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D O S S I Ê T É C N I C O Caprinocultura Noely Forlin Robert Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro- REDETEC Julho 2008

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D O S S I Ê T É C N I C O

Caprinocultura

Noely Forlin Robert

Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro- REDETEC

Julho 2008

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DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 3 2 INFRA-ESTRUTURA BÁSICA PARA CRIAÇÃO DE CAPRINOS.....................

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3 MANEJO PRODUTIVO...................................................................................... 6 3.1 Práticas gerais de manejo produtivo........................................................... 7 3.1.1 Escrituração zootécnica .............................................................................. 7 3.1.2 Descarte orientado...................................................................................... 7 3.1.3 Manejo geral das matrizes........................................................................... 8 3.1.4 Manejo geral das crias................................................................................. 8 3.1.5 Desmame.................................................................................................... 8 3.1.6 Marcação .................................................................................................... 8 3.1.7 Castração ................................................................................................... 9 3.1.8 Descorna .................................................................................................... 9 4 MANEJO REPRODUTIVO................................................................................. 9 4.1 Puberdade..................................................................................................... 9 4.2 Ciclo estral..................................................................................................... 10 4.3 Estação de monta......................................................................................... 10 4.4 Parto e prenhez ............................................................................................ 11 4.5 Relação bode/cabra ..................................................................................... 11 5 MANEJO SANITÁRIO........................................................................................ 12 5.1 Sanidade........................................................................................................ 12 5.2 Higiene das instalações................................................................................ 12 5.3 Quarentena.................................................................................................... 13 5.4 Isolamento..................................................................................................... 13 5.5 Descarte......................................................................................................... 13 5.6 Outras medidas de apoio............................................................................. 13 5.7 Medidas sanitárias específicas por categoria animal................................. 13 5.8 Cuidados com as crias................................................................................. 14 5.9 Cuidados com os animais de recria............................................................ 14 5.10 Cuidados com os reprodutores................................................................. 14 6 MANEJO ALIMENTAR...................................................................................... 14 6.1 Fabricação de feno com feijão-guandu, leucena, rama de mandioca...... 15 6.2 Reservas forrageiras ................................................................................... 16 6.3 Mineralização................................................................................................ 16 6.4 Mistura múltipla............................................................................................. 16 6.5 Fornecimento de água.................................................................................. 17 7 PREVENÇÃO E CONTROLE DAS PRINCIPAIS DOENÇAS............................ 17 7.1 Verminose...................................................................................................... 17 7.2 Coccidiose ou eimeriose.............................................................................. 18 7.3 Ectoparasitoses............................................................................................ 19 7.4 Ectima contagioso........................................................................................ 19 7.5 Linfadenite caseosa...................................................................................... 20 7.6 Pododermatite necrótica.............................................................................. 20 7.7 Broncopneumonia........................................................................................ 20 7.8 Mamite ou mastite......................................................................................... 21 7.9 Micoplasmose............................................................................................... 21 7.10 Ceratoconjuntivite infecciosa.................................................................... 21

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DOSSIÊ TÉCNICO

Sumário

7.11 Artrite encefalite caprina a vírus (CAEV)................................................... 22 7.11.1 Forma encefalítica da CAE........................................................................ 22 7.11.2 Forma artrítica da CAE.............................................................................. 22 7.11.3 Forma pulmonar da CAE........................................................................... 23 7.11.4 A forma mamária....................................................................................... 23 7.11.5 Prevenção e controle da CAE................................................................... 23 7.12 Raiva............................................................................................................ 23 7.13 Febre aftosa................................................................................................ 24 7.14 Clostridiose (Tétano, Botulismo, Carbúnculo Sintomático,

Enterotoxemia) ........................................................................................... 24 8 RAÇAS.............................................................................................................. 24 8.1 Raças caprinas para produção de carne.................................................... 24 8.1.1 Sem raça definida-SRD............................................................................... 24 8.1.2 Raças e ecotipos nativos............................................................................. 24 8.1.3 Principais ecotipos....................................................................................... 25 8.1.4 Exóticas ...................................................................................................... 25 8.1.5 Cruzamentos de raças caprinas para produção de carne........................... 26 8.2 Raças leiteiras e mistas ............................................................................... 27 9 LEITE DE CABRA............................................................................................. 28 9.1 Principais características do leite de cabra................................................ 28 10 MINI LATICÍNIO DE LEITE DE CABRA........................................................... 29 10.1 Laticínios..................................................................................................... 29 10.2 Comercialização.......................................................................................... 29 10.3 Derivados..................................................................................................... 29 10.4 Obtenção do leite........................................................................................ 29 10.5 Leite pasteurizado....................................................................................... 29 10.6 Leite esterilizado......................................................................................... 29 10.7 Queijo.......................................................................................................... 30 10.8 Iogurte.......................................................................................................... 30 11 LEGISLAÇÃO.................................................................................................. 30 12 FONTES DE CONSULTAS............................................................................. 31 12.1 ASSOCIAÇÕES............................................................................................ 31 12.2 CRIADORES................................................................................................. 31 12.3 PORTAIS E REVISTAS................................................................................ 31 12.4 FORNECEDORES DE INSUMOS E EQUIPAMENTOS................................ 31 13 RECEITAS ...................................................................................................... 32 Conclusões e recomendações........................................................................... 35 Referências......................................................................................................... 35

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DOSSIÊ TÉCNICO

Título

Caprinocultura

Assunto

Criação de caprinos

Resumo

A caprinocultura, tradicionalmente explorada de forma extensiva e em propriedades de pequeno e médio porte, têm aumentado substancialmente seu contingente populacional em moldes empresariais e aprimorado a sua qualidade genética. O presente dossiê está focado em técnicas sobre a melhoria do sistema produtivo, infra-estrutura, manejo alimentar (ração e pastagem), manejo sanitário e reprodutivo entre outras, que poderão contribuir para o sucesso do empreendimento, pois somente a diferenciação dará condições de competitividade.

Palavras chave

Alimentação animal; bode; cabra; caprinocultura; carne de caprino; criação; gado caprino; leite de cabra; manejo; nutrição animal; reprodução animal

Conteúdo

1 INTRUDUÇAO

Caprinocultura é parte da zootecnia especial que trata do estudo e da criação de caprinos.

A cabra foi o primeiro animal a produzir alimentos (leite e carne) domesticado pelo homem, há cerca de 7.000 anos, servindo também para produzir couro, pêlo e esterco.

Figura 1 - Cabra Fonte: WIKIPÉDIA

O bode (Capra aegagrus hircus), macho adulto dos caprinos, é um mamífero herbívoro ruminante cavicórneo que pertence à família dos bovídeos, subfamília dos caprinos.

O feminino de bode é cabra e os animais jovens são conhecidos como cabritos. Assim como os carneiros, emitem um som chamado de balido (o conhecido "bééé").

O caprino é um dos menores ruminantes domesticados. Os caprinos domesticados são descendentes da espécie Bezoar, encontrada no Mediterrâneo e Oriente Médio, principalmente na ilha de Creta.

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Na maioria das raças de caprinos, os dois sexos têm chifres e barba. Os chifres podem ser curvos ou em forma de espiral, mas muitos têm um lado interno afiado. O pêlo pode ser comprido ou curto, macio ou áspero, de acordo com o habitat e o controle da criação.

A criação fornece lã (em algumas variedades, como na cabra-caxemira e angorá), couro, carne, leite e, às vezes, estrume. Muitas pessoas consomem diariamente mais produtos da cabra do que de outros animais.

As cabras são excelentes exploradores e conseguem encontrar sua própria comida. O esgotamento de pastos pelas cabras se tornou, onde não há um manejo adequado dos animais, um problema ambiental em muitas partes do mundo (WIKIPÉDIA; [2008]).

Figura 2 - Bode Fonte:WIKIPÉDIA

2 INFRA-ESTRUTURA BÁSICA PARA CRIAÇÃO DE CAPRINOS

A infra-estrutura de um sistema de criação de caprinos envolve instalações e também a infra-estrutura de suporte alimentar para uso dos rebanhos principalmente na época seca

A importância das instalações dentro de um processo de produção está na facilidade e redução da mão-de-obra para as tarefas diárias, facilidade de manejo do rebanho e o controle de doenças, proteção e segurança aos animais, divisão de pastagens, armazenamento de alimentos, favorecendo, assim, maior eficiência produtiva (EMBRAPA; [2005]).

A localização de uma instalação está relacionada com as características de cada propriedade, no que diz respeito à sua forma geométrica, a disposição das pastagens existentes e a disponibilidade de água, entre outras. No entanto algumas orientações devem ser seguidas, tais como:

O local deve ser uma área convergente das pastagens ou permitir fácil acesso a todas elas a fim de favorecer a otimização da mão-de-obra no manejo do rebanho;

O terreno deve ser de textura bem consistente (duro, pedregoso ou de afloramento calcário) e com boa drenagem; construída próximo à casa do manejador; em instalações com área coberta, esta deve ser construída no sentido norte-sul, no maior comprimento e com declividade de 2 a 5%.

Os fatores mencionados são de fundamental importância para a segurança e saúde dos animais nas instalações, bem como, para facilitar os trabalhos de manejo na propriedade (EMBRAPA; [2005]).

Os alojamentos para caprinos leiteiros devem ser dimensionados para não haver desperdício de capital e a atividade consiga ser bem remunerada. As instalações para serem eficientes devem obedecer aos seguintes princípios:

Proporcionar segurança e conforto aos animais;

Oferecer um ambiente arejado, porém protegido de ventos e umidade;

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Facilitar o manejo dos animais e os trabalhos a serem desenvolvidos: alimentação, limpeza, desinfecção entre;

Não ser de construção muito cara para garantir a rentabilidade do empreendimento (CRIAR E PLANTAR; [200?]).

O chiqueiro recomendado para a criação de caprinos deve ser rústico, destinado ao abrigo e manejo dos caprinos. Deve ser construído utilizando materiais existentes na propriedade, tais como madeira redonda e palha de babaçu ou carnaúba para a cobertura, com piso de chão batido (EMBRAPA; [2003])

Figura 3 - Modelo de chiqueiro de chão batido, recomendado para o sistema alternativo de criação de caprinos.

Fonte: EMBRAPA

O tamanho do chiqueiro deve ser definido de acordo com a dimensão do rebanho, recomendando-se uma área útil de 0,8m2 a 1,0m2, para cada animal adulto.

Figura 4- Planta baixa do modelo de chiqueiro para o sistema alternativo de criação de caprinos, com capacidade para 100 animais

Fonte: EMBRAPA

É importante que o chiqueiro apresente, internamente, pelo menos quatro divisões destinadas para lotes de animais nas seguintes fases de desenvolvimento.

Cabras em estado avançado de gestação (próximas à parição) e cabras recém-paridas;

Animais em fase de reprodução (matrizes e reprodutores);

Cabriteiro (animais em lactação);

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Cabritos desmamados.

A primeira divisão deve dar acesso a um piquete com pastagem nativa ou cultivada. Esta área permite manejar adequadamente as cabras próximas à parição e as cabras recém-paridas, evitando a ação de predadores e a ocorrência de miíases (bicheiras) nos animais recém-nascidos.

Em cada uma das divisões reservadas tanto aos lotes de cabras próximas à parição e as recém-paridas, quanto para os animais em reprodução e desmamados, devem ser colocados cochos para sal mineral para a suplementação dos animais.

Os cochos podem ser feitos de pneus, de tábuas ou de troncos ocos encontrados na propriedade e devem ficar posicionados a uma altura de 0,50m do solo, podendo, sobre eles, ser colocado um protetor, constituído por ripa ou arame, a uma altura de cerca de 0,30 m acima da altura do cocho, para evitar a entrada de animais (EMBRAPA; [2003]).

3 MANEJO PRODUTIVO

Deve-se levar em consideração alguns aspectos básicos relevantes para que a atividade tenha êxito, mesmo em criações com emprego de tecnologias mais simples.

