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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA: CRIAÇÃO DE RUMINANTES CRIAÇÃO DE BÚFALOS NO ESTADO DE RORAIMA

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Page 1: Bub Ali No Cultura

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

DISCIPLINA: CRIAÇÃO DE RUMINANTES

CRIAÇÃO DE BÚFALOS NO ESTADO DE RORAIMA

Boa Vista – RR

2011

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RAYSSA NATASHA BARROS MAFRA

CRIAÇÃO DE BÚFALOS NO ESTADO DE RORAIMA

Orientador: Msc. Wilson Gonçalves de Faria Júnior

Boa Vista – RR

Junho de 2011

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Page 3: Bub Ali No Cultura

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 5

2. OBJETIVO............................................................................................................... 5

3. RAÇA MEDITERRÂNEO................................................................................ 5

4. SISTEMA DE PRODUÇÃO INTENSIVO ROTACIONADO........................ 6

4.1. Alimentação....................................................................................................... 6

4.1.1. Pasto................................................................................................................... 6

4.2.1. Mineralização..................................................................................................... 7

5. INSTALAÇÕES ZOOTÉCNICAS................................................................... 7

5.1. Centro de manejo................................................................................................ 7

5.2. Cercas................................................................................................................. 8

5.3. Cocho coberto para minerais............................................................................. 8

5.4. Sala de ordenha.................................................................................................. 9

6. MANEJO REPRODUTIVO.............................................................................. 9

7. PRODUÇÃO DE LEITE................................................................................... 10

7.1. Alimentação....................................................................................................... 10

7.2. Ordenha.............................................................................................................. 11

8. CRIA.................................................................................................................. 12

9. MANEJO SANITÁRIO..................................................................................... 13

9.1. Endo e Ectoparasitoses...................................................................................... 14

9.1.1. Controle das verminoses.................................................................................... 14

9.1.2. Ectoparasitas...................................................................................................... 14

9.2. Salmonelose....................................................................................................... 14

9.3. Carbúnculo sintomático (manqueira)................................................................. 14

9.4. Mastite............................................................................................................... 15

9.5. Vacinações......................................................................................................... 15

9.5.1. Paratifo............................................................................................................... 15

9.5.2. Febre aftosa........................................................................................................ 15

9.5.3. Brucelose........................................................................................................... 15

9.5.4. Clostridiose........................................................................................................ 15

9.5.5. Raiva.................................................................................................................. 15

9.5.6. Carbúnculo Sintomático (Manqueira)................................................................ 16

10. RECRIA............................................................................................................. 16

11. ENGORDA OU TERMINAÇÃO..................................................................... 16

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12. MANEJO E BEM ESTAR ANIMAL............................................................... 16

13. CONCLUSÃO................................................................................................... 18

14. BIBLIOGRAFIA............................................................................................... 18

1. INTRODUÇÃO

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Page 5: Bub Ali No Cultura

A criação de búfalos mostra-se promissora pela capacidade de produção desses

animais em condições adversas aos bovinos, podendo atingir de 400 a 500 kg, aos dois anos

de idade, quer seja em pastagens nativas ou cultivadas, e a produção de leite pode alcançar a

média de 5 l/fêmea/dia, em regime de pasto, sem qualquer suplementação (EMBRAPA,

1998).

O búfalo tem a alta capacidade de aproveitar alimentos grosseiros, ou seja, forrageiras

de alto teor de fibra e baixo valor nutritivo, e transformá-los em carne e leite. São animais

rústicos, adaptando-se em diversos ambientes e não sofrem grande influência na produção

decorrente da temperatura ambiente.

A carne de búfalo tem boa aceitação pela população e tem difícil distinção da carne

bovina. Já quanto ao leite, a produção é economicamente superior à produção de bovinos

especializados, pois com apenas 14 litros de leite de búfala se produz 1 quilo de manteiga,

enquanto necessita-se de aproximadamente 20 litros de leite bovino para obter a mesma

quantidade de manteiga. Com apenas 5 litros de leite de búfala é possível se obter 1 kg de

queijo mussarela de alta qualidade (EMBRAPA, 1998). Sendo assim, o leite de búfala

apresenta qualidade superior ao leite bovino, com superioridade no rendimento industrial de

40%. Possui 33% menos colesterol, 48% mais proteína, 59% mais cálcio e 47% mais fósforo

que o leite bovino. Por estas características, recomenda-se que o leite de búfala seja

inteiramente direcionado à produção de derivados do leite, como queijos, manteiga, iogurte e

doce de leite.

