cara e coragem baianas

1
CORREIO Vida | 25 Salvador, sábado, 28 de novembro de 2009 Hagamenon Brito ex-aluno de arquitetura, sem agressões à natureza. O estú- dio possui equipamentos de última geração, muitos tecla- dos, piano de cauda, área de lazer com piscina e bangalôs para os hóspedes-músicos. A intenção dele é produzir novos artistas e lançá-los no mercado. “Sei que tem muita gente por aí querendo fazer seus trabalhos e a gente pode ajudar”, diz. Ele acabou de produzir o álbum do compo- sitor baiano Sérgio Passos e O Círculo grava seu novo álbum no Coaxo do Sapo. AXÉ MUSIC Para Guilherme, existe um novo movimento musical no estado, uma “on- da” que ele pretende pegar: “Hoje, pra minha idade, pega bem participar de outras coi- sas, de estar em contato com outras gerações, enriquece”, revela o músico, que gosta de estar na função de produtor no que chama de “segunda fase da vida”. O compositor acredita que existe espaço para todos na Bahia e critica o fato de que o estado perdeu a característica transgressora da época dos Novos Baianos, de Glauber Rocha ou Raul Seixas. Para Guilherme Arantes, a axé music gerou artistas con- servadores que, apesar do dis- curso de democratização, não querem uma transformação social na música e desejam sempre se encontrar no Farol no ano que vem. “Ou seja, na- da vai mudar. Isso é uma coisa que me cansou”, pontua o ar- tista, que não quer comprar briga com ninguém, diga-se de passagem. Com a propriedade de quem veio de fora, ele alerta para o fato de que o estado conforma-se com o papel que lhe foi dado por outras partes do país. “A Bahia acaba acei- tando aquilo que o Sudeste impõe para rebaixar a cultura local e deixar ela com ares ca- ricatos”. A vontade de Guilherme é ajudar a mudar essa realidade. Ele crê que, no fundo, é só questão de tempo para que um novo movimento musical e estético, como o Tropicalis- mo, surja na Bahia. “Tenho es- sa esperança. Vim para acreditando, trouxe minhas coisas, meus sonhos, meus fi- lhos. A gente quer fazer parte disso. Eu venho tentando dar de volta à música tudo que ela me deu”, finaliza. Discos antigos de Guilherme ganham versões baianas ANGELUCI FIGUEIREDO Ao lado de Gabriel Martini, Pedro Arantes (de azul), filho de Guilherme, produz versões de discos do pai ANGELUCI FIGUEIREDO A banda Radiola gravou ‘Show de rock’ ( de ‘Coração paulista’) e ‘Estranho’ (de ‘A cara e a coragem’) Para Pedro, 25, filho de Guilherme Arantes, dois dos álbuns da carreira do pai, A cara e a coragem (1978) e Coração paulista (1980), têm forte ligação com a música atual. Deta- lhe: os dois não fizeram su- cesso quando foram lança- dos. “Eu estava em casa ouvindo e me toquei do quanto atuais eles são em termos de sonoridade e le- tras”, afirma. Dessa constatação veio a ideia de relançá-los. Mas com um diferencial: ban- das baianas foram convi- dadas a escolher duas can- ções para reinterpretar. Uma de forma mais fiel à versão original e outra no estilo do convidado. “Eu vinha observando a cena daqui e vendo que as bandas são muito boas”, elogia Pedro, que tem a mesma idade do pai ao gra- var o primeiro dos álbuns. Com um estúdio de quali- dade na mão, ele se juntou ao amigo e músico Gabriel Martini, 25, e partiu para a gravação das releituras. As bandas Pirigulino Babi- lake e Radiola já passaram pelo Coaxo do Sapo. O Cír- culo e Aguarraz estão na fi- la, enquanto Pedro selecio- na outras. “Meu pai ficou meio temeroso no começo, mas depois que ouviu as primeiras gravações se amarrou”, revela. “Isso me deixa feliz. Fico emociona- do que eu possa dizer algu- ma coisa pra esse pessoal jovem que tem amor à mú- sica”, confessa Guilherme. Pedro ainda pretende reu- nir as bandas para uma gravação de um DVD, com a presença do pai numa faixa. “Quem tiver a fim de participar pode acessar o nosso site (www.coaxodo- sapo.com)”, convida. Britney celebra uma década de sucesso pop com coletânea Quando Britney Spears gra- vou seu primeiro álbum, ‘Ba- by on more time’, em 1999, pouca gente apostava que aquela bela e sensual adoles- cente loira demoraria muito tempo nas paradas. Dez anos depois, ela segue forte e fir- me: vendeu 63 milhões de discos nesse período, cole- ciona polêmicas e é uma das maiores estrelas da música Maria Gadú volta a se apresentar em Salvador, no dia 8 DIVULGAÇÃO Britney Spears, 28 anos, é uma das maiores estrelas da música pop Depois do sucesso do seu pri- meiro show em Salvador, no último dia 13, no Pelô, a pau- lista Maria Gadú, 22 anos, re- torna à capital baiana. No próximo dia 8, a cantora se apresenta no Bahia Café Hall (Paralela), às 17h, em evento que terá ainda Isabella Tavia- ni, Thati e Daniela Tourinho. Ingressos: R$60/R$30 (pista) e R$100/R$50 (camarote). Compositor marcou uma geração Ao reivindicar direito ao ostracismo, Guilherme Arantes, 56, pode parecer apenas um tiozinho amar- gurado com os caminhos do show biz (e do pop que não poupa ninguém quan- do envelhece). Afinal, ele é um dos pioneiros do pop nacional, mas não tem o reconhecimento de que desfruta Lulu Santos, por exemplo, junto a boa parte da crítica, mesmo tendo si- do gravado por Caetano Veloso, Roberto Carlos, Elis Regina (com quem namo- rou) e Maria Bethânia, en- tre outros gigantes da MPB. Para quem é muito jovem ou acha que o pop rock brasileiro começou com a Blitz em 1982, um lembre- te: o homem sabe tudo e um pouco mais de boas melodias, de canções com o poder de grudar e perma- necer na memória. Não por acaso, foi um dos campeões nacionais de direitos auto- rais entre a segunda meta- de dos 70 e o início dos 80. Remasterizado por Charles Gavin (Titãs) e relançado em 2006 pela Som Livre, o primeiro e homônimo dis- co do cantor, de 1976, é um clássico. Vindo do Moto Perpétuo, fugaz grupo de rock progressivo e MPB, Guilherme - então com 23 anos - interpretava letras escritas na primeira pessoa (o que estabelecia empatia imediata) em baladas im- pecáveis (Meu mundo e na- da mais e Cuide-se bem)e canções vibrantes (A cidade e a neblina, Descer a serra). E mais: os pianos (acústico e elétrico) e os timbres do sintetizador Moog, todos pilotados pelo músico, não soam datados no rock in- ternacional atual, quando grupos como Coldplay e Keane privilegiam o piano em sua sonoridade. pop mundial. Para celebrar uma década de carreira, a cantora americana lança ‘The singles collection’ (Sony Music), que reúne 17 dos seus últimos sucessos e apresenta a inédita ‘3’. A canção che- gou ao primeiro lugar da pa- rada americana de ‘singles’ quando foi lançada, dia 15 de outubro, e a letra defende a ideia de um relacionamento sexual a três. Atualmente, Britney Spears encontra-se na estrada com a turnê mun- dial de seu sexto e bom ál- bum, ‘Circus’, de 2008.

