capítulo 4- o papel do e-formador

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O papel do e-formador (formador a distncia)Eloy Rodrigues Universidade do Minho - Servios de Documentao Campus de Gualtar, 4710-057 Braga Tel: +351 253 60 41 50 Campus de Azurm, 4800-058 Guimares Tel: +351 253 51 01 19 [email protected] RESUMO O presente texto aborda os vrios papeis e tarefas dos e-formadores, em especial os relacionados com a implementao e orientao de cursos em regime de e-learning, e a comunicao entre os participantes da formao (formador(es) e formandos). Referenciam-se as vrias tecnologias, ferramentas e estratgias de comunicao

utilizveis no contexto do e-learning, avalia-se a sua utilidade e limitaes e reflecte-se sobre a sua utilizao e integrao no mbito de um curso. Apresentam-se algumas orientaes e conselhos para o planeamento e implementao de cursos em regime de elearning. Palavras-chave: formao a distncia, e-formadores, cursos de e-learming, comunicao sncrona, comunicao assncrona

1. INTRODUO O que um e-formador? A primeira dificuldade na resposta a esta questo resulta do rudo provocado pela multiplicidade de termos e significados que se foram usando nos ltimos anos.

No mbito do e-learning, os termos professor, formador, tutor, moderador, so associados ao prefixo e- ou s palavras virtual ou online, dando a origem a designaes como e-moderador, tutor online, e-professor, e-formador, formador virtual, etc., que so geralmente utilizadas de forma indiscriminada.

As funes formativas no contexto do e-learning so mltiplas: desde a concepo das aces, at sua implementao e conduo, passando pelo criao de contedos, etc.

Essas funes podem ser distribudas por uma equipa de formao, ou executadas pela mesma pessoa. Neste texto concentrar-nos-emos na implementao e conduo de aces de formao, geralmente designada como tutoria ou moderao. Usaremos a designao e-formador para nos referirmos pessoa responsvel por planear, implementar, orientar, monitorar e avaliar uma aco de formao em regime de elearning.

A necessidade destes profissionais de formao cada vez maior. Como refere Shepherd (2003), a investigao est constantemente a reforar a importncia dos eformadores para o sucesso dos cursos online. Os cursos que oferecem melhor suporte tm as mais baixas taxas de desistncia e os alunos mais satisfeitos.

Apesar de todos os avanos tecnolgicos, o desempenho dos e-formadores continua a ser decisivo para garantir a qualidade e o sucesso do ensino/aprendizagem. A sua interveno no apoio aprendizagem em regime de e-learning exige destes eformadores um amplo leque de competncias e habilidades. disso que trataremos seguidamente.

1.1 O papel e as tarefas dos e-formadores Tal como no ensino presencial, o formador num curso em e-learning tem de actuar como organizador e facilitador da participao dos estudantes/formandos, usando o conjunto de estratgias pedaggicas necessrias para lhes assegurar uma experincia de aprendizagem enriquecedora.

O e-formador tem de promover, estimular, orientar e apoiar as interaces que ocorrem no processo de formao e que, de acordo com Mason (1998), tem trs dimenses: - interaco entre formando e formador; - interaco entre formando e contedos - interaco entre formandos

No contexto do e-learning, alguns autores acrescentam um quarto tipo de interaco: - interaco entre o formando e a interface ou plataforma.

Salmon (2000) desenvolveu um modelo de e-learning em 5 nveis (Figura 1). Cada nvel exige que os participantes possuam certas habilidades tcnicas (canto inferior esquerdo de cada nvel) e exige diferentes intervenes e competncias de moderao do e-formador (canto superior direito de cada nvel).

Figura 1 Modelo de e-learning de Salmon (2000)

De acordo com este modelo, apoiar e facilitar o acesso individual ao sistema um requisito essencial prvio participao (o primeiro nvel). O segundo nvel exige que o participante estabelea a sua identidade online e comece a interagir com outros. No terceiro nvel, os participantes, por iniciativa prpria, trocam informao entre si. No quarto nvel realizam-se discusses focadas nos contedos do curso e a interaco tornase mais colaborativa. No quinto nvel, os participantes procuram extrair benefcios adicionais que os ajudem a alcanar as suas metas pessoais, integrando o e-learning com outras formas de aprendizagem e reflectindo sobre todo o processo.

Para Salmon (2000), a menos que o e-moderador ajude e promova a interaco, a maior parte dos participantes no ultrapassar o nvel 2 (socializao). A mesma opinio partilhada por Barnes (2000), que afirma que necessrio que o e-moderador faa um esforo concertado no uso de tcnicas para aumentar o nvel de interaco, promover a confiana, e encorajar a explorao de ideias.

Collison et al. (2000) dividem o papel do e-formador (que designam por e-moderator) em trs categorias: Guia no participante (Guide on the Side): abordagem semelhante dos seminrios, com o e-formador a dirigir e conduzir mltiplas discusses que decorrem entre os estudantes, mas contendo-se a participar em demasiadas interaces directas. Instrutor ou lder de projecto: como facilitadores de cursos online, os eformadores desempenham um papel instrutivo, devem fornecer feedback, orientar e definir as regras das interaces. Lder do processo de grupo: o e-formador deve promover a participao de todos nas discusses, guiando-as e focando-as em linhas construtivas.

Por seu lado Berge (1995), classifica a interveno dos moderadores em quatro reas: Pedaggica (intelectual) como facilitador educacional, o moderador usa vrios mtodos para focar a discusso nos conceitos, princpios e competncias essenciais; Social essencial criar um ambiente amigvel, que promova aprendizagem, atravs do incentivo s relaes humanas, desenvolvendo o trabalho e a coeso do grupo. Gesto (organizativa, administrativa) esta rea envolve o estabelecimento da agenda, objectivos, calendrios, regras de participao e procedimentos, etc. Tcnica O moderador tem de fazer com que os participantes se sintam confortveis com a utilizao do software que est a ser usado. O objectivo ltimo do formador fazer com que a tecnologia seja transparente para o formando.

