicar as condições ambientais de um determinado

ecossistema. A avaliação dos recursos hídricos, bem como o gerenciamento e

planejamento ambiental, não pode ser realizada sem este tipo de estudo

(PIMENTEL, 2001).

Este trabalho visa estabelecer parâmetros que possam ser utilizados em

estudos futuros, permitindo embasar, com dados microbiológicos, as condições

ambientas do Parque Estadual do Rio Doce, promovendo critérios para o controle

e monitoramento da degradação ambiental que afeta em todos os níveis a fauna,

a flora e a qualidade de vida do ser humano.

Este projeto está inserido no Programa integrado de ecologia (PIE), sub-

programa: pesquisas ecológicas de longa duração (PELD), intitulado Dinâmica

Biológica e a conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica do Médio Rio

Doce-MG. A duração do projeto é de 10 anos (1999-2008), tendo como objetivo

geral o desenvolvimento de estudos ecológicos de longa duração voltados ao

inventário e propostas de conservação da biodiversidade de grupos de

organismos aquáticos e terrestres, considerando-se ainda os processos

ecológicos responsáveis pela manutenção desta biodiversidade.

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2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

_________________________________________________________________ 2.1 - Contaminação microbiológica de corpos d´água naturais e os

potenciais riscos à saúde humana.

Os ambientes aquáticos são utilizados em todo o mundo com distintas

finalidades, entre as quais se destacam o abastecimento de água, a geração de

energia, a irrigação, a navegação, a aquicultura, recreação e a harmonia

paisagística (LOPEZ-PIILA et al., 2000; MORAES & JORDÃO, 2002; LEBARON

et al., 2005). O interesse mundial na qualidade da água a ser utilizada pela

população está na associação entre água contaminada e a transmissão de

doenças infecciosas (MUSA et al., 1999). Cada um dos usos da água requer

características qualitativas diferentes, isto é, as exigências quanto ao grau de

pureza variam com o emprego que será feito da água (BRANDÃO, 2001). Os

padrões bacteriológicos de qualidade da água são baseados especificamente na

proteção do consumidor, evitando então as doenças de veiculação hídrica

(NOGUEIRA et al., 2003).

Os agentes patogênicos podem entrar em corpos d´água utilizados para

recreação através de descargas de esgoto “in natura” ou inadequadamente

tratados, águas de arraste das chuvas em regiões urbanas ou rurais, dejetos de

animais domésticos ou silvestres e, possivelmente, por meio dos próprios

indivíduos que utilizam estas águas para recreação, aumentando o risco de

transmissão de doenças para os banhistas (PAUL et al., 1995; WIGGINS, 1996;

DOMBECK et al., 2000). Segundo ALM et al. (2003), a contaminação fecal em

águas destinadas ao banho pode ser arriscada para os usuários, pois as fezes

podem conter bactérias, vírus e protozoários que podem ser ingeridos e causar

doença intestinal. Além disso, esses autores relatam que a agitação da água em

conseqüência das atividades recreacionais também pode ressuspender bactérias

do sedimento, apresentando um risco para as pessoas que se divertem no local

de banho. Assim, quanto maior a contaminação, maior a probabilidade da água

conter microrganismos patogênicos de origem entérica, tais como Salmonella

spp., Shigella spp., vírus da hepatite A, vírus Norwalk causadores de doenças

como gastroenterites, hepatite A, poliomielite, dentre outras (GREENBERG et al.,

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1992; DOMBECK et al., 2000). De 1999 a 2000, 59 surtos de doenças nos

Estados Unidos foram atribuídos a exposição das pessoas em águas

recreacionais, e 61% desses surtos foram de gastroenterites (ALM et al., 2003).

2.2- Grupo Coliforme como Indicador de Qualidade de Água

A quantificação bacteriana em corpos d´água é de grande interesse para

saúde pública, uma vez que a detecção de altos níveis bacterianos estão

frequentemente associados com elevados níveis de patógenos entéricos (USEPA,

1996). Segundo ASHBOLT (2004), os microrganismos patogênicos, causadores

de doenças transmitidas pela água, são predominantemente de origem fecal,

sendo conhecidos como patógenos entéricos. ROMPRÉ et al. (2002) relatam que

enteropatógenos tais como a E.coli O157:H7 geralmente aparecem em

concentrações muito baixas em águas ambientais quando comparada à

diversificada microbiota existente. Em decorrência do fato de que os

microrganismos patogênicos usualmente aparecem de forma intermitente e em

baixo número na água, pode-se pesquisar outros grupos de microrganismos que

coexistem com os patogênicos nas fezes (AMARAL et al. , 1994). SHIBATA et al.

(2004), afirmam que os microrganismos tipicamente utilizados como indicadores

são aqueles encontrados em elevadas concentrações nas fezes humanas. Os

coliformes fecais, um subgrupo dos coliformes totais representados

principalmente pela espécie Escherichia coli, têm sido extensivamente utilizados

no monitoramento da qualidade de águas e são considerados os mais específicos

indicadores de qualidade de águas destinadas a potabilidade e balneabilidade

(LÓPEZ-PILA & SZEWZYK, 2000; YOUN-JOO AN et al., 2002; ALM et al., 2003;

NOGUEIRA et al., 2003; LEBARON et al., 2005). A qualidade bacteriológica de

águas recreacionais é avaliada pelos mesmos indicadores recomendados para

águas destinadas ao consumo humano, isto é, coliformes totais e coliformes

fecais (YOSHPE-PURER et al.,1987).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no uso das

competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981,

considerando que há a necessidade de serem criados instrumentos para avaliar a

qualidade das águas, em relação aos níveis estabelecidos para a balneabilidade,

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de forma que se assegurem as condições necessárias à recreação de contato

primário, subdividiu as águas nas seguintes categorias:

Categoria

Limite de Coliforme

Fecal (NMP/100mL)

Limite de E.coli

(NMP/100mL)

Limite de Enterococos

(NMP/100mL)

Própria

Excelente 250 200 25

Muito Boa 500 400 50

Satisfatória 1000 800 100

Imprópria > 2.500 > 2.000 >400

O grupo coliforme é constituído por bactérias pertencentes aos gêneros

Citrobacter, Escherichia, Enterobacter e Klebsiella (NOGUEIRA et al., 2003) São

bacilos aeróbios ou anaeróbios facultativos, Gram negativas e não formadores de

esporos, oxidase-negativos, fermentam a lactose com produção de ácido, gás a

35,0 + 0.5ºC em 24-48 horas, e que podem apresentar atividade da enzima β-

galactosidase (APHA,1998). Os coliformes fecais, mais especificamente a E. coli,

fazem parte da microbiota intestinal do homem e outros animais de sangue

quente, estes microrganismos quando presentes na água indicam a presença de

contaminação fecal recente, e consequentemente, a presença de patógenos

entéricos (YOUN-JOO AN et al., 2002; LEBARON et al., 2005). Nos últimos anos

as características que fazem da E. coli o melhor indicador de contaminação fecal

têm sido questionadas. Vários estudos têm demonstrado que a E. coli tem

capacidade de persistir e se multiplicar num ambiente externo ao corpo do

hospedeiro e, na ausência de contaminação fecal (FUJIOKA et al., 1999; SOLO-

GABRIELLE et al., 2000; GORDON, 2001; POWER et al., 2005). De 2002 a 2004,

POWER et al. (2005) monitoraram freqüentes episódios de florescência e,

detectaram altíssimas concentrações de E. coli nos Lagos Burragorang e Burley

Griffin localizados na cidade de Sidney, Austrália. Esses corpos d´água são

utilizados para o abastecimento público e atividade recreacional respectivamente

e, não recebem aporte de esgoto fecal. Os resultados desse estudo sugerem que

algumas cepas de E. coli desenvolveram um estilo de vida livre que não requer a

Tabela 1 - Padrões de Balneabilidade determinados pelo CONAMA (Resolução nº 274, de 29 de

novembro de 2000) - Limites de Coliformes Fecais /100 mL por categoria.

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condição de um hospedeiro para sobreviver. Para os autores a presença da

cápsula em linhagens de E. coli isoladas de episódios de florescência pode

aumentar consideravelmente o tempo de sobrevivência desses microrganismos

no ambiente externo, pois a cápsula desempenha importantes funções, tais como:

barreira física protetora contra a dessecação, contra a radiação ultravioleta e

predação; intensifica a formação de biofilmes e ameniza a pressão ambiental pela

absorção de íons e aumento do potencial redutor (WEINER et al., 1995). Apesar

da E.coli ser um habitante comensal do trato intestinal de mamíferos, linhagens

diferentes de E.coli têm preferência por diferentes nichos ecológicos, podem

também ser encontrados em outros locais, oriundos de vegetais e do solo

(RIVERA et al., 1988; FUJIOKA et al., 1999; GORDON & COWLING, 2003).

RIVERA et al. (1988) isolaram E. coli de águas naturais preservadas de

contaminação fecal como águas acumuladas em bromélias e águas de chuvas

em florestas tropicais. Neste estudo, os autores supõem que em algum momento

essas bactérias tiveram origem fecal e que, ao longo da evolução desenvolveram

mecanismos para sobreviver indefinidamente em ambientes tropicais como parte

da microbiota normal de alguns vegetais ou, que a E. coli sempre fez parte da

microbiota natural de áreas tropicais. RIVERA et al. (1988) afirmam que a

ocorrência natural de coliformes fecais em águas não poluídas nega a validade do

uso deste grupo de bactérias como indicador de contaminação fecal recente.

Esses autores acreditam que é preciso reavaliar o uso dessa bactéria como

indicadora de contaminação fecal, isto não significa que os tradicionais padrões

bacteriológicos para análise de água devem ser abandonados, mas deve-se

considerar que estas bactérias são de fato capazes de sobreviver e proliferar em

outras condições além daquelas do trato intestinal de animais de sangue quente.

Apesar dessas divergências conceituais, para HIGUTE et al. (1998), a

utilização das bactérias do grupo coliforme têm demonstrado eficiência no

monitoramento de águas doces em relação à presença de contaminação fecal.

BORGES et al (2003) em estudos realizados ao longo da Bacia do Arroio Feijó

localizada em Porto Alegre – RS, detectaram concentrações de E.coli de 26 a

2400 NMP/ 100 ml em amostras de águas coletadas, sendo que estes níveis

encontram-se bem acima do limite de 1000 NMP 100 ml–1 estipulado pelo

CONAMA para balneabilidade. Os resultados deste estudo demonstraram que a

diversidade genética encontrada entre os isolados de E. coli é conseqüência de

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fatores ambientais tais como: despejo de esgoto fecal na área de estudo,

presença de animais domésticos e de criação rural no entorno e, assoreamento

do corpo d´água.

2.3 - Escherichia coli

Escherichia coli é um habitante normal da microbiota intestinal de humanos

e outros animais de sangue quente (YOUN-JOO AN et al., 2002). A espécie foi

descrita pela primeira vez em 1885 por Theodor Escherich, um pediatra Alemão,

que mencionou a alta prevalência dessa bactéria na microbiota normal de

indivíduos saudáveis, bem como o seu alto potencial de causar doenças quando

presente em sítios intestinais e extraintestinais (ROBINS-BROWNE et al., 2002).

Segundo KUHNERT et al. (2000), existe uma grande diversidade de linhagens de

E. coli comensal pertencentes a diferentes sorotipos e, que podem ser isoladas

das fezes de indivíduos saudáveis. Estas linhagens são eliminadas maciçamente

no ambiente e podem contaminar os alimentos, a superfícies de corpos d`água e

os sedimentos, geralmente sem causar nenhum efeito adverso a saúde humana.

A cepa E. coli K-12, por exemplo, é uma variante dentro da espécie e, é

considerada um habitante normal da microbiota intestinal de humanos e animais.

Os referidos autores relatam que mais de 20% da informação genética

encontrada na maioria das linhagens patogênicas de E. coli não estão presentes

em E. coli K-12 que é um sorotipo não patogênico. MUHLDORFER et al. (1996)

demonstram em seus estudos que nenhum gene de virulência foi detectado em

linhagens de E. coli K-12 isoladas das fezes de indivíduos saudáveis. De acordo

com BLUM et al. (1996), a maioria das linhagens de E. coli K-12 apresentam uma

mutação dentro do agrupamento de genes rfb que afeta a organização do

antígeno -O e então essas linhagens representam um sorotipo não patogênico.

Laboratórios de pesquisa em todo o mundo utilizam extensivamente derivados

dessa linhagem em experimentos científicos, que têm contribuído

significativamente para esclarecer os mecanismos elementares da biologia

molecular e das bases genéticas da vida (BLUM et al., 1996; KUHNERT et al.,

2000).

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A E. coli comensal da microbiota intestinal é considerada inofensiva para o

hospedeiro e é um patógeno oportunista. Segundo BERG (1996), a microbiota

normal associada ao trato digestivo é responsável por três funções importantes

para a saúde do hospedeiro. Essas funções são as seguintes: resistência à

colonização devido a inibição da multiplicação de microrganismos exógenos;

imunomodulação que permite uma resposta imune mais rápida e adequada

durante uma agressão infecciosa; e contribuição nutricional que fornece

vitaminas, substratos energéticos e reguladores na forma de ácidos graxos

voláteis. Somente em algumas raras circunstâncias as linhagens de E. coli

comensal podem tornar-se uma ameaça para o indivíduo saudável (KUHNERT et

al, 2000). Para SANTOS et al. (2003), os microrganismos da microbiota intestinal

indígena podem causar doença e tornar uma ameaça para o indivíduo quando

ocorre um eventual desequilíbrio do ecossistema digestivo ou quando estes

microrganismos alcançam sítios estéreis do corpo. Este desequilíbrio pode ser

devido a uma imunossupressão do indivíduo ou terapias com antimicrobianos.

Pacientes com o sistema imune debilitado são incapazes de conter os

microrganismos comensais no seu habitat natural após o rompimento da barreira

natural entre o intestino e outros sítios estéreis do corpo (KUHNERT et al., 2000).

Segundo FINLAY & FALKOW (1997) as linhagens patogênicas de E.coli podem

ser derivadas de cepas comensais pela aquisição de operons de virulência.

Desse modo, E. coli comensal entérica pode ser considerada um potencial

reservatório natural para o surgimento de cepas patogênicas.

2.4 - Fatores de virulência em Escherichia coli

As linhagens patogênicas de E. coli, causadoras de infecções intestinais ou

extraintestinais, abrigam numerosos fatores de virulência localizados em

cromossomos, plasmídeos ou DNAs de bacteriófagos. A patogenicidade das

cepas de E. coli está relacionada ao impacto cumulativo de um ou vários fatores

de virulência, os quais servem para diferenciar cepas patogênicas de não

patogênicas (JOHNSON, 1991). De acordo com NATARO & KAPER (1998) várias

grupos patogênicos distintos de E. coli diarreiogênicas são reconhecidos, sendo

cada grupo definido por um conjunto de determinantes associados a virulência

que agem adequadamente para determinar os aspectos clínicos, patológicos e

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epidemiológicos da doença que eles causam. KUHNERT et al. (2000) citam que a

maioria dos genes encontrados em E. coli patogênica codificam vários fatores que

determinam a virulência e o sorogrupo da linhagem. Segundo ROBINS-BROWNE

et al. (2002), os grupos de E. coli representam uma família de clones onde parte

do código genético desses microrganismos abrigam regiões contendo seqüências

gênicas determinantes para a virulência da cepa, as quais foram adquiridas por

transferência horizontal de genes de E. coli e outras espécies bacterianas. BRITO

et al. (2004) relatam que as características de virulência das linhagens

patogênicas de E. coli podem ser transferidas de cepas patogênicas para não

patogênicas através de plasmídios.

Para ROBINS-BROWNE et al. (2002), a patogenicidade de E. coli é um

complexo mecanismo multi-fatorial envolvendo um grande número de fatores de

virulência os quais variam de acordo com a classificação dos grupos dentro da

espécie. A esse respeito ROBINS-BROWNE et al. (2002) ainda relatam que, os

determinantes de virulência de cada grupo de E. coli são diferentes, entretanto

eles podem ser categorizados como: “fatores de colonização” que favorecem a

íntima ligação da bactéria à mucosa intestinal e impede a remoção da mesma

pelo peristaltismo, e a “liberação de toxinas”, as quais interferem nos processos

fisiológicos normais da célula hospedeira. KUHNERT et al. (2000) definiram os

mecanismos de virulência em E. coli como: fatores capazes de modificar a

superfície celular, fatores com função de fixação à célula hospedeira, toxinas,

invasinas, sistemas de secreção que exportam proteínas, dentre outros.