Upload: coaxo-do-sapo

Post on 26-Mar-2016

222 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Matéria do Correio da Bahia - Novembro 2009

TRANSCRIPT

Page 1: Cara e Coragem Baianas

CORREIO Vida | 25Salvador, sábado, 28 de novembro de 2009

Hagamenon Brito

ex-aluno de arquitetura, semagressões à natureza. O estú-dio possui equipamentos deúltima geração, muitos tecla-dos, piano de cauda, área delazer com piscina e bangalôspara os hóspedes-músicos.

A intenção dele é produzirnovos artistas e lançá-los nomercado. “Sei que tem muitagente por aí querendo fazerseus trabalhos e a gente podeajudar”, diz. Ele acabou deproduzir o álbum do compo-sitor baiano Sérgio Passos e OCírculo grava seu novo álbumno Coaxo do Sapo.

AXÉ MUSIC Para Guilherme,existe um novo movimentomusical no estado, uma “on-da” que ele pretende pegar:“Hoje, pra minha idade, pegabem participar de outras coi-sas, de estar em contato comoutras gerações, enriquece”,revela o músico, que gosta deestarnafunçãodeprodutornoque chama de “segunda faseda vida”.

O compositor acredita queexiste espaço para todos naBahia e critica o fato de que oestado perdeu a característicatransgressora da época dosNovos Baianos, de GlauberRocha ou Raul Seixas.

Para Guilherme Arantes, aaxé music gerou artistas con-servadoresque,apesardodis-curso de democratização, nãoquerem uma transformaçãosocial na música e desejamsempre se encontrar no Farolno ano que vem. “Ou seja, na-da vai mudar. Isso é uma coisaque me cansou”, pontua o ar-tista, que não quer comprarbriga com ninguém, diga-sede passagem.

Com a propriedade dequem veio de fora, ele alertapara o fato de que o estadoconforma-se com o papel quelhe foi dado por outras partesdo país. “A Bahia acaba acei-tando aquilo que o Sudesteimpõe para rebaixar a culturalocal e deixar ela com ares ca-ricatos”.

A vontade de Guilherme éajudar a mudar essa realidade.Ele crê que, no fundo, é sóquestão de tempo para que umnovo movimento musical eestético, como o Tropicalis-mo,surjanaBahia.“Tenhoes-sa esperança. Vim para cáacreditando, trouxe minhascoisas, meus sonhos, meus fi-lhos. A gente quer fazer partedisso. Eu venho tentando darde volta à música tudo que elame deu”, finaliza.