Um aspecto que deve ser considerado diz respeito às condições climáticas predominantes no local onde se deseja implantar ou aprimorar a criação. Quando da formação do rebanho, devem ser adquiridos animais com características adaptadas à região que satisfaçam aos interesses do criador. A região Meio-Norte do Brasil, sobretudo o Estado do Piauí, caracteriza-se pelas elevadas temperaturas e regime de chuvas irregular. Dessa forma, para as criações cujo objetivo é a produção de leite e de carne, recomenda-se o uso de reprodutores com aptidão mista, como os Anglo-Nubianos, que apresentam grande rusticidade e adaptabilidade a essas condições climáticas.

Para um bom desempenho reprodutivo, deve-se estabelecer a relação de um macho para 30 fêmeas. A ocorrência de partos duplos é relativamente comum nos caprinos, sendo que um plantel de 30 matrizes é capaz de apresentar uma natalidade de 40 crias por ano (EMBRAPA; [2003]).

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Figura 5 . Plantel Anglonubiano Fonte: ACCOBA

Todas as matrizes do plantel devem ser identificadas com brincos numerados, permitindo o seu monitoramento com relação ao desempenho produtivo, idade, número de partos e aspectos sanitários. A reposição do plantel deve ser realizada adotando-se uma taxa de substituição de 20% das matrizes a cada ano.

Deste modo, como as novas matrizes advirão do próprio rebanho e com idade de aproximadamente 10 meses, recomenda-se, também, a substituição do reprodutor a cada 2 anos, para evitar o seu acasalamento com filhas ou netas, causando problemas de consangüinidade no rebanho.

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O desmame das crias deve ocorrer entre 3 e 4 meses de idade. Nesse período, deve-se, também, realizar a castração dos machos destinados ao abate, evitando-se coberturas e prenhezes indesejáveis (EMBRAPA; [2003]).

3.1 Práticas gerais de manejo produtivo

Neste item os principais aspectos que serão abordados são a escrituração zootécnica e descarte orientado (EMBRAPA; [2005]).

3.1.1 Escrituração zootécnica

A escrituração zootécnica consiste no conjunto de práticas relacionadas às anotações da propriedade rural que possui atividade de exploração animal. É o mecanismo de descrição formal de toda a estrutura da propriedade: localização; acesso; área; relevo; clima; divisões; áreas de pastagens; benfeitorias; máquinas e equipamentos; funcionários; rebanhos; práticas de manejo geral e alimentar, sanitário e reprodutivo; produtos e comercialização; anotações contábeis etc.

Em um sentido restrito, escrituração zootécnica consiste nas anotações de controle do rebanho, com fichas individuais por animal, registrando-se sua genealogia, ocorrências e desempenho.

Nestas anotações são registradas as datas, a condição e a extensão de importantes ocorrências como nascimento; coberturas; partos; enfermidades; morte; descarte etc. além dos registros de desempenho produtivo como pesagens, entre outras importantes mensurações, tais como as medidas morfométricas (altura, comprimento, circunferência escrotal e condição corporal e medidas de tipo e conformação).

Sua importância encontra-se no fato de manter-se sob controle tudo o que ocorre na propriedade, e assim tomar decisões mais acertadas, corrigindo erros que porventura venham a ocorrer. Quanto maior o detalhe das anotações maior será o benefício que poderá ser extraído destas informações. A escrituração zootécnica pode ser feita de maneira manual ou informatizada.

Na escrituração manual, o produtor utiliza fichas individuais para o registro do desempenho de cada animal e fichas coletivas para o controle das práticas de manejo, tais como coberturas, partos etc. Estas fichas são armazenadas em arquivos físicos na propriedade.

Na escrituração informatizada, as fichas estão contidas em programas específicos de computador. Os benefícios da escrituração informatizada são grandes, pois permite maior controle, detalhe e integração da informação, favorece a disponibilização fácil e rápida para o usuário. Entretanto, na sua impossibilidade, a escrituração manual pode muito bem atender aos objetivos propostos, desde que tomada de forma prática e eficiente.

O mercado disponibiliza diversos programas de gerenciamento de propriedade. Esses softwares apresentam várias formas de entrada de dados, controle e níveis de utilização da informação (EMBRAPA; [2005]).

3.1.2 Descarte orientado

O percentual anual de descarte deve variar entre 15 a 20%. Devem ser descartados os animais velhos, portadores de defeitos genéticos, animais improdutivos, defeituosos, fêmeas portadoras de mastite crônica, fêmeas com baixa habilidade materna, fêmeas com baixa taxa de sobrevivência das crias. 3.1.3 Manejo geral das matrizes

Deve-se anotar a data da cobertura e data possível do parto das fêmeas cobertas. Após a cobertura observar o retorno ou não do cio pela matriz. No terço final da prenhez separar as matrizes em piquetes maternidades e melhorar sua alimentação conforme recomendação no capítulo de manejo alimentar.

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As matrizes devem ser mantidas em lotes homogêneos e o local onde o parto deverá ocorrer deve ser tranqüilo e higienizado. Deve-se evitar a presença de outros animais (gato, cachorro e ratos) no local do parto.

Após o parto a matriz deve fazer o reconhecimento da cria e o tratador deve observar se a mesma expulsou a placenta.

3.1.4 Manejo geral das crias

É muito importante o manejo da cria para a eficiência do sistema. A mortalidade das crias deve ser evitada através de medidas de manejo.

Logo após o nascimento a cria deve mamar o colostro, que é o primeiro leite. O colostro é rico em proteínas e anticorpos, que irão proteger a cria de doenças. O colostro deve ser ingerido nas primeiras 48 horas de vida da cria.

Deve-se, proceder também, logo após o parto, o corte e cura do umbigo. O umbigo deve ser cortado, deixando-o com um tamanho de três a quatro centímetros. O coto umbilical deve ser em seguida mergulhado em um frasco, com boca larga, contendo iodo a 10%.

Faz parte dos cuidados com a cria, a pesagem da mesma ao nascer, anotar junto com esse dado o dia do nascimento, o número da mãe e o número do pai. A partir daí é importante o acompanhamento periódico através de pesagens mensais, do desempenho das crias. Exame de fezes e vermifugação periódica conforme orientação do manejo sanitário descrito nesta publicação.

Além destas práticas, existem outras que são bastante importantes no sistema de produção.

3.1.5 Desmame

O desmame no sistema extensivo é realizado aos seis meses de idade. No entanto, para que haja eficiência no sistema de produção.

A Embrapa Caprinos propõe em seu pacote tecnológico a redução de seis para no máximo três meses. Sendo que para o atual sistema de três partos em dois anos, o período ideal é de 60 a 75 dias. Para conseguir este período é necessário o uso da amamentação controlada.

3.1.6 Marcação

Existem várias maneiras de marcar os animais de um rebanho. É importante que o produtor tenha todos os animais marcados e identificados de modo que possa acompanhar sua vida produtiva e reprodutiva dentro do rebanho.

O uso de brincos e chapas metálicas é bastante utilizado por ser de baixo custo, e pode ser usado logo após o nascimento da cria. No entanto, tem o inconveniente dos animais constantemente perderem este tipo de identificação.

A tatuagem é outra forma de marcação. Geralmente tatuam-se os animais puros que possuem registro genealógico. Para proceder à prática utiliza-se um alicate tatuador. A marcação de ferro a fogo é realizada na tábua do queixo ou base do chifre. O método é barato, no entanto, de difícil execução.

Os sinais chamados piques ou mossas, que são feitos nas orelhas quando os animais possuem entre dois e três meses de idade, constituem um dos tipos de marcação mais característicos dos sistemas extensivos de criação.

3.1.7 Castração

A castração tem por objetivos melhorar a consistência e o sabor das carnes, tornar os

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animais mais dóceis, engordar os animais mais rapidamente e possibilitar a criação de machos e de fêmeas juntos, sem que ocorram coberturas indesejáveis.

Existem vários métodos de castração. O método cirúrgico, burdizzo e anel de borracha são os mais conhecidos. O método cirúrgico é o mais seguro, porém de maior custo. O método do anel de borracha é muito simples e consiste em colocar um anel de borracha na base do saco escrotal de modo que não haja circulação sanguínea e com o passar dos dias os testículos caem.

O burdizzo consiste no esmagamento dos cordões sem que haja o corte da pele. É um processo rápido, prático e simples. A eficiência deste método depende bastante do operador.

Este deve estar atento para o funcionamento do alicate. Na hora de fazer a castração deve fazer o esmagamento de um lado do testículo e depois do outro. Não se deve fazer o esmagamento da região total. Ao final do processo o operador deve se certificar de que os dois cordões foram rompidos.

3.1.8 Descorna

A descorna tem por finalidade facilitar o manejo dos animais, evitando a ocorrência de lesões causadas por chifres no rebanho. A prática é mais destinada para caprinos.

O método mais comum e eficiente é a descorna utilizando ferro quente aos dez dias de nascido. Deve-se prestar bastante atenção para que o ferro cauterize apenas o botão do chifre.

As pastas cáusticas são perigosas por causar muitas vezes cegueira e intoxicação nos animais. A descorna cirúrgica só é recomendada após oito meses de idade (EMBRAPA; [2005]).

4 MANEJO REPRODUTIVO

4.1 Puberdade

Em termos fisiológicos é a idade em que os animais se tornam aptos à reprodução, ou seja, quando da primeira ovulação nas fêmeas e presença de espermatozóides no ejaculado dos machos (CRIAR E PLANTAR; [200?]).

Em caprinos, a puberdade ocorre aproximadamente aos 4 meses, quando machos e fêmeas atingem 40-50% de seu peso adulto. Mas, em termos práticos, nessa idade não devem iniciar a vida reprodutiva, pois não tem desenvolvimento corporal suficiente. Recomenda-se que o acasalamento seja iniciado quando os animais atingirem 65-70% do peso adulto para a raça. Essa idade é chamada puberdade zootécnica e ocorre aos 7-8 meses, desde que os animais sejam criados de forma satisfatória.

Exemplo: Cabra leiteira adulta pesa 50 kg, sendo que seu peso à primeira cobertura será de 35 kg. Nos machos a idade ideal para reprodução é de no mínimo um ano a um ano e meio para as raças mais tardias (CRIAR E PLANTAR; [200?]). 4.2 Ciclo estral

É o período compreendido entre dois cios, durante o qual ocorrem profundas modificações hormonais em todo o organismo, particularmente sobre o aparelho genital e comportamento da fêmea.

Caracteriza-se pela atividade cíclica dos ovários, com duração normal de 20-21 dias, por cio, para a espécie caprina. O ciclo estral é composto por:

Pró-estro: caracterizado pelo crescimento dos folículos. Como sintomas tem-se vulva e vagina congestionadas começando a produzir muco;

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Estro (cio): caracterizado pela maturação e liberação do folículo. Seus sinais externos são: micção constante, agitação da cauda, bale constantemente e diminuição na ingestão de alimentos. O cio tem uma duração média de 36 horas, com uma variação o normal de 24 às 48h. Na prática, quando a cabra for encontrada em cio pela manhã, ela deverá ser coberta no final da tarde do mesmo dia, e na manhã do dia seguinte, quando for encontrada no cio na parte da tarde deverá ser coberta no dia seguinte pela manhã e à tarde;

Metaestro: caracteriza-se pelo crescimento do corpo lúteo, seus sintomas são descamações do epitélio vaginal;

Destro: onde ocorre a evolução o ou involução do corpo amarelo dependendo se o animal entrou ou não em gestação (CRIAR E PLANTAR; [200?]).

4.3 Estação de monta

Os caprinos apresentam estacionalidade na reprodução (poliestricos estacionais), características adaptativas ao meio temperado, onde as chances de sobrevivência são maiores para os animais que nascem na primavera.

