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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO VERMELHO AMARELO SOB APLICAÇÃO DE CAMA DE FRANGO EM COMPLEMENTO À ADUBAÇÃO MINERAL
JANÁINE VIEIRA DA SILVA DONINI
CUIABÁ – MT 2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO VERMELHO AMARELO SOB APLICAÇÃO DE CAMA DE FRANGO EM COMPLEMENTO À ADUBAÇÃO MINERAL
JANÁINE VIEIRA DA SILVA DONINI Engenheira Sanitarista
Orientadora: Profª Drª Oscarlina Lúcia dos Santos Weber PPGAT – UFMT
Co-Orientador: Prof. Dr Carlos Alberto Ceretta PPGCS - UFSM
Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.
CUIABÁ – MT 2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Título: CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO VERMELHO AMARELO SOB APLICAÇÃO DE CAMA DE FRANGO EM COMPLEMENTO À ADUBAÇÃO MINERAL Autora: JANÁINE VIEIRA DA SILVA DONINI Orientadora: Dra. OSCARLINA LÚCIA DOS SANTOS WEBER
Aprovada em 16 de fevereiro de 2011.
Comissão Examinadora:
____________________________
Prof. Ricardo Santos Silva Amorim
(FAMEV/UFMT)
___________________________
Profª.Maria Aparecida P. Pirangeli
(PRPPG/UNEMAT)
___________________________
Profa. Oscarlina Lúcia dos Santos Weber
(FAMEV/UFMT) (Orientadora)
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À Ana Sofia e Guilherme razão do meu viver e Paulo meu Amor e grande Companheiro dedico este trabalho e todos os dias de minha vida. A Deus por ter colocado em meu caminho pessoas tão especiais como meus pais, João (in memorian) e Josefa, exemplos de dedicação, amor, humildade e fé. Obrigado!!!
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela presença incondicional em minha Vida e pela oportunidade de
viver e poder batalhar por meus ideais;
Ao Paulo, Ana Sofia e Guilherme, somente obrigado é muito pouco para
traduzir minha gratidão a vocês por todos os momentos de ausência, por
todas as palavras de carinho, por todos os sorrisos e amparo nos momentos
difíceis. Amo Vocês!!!!!!!
À minha Mãe Josefa, mulher guerreira e minha referência, obrigada por me
conduzir tão carinhosamente pelos caminhos da vida;
Às minhas irmãs Laure, Laine, Josi e Juliana e cunhados pela imensa
contribuição e carinho dispensado aos meus filhos;
Aos meus amados sobrinhos João Luiz, Murilo e Rafael;
Aos meus sogros, Sidônia e Atílio pela contribuição ímpar;
À Professora Oscarlina Weber com quem começo a aprender a linguagem
agronômica e da química do solo, agradeço especialmente pelo desafio em
me orientar. Obrigada pela constante acolhida, pelas conversas, por mostrar
um caminho baseado em competência, dedicação e humildade;
Ao Professor Carlos Alberto Ceretta, pela acolhida em Santa Maria, pela
orientação e amizade;
Aos amigos Josimar e Kelly, obrigada por tudo! Vocês são sensacionais;
Aos meus alunos Katiuchi Donini, Kaléo Donini, Eduardo Vaz e Rafael
Nalim, obrigada pelo carinho e ajuda imprescindível. O futuro é agora!
Ao Clevton e Marina pela colaboração;
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À equipe do Laboratório de Solos, Marcela, D. Severiana e estagiários;
Aos funcionários do PPGAT, Maria, Denise, Suzana, Berenice e Sena;
Aos colegas e amigos do mestrado, Larissa, Josimar, Andréia, Liliane, Aline,
Thales, Rafael, Mariana, Jader, Rafaelly e Indira, sem vocês não seria tão
gratificante;
À Susan Dignart Ferronatto, obrigada pelo carinho e atenção, sem vocêcê
pilotando o “sensível” TOC, não sei o que seria;
Aos Docentes do PPGAT-UFMT e PPGCS-UFSM, pela convivência e
aprendizado.
Aos Amigos da Ciência do Solo - UFSM, Marcelo, Marta Eliane, Marta
Drescher, Gerusa, Ricardo, Nathália, Fábio Pacheco, Juliana, Viviane, Deisy
e Roberto Miranda, a amizade sempre vai ficar.
Aos amigos e colegas do IFMT – Campus São Vicente, obrigada.
Aos amigos de Campo Verde, pela compreensão na ausência.
Ao José Carlos Dolphine, ao Júlio e ao Alexandre Lopes pela oportunidade e
ajuda para realizar meu estudo em suas propriedades;
Enfim, ao agradecer nominalmente somos passíveis de esquecimento, então
agradeço a todas as pessoas que foram importantes para esta etapa de
minha vida.
Obrigada!!!
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CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO VERMELHO AMARELO SOB APLICAÇÃO DE CAMA DE FRANGO EM
COMPLEMENTO A ADUBAÇÃO MINERAL
RESUMO - O incremento na produção de aves tem como conseqüência o
aumento na produção de cama de frango, que é constituído dos dejetos das
aves e material absorvente. Aplicar resíduos sobre o solo além de ser uma
forma de destinação final, é também uma forma de ciclar nutrientes. O
objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do sistema de manejo do solo
nas características químicas, bem como verificar a eficiência econômica. O
trabalho foi realizado na Fazenda Pirassununga no município de Campo
Verde, região sudeste de Mato Grosso. Os tratamentos avaliados foram três
sistemas de manejo na propriedade, assim organizados: Área 1 – Cerrado
nativo (referência); Área 2 – Uso de cama de frango como complemento a
adubação mineral; Área 3 – Adubação mineral. Para as análises químicas
foram coletadas, 12 amostras de solo numa área de 0,25 ha, nas
profundidades de 0 a 10, 10 a 20, 20 a 40 e 40 a 60 cm. Para a análise da
eficiência econômica foram utilizados dados coletados na propriedade,
correspondendo às safras de 2006/2007, 2007/2008, 2008/2009 e
2009/2010. As características químicas do solo foram alteradas sob sistema
de manejo com uso de cama de frango, com maior relevância no pH, K+,
Ca+Mg, CTC e saturação por bases.Os outros atributos químicos avaliados
não tiveram diferenças entre os três sistemas de manejo.A eficiência
econômica foi semelhante para os sistemas de manejo.