O Estado de Roraima, especialmente na região do município de Boa Vista, apresentam

características que favorecem a criação bubalina em detrimento da criação bovina, como a

baixa fertilidade dos solos e altas temperaturas, características que limitam o alto rendimento

da criação bovina.

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é apresentar recomendações técnicas para a criação de

bubalinos de dupla aptidão na região do município de Boa Vista, RR, em sistema de criação a

pasto, em uma área de 500 hectares.

3. RAÇA MEDITERRÂNEO

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Page 6: Bub Ali No Cultura

Também é conhecido como búfalo preto ao italiano e descende de animais importados,

em diversas épocas, da Itália para a ilha de Marajó. É de porte médio e medianamente

compacto. Apresenta dupla aptidão, porém é mais cotado para corte (Associação Brasileira de

Criadores de Búfalos). É possível se obter produção de leite satisfatória a baixo custo, porém

é necessário a adoção de tecnologias simples, de baixo custo para a elevação da

produtividade.

4. SISTEMA DE PRODUÇÃO INTENSIVO ROTACIONADO

Embora o búfalo tenha alta capacidade de aproveitamento de pastagens de baixa

qualidade, sem apresentar perdas na produção, a utilização de pastagens cultivadas oferece

aumentos substantivos na produção, diminuindo o tempo dos animais no pasto e aumentando

a rotatividade dos animais na fazenda, além de aumentar a capacidade de suporte da área.

No sistema tradicional de pastagem nativa de baixa qualidade em solos pobres, os

búfalos atingem aproximadamente 370 kg de peso vivo, aos 30 meses de idade (EMBRAPA,

1998). A pressão de pastejo no sistema extensivo gira em torno de 3 a 6 hectares para cada

U.A. Em uma área de 500 ha, para que se tenha uma produção rentável, é necessário

aproveitar toda a área disponível e maximizar a produção.

4.1. Alimentação

4.1.1. Pasto

No sistema intensivo rotacionado, devem ser usadas gramíneas de elevada

produtividade e bom valor nutritivo, dos gêneros Pennisetum (Cameron, napier, roxo, etc.),

Brachiaria (marandu ou braquiarão e quicuio-da-amazônia), Panicum (tobiatã, Tanzânia e

mombaça), Cynodon (estrela africana, tifton 85 e coast cross), plantadas em terra firme, ou

Echynochloa (canarana-erecta-lisa e canarana de paramaribo), em terra inundável. Essas

gramíneas asseguram elevadas taxas de lotação, se forem manejadas corretamente. É possível

conseguir taxas de lotação de 3 a 4 U.A./ha/ano.

Devem ser realizadas fertilizações na implantação dessas gramíneas para a formação e

manutenção, sendo necessário a análise do solo para estimar a quantidade de adubo que será

utilizada. Dessa maneira a produção forrageira chegará ao máximo e com elevado valor

nutritivo.

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Cada piquete deverá ser ocupado de 1 a 7 dias, com período de descanso de 24 a 45

dias, dependendo da disponibilidade de forragem, sendo avaliada a cada ciclo de pastejo. Os

piquetes devem estar, preferencialmente, em arranjos que possibilitem o acesso a uma área

central de manejo, contendo cocho para mineralização e bebedouros. Quando existirem

aguadas naturais, os piquetes podem ser direcionados para as mesmas. Nesse sistema de

criação, o ganho de peso pode alcançar até 1000 kg/ha/ano (EMBRAPA, 1998).

Para produção leiteira, deverão ser separados no mínimo três pastos para cada lote de

animais. A fazenda deve ter no mínimo cinco lotes: um lote para os animais até um ano, com

lotação de 3 U.A./ha/ano; outro lote para bezerras de 1 a 2 anos, com lotação de 2

U.A./ha/ano; outro para novilhas de 2 a 3 anos, com lotação de 1,25 U.A/ha/ano; outro para as

vacas, com lotação de 1 U.A/ha/ano; e outro para touros, com lotação de 0,8 U.A/ha/ano. Essa

lotação deve ser flexível, de maneira a permitir melhor aproveitamento das pastagens ao

longo do ano (EMBRAPA, 1987).