As cabras do nordeste brasileiro perderam estas características, e apresenta cio o ano todo, apenas limitando a época de cobertura por influencias nutricionais.

O principio fisiológico desta estacionalidade está ligado diretamente a luminosidade, que induz o aparecimento do cio a medida que os dias têm menor duração.

Para o Estado de São Paulo isto ocorre de janeiro a agosto. centralizando nos meses de outono (janeiro a abril). Como objetivo principal da caprinocultura é a produção de leite, o aconselhado é dividir o rebanho em lotes e fazer coberturas durante toda a estação de reprodução.

No caso de preferir uma estação de monta reduzida devemos considerar os seguintes fatores, uma vez que todos os animais serão cobertos na mesma época, e conseqüentemente a parição irá ocorrer com diferença máxima de 2 a 3 meses. Estes fatores são:

Período de maior atividade sexual dos machos e fêmeas;

Necessidades nutricionais das fêmeas na parição e lactação;

Época mais adequada para nascimento dos cabritos;

Mercado dos produtos.

Normalmente, a melhor época para cobertura das cabras é os meses de março a abril, pois atendem de forma mais adequada todos estes fatores citados.

Com a cobertura nestes meses, as cabras irão parir oferta de alimentos é maior, os cabritos sofrerão menos, pois, o clima é mais quente ocorrendo menor mortalidade, e podem ser vendidos com 20-30 kg de PV para as festas de fim de ano, onde a cabra normalmente tem maior preço (CRIAR E PLANTAR; [200?]).

4.4 Parto e prenhez

A duração da prenhez é de aproximadamente 150 dias, influenciado bastante pela alimentação, fatores mecânicos, medicamentos, etc. A variação fisiológica da prenhez é de 144 a 156 dias.

Alguns princípios devem ser seguidos para garantir a prenhez:

Liberdade de movimentação;

Observação diária das fêmeas;

Evitar traumatismo;

Suspender a ordenha pelo menos dois meses antes da parição;

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Boa alimentação;

Evitar banhos frios;

Evitar vermifugações o máximo que puder;

No caso de aborto, separar o animal.

Secagem:

1ª semana = ordenhar 1 vez/dia;

2ª semana = ordenhar dia sim dia não;

3ª semana = ordenhar a cada dois dias;

4ª semana = a cabra estará seca.

O parto é precedido 12-24hs de um declínio do progesterona e tem duração média para a expulsão de fetos de 4 minutos até 3 horas, sendo normal ao redor de 30 minutos. Os sintomas de parto são: aparecimento de colostro nas tetas, os ligamentos dos sacros são relaxados, há diminuição de ingestão de alimentos, e finalmente o tampo do colo do útero se rompe.

Para um melhor controle do parto as fêmeas próximas da parição (uma semana antes) devem ser recolhidas em baias de parição ou ficarem em pasto próximo à visão do criador.

Após a parição o criador deve proceder à limpeza da genitália, observando a expulsão da placenta (até 2 h. após o parto) e corrimento (CRIAR E PLANTAR; [200?]).

Figura 6 - Parto gemelar Fonte: SEAB

4.5 Relação bode/cabra

A quantidade de machos a serem mantidos no plantel, para uma eficiente cobertura de todas as fêmeas é de 1 macho para cada 25 fêmeas (4%), quando os animais são jovens, e de 1 macho para 35 fêmeas (3%) quando os reprodutores são mais velhos.

A quantidade de cobertura para um reprodutor já totalmente desenvolvido não deve exceder a 6 saltos/dia, sendo uma boa média de 3 a 4 saltos/dia. Quando for muito exigido deverá descansar no dia seguinte (CRIAR E PLANTAR; [200?]).

5 MANEJO SANITÁRIO

Os caprinos são acometidos por várias doenças, entre as quais, a linfadenite caseosa (mal-do-caroço), o ectima contagioso (boqueira), a pododermatite (frieira), além das doenças causadas por ectoparasitas, como piolhos, miíases (bicheiras) e sarnas e, principalmente, aquelas causadas por endoparasitas (verminose) ( EMBRAPA; [2003]).

5.1 Sanidade

A manutenção da saúde de um rebanho tem início com uma adequada educação sanitária das pessoas envolvidas e com uma correta alimentação dos animais. Assim, um rebanho bem alimentado é saudável, e resiste melhor às doenças (EMPARN; [2006]).

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Por outro lado, uma deficiência nutricional aumenta o índice de doenças e de mortalidade no rebanho. Portanto, os animais devem ser bem nutridos para permanecerem saudáveis.

Desta forma entenda-se que bem nutrido é o animal que ingere alimentos com qualidade e em quantidade suficientes para atender suas necessidades de mantença e de produção.

A saúde dos rebanhos caprino e ovino também recebe influência das instalações. Quando construídas de forma adequada, proporcionam conforto e proteção, facilitam o manejo e contribuem para manter a saúde dos animais.

O produtor e demais pessoas que lidam com caprinos ou ovinos devem estar familiarizados com o comportamento desses animais, de forma a reconhecer imediatamente qualquer desvio de suas condições normais. Esses animais quando saudáveis apresentam:

Vivacidade e altivez;

Apetite normal, selecionando e ingerindo os alimentos com avidez;

Pêlos lisos, sedosos e brilhantes;

Temperatura corporal variando de 38,5 a 40,50 C;

Fezes de consistência firme e em forma de bolotas;

Urina de coloração amarelada, odor forte e em volume dentro da normalidade;

Processo de ruminação presente;

Boa condição corporal e porte compatível com a idade e a raça.

É importante que produtores e manejadores permaneçam alerta para qualquer alteração nas características normais dos animais, uma vez que tal ocorrência poderá significar o início de alguma enfermidade. Veja alguns sinais e sintomas que podem indicar doenças:

Tristeza e isolamento do rebanho;

Diminuição, ausência ou depravação do apetite (comer terra,ossos, etc.);

Pêlos arrepiados, ásperos e sem brilho ou queda dos pêlos;

Temperatura corporal acima de 40,50 C febre;

Fezes de consistência pastosa, mole ou diarréica, com mau cheiro, com sangue ou coloração escura;

Urina de coloração escura, vermelha e com cheiro diferente;

Condição corporal de magreza, porte atrofiado.

O manejo sanitário busca preservar a saúde dos animais controlando ou eliminando doenças de modo a maximizar os índices produtivos e de rentabilidade do rebanho. Para concretizar estes objetivos, devem-se adotar os seguintes procedimentos (EMPARN; [2006]).

5.2 Higiene das instalações

Limpeza diária dos apriscos ou ovis por meio de varredura;

Limpeza dos bebedouros, mantendo-os isentos de algas ou de fezes e procedendo-se a troca periódica da água;

Limpeza diária dos comedouros;

Limpeza dos currais com recolhimento das fezes para esterqueiras ou diretamente para as áreas de pastagem;

Manter o ambiente criatório sempre limpo, sem sacos plásticos ou outros detritos

5.3 Quarentena

Os animais adquiridos de outras fazendas ou regiões deverão ser mantidos em observação por um período de 30-60 dias, em local isolado, antes de serem incorporados ao rebanho.

Essa medida visa a garantir ao criador um conhecimento do estado sanitário dos animais, ou seja, certificar-se de que os mesmos são ou não portadores de doenças.

5.4 Isolamento

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O sistema de criação deve ter uma área afastada do centro de manejo, para o isolamento e tratamento dos animais doentes.

5.5 Descarte

É um procedimento utilizado para retirar do rebanho animal com doenças crônicas, portador de zoonoses ou improdutivo, mediante o abate ou sacrifício.

5.6 Outras medidas de apoio

Alimentação equilibrada e água de boa qualidade;

Conforto animal;

Limitar presença de animais não desejáveis (gato, cão, rato, mosca, entre outros)

5.7 Medidas sanitárias específicas por categoria animal

A gestação da cabra e da ovelha dura aproximadamente cinco meses, variando de 142 a 158 dias. Durante o período de prenhez, o criador deve dar atenção especial ao animal. Algumas medidas devem ser adotadas para propiciar a ocorrência de partos normais e nascimento de cabritos e cordeiros vivos:

Manter as fêmeas prenhes em lotes de animais do mesmo rebanho, fornecendo alimentação de qualidade (equilibrada) e evitando a presença de animais estranhos;

Evitar pancadas durante o manejo dos animais;

Retirar os animais agressivos dos lotes para evitar os traumatismos por cabeçadas ou chifradas;

Evitar longas caminhadas e não permitir o contato das matrizes com cães, gatos e urina de ratos;

Proceder à secagem do leite das matrizes aos 45 60 dias antes do parto;

Separar as matrizes 6 a 8 semanas antes do parto;

Realizar a limpeza e o corte dos pelos da cauda;

Próximo à época de parição, manter as fêmeas em piquetes próximos do centro de manejo para facilitar a assistência ao parto quando necessária. Ao se aproximar o parto, a fêmea apresenta alguns sinais que o criador mais experiente pode reconhecer facilmente. Os mais evidentes são: modificação da garupa, com uma marcante depressão em cada lado da cauda, depressão nos flancos (a barriga baixa mais) e no início do trabalho de parto fica inquieta, deitando e levantando com freqüência; começa a apresentar contrações e corrimento opaco, ligeiramente amarelado.

Após o parto, observar se a matriz expulsa a placenta;

Limpar rigorosamente as matrizes após o parto e mantê-las em ambiente calmo, seco e com disponibilidade de água e alimentação (EMPARN; [2006]).

5.8 Cuidados com as crias

Para aumentar o índice de sobrevivência dos recém nascidos, é necessário que o criador adote algumas práticas de manejo, tais como:

Cortar o umbigo e desinfetar o coto umbilical com tintura de iodo a 10%;

Garantir a mamada do colostro o mais cedo possível (preferencialmente nas primeiras seis horas), para estimular as defesas orgânicas das crias e evitar a mortalidade neonatal;

Manter os recém-nascidos no aprisco durante os primeiros 15 a 20 dias de vida;

Vermifugar as crias três semanas após sua saída para o pasto ou ao desmame;

Ter maiores cuidados com as crias nascidas de partos múltiplos, evitando rejeição e morte por subnutrição;

Nas criações extensivas, evitar que as crias fiquem ao pé da mãe o dia todo, separando-as durante a noite em uma área apropriada no aprisco e colocando-as

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para mamar apenas duas vezes ao dia, pela manhã e ao final da tarde;

Fornecer alimento sólido (capim e concentrado) a partir do 8º dia de vida;

Ter uma área de pastagem cercada, reservada para os cabritos e cordeiros pastejarem a partir de 20 - 30 dias de vida; Desmamar as crias aos 90 dias de idade ou quando atingirem 2,5 a 3,5 vezes o seu peso ao nascer (EMPARN; [2006]).

5.9 Cuidados com os animais de recria

Separar os animais por sexo para evitar prenhez indesejável.

5.10 Cuidados com os reprodutores

Estação de monta e controle reprodutivo facilitam e melhoram a adoção das práticas sanitárias;

Evitar a realização de trocas ou empréstimos de reprodutores em condições sanitárias duvidosas;

Alimentação equilibrada, de modo particular quanto aos minerais.

6 MANEJO ALIMENTAR

Os caprinos são animais capazes de sobreviver em condições de alimentação escassa e de baixa qualidade, entretanto, nessas condições, o seu desempenho é pouco satisfatório, ficando comprometido (EMBRAPA; [2003]).

É necessário, portanto, que os caprinos disponham de alimento de boa qualidade e em quantidades que satisfaçam suas necessidades durante o ano, resultando em aumento da produção e gerando mais lucros à atividade.

Normalmente, a fonte principal de alimentos advém da própria vegetação nativa da região, cujas folhas e ramos são bastante apreciados pelos caprinos. Assim, na escolha de uma propriedade para criação desses animais, deve ser dada preferência àquelas cuja vegetação nativa seja do tipo caatinga, ou matas onde existam Unha-de-Gato, Mororó, Jurema Preta, Camaratuba, Maria Preta, Pau Ferro, etc., que são excelentes fontes de alimento.