Para poderem desempenhar a variedade das funes atrs referidas, os e-formadores devem possuir um conjunto de caractersticas pessoais, e habilidades e competncias pedaggicas, tecnolgicas e comunicacionais.

Hywel Thomas da Training Foundation, referido em Shepherd (2003), tentou sintetizar, numa mnemnica de 4 Ps, as qualidades que os e-formadores devem possuir: Positivo Estabelecer ligaes, gerar entusiasmo, manter interesse, e ajudar nas dificuldades; Proactivo Fazer acontecer, ser um catalisador (quando necessrio), identificar quando necessrio agir e faz-lo; Paciente Compreender as necessidades de cada um dos formandos e do grupo e ter a flexibilidade de ajustar o curso, na medida do possvel, a essas necessidades; Persistente Manter o foco no essencial, impedindo os formandos de se afastarem, e resolver os problemas, tcnicos ou de outra natureza.

2. FERRAMENTAS E ESTRATGIAS DE COMUNICAO

No mbito de e-learning, as ferramentas e estratgias comunicacionais disponveis para promover uma aprendizagem activa e aumentar a interaco entre formandos, formadores e contedos, podem classificar-se em sncronas ou assncronas.

2.1 Comunicao e formao sncrona No caso da comunicao sncrona, como o prprio nome indica, existe simultaneidade na interaco entre os seus participantes. As formas de comunicao sncrona, tambm conhecidas por conferncia, podem basear-se apenas na utilizao de texto, sendo geralmente designadas por chat, ou tambm na utilizao de udio e vdeo, caso em que sero designadas por audioconferncia ou videoconferncia.

2.1.1

Chat

As ferramentas de comunicao sncrona mais utilizadas no mbito do e-learning so seguramente as conferncias baseadas em texto, comummente designadas por chats. O que no de estranhar dado o uso generalizado de chats e instant messengers na Internet, sobretudo pelas mais novas geraes.

No contexto de aces de e-learning, os chats podem realizar-se com recurso (exclusivo ou cumulativo) a diferentes solues. As mais comuns so o IRC, os instant messengers e aplicaes de chat associadas s plataformas de e-learning.

A comunicao sncrona, atravs de conferncias baseadas em texto, pode ser usada com grande vantagem no e-learning. Como notaram Murphy & Collins (1998), os chats no contexto educativo parecem permitir um sentido de proximidade e presena comunicativa que muitas vezes falta na comunicao assncrona electrnica. O dilogo sncrono, se for devidamente estruturado, pode dar um importante contributo para reduzir a distncia transaccional.

O estmulo de contactar com outros em tempo real, o desenvolvimento de um sentido de presena e pertena social, promove o envolvimento e o comprometimento, que so fundamentais para a formao de uma autntica comunidade entre os participantes de um curso em regime de e-learning.

Para alm da dimenso social e da proximidade entre os participantes, a utilizao de chat no e-learning apresenta ainda diversas outras potenciais vantagens, que aqui procuramos sintetizar: Permite o contacto directo e imediato com o(s) formador(es), para fornecer feedback e resposta s perguntas dos formandos; Permite o contacto directo entre dois ou mais formandos, de onde podem surgir comentrios, orientaes e conselhos teis; Promove a espontaneidade, que pode ser fundamental em determinadas circunstncias; Simula o ambiente de sala de aula, que ser familiar para a maioria dos formandos;

Apesar das vantagens atrs enunciadas, a utilizao do chat no mbito de um curso em e-learning tem de ser devidamente avaliada e planeada, tendo bem presente que as conferncias sncronas baseadas em texto apresentam tambm vrias desvantagens e limitaes. A primeira, e mais bvia, que, sendo baseados em texto, que deve ser escrito com rapidez no teclado de um computador, os chats so extremamente penalizadores para pessoas com menor capacidade de expresso escrita, ou com pouca destreza na utilizao de teclados.

Uma segunda limitao dos chats relaciona-se com a sua outra caracterstica essencial, ou seja, serem sncronos. De facto, a obrigatoriedade de estar online num determinado momento pode constituir uma dificuldade para muitos formandos, reduzindo uma das vantagens do e-learning, que precisamente a flexibilidade de tempo e espao.

Para alm destas duas limitaes fundamentais, podemos apontar ainda uma terceira rea de problemas e desvantagens na utilizao do chat no e-learning. Referimo-nos s caractersticas da comunicao no decurso de uma sesso de chat. Como sabero todos os que j participaram em sesses de chat em grupo, especialmente em grandes grupos, o decurso da conversa pode facilmente tornar-se catico: mltiplos assuntos discutidos em simultneo, perguntas que ficam sem resposta, comentrios ou respostas que perderam o sentido, em consequncia dos contributos dos outros participantes enquanto o seu autor os escrevia, podem transformar uma sesso de chat numa imensa cacofonia.

Por tudo isto, o planeamento antecipado, a deciso quanto moderao (quem modera e de que forma), so fundamentais para garantir o sucesso das sesses de chat, e assegurar que se atingem os objectivos da sua utilizao no enquadramento do curso em que se realizam.

O primeiro aspecto a considerar , desde logo, o planeamento, preparao e anncio prvio das sesses de chat. Definir claramente os objectivos, formato/tipo da(s) sesso(es), durao, tpicos e regras de funcionamento, so as tarefas primordiais do eformador. O conjunto dessa informao deve ser transmitida aos formandos, pelo menos, um ou dois dias antes de cada sesso de chat, para que eles possuam indicaes claras sobre a sesso em que vo participar, e a possam preparar, se e quando necessrio.