Deve-se utilizar o equivalente a 10% da área de pastagem para o plantio de culturas,

como cana-de-açúcar, mandioca, milho e soja, como fonte de suplementação alimentar

durante estiagens prolongadas ou outros imprevistos que podem ocorrer nas pastagens,

preservando a sustentabilidade do sistema de criação.

4.1.2. Mineralização

Suprir o rebanho com os minerais necessários para seu desenvolvimento aumenta

o desempenho desses animais, resultando e maior conversão em carne e leite.

Pode ser feita uma mistura mineral composta de farinha de ossos (50 a 80 kg), sal

comum iodado (50 a 20 kg), sulfato de cobre (0,12 a 0,24 kg) e sulfato de cobalto (0,05 a 0,15

kg). Essa mistura deve ser fornecida à vontade em cochos cobertos, esperando-se um

consumo médio de 50 gramas/cabeça/dia. Se for ministrado um concentrado, pode-se fornecer

a mistura mineral juntamente com o suplemento protéico-energético, na proporção de

50g/cabeça/dia.

5. INSTALAÇÕES ZOOTÉCNICAS

Para a escolha do modelo de instalações, o produtor deve levar em consideração o

custo, a durabilidade e a funcionalidade. Não importando o modelo, o produtor deve construir

suas instalações em terreno firme e bem drenado.

5.1. Centro de manejo

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Deve ser construído ou na sede da fazenda ou em outro lugar estratégico que permita

atender todas as categorias do rebanho satisfatoriamente.

O centro de manejo deve ser composto de barracão coberto para ordenha e bezerreiro,

seringa, tronco para vacinação, embarcadouro e currais de apartação.

A altura do curral para búfalos adultos deve oscilar entre 1,6 e 1,8 m. A distância

entre os esteios varia de 1,5 a 2,5 m. O curral deve apresentar peças horizontais (frechais) com

10 cm x 5 cm, no mínimo. Os vãos livres entre as peças de madeira horizontais oscilam de 20

a 30 cm.

5.2. Cercas

Um dos problemas mais importantes enfrentado pelos produtores é a contenção dos

animais. São animais grandes, fortes e pesados, com o couro mais espesso que os bovinos,

podendo facilmente transpassar estruturas mal feitas. Tem sido observado que o búfalo não é

um animal que salte a uma altura muito elevada, sendo sua maneira habitual de transpor a

cerca é tentando rompê-la, sobretudo nas partes mais baixas (EMBRAPA, 1998).

A cerca usada para búfalos deve ser construída de estacas ou moirões apontados, de

madeira de lei, distanciados de 1 a 2 m, com seis fios de arame liso ou farpado, afastados da

superfície do solo até o fio mais elevado em intervalos de 20 cm. No caso de arame liso, as

peças verticais são furadas. Quando a cerca for de arame farpado, usam-se grampos de ferro

zincado para guiar o arame e não para prendê-lo aos moirões. Assim, o grampo não deve

apertar o fio de arame, pois isso ocasionará condições para que o acúmulo de umidade na

junção provoque ferrugem e conseqüentemente rompimento nesse local. Por outro lado, o

grampo não deve penetrar pouco, uma vez que isso poderá acarretar sua soltura, pela

movimentação do fio de arame. Dessa maneira, a penetração mais aprofundada, deixando,

porém o fio solto, é o procedimento aconselhável.

Os escoramentos de extremidade e entre extremidades devem ser construídos com o

auxílio de duas peças horizontais de madeira embutidas nos moirões, sendo o ajuste feito com

arame liso.

Para melhorar a eficiência da contenção dos búfalos, se o produtor assim o desejar,

podem ser usadas cercas mistas, de arame e madeira, eletrificadas e não-eletrificadas.

Porém, o que melhor impede o búfalo de tentar fugir é um bom pasto do lado de

dentro da cerca. Se do outro lado da cerca há melhores pastagens, estes, obviamente, tentarão

transpassá-la para alcançar estas pastagens.

5.3. Cocho coberto para minerais

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Os cochos para minerais devem estar localizados estrategicamente no pasto ou no

centro de manejo, permitindo o fácil acesso para todos os animais. No centro de manejo, deve

estar localizados no curral, no bezerreiro e no abrigo para adultos.

O cocho deve ser coberto com telhado de duas quedas d’água e com proteção lateral

de ambos os lados em forma de “V” para se evitar os ventos fortes e, principalmente as fortes

chuvas.