Palavras-chave: resíduos; ciclagem de nutrientes; qualidade do solo
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CHEMICAL CHARACTERISTICS OF AN APPLICATION UNDER YELLOW RHODIC BED CHICKEN IN ADDITION TO MINERAL FERTILIZATION
ABSTRACT - The increase in poultry production causes an increase in
production of poultry litter, which consists of poultry manure and absorbent
material. Apply waste on land as well as being a form of disposal is also a
way to cycle nutrients. The aim of this study was to evaluate the influence of
soil tillage system on chemical, as well as check the economic efficiency. The
study was conducted at Pirassununga Farm in Campo Verde, Mato Grosso
region of southeast. The treatments were three tillage systems on the
property, well organized: Area 1 - native savanna (reference), Area 2 - Use of
chicken manure to supplement chemical fertilizers; Area 3 - Mineral
fertilizers. Chemical analysis were collected 12 soil samples in an area of
0.25 ha, at depths of 0 to 10, 10 to 20, 20 to 40 and 40 to 60 cm. For the
analysis of economic efficiency we used data collected on the property,
corresponding to the seasons 2006/2007, 2007/2008, 2008/2009 and
2009/2010. The soil chemical characteristics have been changed under the
management system with the use of poultry litter with greater relevance in
pH, K+, Ca+Mg, CEC and base saturation. The other chemical attributes
evaluated did not differ among the three tillage systems. The economic
efficiency was similar for the management systems.
Keywords: waste, nutrient cycling, soil quality.
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SUMÁRIO
Página
RESUMO 7
ABSTRACT 8
1. INTRODUÇÃO 10
2. REVISÃO DE LITERATURA 12
2.1 Caracterização do solo e do clima da região de estudo 12
2.2 Atividade econômica da região de estudo 12
2.2.1 Agricultura e pecuária 13
2.3 Resíduos orgânicos 14
2.3.1 Avicultura e o uso de cama de frango no solo 14
2.3.2 Atributos químicos do solo com uso da cama de frango 15
2.4 Eficiência econômica 18
2.4.1 Variáveis econômicas 20
2.4.1.1 Custo Fixo Total 20
2.4.1.2 Custo Variável Total 20
2.4.1.3 Custo Total 21
2.4.1.5 Custo Médio Total 21
2.4.2 Índice de eficiência econômica 21
3. MATERIAL E METODOS 22
3.1 Avaliação dos atributos químicos do solo 24
3.2 Eficiência econômica 25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 27
4.1 Avaliação dos atributos químicos do solo nos diferentes
ambientes estudados
27
4.2 Eficiência econômica 34
5. CONCLUSÕES 36
6. BIBLIOGRAFIA 37
10
1 INTRODUÇÃO
O Brasil vem se destacando na cadeia produtiva de aves de corte nos
últimos anos em relação ao desenvolvimento tecnológico e capacidade de
coordenação entre os diferentes atores que a compõem. Essa atividade
garante ao país posição de destaque no cenário mundial, pois há seis anos
passou a ser o maior exportador de carne de frango e o terceiro maior
produtor. A avicultura é uma atividade produtiva de grande importância para
o Estado de Mato Grosso, devido ao potencial de verticalização da cadeia
produtiva agregando valor ao produto e o sistema de integração na produção
de frango de corte, que oportuniza a diversificação na geração de renda.
O incremento na produção de aves tem como conseqüência o
aumento na produção de cama de aviário, cujo resíduo, é constituído das
excretas das aves e material absorvente, tendo aumentado seu uso como
adubo orgânico na agricultura. Utilizado como fonte de nutrientes para as
plantas, esses adubos têm elevado teor de matéria orgânica, auxiliando no
condicionamento físico, químico e biológico do solo.
Aplicar resíduos sobre o solo além de ser uma forma de destinação
final adequada, é também uma forma de ciclar nutrientes. Se bem manejado,
os resíduos podem ser uma forma de manutenção da qualidade do solo,
com aporte regular de matéria orgânica, garantindo disponibilização de
nutrientes às plantas e estabilidade de matéria orgânica do solo por meio de
sua humificação por processos químicos, físicos e microbiológicos, além de
diminuir custos na produção. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi
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avaliar a influência do sistema de manejo do solo nas características
químicas, bem como verificar a eficiência econômica.
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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Caracterização do solo e do clima da região de estudo
Os solos sob Cerrado têm Latossolos como classe predominante,
seguido dos Argissolos e dos Neossolos Quartzarênicos. Os Latosssolos
são profundos, bem drenados, sem impedimento à mecanização agrícola e
de baixa fertilidade natural. Com as técnicas de correção e adubação
química esses solos passaram a ser foco de interesse econômico, sobretudo
devido às características físicas, adequadas para o plantio agrícola
(Lopes,1983). Dentre os Latossolos, estão os Vermelhos-Amarelos, de maior
ocorrência no Estado de Mato Grosso, estendendo-se cerca de 262.000 km²,
principalmente em sua porção centro-norte, ocorrendo também no Planalto
dos Guimarães, na região de Campo Verde, Primavera do Leste, Novo São
Joaquim e General Carneiro, estendo-se também por outras regiões do
Estado (Embrapa, 2006).
O clima da região é do tipo Aw, segundo classificação Köppen, com
precipitação média anual de 1500 mm, com médias de temperatura variando
entre 18ºC e 24ºC, com dois períodos sazonais definidos: chuvoso de
outubro a abril e de estiagem de maio a setembro (EMBRAPA, 2003).
2.2 Atividade Econômica na Região de Estudo
Por se localizar no platô dos Guimarães a região da área do estudo
reúne solos e clima adequados à diversificação de atividades, de modo que
atualmente a região de estudo ocupa o segundo lugar no ranking do PIB
agropecuário do país.
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2.2.1 Agricultura e pecuária
Campo Verde é o maior produtor de algodão em pluma do Brasil e
tem uma atividade rural diversificada. A soja começou a ser cultivada na
década de 80, e novas tecnologias de cultivo e, sementes adaptadas ao
clima e ao solo do Cerrado fizeram com que a área ocupada, ocupada com a
cultura, aumentasse e a produtividade atingisse níveis superiores a 50 sacas
por hectares. Hoje são plantados por safra, mais de 170 mil hectares de soja
(Prefeitura Municipal de Campo Verde, 2010).