Recomenda-se tambm a elaborao de um documento, que deve ser to curto quanto possvel, com instrues sobre a utilizao do chat, esclarecendo pormenores tcnicos (como aceder, registar-se ou criar uma identidade no chat, etc.), e definindo o modo e as regras de funcionamento das sesses de chat. Para alm de indicaes sobre as regras que devero ser utilizadas para pedir a palavra, sinalizar o fim da interveno e outras regras de conduta no chat, podem tambm ser fornecidas algumas dicas para tornar as sesses de chat mais dinmicas. Este documento deve estar disponvel na plataforma e/ou ser enviado por correio electrnico para os participantes.

ainda recomendvel que, antes da primeira sesso oficial de chat, seja dada oportunidade e estmulo aos formandos para contactarem com o sistema(s) que ir(o) ser usado(s) durante o curso. O objectivo evitar que na primeira sesso de chat existam formandos que estejam mais concentrados na aprendizagem do sistema, do que no contedo da conversa.

Outra questo que o e-formador deve considerar previamente a forma como se far a moderao. A moderao ser executada integralmente pelo e-formador? A voz do eformador/moderador deve distinguir-se das restantes? Mais uma vez, a resposta a estas perguntas depende do tipo/formato da sesso e do nmero de participantes.

Nas sesses de chat a funo de moderao tem duas vertentes: - intelectual ou seja, de interveno, fornecendo informao e opinio prpria, mantendo a discusso dentro do tpico da sesso, sumariando, relacionando e resumindo as intervenes dos participantes; - organizativa e de suporte ou seja encarregando-se de registar ou controlar os pedidos de palavra dos participantes, determinando a ordem de interveno e concedendo a palavra aos intervenientes, orientando e ajudando os participantes que tenham dificuldades ou problemas na utilizao do sistema de chat.

Em sesses com poucos participantes e/ou em que a interveno do e-formador seja reduzida, no ser difcil que este assuma integralmente a conduo do chat. Mas em sesses em que o e-formador deve intervir com muita frequncia (sesses de esclarecimento de dvidas, pergunta e resposta, etc.) e/ou em que o nmero de

participantes ultrapasse os 5 ou 6, vantajoso que a conduo no caiba integralmente a um e-formador. No caso de existir mais de um e-formador, as funes podem ser distribudas entre eles. No caso de existir apenas um formador, a funo organizativa e de suporte poder ser, total ou parcialmente, atribuda a um dos formandos.

Muitos formadores utilizam mecanismos (uso de uma cor especfica que no pode ser usada por mais nenhum participante, uso de negrito, etc.) para distinguirem a sua interveno de todas as outras durante o chat. O objectivo facilitar a identificao das intervenes do formador/moderador por parte dos formandos.

Depois da realizao do chat o formador deve disponibilizar a sua transcrio, de forma a permitir que os formandos que no tenham podido participar, possam aceder ao seu contedo. Promover a reflexo dos formandos sobre os chats realizados, por exemplo atravs da redaco de um texto de avaliao crtica a ser enviado para o e-formador, ou colocado no frum de discusso, pode constituir uma mais-valia.

Da nossa prpria experincia na moderao de sesses de chat em contexto educativo, e das inmeras recomendaes disponveis na Internet sobre este assunto, tentamos sintetizar alguns conselhos essenciais sobre a utilizao do chat em e-learning: planear e preparar cuidadosamente as sesses definir os objectivos,

formato/tipo da sesso, durao, tpico e regras de funcionamento. Escrever previamente os textos e questes que antecipadamente se pretendem colocar no chat, e fazer Copiar/Colar, durante a sesso ; anunciar/agendar a sesso de chat antecipadamente as sesses devem ser anunciados com, pelo menos, 24 a 48 horas de antecedncia; definir as regras de participao as regras de participao devem ser claras e divulgadas por todos antes das sesses. Entre elas devem constar tambm algumas regras bsicas de Netiquette; limitar a durao das sesses Na generalidade dos casos 60 minutos, ou menos, ser adequado. As sesses de chat so cansativas, para os formandos e o formador, e difcil manter a concentrao por muito tempo. A disponibilidade dos formandos para participar at ao final inversamente proporcional durao da sesso;

-

limitar o nmero de participantes No limite mximo 10 a 12 pessoas, mas o ideal ser de 6 a 8. sempre melhor realizar 2 ou 3 sesses semelhantes, dividindo a turma, do que realizar um chat com 15 ou 20 pessoas;

-

respeitar os horrios definidos Iniciar e terminar a sesso nos horrios previamente anunciados. Solicitar aos formandos que entrem no chat 5 min. antes da hora prevista para o incio e fazer respeitar a hora de encerramento, mesmo contra a vontade de algum entusiasta;

-

manter o chat dentro do tpico definido No caso de sesses para debater um tpico (e no devem existir vrios tpicos numa sesso assim), limitar a conversa apenas a esse tpico, contrariando qualquer tendncia ou tentativa de introduzir novos assuntos;

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disponibilizar transcrio da sesso Aps a sua realizao deve disponibilizar-se uma transcrio da sesso. No caso de vrias sesses sobre o mesmo tpico (para limitar o nmero de participantes), solicitar aos formandos uma leitura comparativa das vrias transcries pode ser uma actividade interessante.

Para alm das sesses de chat colectivas de que temos vindo a falar, conduzidas ou participadas pelo e-formador, o chat pode ainda ser usado para o contacto directo entre o formador e cada formando individualmente, e para o contacto, individual ou em grupo, entre formandos.