As investigações sobre fatores de virulência em E. coli têm revelado

interessantes informações a respeito da evolução e surgimento de novas

linhagens patogênicas. Acredita-se, atualmente, que o surgimento dos vários tipos

patogênicos de E. coli seja um processo evolutivo à partir de cepas comensais.

Embora E. coli seja encontrada no ambiente e ocorra no intestino animal, a

transferência de genes entre as cepas tem permitido a transição de tipos

comensais para patogênicos (FINLAY & FALKOW, 1997). Além desse processo,

a instabilidade genética também tem sido apontada como mecanismo explicativo,

uma vez que o rearranjo genético espontâneo seja freqüentemente demonstrado.

O detalhamento desse mecanismo embora não totalmente elucidado, parece ser

um processo importante considerando a tendência natural dos organismos de se

ajustarem ao nicho ecológico onde se encontram (CLARKE, 2001). Por exemplo,

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uma comparação entre a seqüência genômica da linhagem não patogênica da

E.coli K-12 e EHEC O157:H7 revelou que essas bactérias apresentam em comum

uma determinada seqüência de DNA, que contém numerosos genes que foram

adquiridos ao longo da evolução pela integração de plasmídeos, transposons e

bacteriófagos.

A técnica de PCR tem se mostrado uma ferramenta indispensável para a

identificação de genes de virulência em isolados bacterianos, uma vez que

oferece a possibilidade de rápido diagnóstico nos casos específicos de infecções

por E. coli (PASS et al., 2000). Os resultados dos estudos de MUHLDORFER et

al. (1996) revelaram que 63,4% das linhagens de E. coli isoladas das fezes de

indivíduos saudáveis e 41% das linhagens isoladas de água apresentaram genes

de virulência específicos para E. coli causadora de infecções extraintestinais. Por

outro lado, nenhum gene de virulência específico para E. coli enteropatogênica foi

detectado entre os isolados de água e, 4,5% das linhagens isoladas das fezes

carreavam simultaneamente genes de virulência intestinal e extraintestinal.

Segundo MALDONADO et al. (2005), a presença de linhagens patogênicas de E.

coli no ambiente pode ser uma fonte potencial para a contaminação de alimentos

e águas de abastecimento.

2.5 - Escherichia coli enteropatogênicas e as Gastroenterites

A doença diarréica continua sendo uma das principais causas da alta

morbidade e mortalidade entre crianças e adultos em todo o mundo e, a água,

permanece como a principal rota de transmissão de patógenos entéricos em

países subdesenvolvidos. Dados de 1980 sugerem que a freqüência de diarréias

na infância permaneceu relativamente constante, mas houve um declínio

significativo no número de mortes associadas a essa doença (PRASHAR et al.,

2003 ). Estimativas indicam que em 1990 ocorreram aproximadamente 1,4 bilhões

de episódios de diarréia entre as crianças menores de 5 anos de idade que vivem

em países subdesenvolvidos. Aproximadamente 2 a 2,5 milhões de mortes

associadas à diarréia foram estimadas anualmente dentro dessa faixa etária, a

grande maioria dos casos de mortes concentradas em áreas empobrecidas do

mundo (RYAN et al., 2005; KOSEK et al., 2003). RYAN et al. (2005) relatam que

as crianças que vivem em regiões sócio-economicamente pobres estão mais

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11

susceptíveis a freqüentes episódios de diarréia, freqüentes quadros de

desidratação, e o índice de morte é muito mais elevado quando comparadas

àquelas que vivem em áreas desenvolvidas. Estes eventos são um reflexo de

numerosas condições típicas do quadro de pobreza em que vivem a maioria das

pessoas em regiões subdesenvolvidas, e que incluem: deficiência em infra-

estrutura como rede de esgoto e água tratada, constante aglomeração e

exposição de animais junto a população e no peridomicílio, falta de padrões de

higiene pessoal e para o manuseio de alimentos, dificuldades de acesso a

serviços médicos e baixo nível educacional da população. Segundo PRASHAR et

al. (2003), 85% das mortes por diarréia ocorrem nos países menos privilegiados

do mundo que estão localizados principalmente nos continentes da Ásia, África,

Índia e América Latina. Os estudos demonstram que em países de baixa renda a

diarréia representa 21% do total de mortes em crianças menores de cinco anos

de idade, já nos países desenvolvidos essa porcentagem representa pouco mais

de 1% das mortes (O`RYAN et al., 2005)

Segundo JOSÉ & BOBADILLA (1994), as gastroenterites causadas por E. coli

enteropatogênica (EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), Shigella sp., Vibrio

cholerae e rotavírus têm sido as principais causas da alta morbidade e

mortalidade infantil em quase todos os países do mundo e estão frequentemente

associadas com precárias condições sanitárias e casos de crianças subnutridas.

Entre os enteropatógenos bacterianos, a E. coli tem sido considerada o principal

agente etiológico de doença diarrêica para humanos. De acordo com pesquisa

realizada na cidade do Rio de Janeiro envolvendo 253 crianças maiores de três

anos de idade constatou-se que linhagens de E. coli diarreiogênica foram

encontradas em 70 (27,6%) crianças, incluíndo 54 crianças (27,1%) com diarréia

e 16 crianças (29,6%) sem diarréia (REGUA–MANGIA et al., 2004). Para

BENICIO et al. (2000), a doença diarréica em crianças é um dos maiores

problemas de saúde pública enfrentados pelos países em desenvolvimento,

constituindo, nessas sociedades, uma das principais causas de mortalidade

precoce, um determinante crucial do retardo do crescimento na infância e uma

das razões mais freqüentes para procura de serviços de saúde.

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2.6 - Principais subgrupos de E. coli diarreiogênicas

As linhagens diarreiogênicas de E. coli são classificadas em seis categorias de

acordo com as características de patogenicidade: E. coli enteropatogênica

(EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enterohemorrágica ou Produtora

de Toxina Shiga (EHEC/STEC), E. coli enteroinvasora (EIEC), E. coli

enteroagregativa (EAEC), E. coli difusamente aderente (DAEC) (KAPER et al.,

2004). YATSUYANAGI et al. (2003) fizeram a caracterização genética de cepas

de E. coli associadas a um surto de diarréia transmitido pela água, e que

envolveram estudantes na faixa etária de 12 a 15 anos. Dos 75 estudantes

investigados, 41 apresentaram os sintomas clínicos da doença e, a análise

genética das amostras de E. coli isoladas, revelaram a presença de genes

específicos e essenciais para a caracterização de E. coli enteropatogênica

(EPEC) e E. coli enteroagregativa (EAEC), por outro lado nenhum gene para

E.coli enterohemorrágica (EHEC) foi detectado.

2.6.1 - Escherichia coli enteropatogênica (EPEC)

KOBAYASHI et al. (2000), CLARKE (2001) relatam que o subgrupo de E.

enteropatogênica (EPEC) são linhagens de E. coli diarreiogênicas historicamente

associadas a surtos de diarréia infantil principalmente em países

subdesenvolvidos. Segundo NATARO & KAPER (1998) esse patógeno atinge

principalmente crianças menores de dois anos de idade e os sintomas são

bastante severos. As crianças contaminadas apresentam diarréia aquosa

persistente, febre e vômitos. Para TRABULSI et al. (2002), EPEC pertence a um

limitado número de sorotipos, sendo que cerca de 80% das amostras isoladas das

fezes de crianças pertencem aos sorotipos O55:H6, O86:H34, O111:H2,

O119:H6, O127:H6, O142:H6 e O142:H34. A maioria desses sorotipos

corresponde a clones geneticamente próximos quando estudados por métodos

moleculares. VILJANEN et al. (1990) afirmam que embora as infecções por EPEC

sejam predominantes em crianças, a bactéria também pode causar diarréia em

adultos quando houver ingestão de grande quantidade do inóculo, cerca de 108 a

1010 ufc.

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De acordo com NATARO & KAPER (1998), a EPEC tem como principal

reservatório o homem, raramente são encontradas em animais, e quando

presentes, os sorotipos identificados não correspondem aqueles de humanos.

Assim como outras E. coli diarreiogênicas a transmissão da EPEC é fecal-oral.

KUHRNERT et al. (2000) relatam que usualmente a bactéria é transmitida pela

água, alimentos contaminados e colonizam o intestino delgado. As bactérias

aderem firmemente às vilosidades das células epiteliais intestinal e causam uma

lesão típica, denominada lesão “attaching/effacing” ou lesão A/E. O principal

aspecto dessa lesão é o desarranjo do citoesqueleto e acúmulo de actina

polimerizada logo abaixo do local de adesão, incluindo destruição da borda das

vilosidades e a formação de uma estrutura do tipo pedestal no topo da vilosidade,

onde a bactéria se liga e permanece em íntimo contato com as células (KAPER et

al., 2004). EPEC usualmente não invade a mucosa intestinal e não produz toxinas

(TRABULSI et al., 2002). Segundo ZHANG et al. (2002), genes codificados por

cromossomos e plasmídeos são necessários para formação da lesão A/E. Os

principais fatores de virulência das EPEC típicas incluem a fímbria BFP (“ bundle-

forming pili ”); uma proteína chamada intimina; um aparelho de secreção do tipo III

e várias proteínas secretadas. O gene eae que codifica a proteína intimina e o

gene esp que codifica a secreção de proteínas envolvidas na sinalização celular

encontram-se localizados em ilhas de patogenicidade, denominada região LEE

(“Locus of Enterocyte Effacement”). Um grande plasmídio denominado EAF

(“EPEC Adherence Factor”) abriga o agrupamento de genes bfp (“ bundle-forming

pili”) e regula a expressão de eae. BFP é um tipo de fímbria responsável pela

ligação da EPEC nas células epiteliais e formação de microcolônias, um processo

denominado de aderência localizada (LA) (NATARO & KAPER, 1998;

KOBAYASHI et al., 2000; ROBINS-BROWNE & HARTLAND, 2002; TRABULSI et

al., 2002; ZHANG, et al., 2002; CLARKE et al., 2003; KAPER et al., 2004).

Para VIDOTTO et al. (2000), diagnósticos de infecções por EPEC

realizados por meio de métodos convencionais, tais como, os testes sorológicos

são restritos quanto a sensibilidade e especificidade. Entretanto a utilização de

técnicas moleculares como análise de seqüências de DNA e a PCR (“Reação em

Cadeia da Polimerase”), são considerados métodos de alta especificidade,

portanto necessários para uma adequada caracterização de linhagens de EPEC

associadas a episódios de diarréia em diferentes regiões. De acordo com

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KOBAYASHI et al. (2000), no Brasil a diarréia ainda é um importante problema de

saúde pública e em várias partes do país linhagens de EPEC tem sido isoladas de

crianças com baixo nível sócio-econômico durante episódios de diarréia. Os

referidos autores KOBAYASHI et al. (2000) verificaram em estudos realizados no

Hospital Universitário de Londrina-PR, que dentre as 442 amostras de E. coli

isoladas de crianças menores de dois anos de idade e com diarréia, 18,6% dos

isolados apresentaram um ou mais fatores de virulência característicos para

EPEC.

2.6.2 - Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC)

Para WOLF (1997), a E. coli enterotoxigênica (ETEC) é uma causa comum

de diarréia infecciosa especialmente em países de climas tropicais onde água

tratada e de boa qualidade não encontra-se totalmente disponível para população.

REGUA-MANGIA et al. (2004) afirmam que essas bactérias estão associados à

precárias condições de higiene e de saneamento básico e são, de maior

importância em países subdesenvolvidos. De acordo com GAASTRA &

SVENNERHOLM (1996) e KUHRNERT et al. (2000), a E. coli enterotoxigênica é a

causa mais comum de diarréia em crianças nos países subdesenvolvidos e em

viajantes dessas áreas. A doença no adulto é conhecida como diarréia do viajante

e é usualmente uma doença aguda com sintomas consistindo de fezes líquidas,

náusea, vômito e cólicas abdominais (KAPER et al., 2004). Como a maioria dos

agentes enteropatogênicos, as ETEC são de transmissão fecal-oral. Os casos de

infecções provavelmente ocorrem devido a ingestão de água ou alimentos

contaminados com a bactéria (KUHRNERT et al., 2000). WOLF (1997) cita que

em relação ao número de casos da doença e quanto a severidade dos sintomas,

a infecção atinge principalmente crianças e recém-nascidos. Um outro importante

grupo de risco envolve os viajantes que entraram em contato com a bactéria em

regiões subdesenvolvidas, mas a mortalidade não é um problema eminente

dentro desse grupo.

VICENTE et al. (2005) relatam que de janeiro a março de 1998, surtos

severos causados por ETEC foram notificados em duas pequenas vilas

localizadas ao longo do rio Solimões – Amazonas. Na colônia da Vila Juruá, a

diarréia aguda acarretou a morte de quatro crianças na faixa etária de 2 a 12

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meses de vida e a morte de um adulto de 24 anos. Na outra vila afetada, Vila

Envira, formada por uma comunidade de seringueiros, pelo menos 11 adultos

foram hospitalizados e uma morte foi constatada. ADHIKARI et al. (1985) e

DANIELS et al. (2000) afirmam que a E. coli enterotoxigênica (ETEC) não é um

patógeno comum em países desenvolvidos embora tenha sido identificada

durante surtos de gastroenterite infantil em hospitais dessas regiões e também

em outros episódios de surtos envolvendo a contaminação de água e alimentos.

Segundo ROSENBERG et al. (1977), um dos maiores surtos causados por ETEC

nos Estados Unidos ocorreu dentro de um parque nacional e envolveu mais de

2000 pessoas que utilizaram a água de um lago recreacional.

Segundo WOLF (1997), a diarréia causada por ETEC é muito semelhante à

cólera, ambas resultam da ingestão de grande quantidade do inóculo da bactéria

que então coloniza o intestino delgado e passa a produzir toxinas que causam a

secreção de líquido para dentro da luz intestinal.

Para VICENTE et al. (2005), a virulência das linhagens de ETEC é devido a

habilidade da bactéria de produzir enterotoxinas e expressar adesinas de

superfície que permitem a colonização das células do epitélio intestinal. Os

principais fatores de virulência das ETEC são as enterotoxinas LT e ST e as

adesinas (ECHEVERRIA et al., 1993). Dois diferentes grupos de enterotoxinas

são produzidas por ETEC, as toxinas termo lábeis (LT-I e LT-II) codificadas pelos

genes eltI e eltII, respectivamente, e as toxinas termoestáveis (STa e STb)

codificadas pelos genes stIA e stIB (KAPER et al., 2004). Os genes que codificam

as enterotoxinas LT e ST de ETEC estão localizados em plasmídeos

(ECHEVERRIA et al.,1993). A LT-I é antigenicamente semelhante a toxina

produzida pelo V. cholerae, sendo que as seqüências de aminoácidos de ambas

apresentam aproximadamente 80% de homologia, e tem o mesmo modo de ação

(CLARKE, 2001; WOLF, 1997). As toxinas LT-I e STa são produzidas por cepas

de E. coli isoladas de seres humanos, já as toxinas LT-II e STb são produzidas

por cepas de E. coli isoladas de animais, mas atualmente já existem relatos do

isolamento de cepas E. coli produtoras destas toxinas em seres humanos

(TRABULSI et al., 2002; KAPER, et al., 2004).

Segundo WOLF (1997), além das enterotoxinas, três outros fatores de

virulência são investigados para identificar e caracterizar linhagens de ETEC:

sorogrupo O, sorogrupo H, e o fator antigênico de colonização (CFAs). Tais

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investigações são baseadas em lipopolissacarídeos, flagelos e adesinas fimbrais,

respectivamente. Esses fatores são importantes uma vez que todos estão

expostos na superfície celular da bactéria e atualmente são considerados

antígenos promissores a serem testados para síntese de vacinas contra ETEC.