Os cochos em áreas externas devem ficar em locais elevados, de boa drenagem e de

fácil acesso para a colocação do mineral e consumo pelos animais.

5.4. Sala de ordenha

A sala de ordenha deve oferecer condições físicas para uma higienização constante do

ambiente e dos utensílios utilizados.

Idealmente, a sala deve ser construída com piso impermeável, lavável e sem buracos

ou frestas, pois estas retêm impurezas, deve ser levemente inclinado e com sistema para

escoamento de líquidos. A sala deve ser coberta, possuir, no mínimo, uma pia e uma fonte

abundante de água limpa. Deve localizar-se afastada de estradas com intenso movimento de

veículos ou pessoas, ser protegida de ventos e de animais, como ratos, cachorros, gatos,

galinhas e pássaros.

As paredes devem pintadas ou caiadas regularmente e devem ser de material lavável.

O piso deve ser lavado antes e após a ordenha, preferencialmente com algum sanitizante,

retirando-se imediatamente o esterco ou lavando-se a urina que eventualmente seja eliminada

pelo animal durante a ordenha.

6. MANEJO REPRODUTIVO

Ao selecionar os reprodutores, deve-se levar em consideração:

Elevado potencial para produção de leite;

Peso compatível com a idade e a raça;

Inexistência de defeitos zootécnicos.

Os machos devem ser colocados no mesmo lote que as fêmeas aos 30 meses de idade.

A relação touro:vaca deve ser de 1:40. Para que não haja consangüinidade, os touros devem

ser descartados de modo que não cubram suas próprias filhas.

Visando a produção de leite, não se torna interessante a estação de monta, sendo mais

interessante se obter bezerros durante o ano todo, evitando prejuízos pela falta de leite no

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Page 10: Bub Ali No Cultura

mercado. Porém, os búfalos têm tendência a apresentar concentração de cio no início das

águas, quando recuperam seu escore corporal. Apesar da sazonalidade, geralmente ocorrem

partos durante o ano todo.

O objetivo da fazenda deve ser de que cada fêmea produza um bezerro ao ano, com

intervalos entre os partos de 12 meses, sendo fisiologicamente possível e economicamente

vantajoso. Após os partos, a búfala deve ficar prenhe até dois ou três meses.

Deve-se evitar que o período de serviço se alongue demais, causando prejuízos ao

criador. O período de serviço interfere diretamente nos índices reprodutivos, pois impede que

haja uma rápida involução uterina e um rápido reinício da atividade ovariana pós-parto. Esses

fatores são importantes para que o embrião se fixe na parede do útero.

As fêmeas que devem ser descartadas são:

Fêmeas que, ao final da segunda lactação, tenham apresentado produção

leiteira inferior à média do rebanho;

Fêmeas que não tiverem parido por dois anos consecutivos;

Fêmeas que tiverem atingido doze anos de idade;

Fêmeas de pouca habilidade materna;

Fêmeas que apresentam defeitos;

Fêmeas que se mostrarem soro positivas para brucelose;

Fêmeas que se mostrarem reativas positivamente para tuberculose;

Quando as novilhas completarem dois anos de idade, serão selecionadas as melhores,

com base na produção de leite da mãe e no peso vivo, bem como as que as que não

apresentarem defeitos zootécnicos.

Os machos que não possuírem características exigidas para futuros reprodutores,

serão castrados na faixa etária de doze a 18 meses.

7. PRODUÇÃO DE LEITE

7.1. Alimentação

Mesmo que o búfalo possa produzir satisfatoriamente em condições adversas, para

que se tenha níveis superiores de produtividade, é necessário a suplementação alimentar de

subprodutos da agroindústria e de alimentos obtidos na fazenda, como o capim elefante, cana-

de-açúcar, mandioca e milho, bem como mineralização do rebanho com macro e micro

minerais.

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Page 11: Bub Ali No Cultura

Uma produção superior a 4 kg de leite/dia requer alimentação suplementar à base de

mistura com 70% de nutrientes digestíveis totais, 20% de proteína bruta, 0,58% de cálcio e

0,44% de fósforo a ser fornecida na proporção de 1 kg para cada 2 kg de leite produzido

acima de 4 kg. É importante lembrar que, à medida que a qualidade da pastagem é melhorada,

diminui a quantidade de suplemento alimentar por animal/dia.