Das muitas formas e utilizaes de chat no contexto do e-learning, poderemos destacar as seguintes aplicaes: Discusso de textos depois de terem lido um texto, os formandos podem coment-lo ou discuti-lo numa sesso de chat; Apresentao de trabalhos os formandos podem apresentar, individual ou colectivamente, os resultados das suas actividades ou os trabalhos realizados. Esses trabalhos podero ainda ser discutidos com o formador e restantes colegas; Sesses de brainstorming podem realizar-se sesses de brainstorming autocontidas ou como preparao ou aquecimento para outras actividades; Role playing Depois de estudar um personagem, uma perspectiva filosfica, poltica, tcnica ou econmica, os formandos discutem questes

encarnando outros (por exemplo, uma discusso entre Bill Gates e Linus Torvald1 sobre sistemas operativos), com moderao do formador e eventual participao dos colegas; Sesso com especialista convidado os formandos tm a possibilidade de contactar e colocar questes a um especialista externo em determinado tpico; Sesses de dvidas e perguntas o formador poder responder em tempo real, e colectivamente, s dvidas e questes dos formandos; Horrio de atendimento virtual o formador poder definir um horrio durante o qual estar disponvel para atender individualmente, ou em pequenos grupos, os formandos, esclarecendo dvidas, orientando trabalhos, etc. o equivalente virtual dos horrios de atendimento no gabinete; Trabalho em grupo Os estudantes podem ser estimulados ou solicitados para realizarem sesses de chat, no decurso da realizao de actividades e trabalhos em grupo; Encerramento de mdulos ou cursos - no final de um mdulo ou curso pode ser til realizar uma sesso para sumariar o percurso efectuado, sublinhar as questes essenciais, e permitir aos formandos uma ltima oportunidade para colocar dvidas ou questes.

2.1.2

udio e vdeo conferncia

Para alm da comunicao baseada em texto, a interaco sncrona entre os participantes de um curso em regime de e-learning pode efectuar-se tambm com recurso udio e videoconferncia.

1

Bill Gates o patro da Microsoft, a empresa que fabrica os sistemas operativos Windows, os

mais utilizados em todo o mundo, acusada, de vender produtos com deficiente qualidade e de prticas comerciais desleais e monopolistas. Linus Torvald o pai do sistema operativo Linux, o paradigma do software aberto (Open Source), desenvolvido e aperfeioado ao longo dos anos, por uma cada vez maior comunidade de utilizadores, mesmo nos meios comerciais.

Existem bvias vantagens do uso destas formas enriquecidas de conferncia, por comparao com as conferncias de texto (chats). Para alm de outras, a utilizao conjugada de informao verbal e visual, o valor acrescentado da entoao, ritmo e inflexo no discurso, e tambm da expresso facial e corporal (no caso da videoconferncia), so uma mais-valia no desprezvel.

No entanto, a utilizao de udio e videoconferncia sobre a Internet est longe de ser generalizada nos cursos em regime de e-learning. Para alm de questes de natureza social (como a existncia de poucos formadores com slidos conhecimentos e formao neste domnio, ou o facto de existir muitas pessoas se sentirem desconfortveis em frente a uma cmara), as razes fundamentais para esta situao so de natureza tcnica.

A transmisso e recepo de sinal udio, e sobretudo vdeo, com qualidade sobre a Internet, requer ligaes robustas e de banda larga (RDIS, ADSL ou Cabo) e equipamentos adicionais. E se hoje se pode supor que a maioria dos formandos tero acesso a um computador com placa de som, microfone e auscultadores, o mesmo no verdade para as cmaras de vdeo webcams- necessrias para videoconferncia multiponto.

Quanto s ligaes Internet, apesar de ser crescente o nmero de utilizadores de servios de banda larga, eles so ainda minoritrios em 2003 em Portugal. Mesmo quem dispe de acessos de banda larga poder sentir problemas tcnicos no decurso de uma videoconferncia, dado que o trfego por ela gerado partilha e compete com todo o restante trfego de dados nas, muitas vezes congestionadas, redes dos fornecedores de acesso Internet.

Assim, antes de planear a utilizao de udio ou videoconferncia necessrio determinar se existem as condies tcnicas para que elas possam decorrer com uma qualidade aceitvel. Isto significa que ter de se certificar que os alunos possuem os equipamentos e o acesso rede adequados, e que os sistemas de udio e videoconferncia e/ou a plataforma de e-learning que pretende utilizar, funcionam correctamente, e com bom desempenho (por exemplo, pode existir limitao ao nmero de utilizadores simultneos).

Para alm das questes tcnicas, necessrio concentrar a ateno nos aspectos pedaggicos do uso de conferncias com udio e vdeo. Tal como nas conferncias de texto, o fundamental planear e preparar as sesses, definindo claramente os seus objectivos, o tpico, o formato e a durao.

Se pretender realizar conferncias multiponto interactivas, deve lembrar-se que todos ns estamos habituados a ser espectadores de televiso e ouvintes de rdio, e para evitar que os formandos adoptem a postura habitual de espectadores ou ouvintes necessrio que o formador use estratgias que estimulem a participao.

2.1.3

Quadros brancos e partilha de aplicaes

Em vrios sistemas de chat, udio e videoconferncia esto disponveis funcionalidades adicionais como a partilha de aplicaes, quadros brancos, navegao colaborativa, inquritos e questionrios. A utilizao deste tipo de ferramentas de grande utilidade, em determinados contextos formativos.

Por exemplo, numa aco de formao sobre a utilizao de um software de gesto de clientes, os formandos podem assistir a demonstraes, bem como praticar a sua utilizao, com a orientao e apoio do formador.

Se houver necessidade de explicar como pode ou deve ser usado o site de uma instituio, ou a intranet de uma organizao, a utilizao da navegao colaborativa ser excelente.

Se til realizar uma sesso de brainstorming, ou discutir um problema e elaborar uma lista de recomendaes, a utilizao de um quadro branco, onde os vrios participantes, ou o moderador, possam anotar os seus contributos, ilustrar problemas ou solues com desenhos ou diagramas, ser certamente enriquecedor.

No decorrer de uma sesso de chat, depois de introduzir ou discutir um conceito, a possibilidade de realizar, em tempo real, um inqurito sobre a compreenso desse

conceito por parte do conjunto dos participantes, em que estes podem responder anonimamente, pode permitir apurar com mais rigor do que com o tradicional algum tem dvidas?, da necessidade de continuar, ampliar a aprofundar a sua explicao.

No entanto, estas funcionalidades podem ter tambm algumas limitaes e desvantagens. A principal a necessidade de os formandos saberem usar a tecnologia. Ou seja, necessria uma aprendizagem prvia das ferramentas que suportam a partilha de aplicaes e os quadros brancos, para poderem ser utilizadas pelos formandos.