O algodão começou a ser cultivado no município em 1994, desde
então, a cultura tem se difundido ano a ano, sendo uma das culturas que
mais contribuem para que o município tenha um dos maiores PIBs
agropecuários do país, e o milho safrinha é uma opção para os produtores
durante a entre safra (Prefeitura Municipal de Campo Verde, 2010).
O sistema mais utilizado para essas culturas ainda é o sistema de
plantio convencional (aração, gradagem e subsolagem), promovendo a
redução no teor de matéria orgânica e comprometendo a sustentabilidade da
atividade agrícola (Stone e Silveira, 2001). Outro sistema muito utilizado, que
é o sistema de semeadura direta que envolve um conjunto de técnicas
integradas que visam otimizar a expressão do potencial genético de
produção das culturas com simultânea melhoria das condições ambientais
(solo-água-clima) (EMBRAPA, 2003)
A atividade de avicultura de corte em Mato Grosso surgiu na década
de 80, e desenvolveu-se na década de 90 em Mato Grosso, concentrada nas
regiões Sul e Sudoeste do Estado, com pouca atividade ao Norte. Com o
passar dos anos, especificamente a partir do ano 2000, ocorre uma
descentralização da atividade em função da instalação das plantas
industriais, favorecendo o avanço da avicultura de corte principalmente em
outras regiões de Mato Grosso (Franco et al., 2009).
A criação de frangos de maneira industrial gera resíduos de alto
conteúdo de nitrogênio, fósforo, potássio, minerais traço e bactérias. Os
fertilizantes químicos são insumos não renováveis, já a cama de frango,
como está reutilizando um resíduo do de outra atividade, pode ser
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considerado um resíduos ambientalmente correto, pois é abundante em
regiões produtoras de frango. Isso, entre outras coisas, motiva a utilização
de cama de frango (Ávila et al., 2007).
2.3 Resíduos Orgânicos
Desde os primórdios da agricultura, os resíduos das criações animais
têm se constituído em uma fonte de elementos essenciais à manutenção da
produtividade agrícola (Hahn, 2004).
A utilização de adubos orgânicos aumenta o aporte de MO nos
sistemas agrícolas. A MO é composta de raízes, biomassa microbiana,
restos vegetal em diferentes fases de decomposição e o húmus fração mais
estável. Os compostos húmicos aumentam a capacidade de troca de
cátions, estimulam atividade microbiana e a capacidade do solo complexar e
solubilizar íons (Marchi et al, 2008).
Os adubos orgânicos são obtidos de resíduos de origem animal ou
vegetal, proveniente de áreas rurais, urbanas e agroindústrias. Ainda podem
ou não ser enriquecido com uso associados de adubos minerais (Souza &
Alcântara, 2008).
Apesar dos possíveis problemas decorrentes do uso dos estercos
como adubo, como a contaminação de corpos d’água, a sua aplicação no
solo se constitui em uma opção tecnicamente viável, desde que observe as
características dos estercos, do solo e do ambiente. A espécie, a
alimentação e o manejo dos animais resultam na produção de estercos que
variam entre si na sua composição, principalmente quanto aos teores de
nutrientes, e isto têm levado a se considerar os estercos como uma fonte
desequilibrada de nutrientes (Pandolfo, 2005).
Sob o ponto de vista agrícola, a principal vantagem do uso de
resíduos relaciona-se com o fornecimento de nutrientes neles contidos e/ou
com benefícios ligados ao seu conteúdo orgânico, que pode manter, ou
mesmo elevar, o teor de matéria orgânica do solo (Pires & Mattiazzo, 2008).
A adição de materiais orgânicos é fundamental à qualidade do solo,
caracterizando-se pela liberação gradativa de nutrientes, controle da
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temperatura e umidade, ainda reduzindo os processos de lixiviação, fixação
e volatilização dos nutrientes (Leite et al, 2003).
Portanto, a utilização de resíduos orgânicos, devido as suas
características físicas, químicas e biológicas, é possível, transformando-os
da condição de poluidores em produtos condicionadores dos aspectos
físicos do solo e fornecedores de nutrientes às plantas, com redução do uso
de adubos minerais, tornando o ambiente ecologicamente equilibrado
(Rezende et al, 2010).
2.3.1 A avicultura e uso da cama de frango no solo
Em função do aumento populacional e da demanda de alimentos,
houve a necessidade de incremento da produção agrícola e pecuária ao
longo dos anos, resultando na intensificação de algumas atividades, entre as
quais a bovinocultura, suinocultura e avicultura (Pandolfo, 2005).
A evolução da avicultura industrial e sua expansão em diversas áreas
do Brasil está relacionada às dinâmicas dos espaços rurais influenciadas por
demandas comerciais e produtivas, e vêm passando por modificações no
processo produtivo, decorrentes de inovações tecnológicas que visam
aumentar a produtividade e o faturamento das indústrias (Belusso &
Hespanhol, 2010).
A expansão das plantas industriais avícolas no Brasil é dependente
de uma conjuntura que inclui política agrícola, acesso aos mercados
consumidores, aptidão dos produtores, condições de transporte e,
principalmente, disponibilidade de matérias-primas indispensáveis à
produção de frangos: o milho e a soja (Belusso & Hespanhol, 2010). Essa
realidade aplica-se ao Estado de Mato Grosso que é um dos maiores
produtores de grãos na atualidade e ainda conta com boa logística de infra-
instrutura para a manutenção da atividade.
Em 2004 o Brasil conquistou a liderança mundial nas exportações de
frango, quando ultrapassou os Estados Unidos, que é o maior produtor de
frangos do mundo, possuindo um portfólio de compradores de frango
superior a cento e cinqüenta países (AVISITE, 2009).
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A avicultura de corte é uma das cadeias produtivas de maior
relevância tanto para o abastecimento do mercado interno, quanto para a
solidificação do país como grande exportador de commodities
agropecuários, contribuindo para constantes saldos comerciais positivos do
agronegócio nacional. Portanto, a relevância econômica e social desse setor
é indiscutível. Mas para se atingir a sustentabilidade, deve-se também ter
relevância ambiental (Palhares, et al 2009).