Para reduzir custos e maximizar o retorno, a formulação do suplemento alimentar de

ser eficiente e econômica, utilizando alimentos disponíveis no local e considerando as

necessidade nutricionais dos animais de acordo com o peso e o potencial produtivo.

7.2. Ordenha

O sistema de duas ordenhas diárias incrementa a produção leiteira em cerca de 24%

em relação a apenas uma ordenha diária.

Se for possível, as vacas lactantes podem ser submetidas a um banho natural em

cursos d’água ou com mangueira no estábulo, antes da ordenha, visando maior conforto dos

animais.

As búfalas aceitam vem a ordenhadeira mecânica, sendo utilizados os mesmo

equipamentos para bovinos, porém, devem ser respeitados os parâmetros do sistema

adequados para a espécie, como a pressão a vácuo, ritmo e pulso.

Antes da ordenha deve ser efetuado o pré-dipping, a secagem dos tetos com papel

toalha de maneira a cobri-los totalmente e a coleta do leite para o teste de mamite. Logo após

são colocadas as teteiras. Não é necessário a presença de volumoso para a distração das

búfalas, devido ao seu temperamento dócil, e também não precisam ser amarradas.

Antes de se colocar as teteiras, é necessário uma pré-estimulação para que haja a

descida do leite, que pode ser feita pelas mãos do ordenhador. Se este procedimento não for

realizado a descida do leite será mais lenta aumentando o risco de uma maior penetração dos

tetos vazios nas teteiras dos equipamentos de ordenha causando irritações e estresse pela

atuação da ordenhadeira ainda sem a ejeção de leite.

Após a ordenha as búfalas têm a tendência de se deitar na lama, e por ainda estarem

com os esfíncteres dos tetos abertos, são mais susceptíveis a contrair mastite de origem

ambiental. Para evitar que isso aconteça, é conveniente que se forneça a essas búfalas uma

alimentação, que pode ser um volumoso palatável ou mesmo um concentrado, logo após a

ordenha. Isso faz com que as búfalas fiquem em pé o tempo necessário, por volta de uma

hora, para que os esfíncteres dos tetos voltem ao estado normal. Outra maneira que pode ser

adota é levar as búfalas para um pasto de boa qualidade que não esteja encharcado.

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Page 12: Bub Ali No Cultura

Durante os primeiros dias de lactação, logo após o parto, é importante que se

promova a ordenha das vacas, retirando todo o leite que não foi consumido pelo bezerro, a

fim de estimular o desenvolvimento da glândula mamária.

8. CRIA

Para o bom desenvolvimento dos bezerros, os cuidados devem iniciar no pré-parto.

As fêmeas devem ser secas 90 dias antes do parto para que estas recuperem suas reservas

corporais, que foram perdidas na lactação anterior, para que a glândula mamária involua e

possa produzir colostro em volume e qualidade adequada para o recém-nascido.

A fêmea, sessenta dias antes de parir, deve ser conduzida para o piquete de

maternidade, que deve se localizar próximo às instalações para facilitar a observação da

fêmea, do parto e da cria.. Este piquete deve ser limpo, seco e bem sombreado. A gestação da

búfala varia de 300 a 310 dias. No piquete deve haver bebedouros com água fresca à vontade

e de qualidade. Não deve ter rios ou açudes, pois quando as búfalas se sentem incomodas com

as dores de parto, freqüentemente estas vão para a água, e quando parem, suas crias podem

morrer afogadas. Diariamente, essas búfalas devem ser encaminhadas para o curral, para se

familiarizarem com o ambiente, onde, também, serão banhadas e receberão uma ração

balanceada, própria para o pré-parto.

Durante o parto, raramente as búfalas precisam de intervenção humana. Logo após o

nascimento o bezerro precisa ingerir o colostro, sendo que nas primeiras seis horas de vida a

absorção de imunoglobulinas é máxima. Se o bezerro não ingerir o colostro até oito horas

após o nascimento é necessário ministrá-lo artificialmente. Após 24 horas o intestino não

absorve mais as imunoglobulinas.

Depois do nascimento, o bezerro deve permanecer com a mãe por cinco dias, e logo

após, deve ser separado da mãe e agrupado com bezerro da mesma faixa etária.

A cura do umbigo deve ser realizada nas primeiras horas de vida com tintura de iodo

a 10%, duas vezes ao dia, até secar, o que pode demorar, em média, três dias.