2.1. Comunicao e formao assncrona As formas de comunicao assncrona, ou seja que decorrem de forma intermitente e com diferena temporal entre os participantes, so as mais antigas formas de comunicao no ensino a distncia e no e-learning.

Face s formas de comunicao sncrona, elas podem perder no que diz respeito ao imediatismo e espontaneidade. Mas as possibilidades acrescidas de reflexo e integrao com outras fontes de informao facilita a aprendizagem e a construo de conhecimento, que so os objectivos da formao. Contrariamente ao que se passa na comunicao sncrona, na comunicao assncrona os participantes tm oportunidade de estudar, reflectir, procurar informao, redigir ponderadamente, e corrigir quantas vezes forem necessrias, as suas intervenes nas interaces que decorrem durante um curso em regime de e-learning.

Analisaremos aqui trs ferramentas de comunicao e interaco assncrona que so generalizadamente utilizadas em cursos de e-learning: o correio electrnico, os fruns de discusso e os testes, questionrios e trabalhos prticos.

2.2.1 Correio electrnico e listas de distribuio

Como hoje sobejamente conhecido, o correio electrnico o equivalente electrnico dos servios postais tradicionais, sendo usado para a comunicao em diferido entre

duas ou mais pessoas. Face ao correio normal, o correio electrnico, ou e-mail, apresenta as grandes vantagens da rapidez e da economia.

No mbito do e-learning, o correio electrnico utilizado para a comunicao entre os participantes das aces de formao. No caso de comunicaes diferidas entre duas pessoas (por exemplo, dois formandos, ou um formando e um formador) uma mensagem de correio electrnico quase sempre a soluo mais indicada. Quando se trata da comunicao entre um emissor e vrios receptores (por exemplo, entre o formador e o conjunto dos formandos), para alm do envio de uma mensagem de correio electrnico para cada um dos destinatrios, existem as alternativas das listas de distribuio, ou da utilizao de fruns de discusso que abordaremos mais frente.

As listas de distribuio so endereos colectivos de correio electrnico, que servem para distribuir uma mensagem por um conjunto de utilizadores. Por isso, elas so utilizadas para grupos de discusso sobre determinados assuntos, difuso de informao entre os membros de organizaes, anncios e informaes a clientes de certos produtos e servios, distribuio de revistas electrnicas e, obviamente, para a comunicao entre os participantes de cursos em regime de e-learning.

O correio electrnico, e as listas de distribuio que englobaremos na designao genrica de correio electrnico a partir daqui, so provavelmente o meio de comunicao mais utilizado nas aces de formao em regime de e-learning. O facto de se tratar de uma ferramenta familiar, que a maioria (se no a totalidade) dos participantes utiliza numa base regular, a principal razo para esta realidade.

O correio electrnico apresenta ainda outras vantagens. Por exemplo, permitindo a comunicao privada entre duas (ou mais) pessoas, o correio electrnico til quer para evitar sobrecarregar os canais de comunicao colectivos com mensagens de interesse individual (como mensagens de apoio na resoluo de problemas e dvidas tcnicas de um dos participantes), quer para a comunicao dos formandos (geralmente para o formador) que se sintam inseguros ou tmidos para participar em discusses colectivas (nomeadamente nos momentos iniciais dos cursos).

Mas existem tambm alguns inconvenientes e limitaes que necessrio conhecer e ter em conta no quadro da utilizao do correio electrnico no e-learning. Em primeiro lugar, as mensagens de correio electrnico originadas no decurso de uma aco de formao competem com, e podem ficar diludas no conjunto de, dezenas ou centenas de mensagens que o(s) destinatrio(s) recebe(m) todos os dias na sua caixa de correio.

Em segundo lugar, um aspecto que comum a todas as formas de comunicao escrita: penaliza e limita quem tem maiores dificuldades na escrita (deveremos ignorar esta questo e assumir que todos os participantes dos cursos de e-learning tem facilidade de escrita?).

Por outro lado, muitas pessoas esto habituadas a escrever mensagens de correio electrnico de um modo muito informal, quase sem preocupaes quanto correco da gramtica e ortografia, utilizando frequentemente abreviaturas e emoticons, o que pode dificultar a clareza das mensagens e o seu entendimento por outros. Ao mesmo tempo, a distncia entre os participantes, e a inexistncia de sinais no-verbais complementares, pode induzir a mal entendidos e incompreenses, que eventualmente resultem em ataques pessoais, utilizao de linguagem inapropriada ou outras quebras das boas maneiras.

Um estilo de comunicao informal ser adequado na maior parte das aces de formao. Mas o formador dever estabelecer desde o incio (pelo exemplo das suas mensagens) o tom e o nvel da comunicao, definir normas gerais de utilizao do correio electrnico (entre outros aspectos dever estabelecer-se que tipo de anexos podero conter as mensagens e aconselhar no sentido de evitar mensagens demasiado extensas), familiarizar os formandos com as regras da Netiquette, e intervir (em pblico ou em privado, de acordo com as circunstncias) com calma e ponderao, mas tambm com firmeza, no caso de desrespeito pelas normas e regras.

tambm muito importante que no incio sejam definidas as expectativas quanto ao ritmo de comunicao. O(s) formador(es) devem anunciar qual o prazo mximo em que respondero s mensagens dos formandos (e esse prazo dever ser definido de forma a nunca ser ultrapassado). Ao mesmo tempo, os formandos devero ser informados sobre

a frequncia aconselhvel ou mnima com que devero consultar as suas caixas de correio electrnico durante o curso.