Já as regiões de chapadas, que possuem capim agreste, não são adequadas para a criação de caprinos.

Dentre as espécies com potencial para alimentação de caprinos, destacam-se as seguintes: Mororó - Jurema - Sabiá - Camaratuba - Calopogônio - Pau-Ferro - Jitirana - Feijão bravo do piauí - Faveira-de-bolota.

Além das plantas citadas, outras espécies nativas da região podem apresentar potencial para a alimentação de caprinos, como o Mofumbo.

Apesar da disponibilidade de alimentos oriundos da vegetação nativa, é possível realizar o seu melhoramento. As pastagens nativas podem ser melhoradas de várias maneiras, sendo a principal o raleamento, que consiste na eliminação de plantas que não servem como alimento para os caprinos, diminuindo o sombreamento e a competição com as plantas desejáveis.

Associada à eliminação das espécies indesejáveis, o criador pode efetuar a semeadura de gramíneas como o capim Andropogon, no local em que se realizou o raleamento.

Entretanto, embora a vegetação nativa represente uma importante fonte de alimentos para os caprinos, esses animais apresentam, sobretudo em algumas fases de criação, exigências diferenciadas necessitando, portanto, de suplementação alimentar.

Normalmente, os animais apresentam maior exigência nutricional durante as fases de pré-

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parto, pós-parto e lactação, sendo essas, portanto, as fases recomendadas para se efetuar a suplementação alimentar, além da necessidade de se suplementar também, os reprodutores.

Na fase de pré-parto, a suplementação supre as necessidades da matriz para a formação final do feto.

Na fase de pós-parto, a suplementação supre às necessidades para a manutenção e para a produção de leite da matriz, além de prepará-la para o próximo período de gestação.

Na fase de lactação, recomenda-se a suplementação alimentar com alimento de boa qualidade para o lactente, a fim de suprir possíveis deficiências maternas, principalmente no caso de partos duplos, e estimular o desmame precoce, disponibilizando a matriz para um novo ciclo reprodutivo.

A suplementação alimentar pode ser obtida a partir de subprodutos ou restos das culturas agrícolas, capineiras previamente instaladas na propriedade ou ainda bancos de proteína. O banco de proteína pode ser implantado com leguminosas como leucena e feijão-guandu, que são ricos em proteína (EMBRAPA; [2003]).

6.1 Fabricação de feno com feijão-guandu, leucena, rama de mandioca

A fenação é um processo utilizado para conservar a sobra de forragem existente em períodos de fartura, para ser utilizada nos períodos de escassez.

O feno é um alimento que pode ser feito na propriedade, utilizando feijão-guandu, leucena, rama de mandioca, gramíneas ou outras plantas e serve para alimentar os animais, principalmente no período de seca. O processo de fenação é feito seguindo as etapas:

Corte das plantas (Leucena a 40 cm de altura, Guandu a 80 cm de altura, Mandioca no terço superior da planta-folhagem);

Trituração de ramos e folhas, para reduzir o tempo da secagem. A trituração do material deve ser feita com um triturador de forragem munido de lâminas;

Secagem do material em piso cimentado ou terreiro de chão batido, revirando o material todo, após uma hora de exposição e diariamente, duas vezes pela manhã e duas à tarde;

Ensacar o material seco e guardá-lo em local seco e ventilado.

A leucena pode ser usada, também, em pastejo direto. Nesse caso é necessário que o criador tenha muito cuidado com o manejo, pois os caprinos podem ingerir a casca das plantas provocando a sua morte.

Deve-se levar em conta o fato de que a leucena possui uma substância venenosa, a mimosina, que pode intoxicar os animais se for consumida em dieta exclusiva. Por isso, não deve ultrapassar a proporção máxima de 20% do volume total de alimentos consumidos diariamente pelos caprinos.

Os restos de culturas agrícolas também podem representar uma importante fonte de alimentos aos caprinos, visto que todo ano, perde-se grande quantidade de palhas, cascas e grãos resultantes da colheita, além de cascas, grãos quebrados, sabugos etc., resultantes do beneficiamento da produção das culturas.

Esses restos de cultura podem ser utilizados na alimentação dos caprinos, podendo ser usados em pastejo direto no campo ou armazenados para serem fornecidos aos animais em épocas de escassez de alimentos ( EMBRAPA; [2003]).

6.2 Reservas forrageiras

As reservas forrageiras são essenciais para as criações intensivas, não podendo faltar também nos sistemas semi-intensivos, em virtude da escassa produção das gramíneas no período de seca invernal. Estas reservas devem ser compostas preferencialmente por

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gramíneas e leguminosas, considerando-se o maior aporte protéico propiciado por esta última.

As gramíneas mais recomendadas para capineiras são as variedades de capim elefante. Um hectare de capineira de gramíneas é suficiente para 80 a 100 caprinos, levando-se em conta um fornecimento de 2 Kg de matéria verde por animal por dia num período de 5 meses (inverno).

Quanto à reserva de leguminosas, pode-se utilizar a soja perene, mucuna, guandu, alfafa. Em termos de leguminosas, recomendam-se dois hectares para 100 animais considerando-se um consumo de 1 kg/an/dia. Uma alternativa também viável é o plantio de forragens de inverno, como aveia, azevém, etc., as quais apresentam um elevado valor nutritivo, justamente na época de escassez forrageira. Pode ser pastoreada como oferecida no cocho (aveia) e quanto ao azevém a forma mais utilizada é o pastoreio, podendo ser utilizada até o fim de novembro (EMBRAPA; [2003]).

6.3 Mineralização

Consiste no fornecimento de sal mineral de boa qualidade, à vontade, a todos os animais. Tal prática aumenta a saúde do rebanho e o seu desempenho produtivo. Já nos rebanhos em que essa prática não é adotada ou que não é feita de modo adequado, as taxas de natalidade e de crescimento são menores e a incidência de doenças é maior.

O sal mineral é uma mistura composta por sal comum, uma fonte de fósforo e cálcio (farinha de ossos ou fosfato bicálcico) e micronutrientes, nas seguintes proporções:

50% de sal comum;

49% de farinha de ossos calcinada ou fosfato bicálcico;

1% de micronutrientes (EMBRAPA; [2003]).

6.4 Mistura múltipla

Consiste em uma mistura de alimentos e produtos químicos que serve para suplementar o rebanho, devendo ser fornecida à vontade aos animais. No caso de optar pelo uso da mistura múltipla, o uso de sal mineral pode ser dispensado.

Para a elaboração de 100 kg dessa mistura, são necessários os seguintes componentes:

27 kg de milho triturado;

16 kg de farinha de ossos calcinada ou fosfato bicálcico;

10 kg de uréia pecuária;

15 kg de farelo de algodão ou de soja;

30 kg de sal grosso iodado;

1,3 kg de flor de enxofre;

0,6 kg de sulfato de zinco;

0,08 kg de sulfato de cobre;

0,02 kg de sulfato de cobalto.

6.5 Fornecimento de água

Os caprinos precisam constantemente de água limpa e de boa qualidade. Quando a água disponível for de açude, lagoa ou tanque cavado, o criador deverá protegê-la, evitando que os animais entrem para que não haja contaminação.

É preferível que os caprinos tenham acesso à água corrente, entretanto, caso isso não seja possível, pode ser utilizado um bebedouro rústico feito de cimento, sendo necessário lavar duas vezes por semana.

O consumo diário de água varia com o tipo de alimento, sistema de criação, temperatura ambiente e produção individual (EMBRAPA; [2003]).

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7 PREVENÇÃO E CONTROLE DAS PRINCIPAIS DOENÇAS

7.1 Verminose

A verminose é uma doença que ataca tanto caprinos como ovinos e é uma das principais causas de mortalidade. É causada por vermes que se localizam no trato digestivo do animal, onde se fixam e sugam o sangue do mesmo.

Os principais helmintos identificados parasitando caprinos incluem: Haemonchus contortus, Strongyloides papillosus, Cooperia sp., Oesophagostomum columbianun, Oesophagostomum venulosum, Trichostrongylus colubriformis, Trichostrongylus axei, Skrjabinema ovis, Trichuris sp. e moniezia sp (EMPARN; [2006]).

Os produtos utilizados no controle da verminose dos caprinos são anti-helmínticos com vários princípios ativos Recomenda-se mudar o princípio ativo a cada ano, a fim de evitar que os vermes adquiram resistência. O criador poderá optar por produtos que apresentem preços menores ou por produtos que sejam encontrados mais facilmente nos locais de venda (EMBRAPA; [2003]).

A melhor maneira de aplicar vermífugos nos caprinos é por via oral, porque é mais prático e evita o uso de injeções, que podem ajudar a espalhar o "mal-do-caroço" ou outras doenças Além disso, o vermífugo administrado por via injetável pode provocar intoxicação e matar o animal, se a dose aplicada for maior do que a recomendada (EMBRAPA; [2003]).

Figura 7 - Forma de aplicação de vermífugo por via oral. Fonte: EMBRAPA

Quando o animal tem grande número de vermes, fica magro, fraco, sem apetite, com o pelo arrepiado e sem brilho e em alguns casos com a papada inchada (edema submandibular) e diarréia (EMPARN; [2006]).

Para atenuar os prejuízos causados pela verminose, o criador deve vermifugar periodicamente o rebanho.

Recomenda-se também vermifugações nas seguintes ocasiões e adoção de outras medidas auxiliares:

Vermifugar cabras e ovelhas um mês antes ou logo após o parto, pois fêmeas lactantes promovem maior disseminação de ovos nas pastagens;

Vermifugar os cabritos e os cordeiros ao desmame;

Vermifugar as fêmeas duas a três semanas antes do início da estação de monta;

Vermifugar todo animal de compra antes de incorporá-lo ao rebanho;

Evitar a superlotação das pastagens;

Trocar o vermífugo (princípio ativo) a cada ano para evitar a resistência dos vermes;

Fazer rodízio de piquetes;

Separar os animais adultos dos jovens;

Adotar a estação de monta;

Manter cochos de alimentos e bebedouros sempre limpos;

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Manter os animais presos no curral, pelo menos por 12 horas, após as vermifugações.

Outro método para orientação do tratamento antihelmíntico é a observação da coloração da mucosa ocular.

Quando esta se apresenta pálida deve-se proceder a vermifugação. Este método é conhecido como FAMACHA (EMPARN; [2006]).

Figura 8 - Representação do ciclo de vida dos principais vermes dos caprinos. Fonte: EMBRAPA

7.2 Coccidiose ou eimeriose

É uma enfermidade comum em rebanhos que permanecem entabulados. Ataca animais de qualquer idade, porém é mais comum em animais jovens.

Doença causada por um protozoário do gênero eimeria e tem sua ocorrência amplificada pela falta de higiene geral, contaminação de água por fezes com oocistos, concentração das crias em ambiente úmido, bem como sobrelotação nas instalações e nas pastagens por animais das diversas categorias em um único lote.

Os sintomas incluem diarréia fétida, falta de apetite, desidratação, perda de peso e crescimento retardado, podendo levar à morte. Nos animais adultos, esta doença é ocasional (condições de estresse). O controle da doença é feito pelo isolamento e tratamento dos doentes com medicamentos à base de sulfa por via oral, durante dois a três dias.

A prevenção se faz mantendo-se as crias separadas dos animais adultos, pois estes são portadores da doença e constituem uma fonte de infecção para os animais jovens; fazendo-se a limpeza diária dos alojamentos e bebedouros e evitando-se umidade nas instalações.

O uso de salinomicina na dose de 1 mg/kg misturada ao leite ou ração dos 14 a 210 dias de vida de cabritos e cordeiros é recomendado como medida preventiva em sistemas intensivos de criação (EMPARN; [2006]).