2.6.3 - Escherichia coli enterohemorrágica (EHEC)

Dentre os isolados de E. coli enterohemorrágica (EHEC), aqueles

pertencentes ao sorogrupo O157 são os mais importantes em termos de

episódios de doença humana (BOLTON 1998; PATON & PATON, 1998).

Segundo CLARKE (2001), o principal componente de virulência desse grupo é a

produção de uma toxina que tem atividade citotóxica sobre células Vero e, é

denominada Verotoxina (VT), essa toxina também é reconhecida como toxina

Shiga (Stx) ou toxina “Shiga-like" (SLT), devido sua similaridade com a toxina

produzida pela Shigella dysenteriae. A toxina Shiga foi primeiramente identificada

em S. dysenteriae. Essa proteína é codificada por um gene cromossomal que

pode ser facilmente transferido para linhagens de E. coli por intermédio de

bacteriófagos (ROBINS-BROWNE & HARTLAND, 2002). Dois principais grupos

antigênicos distintos da toxina ocorrem e são identificados como Stx1 que é

similar a toxina tipo I de S. dysenteriae, e a Stx2 que apresenta 11 variantes

distintas (PATON & PATON, 1998; GARCIA –ALJARO et al., 2005). Portanto, o

subgrupo da espécie que comumente é denominado E. coli enterohemorrágica

(EHEC), é também nomeado de E.coli produtora de toxina Shiga (STEC) ou E.

coli verocitotoxigênica (VETEC) (CAPRIOLI et al, 2005; GARCIA–ALJARO et al.,

2005).

No início da década de 80, a E. coli enterohemorrágica (EHEC) sorotipo O157:

H7 emergiu como patógeno humano após o relato da ocorrência de dois surtos

provocados por essa bactéria nos Estados Unidos (RILEY et al., 1983). Desde

então, novos surtos em várias partes do mundo são notificados, incluindo,

América do Norte, Europa Ocidental, Austrália e Ásia (COWDEN et al., 2001;

ELLIOT et al., 1995; YAMAMOTO et al., 2001).

As EHEC são encontradas nas fezes da maioria dos animais domésticos, mas

em termos de infecção humana o reservatório mais importante é o gado bovino

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aparentemente saudável (CLARKE, 2001; TRABULSI et al., 2002). KARCH et al.

(1999) citam que a E. coli O157:H7 também já foi isolada de cães, cavalos,

carneiros e gaivotas. A transmissão da bactéria pode ocorrer pela ingestão de

alimentos contaminados, tais como, carnes, leite não pasteurizado, água, pelo

contato pessoal, ou transmitida por animais (CLARKE, 2001). A causa mais

comum de infecção tem sido a ingestão de carnes mal passadas principalmente

de origem bovina. Nos últimos anos vem aumentando o envolvimento de outros

veículos de transmissão, entre eles águas de recreação e da rede pública,

vegetais, frutas e sucos fermentados (TRABULSI et al., 2002; ALFREDO et al.,

2005).

As infecções humanas por EHEC estão associadas a uma variedade de

síndromes clínicas, incluindo diarréia com presença de sangue, colite

hemorrágica e síndrome urêmica hemolítica (SUH) que é caracterizada por

falência renal aguda, anemia hemolítica e trombocitopenia (MULLER et al., 2001;

CLARKE, 2001). Os dados revelam que 2% a 7% dos indivíduos infectados

normalmente desenvolvem a síndrome urêmica hemolítica que é mais comum em

crianças (CLARKE, 2001). Uma característica fenotípica bem descrita do

sorogrupo O157: H7 é sua incapacidade para fermentar sorbitol. O crescimento

de colônias não fermentadoras de sorbitol em ágar MacConkey Sorbitol pode ser

uma indicação presuntiva de E. coli O157: H7, principalmente quando as culturas

originarem de fezes com presença de sangue (MARCH & RATNAM, 1986;

OJEDA et al., 1995). Ágar seletivos baseados na incapacidade de E. coli O157:

H7 fermentar sorbitol ou ramnose tem sido usado para isolar essa linhagem de

uma variedade de amostras pelo método de cultura direta (MARCH & RATNAM,

1986; CHAPMAN et al., 1991).

De acordo com NATARO & KAPER (1998), a dose infecciosa é bastante

baixa, menos de 100 microrganismos é suficiente para causar a doença conforme

relatado nas investigações em episódios de surtos. Surtos envolvendo a

transmissão de E. coli O157:H7 por meio de águas recreacionais, águas de poços

e águas oriundas de sistemas de abastecimento têm sido relatados (KEENE et

al., 1994; SWERDLOW et al., 1992). A habilidade desses microrganismos de

causar doença, sendo a água o principal veículo de transmissão, foi demonstrado

em dois grandes surtos, onde em um deles à população consumiu água de

abastecimento inadequadamente tratada (SWERDLOW et al., 1992), e no outro

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as pessoas infectadas nadaram em águas de um lago contaminado (KEENE et

al., 1994). Segundo HRUDEY et al. (2003), um dos grandes surtos de E. coli

O157:H7 transmitidos pela água ocorreu em Walkerton, Ontário – Canadá, onde

1.346 casos de gastroenterites foram notificados e 167 casos foram confirmados

para infecção por E. coli O157:H7. GRIFFIN & TAUXE (1991) sugerem que há

uma aparente atenuação na transmissão de E. coli O157: H7 pela água onde

esses microrganismos encontram-se diluídos, mas ainda sim eles são capazes de

causar doença quando ingeridos, pois uma baixa dose infectante é suficiente para

causar a infecção.

2.6.4 - Escherichia coli enteroagregativa (EAEC)

EAEC são reconhecidas como causa de diarréia persistente em crianças e

adultos, tanto em países em desenvolvimento como nos desenvolvidos. EAEC

são definidas como um grupo de E. coli que se adere em determinadas linhagens

celulares cultivadas in vitro , como as células Hep-2 e HeLa num padrão de

adesão denominado “ stacked-brick “ ( NATARO & KAPER, 1998).

O padrão de adesão agregativo é mediado por fímbrias de aderência

agregativas (AAFs) (CZECZULIN et al., 1997). Recentemente foi descrita uma

proteína chamada dispersina que forma uma camada frouxamente associada com

a superfície de EAEC e parece conter um forte efeito agregativo com as adesinas

AAFs, facilitando a multiplicação e penetração através da mucosa (KAPER et al.,

2004).

As amostras EAEC são genética e fenotipicamente heterogêneas devido a

algumas apresentarem as fímbria AAF/I e/ou AAF/II, e diversas toxinas. Dentre

estas toxinas, duas são codificadas no mesmo “lócus” cromossômico, em fitas

separadas. Um gene codifica para uma protease que possui atividade mucolítica,

chamada PiC (“protein involved in intestinal colonization”). A fita oposta codifica

uma enterotoxina que é conhecida como Shigella “enterotoxin” 1 (SHEt1), estando

presente na maioria das linhagens de Shigella flexineri. Uma Segunda

enterotoxina descrita é a EAST-1, codificada pelo gene astA, presente em 40%

das amostras de EAEC. EAST-1 é uma enterotoxina termoestável homóloga a

STa de ETEC. Muitas cepas EAEC secretam uma toxina chamada PET

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(“Plasmid-encoded toxin”), que é codificada por um plasmídio de virulência. PET

possui atividade enterotóxica, provocando alterações no citoesqueleto e

arredondamento celular pela clivagem da proteína do citoesqueleto espectrina

(KAPER et al., 2004).

A patogênese de EAEC envolve três estágios: aderência na mucosa

intestinal por meio das fímbrias de aderência agregativa (AAF) ou outros fatores

de aderência; aumento da produção de muco pela bactéria formando biofilme;

produção de toxinas e processo inflamatório, resultando em lesões na mucosa

intestinal (NATARO & KAPER, 1998).

Segundo TRABULSI et al. (2002), números crescentes de relatos

epidemiológicos associando EAEC à doença diarréica aguda tanto em países

desenvolvidos quanto em desenvolvimento, demonstram que EAEC é

considerada um patógeno emergente.

2.6.5 - Escherichia coli enteroinvasora (EIEC)

EIEC compreende um grupo de E. coli que invade e destrói o epitélio do

cólon produzindo uma doença caracterizada por febres e cólicas, com presença

de sangue e leucócitos nas fezes (CLARKE, 2001). A infecção intestinal causada

por EIEC é estritamente relacionada à infecção por Shigella dysenteriae e são

mais freqüentes em crianças maiores de dois anos de idade e no adulto

(TRABULSI et al., 2002).

A patogênese de EIEC/Shigella compreende penetração nas células

epiteliais (células M), seguido de lise do vacúolo endocítico, multiplicação

intracelular, movimento através do citoplasma e invasão basolateral para as

células adjacentes (NATARO & KAPER, 1998). A invasão da mucosa por EIEC

provoca intensa reação inflamatória tecidual e disentérica (LEVINE, 1987). Os

genes requeridos para o mecanismo de patogenicidade estão presentes em um

plasmídio (pInv) encontrado em EIEC e em Shigella. Um terço deste plasmídeo é

composto por seqüências de inserção (IS), as quais são muito importantes para a

evolução do plasmídeo de virulência. Este plasmídeo codifica fatores de virulência

como as múltiplas proteínas do sistema de secreção do tipo III, responsáveis por

eventos de sinalização, rearranjos do citoesqueleto, lise do vacúolo endocítico e

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outras ações (KAPER et al., 2004). Embora o sistema de secreção tipo III seja

essencial para as características invasivas de EIEC, fatores de virulência

adicionais, tais como, serina protease (SepA), sistema de aquisição de ferro e

outras proteases têm sido descritas ( NATARO & KAPER, 1998).

2.6.6 - Escherichia coli Difusamente Aderente (DAEC)

As linhagens de DAEC são definidas pelo padrão de adesão difusa em

cultura de células Hep-2 e HeLa. DAEC tem sido implicada como causa de

diarréia em vários estudos, particularmente em crianças com mais de um ano de

idade (KAPER et al., 2004). A maioria das linhagens de DAEC apresenta uma

adesina chamada F1845, que seria responsável pela aderência difusa da bactéria

ao epitélio intestinal. O gene que codifica esta fímbria pode estar no cromossomo

ou em plasmídeos (NATARO, 1996). Estas linhagens induzem efeito citopático

que é caracterizado pelo desenvolvimento de longas extensões celulares, que

envolvem o local ao redor da bactéria aderida, mas sem internalização da bactéria

(KAPER et al., 2004).

2.7 - Susceptibilidade de Escherichia coli a antimicrobianos

A maioria dos estudos sobre resistência a antimicrobianos em ambientes

aquáticos tem envolvido bactérias de origem fecal, pois estas são utilizadas como

indicadores de poluição e podem estar associadas a doenças infecciosas

(FRENCH et al., 1987; GONI – URRIZA et al., 2000; ASH et al., 2002). Os

coliformes fecais podem carrear elementos genéticos extra cromossômico

frequentemente denominado de fator de resistência, fator R ou plasmídeo R que

determina a resistência a antibióticos, esses plasmídeos podem ser transferidos

entre membros da família Enterobacteriaceae bem como para outras bactérias

patogênicas e não patogênicas (CLOWES, 1972; COOKE, 1976). Linhagens de

E. coli resistentes a antibiótico tem sido isoladas de rios, lagos e água potável

(ASH et al., 2002; BEDARD et al., 1986), áreas costeiras (WEBSTER et al.,

2004), água do mar e moluscos marinhos (COOKE, 1976), esgotos (COOKE,

1976) e ambientes hospitalares (EL KHOLY et al., 2003). A presença de fatores

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de resistência a antibióticos nas bactérias encontradas nas águas de consumo ou

de recreação contaminadas, pode constituir uma ameaça direta ao homem, pela

transferência eventual destes plasmídeos para a microbiota intestinal normal

(DRAPEAU & KASATYA, 1977).

A seleção de organismos resistentes na natureza provavelmente resulta da

produção de antibióticos por organismos do solo (ASH et al., 2002), do uso

indiscriminado de antimicrobianos nas medicinas humana e veterinária e práticas

agrícolas. Atualmente é comum a detecção de linhagens de Escherichia coli

isoladas de humanos e animais resistentes a pelo menos duas classes de

antibióticos, tal fato acarreta um impacto crescente nas opções terapêuticas

disponíveis (VON BAUM & MARRE, 2005). As infecções causadas por

microrganismos resistentes dificultam a terapia restringindo o uso dos antibióticos.

Qualquer origem potencial de bactérias resistente a antibiótico pode, entretanto

ser considerado um risco para saúde. Esta é a razão pelo interesse no teste de

susceptibilidade aos antimicrobianos para linhagens bacterianas como E. coli que

sobrevive em diferentes condições ambientais (BALDINI et al., 1991).

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22

3 - OBJETIVOS

_________________________________________________________________

3.1 - Objetivo Geral

Determinar o potencial patogênico de linhagens de Escherichia coli isoladas

de lagoas do Parque Estadual do Rio Doce, a partir da avaliação da freqüência dos

fatores de virulência e demais indicadores como o perfil de resistência a antibióticos.

3.2 - Objetivos Específicos

- Determinação do grau de contaminação fecal das lagoas utilizando como

indicadores os coliformes fecais.

- Isolamento e identificação da espécie Escherichia coli a partir dos pontos

contaminados por coliformes.

- Investigação dos genes stx1, stx2, eae e eltI que codificam fatores de

virulência característicos dos tipos diarreiogênicos de E. coli dentre os isolados

obtidos.

- Determinação da incidência de sorogrupos patogênicos de E. coli nos

diferentes pontos da área de estudo.

- Avaliar a susceptibilidade a antibióticos das linhagens de Escherichia coli

isoladas na área de estudo.

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4 – MATERIAIS E MÉTODOS

____________________________________________________________________ 4.1 – Origem e caracterização das amostras 4.1.1 - Área de Estudo Parque Estadual do Rio Doce (PERD)

O estudo foi desenvolvido na região do trecho médio da bacia do Rio Doce,

especificamente, no Parque Estadual do Rio Doce (PERD) onde está localizado o

Sistema Lacustre do médio Rio Doce, formado por 158 lagos com diferentes

características (BARBOSA, 1997). O Parque Estadual do Rio Doce é o maior

remanescente do bioma Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais (SILVA, 2001).

Situa-se entre os meridianos 42o 38’ W e 48o 28’W, e os paralelos 19o 45’S e 19o

30’S, com altitudes variando entre 230 e 515 m acima do nível do mar (BARBOSA &

MORENO, 2002). Os limites naturais são o rio Doce à leste e o rio Piracicaba ao

Norte, sendo que a nascente localiza-se na região de Ouro Preto-MG (IEF, 2001).

São 36.000 ha de mata na qual se distribuem florestas em diferentes estágios de

sucessão, desde ambientes de capoeirinha até florestas em estágio clímax. No

interior do Parque Estadual do Rio Doce ocorrem cerca de 42 lagoas que ocupam

uma área de 3.530 ha, correspondentes a 9,8% da área total. O clima pode ser

classificado como tropical quente semi-úmido com uma estação chuvosa no verão e

uma seca no inverno (NIMER, 1989). Apresenta temperaturas médias entre 20ºC e

22ºC, e pluviosidade média anual variando entre 1.250 e 1.500 mm, com chuvas

concentradas nos meses de verão, havendo uma estação seca com 4 a 5 meses de

duração (IEF, 2001).

O PERD é considerado uma área de extrema importância biológica tal o papel

desempenhado pelo mesmo na conservação da biodiversidade brasileira,

especificamente da diversidade biológica da mata atlântica (CI et al, 2000). A região

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abriga no mínimo 148 espécies de mamíferos, que corresponde a mais de 50% da

riqueza mastozoológica da Mata Atlântica. No caso de primatas, o PERD abriga 40%

de todas as espécies do bioma. Destaca-se também a ocorrência de carnívoros de

grande porte, com o registro de populações dos maiores felinos com ocorrência no

Brasil (IEF, 2001). Os lagos do PERD e o conjunto de lagos de seu entorno

representam cerca de 1/3 de toda a ictiofauna da bacia, com cerca de 26 espécies.