Segundo Zilli (2003) a produção intensiva de animais, em algumas
áreas, pode ser desestimulada devido à exigência da questão ambiental
imposta aos produtores, ainda que seja economicamente viável. Trazendo
também para as regiões, problemas como a produção de elevadas
quantidades de resíduos.
Muitos subprodutos ou resíduos dos diferentes processos de
produção da atividade avícola, dado a incapacidade de processamento e
eficiência produtiva, podem apresentar em seus componentes nutrientes
minerais. Esses nutrientes ao serem armazenados ou aplicados em um
único local, podem causar problemas de contaminação e poluição se não
houver monitoramento adequado. Porém com a riqueza em nutrientes
desses subprodutos surge a possibilidade de utilização dos mesmos como
fertilizantes alternativos à adubação química convencional (Pohlmann,
2009), como por exemplo, a cama de frango.
O resíduo da cama de frango é muito utilizado como adubo em todas
as regiões do país, pelas características apresentadas e facilidade de oferta.
Blum et al. (2003), na análise de composição química da cama de aviário,
encontraram valores de 2,82% de N; 2,53% de P e 2,5% de Ca.
A proibição pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) do uso desse resíduo como alimentação de ruminantes (IN nº 15, de
17/07/2001, DOU de 18/07/01) impossibilita que os avicultores o
comercializassem como insumo nutricional, reforçando a necessidade de
uma destinação final adequada.
As alternativas de utilização dos dejetos de suínos e cama de frango
mais praticadas no Centro Oeste brasileiro são as integrações com produção
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de grãos e forragens para bovinos de corte e de leite. Além de avaliar a
produtividade obtida na cultura, deve-se conhecer a dinâmica desses
resíduos, porém, a utilização da cama de aves como insumo agrícola é
recente e não há muitos estudos a respeito do comportamento de seus
elementos no perfil do solo (Konzen, 2003).
Segundo a Legislação Brasileira (Brasil, 2005), para que um
composto orgânico possa ser utilizado comercialmente como fertilizante ele
deve apresentar, no mínimo 15% de carbono orgânico, 1% de nitrogênio
total, 18:1 de relação C:N, 20:1 de relação CTC:C e 6,0 de valor de pH, além
de limite máximo de umidade (50%) e de baixa contaminação com parasitos,
indicadores de microrganismos enteropatogênicos e metais tóxicos.
Partindo-se do princípio de que as exigências em nutrientes pelas
plantas varia com os tipos de cultivares, níveis de produtividade esperados,
entre outros, as quantidades fornecidas além dessas exigências ficam
depositadas no solo, e conseqüentemente, estarão suscetíveis a processos
de escoamento ou percolação. Nesse sentido, é importante avaliar o balanço
de nutrientes, para verificar a real capacidade-suporte do solo e a
composição elementar da cama de frango. A composição química da cama
de frango é bastante variada, no entanto os valores da tabela 1 podem servir
de base para uma recomendação aproximada da adubação das culturas.
A desconsideração de medidas conservacionistas, das características
do resíduo e das condições ambientais de cada área de plantio promove um
impacto ambiental que inclui a poluição do ar, do solo, das águas, a
fitotoxicidade e a deterioração da qualidade dos produtos agrícolas
produzidos (Ávila, 2008).
TABELA 1. Composição média de cama de frango segundo alguns autores
Componente
Blum et al (2003)
Redes de referência de
Londrina
Kozen (2003) Severino et al (2006)
N 2,82% 2% 3,0% 2,95%
P2O5 2,53% 1,36% 2,40% 3,87%
K2O 2,5% 2,34% 3,65% 1,1%
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Os teores de N, P, K, Ca e Mg podem variar conforme a origem (
frango de corte ou galinha poedeira), matéria que forma a cama (Tabela 2) e
quantos lotes consecutivos reutilizou a cama de aviário (Blum et al, 2003).
TABELA 2. Teores médios de nitrogênio (N), Cálcio (Ca), Fósforo (P) e pH
em cama de aviários com diferentes materiais.
Tipos de cama N Ca P pH
Maravalha 2,44 1,49 0,84 8,85
Casca de arroz 2,46 1,44 0,84 8,79
Sabugo de milho 2,28 1,46 0,81 8,65
Capim Cameron 2,72 1,96 1,05 8,96
Palha de soja 2,63 1,96 1,00 8,97
Restos culturais de
milho
2,66 2,04 1,07 8,93
Serragem 2,36 1,68 0,92 8,81
Fonte: Ávila et al. 2007.
2.3.2 Alterações nos atributos químicos do solo com o uso da cama de
frango
A utilização de resíduos em práticas agrícolas tem demonstrado que
sua disposição no solo adiciona uma série de substâncias que podem alterar
os atributos físicos, químicos, físico-químicos e principalmente biológicos,
podendo afetar o equilíbrio do sistema solo-planta. Alterações que sejam
benéficas deve-se estabelecer e monitorar as quantidades, formas e
freqüências de aplicação (Lana et al.,2009).
Nos últimos anos, tem aumentado o interesse na utilização do solo
como meio alternativo para auxiliar no controle da poluição ambiental. Dessa
forma, o solo vem sendo utilizado para descarte de resíduos com potencial
poluente, como compostos de lixo, lodos de estações de tratamento,
efluentes industriais, dejetos de origem animal entre outros. Essa prática tem
sido viável devido à capacidade do solo de inativar diversos íons e
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compostos orgânicos por adsorção, complexação ou precipitação. Os
microrganismos do solo podem, também, decompor compostos de resíduos
orgânicos e ter ação sobre organismos patogênicos (Meurer, 2006).
A cama de frango pode ser considerada um adubo orgânico de
excelente qualidade por conter altas concentrações de macro e
micronutrientes necessitando, no entanto, de se conhecer potencialidades e
limitações na sua interação com o solo e a água (Malone, 1992).
Warren & Fonteno (1993) observaram transformações físico-químicas
nos solos agricultáveis, demonstrando que a capacidade de troca de cátions
(CTC) e a disponibilidade de N, P, K, Ca e Mg aumentaram linearmente com
o aumento na dose de cama de frango aplicada ao solo. O uso de elevadas
quantidades de resíduos orgânicos também pode acarretar aumento nos
valores de pH do solo (Andreola et al., 2000).