7.3 Ectoparasitoses

Os ectoparasitos que acometem os caprinos e os ovinos são os piolhos mastigador (Bovicola) e sugador (Linognathus), os ácaros (Psoroptes caprae e demodex caprae) causadores de sarnas e as larvas de moscas(Cocchliomya hominivorax), que causam prejuízos pelos danos na pele dos animais afetados. As medidas para o controle das pediculoses e das sarnas contemplam:

Separar os animais infestados;

Tratar os animais com carrapaticidas, utilizando um pulverizador costal;

Repetir o tratamento 7 a 10 dias após a aplicação;

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Banhar os animais recém adquiridos antes de incorporá-los ao rebanho;

Banhar os animais pela manhã ou no final da tarde;

Fornecer água e alimentos antes do banho.

A sarna auricular ocorre com maior freqüência nos caprinos do que nos ovinos. Os animais infestados apresentam milhares de ácaros no interior do ouvido e ao redor da orelha, os quais formam crostas quebradiças.

O tratamento consiste na retirada das crostas com algodão embebido em álcool, água oxigenada ou álcool iodado e utilização de spray repelente para evitar a formação de miíase (bicheira).

A miíase (bicheira) é causada pela larva da mosca varejeira (Cocchliomya hominivorax), que põe seus ovos nas feridas frescas. Depois de algumas horas, as larvas saem dos ovos e penetram nos tecidos vivos onde se alimentam e crescem por aproximadamente uma semana.

Em seguida, caem no solo onde se transformam em moscas, completando assim seu ciclo de vida. Durante o período em que as larvas permanecem na ferida, vão comendo a carne do animal chegando a causar grandes estragos. O animal fica irritado, perde o apetite, emagrece e se não for tratado pode morrer. Como medida preventiva, proceder à desinfecção da pele após ocorrência de traumatismos, tais como: marcação, brincagem, castração, corte do cordão umbilical e descorna, além da higienização das instalações . Para tratar miíase já instalada, retirar todas as larvas da ferida e usar um produto repelente e cicatrizante (EMPARN; [2006]).

7.4 Ectima contagioso

É uma doença contagiosa causada por vírus, transmitida por contato direto dos animais doentes com os sadios. É também conhecida por boqueira e acomete principalmente animais jovens, com morbidade de até 100%.

Os cabritos doentes perdem peso devido à dificuldade de se alimentar, podendo inclusive morrer. Manifesta-se sob a forma de ulcerações com formação de crostas localizadas nos lábios, gengivas, bochechas e língua, podendo afetar também a vulva e úbere das cabras devido à amamentação de cabritos contaminados.

Os animais doentes devem ser isolados e tratados com glicerina iodada a 10% ou violeta de genciana a 3%, depois de retiradas as crostas das feridas (EMPARN; [2006]).

7.5 Linfadenite caseosa

Também conhecida como mal - do- caroço , é uma doença causada por uma bactéria (Corynebacterium pseudotuberculosis) que se localiza nos linfonodos, produzindo abscessos, que podem ser notados sob a pele na forma de caroços.

Esses caroços se localizam com maior freqüência nas regiões escapular (pá), auricular (pé da orelha), mandibular (queixo) e inguinal (vazio), podendo ocorrer também nos testículos, úberes e órgãos internos.

Para evitar que a doença ocorra em seu rebanho, o criador deve ter o cuidado de não adquirir animais doentes, proceder a inspeções freqüentes no rebanho, isolar e tratar os animais com caroço, não deixando que o mesmo estoure naturalmente, espalhando o pus pelo chão, pois esse pus é um foco de transmissão da doença para os animais sadios.

O tratamento é feito por meio da drenagem do abscesso e desinfecção com iodo a 10% até a total cicatrização da ferida. O caroço só deve ser removido quando estiver mole e com os pelos caindo.

Todo o conteúdo retirado do caroço juntamente com a gaze ou outros materiais que tenham

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sido usados durante a operação devem ser queimados e enterrados. Os animais submetidos a tratamento só devem ser incorporados ao rebanho quando a ferida estiver totalmente cicatrizada. Descartar os animais com recidivas (EMPARN; [2006]).

7.6 Pododermatite necrótica

É conhecida por frieira ou podridão dos cascos e caracteriza-se pela inflamação do espaço entre as unhas, com grande sensibilidade, exudação fétida, ulceração e podridão do tecido afetado, chegando muitas vezes a ocorrer perda total do casco.

Ocorre devido a fatores predisponentes como traumatismos ou umidade excessiva do solo, associados à infecção bacteriana (Bacteróides nodosus, Fusobacterium necrophorum). É mais freqüente no período chuvoso devido à umidade excessiva no solo.

A prevenção da doença é feita com corte e limpeza periódica dos cascos e uso de pedelúvio.

Para o tratamento, recomenda-se colocar o animal em local seco e limpo, limpar o casco retirando as partes putrefatas (podres) e tratar as lesões com tintura de iodo a 10%, sulfato de cobre a 5% ou produtos existentes no mercado indicados para tratamento de cascos. Nos casos graves, deve-se administrar antibióticos à base de penicilina ou tetraciclina por via intramuscular, durante três a quatro dias (EMPARN; [2006]).

7.7 Broncopneumonia

A broncopneumonia é uma doença dos pulmões e demais órgãos do sistema respiratório, sendo causada por diversos agentes microbianos, associados a ambientes úmidos e a correntes de ar frio.

Acometem ovinos e caprinos de todas as faixas etárias, sendo mais freqüente em animais jovens. Os sintomas são descarga nasal, tosse, falta de apetite e febre. Ocasionalmente a morte súbita é o único sintoma.

As medidas de prevenção devem contemplar: limpeza das instalações, evitar superlotação de animais, proteger cabritos e cordeiros de correntes de vento, do frio e da chuva, evitar a entrada de animais doentes no rebanho, ofertar uma alimentação adequada e tratar do umbigo das crias e o fornecimento de colostro logo após o nascimento.

O tratamento é feito com antibióticos e pode ter bons resultados se administrado no início da doença (EMPARN; [2006]).

7.8 Mamite ou mastite

É um tipo de inflamação do úbere causada por diversas bactérias que penetram no úbere através do canal da teta. A infecção pode ser desencadeada por ferimentos nas tetas, falta de higiene na ordenha, retenção de leite e alta atividade do úbere em animais de alta produção.

Animais com mamite apresentam os úberes inchados, quentes e duros. O tratamento deve ser feito com antibióticos de largo espectro aplicado dentro do úbere, tendo-se o cuidado de esgotar totalmente a parte afetada antes de aplicar o medicamento. A doença pode ser controlada se o tratamento for feito logo no início.

Para evitar que a doença ocorra ou se dissemine no rebanho, o criador deve ter alguns cuidados, como:

Tratar os ferimentos existentes no úbere ou tetas;

Lavar e desinfetar o úbere das cabras e mãos do ordenhador antes da ordenha;

Isolar os animais doentes e ordenhá-los por último, tendo o cuidado de evitar que caia leite na superfície da plataforma de ordenha ou no chão;

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Descartar para consumo humano o leite dos animais que estão sendo tratados;

Eliminar as cabras com mastite crônica, pois elas atuam como um reservatório de infecção para o rebanho;

Proceder à secagem adequada das matrizes 45 60 dias antes do parto (EMPARN; [2006]).

7.9 Micoplasmose

Doença causada por inúmeras espécies do gênero mycoplasma. A doença é classificada em forma de síndromes, sendo as mais destacadas a pleuropneumonia contagiosa dos caprinos e ovinos (PPCO) pelo Mycoplasma capricolum subesp. capripneumoniae e a agalaxia contagiosa dos caprinos e ovino(ACCO) por Mycoplasma agalactiae.

A transmissão se dá através do leite e colostro, assim como as secreções das vias aéreas. Os sintomas incluem lesões articulares, mamárias, pleuropneumônicas e oculares.

A prevenção e o controle da doença devem ser obtidos mediante a adoção de medidas de biosseguridade na unidade produtiva, de modo a impedir que animais livres sejam infectados.

Uma vez o rebanho afetado, deve-se impedir que as crias tenham contato com suas mães ou qualquer outro caprino de idade mais velha. Alimentar as crias com leite de vaca ou colostro oriundo de cabra sadia. O tratamento geralmente não é eficaz (EMPARN; [2006]). . 7.10 Ceratoconjuntivite infecciosa

É uma enfermidade infecto-contagiosa que afeta as estruturas do olho, produzindo lacrimejamento, irritação da conjuntiva, ulceração e opacidade da córnea, causada por diversos microorganismos, sendo os mais freqüentes: Richettsia, Moraxella, Mycoplasma, Chlamydia e Neisseria.

Prevenção: isolar os animais doentes e evitar ferimentos nos olhos dos animais.

Tratamento: pomadas oftálmicas ou colírios à base de antibióticos (EMPARN; [2006]).

7.11 Artrite encefalite caprina a vírus (CAEV)

Mais conhecida por CAE, é uma doença causada por vírus de evolução geralmente crônica com agravamento progressivo das lesões, perda de peso e debilidade até a morte, estando presente na maioria dos rebanhos caprinos leiteiros do País.

Ela se manifesta clinicamente de quatro formas básicas: nervosa ou encefálica, artrítica, pulmonar e mamária (EMPARN; [2006]).

7.11.1 Forma encefalítica da CAE

É a menos freqüente e afeta principalmente cabritos e cordeiros entre 2-6 meses de idade.

Os animais apresentam tremores de cabeça, falta de coordenação, andar cambaleante, fraqueza progressiva dos membros, podendo levar a paralisia, decúbito e morte. Pode ocorrer, também, pneumonia associada aos sintomas nervosos.

O curso da doença é de vários dias a várias semanas e não existe tratamento eficaz para a mesma. Os cabritos corretamente diagnosticados devem ser sacrificados.

Em animais adultos, os sintomas clínicos da forma nervosa incluem andar em círculos, cabeça caída e paralisia do nervo facial, em associação com a forma artrítica (EMPARN; [2006]).

7.11.2 Forma artrítica da CAE

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É mais freqüente em animais adultos e mais importantes em caprinos que em ovinos.

Apresenta grande variabilidade na progressão e severidade dos sintomas. Os primeiros sinais da doença são os aparecimentos de manqueira acompanhado por inchaço das juntas; o inchaço (artrite) é mais freqüente na articulação do joelho (membro dianteiro), mas, pode ocorrer em qualquer uma das articulações dos membros do animal.

Com o progresso da doença o animal pode apresentar dificuldade de se locomover, e perda de peso.

Não existe tratamento específico e nem cura para a CAE artrítica. Os animais acometidos podem ter uma vida aparentemente normal.

Nem todos os casos de artrite são causados pelo vírus da CAE. Por isso, quando aparecer animais com artrite no rebanho, o criador deve procurar fazer diagnóstico diferencial (cultura do fluido aspirado das juntas) com Clamídia e Micoplasma, pois estas bactérias também causam artrite.

Deve considerar também a ocorrência de pancadas ou outros traumatismos (EMPARN; [2006]).

Figura 9 - Exemplo de artrite em caprimo Fonte: EMPARN

7.11.3 Forma pulmonar da CAE

É a forma de apresentação mais rara e de menor gravidade entre os caprinos, entretanto, é muito freqüente e grave em ovinos.

Os sintomas são tosse e dificuldade respiratórias após exercícios físicos

7.11.4 A forma mamária

As cabras afetadas por este quadro clínico apresentam mastite aguda ou crônica. A aguda, observada geralmente em animais no final da 1ª gestação, caracteriza-se pelo endurecimento do úbere com baixa ou nenhuma produção de leite.

A crônica instala-se progressivamente durante a lactação, com assimetria e endurecimento da mama e produção de leite de aspecto normal.