No entanto, esta riqueza de espécies está ameaçada pelos intensos impactos de

origem antrópica, que vão desde a destruição da mata ciliar até a introdução de

espécies exóticas de peixes. Segundo COSTA et al. (1998), o PERD é indicado

como uma área de importância biológica especial por se constituir em um ambiente

único, sem igual no Estado, pela presença de aves de distribuição restrita e alta

riqueza de espécies ameaçadas de diversos grupos faunísticos.

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Figura 1: Mapa da área de abrangência do Parque Estadual do Rio Doce e dos

municípios no seu entorno .

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4.1.2 - Locais de Coleta

As coletas foram realizadas no Lago Dom Helvécio, na Lagoa Jacaré, na

Lagoa Carioca e Lagoa Gambazinho. No Lago Dom Helvécio a amostragem foi

realizada em cinco pontos (P1, P2, P3, P4 e P5) da região litorânea do lago, onde é

permitida a recreação de contato primário (banho e natação), e em um ponto (P6), na

região limnética (centro da lagoa) onde os turistas não têm acesso (Figura 2). Nas

Lagoas Jacaré, Carioca e Gambazinho as coletas foram realizadas em um ponto na

região litorânea (LIT) e em um outro ponto na região limnética (LIMN) de cada lagoa

(Figuras 3, 4 e 5 ).

4.1.2.1 - Lago Dom Helvécio

O Lago Dom Helvécio (Figura 2) é o maior lago desse sistema lacustre,

possuindo 6,87 Km2 de área e 45Km de perímetro, com formato dendrítico e

profundidade máxima de 32,5 m (HENRY et al., 1997). Constitui um sistema isolado,

sem conexão direta com a dinâmica do rio principal. O entorno é formado por mata

secundária e abriga atividade turística (SOUZA, 2005). É o lago mais procurado pelo

público para a realização das atividades de lazer e recreação por oferecer uma

completa infra-estrutura constituída por área de camping, restaurante, base para

pescaria, prestação de serviços para passeios de barco, além da área de praia

destinada ao banho dos turistas.

4.1.2.2 - Lagoa Jacaré

A Lagoa Jacaré (Figura 3) situa-se fora dos limites do PERD. Possui 1,03 Km2

de área e 11,3 Km de perímetro, com um formato dendrítico e profundidade máxima

de 8,5 m. Abriga atividade pesqueira intensa e o entorno é formado por extensas

monoculturas de Eucalyptus (SOUZA, 2005). As instalações às margens da Lagoa

Jacaré são extremamente inadequadas, não oferecem qualquer infra-estrutura para

recreação, acampamento e a prática de pescaria, sendo possível detectar em alguns

pontos da lagoa o escoamento de esgoto para dentro do corpo d’água.

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4.1.2.3 - Lagoa Carioca

A Lagoa Carioca (Figura 4) localiza-se em uma área protegida da ação

antrópica, constituindo um sistema ecológico “fechado”, sem afluente nem efluente; é

considerada uma lagoa rasa, de formato arredondado (BARBOSA & TUNDISI, 1980)

com as seguintes características morfométricas: área: 13,3 Km2 ; profundidade

máxima: 11,8; profundidade média: 2,76 m; volume: 713.489,8 m3. Localizada em um

vale relativamente profundo, circundada por vegetação de mata secundária de

grande porte, apresenta alto grau de proteção das margens à ação do vento e,

consequentemente elevada estabilidade térmica (BARBOSA, 2004). A ictiofauna

apresentou grandes alterações desde a introdução do tucunaré (Cichla ocelaris). Em

1987, dois anos após o primeiro registro desta espécie, oito espécies nativas de

peixes não foram mais observadas (SUNAGA & VERANI, 1997). Atualmente

predominam o tucunaré (Cichla ocelaris) e a piranha (Pygocentrus nattereri).

4.1.2.4 - Lagoa Gambazinho

A Lagoa Gambazinho (Figura 5) é de acesso restrito aos visitantes, sendo

permitido somente a visitação por pesquisadores e funcionários do Parque. Pode ser

considerada um dos locais de estoque da ictiofauna nativa do PERD, pois apresenta-

se bem protegida e não possui canal de escoamento, o que facilitaria a dispersão de

peixes exóticos. A ictiofauna inclui espécies zooplanctívoras como os lambaris

(Oligosarcus solitarius, Moenkausia doceana, Astyanax taeniatus) e acará

(Cichlasoma facetum e Geophagus brasiliensis). Também são registradas a traíra

(Hoplias malabaricus) e o piau (Leporinus steindachneri). A lagoa apresenta as

seguintes características morfométricas: comprimento máximo: 620 m; largura

máxima: 185 m ; profundidade máxima: 10,3 m; profundidade média: 3,59 m;

perímetro: 1.528 m; área total : 10,43 ha; volume total: 347.450 m³

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Figura 2 : Foto da área de Praia do Lago Dom Helvécio, principal local dentro do

Parque onde é permitido o banho dos turistas e onde foram realizadas as coletas

da região litorânea (P1, P2, P3, P4, P5) e região limnética (P6).

P1

P2 P6 P5

P3

P4

LIMN

Figura 3 – Foto da Lagoa Jacaré mostrando os locais de coleta e extensas

plantações de Eucalyptus no seu entorno.

LIT

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29

Figura 5: Foto da Lagoa Gambazinho destacando os locais de

coleta na região Litorânea e região Limnética.

LIMN

LIMN

LIT

Figura 4: Foto identificando as regiões litorânea e limnética da

Lagoa Carioca um dos principais locais de coleta.

LIT

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Figura 6: Localização das lagoas dentro e no entorno do

Parque Estadual do Rio Doce.

Dom Helvécio

Carioca

Gambazinho

Jacaré

Dom Helvécio

Carioca

Gambazinho

Jacaré

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4.1.3 - Procedimentos de Coleta As coletas foram realizadas mensalmente entre Maio de 2004 e Fevereiro de

2005. As amostragens das lagoas nas regiões litorâneas e limnéticas foram feitas na

superfície da água, sendo que nas regiões litorâneas a distância do ponto de coleta

em relação à margem da lagoa foi de aproximadamente 3 m de distância. As

amostras foram coletadas em frascos estéreis e transportadas para laboratório em

recipientes contendo gelo para serem processadas no máximo em 24 horas.

4.2 - Análise Laboratorial das Amostras

4.2.1 - Determinação da Qualidade Microbiológica das lagoas

A avaliação do índice de contaminação por E. coli nas coleções de água da

área de estudo foi feita utilizando o método padrão da ”American Public Health

Association” (APHA, 1998) por meio da avaliação representativa do índice de

coliformes fecais, empregando-se a Técnica de Fermentação em Tubos Múltiplos,

que é baseado na habilidade das bactérias coliformes produzir gás a partir da

fermentação da lactose (APHA, 1998). O procedimento experimental compreendeu

das seguintes etapas: teste presuntivo em 24/48h e teste confirmativo em 24h. O

teste presuntivo foi realizado por meio da inoculação de volumes de 10 mL, 1mL e

0,1 mL de água bruta respectivamente, em uma série de 5 tubos de ensaio com 10

mL de caldo lactosado (em concentração dupla e simples) contendo tubos de Durhan

invertidos no interior. Após a inoculação, os tubos foram incubados em uma estufa

na temperatura de 37ºC. A leitura foi feita após 24h/48h. Foram considerados

positivos os tubos que se apresentaram turvos, com fermentação e bolha no tubo de

Durhan. Os tubos positivos foram repicados para 2mL do meio E.C.-mug (DIFCO, Le

Pont de Claix, France) e incubados na estufa a uma temperatura de 37ºC. A

positividade para coliforme fecal foi avaliada pela fluorescência das amostras quando

expostas à luz ultravioleta após 24h.

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4.2.2 - Análise estatística dos dados para avaliação das diferenças entre as

lagoas

Para testar as diferenças entre os ambientes estudados, em relação ao NMP

de coliformes fecais, foi utilizada “Análise de Variância” (ANOVA, medidas repetidas).

Essas análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa Statistic 5.0.

Para analisar possíveis gradientes ambientais foi feita a “Análise de

Correspondência” utilizando o programa Statistic 6.0. A Análise de Correspondência

é um método de ordenação que ordena os pontos de acordo com os eixos, e prevê

possíveis gradientes ambientais. Uma vez fornecido os valores o programa gera os

dados distribuídos em um hiperespaço e então analisa-se a distribuição em função

da inércia de cada ponto. Quanto maior a inércia maior é a explicação da variância

dos dados. O valor da inércia só é considerado significativo quando estiver acima de

70%. A “Análise de Agrupamento” também foi realizada utilizando o programa

Statistic 6.0.

4.2.3 - Isolamento de Escherichia coli das lagoas

O isolamento das amostras de E. coli foi feito à partir das amostras positivas no

teste confirmativo para coliforme fecal. Com o auxílio de uma alça bacteriológica, as

amostras foram semeadas em placas de Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB)

(HiMedia Laboratories, Mubai, Índia), um meio seletivo para Enterobacteriaceae, e

em seguida incubadas a 37ºC por 24h. Decorrido o tempo necessário para o

crescimento, as colônias típicas de E. coli que apresentaram brilho verde metálico

foram selecionadas e inoculadas em 2 ml de caldo “Brain Heart Infusion” (BHI)

(DIALAB Diagnósticos, Minas Gerais, Brasil), e posteriormente incubadas a 37ºC por

24 h. Os isolados foram então acondicionados em tubos criogênicos com três gotas

de glicerol e congelados a uma temperatura de − 86ºC para posterior identificação

dessas linhagens.

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4.2.4 - Identificação dos isolados de Escherichia coli

A identificação de todos os isolados foi feita utilizando o meio de cultura

Instituto Adolfo Lutz - IAL, (meio Rugai, MBiolog, Belo Horizonte, Brasil),

modificado por PESSOA & SILVA (1974), que consiste em um tubo contendo

substratos para a visualização das provas bioquímicas: indol, fermentação de

sacarose, LTD, fermentação de glicose, produção de H2S e gás, hidrólise de uréia,

lisina e motilidade (KONEMAN, 2001). Para a inoculação do meio de Rugai foi

realizado o repique de colônias isoladas com agulha de níquel cromo estéril,

seguido de estriamento da superfície do ágar. Os tubos semeados foram

incubados a 37ºC por 24 horas. A interpretação dos resultados foi realizada

mediante comparação dos resultados obtidos com tabela descrita em PESSOA &

SILVA (1974).

4.2.5 – Investigação dos tipos diarreiogênicos dos isolados de Escherichia coli

4.2.5.1 - Extração do DNA

A partir dos resultados obtidos nos testes bioquímicos, 80 isolados de

Escherichia coli (Anexo 1 e 2) foram selecionados para pesquisa de genes que

codificam para fatores de virulência. Os isolados foram cultivadas em caldo BHI, a

37ºC por 24horas. Posteriormente, foram semeadas em “Tryptic Soy” Agar (TSA) e

incubadas a 37ºC por 24 horas. O crescimento de cada amostra foi ressuspendido

em 400µL de tampão TE estéril. A suspensão bacteriana foi fervida por 10 minutos e

centrifugada a 10.000 rpm por 5 minutos. Os sobrenadantes foram utilizados para

reação de PCR (BLANCO et al., 2004).

4.2.5.2 - Pesquisa dos genes de virulência pela Reação em Cadeia da

Polimerase

Após a extração do DNA, as 80 amostras (Anexos 1 e 2) foram submetidas à

reação de PCR utilizando iniciadores específicos para os genes stx1, stx2, eltI e eae

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(Tabela 2) que codificam para Toxina Shiga ou “shiga-like”, toxina LT (termo estável)

e intimina, respectivamente. As reações de PCR foram realizadas utilizando o DNA

das linhagens de referência EPEC ATCC 0127a, EHEC ATCC 933, ETEC UNICAMP

como controles positivos e E. coli ATCC 25723 como controle negativo.

Todas as reações de PCR foram realizadas para um volume final de 30 µL, e

os reagentes utilizados foram: água deionizadda: 17,1 µL; PCR buffer 10x: 2 µL;

dNTP 10 mM : 0,6 µL; Iniciador 1: 1,5 µL; Iniciador 2: 1,5 µL; 50 mM MgCl2 : 2 µL;

Taq polimerase (500 U): 0,3µL; DNA extraído: 5 µL (SCHULTSZ, et al., 1994;

BLANCO, et al., 1996; BLANCO, et al., 2004).

Todas as reações foram submentidas a 30 ciclos que tiveram as seguintes etapas:

1 - Desnaturação Inicial: 94ºC por 5 minutos

2 - Desnaturação: 94ºC por 1 minuto

3 - Anelamento : ºC por 30 segundos – (Tabela 2 )

4 - Extensão: 72ºC por 30 segundos

5 - Fechamento: 72ºC por 10 minutos

4.2.5.3 - Eletroforese em gel de agarose

Para a leitura do resultado das amplificações, 2 µL do tampão de amostra

(0,25% de azul de bromofenol; 0,25% de xilenocianol; 25% de ficol) foram misturados

ao produto da reação. Foram aplicados 12 µL da mistura em gel de agarose 1%, em

tampão TBE (Tris 2M, ácido bórico 0,045M, EDTA 0,5M pH8). Após a eletroforese o

gel foi corado com solução de bromento de etídio por 20 minutos e o produto

amplificado dos genes foi visualizado em um transiluminador de luz ultravioleta e

fotografados.

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Sorogrupo

de E. coli

Gene

Seqüência do Primer

Produto

Amplificado

(pb)

Temperatura

de Anelamento

(ºC)

Referências

EHEC

stx1

1: CGC TGA ATG TCA TTC GCT CTG C

2: CGT GGT ATA GCT ACT GTC ACC

302

55 ºC

BLANCO, et al., 2004

EHEC

stx2

1: CTT CGG TAT CCT ATT CCC GC

2: CTG CTG TGA CAG TGA CAA AAC GC

516

55 ºC

BLANCO, et al., 2004

ETEC

eltI

1: GGC GAC AGA TTA TAC CGT GC

2: CCG AAT TCT GTT ATA TAT GTC

696

50ºC

SCHULTSZ, et al., 1994

EPEC

eae

1: ACG TTG CAG CAT GGG TAA CTC

2: GAT CGG CAA CAG TTT CAC CTG

815

63 ºC

BLANCO, et al., 1996

Tabela 2 – Sorogrupos, Seqüências, tamanho do produto amplificado e temperaturas de anelamento dos iniciadores.

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4.2.6 - Pesquisa dos sorogrupos de Escherichia coli diarreiogênicas pelo Teste

de Aglutinação em Lâmina

Os testes de aglutinação em lâmina foram realizados utilizando soros

PROBAC do Brasil LTDA. Para a determinação dos sorogrupos EHEC utilizou-se o

soro anti E. coli O157:H7 de EHEC, para a determinação do sorogrupo EPEC

utilizou-se o soro polivalente anti E. coli enteropatogênica clássica sorotipos: O26,

O55, O111, O119, O114, O125, O142, O158, O86, O126, O127 e O128 e para

determinação dos sorogrupos EIEC utilizou-se o soro polivalente anti E. coli

enteropatogênica invasora sorotipos: O28ac, O29, O136, O144, O152, O112ac,

O124, O143, O164, O167. Para a realização do ensaio as 80 linhagens ambientais

de E. coli (Anexos 1 e 2) foram enriquecidas em caldo BHI e incubadas 37ºC por 24

horas. Na seqüência as culturas puras foram semeadas em placas de ágar Muller-

Hinton (DIALAB Diagnósticos, Minas Gerais, Brasil) e incubadas a 37ºC por 24

horas. A partir das colônias crescidas na placa de ágar Muller-Hinton foi preparada

uma suspensão bacteriana obtida pela diluição das colônias em 300 µl de salina

estéril. Em um aglutinoscópio foi adicionado 20µl da suspensão bacteriana e uma

gota dos soros comerciais de identificação, após esse procedimento o aglutinoscópio

foi submetido a movimentos circulares durante 2 minutos para finalmente fazer a

leitura dos resultados.