Com sete dias de idade o bezerro pode ser descornado. É retirado o botão córneo e

logo após é utilizado um ferro quente no tecido que ficou exposto. A ausência de chifre

facilita o manejo na propriedade, pois ocupam menos espaço no cocho e também no caminhão

de transporte, evitando que os animais se machuquem.

Se as bezerras possuírem tetas supranumerárias, essas devem ser cortadas por um

médico veterinário logo na primeira semana de vida, para que se evite problemas com mamite

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Page 13: Bub Ali No Cultura

no futuro. A bezerra deve ser tratada e acompanhada até que a ferida cirúrgica cicatrize

completamente.

A desverminação deve ser feita na segunda semana de vida dos bezerros. Deve-se

aplicar vacina contra paratifo (salmonelose) aos 15 dias após o nascimento.

Para que se tenha controle sobre a propriedade é necessário a escrituração

zootécnica. Deve ser anotado:

Data de nascimento;

Sexo;

Paternidade do bezerro.

Isto irá auxiliar no programa de melhoramento genético da propriedade e também em

manejos. Os animais devem ser identificados logo na primeira semana de vida, e a melhor

maneira de fazê-lo sem interferir na qualidade do couro é aplicando-se brincos nas duas

orelhas, contendo o número ou nome da mãe e do pai na parte da frente do brinco.

Entre 15 a 30 dias, os bezerros iniciam a ingestão de sólidos e ao redor do primeiro

me já podem estar ingerindo de 50 a 100g de capim ou concentrado. Aos três meses de idade

seu rumem já se encontra bem desenvolvido.

Os bezerros lactantes de fêmeas submetidas a duas ordenhas diárias, além de pastejar

gramíneas de boa qualidade ou recebê-las trituradas em cochos, devem consumir ração

suplementar de bom valor nutritivo, na razão de 1 kg/100 kg de peso vivo, além de minerais e

água.

Os bezerros, provenientes de uma ordenha diária, acompanham a mãe após a ordenha,

permanecendo juntos até o final da tarde, quando são apartados, ficando os bezerros em

pastos próximos ao estábulo ou em bezerreiros com forrageiras trituradas, sal mineral e água.

A desmama deve ocorrer antes dos 10 meses de idade, antes que a mãe venha a parir

a próxima cria, de maneira que o bezerro do ano anterior não venha a competir pelo leite com

o bezerro recém-nascido. Caso não se consiga realizar a desmama naturalmente, o desmame

deve ser feito por processo mecânico, como o anel de plástico colocado no septo nasal. Os

bezerros desmamados devem ser transferidos para um pasto distante do rebanho de

reprodução. Quando os bezerros completarem doze meses de vida, as fêmeas devem ser

transferidas para o lote de novilhas, e os bezerros deve passar para os lotes de recria.

9. MANEJO SANITÁRIO

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Page 14: Bub Ali No Cultura

9.1. Endo e Ectoparasitoses

As doenças parasitárias de bubalinos têm papel importante nos países tropicais por

causa das condições climáticas, que favorecem a proliferação de parasitas. Estes, em geral,

não causam alta mortalidade, porém limitam o desenvolvimento do rebanho causando a

diminuição do peso, da conversão alimentar e, conseqüentemente, da produção de carne e

leite.

9.1.1. Controle das verminoses

As desverminações devem ser feitas nos bezerros aos 15 dias de idade e devem

ser repetida a dose 30 dias após a primeira aplicação. Durante o primeiro ano de vida, o

controle de parasitas deve ser feito de 3 em 3 meses. A partir do segundo ano de vida, a

desverminação deve ser feita duas vezes ao ano, uma no início do período chuvoso e outro no

início do período seco. Quanto à dosagem, seguir as indicações do fabricante.

9.1.2. Ectoparasitas

Dos ectoparasitas o que causa maior perdas para o rebanho é o piolho. Tem

sido observado em vários países que a infestação por piolhos tem sido provocada por uma

única espécie, Haematopinus tuberculatus, possuindo o tamanho de 3,5mm, sendo visível a

olho nu e facilmente diagnosticado. Os principais sintomas causados por estes ectoparasitas

são irritação, anorexia, caquexia, anemia e prurido.

Devem ser combatidos com pulverizações, podendo ser através de duas

aplicações de Neguvon + Asuntol a 1% com intervalo de 18 dias.