Das inmeras circunstncias em que a utilizao do correio electrnico pode ser til no contexto de um curso em regime de e-learning, poderemos destacar as seguintes: Distribuio pelos formandos da mensagem de acolhimento ao curso; Distribuio de documentos (textos de apoio, guias e ajudas, etc.); Divulgao de anncios e avisos; Comunicao individual entre formador(es) e formandos, nomeadamente sobre aspectos tcnicos e organizativos; Comunicao entre os membros de grupos de trabalho, formados para executar determinada actividade ou tarefa; 2.2.2 Frum de discusso

Os fruns de discusso so outra das ferramentas comummente utilizadas nas aces de formao em regime de e-learning. A generalidade das plataformas de e-learning (LMSs) disponibilizam fruns de discusso, ainda que com diversas designaes.

Tal como o correio electrnico e as listas de distribuio, os fruns possibilitam a troca de mensagens, divulgao de informaes e discusso de assuntos, de forma assncrona. Mas, contrariamente ao que se passa no correio electrnico, em que as mensagens so entregues, de forma automtica, na caixa de correio dos destinatrios, nos fruns de discusso os participantes tm de aceder e entrar na rea do frum para ler e responder s mensagens.

Esse carcter no intrusivo dos fruns, pode ser considerado uma vantagem, mas pode ser tambm um inconveniente: necessrio que os formandos tomem a iniciativa de aceder ao frum, para contactarem e participarem nas interaces que l ocorram.

Outra vantagem dos fruns o facto de permitirem estruturar, organizar, preservar e manter o registo dos dilogos, discusses e trocas de pontos de vista que neles decorrem. Esta uma caracterstica de grande relevncia no contexto do ensino-

aprendizagem.

A existncia de um espao onde esto reunidas, e organizadas, o conjunto das mensagens trocadas a propsito de um determinado tpico ou assunto, permite que qualquer participante consiga reconstituir a discusso e troca de informao que at a decorreu, e nela possa intervir, se o desejar.

Para alm das limitaes gerais das restantes formas de comunicao assncrona escrita, a principal questo que os formadores devem ter em considerao na utilizao de fruns de discusso que, pelo menos para alguns formandos, essa poder ser a primeira vez que usam uma ferramenta deste tipo. Muitos formandos que frequentam pela primeira vez um curso em regime de e-learning necessitam de comear por aprender a utilizar o frum de discusso.

Por isso, no incio do curso para alm de instrues e ajudas sobre os fruns de discusso, que podem ser enviadas aos alunos por correio electrnico e/ou estar disponveis na plataforma de e-learning, deve prever-se uma actividade inicial de aprendizagem prtica. uma boa ideia comear por uma tarefa simples, como por exemplo a auto-apresentao dos formandos e formadores, que promova as competncias para participar no frum e ajude tambm a construir o sentimento de pertena e afinidade entre os membros da comunidade de aprendizagem que se pretende constituir durante o curso.

Apesar das suas caractersticas vantajosas, para garantir um funcionamento eficaz dos fruns de discusso e assegurar que se atingem os objectivos da sua utilizao, necessrio um papel activo do formador. O planeamento prvio e o acompanhamento da sua utilizao (geralmente designada como moderao), devem ser as principais reas de preocupao e interveno do formador.

Em relao ao primeiro aspecto, indispensvel planear a utilizao do frum no contexto do curso e definir a sua estrutura. Essa estrutura configurada atravs de linhas de discusso (threads, em ingls). Uma linha de discusso o conjunto de mensagens sobre um determinado assunto, tpico ou actividade, que so colocadas como resposta a uma mensagem original que a institui. Assim, necessrio decidir quais sero as linhas de discusso que devero ser criadas, estabelecer ttulos adequados

(descritivos e com significado) e planear o incio e o final de cada uma delas. Para alm das antecipadamente definidas, em muitos casos ser adequado que os formandos possam criar eles prprias novas linhas de discusso.

No quadro de um curso em regime de e-learning, os fruns de discusso podem ser usados para suportar diversas actividades, como por exemplo: Apresentao dos participantes No incio do curso pode ser criada uma linha de discusso para a apresentao individual de cada um dos participantes. O formador pode colocar uma mensagem inicial, definindo o formato geral das apresentaes, e o prazo durante o qual devero ser realizadas, qual pode desde logo responder introduzindo a sua prpria apresentao; Brainstorming Durante um determinado perodo (no demasiado extenso, por exemplo, 48 ou 72 horas) os formandos podem ser convidados a listar ideias e propostas sobre determinada questo. No final, o formador poder apresentar um relatrio a partir do brainstorming; Discusso orientada Discusso de um tpico ou assunto, introduzido por uma mensagem (muitas vezes em forma de questo, para resposta pelos formandos) do formador. O formador acompanha e orienta de perto a discusso, comentando as respostas e comentrios dos participantes; Discusso livre Em muitos casos permitida, ou mesmo estimulada, a discusso livre entre os participantes do curso, quer em reas/linhas de discusso especificamente criadas com esse fim pelo formador, quer em linhas de discusso criadas pelos formandos ; Debates Constitui uma forma de discusso orientada, em que o grupo de formandos dividido em dois ou mais grupos, para estudar determinado problema, ou perspectivas diferentes sobre determinado problema (por exemplo, os utentes dos servios pblicos devem pag-los por uma questo de equidade e justia social, ou a justia social deve fazer-se sobretudo atravs do sistema fiscal?) ; Apresentao e avaliao de trabalhos O frum pode ser usado para os alunos apresentarem trabalhos, individuais ou de grupo, que podem ser comentados pelos outros formandos ou pelo formador;

Durante o curso, necessrio acompanhar constantemente o andamento do frum de discusso, para garantir o sucesso da sua utilizao. Umas das preocupaes, sobretudo na fase inicial, deve ser fazer respeitar a estrutura do frum e as linhas de discusso. Como sabero todos os que j moderaram fruns existiro vrias mensagens e respostas a mensagens colocadas fora do stio, sobre temas que no pertencem linha de discusso, etc. Assim, em particular nos primeiros dias aconselhvel que o formador monitorize frequentemente o frum de discusso, e intervenha quando se registarem desvios em relao (s) linha(s) de discusso estabelecidas. De acordo com a sua opo, tambm condicionada pelas possibilidades do sistema de gesto do frum de discusso, o formador pode retirar a mensagem do local errado e coloc-la no stio certo, ou solicitar ao formando que o faa.