4.2.7 - Fermentação do sorbitol e da ramnose na diferenciação dos isolados de

Escherichia coli enterohemorrágica O157: H7

Para identificação fenotípica do sorotipo O157: H7 de EHEC, 80 linhagens de

E. coli ambientais (Anexos 1 e 2) foram analisados para fermentação do sorbitol, e,

as linhagens positivas no teste de aglutinação em lâmina para o sorotipo O157: H7

de EHEC foram analisados para fermentação da ramnose. Inicialmente os isolados

foram enriquecidas em caldo BHI por 24 h a 37ºC. Na seqüência as culturas foram

semeadas em placas de Ágar base MacConkey Sorbitol (Ágar SMAC) e Ágar base

MacConkey Sorbitol Ramnose (Ágar SMAC) por 18 h a 37ºC. A interpretação dos

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resultados para verificar a fermentação do sorbitol e da ramnose é baseada nas

características fenotípicas das colônias. O fenótipo colônias rosa indicam

fermentação positiva do sorbitol e da ramnose, já as colônias brancas indicam

fermentação negativa desses açúcares (MARCH & RATNAM, 1986; CHAPMAN et

al., 1991)

4.2.8 – Determinação da susceptibilidade dos isolados de Escherichia coli aos

antibacterianos

Os testes de susceptibilidade aos antimicrobianos foram realizados com 80

linhagens de E. coli ambientais (Anexos 1 e 2) pelo método de Kirby-Bauer de

difusão de discos (NCCLS, 2004). Os antibióticos (LABORCLIN) escolhidos para

serem testados nas linhagens de E. coli foram : Ampicilina (AMP 10µg), Cefalotina

(CFL 30µg), Amoxicilina + Clavulanato (AMC 20/10µg), Cefuroxima (CRX 30µg),

Cefoxitina (CFO 30µg), Ceftriaxona (CRO 30µg), Gentamicina (GEN 10µg),

Ceftazidima (CAZ 30µg), Amicacina (AMI 30µg), Ciprofloxacina (CIP 5µg), Cefepime

(CPM 30µg), Sufazotrim (SUT 25µg), Cefotaxima (CTX 30µg), Aztreonam (ATM 30

µg), Cloranfenicol (CLO 30µg), Tetraciclina (TET 30µg), Tobramicina (TOB 10µg),

Ticarcilina + Clavulanato (TIC 75/10µg) sugeridos pelo U. S. FDA – Approved

Antimicrobial Agents.

As bactérias foram crescidas em caldo BHI por 24 horas a 37ºC. Com o auxílio

de um swab, o inóculo foi semeado em placas contendo ágar Mueller- Hinton

(DIALAB Diagnósticos, Minas Gerais, Brasil). Os discos de antibióticos foram

aplicados com o auxílio de uma pinça estéril, e as placas incubadas por 24 horas a

37ºC. A leitura dos halos de inibição foi realizada com uma régua, e de acordo com a

medida do diâmetro deste halo o microrganismo foi classificado em resistente (R),

intermediário ( I ) e sensível (S), de acordo com os critérios do National Comittee for

Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 2004).

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5 - Resultados ______________________________________________________

5.1 – Qualidade Microbiológica das lagoas

Os resultados da qualidade microbiológica da água nos ambientes estudados

estão representados nas tabelas 3 e 4.

A tabela 5, comparando região e meses, representam os resultados de

análises estatísticas em relação ao NMP de coliformes fecais. Todos os pontos das

lagoas amostradas apresentaram baixas contagens para densidade de coliformes

fecais, a densidade de coliformes fecais variou significativamente (F= 2,11; p =

0,035) apenas em relação a região x meses conforme mostrado na tabela 5.

A figura 7 mostra a variação na densidade de coliformes fecais entre as lagoas

e regiões estudadas ao longo do período de amostragem. Para todos os lagos

analisados no presente estudo, as maiores contagens de coliformes fecais

coincidiram com os meses de coleta correspondentes à estação chuvosa, embora

esta variação não tenha sido significativa (Figura 7). Na Lagoa Carioca, a maior

densidade de coliformes fecais foi verificada no mês de outubro de 2004; para Lagoa

Gambazinho, as maiores contagens foram identificadas em dezembro de 2004; na

Lagoa Jacaré em janeiro de 2005 e no Lago Dom Helvécio em novembro de 2004.

As figuras 8 e 9 representam os resultados da Análise de Correspondência

para lagoas-regiões e meses amostrados, respectivamente. A figura 8 indica que no

lago Dom Helvécio a densidade de coliformes fecais apresentou uma distribuição

diferenciada das demais lagoas, entretanto, essa distribuição não foi significativa. Na

figura 9, o eixo 1 explica 47,91% da inércia e da variância dos dados, os meses de

outubro/04 e novembro/04 foram os que apresentaram maior inércia, portanto, maior

variância dos dados. Por outro lado, o eixo 2, explica 24,24% da variância dos dados

e os meses de janeiro/05 e maio/04 os que apresentaram maior variância. Além

disso, os dados mostram que não foi possível detectar uma variação na densidade

de E. coli em função da sazonalidade.

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As figuras 10 e 11 representam os resultados da Análise de Agrupamento

para lagoas – regiões amostradas e os meses de coleta, respectivamente. Os dados

mostrados na figura 10 indicam que o agrupamento (DH1.4, J2, G1, G2, e C2)

apresentou densidade de E. coli bastante semelhante ao longo do período de

amostragem. Por outro lado, os pontos DH1.5 e DH1.1 diferiram dos demais pontos

amostrados em relação ao NMP de E. coli /100ml. Em relação aos meses

amostrados (Figura 11), houve diferença na densidade de E. coli em maio de 2004 e

novembro de 2004. Para os demais meses amostrados a densidade de E. coli foi

equivalente.

5.2 – Isolados de Escherichia coli obtidos das lagoas

Dos 507 isolados ambientais provenientes das Lagoas Carioca, Gambazinho,

Jacaré e Dom Helvécio ao longo do ano de 2004 e início de 2005, 456 (89,94%)

linhagens foram positivas para as provas bioquímicas específicas para a

identificação da espécie E. coli utilizando o meio de cultura IAL ou Rugai modificado

(Tabelas 6 e 7). Além das linhagens identificadas como E. coli, 45 isolados (8,87%)

pertenceram ao gênero Klebsiella e seis dos isolados (1%) foram identificados como

Citrobacter.

5.3 – Tipos diarreiogênicos dos isolados de Escherichia coli das lagoas

5.3.1 - Genes de virulência dos isolados de Escherichia coli pela PCR

Dos 456 isolados de E. coli, 80 isolados (17,5/%) foram selecionados de modo

que uma linhagem de cada ponto amostrado por mês de coleta foi investigada para a

presença dos genes stx1, stx2, eltI e eae. Somente os genes stx2, eltI e eae foram

encontrados nas amostras analisadas conforme mostrado na tabela 8 e na figura 12.

O gene stx 2 foi detectado em cinco linhagens de E. coli ambientais isoladas

de duas lagoas do Parque Estadual do Rio Doce, a Lagoa Jacaré e a Lagoa Carioca.

Estas linhagens de E. coli foram denominadas: E. coli 34 (J LT), E. coli 236 (J LT), E.

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40

coli 280 (J LT), E. coli 292 (C LT) e E. coli 330 (C LT) (Figura 13). Por outro lado,

nenhum dos isolados de E. coli ambiental oriundos das Lagoas Dom Helvécio e

Gambazinho foram positivos para a presença do gene stx2. Quanto ao gene stx1,

nenhum dos 80 isolados de E. coli foi positivo. A presença do gene eae foi detectada

no isolado de E. coli 373 (C LT) (Figura 14). Dentre os 80 isolados de E.coli

investigados para a presença do gene elt I de ETEC, somente o isolado ambiental,

denominado E. coli 58 (C LT), foi positivo para à presença do fragmento de DNA

correspondente à amplificação do gene investigado (Figura 15).

5.4 – Sorogrupos diarreiogênicos dos isolados de E. coli

5.4.1- Determinação dos sorogrupos EHEC, EPEC e EIEC

Nos testes de aglutinação em lâmina para a determinação dos sorogrupos

EHEC, EPEC e EIEC, respectivamente, a amostra padrão EHEC E. coli CDC 933,

usada como controle positivo reagiu positivamente com o soro EHEC; a amostra

padrão EPEC E. coli ATCC O127a reagiu positivamente com o soro EPEC, a

amostra padrão EIEC E. coli ATCC 1284 reagiu positivamente com o soro EIEC. As

reações desses controles mostrando aglutinação positiva com os respectivos soros,

assim como a ausência de aglutinação da amostra padrão de E. coli ATCC 25723,

usada como controle negativo permitiu a validação dos resultados do teste de

aglutinação em lâmina com os isolados de E.coli, conforme apresentado nas tabelas

9, 10 e 11.

Os resultados apresentados na tabela 9 mostram que os isolados de E. coli (

DH 57, DH 83, 236 J LT, 260 C LT, 280 J LT, 330 C LT e 344 G LT) aglutinaram

positivamente na presença de soro específico para EHEC sorotipo O157: H7. Dentre

os isolados tipados para EHEC apenas três apresentaram o gene de virulência stx2

característico de grupo. Além disso, cinco isolados não fermentaram o sorbitol e dois

não fermentaram a ramnose provas características para confirmação do sorotipo

O157: H7. A tabela 10 indica que as linhagens de E. coli identificadas como: DH 05,

DH 11, DH 28, DH 34, DH 38, DH 44, DH 45, DH 59, DH 63, 34 J LT, 47 G LM, 178

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41

J LM, 72 C LM, 91 G LT, 207 C LM, 312 G LT, 373 C LT, 386 C LM, DH 80, DH 85,

DH 87, DH 90, DH 98, DH 101, DH 103 e 395 G LT aglutinaram positivamente na

presença do soro específico para a determinação do sorogrupo EPEC. A tabela 11

mostra que os isolados DH 18, DH37, DH 39, DH74, DH 78, DH 94, 05 C LT, 15 G

LM e 250 C LT foram positivos na sorotipagem para determinação do sorogrupo de

EIEC.

5.4.2 - Freqüência dos sorogrupos diarreiogênicos nas lagoas

A tabela 12 mostra a distribuição dos sorogrupos EHEC, EPEC e EIEC

Escherichia coli nas regiões litorâneas e limnéticas das Lagoas Carioca, Jacaré

Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce.

5.5 – Perfil de resistência das linhagens de E. coli isoladas das lagoas

Conforme mostrado na figura 16, dos 80 isolados ambientais de E. coli

analisados para susceptibilidade aos agentes antimicrobianos, 20% foram resistentes

à ampicilina (AMP), 50% foram resistentes à cefalotina (CFL) e 14% dos isolados

apresentaram resistência para o antibiótico cefuroxima (CRX). Para os demais

antibióticos testados a resistência quando verificada ocorreu em menos de 10% dos

isolados. A figura 16 indica que 100% das linhagens de E. coli foram sensíveis para o

antimicrobiano cefepima (CPM), 99% foram sensíves para ciproflofloxacin (CIP), 98%

foram sensíveis para gentamicina (GEN), e 96% dos isolados foram sensíveis para

sulfazotrim (SUT) e cloranfenicol (CLO) respectivamente. Os antibióticos Cefotaxima

(CTX), Ciprofloxacina (CIP) e Cefepima (CPM) foram os únicos para os quais os

isolados de Escherichia coli, não apresentaram resistência (figura 16). As figuras 17

e 18 mostram os resultados da investigação do perfil de susceptibilidade aos

antibióticos, no teste de difusão em ágar, apresentados por duas linhagens

ambientais de E. coli isoladas de lagoas do Parque Estadual do Rio Doce.

A tabela 13 mostra a incidência das linhagens de E. coli resistentes aos

antibióticos isolados nas regiões litorânea e limnética das lagoas no Parque Estadual

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42

do Rio Doce. A Tabela 14 indica que os isolados DH 24, DH 28, DH 34, DH 44, DH

63, DH 67, DH 80, DH 81, 25 G LM, 88 J LM, 292 C LT, 301 C LT e 354 J LT

apresentaram multiresistência aos antibióticos testados, dentre esses, seis isolados

foram tipados como pertencentes ao sorogrupo EPEC e apenas o isolado 292 C LT

apresentou o gene stx 2 específico de EHEC.

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43

Tabela 3 - Determinação do Número Mais Provável (NMP/100ml) para coliformes fecais de amostras de água coletadas

em dois pontos (região litorânea e região limnética) das Lagoas Carioca, Gambazinho e Jacaré no Parque Estadual do

Rio Doce.

Meses

Mai / 04 Jun / 04 Jul / 04 Ago / 04 Set / 04 Out / 04 Nov / 04 Dez / 04 Jan / 05 Fev / 05

Lagoa Carioca Litorânea 33 11 4 130 30 300 23 110 50 80

Limnética 30 <2 <2 8 23 34 17 30 11 30

Lagoa Gambazinho

Litorânea <2 <2 <2 2 4 34 6 14 30 30

Limnética 23 <2 <2 4 4 30 <2 50 13 4

Lagoa Jacaré

Litorânea <2 <2 8 11 8 11 240 17 300 22

Limnética <2 2 2 4 4 6 <2 13 4 2

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44

Tabela 4 – Determinação do Número Mais Provável (NMP/100ml) para coliformes fecais de amostras de água coletadas

em seis pontos (P1, P2, P3, P4, P5 e P6) do Lago Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce.

Meses

Dom

Helvécio

Mai / 04

Jun / 04

Jul / 04

Ago / 04

Set / 04

Out / 04

Nov / 04

Dez / 04

Jan / 05

Fev / 05

P1 33 4 <2 30 13 <2 900 50 8 34

P2 240 4 13 8 8 8 220 13 11 4

P3 300 <2 <2 8 2 <2 350 17 8 4

P4 50 8 <2 2 4 2 34 21 12 4

P5 50 4 <2 2 2 2 >1600 17 9 2

P6 2 <2 2 <2 <2 <2 220 23 2 2

* P1, P2, P3, P4 e P5 pontos de amostragem localizados na região litorânea do lago Dom Helvécio.

* P6 ponto de amostragem localizado na região limnética do lago Dom Helvécio.

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45

* Valor significativo em relação à densidade de coliformes fecais

1- Regiões; 2- Meses

F

P

1 4,415091 0,061951

2 2,116903 0,035921*

12 1,268307 0,265135

1- Regiões; 2- Meses

Tabela 5 - Análise de Variância (ANOVA, medidas repetidas) comparando as

regiões litorâneas e limnéticas das lagoas, Carioca, Jacaré, Gambazinho, Dom

Helvécio, e os meses de amostragem no Parque Estadual do Rio Doce.

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46

RegiãoLitorâneaRegiãoLimnética

Carioca

NM

P E

. col

i/ 10

0ml

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

Mai

o/20

04Ju

nho/

2004

Julh

o/20

04A

gost

o/20

04S

etem

bro/

2004

Out

ubro

/200

4N

ovem

bro/

2004

Dez

embr

o/20

04Ja

neiro

/200

4F

ever

eiro

/200

4

Gambazinho

Mai

o/20

04Ju

nho/

2004

Julh

o/20

04A

gost

o/20

04S

etem

bro/

2004

Out

ubro

/200

4N

ovem

bro/

2004

Dez

embr

o/20

04Ja

neiro

/200

4F

ever

eiro

/200

4

Jacaré

Mai

o/20

04Ju

nho/

2004

Julh

o/20

04A

gost

o/20

04S

etem

bro/

2004

Out

ubro

/200

4N

ovem

bro/

2004

Dez

embr

o/20

04Ja

neiro

/200

4F

ever

eiro

/200

4

Dom Helvécio

Mai

o/20

04Ju

nho/

2004

Julh

o/20

04A

gost

o/20

04S

etem

bro/

2004

Out

ubro

/200

4N

ovem

bro/

2004

Dez

embr

o/20

04Ja

neiro

/200

4F

ever

eiro

/200

4

Figura 7: Densidade de coliformes fecais (NMP/100 ml) ao longo do período de amostragem nas lagoas, Carioca,

Gambazinho, Jacaré e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce.

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47

Figura 8: Análise de Correspondência para os pontos amostrados nas lagoas Carioca,

Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce, considerando a

densidade de coliformes fecais (NMP/100 ml) nessas lagoas.