Em ambas as condições há aumento persistente dos linfonodos retro mamários. Em ovelhas também se observa mastite, que pode ser importante causa de mortalidade de cordeiros (EMPARN; [2006]).

7.11.5 Prevenção e controle da CAE

Fazer exame sorológico de todo o rebanho a cada seis meses;

Separar os animais positivos dos sadios;

Se todo o rebanho é soro positivo para CAE, deve-se procurar formar um novo

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rebanho livre de CAE, com os cabritos nascidos, separando-os das mães imediatamente após o nascimento;

A principal via de transmissão é o colostro e leite das cabras infectadas. Os cabritos devem ser isolados das mães imediatamente após o nascimento e alimentados com o colostro de fêmeas soro negativos, leite de vaca ou outro alimento substituto até o desmame;

Fazer exame sorológico de todos os cabritos aos seis meses de idade e repetir periodicamente até ter certeza de que estão livres de CAE. Animais soro positivos devem ser separados dos demais, imediatamente (EMPARN; [2006]).

7.12 Raiva

É uma doença causada por um vírus que se aloja no sistema nervoso do animal. É transmitida principalmente pela mordida de morcegos hematófagos, podendo também ocorrer casos de transmissão pela mordida de cães ou raposas doentes.

Os sintomas clínicos aparecem entre 2 e 60 dias após o animal ter sido infectado. Observa-se mudança de hábitos do animal, ansiedade, salivação abundante, dificuldade de engolir, e algumas vezes excitação e agressividade, sendo mais freqüente a forma paralítica. Após manifestação da doença, não existe tratamento para a mesma. Em regiões onde a doença ocorre, deve-se efetuar a vacinação anual do rebanho, incluindo-se todos os animais a partir de quatro meses de idade.

As vacinas devem ser conservadas em gelo e protegidas dos raios solares, devendo por isso, se trabalhar na sombra (EMPARN; [2006]).

7.13 Febre aftosa

É uma doença causada por vírus que acomete os ruminantes. O animal doente apresenta temperatura elevada e erupções na boca, na língua, na junção da pele com o casco, no espaço ente os cascos e no úbere. Para o controle da doença, seguir as recomendações do programa oficial de vacinação (EMPARN; [2006]).

7.14 Clostridiose (Tétano, Botulismo, Carbúnculo Sintomático, Enterotoxemia)

Sob esta denominação incluem-se as infecções causadas por quaisquer espécies do gênero Clostridium.

O controle da doença é feito por meio da vacinação de todo o rebanho caprino e ovino, onde existe diagnóstico de ocorrência da mesma, usando-se vacina mista.

A vacinação deve ser efetuada em todos os animais. As matrizes devem ser vacinadas entre 4 a 6 semanas antes da parição para assegurar altos níveis de anticorpos no colostro. As crias devem receber a primeira dose da vacina entre 3 a 9 semanas de vida e revacinadas 4 a 6 semanas após. Revacinar todo o rebanho anualmente (EMPARN; [2006]).

8 RAÇAS

8.1 Raças caprinas para produção de carne

A criação de caprinos no nordeste normalmente é para subsistência da população e venda do excedente, em pequena escala. O animal de corte é aquele destinado ao abate, ou seja, propósito das criações nessas condições são de corte e leite. Entretanto, os sistemas de produção atualmente são constituídos de alguns tipos genéticos principais, as quais serão descritas (NEPPA; [2007]).

8.1.1 Sem raça definida-SRD

É constituído de mestiços sem nenhum padrão racial definido. São animais que apresentam

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variado padrão de pelagem e níveis de produção. Compõe quase 90% dos animais do rebanho do nordeste, com muita rusticidade, pela seleção natural que vieram sofrendo ao longo do tempo, muitas vezes com inadequada conformação de carcaça, com baixo rendimento da porção comestível. Por outro lado, prolíficas e adaptadas as condições ambientais.

8.1.2 Raças e ecotipos nativos

Os caprinos naturalizados, também chamados de crioulos, são descendentes das populações de animais que chegaram ao Brasil na época da colonização e que, por isolamento geográfico e seleção natural, desenvolveram características peculiares. Os ecotipos Cabra Azul, Graúna, Marota, Gurguéia e Repartida, não têm padrão racial homologado pela Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC), sendo o Canindé e o Moxotó reconhecidos como raças. Mesmo no período seco, quando a vegetação perde as folhas, a adaptação e seletividade desses animais, faz com que, as cabras crioulas do semi-árido nordestino mantenham boa condição corporal, bebem pouca água e suportam altas temperaturas e resistentes a doenças.

8.1.3 Principais ecotipos

Canindé Apresenta chifres de tamanho mediano. A pelagem é negra sobre o dorso e avermelhada ou clara no ventre, em parte dos membros e em duas linhas descendo pela face. Nas condições da caatinga, apresenta entre 60% e 80% de fertilidade ao parto. As crias pesam cerca de 2 kg ao nascer. Produz entre 400ml a 800ml de leite por dia. Foi reconhecida como raça pelo Ministério da Agricultura em 1999.

Marota Branca de mucosas escuras e com chifres de tamanho mediano. Sua fertilidade nas condições da caatinga varia entre 60% a 80%.

Moxotó - Apresenta pelagem clara sobre o dorso e negra no ventre e em parte dos membros. Duas linhas negras descem pela face e uma sobre o dorso. Apresenta chifres de tamanho mediano. Nas condições da caatinga, apresenta fertilidade de 64% a 80%. Suas crias nascem com cerca de 2 quilos. Reconhecida como raça pelo Ministério da Agricultura em 1977.

Repartida Tem pelagem negra na parte anterior e vermelha na posterior do corpo, que deu origem ao nome. Possui chifres de tamanho mediano. Poucos estudos referem-se à raça, sendo difícil precisar valores médios de seus índices produtivos.

8.1.4 Exóticas

Anglonubiana - É uma raça de caprinos com temperamento manso, bem adaptada a climas quentes e secos, originária da Núbia, no centro-oeste africano. Boa produtora de leite e carne. Peso corporal e altura variando, respectivamente, de 40-50 kg e 70 cm, para as fêmeas e 50-95 kg e 90 cm, para os machos adultos.

A pelagem de caprinos da raça Anglonubiana é negra, castanho escuro, baia ou cinza, podendo apresentar manchas pretas, ou castanhas, para formar o padrão tartaruga (manchas que lembram o casco de tartaruga, com várias combinações de cores, normalmente em tons castanho ou cinza, mas com presença de outras cores também).

Apresenta chifres, corpo longo e profundo, com linha dorsolombar retilínea e larga. Garupa longa, suavemente inclinada, com membros e cascos fortes, apresentando coloração de acordo com a pelagem.

Os caprinos da raça Anglo-Nubiana tem bom potencial para a produção de carne, pois tem elevado desenvolvimento ponderal, em ambos os sexos, mesmo evidenciando a superioridade do macho. Em programas de cruzamento de caprinos é comum a indicação

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da raça Anglo-Nubiana para a produção de carne, pois são facilmente encontrados no nordeste brasileiro (NEPPA; [2007]).

Boer - A raça Boer foi introduzida no Brasil, introduzida na década de 90, e é a

única raça caprina especializada para a produção de carne disponível em considerável escala no Brasil. Animais dessa raça apresentaram pesos aos oito meses de 64 Kg e aos 12 meses de 92,2 kg. Com relação a caprinos Bôer nascidos e criados no Brasil, apresentaram perímetros de coxa de 36,8 cm, comparados a 34,6 e 22,4 cm de caprinos Anglo-Nubiana e Canindé, respectivamente, demonstrando um tipo mais adequado ao abate, apesar de ter que ser considerado o preço do reprodutor e produção de carne por hectare . Dados Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba, demonstraram que caprinos da raça Boer tiveram maiores ganhos de peso médio diários do nascimento ao desmame e do desmame aos 196 dias de idade e maiores rendimentos de carcaças quando comparados a caprinos SRD, Anglo-Nubiana, Alpina e Canidé.

Ao desmame, cabritos da raça Bôer atingiram 18 kg, em relação a 12,8 kg dos Anglo-Nubiana e 10,2 kg dos SRD. Cabritos Boer selecionados podem atingir ganhos de peso diário da ordem de 250g até os 270 dias, até os 100 dias, o GPD aproximou-se de 300g

Os aspectos como prolificidade e adaptação de raças de menor porte devem ser consideradas, quando comparadas em peso ou tamanho metabólico, podendo ser mais eficiente ou mais rentáveis que caprinos Boer, a qual apresenta mais alta exigência de manutenção devido ao maior peso. Outro aspecto importante na escolha de reprodutores é a reflexão sobre o preço do mesmo, capacidade de coberturas e kg/ha de cabritos produzido.

As modificações sofridas pelos caprinos da raça Bôer, durante o processo de melhoramento, tendo como base às características relacionadas com as funções de produção, conferiu a essa raça propósito de pele e da carne, essa última diretamente relacionada com a capacidade reprodutiva da cabra, crescimento do cabrito, o peso e qualidade da carcaça.

Os aspectos ligados a politetia devem ser considerados em cruzamentos com cabras leiteiras, pois essa característica é indesejável. A politetia didaticamente dividi-se em:

teto bifurcado ou duplo - conectados ao longo do comprimento e bifurcado no final;

teta extra, supra numária ou múltiplas - aquelas em número acima de dois, que é o padrão, com esporos, que são pequenos calos projetados para os lados ou base do teto.

Quanto à funcionalidade, podem ser:

funcionais - quando são capazes de produzir leite;

cegas - quando não apresentam orifício ou ducto.

Cabras da raça Bôer com dois tetos ocorrem na minoria dos animais, equivalentes a 18%, embora a politetia não afetaram o desenvolvimento poderal das crias até o desmame.

Savanna Raça relativamente nova no Brasil, essa raça de caprino de corte, originária da África do Sul tem como características a adaptação, eficiência reprodutiva, alta velocidade de crescimento e qualidade da carcaça (NEPPA; [2007]).

8.1.5 Cruzamentos de raças caprinas para produção de carne

Visando o cruzamento terminal, há uma necessidade do sistema possuir raças maternas com boas características de habilidade e adaptabilidade, enquanto a raça paterna a superioridade comprovada e as características apresentarem boa herdabilidade.

Na literatura, a herdabilidade média para os atributos de peso ao nascer e ao desmame

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(32% e 27% respectivamente) para animais da raça Boer, com boa possibilidade de ganho genético. Com essa opção, a heterose retida é de 100% na primeira geração.

Caso as fêmeas não sejam abatidas, a opção do retrocruzamento resulta em 50% da retenção de heterose. O cruzamento destas fêmeas com reprodutores de outra raça resultaria em retenção de 85,7% de heterose (three cross), abatendo toda a progene.

O desempenho e características de carcaças de cabritos Saanen, Boer x Saanen e Anglo-Nubiana castrados indicaram maiores teores de gordura intramuscular, quando abatidos com 28 ou 33 kg, e subcutânea, quando abatidos com 38 kg, nas carcaças dos cruzados em relação às de animais da raça Saanen.

Há diferenças de composição dos ácidos graxos da gordura subcutânea de carcaças de machos e fêmeas. Em geral, atribui-se ao macho uma maior proporção de gordura saturada que as fêmeas, enquanto a proporção de polinsaturadas é semelhante em ambos os sexos.

A proporção de cortes foi similar entre os cabritos Saanen x Bôer e Saanen, mas a composição tecidual das carcaças apresentou diferença na relação músculo:osso, maior para os mestiços Bôer.

Cabritos mestiços Bôer x Saanen,apesar de não terem apresentado desempenho superior aos Saanen puros, possuíram melhores características de carcaça, principalmente a cobertura de gordura e proporção dos tecidos

A carne caprina seja de animais mestiços de Boer ou de animais SRD, é um alimento com excelente valor nutricional, com baixos teores de gordura e elevados percentuais protéicos, associados às excelentes características sensoriais

A utilização de reprodutores de raças exóticas das raças Boer e Anglonubiana em cruzamentos não influencia a qualidade do couro dos animais, em termos de espessura, resistência e alongamento sob tração e espessura e resistência sob rasgamento progressivo.