Aplicações a longo prazo, com base nas exigências de N para a
cultura podem elevar níveis de P excedendo a quantidade normalmente
exigida pela cultura. Uma acumulação de P no solo devido a aplicação de
cama de frango ao solo aumenta o risco de movimento de P por escoamento
superficial associados aos sedimentos (Sharpley, 1995).
A adição de material orgânico ao solo tem causado uma diminuição
no teor de Al trocável, que pode ser explicada pela hidrólise decorrente do
aumento de pH e pela complexação do Al, que é determinada pela
estabilidade do complexo orgânico formado (Miyasawa et al., 1993).
Esses efeitos são muito importantes para os solos tropicais, devido à
sua formação, pois, via de regra apresentam baixa capacidade de retenção
de nutrientes para as plantas, conseqüentemente, aumentando o conteúdo
de carbono no solo, aumenta sua fertilidade e, o conteúdo de biomassa
vegetal que esse solo é capaz de suportar.
2.4 Eficiência Econômica
A analise da eficiência de um sistema de produção agrícola aborda a
produção física alcançada, com as respectivas funções de custos e
lucratividade, nas quais se consideram como eficientes os sistemas que
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maximizem o resultado econômico, dado um determinado nível de
produtividade (Polzl, 2002).
Essas análises permeiam toda a agricultura, desde as grandes
propriedades, caracterizada pelo uso intensivo de insumos e equipamentos
em grandes áreas de plantio, até a agricultura familiar e/ou de subsistência
com características de mão-de-obra intensiva em pequenas áreas de cultivo
(Polzl, 2002).
2.4.1 Variáveis Econômicas 2.4.1.1 Custo Fixo Total (CFT)
O conjunto de obrigações da empresa para os recursos fixos, por
unidade de tempo, são os custos fixos. No curto prazo (mês) o custo fixo
permanecerá constante independentemente da produção (Leftwich, 1991).
Dentro do custo fixo estão incluídos os gastos com pagamentos de salários
de empregados em funções operacionais e administrativos, gastos com
impostos e taxas que não incidem sobre produção, tais como, depreciação
de equipamentos (Silva, 1997).
2.4.1.2 Custo Variável Total (CVT)
As obrigações da firma incorridas com os recursos variáveis
constituem os custos variáveis, os quais dependem do nível de produção e
devem necessariamente aumentar à medida que a produção da firma
aumenta (Leftwich, 1991).
Os custos variáveis incluem despesas com sementes, insumos;
energia elétrica, diesel, custos com manutenções de máquinas,
equipamentos, impostos e taxas relacionados com a produção (Silva, 1997).
2.4.1.3 Custo Total
O custo total é a soma do custo fixo total com o custo variável total da
empresa (Ferguson, 1994).
21
2.4.1.4 Custo Total Médio
O custo total médio representa o custo total por unidade de produto a
custo unitário (Leftwich, 1991).
2.4.2 Índice de eficiência econômica
A eficiência econômica, segundo Silva (1987), é baseada no custo
total médio. O índice de eficiência econômica não determina o quanto as
propriedades (sistemas de manejo) são eficientes individualmente, mas faz
uma comparação entre elas, indicando as que possuem as maiores relações
entre o custo total e a quantidade produzida, o que é um bom indicador da
eficiência relativa entre os sistemas.
O sistema que possuir o menor custo total médio terá seu índice de
custo total (ICT) igual a 100 e seu índice de eficiência econômica (IEE) igual
a 1. Os demais sistemas terão os seus custos totais médios comparados
com o custo total médio da área de ICT = 100.
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3 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Fazenda Pirassununga situada no
município de Campo Verde, região sudeste de Mato Grosso, entre as
coordenadas 15º36’57,77”S e 55º11’16,86”O e, altitude média de 736
metros. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho Amarelo (Embrapa,
1999), com textura argilosa. O clima é do tipo Aw, segundo a classificação
Köppen, com precipitação média anual de 1500 mm, com médias de
temperatura variando entre 18°C a 24°C, com dois períodos sazonais
definidos: chuvoso de outubro a abril, e de estiagem de maio a setembro.
A área agrícola utilizada no presente trabalho tem sido explorada com
agricultura intensiva desde a década de 70, em um sistema de sucessão
principalmente das culturas soja, milho, algodão e milheto, e nesta última
década com sistema de semeadura direta, contígua à área agrícola está a
área de cerrado nativo. Na figura 1, é apresentada a localização e
posicionamento da área de estudo.
A área agrícola do experimento vem sendo conduzida com aplicação
de cama de frango desta forma desde 2005, com sucessão soja/milho,
sendo soja na safra e milho na safrinha em todos os anos agrícolas
posteriores. No ano em que a aplicação de cama de frango foi implantada,
as características químicas e a granulométrica do solo eram as
apresentadas na Tabela 3. Os tratamentos avaliados foram dois sistemas de
adubação, a orgânica tendo a cama de frango como substrato
complementar; e à mineral, tendo o Cerrado como referência. Assim
23
organizados: Área 1 – Cerrado nativo (referência); Área 2 – Uso de cama de
frango como complemento a adubação mineral; Área 3 – Adubação mineral.
TABELA 3. Características do solo (0 a 20 cm) antes da instalação dos
sistemas de adubação. pH P K Ca Mg Al H+ Al M.O.
(CaCl2) ------mg dmˉ³----- -----------------cmolc dmˉ³------------------ g kg 5,07 9,4 93,84 2,18 0,5 0,0 3,36 27,08
S.B CTC V Classe Textural Argila Silte Areia ------cmolc dmˉ³---
- % ---------------g kg------------
2,92 6,27 46,47 Argilosa 370 65 565
Na Área 2, onde foi usada a cama de frango como complemento à
adubação mineral, o resíduo foi aplicado uma vez por ano, antes do plantio
de milho, durante quatro anos consecutivos, na quantidade de 2,5 t ha-1 ano,
FIGURA 3. Vista da área experimental Fonte: Google Earth (2010)
24
a lanço, sempre após a retirada dos aviários da propriedade,
complementando os insumos dos tratos culturais padrões utilizados (Tabela
4).