CLTCLM

GLT

GLM

JLT

JLM

DHLT

DHLTDHLT

DHLT

DHLTDHLM

-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

Dimensão 1; Autovalor: ,59860 (47,91% de Inércia)

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Dim

ensã

o 2

; A

uto

valo

r: ,30286 (24,2

4%

de Inérc

ia)

Legenda :

DH LT - Lago Dom Helvécio – região litorânea J LT – Lagoa Jacaré região litorânea

DH LM – Lago Dom Helvécio - região limnética J LM – Lagoa Jacaré região limnética

C LT – Lagoa Carioca – região litorânea G LT – Lagoa Gambazinho – região litorânea

C LM – Lagoa Carioca – região limnética G LM – Lagoa Gambazinho – região limnética

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48

Figura 9: Análise de Correspondência para os meses de amostragem nas lagoas

Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce,

considerando a densidade de coliformes fecais (NMP/100 ml) e sazonalidade.

Maio/04

Jun/04

Jul/04

Ago/04Set/04

Out/04

Nov/04

Dez/04

Jan/05

Fev/05

-2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

Dimensão 1; Autovalor: ,59860 (47,91% de Inércia)

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Dim

ensã

o 2

; A

uto

valo

r: ,30286 (24,2

4%

de Inérc

ia)

Page 71: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

49

Figura 10: Análise de Agrupamento para as lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e

Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce considerando a densidade de

coliformes fecais (NMP/100ml) nesses corpos d´água.

Legenda:

C 1 – Carioca litorânea J 1 – Jacaré litorânea DH 1.3 – Dom Helvécio litorânea ponto 3

C 2 – Carioca limnética J 2 – Jacaré limnética DH 1.4 – Dom Helvécio litorânea ponto 4

G 1 – Gambazinho litorânea DH 1.1 – Dom Helvécio litorânea ponto 1 DH 1.5 – Dom Helvécio litorânea ponto 5

G 2 – Gambazinho limnética DH 1.2 – Dom Helvécio litorânea ponto 2 DH 2 - Dom Helvécio limnética

Ligação SimplesDistâncias Euclidianas

DH1.5DH1.1

J1DH1.3

DH1.2DH2

DH1.4J2

G1G2

C2C1

0

20

40

60

80

100

120

(Dlin

k/D

max

)*10

0

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50

Figura 11: Análise de Agrupamento para os meses de amostragem nas lagoas Carioca,

Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio do Parque Estadual do Rio Doce, considerando a

densidade de coliformes fecais (NMP/100 ml) nos pontos amostrados.

Ligação SimplesDistâncias Euclidianas

Nov/04 Jan/05 Out/04 Dez/04 Ago/04 Fev/05 Set/04 Jul/04 Jun/04 Mai/040

20

40

60

80

100

120

(Dlin

k/D

max

)*10

0

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51

Meses

Mai / 04

Jun / 04

Jul / 04

Ago / 04

Set / 04

Out / 04

Nov / 04

Dez / 04

Jan / 05

Fev / 05

Total

Lagoa Carioca

Litorânea 9 4 0 5 15 24 11 10 11 13 102

Limnética 6 0 0 2 16 28 7 10 3 13 85

Lagoa Gambazinho

Litorânea 0 0 0 1 2 36 4 3 1 9 56

Limnética 5 0 0 2 5 9 0 5 7 0 33

Lagoa Jacaré

Litorânea 0 0 3 2 0 17 3 16 9 12 62

Limnética 0 1 2 0 5 2 0 0 1 3 14

Total

20

5

5

12

43

116

25

44

32

50

352

Tabela 6 - Número de linhagens de Escherichia coli isoladas das Lagoas Carioca, Gambazinho e Jacaré no Parque Estadual

do Rio Doce.

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52

Meses

Lago

Dom Helvécio

Mai / 04

Jun / 04

Jul / 04

Ago / 04

Set / 04

Out / 04

Nov / 04

Dez / 04

Jan / 05

Fev / 05

Total

P1

6

2

0

7

4

0

0

5

0

5

29

P2

2

1

3

0

3

3

5

1

4

0

22

P3

3

0

0

5

1

0

3

1

2

1

16

P4

4

0

0

2

2

1

0

3

4

0

16

P5

3

2

0

0

2

0

3

1

2

0

13

P6

2

0

1

0

0

0

0

4

1

0

8

Total

20

5

4

14

12

4

11

15

13

8

104

* P1, P2, P3, P4 e P5 pontos de amostragem localizados na região litorânea do lago Dom Helvécio. * P6 ponto de amostragem localizado na região limnética do lago Dom Helvécio

Tabela 7 - Número de linhagens de Escherichia coli isoladas do Lago Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce.

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53

Gene Isolados positivos Local de coleta Mês / ano

stx2 E. coli 34 C LT Julho / 04

stx2 E. coli 236 J LT Novembro / 04

stx2 E. coli 280 J LT Dezembro / 04

stx2 E. coli 292 C LT Dezembro / 04

stx2 E. coli 330 J LT Janeiro / 05

eltI E. coli 58 C LT Setembro / 04

eae E. coli 373 C LT Fevereiro / 05

Tabela 8 - Determinação dos isolados de Escherichia coli positivos para a pesquisa dos

genes stx2, eltl e eae pela Reação em Cadeia da Polimerase.

Legenda: C LT - Lagoa Carioca - região litorânea

J LT - Lagoa Jacaré - região litorânea

Gene stx2 : codifica para toxina shiga tipo 2 de E. coli enterohemorrágica (EHEC)

Gene eltI : codifica para enterotoxina LT tipo I de E. coli enterotoxigênica (ETEC)

Gene eae : codifica para o fator de aderencia intimina de E. coli enteropatogênica clássica (EPEC)

Page 76: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

54

6% 1%

1%

92%

stx2 eae elt I Ausência de fatores de virulência

Figura 12: Freqüência de fatores de virulência em linhagens de E.

coli isoladas de lagoas do Parque Estadual do Rio Doce-MG. O

gene stx2 codifica expressão da toxina Shiga em E. coli

enterohemorrágica (EHEC); o gene eae codifica a intimina em E.

coli enteropatogênica (EPEC); e o gene elt I codifica para toxina

LTI de E. coli enterotoxigênica (ETEC).

Page 77: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

55

Figura 13: Eletroforese em gel de agarose dos

produtos de PCR para o gene stx2. Canaleta 1:

Padrão de peso molecular, Lambda λ (1Kb);

Canaleta 2: Controle positivo de Escherichia coli

enterohemorrágica (EHEC) para o gene stx2;

Canaletas 3, 4, 6, 7 e 8: Linhagens ambientais de E.

coli 236, 330, 344, 292, 280 e 34, isoladas do PERD

e, positivas para a amplificação do gene stx2.

Canaletas 5, 9 e 10: Linhagens ambientais de E.

coli negativas para amplificação do gene stx2.

λλ λλ 1

Kb

EH

EC

236

J L

T

330

J L

T

344

G L

T

280

J L

T

3

4 C

LT

292

C L

T

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

516 pb

Page 78: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

56

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 14: Eletroforese em gel de agarose dos

produtos de PCR para o gene eae. Canaleta 1:

Padrão de peso molecular, Lambda λ (1Kb);

Canaleta 2: Controle positivo de Escherichia coli

enteropatogênica (EPEC) para o gene eae;

Canaleta 9: Linhagem ambiental de E. coli 373,

isolada do PERD e, positivo para amplificação do

gene eae. Canaletas 3, 4, 5, 6, 7 e 8: Linhagens

ambientais de E. coli do PERD negativas para

amplificação do gene eae.

λλ λλ 1

Kb

EP

EC

373

C L

T

815 pb

Page 79: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

57

Figura 15: Eletroforese em gel de agarose para

o produto de PCR do gene eltI. Canaleta 1:

Padrão de Peso Molecular lambda 1Kb;

Canaleta 2: Controle positivo de E. coli

enterotoxigênica (ETEC). Canaletas 3,4,5,7,8 e

9: Linhagens de E. coli ambientais isoladas de

lagoas do PERD e negativas para amplificação

do gene eltI. Canaleta 6: Isolado de E. coli

ambiental positivo para o fragmento de gene etl.

λλ λλ 1

Kb

ET

EC

58 C

LT

1 2 3 4 5 6 7 8 9

696 pb

Page 80: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

58

Linhagem de E.coli

(local/mês)

Gene de

virulencia

Fermentação do

Sorbitol

Fermentação da

Ramnose

Padrão EHEC

E.coli CDC 933

stx2

Não

Não

DH 57

P4 - agosto/04

ausente

Sim

Sim

DH 83 P4 - dezembro/04

ausente

Sim

Sim

236 J LT - novembro/04

stx2

Não

Sim

260 C LM - novembro/04

Ausente

Não

Sim

280 J LT – dezembro/04

stx2

Não

Não

330 C LT – janeiro/05

stx2

Não

Não

344 G LT – janeiro/05

Ausente

Não

Sim

Tabela 9: Ocorrência de genes de virulência e fermentação de carboidratos em

linhagens soropositivas de E. coli enterohemorrágica O157:H7 (EHEC), isoladas

das lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio do Parque Estadual do

Rio Doce .

Legenda : DH (P4) - ponto de coleta na região litorânea do Lago Dom Helvécio.

C LT – Lagoa Carioca – região litorânea

C LM – Lagoa Carioca – região limnética

G LT – Lagoa Gambazinho – região litorânea

J LT – Lagoa Jacaré região litorânea

Page 81: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

59

Linhagens de E.coli no

Lago Dom Helvécio/

mês de detecção

Gene de

virulência

Linhagens de E.coli

nas lagoas Carioca,

Jacaré e Gambazinho

mês de detecção

Gene de

virulência

DH 05

P1 – maio/04

ausente

34

J LT – julho/04

stx2

DH 11 P2 – maio/04

ausente

47

G LM – agosto/04

ausente

DH 28 P5 – maio/04

ausente

178

J LM – outubro/04

ausente

DH 34 LM – maio/04

ausente

72

C LM – setembro/04

ausente

DH 38 P2 – junho/04

ausente

91

G LT – setembro/04

ausente

DH 44 LM – julho/04

ausente

207

C LM – outubro/ 04

ausente

DH 45 P1 – agosto/04

ausente

312

G LT – dezembro/04

ausente

DH 59 P1 – setembro/04

ausente

373

C LT – fevereiro/05

eae

DH 63 P2 – setembro/04

ausente

386

C LM – fevereiro/05

ausente

Tabela 10: Ocorrência de genes de virulência em linhagens soropositivos de E. coli

enteropatogênica clássica (EPEC) isoladas das lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho

e Dom Helvécio do Parque Estadual do Rio Doce.

Page 82: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

60

Linhagens de E.coli no

Lago Dom Helvécio/

mês de detecção

Gene de

virulência

Linhagens de E.coli

nas lagoas Carioca,

Jacaré e Gambazinho

mês de detecção

Gene de

virulência

DH 80

P2 – dezembro/04

ausente

395

G LT – fevereiro/05

ausente

DH 85 P5 – dezembro/04

ausente

DH 87

LM – dezembro/04

ausente

DH 90

P2- janeiro/05

ausente

DH 98

P4 – janeiro/05

ausente

DH 101

P5 –janeiro/05

ausente

DH 103

LM – janeiro/05

ausente

Legenda : DH ( P1, P2, P4 e P5) - pontos de coleta na região litorânea do Lago Dom Helvécio

LM – região limnética do Lago Dom Helvécio

C LT – Lagoa Carioca – região litorânea

C LM – Lagoa Carioca – região limnética

J LT – Lagoa Jacaré região litorânea

J LM – Lagoa Jacaré região limnética

G LT – Lagoa Gambazinho – região litorânea

G LM – Lagoa Gambazinho – região limnética

Continuação Tabela 10

Page 83: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

61

Linhagens de E.coli

Local e Mês de coleta

DH 18

P3 – maio/04

DH 37

P1 – junho/04

DH 39

P2 – junho/04

DH 74

P4 – outubro/04

DH 78

P1 – dezembro/04

DH 94

P3 – janeiro/05

05

C LT – maio/04

15

G LM – maio/04

250

C LT – novembro/04

Tabela 11 : Distribuição das linhagens soropositivos de E. coli enteroinvasora

(EIEC), isoladas das lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho e Dom Helvécio do

Parque Estadual do Rio Doce em função do local e data de amostragem.

Legenda : DH ( P1, P2, P3, P4) - pontos de coleta na região litorânea do Lago Dom Helvécio

C LT – Lagoa Carioca – região litorânea

G LM – Lagoa Gambazinho – região limnética

Page 84: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

62

Local de isolamento

N°°°° e % de isolados do sorogrupo EHEC

N°°°° e % de isolados do sorogrupo EPEC

N°°°° e % de isolados do sorogrupo EIEC

N°°°° e %

isolados positivos para gene

stx2

N°°°° e %

isolados positivos para gene

eae

N°°°° e %

isolados positivos para gene

eltI

DH LT DH LM Subtotal

2 0 2 (28,5%)

12 4 16 (61,5%)

6 0 6 (66,6%)

0 0

0 0

0 0

C LT C LM

Subtotal

1 1 2 (28,5%)

1 3 4 (15,3%)

2 0 2 (22,2%)

2 0 2

1 0 1

1 0 1

G LT G LM

Subtotal

1 0 1 (14,2%)

3 1 4 (15,3%)

0 1 1 (11,1%)

0 0 0

0 0 0

0 0 0

J LT J LM

Subtotal

2 0 2 (28,5%)

1 1 2 (7,6%)

0 0 0

3 0 3

0 0 0

0 0 0

N° sorogrupo

isolado / N°sorogrupos

totais

7/42 16,6%

26/42 61,9%

9/42 21,4%

5

1

1

Total de isolados de E.coli : 80

Total de sorogrupos patogênicos isolados : 42

% Sorogrupos isolados: 52,5%

Total de isolados de E.coli : 80

Total de linhagens positivos para

genes de virulência: 7

% Genes virulência isolados: 8,7%

Tabela 12: Distribuição dos sorogrupos de Escherichia. coli (EHEC, EPEC e EIEC) nas

regiões litorâneas e limnéticas das Lagoas Carioca, Jacaré Gambazinho e Dom Helvécio no

Parque Estadual do Rio Doce.

Legenda :

DH LT Lago Dom Helvécio região litorânea J LT – Lagoa Jacaré região litorânea

DH LM – Lago Dom Helvécio região limnética J LM – Lagoa Jacaré região limnética

C LT – Lagoa Carioca – região litorânea G LT – Lagoa Gambazinho – região litorânea

C LM – Lagoa Carioca – região limnética G LM – Lagoa Gambazinho – região limnética

Page 85: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

63

20

40

4 % 3 %

9 6 %

9 %

2 0 %

3 8 %4 2 %

5 0 %

3 4 %

1 6 %

8 %

3 6 %

5 6 %

1 4 %

5 2 %

3 4 %

1 %

9 5 %

1 %

8 %

9 1 %

1 % 1 %

9 8 %

8 % 8 %

8 4 %

7 %

1 3 %

8 0 %

1 %

9 9 %1 0 0 %

4 %

9 6 %

1 8 %

8 2 %

5 %

1 5 %

8 0 %

1 %5 %

8 6 %

4 %6 %

9 0 %

5 %

1 3 %

8 2 %

R I S R I S R I S R I S R I S R I S R I S R I S R I S I S S R S I S R I S R I S R I S R I S R I S

AMP CFL AMC CRX CFO CRO GEN CAZ AMI CIP CPM SUT CTX ATM CLO TET TOB TIC

Antibióticos

60

80

100

120

Po

rcen

tag

em (

%)

Resistente

Intermediário

Sensível

20

40

0

Figura 16: Perfil da susceptibilidade aos antimicrobianos de linhagens ambientais de E. coli isoladas das lagoas Carioca, Jacaré,

Gambazinho e Dom Helvécio no Parque Estadual do Rio Doce.