Na formação de populações compostas entre raças de caprinas, ou na formação de novas raças, a heterose retida é variável, sendo maior quando é aumentado o número de raças envolvidas no cruzamento (NEPPA; [2007]).

Tipos de cruzamento Composição genética Retenção de heterose

Raças ou tipos utilizados

Composto de 3 raças ½ BO + ¼ AN + ¼ SRD 65,6 ½ BO + ¼ AN + ¼ SRD X

½ BO + ¼ AN + ¼ SRD Composto de 3 raças ½ BO + ¼ MO + ¼ SRD 65,6 ½ BO + ¼ MO + ¼ SRD

X ½ BO + ¼ MO + ¼ SRD

Composto de 3 raças ½ AN + ¼ MO + ¼ SRD 65,6 ½ AN + ¼ MO + ¼ SRD X

½ AN + ¼ MO + ¼ SRD Composto de 4 raças ½ BO + ¼ AN + 1/8 MO +

1/8 SRD 75,0 BO

x ¼ AN + 1/4 MO + 1/4 SRD

Composto de 4 raças ½ SA + ¼ AN + 1/8 MO + 1/8 SRD

75,0 AS x

½ AN + 1/4 MO + 1/4 SRD Composto de 5 raças 3/8 BO + 3/8 SA + 1/16

AN + 1/16 MO + 1/16 SRD

83,0 3/4 BO + 1/8AN + 1/8 SRD X

3/4 SA + 1/8AN + 1/8 SRD

Tabela 1 Grau máximo de heterose retida conforme o tipo de cruzamento, raça e composição da população composta.

Fonte: NEPPA

8.2 Raças leiteiras e mistas

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Algumas raças européias leiteiras que mais tem se destacado:

Saanem Brancas, altivas, maiores produtoras de leite, maiores e mais

exigentes consumidoras de alimento. Período de lactação de 8 a 10 meses, com pelo menos 3 kg de leite por dia. Fêmea fértil obtém com freqüência dois cabritos por gestação, às vezes três. Exige sistema de confinamento e bons cuidados;

Toggenburg Pelagem castanho acinzentada (peluda ou não) e com faixas

brancas na cara. Mais rústica que a Saanem, boa leitura (2,0 kg), boa reprodutora, costuma ter gêmeos. Vive bem em ambos os sistemas;

Parda Coloridas de castanho e negro, um pouco menores que as Saanem, mais

rústicas e também boas produtoras de leite. Durante 8 a 9 meses costumam dar 2 kg de leite por dia;

Anglo-nubiana Animais de dupla aptidão (leite e carne), pelagem colorida, orelhas grandes, nariz acarneirado, geralmente mochas. Produz 2 kg de leite por dia durante 7 meses. Os cabritos vão para o abate aos 3 meses já com 21 kg (EMPREGA BRASIL; [200?]).

9 LEITE DE CABRA

O leite de cabra é muito digestivo, recomendando-se para pessoas de idade, crianças ou indivíduos que tenham alergia ao leite de vaca.

Pessoas alérgicas ao leite vaca, crianças e idosos, bem como grupos religiosos, consomem o leite da cabra em pó ou in natura . Também na gastronomia usa-se largamente o leite caprino na confecção de pratos e molhos deliciosos, sem falar da produção de derivados: queijos, iogurtes e outros laticínios.

A indústria de cosméticos também tem toda uma linha de produtos à base do leite de cabra. Como se vê, há um mercado diversificado e atraente ainda pouco explorado (REVISTA DA TERRA; [200?]).

Espécie Animal

Extrato seco total %

Gordura % Proteínas %

Lactose % Cinza%

Cabra 12,4 3,7 3,3 4,7 0,7

Vaca 12,7 3,9 3,3 4,8 0,7

Búfala 23,2 12,5 6,0 3,8 0,9

Ovelha 18,4 6,5 6,3 4,8 0,8

Tabela 2 - Composição do leite de diversas espécies: Fonte: REVISTA DA TERRA

Dados como acidez normal (13-15ºD)*, densidade (1,032), PH (6,57) e a depressão do ponto crioscópico (-0,558) são importantes para avaliação da qualidade do leite, pois a partir destas variáreis que conseguimos obter maior eficiência na produção de queijos tanto na propriedade como na indústria.

A característica mais importante no leite de cabra, no entanto, é o tamanho de seus glóbulos de gordura, ficando a quatro microns, dificultando a desnatagem, porém facilitando a digestão. Já a manteiga não é de boa qualidade, pois é pobre em caroteno, apresentando-se muito branca (REVISTA DA TERRA; [200?]). * ºD = graus Dornic

9.1 Principais características do leite de cabra

O teor protéico do leite de cabra se assemelha ao do leite de vaca, com sutis diferenças. (EMPREGA BRASIL; [200?]).

No leite de cabra, o teor reduzido da caseína favorece a formação de coágulos finos e suaves, o que facilita o processo digestivo. Os teores de gorduras e lactose são quase

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idênticos, porém, no leite de cabra há mais glóbulos de gordura de diâmetros menor, o que permite que sejam dispersos com mais facilidade no processo digestivo. Há também mais ácidos graxos de cadeia curta média, o que facilita a ação enzimática.

Por estas razões, o leite caprino é melhor e mais facilmente digerido pelo organismo humano. O percentual de lactose é o mesmo em ambos os leites e os valores calóricos se assemelham, sendo ligeiramente mais elevados no leite de cabra. No leite caprino, as vitaminas B6, B12 e o ácido fólicos são muito reduzidos. As demais vitaminas aparecem em teores próximos aos do leite de vaca. O teor de minerais é maior no leite de cabra, particularmente fósforo e potássio.O leite caprino é especialmente ativo na neutralização da hiperacidez gástrica. Esta aptidão, chamada de capacidade tamponante , se deve às proteínas e aos fosfatos.

Por suas características, o leite de cabra é tido como substituto satisfatório nos casos de crianças alérgicas ao leite de vaca (EMPREGA BRASIL; [200?]).

10 MINI LATICÍNIO DE LEITE DE CABRA

10.1 Laticínios

São estabelecimentos industriais destinados ao recebimento de leite para pasteurização, manipulação, conservação, fabricação de derivados lácteos, maturação, embalagem e expedição dos produtos acabados.

Um mini laticínio é constituído de: tanque de recepção, resfriador rápido a placas, tanque de estocagem isotérmico, pasteurizador rápido, tanque pulmão (para receber o produto pasteurizado), embaladeira automática, bomba sanitária de transferência, tubulação e conexões sanitárias para a interligação dos equipamentos, sistemas de produção de água gelada (para o resfriamento) e câmara frigorífica para o armazenamento (EMPREGA BRASIL; [200?]).

10.2 Comercialização

O leite de cabra pode ser comercializado in natura , atendendo ao gosto de muitos e às necessidades de inúmeras pessoas alérgicas ao leite de vaca

10.3 Derivados

O leite pode também ser transformado em derivados como queijos e iogurtes, produtos que dispõem de ótimo mercado e que representam maiores ganhos ao produtor.

10.4 Obtenção do leite

As cabras devem ser ordenhadas em locais limpos e adequados, para a obtenção de um leite puro e higiênico. Em seguida, o leite deve ser filtrado e acondicionado em latões apropriados. Não usar o leite de animais que tenham sido recentemente tratados com antibióticos e vermífugos, por causar acentuados danos na qualidade dos produtos lácteos.

10.5 Leite pasteurizado

A pasteurização consiste em dar um tratamento térmico no produto para diminuir o índice de contaminação microbiológica e eliminar totalmente os microorganismos patogênicos (prejudiciais à saúde) . O leite é elevado a uma temperatura entre 72,5oC e 75,5oC por um período de tempo de 15 a 20 segundos e depois sofre um choque térmico caindo para 50C.

O leite pasteurizado deve ser conservado, no ciclo de distribuição comercial, a uma temperatura não superior a 10 oC, devendo ser vendido ao consumidor depois de 72 horas de ter sido embalado.

10.6 Leite esterilizado

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O leite esterilizado, integral ou desnatado, é aquele que, depois de ter sido embalado, é submetido a um processo de aquecimento a 110oC 120oC, durante vinte minutos, o que garante a destruição de todos os microorganismos e esporos nele presentes.

O tratamento térmico durante a esterilização é muito severo, e são perdidos elementos nutritivos (precipitação de proteínas, por exemplo), enquanto isso não ocorre no suave tratamento da pasteurização. O leite UHT (Ultra High Temperature) sofre muito menos que o produto esterilizado, durante o aquecimento, já que embora se alcance uma temperatura mais alta (135 150 oC), ela é mantida por apenas alguns poucos segundos.

Por isso o leite tem uma cor uniforme, ligeiramente amarelada, com cheiro e sabor forte característicos do leite, muito pouco afetado pelo aquecimento.

10.7 Queijo

Etapas da produção de queijo tipo frescal:

Obtenção do leite;

Utensílios e materiais para a fabricação de queijo;

Pasteurização do leite aquecimento com agitação na temperatura de 62 65oC por 30 minutos, em seguida resfriá-lo a 35oC;

Adição do fermento láctico ou de iogurte (15 ml para cada litro de leite);

Adição do coalho;

Teste da faca após 50 minutos introduz-se uma faca na coalhada que não deve apresentar resíduos de leite;

Corte da coalhada em pedaços de aproximadamente 3 cm, e em seguida mexer a coalhada com movimentos lentos durante 20 a 40 minutos;

Enformagem dos queijos a coalhada é colocada em formas para a dessoragem;

Salga do queijo a salga deve ser realizada, a gosto, após 30 minutos;

Desenformagem e conservação do queijo por 12 horas deve ser mantido em temperatura ambiente, após este período, deve-se desenformá-lo e conservá-lo em geladeira a 10oC.

10.8 Iogurte

É o produto do leite coagulado obtido por fermentação láctica, mediante a ação dos microorganismos Lactobacillus bulgaricus e streptococcus thermophillus, a partir do leite pasteurizado, nata pasteurizada, leite concentrado, leite parcialmente desnatado e pasteurizado, com ou sem adição de leite em pó.

Conforme o caso podem-se acrescentar ao iogurte as seguintes substâncias, antes da fermentação: açúcar, polpa de frutas, xaropes, sucos, ingredientes naturais e aromatizantes inócuos.

O iogurte deve ter um mínimo de 2,0% de massa gordurosa e um extrato magro seco de 8,5%. Quando se tratar de iogurte desnatado, o conteúdo de gordura não deve passar de 0,5%, com um extrato magro seco no mínimo de 8,5%. O armazenamento do produto até sua chegada ao consumidor deve ser feito por um sistema de refrigeração a 4oC/ 6oC, já que a temperatura superiores, o produto pode ser invalidado por mofos e outros microorganismos (EMPREGA BRASIL; [200?]).

11 LEGISLAÇÃO

Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997. Regulamento Técnico sobre Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos . Lei nº 6437, de 20 de agosto de 1977. Infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências

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Resolução RDC nº 20, de 22 de março de 2007. Regulamento Técnico sobre Disposições para Embalagens, Revestimentos, Utensílios, Tampas e Equipamentos Metálicos em Contato com Alimentos.

Decreto nº 343, de 04 de novembro de 1996. Inspeção e Reinspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Lei nº 7889, de 23 de novembro de 1989 . Inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal, e dá outras providências

Obs.: A legislação acima encontra-se disponível no site http://www.anvisa.gov.br/e-legis/ da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA. Caso o interessado deseje aprofundar-se no tema deverá consultar também os demais órgãos regulamentadores tais como; Junta Comercial, Secretaria da Receita Federal, Secretaria da Fazenda, Prefeitura, etc.