TABELA 4. Insumos utilizados nas culturas no período estudado
SAFRA Insumos utilizados nas culturas
2005/2006 FOSMAG (16% P2O5, 16% K2O, 10% Ca) - 0,3 t ha-1 KCl (60% K2O) – 0,08 t ha-1 URÉIA – 0,06 t ha-1 BASFOLIAR MANGANES - 2 L ha-1 CALCÁRIO CALCÍTICO – 0,380 t ha-1 ADUBO (20-0-20) – 0,2 t ha-1
2006/2007 ADUBO SUPERFOSFATO SIMPLES – 0,7 t ha-1 KCl (60% K2O) – 0,10 t ha-1 URÉIA – 0,02 t ha-1 BASFOLIAR SOJA – 0,66 L ha-1 BASFOLIAR MANGANES – 3,33 L ha-1 FERTILIS MANGANES MAX- 3 L ha-1 FOSMAG – 0,21 t ha-1 URÉIA – 70 kg ha-1
2007/2008 CALCÁRIO DOLOMÍTICO – 1,41 t ha-1 ADUBO 01-29-00 +16%CA + 7%S – 0,3 t ha-1 URÉIA – 0,05 t ha-1 BASFOLIAR MANGANES – 4,50 L ha-1 ADUBO (16-16-16) – 0,29 t ha-1 URÉIA – 0,07 t ha-1 KCl – 0,30 t ha-1
2008/2009 ADUBO (03-30-10) – 0,25 t ha-1 KCl – 0,06 L ha-1 FOLISUPER 600 BR – 0,8 L ha-1 ADUBO (0-16-16) – 0,27 t ha-1 URÉIA – 65 kg ha-1
2009/2010 URÉIA NPK (07-40-0)
3.1 Avaliação dos atributos químicos do solo
Para a avaliação dos atributos químicos foram coletadas, com pá de
corte, 12 amostras do solo numa área de 0,25 ha em cada tratamento. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado em parcelas
subdivididas 3x4, sendo as parcelas, os três tratamentos, denominados Área
25
1, Área 2 e Área 3 e subparcelas, as profundidades de coleta das amostras
de solo, que foram de 0 a 10, 10 a 20, 20 a 40 e 40 a 60 cm. As amostras
de solo foram secas ao ar, destorroadas e passadas em peneira de 2,0 mm
e depois foram armazenadas em recipientes de vidro.
Os atributos químicos do solo foram determinados de acordo com a
metodologia proposta por Tedesco et al. (1995) e EMBRAPA (1997). As
características químicas da cama de frango aplicada na propriedade são
apresentadas na Tabela 5.
TABELA 5. Características químicas da cama de frango
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 N total
g kg-1
31,7 29,8 34,3 22,7 P2O5 70,1 24,5 24,8 31,4 K2O 14,9 27,5 22,2 33,1 Ca 155,0 35,1 21,8 44,8 Mg 8,7 7,3 7,60 7,7 S 3,1 - 3,40 - Zn
mg kg-1
548 - 31 - Cu 430 - 36 - Fe 3592 - 958 - Mn 330 - 59 - B 147 - 128 - M.O. g kg-1 437 560 631 480 C total 243 311 389 267 Relação C/N 7/1 10/1 11/1 12/1 pH 8,5 8,4 7,4 7,7 Umidade % 6,9 - 3,2 14,2
Os resultados das determinações químicas obtidos foram submetidos
à análise de variância e, quando tiveram efeitos significativos, foram
submetidos ao teste Tukey a 5% de significância.
3.2 Eficiência Econômica
Os dados primários do custo de produção foram coletados por meio
de entrevista com o produtor e equipe administrativa. Para tanto, foi
26
acessado o banco de dados da propriedade quanto ao tipo de manejo
realizado em cada área, bem como as culturas plantadas e sua produção
efetiva.
O levantamento dos dados primários para identificar os custos dos
sistemas de manejo da propriedade foi realizado num período de quatro
anos agrícolas, correspondendo às safras de 2006/2007, 2007/2008,
2008/2009 e 2009/2010. Em todos os anos foi cultivado soja na safra e milho
na safrinha.
Para se encontrar a produção efetiva de cada área, buscou-se a
média da produção de cada safra dos anos agrícolas mencionados. Assim,
considerou-se a abordagem econômica medida pela relação entre as saídas
de capital e as entradas de capital dos sistemas. Na Tabela 7 são
apresentados preços médios de grãos praticados no Estado de Mato Grosso
durante o período analisado.
TABELA 7. Preços médios dos grãos produzidos em cinco safras
Preços médios (R$/saca 60 kg)
2006 2007 2008 2009 2010
Milho 20,43 21,42 24,01 18,77 16,37
Soja 25,26 31,21 42,43 44,14 36,15 FONTE: Instituto de Economia Agrícola (2010)
27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Avaliação dos atributos químicos do solo nos diferentes ambientes estudados
Na Tabela 6 são apresentados os resultados das análises químicas
do solo, das camadas amostradas.
O pH diferiu entre os tratamentos (Tabela 6) em profundidade,
observando-se menores valores na área 1 (Cerrado) em relação às outras
duas áreas. Naturalmente o Cerrado tem pH ácido devido ao baixo teor de
bases, elevados teores de Al-3 e H+ . A área com aplicação de cama de
frango (Área 2) teve valores de pH maiores nas duas últimas profundidades
em relação aos demais tratamentos. Na camada de 0 a 10 cm não houve
diferença entre as Área 2 e 3, sendo que na camada de 10 a 20 cm a Área 2
teve menor valor, observando-se que na camada de 0 a 20cm, onde há
maior concentração de raízes, de microrganismos e algum revolvimento
houve tendência da área 2 ter menores valores que a área 3.
As áreas 2 e 3 tiveram aplicação de calcário, que reduz a acidez do
solo elevando o pH pela neutralização do H+ (Lopes, 1989) aumentando a
concentração de íons OHˉ em solução. Os menores valores nas camadas
superficiais onde aplicou-se a cama de frango foi provavelmente devido à
maior liberação de compostos nitrogenados e ácidos orgânicos, durante a
decomposição de resíduos (Brito et al., 2005) ou devido à nitrificação ou
oxidação do N amoniacal a nitrato, pela atividade de microrganismos, pois
28
TABELA 6. Alteração nas características químicas do solo adubado com cama de frango.