Discos antigos de Guilherme ganham versões baianas

ANGELUCI FIGUEIREDO

Ao lado de Gabriel Martini, Pedro Arantes (de azul), filho de Guilherme, produz versões de discos do pai

ANGELUCI FIGUEIREDO

A banda Radiola gravou ‘Show de rock’ ( de ‘Coração paulista’) e ‘Estranho’ (de ‘A cara e a coragem’)

Para Pedro, 25, filho deGuilherme Arantes, doisdos álbuns da carreira dopai, A cara e a coragem(1978) e Coração paulista(1980), têm forte ligaçãocom a música atual. Deta-lhe: os dois não fizeram su-cesso quando foram lança-dos. “Eu estava em casaouvindo e me toquei doquanto atuais eles são emtermos de sonoridade e le-tras”, afirma.Dessa constatação veio aideia de relançá-los. Mascom um diferencial: ban-das baianas foram convi-dadas a escolher duas can-

ções para reinterpretar.Uma de forma mais fiel àversão original e outra noestilo do convidado.“Eu vinha observando acena daqui e vendo que asbandas são muito boas”,elogia Pedro, que tem amesma idade do pai ao gra-var o primeiro dos álbuns.Com um estúdio de quali-dade na mão, ele se juntouao amigo e músico GabrielMartini, 25, e partiu para agravação das releituras.As bandas Pirigulino Babi-lake e Radiola já passarampelo Coaxo do Sapo. O Cír-culo e Aguarraz estão na fi-

la, enquanto Pedro selecio-na outras. “Meu pai ficoumeio temeroso no começo,mas depois que ouviu asprimeiras gravações seamarrou”, revela. “Isso medeixa feliz. Fico emociona-do que eu possa dizer algu-ma coisa pra esse pessoaljovem que tem amor à mú-sica”, confessa Guilherme.Pedro ainda pretende reu-nir as bandas para umagravação de um DVD, coma presença do pai numafaixa. “Quem tiver a fim departicipar pode acessar onosso site (www.coaxodo-sapo.com)”, convida.

Britney celebra umadécada de sucessopop com coletânea

Quando Britney Spears gra-vou seu primeiro álbum, ‘Ba-by on more time’, em 1999,pouca gente apostava queaquela bela e sensual adoles-cente loira demoraria muitotempo nas paradas. Dez anosdepois, ela segue forte e fir-me: vendeu 63 milhões dediscos nesse período, cole-ciona polêmicas e é uma dasmaiores estrelas da música

Maria Gadú volta ase apresentar emSalvador, no dia 8

DIVULGAÇÃO

Britney Spears, 28 anos, é uma das maiores estrelas da música pop

Depois do sucesso do seu pri-meiro show em Salvador, noúltimo dia 13, no Pelô, a pau-lista Maria Gadú, 22 anos, re-torna à capital baiana. Nopróximo dia 8, a cantora seapresenta no Bahia Café Hall(Paralela), às 17h, em eventoque terá ainda Isabella Tavia-ni, Thati e Daniela Tourinho.Ingressos: R$60/R$30 (pista)e R$100/R$50 (camarote).

Compositormarcou umageração

Ao reivindicar direito aoostracismo, GuilhermeArantes, 56, pode parecerapenas um tiozinho amar-gurado com os caminhosdo show biz (e do pop quenão poupa ninguém quan-do envelhece). Afinal, ele éum dos pioneiros do popnacional, mas não tem oreconhecimento de quedesfruta Lulu Santos, porexemplo, junto a boa parteda crítica, mesmo tendo si-do gravado por CaetanoVeloso, Roberto Carlos, ElisRegina (com quem namo-rou) e Maria Bethânia, en-tre outros gigantes da MPB.Para quem é muito jovemou acha que o pop rockbrasileiro começou com aBlitz em 1982, um lembre-te: o homem sabe tudo eum pouco mais de boasmelodias, de canções como poder de grudar e perma-necer na memória. Não poracaso, foi um dos campeõesnacionais de direitos auto-rais entre a segunda meta-de dos 70 e o início dos 80.Remasterizado por CharlesGavin (Titãs) e relançadoem 2006 pela Som Livre, oprimeiro e homônimo dis-co do cantor, de 1976, é umclássico. Vindo do MotoPerpétuo, fugaz grupo derock progressivo e MPB,Guilherme - então com 23anos - interpretava letrasescritas na primeira pessoa(o que estabelecia empatiaimediata) em baladas im-pecáveis (Meu mundo e na-da mais e Cuide-se bem) ecanções vibrantes (A cidadee a neblina, Descer a serra).E mais: os pianos (acústicoe elétrico) e os timbres dosintetizador Moog, todospilotados pelo músico, nãosoam datados no rock in-ternacional atual, quandogrupos como Coldplay eKeane privilegiam o pianoem sua sonoridade.

pop mundial. Para celebraruma década de carreira, acantora americana lança‘The singles collection’ (SonyMusic), que reúne 17 dos seusúltimos sucessos e apresentaa inédita ‘3’. A canção che-gou ao primeiro lugar da pa-rada americana de ‘singles’quando foi lançada, dia 15 deoutubro, e a letra defende aideia de um relacionamentosexual a três. Atualmente,Britney Spears encontra-sena estrada com a turnê mun-dial de seu sexto e bom ál-bum, ‘Circus’, de 2008.