12 FONTES DE CONSULTAS

12.1 ASSOCIAÇÕES

ABCBoer (Associação Brasileira dos Criadores de Caprinos Bôer) www.abcboer.com.br

ACCOBA (Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia) www.accoba.com.br

CAPRIPAULO (Associação Paulista dos Criadores de Caprinos) www.capripaulo.com.br

RIOCAPRI (Associação dos Caprinocultores do Estado do Rio de Janeiro) www.riocapri.com.br

ASCCOPER (Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Petrolina e Região) - www.asccoper.com.br

CAPRIPAR (Associação dos Caprinocultores do Paraná) http://www.capripar.com.br

12.2 CRIADORES

Cabanha Invernada - www.cabanhainvernada.com.br

Capril Grota da Cachoeir - www.grotadacachoeira.com.br

Capril Por do Sol - www.caprilpordosol.com.br

Capril Sanri - www.sanri.com.br

Capril Virtual - www.caprilvirtual.com.br

Fazenda Santo Antônio - www.fazendasa.com.br

12.3 PORTAIS E REVISTAS

Saúde Animal - www.saudeanimal.com.br/cabra

Capritec - www.capritec.com.br

Embrapa Caprinos - www.cnpc.embrapa.br

Centro Internacional de Caprinos e Ovinos - www.cico.org.br

Revista da Terra - www.revistadaterra.com.br

Planeta Orgânico:- www.planetaorganico.com.br/trab-clovisfilho.htm

12.4 FORNECEDORES DE INSUMOS E EQUIPAMENTOS

Pennnone Comércio Serviço e Assessoria - www.pennone.com.br

Globo Inox Equips Ltda - www.globoinox.com.br/company.html

Ibrasmak Ind. Brás. Maquinas ltda - www.ibrasmak.com.br

Ige Ind. Mecânica Geiger Ltda - www.geigerequipamentos.com.br

Embali Indústrias Plásticas Ltda - www.embali.com.br/localizacao.asp

Grupo BV - www.grupobv.com.br

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13 RECEITAS

Figura 10 Prato preparado com carne de caprino Fonte -PORTAL DA CAPRINOCULTURA

a) Putchero de cabrito

Ingredientes

1 cabrito cortado em pedaços

vinho branco seco

azeite

alecrim desidratado

alho, salsa, sal, pimenta-do-reino,...

cebolas fritas

açafrão

batatas cozidas

cenouras cozidas

grão de bico cozido

repolho

Modo de fazer

Tempere o cabrito com os temperos e o vinho branco. Deixe tomar gosto (cerca de 5 horas). Escorra o cabrito e reserve o caldo. Frite os pedaços de cabrito no azeite. Quando estiver tomando cor, junte o caldo reservado e deixe cozinhar até que fique macio. Junte o açafrão, as cebolas fritas, as batas, cenouras e grão de bico e deixe cozinhar mais um pouco. Na hora de servir, junte o repolho rasgado. Sirva bem quente, acompanhado de arroz branco e molho de pimenta.

b) Cabrito no forno com alecrim

O cabrito é uma carne muito saborosa que normalmente é consumida em dias especiais, como o Natal. Esta receita é simples onde a perna traseira e o lombo de um cabrito são utilizados. O alecrim realça o sabor e proporciona um aroma maravilhoso. Tempo de preparo: 180 minutos Serve: 4 porções

Ingredientes

1 uni perna e lombo do cabrito

1 xícara vinagre

1 molho alecrim

250 g toucinho fresco defumado

1 xícara azeite de oliva

750 kg batata pequena sem casca

4 uni dente de alho amassado

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5 uni louro

sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Modo de Fazer

Limpe e lave bem a perna do cabrito. Coloque o cabrito em uma assadeira grande. Em um processador colocar o alho amassado, 1 e meia colheres de sopa de sal metade do molho do alecrim e meia colher de sopa de pimenta-do-reino moída na hora.

Processe tudo por 1 minuto e espalhe o tempero de alho em cima do cabrito esfregando para que fique homogêneo. Cubra com plástico especial para alimento e deixe dentro da geladeira marinar por 1 dia .

No dia seguinte, espalhe o toucinho por cima do cabrito, fixando-os com um palito de dentes. Com uma colher ou concha retire o excesso de líquido e tempero e junte com o azeite de oliva, reserve.

Coloque as batatas na assadeira em volta do cabrito e jogue um pouco de sal. Regue o cabrito com metade do líquido retirado de sua marinação e a outra metade do alecrim que deve estar picado.

Coloque a assadeira no forno pré-aquecido com uma temperatura média e cubra com uma folha de papel alumínio. Quando a carne estiver quase cozida, retire o papel alumínio e o toucinho.

Regue com a outra metade do tempero e deixe dourar, até que a carne esteja macia. Sirva quente com arroz branco.

c) Cabrito assado ao bacon

Ingredientes

1 quarto traseiro de cabrito

alho

sal

óleo

pimenta-do-reino

vinagre

louro

bacon

Modo de Fazer

Depois de bem limpo o cabrito, esfregue-o com alho socado e sal. Embeba-o no azeite, num pouco de vinagre, louro, pimenta e deixe-o descansar algumas horas nesse molho.

Depois o ponha numa assadeira, cubra com tiras de bacon e junte o molho em que ficou temperado. Leve ao forno e vire-o de vez em quando para dourar por igual.

Quando pronto, retire do forno. Coe o molho em que foi assado e aproveite para dourar algumas batatas, já cozidas à parte.

d) Buchada de bode

Ingredientes

Vísceras de 1 cabrito (bucho, tripas, fígado e rins)

4 limões grandes

Sal e pimenta-do-reino a gosto

3 dentes de alho esmagados

4 cebolas picadas

1 maço de cheiro verde picado

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2 folhas de louro picadas

2 ramos de hortelã picados

1 xícara (chá) de vinagre

2 colheres (sopa) de azeite

200g de toucinho fresco picado

Sangue coagulado do cabrito

Modo de fazer

Limpe bem todas a vísceras, retirando a cartilagem e o sebo. Limpe o bucho, lavando-o várias vezes e esfregando o limão por dentro e por fora. Deixe-o de molho em égua fria com o suco de 1 limão por pelo menos 5 horas. Pique em tirinhas as tripas e demais vísceras. Tempere-as com sal, pimenta-do-reino, alho, cebola, cheiro verde, louro e hortelã. Junte o vinagre e deixe tomar gosto.

Aqueça o azeite e coloque nele o toucinho. Deixe em fogo baixo até derreter bem o toucinho, formando torresmos. Retire os torresmos e na gordura que se formou refogue todas as vísceras.

Junte o sangue coagulado já picado e retire do fogo. Retire o bucho do molho de limão, afervente-o inteiro e jogue fora a água. Coloque o refogado de vísceras juntamente com os torresmos no interior do bucho e costure-o com agulha e linha.

Leve ao fogo uma panela com bastante água e sal e deixe ferver. Coloque nela o bucho e deixe cozinhar em fogo brando durante no mínimo 4 horas. Vá juntando mais água fervente à medida que for necessário. Servir com molho de pimenta forte e farinha de mandioca crua. e) Coalhada (iogurte natural)

Ingredientes

Caldeirão

Colher de pau

Termômetro

Fermento lácteo ou iogurte natural 1 copo

Leite de cabra: 2 litros

Modo de Fazer

Coloque o leite para aquecer até 25° C. Misture o fermento, mexa bem por 3 minutos, e deixe descansar em temperatura ambiente por 12 horas.

Depois de coagulado leve-o a geladeira e espere esfriar. Guarde sempre ½ copo para servir de fermento na próxima receita. (se for bem tampado em geladeira agüenta até uma semana).

f) Doce de leite de cabra pastoso

Ingredientes

1litro de leite de cabra

200g de açúcar

1 colher (café) rasa de bicarbonato de sódio dissolvido em um pouco de água

½ colher (café) de sal dissolvido em um pouco de água

Modo de fazer

Dissolver o bicarbonato e o sal em um pouco de água. Misturar ao leite de cabra e ao açúcar e levar ao fogo até ferver. Abaixar o fogo e ir mexendo, até que se transforme em um doce de leite mole. Bater no liquidificador. Caso opte por adicionar o leite em pó, faça-o nesta etapa. Bater até que a mistura fique bem homogênea. Despejar em um recipiente, tampar e conservar em geladeira.

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g) Leite de cabra condensado

Ingredientes

1 litro de leite de cabra

10 colheres (sopa) de açúcar (~200 g)

1 colher (café) rasa de bicarbonato de sódio

1/2 colher (chá) de sal

1 colher (sopa) de leite de cabra em pó (opcional)

Modo de fazer

Dissolver o bicarbonato e o sal em um pouco de água. Misturar ao leite de cabra e ao açúcar e levar ao fogo até ferver. Abaixar o fogo e ir mexendo, até que se transforme em um doce de leite mole. Bater no liquidificador.

Caso opte por adicionar o leite em pó, faça-o nesta etapa. Bater até que a mistura fique bem homogênea. Despejar em um recipiente, tampar e conservar em geladeira. Utilizar como o leite condensado comercial

Conclusões e recomendações

Muito se tem falado sobre a caprinocultura e sobre o seu futuro. O interesse pela caprinocultura de corte bem como a comercialização do leite e seus derivados tomou proporção jamais vista na caprinocultura mundial e esse efeito pode ser percebido no Brasil.

Este aumento esteve em um primeiro momento muito mais associado à venda de animais puros para reprodução do que à produção de carne e leite. Embora essa visão ainda seja a predominante, a cada dia evidencia-se que, para o desenvolvimento sustentável da atividade, muitos outros elementos devem ser adicionados à equação.

Apesar das qualidades da carne, do leite e seus derivados citadas neste dossiê, fica claro que a caprinocultura somente irá prosperar e evoluir como um todo, com os diversos elos da cadeia produtiva participando do processo, se for tratada como um agronegócio, ou seja, com profissionalismo e uma visão empresarial.

A REDETEC não tem qualquer responsabilidade quanto à idoneidade dos fornecedores, cabendo ao empreendedor optar por aquele que melhor atender às suas necessidades, qualidade, preço, prazo de entrega.

Referências

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ASSOCIAÇÃO DOS CRIADORES DE CAPRINOS E OVINOS DA BAHIA - ACCOBA. Disponível em: <http://www.accoba.com.br/ap_comercial_abate_dc.asp?idProduto=415&idCategoria=&sgUf=&idValormim=&idValormax=&cbOrderBy>. Acesso em: 10 jul. 2008.

CRIAR E PLANTAR. Infra-estrutura. Disponível em: <http://www.criareplantar.com.br/pecuaria/caprino/zootecnia.php?tipoConteudo=texto&idConteudo=16>. Acesso em 04 jul. 2008.

CRIAR E PLANTAR. Manejo reprodutivo. Disponível em: <http://www.criareplantar.com.br/pecuaria/caprino/zootecnia.php?tipoConteudo=texto&idConteudo=10>>. Acesso em: 04 jul. 2008.>. Acesso em: 07 jul. 2008. EMPREGA BRASIL. Raças leiteiras e mistas. Disponível em: <http://www.empregabrasil.org.br/zgf/montar%20leite%20de%20cabra.htm>. Acesso em: 07 jul. 2008.

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EMPREGA BRASIL. Mini Laticínio de leite de Cabra Disponível em: <http://www.empregabrasil.org.br/zgf/montar%20leite%20de%20cabra.htm>. Acesso em: 07 jul. 2008.

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SEAB- Ovinos e Caprinos. Receitas. Disponível em: <http://www.ovinocaprino.pr.gov.br/receitas.shtml>. Acesso em: 03 jul. 2008.

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Anexos

Nome do técnico responsável

Noely Forlin Robert

Nome da Instituição do SBRT responsável

REDETEC Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro

Data de finalização

25 jul. 2008.