1- AMP 10 µg

Ampicilina

7 - GEN 10 µg

Gentamicina

13 - CTX 30 µg

Cefotaxima

2 - CFL 30 µg Cefalotina 8 - CAZ 30 µg Ceftazidima 14 - ATM 30 µg Aztreonam

3 - AMC 20/10µg Amoxicilina + Clavulanato 9 - AMI 30 µg Amicacina 15 - CLO 30 µg Cloranfenicol

4 - CRX 30 µg Cefuroxima 10 - CIP 5 µg Ciprofloxacina 16 - TET 30 µg Tetraciclina

5 - CFO 30 µg Cefoxitina 11 - CPM 30 µg Cefepima 17 - TOB 10 µg Tobramicina

6 - CRO 30 µg Ceftriaxona 12 - SUT 25 µg Sulfazotrim 18- TIC 75/10 µg Ticarcilina + Clavulonato

Legenda: Antibióticos

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64

Lagoa

Região

N°°°° (%) isolados

resistentes de 1 a 7

antibióticos

N°°°° (%) isolados

sensíveis aos

antibióticos

Total de

Isolados

Litorânea

18 (54,5 %)

15 (45 %)

33

Limnética

2 (50,0%)

2 (50,0%)

4

Lago Dom Helvécio

Total

20 (54,1%)

17 (45,9%)

37

Litorânea

8 (80,0%)

2 (20,0%)

10

Lagoa Carioca

Limnética

4 (66,7%)

2 (33,3%) 6

Total

12 (75,0%)

4 (25,0%)

16

Litorânea

5 (71,4 %)

2 (28,6%)

7

Lagoa Gambazinho

Limnética

5 (71,4%)

2 (28,6%) 7

Total

10 (71,4%)

4 (28,6%)

14

Litorânea

5 (71,4%)

2 (28,6%)

7

Lagoa Jacaré

Limnética

5 (83,3%)

1 (16,7%)

6

Total

10 (76,9%)

3 (23,1%)

13

Total

52 (65%)

28 (35%)

80

Tabela 13: Freqüência das linhagens de Escherichia coli resistentes a antibiótico

isoladas nas regiões litorâneas e limnéticas das lagoas do Parque do Rio Doce.

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65

Isolado

de E.coli

Local

de coleta

Mês de

coleta

Sorogrupo

patogênico

Gene de

virulência

Perfil de resistência aos

antibióticos

DH 24

P4

Maio/04

EPEC

Não

AMP, CFL,CRX, CRO

DH 28

P5

Maio/04

EPEC

Não

AMP, CFL, CRX, GEN, AMI

DH 34

LM

Maio/04

EPEC

Não

CFL, CAZ, CTX

DH 44

LM

Julho/04

EPEC

Não

CFL, CRX, AMI

DH 63

P2

Setembro/04

EPEC

Não

CFL, CRX, AMI

DH 67

P4

Setembro/04

Não

Não

CFL, CRX, CFO

DH 80

P2

Dezembro/04

EPEC

Não

CFL, CRX, TET

DH 81

P3

Dezembro/04

Não

Não

AMP, CFL, CRX, TET

25

G LM

Maio/04

Não

Não

CAZ, ATM, CLO, TET

88

J LM

Setembro/04

Não

Não

AMP, CFL, AMC, CFO, SUT,

TET, TIC

292

C LT

Dezembro/04

Não

stx2

AMP, CFL, SUT, TIC

301

C LT

Dezembro/04

Não

Não

AMP, CFL,CAZ, SUT, TET,

TIC

354

J LT

Fevereiro/04

Não

Não

AMP, AMC, CFO

Tabela 14: Origem, sazonalidade dos isolados de Escherichia coli multi-resistentes aos antibióticos

Page 88: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

66

Tabela 14 - Legenda 1 : Locais de Coleta

DH - P2, P3, P4 e P5 - pontos de coleta na região litorânea do Lago Dom Helvécio

LM – região limnética do Lago Dom Helvécio

C LT – Lagoa Carioca – região litorânea

J LT – Lagoa Jacaré região litorânea

J LM – Lagoa Jacaré região limnética

Tabela 14 - Legenda 2: Antibióticos

AMP 10µg: ampicilina TET 30 µg: tetraciclina

CFL 30µg: cefalotina CRO 30 µg: ceftriaxona

AMC 20µg : amoxilina+clavulanato GEN 10 µg:gentamicina

CFO 30µg: cefoxitina AMI 30µg: amicacina

SUT 25µg : sulfazotrim CAZ 30µg: ceftazidima

CRX 30 µg: cefuroxima CTX 30µg : cefotaxima

ATM 30 µg : aztreonan TIC 75/10 µg: ticarcilina+clavulanato

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67

Figura 17: Foto do perfil da susceptibilidade a antimicrobianos da linhagem ambiental E. coli 88

isolada da região limnética da lagoa Jacaré no Parque Estadual do Rio Doce.

Page 90: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

68

Figura 18: Foto do perfil da susceptibilidade a antimicrobianos da linhagem ambiental E. coli

292 isolada da região litorânea da lagoa Carioca no Parque Estadual do Rio Doce.

Page 91: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

69

6 – Discussão

______________________________________________________

6.1 - Análise da Qualidade da água das lagoas

A água é comumente avaliada pela enumeração de indicadores,

principalmente E. coli e coliformes fecais. Este dado indica em que grau a água está

recebendo poluição fecal, bem como o risco da presença de patógenos entéricos

(WHO,1997). Os resultados das análises bacteriológicas realizadas ao longo dos dez

meses de estudo nas lagoas investigadas revelaram uma baixa incidência para o

grupo coliforme fecal. Segundo o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente)

que rege todos os corpos d’água do Brasil, as águas próprias para recreação de

contato primário podem apresentar até 800NMP de Escherichia coli /100mL de

amostra de água. Águas que apresentarem contagens acima destes valores são

consideradas impróprias para balneabilidade.

Os resultados encontrados no presente estudo estão de acordo com ACKMAN

et al. (1997) que verificaram que dos 40 pontos amostrados num lago recreacional

próximo à Nova York, nenhum excedeu 600 ufc/100ml para coliforme total ou 70

ufc/100ml para coliforme fecal. MEDEIROS (2005) também verificou que o Lago Dom

Helvécio e a Lagoa Carioca no Parque Estadual do Rio Doce, apresentaram baixas

contagens para E. coli e Enterococcus spp. na maioria das amostras analisadas e

não foram encontradas diferenças significativas entre as densidades de E. coli para

estes dois lagos.

A sobrevivência dos coliformes fecais em água é influenciada por uma série

de fatores ambientais. Os fatores físicos e biológicos tais como: radiação solar,

salinidade, aumento de temperatura, elevação do pH, altos níveis de oxigênio

dissolvido, perda de nutrientes e predação contribuem significativamente para o

decaimento e morte desses microrganismos em água (GAMESON & SAXON, 1967;

GANNON et al., 1983; MCCAMBRIDGE & MCMEEKIN, 1984; FLINT, 1987; DAVIES

& EVISON, 1991 CURTIS et al., 1992; SINCLAIR et al., 1993; VAN DER STEEN et

al., 2000;). Além disso, GANNON et al. (1983) sugerem que os coliformes fecais em

Page 92: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

70

águas de lago são removidos predominantemente por adsorção em partículas

suspensas e subseqüentemente são sedimentados. A partir destas informações, é

possível inferir que a baixa densidade de coliformes nas lagoas investigadas pode

ser atribuída ao processo de sedimentação dos microrganismos.

As maiores contagens para coliformes fecais foram encontrados nos meses

correspondentes à estação chuvosa. FUJIOKA et al. (1999); RIVERA et al., (1988) e

ALM et al., (2003) sugerem que o solo é a fonte ambiental primária de bactérias

indicadoras de contaminação fecal (coliformes fecais, estreptococos fecais, E. coli,

enterococos). Estas bactérias se reproduzem no solo e a chuva transporta altas

concentrações destas para a coluna d´água aumentando os níveis de contaminação

da água. Segundo ALM et al. (2003), muitas variáveis ambientais afetam a

abundância dos indicadores fecais em água, mas o sedimento pode servir como

proteção ambiental para as bactérias entéricas. A atividade recreacional humana

pode ter sido a principal origem de altas contagens para coliformes fecais no mês de

novembro no Lago Dom Helvécio. ALM et al. (2003) afirmam que a prática de banho

em águas de lagos recreacionais pode ressuspender sedimentos do fundo do lago

juntamente com bactérias fecais e elevar os níveis bacterianos na superfície da

água.

Muitos autores relatam o isolamento de coliformes fecais do trato

intestinal de várias espécies de peixes de água doce e marinha (GELDREICH et

al.,1966; EL-ZANFALY et al.,1982) Segundo GELDREICH et al. (1966), os coliformes

fecais e estreptococos fecais não são habitantes naturais da microbiota intestinal dos

peixes, mas por outro lado, os peixes são capazes de reter esses microrganismos no

intestino, carreá-los no corpo d´água e influenciar nas condições bacteriológicas da

água.

6.2 – Potencial patogênico dos isolados de Escherichia coli

Atualmente, para definir o verdadeiro potencial patogênico desempenhado por

uma linhagem bacteriana, vários autores JOHNSON et al. (1991); BRITO et al.

(2004) e REGUA-MAGIA et al. (2004) reforçam a necessidade tanto da

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71

caracterização dos fatores de virulência na forma dos genes de virulência e seus

correspondentes fenótipos, como também da determinação dos sorogrupos que

reúnem os sorotipos portadores desses fatores. No caso específico do sorotipo

O157: H7, a negatividade dos testes de fermentação do sorbitol e de ramnose são

marcas bioquímicas características deste sorotipo que são sempre recomendadas

como provas comprobatórias (MARCH & RATNAM, 1986; CHAPMAN et al.,1991;

OJEDA et al.,1995). Além disso, a determinação do perfil de resistência aos

antibióticos de linhagens de Escherichia coli constitui parte integrante na abordagem

do seu potencial patogênico como apresentado por BRITO et al. (2004).

6.3 - Tipos diarreiogênicos isolados nas lagoas

6.3.1 - Presença dos genes stx1 e stx2 característicos Escherichia coli

enterohemorrágica (EHEC)

Muitos vírus, bactérias e patógenos parasitas estão evolvidos em surtos de

doenças em águas recreacionais (ACKMAN et al.,1997). No período de 1991 à 1992,

11 surtos de gastroenterites associados ao uso de águas recreacionais foram

notificados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças - EUA (CDC, 1993).

Em muitos desses surtos, a mais provável fonte de contaminação foi à presença dos

banhistas. Vários procedimentos durante o banho, tais como: colocar a cabeça

debaixo d´água, colocar água na boca ou ingerir água, aumentam o risco de adquirir

doença gastrointestinal (KEENE et al.,1994; SORVILLO et al., 1988).

Apenas cinco dentre os 80 isolados de E. coli analisados neste estudo foram

positivos para a presença do fragmento de gene stx2. Este resultado sugere que

existe a probabilidade dos banhistas adquirirem doença gastrointestinal causada por

EHEC transmitida pelas águas dos lagos investigados. MULLER et al. (2001)

observaram que de 196 colônias de E. coli isoladas de água de rios e represas no sul

da África, apenas uma amostra foi positiva na detecção do gene stx2. Os resultados

obtidos por MULLER et al. (2001) indicam uma baixa incidência de E.coli O157:H7

na água examinada e sugerem que a probabilidade de aquisição de doença pela

Page 94: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

72

ingestão dessa água é baixa. ARVANITIDOU et al. (1996) sugerem que muitos

parâmetros físicos, como temperatura, pH, radiação solar, e salinidade, podem

influenciar a sobrevivência de E. coli O157:H7 em águas de lagos.

Tendo em vista que as linhagens de E. coli investigadas neste trabalho são de

origem ambiental e que foram isoladas de águas de lagoas de uma reserva ecológica

que abriga diferentes ecossistemas constituídos por fauna e flora diversificados,

supõe-se que há uma grande probabilidade das linhagens positivas para o gene stx2

serem de origem animal e não exclusivamente de origem humana. Segundo

GARCIA-ALJARO et al. (2005), seis variantes genéticas do gene stx2 já foram

detectadas pela análise da seqüência de nucleotídeos: stx2, stx2c, stx2d, st2e, stx2f

e stx2g. Alguns desses variantes genéticos de stx2 foram encontrados associados a

EHEC de carneiros (stx2d), porcos (stx2e), aves (stx2f) e bovinos (stx2g). Por outro

lado, os genes stx2 e stx2c estão associados a sorogrupos de EHEC altamente

virulentos que causam severas doenças tais como, colite hemorrágica e SUH.

Em diversos estudos, a presença do gene stx2 em linhagens de E.coli foi

correlacionada com severas doenças em humanos (CAPRIOLI et al., 2005).

ACKMAN et al. (1997) relataram 12 casos de infecções por EHEC associado a

banhistas de um lago recreacional no município de Dutchess, nas proximidades de

Nova York. Todos os doze pacientes tiveram diarréia sangrenta, 11 sentiram cólicas

abdominas, e 10 tiveram febre. A contaminação dos turistas do parque ocorreu

devido a ingestão proposital ou acidental de água contaminada do lago. Além disso,

15% das crianças que visitaram o parque durante o surto tiveram gastroenterite

branda. Esta alta incidência de doença moderada pode ser explicada pela baixa

concentração da E.coli O157:H7 na água contaminada, ou pela pequena quantidade

de água ingerida pelos banhistas.

As linhagens de EHEC que causam infecções humanas pertencem a um amplo

número de diferentes sorotipos O:H. A maioria dos surtos de colite hemorrágica e

SUH (Síndrome Urêmica Hemolítica) são atribuídos ao sorogrupo O157:H7.

Entretanto, como as EHEC não pertencentes ao sorogrupo O157 são mais

prevalentes em animais e contaminam gêneros alimentícios, os humanos estão

frequentemente expostos a essas linhagens (GARCÍA-ALJARO et al., 2005).

Page 95: CARACTERIZAÇÃO DE FATORES DE VIRULÊNCIA EM …‡ÃO... · nunca ter medido esforços para que esse ... incondicional a esse projeto foi fundamental para ... fecais de amostras

73

Atualmente, as informações disponíveis e as técnicas desenvolvidas para

identificação e isolamento de EHEC, são baseadas em estudos com linhagens

isoladas de humanos ou fezes de animais, utilizando meios de cultura seletivos.

Vários trabalhos relatam que os isolados clínicos indicam o tipo de contaminação que

está presente no ambiente natural de um determinada área geográfica (MULLER et

al., 2001; DAVIS et al., 2003. GARCÍA-ALJARO et al., 2005). Entretanto, essa

hipótese deve ser verificada por meio de estudos ambientais, para confirmar se

nenhuma seleção diferenciada tem ocorrido, e se as linhagens clínicas isoladas

realmente correspondem àquelas presentes no ambiente.

De acordo com DAVIS et al. (2003), o monitoramento de genes de virulência

em linhagens de E. coli ambientais é uma tarefa indispensável para o controle de

E.coli patogênica no ambiente e em suprimentos alimentícios. Os dados obtidos no

presente trabalho podem contribuir para ampliar o estudo da ecologia da espécie E.

coli considerando o isolamento dos subtipos no meio ambiente.

O gene stx1 que também codifica a expressão da Toxina Shiga em EHEC, um

importante fator de virulência desse subgrupo, não foi detectado em nenhum dos 80

isolados analisados. Resultado semelhante ao do presente trabalho foi descrito por

DAVIS et al. (2003) que verificaram que dos 604 isolados ambientais testados,

nenhum deles amplificou o gene stx1 ou stx2. Segundo CHALMERS et al. (2000), o

isolamento de linhagens de EHEC do ambiente normalmente é dificultado pela baixa

proporção desse patógeno quando comparado à alta concentração da microbiota

local, consequentemente, a confirmação presuntiva do agente patogênico nem

sempre é devidamente alcançada (CHALMERS et al., 2000).

ARVANITIDOU et al. (1996) também observaram que de 1974 colônias de E.

coli isoladas da água potável e da água de um lago recreacional no norte da Grécia,

nenhuma delas apresentou o antígeno somático O157. Além disso, MULLER et al.