Em qualquer caso, o formador deve contactar o formando em tom amistoso, agradecendo a sua participao no frum e referindo que a sua mensagem no foi colocada no local adequado, relembrando as instrues de participao que foram antecipadamente divulgadas, e expressando o interesse na continuidade da sua participao. A redaco deste tipo de mensagens deve ser cuidadosa, para evitar que ela soe como um ralhete. Seria muito negativo que a primeira tentativa de participao de um formando, mesmo realizada de forma deficiente, fosse recebida com uma reprimenda.

Para alm da questo da estrutura das interaces no frum de discusso, o formador deve tambm concentrar a sua ateno no seu contedo. O formador tem de promover a participao dos formandos no frum, orientando e facilitando a sua aprendizagem e construo de conhecimento.

De acordo com o estudo de Rossman (1999), o aspecto mais importante e apreciado pelos participantes em aces em regime de e-learning a resposta atempada e adequada dos formadores. Essa deve ser a sua preocupao principal.

Do conjunto das recomendaes constantes da bibliografia e das fontes de informao na Internet, bem como da nossa prpria experincia, tentamos sintetizar alguns conselhos e aspectos essenciais a ter em considerao na utilizao de fruns de discusso: Planear cuidadosamente a utilizao do frum de discusso definir as actividades que devero decorrer no frum, estabelecer o respectivo calendrio, escolher a sua designao e preparar as mensagens iniciais, que originaro as respectivas linhas de discusso; Definir e divulgar as regras de funcionamento e utilizao do frum os formandos devem conhecer as regras e normas de funcionamento, ter oportunidade de experimentar e aprender a sua utilizao no fase inicial do curso, conhecer as regras de netiquette que devero ser usadas, quais as expectativas quanto sua participao (qual a frequncia aconselhvel de acesso, o nmero mnimo de mensagens que devero colocar e a forma como ser avaliada participao se aplicvel); Acompanhar o andamento do frum com regularidade aceder ao frum com frequncia, sobretudo no incio do curso, ou dos seus mdulos. A frequncia do acesso depender tambm da durao da aco: num curso de poucas semanas, o acesso dever ser no mnimo dirio; num curso que se estenda por vrios meses, pode limitar-se a 2 ou 3 vezes por semana. Manter o funcionamento do frum garantindo a sua utilizao de acordo com as normas e regras definidas, arquivando as discusses encerradas em outra rea do frum ou da plataforma (se isso for possvel no sistema utilizado), movendo ou apagando as mensagens que no digam respeito linha de discusso onde foram inseridas, etc. Moderar as discusses e actividades do frum - mantendo as linhas de discusso dentro dos objectivos definidos e reconduzindo-as ao seu tpico, quando dele se afastem, colocando comentrios regulares de sntese e anlise (reconhecendo os contributos individuais e relacionando-os de forma a sublinhar) no caso das linhas de discusso se prolongarem por muitos dias e contarem com muitas participaes. O formador deve fazer sentir a sua presena, mas deve evitar intervir em demasia, ou cedo demais (por exemplo, quando est a decorrer uma discusso, uma mensagem opinativa

do formador na sua fase inicial pode mat-la, pois ser provavelmente entendida por alguns formandos como a palavra final sobre o assunto).

2.2.3 Testes, questionrios e trabalhos prticos

Uma das principais estratgias para promover e avaliar a aprendizagem, a interaco e a construo de conhecimento entre os participantes de cursos em regime de e-learning, a realizao de actividades e trabalhos prticos, bem como a resposta a testes e questionrios. Este conjunto j designado por e-tividades (e-tivities) por Gilly Salmon e outros autores

Partindo do modelo de Kolb (Experincia-Reflexo-Conceptualizao-Verificao), Duggleby (2002) sugere a introduo de actividades que garantam aos alunos uma progresso lgica atravs do ciclo de aprendizagem e que ofeream uma variedade adequada s necessidades de cada pessoa.

O tipo de actividades e trabalhos que podem ser desenvolvidos durante um curso em regime de e-learning so muito variados. A sua escolha deve ser condicionada, em primeiro lugar, pelo tipo de curso, a sua temtica, o seu formato e durao, o nmero de participantes e tambm o nmero de horas de trabalho que o(s) formador(es) podero disponibilizar. Apesar de j termos referido anteriormente diversas actividades sncronas e assncronas, referimos seguidamente, e a ttulo meramente ilustrativo, alguns tipos de actividades que podem ser realizadas: Pesquisa Os formandos podem ser solicitados a pesquisar na Internet, de forma mais ou menos orientada, no sentido de localizar sites e documentos relevantes. As actividades podem restringir-se inicialmente localizao e seleco de informao, mas podem tambm incluir a avaliao, sntese, anlise crtica e comparao entre as diversas fontes de informao identificadas; Trabalhos escritos Os trabalhos escritos servem para os formandos construrem, aprofundarem, desenvolverem e demonstrarem os conhecimentos ou competncias adquiridas, e podem ser semelhantes aos usados em cursos presenciais. Ensaios, relatrios, anlises de textos, redaco de textos originais,

podem ser alguns dos tipos de trabalhos escritos realizados num curso em regime de e-learning; Discusso no frum A discusso de um determinado assunto ou tpico, a partir de uma mensagem ou questo inicial do formador. No final, o formador dever sintetizar o contedo e as eventuais concluses da discusso; Trabalhos prticos Apesar da dificuldade que em muitas circunstncias existe para se desenvolverem trabalhos prticos em cursos em regime de elearning, esta uma hiptese que no se deve afastar. Se possvel e adequado, devero ser includas actividades e trabalhos prticos, cuja realizao ou resultados possam ser documentadas por escrito, udio ou vdeo pelo formando, ou por terceiros; Testes e questionrios Permitem aos formandos e formadores realizar avaliaes de tipo diagnstico, formativo e somativo (ver mdulo sobre avaliao).