9.2. Salmonelose

É causado pela bactéria Salmonella sp., causando um complexo de doenças febris,

caracterizado por septicemia e gastroentrerite. Os sintomas são febre (40,5 a 41,0 ºC),

diarréia, depressão e perda de peso.

O problema pode ser evitado quando o bezerro ingere o colostro logo após o

nascimento, é feito a cura do umbigo corretamente, e quando se evita a superlotação no pasto.

O tratamento dos animais doentes é feito com medicamentos anti-diarréicos à base de

nitrofutanos, polimixia, enrofloxacina, neomicina ou cloranfenicol.

9.3. Carbúnculo sintomático (manqueira)

É causada pela bactéria Clostridium chauvoei, sendo uma doença infecciosa aguda

não contagiosa. É caracterizada por inflamação dos músculos, toxemia grave e alta

mortalidade. A transmissão se dá por meio do solo e alimentos contaminados ou escoriações

na pele.

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Page 15: Bub Ali No Cultura

O tratamento deve ser feito ministrando penicilina ou tetraciclina. O controle da

doença é feito através da vacinação dos animais.

9.4. Mastite

É caracterizada pela inflamação da glândula mamária, causada pela presença de

diversos microorganismos, provocando a modificação da composição do leite através do

aumento das células somáticas (leucócitos e células epiteliais).

Para o controle da mastite, deve ser feito o teste de caneca de fundo negro ou telada,

diariamente, para detectar mastites clínicas agudas. Devem ser feitos o pré-dipping e o pós-

dipping, e realizar mensalmente o teste Califomia Mastitis Test (CMT), para se quantificar a

mastite subclínica. A ordenha das fêmeas sadias deve ser efetuada antes das infectadas, para

que aquelas não sejam infectadas. É muito importante se realizar a higienização das

instalações e equipamentos.

Os animais infectados devem ser tratados com anti-mastíticos contendo antibiótico

uma vez ao dia, durante três dias consecutivos, durante o período em que a fêmea não está em

lactação.

9.5. Vacinações

Devem ser realizadas da maneira mais higiênica possível, com agulhas e seringas

novas ou pistolas bem lavadas e fervidas para evitar a formação de abscessos e feridas, entre

outros problemas.

9.5.1. Paratifo

Deve ser aplica aos 15 dias de idade.

9.5.2. Febre aftosa

Deve ser aplica no mesmo período em que ocorre a vacinação bovina, seguindo a

legislação regional.

9.5.3. Brucelose

Somente as fêmeas devem ser vacinadas, com idade de 3 a 4 meses, em dose

única.

9.5.4. Clostridiose

A primeira dose deve ser aplicada aos quatro meses de idade sendo repetida 30

dias após. Se necessário, os animais devem ser revacinados anualmente.

9.5.5. Raiva

Os animais devem ser vacinados a partir do quarto mês de idade, sendo reforçada

30 dias após a primeira aplicação. Deve ser repetida anualmente.

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Page 16: Bub Ali No Cultura

9.5.6. Carbúnculo Sintomático (Manqueira)

A primeira dose deve ser aplicada na faixa etária de três a seis meses de idade,

em todo o rebanho. A dose deve ser repetida com um ano de idade.

10. RECRIA

Após um ano de idade, os machos que não forem selecionados para a reprodução

devem ser levados para o lote de recria. A recria deve ser manejada com o sistema intensivo

rotacionado, conforme citado anteriormente. Nesse sistema, os búfalos podem ser levados

para a engorda aos 18 meses, embora possa se estender até os 24 meses, devido ao surgimento

de condições adversas. Os búfalos que tiverem o peso entre 450 kg a 500 kg devem ir direto

para o abate.

11. ENGORDA OU TERMINAÇÃO

A partir de 18 meses, os bubalinos devem ser levados ao lote de engorda, o qual não

difere muito do lote de recria, pois a terminação em pasto é viável e lucrativa. Nesta fase, se

houver baixa disponibilidade de forragem é vantajoso ministrar suplementos protéico-

energéticos para que o bubalino continue a engordar atingindo o peso de 450 a 500 kg

rapidamente. Porém se o preço dos suplementos for alto, pode não ser economicamente viável

realizar a suplementação.

Os bubalinos devem ser levados para o abate com peso por volta de 450 kg a 500 kg,

que nesse sistema se dá de 22 a 24 meses de idade.