(2001) relataram que dentre as 196 amostras de E.coli analisadas e isoladas de

águas de rios e represas no sul da Àfrica, o gene stx1 foi detectado em apenas dois

isolados. É importante ressaltar que em muitos estudos a E. coli O157:H7 não foi

detectada de amostras de água mesmo nos países onde esse patógeno é mais

frequentemente isolado (ARVANITIDOU et al., 1996; CAPRIOLLI et al., 2005).

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74

6.3.2 – Presença do gene eae característico de Escherichia coli

enteropatogênica (EPEC)

Apenas o isolado ambiental de E. coli 373 (CAR LIT) amplificou o fragmento do

gene eae presente em EPEC. A detecção do gene eae em EPEC é mais freqüente

em linhagens isoladas das fezes de crianças com diarréia (KESKIMAKI et al., 2001;

REGUA-MANGIA et al., 2004; RAPELLI et al., 2005). Outros estudos também

relatam a alta prevalência do gene eae em linhagens de EPEC isoladas de águas

contaminadas por esgoto fecal e águas residuais (OBI et al., 2004). Segundo

NATARO & KAPER (1998), o gene eae é responsável pela quase totalidade da

virulência de EPEC mas não é o único fator responsável pela virulência do grupo. A

presença do plasmídio EAF (Fator de Aderência em EPEC) que codifica o gene bfp

também é frequentemente associado à virulência de alguns sorotipos de EPEC

(REGUA-MANGIA et al., 2004). Para NATARO & KAPER (1998), linhagens de EPEC

possuem um plasmídio de virulência, e numerosos genes codificados por

cromossomos que juntos são responsáveis pela expressão de fatores de virulência

tais como BFP (“Bundle forming pili”), proteínas secretadas e intimina.

6.3.3 - Presença do gene eltI característico de Escherichia coli enterotoxigênica

(ETEC)

Dentre os 80 isolados de E. coli ambiental investigados para a presença do

gene elt I que codifica a síntese da Toxina LTI (termo-estável) em ETEC, somente o

isolado ambiental 58 (CAR LIT) apresentou o fragmento de DNA correspondente à

amplificação do gene investigado. Segundo VALENTINI et al. (1992), as linhagens

enteropatogênicas de E.coli podem perder plasmídios que abrigam genes de

virulência durante o processo de isolamento das colônias.

Considerando que a Lagoa Carioca é um ecossistema bastante preservado e

não disponível para prática de banho dos turistas que freqüentam o parque, acredita-

se que a presença do gene elt I em uma única linhagem de E. coli não representa um

risco potencial para transmissão de doença. De acordo com NATARO & KAPER

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(1998), a dose infectante de ETEC necessária para causar doença em humanos está

em torno de 108 ufc. Além disso, sabe-se que a detecção da presença do gene de

virulência no microrganismo investigado não implica necessariamente na expressão

do mesmo. ROSENBERG et al. (1977) associaram a ingestão de água contaminada

por E. coli enterotoxigênica (ETEC) sorotipo O6:H16, como a origem de um surto de

diarréia. BLACK et al. (1981) detectaram ETEC do mesmo sorotipo nas fezes e na

água de abastecimento residencial de pacientes com diarréia.

MULLER et al. (2001) relatam que a detecção de um único gene de virulência

em um único isolado de E. coli ambiental é pouco significativo para acarretar riscos à

saúde de humanos e animais. Entretanto acredita-se que o permanente

monitoramento das lagoas e a caracterização dos microrganismos isolados desses

ambientes irão contribuir para manter o equilíbrio dos ecossistemas estudados,

evitando o surgimento de novas linhagens patogênicas e possíveis episódios de

doenças de veiculação hídrica.

6.3.4 - Ausência de genes de virulência em isolados de E. coli ambientais

Apesar de ser o único lago do parque com freqüente presença de banhistas,

nenhum fator de virulência foi detectado nas amostras de E. coli isoladas do Lago

Dom Helvécio. O mesmo foi verificado para as linhagens de E. coli isoladas da Lagoa

Gambazinho, embora nesta lagoa seja proibida a prática de banho e a realização de

atividades recreacionais. Este resultado é semelhante àqueles encontrados por

VALENTINI et al. (1992), que verificaram que das 38 linhagens de E. coli

enteropatogênicas isoladas de diferentes fontes ambientais, tais como, águas de

lago recreacional, de rios, de represas, minas e poços artesianos, nenhuma

apresentou fatores de virulência. Segundo ACKMAN et al. (1997), a maioria dos

estudos sobre a transmissão de doenças gastrointestinais entre banhistas, tem sido

feita em águas marinhas e em águas de lagos que recebem escoamento de esgoto.

O monitoramento de pequenos lagos para avaliar a contaminação fecal por sistemas

sépticos e banhistas tem sido pouco investigado.

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6.4- Sorogrupos diarreiogênicos de E. coli isolados das lagoas

RAPELLI et al. (2005) afirmam que a identificação de E. coli diarreiogênica não

pode ser baseada somente na cultura ou provas bioquímicas, uma vez que estes

métodos são indistinguíveis entre E. coli comensal e E. coli patogênica normalmente

encontrada nas fezes de humanos e animais. Além disso, a técnica de sorotipagem

específica para determinados sorogrupos nem sempre correlaciona com a

patogenicidade da linhagem. A discriminação de subgrupos de EPEC, ETEC, EHEC

e EIEC requer a utilização de técnicas moleculares baseadas em genes de virulência

(REGUA-MANGIA et al., 2004).

6.5 – Linhagens do sorotipo O157: H7 isolados das lagoas

Diferente da maioria das linhagens de E. coli, o sorotipo O157: H7 não

fermenta sorbitol nem ramnose, os testes para verificar a fermentação desses

açúcares são sugeridos como um recurso simples para caracterização desse

microrganismo. MARCH & RATNAM (1986) constataram que dos 84 isolados clínicos

de E. coli analisados em ágar MacConkey Sorbitol (SMAC), nenhum fermentou o

sorbitol, e destes, 76 (90%) foram identificadas como O157:H7. Os referidos autores

relatam que as amostras fecais analisadas foram coletadas de pacientes durante a

fase aguda da doença, e a alta incidência de E. coli O157: H7 nas culturas de fezes

pode ter sido um resultado direto disto. A ocorrência de apenas 5 isolados de E. coli

que não fermentaram o sorbitol dentre as 80 linhagens analisadas no presente

estudo pode ser explicado considerando que as amostras estudadas são de origem

ambiental e não foram isoladas diretamente das fezes de humanos que

apresentavam os sintomas da doença provocada por E. coli O157: H7.

6.6 – Linhagens resistentes a antibióticos isolados nas lagoas

A resistência aos antimicrobianos em E. coli tem sido relatada em todo

mundo. A ocorrência do patógeno e o perfil de susceptibilidade, entretanto,

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apresentam variações geográficas bem como significantes diferenças em várias

populações e ambientes (VON BAUM & MARRE, 2005). No presente trabalho, o

número de linhagens de Escherichia coli resistentes a antibióticos, nas lagoas, foi

considerável. Este resultado foi importante pela alta proporção de isolados

resistentes, haja visto que 65% dos isolados mostrou-se resistente a pelo menos um

antibiótico. Além disso, deve-se destacar que 16% dos isolados eram multi-

resistentes para até sete antibióticos e o alerta se faz também porque mais da

metade destes foram sorotipos diarreiogênicos ou se mostraram positivos para o

gene de virulência stx2 característico de linhagens enterohemorrágicas. Segundo

BALDINI et al. (1991), a presença de linhagens de Escherichia coli resistentes a

antibióticos no ambiente constitui um problema principalmente considerando aquelas

que carregam o plasmídeo R de resistência, pois a transferência deste plasmídeo

entre linhagens taxonômicas próximas é um fato, e dessa forma contribui para a

disseminação desse estado indesejável. Para PARVEEN et al (1997), o perfil de

resistência a antibióticos em E. coli está associado a origem da poluição no

ambiente. Os referidos autores observaram que 82% das linhagens de E. coli

isoladas de água residual urbana e rural apresentaram resistência a vários

antibióticos testados. A resistência entre isolados de E. coli provavelmente ocorre

devido o uso indiscriminado de agentes antimicrobianos que pode refletir na

ocorrência de transferência de plasmídeos no trato digestivo de humanos e no

ambiente (TREVORS et al., 1987; PARVEEN et al., 1997). BOON & CATTANACH

(1999) isolaram linhagens de E. coli resistentes a antibióticos de aquíferos com

diferentes origens de poluição, encontraram maior índice de linhagens resistentes

naqueles com contaminação fecal de origem humana do que em outros com

contaminação fecal de origem animal. Compatíveis com esses resultados foram os

encontrados no presente trabalho pois, o Lago Dom Helvécio, local do parque de

maior visitação pelos turistas, foi o que mostrou maior índice (54%) de linhagens de

Escherichia coli resistentes e a multi-resistência até sete antibióticos também foi

observada.

As linhagens de Escherichia coli resistentes e multiresistente a antibióticos

isolados nas lagoas têm um importante significado clínico e ecológico. A importância

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clínica refere-se ao fato da resistência aos antibióticos constituir um fator de risco

para o agravamento de uma patologia infecciosa, pois, uma vez instalada a doença

clínica, torna-se difícil a escolha do antibiótico de eficácia terapêutica. Assim,

atualmente, a abordagem da resistência aos antibióticos, constitui um dos

parâmetros para a definir o grau de importância de uma linhagem bacteriana

associada a uma patologia (VON BAUM & MARRE, 2005). Além dos fatores de

virulência definidos por toxinas e elementos responsáveis pela aderência e

invasibilidade associados aos mecanismos desencadeadores de doença, a detecção

de perfis de susceptibilidade a antibióticos caracterizado por multi-resistência

representa componente necessário à determinação do potencial patogênico de uma

linhagem bacteriana.

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CONCLUSÕES

____________________________________________________________________

• Todos os ambientes aquáticos amostrados no Parque Estadual do Rio Doce

apresentaram baixa densidade de bactérias do grupo coliforme e foram

considerados próprios para balneabilidade de acordo com a Resolução

CONAMA 274/2000.

• A espécie Escherichia coli foi identificada em todos os pontos amostrados ao

longo de todo período de coleta indicando a freqüente presença de

contaminação fecal de origem humana ou animal nos ecossistemas

estudados.

• Os genes de virulência stx2, eae e elt I foram encontrados em sete dos 80

isolados ambientais das lagoas investigadas. Este resultado sugere que existe

a probabilidade dos banhistas adquirirem doença gastrointestinal transmitida

pelas águas dos lagos investigados.

• A Técnica de Aglutinação em Lâmina, específica para determinados

sorogrupos nem sempre correlaciona com a patogenicidade da linhagem e a

discriminação de subgrupos de EPEC, ETEC, EHEC e EIEC requer a

utilização de técnicas moleculares baseadas em genes de virulência.

• Alta incidência de isolados de E. coli multi-resistentes a antibióticos indicam a

possível disseminação de linhagens resistentes pelos banhistas e animais, e

também um risco para saúde dos mesmos.

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99

ANEXO 1

Linhagens de E. coli

Ponto de Coleta Lagoa Coletada Mês

DH 05 P1 Dom Helvécio Maio / 04 DH 11 P2 Dom Helvécio Maio / 04 DH 18 P3 Dom Helvécio Maio / 04 DH 24 P4 Dom Helvécio Maio / 04 DH 28 P5 Dom Helvécio Maio / 04 DH 34 Limnética Dom Helvécio Maio / 04 DH 37 P1 Dom Helvécio Junho / 04 DH 38 P2 Dom Helvécio Junho / 04 DH 39 P5 Dom Helvécio Junho / 04 DH 41 P2 Dom Helvécio Julho / 04 DH 44 Limnética Dom Helvécio Julho / 04 DH 45 P1 Dom Helvécio Agosto / 04 DH 52 P3 Dom Helvécio Agosto / 04 DH 57 P4 Dom Helvécio Agosto / 04 DH 59 P1 Dom Helvécio Setembro / 04 DH 63 P2 Dom Helvécio Setembro / 04 DH 66 P3 Dom Helvécio Setembro / 04 DH 67 P4 Dom Helvécio Setembro / 04 DH 70 P5 Dom Helvécio Setembro / 04 DH 74 P4 Dom Helvécio Outubro / 04 DH 77 P1 Dom Helvécio Dezembro / 04 DH 78 P1 Dom Helvécio Dezembro / 04 DH 80 P2 Dom Helvécio Dezembro / 04 DH 81 P3 Dom Helvécio Dezembro / 04 DH 83 P4 Dom Helvécio Dezembro / 04 DH 85 P5 Dom Helvécio Dezembro / 04 DH 87 Limnética Dom Helvécio Dezembro / 04 DH 90 P2 Dom Helvécio Janeiro / 05 DH 91 P2 Dom Helvécio Janeiro / 05 DH 93 P2 Dom Helvécio Janeiro / 05 DH 94 P3 Dom Helvécio Janeiro / 05 DH 97 P4 Dom Helvécio Janeiro / 05 DH 98 P4 Dom Helvécio Janeiro / 05 DH 101 P5 Dom Helvécio Janeiro / 05 DH 103 Limnética Dom Helvécio Janeiro / 05 DH 104 P1 Dom Helvécio Fevereiro / 05 DH 113 P3 Dom Helvécio Fevereiro / 05

Linhagens de Escherichia coli isoladas do Lago Dom Helvécio e selecionadas para

detecção de fatores de virulência por PCR.

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100

ANEXO 2

Linhagens de E. coli

Ponto de Coleta Lagoa Coletada Mês

05 Litorânea Lagoa Carioca Maio / 04 15 Limnética Lagoa Gambazinho Maio / 04 25 Limnética Lagoa Gambazinho Maio / 04 28 Litorânea Lagoa Carioca Junho / 04 32 Limnética Lagoa Jacaré Junho / 04 34 Litorânea Lagoa Jacaré Julho / 04 36 Limnética Lagoa Jacaré Julho / 04 40 Litorânea Lagoa Carioca Agosto / 04 45 Litorânea Lagoa Jacaré Agosto / 04 47 Limnética Lagoa Gambazinho Agosto / 04 48 Litorânea Lagoa Gambazinho Agosto / 04 50 Limnética Lagoa Carioca Agosto / 04 58 Litorânea Lagoa Carioca Setembro / 04 72 Limnética Lagoa Carioca Setembro / 04 88 Limnética Lagoa Jacaré Setembro / 04 91 Litorânea Lagoa Gambazinho Setembro / 04 95 Limnética Lagoa Gambazinho Setembro / 04 140 Litorânea Lagoa Jacaré Outubro / 04 150 Litorânea Lagoa Carioca Outubro / 04 165 Litorânea Lagoa Gambazinho Outubro / 04 178 Limnética Lagoa Jacaré Outubro / 04 207 Limnética Lagoa Carioca Outubro / 04 225 Limnética Lagoa Gambazinho Outubro / 04 236 Litorânea Lagoa Jacaré Novembro / 04 250 Litorânea Lagoa Carioca Novembro / 04 260 Limnética Lagoa Carioca Novembro / 04 263 Litorânea Lagoa Gambazinho Novembro / 04 280 Litorânea Lagoa Jacaré Dezembro / 04 292 Litorânea Lagoa Carioca Dezembro / 04 301 Litorânea Lagoa Carioca Dezembro / 04 312 Litorânea Lagoa Gambazinho Dezembro / 04 316 Limnética Lagoa Gambazinho Dezembro / 04 320 Litorânea Lagoa Jacaré Janeiro / 05 328 Limnética Lagoa Jacaré Janeiro / 05 330 Litorânea Lagoa Carioca Janeiro / 05 341 Limnética Lagoa Carioca Janeiro / 05 344 Litorânea Lagoa Gambazinho Janeiro / 05 348 Limnética Lagoa Gambazinho Janeiro / 05 354 Litorânea Lagoa Jacaré Fevereiro / 05 366 Limnética Lagoa Jacaré Fevereiro / 05 373 Litorânea Lagoa Carioca Fevereiro / 05 386 Limnética Lagoa Carioca Fevereiro / 05 395 Litorânea Lagoa Gambazinho Fevereiro / 05

Linhagens de Escherichia coli isoladas das Lagoas Carioca, Jacaré, Gambazinho

e selecionadas para a detecção de fatores de virulência por PCR.