Profundidade
(cm) Área 1 Área 2 Área 3
pH 0 a 10 4,34 aB (1) 5,39 abA 5,62 aA
10 a 20 4,32 aC 5,17 bB 5,74 aA 20 a 40 4,21 aC 5,55 aA 5,22 bB 40 a 60 4,43 aC 5,40 abA 4,99 bB
Ca+Mg (cmolc dm-3) 0 a 10 0,26 B 1,26 A 0,55 B
10 a 20 0,29 B 0,88 A 0,50 B 20 a 40 0,23 B 1,05 A 0,49 B 40 a 60 0,26 B 0,92 A 0,47 B
K+ (mg dm-3) 0 a 10 29,66 aB 43,10 aA 31,24 aB
10 a 20 11,07 bA 18,58 bA 11,07 bA 20 a 40 13,05 bA 12,65 bA 22,14 abA 40 a 60 27,68 aA 18,58 bA 24,51 aA
Na+ (mg dm-3) 0 a 10 60,51 abA 67,58 aA 69,93 aA
10 a 20 49,11 bB 62,86 aA 54,22 bAB 20 a 40 53,83 bA 56,18 aA 62,47 abA 40 a 60 70,33 aA 58,15 aA 64,43 abA
P (mg dm-3) 0 a 10 1,08 A 157,37 A 242,42 A
10 a 20 1,02 A 138,71 A 214,27 A 20 a 40 0,98 A 151,41 A 128,83 A 40 a 60 0,89 A 106,18 A 141,26 A
C (%) 0 a 10 1,95 ns 1,86 ns 1,41 ns
10 a 20 1,74 ns 1,75 ns 1,55 ns 20 a 40 1,93 ns 2,01 ns 1,61 ns 40 a 60 1,86 ns 1,98 ns 1,51 ns
Área 1 – Área de vegetação nativa; Área 2 – sob aplicação de cama de aviário + adubação convencional; Área 3 – adubação convencional. (1) As médias seguidas pela mesma letra, minúsculas para sistemas de manejo e maiúsculas para profundidade, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. ns – não significativo
29
nesse processo há formação de dois prótons (H+) para cada íon de NH4+
nitrificado, acelerando o processo de acidificação do solo (Sousa et al.,
2007).
Compostos orgânicos hidrossolúveis, originados da decomposição de
resíduos orgânicos, complexam cátions de reação ácida (Fe+2, Mn+2 e Al+3)
na solução do solo, liberando ânions (OHˉ, HCO3ˉ) que causam a
precipitação do alumínio e aumentam o pH (Pertere e Anghinoni, 2001).
Observa-se alterações significativas nos teores de Ca+Mg na Área 2,
demonstrando que o uso de cama como complemento à adubação mineral é
importante, corroborando com Gianello & Ernani (1983) que também
obtiveram aumentos significativos nos teores de Ca+Mg estudando
alterações na composição química do solo pela incorporação de cama de
frango.
O K+ teve maior disponibilidade na camada de 0 a 10 cm na Área 2,
isso pode ser explicado pela CTC do solo, que foi mais pronunciada nessa
camada. Matos et al. (2005) ao avaliarem os efeitos da aplicação de águas
residuárias da lavagem e despolpa dos frutos do cafeeiro nas características
químicas do solo de rampas de tratamento, também observaram que as
maiores concentrações de potássio ocorreram na camada de 0 a 10 cm de
profundidade. Incrementos na concentração de K+ também foram
encontrados em solos com exploração florestal (Falkiner & Smith, 1997) e
gramíneas (Queiroz et al., 2004) após aplicação de efluentes de
suinocultura.
O teor de K foi maior na camada abaixo de 20 cm em relação à
camada de 10 a 20 cm, na Área 3, e na camada de 40 a 60 cm na Área 1,
indicando lixiviação desse nutriente ao longo do perfil amostrado. Esses dois
tratamentos apresentaram menores valores de CTC (Figura 6), podendo
haver maior lixiviação dos íons de potássio em profundidade, havendo
perdas desse nutrientes, segundo Sousa & Lobato (2002) estes valores são
considerados baixos quando se fala em solos de cerrado.
O teor de Na na Área 2 difere na camada de 10 a 20 cm dos demais
tratamentos. As duas profundidades subseqüentes não apresentam
30
diferenças. Atenção deve ser dada a esse elemento, pois como cátion
monovalente, pode ser adsorvido aos colóides de solo e em elevadas
concentrações, é capaz de deslocar o Ca2+ e o K+ do complexo de troca,
condição passível de afetar, em determinadas situações, a estrutura do solo
(Oliveira et al., 2002), dispersão dos colóides e subseqüente entupimento
dos macroporos causando decréscimo na permeabilidade, à água e aos
gases (Erthal et al., 2010)
Não houve diferença entre tratamentos nem entre profundidades para
os teores de carbono no solo. Contudo, percebe-se maiores teores nas duas
primeiras camadas na Área 1, com aporte regular de biomassa na superfície
do solo, bem como na Área 2 em que houve a aplicação de cama de frango
a lanço, o CO se concentrou em superfície e subsuperfície. Girotto (2006),
trabalhando com aplicação de dejetos de suinocultura observou que essa
aplicação resulta em maior aporte de nutrientes, favorece o incremento do
teor de matéria orgânica nas camadas superficiais do solo.
Considerando que na atualidade existe uma maior preocupação na
manutenção do conteúdo de carbono no solo devido à sua importância em
diversos processos físico-químicos e biológicos, e ainda ressaltando o
importante papel na questão ambiental, relativo à mitigação do efeito estufa,
o manejo com a aplicação de cama de frango no solo, tendeu a elevar os
teores de matéria orgânica em relação às Áreas 1 e 3. Estes resultados
corroboram com Siqueira (1993), quando afirma que dependendo do manejo
aplicado, pode ocorrer equilíbrio com recuperação e até mesmo acumulação
de C no solo, o que seria ecologicamente vantajoso, do ponto de vista da
diminuição do CO2 da atmosfera, reduzindo-se o efeito estufa e os impactos
da atividade agrícola no ambiente
Batista (2006) estudando com doses combinadas de N e S na
implantação do capim-Marandu em substituição ao capim-braquiária em
degradação em solo com baixa M.O, observou que o N aplicado em altas
doses acelera a decomposição da M.O., promovendo a redução do seu teor
no solo. No entanto, neste estudo, o N na cama de frango, não influiu na
31
decomposição da M.O., mesmo porque a relação C/N é baixa (Tabela 5),
variando de 437,0 a 631,0 g kg-1, durante os quatro anos de utilização.