12. MANEJO E BEM ESTAR ANIMAL

Os búfalos possuem menor quantidade de glândulas sudoríparas, o que reduz sua

capacidade de dissipação do calor corporal. A coloração negra, determinada por uma grande

quantidade de melanina produzida pelas células basais da epiderme, protege contra os efeitos

da incidência dos raios ultravioleta, porém, absorve cerca de 70 a 90% da incidência de

radiação de luz visível, promovendo grande desconforto no animal. Apesar dessas

características, o búfalo é ainda menos sensível ao meio ambiente que os bovinos, podendo

suportar maiores temperaturas com desenvolvimento e produção satisfatórias.

Apesar de sua melhor adaptação aos climas tropicais úmidos, estes animais

necessitam de condições que minimizem os efeitos da temperatura elevada, tais como a oferta

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de sombra e água em abundância a fim de melhor dissiparem seu calor corporal. Sem estas

condições os animais podem ter sua capacidade de ingestão e digestão dos alimentos

comprometidas.

Sendo assim é necessário a presença de árvores de grande e médio porte nos piquetes

de pastagem e acesso à água para banho como baixadas alagadiças ou tanques de água

artificiais, podendo integrar a produção bubalina com a piscicultura.

Para as vacas em lactação, não é vantajoso que seus piquetes dêem acesso a açudes

sem renovação de água, pois estes favorecem a disseminação dos microorganismos. O mais

vantajoso é o acesso às águas correntes ou, se não for disponível, pode-se banhar as fêmeas

com mangueira antes ou após a ordenha.

Os piquetes de vacas leiteira devem ser localizados próximos à sala de ordenha para

que estas não tenham grandes perdas de energia com o deslocamento. Igualmente, os saleiro e

fontes de águas devem ficar estrategicamente localizados.

Antes da ordenha, durante o deslocamento do pasto para o curral, as búfalas devem

ser manejadas com muito cuidado para não ficarem estressadas. O vaqueiro deve tanger os

animais a pés, sem o uso de cachorros. Os lotes que ficam em espera para a ordenha devem

ser colocados em currais distintos e em seqüência para a sala de ordenha. Cada deslocamento

de um curral para o outro, assim como o banho antes da ordenha, estimulam as búfalas a

defecarem e urinarem, evitando que o façam na sala de ordenha.

Se as búfalas estiverem muito enlameadas, chegando ao curral muito sujas, é de

extrema importância que sejam banhadas antes da ordenha. Na hora da ordenha, porém, as

búfalas devem estar enxutas.

Na sala de ordenha, o ambiente deve ser calmo, sem barulho, sem movimento de

pessoas circulando, exceto os ordenha dores e seus ajudantes. Os indicativos que os animais

estão relaxados são a ruminação, cabeça e orelhas baixas e olhos sonolentos. Pode-se até

mesmo acrescentar ao ambiente música, não importando o estilo musical, apenas que tenha

harmonia e constância.

Na hora da ordenha, o ordenhador deve ser amável para com as búfalas. Algo que se

pode adotar é a utilização de uma escova de cabelo, que ao ser esfregada no dorso da búfala,

permite que esta apoje.

Um ordenhador deve trabalhar no máximo com quatro conjuntos de ordenha, mais do

que isso, pode haver a possibilidade de causar danos aos tetos pela sobre ordenha.

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Se a búfala não permitir que o ordenhado faça a assepsia dos tetos e coloque os

conjuntos de teteiras, este deve ser feita a amarra da búfala por um pé. Esta prática facilita

muito o manejo.

É de fundamental importância que a ordenha seja feita todos os dias na mesma hora e

local, como também os ordenhadores sejam sempre os mesmos, pois as búfalas são animais

que necessitam de rotina e não aceitam mudanças bruscas.

13. CONCLUSÃO

Os búfalos são animais extremamente rentáveis, por apresentarem crescimento

satisfatório mesmo em ambientes desfavoráveis. Porém, quando lhes é fornecido melhores

condições de produção, seu rendimento chega a ser superior ao bovino, atingindo facilmente o

peso de abate aos dois anos de idade, e sua produção de leite é economicamente superior à

produção bovina.

Sendo assim, não animais que, seguramente, trarão ótima lucratividade se passarem a

ser criados em sistemas melhorados na região de Boa Vista, Roraima.

14. BIBLIOGRAFIAS

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