Os teores de nitrogênio (Figura 4) não diferiram entre os tratamentos,
com exceção à camada de 20 a 40 cm na Área 3. Sendo seus teores
maiores nas camadas de 10 a 20 e 20 a 40 cm nas Áreas 1 e 2, e 0 a 10 cm
na Área 3. É possível que esteja associado a sua fácil movimentação como
NO3 no solo.
FIGURA 4. Concentração de nitrogênio total nas área de vegetação de
nativa (Área 1); sob aplicação de cama de aviário + adubação convencional
(Área 2) e adubação convencional (Área 3). As médias seguidas pela
mesma letra, minúsculas para sistemas de manejo e maiúsculas para
profundidade, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey em
nível de 5% de probabilidade.
A aplicação de cama de frango proporcionou aumento nos valores de
CTC efetiva do solo (Figura 6A), notadamente na camada superficial. Esse
aumento na CTC se deve, provavelmente, às bases (Ca, Mg, K, Na)
presentes no solo amostrado (Tabela 6).
32
Embora não tenha havido diferenças entre os tratamentos relativos ao
C no solo, é relevante a importância da MO na CTC do solo. O manejo com
cama de frango tendeu a elevar o teor de CO no solo, com aplicação anual
desse resíduo em superfície, acrescentando o uso do sistema de semeadura
direta, que visa minimizar perturbação do solo e a crescente adição
superficial dos resíduos, característica que aumenta conforme o tempo de
utilização do sistema e aporte de massa seca das culturas utilizadas,
somando-se a isso a adição da cama de frango.
Aumento na CTC e saturação por bases também foram observados
com o uso de água residuária da lavagem e despolpa dos frutos do cafeeiro
conilon (Garcia, 2003). O aumento da CTC, quando correlacionado à MO,
está relacionado com os grupos funcionais das substâncias húmicas,
produzidos durante o processo de humificação da matéria orgânica (Valente
et al., 2009).
FIGURA 6. (A) Capacidade de Troca Catiônica (CTC efetiva) do solo e (B) Saturação por bases (V(%)) do solo nas áreas de vegetação de nativa (Área 1); sob aplicação de cama de aviário + adubação convencional (Área 2) e adubação convencional (Área 3). As médias seguidas pela mesma letra, minúsculas para sistemas de manejo e maiúsculas para profundidade, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade
Associadas às alterações da CTC ocorreram modificações na
saturação por bases (V%), Brito et al. (2005) observa esse mesmo
comportamento. Os valores de V% foram menores nas Áreas 1 e 3 (Figura
6B), com diferença na camada superficial, esse aumento da V% se atribui ao
A B
33
aporte de cátions básicos pela aplicação da cama de frango (Gebrim, 2008).
Resultados semelhantes foram obtidos por Queiroz et al (2004), quando
utilizaram água residuária de suinocultura (ARS), em que observaram
aumento na CTC do solo.
4.2 Eficiência Econômica
Verifica-se que houve variação no preço, tanto da soja quanto do
milho, sendo que este último teve um decréscimo nos dois últimos anos,
enquanto a soja teve um aumento nos três primeiros anos, com diminuição
no ano de 2010 (Tabela 7).
Individualmente, os itens que mais oneraram o custo de produção
(Tabela 4) foram os insumos (fertilizantes, as sementes e os herbicidas,
considerados insumos) e os custos operacionais (custos administrativos, de
salários, aplicação dos insumos e semeadura). A principal fonte de custos da
produção de grãos é o gasto com insumos externos, necessário para
garantia de produtividade satisfatória. Os índices de eficiência econômica
das áreas, por sistema de adubação estão na Tabela 8.
TABELA 8. Custo total médio para a produção de soja e milho nos quatro
anos agrícolas analisados.
Custos (R$ ha-1)
2006/07 2007/08 2008/09 2009/10
Milho Cama 1830,00 1225,00 1400,00 1000,00
Conv. 1750,00 1130,00 1674,00 1050,00
Soja Cama 1530,00 2050,00 1615,00 1290,00
Conv. 1600,00 1950,00 1700,00 1650,00
Fonte: Arquivo Fazenda Pirassununga, Campo Verde – MT.
A safra 2009/10 apresentou um custo menor, concordando com os
dados da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja),
onde se observa que o custo médio de produção por hectare caiu de R$
34
1700,00 na safra 2008/09 para R$ 1400,00 na safra 2009/10, para o Estado
de Mato Grosso.
No entanto, o custo médio da lavoura não deverá sofrer variação,
considerando as cotações de insumos, transporte, mão-de-obra, assistência
técnica, entre outros, no mês atual, se comparado da safra 2009/10,
avaliado em R$1.426,41. Em relação à safra 2007/08, poderá ser inferior em
27%, quando ficou avaliado em R$ 1.955,28, a estimativa foi divulgada pelo
Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea, 2010).
A Tabela 8 apresenta os índices de eficiência das duas áreas
agrícolas nos quatro anos agrícolas avaliados
TABELA 9. Índices de eficiência econômica das áreas, por sistema de
manejo.
Índice de eficiência econômica
2006/07 2007/08 2008/09 2009/10
Área 2 0,99 0,94 1,00 1,00
Área 3 1,00 1,00 0,89 0,85
Fonte: elaborado a partir dos custos de produção
Os índices de eficiência econômica foram semelhantes entre as áreas
com o uso de cama de aviário e a área com tratamento convencional. O
índice de eficiência da Área 3 foram maiores nas safras 2006/07 e 2007/08,
o que significa um menor custo total médio de produção, no entanto a área 2
teve 99% e 94% de eficiência em relação à Área 3, nessas duas safras
respectivamente. Nos dois anos agrícolas seguintes, 2008/09 e 2009/10, a
Área 2 foi mais eficiente. Nesses dois anos agrícolas a área 3 teve 89% e
84% de eficiência em relação ao custo médio de produção.
35
5 CONCLUSÕES
As características químicas do solo foram alteradas sob sistema de
manejo com uso de cama de frango, com maior relevância no pH, K+,
Ca+Mg, CTC e saturação por bases.
Os outros atributos químicos avaliados não tiveram diferenças entre
os três sistemas de manejo.
36
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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