Um dos tipos de actividades assncronas comummente usados no e-learning so os testes e questionrios. Estes podem assumir diversas formas, diferentes objectivos que podem assumir. de acordo com os

Os testes e questionrios tem sempre uma funo de avaliao. Em alguns casos podem servir para os formandos e o formador avaliarem os conhecimentos iniciais (geralmente designada avaliao de diagnstico). Em outros casos, podem servir tambm para monitorizar os progressos realizados durante o curso e para que os formadores forneam retorno, comentrio e orientao aos formandos (designada avaliao formativa).

Finalmente, os testes e questionrios podem ser usados para certificar a aprendizagem, classificar os formandos e preencher os requisitos necessrios para que obtenham uma qualificao (avaliao somativa e sumativa).

3. PLANEAMENTO E IMPLEMENTAO DE CURSOS DE E-LEARNING 3.1 - Planeamento de cursos Por tudo o que atrs ficou dito, j ter percebido que a concepo e planeamento dos cursos o primeiro e mais importante passo para a realizao de aces de formao em regime de e-learning.

Em primeiro lugar, devem estabelecer-se, formal e explicitamente, os objectivos do curso, ou seja definir quais so os conhecimentos, competncias e habilidades que os formandos devero possuir no seu final. A definio dos resultados da aprendizagem geralmente acompanhada pela deciso quanto aos critrios de avaliao.

Em seguida, necessrio definir o modelo e a estrutura do curso. De acordo com Duggleby (2002), devem ser colocadas e respondidas as seguintes questes: O curso pode ser realizado exclusivamente online ou sero necessrias sesses presenciais? O curso ser apoiado com materiais distribudos de outra forma que no a Web? Os alunos tero de trabalhar apenas individualmente ou devero trabalhar tambm em grupo? Os alunos podero trabalhar ao seu prprio ritmo ou tero de cumprir prazos rigorosos?

Vale a pena considerar mais detalhadamente a primeira e a ltima questo. Relativamente realizao do curso num modelo exclusivamente online, ou num modelo misto, com sesses presenciais, existe hoje algum consenso que h vantagens na realizao de sesses presenciais (nomeadamente uma sesso inicial, para familiarizar os alunos com a tecnologia, o(s) formador(es) e os colegas e tratar de aspectos administrativos ou tcnicos). Mas isso s verdade se a esmagadora maioria dos formandos residirem perto da rea onde se realize(m) a(s) sesso(es) presencial(is). No caso de cursos em que os participantes se encontram dispersos por um pas, ou vrios pases, os custos (deslocaes dos que participem, e impacto negativo nos que no possam participar) da opo presencial sero certamente superiores aos seus benefcios.

Quanto questo do ritmo de trabalho dos formandos, prazos e calendrios, eles devem ser estabelecidos de acordo com os objectivos do curso, previamente definidos. A flexibilidade na gesto do tempo e do ritmo de trabalho por parte dos formandos, uma das grandes vantagens dos cursos em regime de e-learning. Nos cursos onde predomine a auto-aprendizagem e o trabalho individual, essa flexibilidade poder ser muito grande. Mas em cursos com maior interveno/orientao do formador e/ou em que se pretenda que os formandos trabalhem em grupo durante parte do tempo, a flexibilidade no pode ser absoluta, e deve ser conjugada com a necessidade de estabelecer datas para o incio e encerramento do curso e dos seus mdulos constituintes, motivar os formandos definindo objectivos e prazos para a realizao de tarefas e planear e prever a quantidade de trabalho do(s) formador(es).

Nestes ltimos tipos de cursos, na definio do seu calendrio e estrutura, ser necessrio conciliar as necessidades globais de gesto do curso (tempo e disponibilidades dos formador(es) e dos formandos) com a maior flexibilidade possvel. Isso implica tentar estabelecer uma dimenso adequada para cada componente (mdulos, unidades, actividades e tarefas) evitando componentes com durao muito longa, ou demasiado curta.

Atribuir uma durao muito longa a uma determinada componente do curso poder provocar duas situaes negativas: alguns formandos relaxaro e desaparecero por longos perodos, deixando a sua participao para o final do prazo, ou esquecendo-se mesmo dela; outros, depois de conclurem precocemente a sua actividade relativa a essa componente (possivelmente em 20% ou 30% do tempo atribudo), pressionaro o formador, compreensivelmente impacientes, para avanar para a componente seguinte.

Por outro lado, atribuir uma durao muito curta a uma actividade, poder impedir a participao de alguns dos formandos, porque pode coincidir com um perodo em que estejam indisponveis, prejudicando, objectiva e subjectivamente, o seu envolvimento no curso.

Em termos gerais e meramente indicativos, e exceptuando as actividades de comunicao sncrona que devero ser muito curtas, recomenda-se que os componentes de um curso no tenham uma durao (prazo para concluso) inferior a 48 horas, nem

superior a 1 a 2 semanas. Por exemplo, num curso com uma durao de 3 a 6 semanas, ser melhor subdividir uma actividade complexa cujo prazo de concluso fosse de 10 a 15 dias, em 2 ou 3 actividades mais simples e consecutivas, cujo prazo de concluso seja de 3 a 5 dias.

A preocupao de permitir a maior flexibilidade possvel, mantendo um ritmo que promova a aprendizagem, motivando a participao individual e o estabelecimento de uma comunidade de aprendentes, deve estar sempre presente no processo de planeamento, estruturao e calendarizao do curso.

3.2 - Implementao e orientao de cursos Aps o planeamento, estruturao e calendarizao do curso, a ateno dos eformadores tem de voltar-se para a sua implementao e orientao. Isso implica realizar um conjunto de tarefas, antes, durante e depois do perodo de realizao do curso. A interveno dos e-formadores no decorrer de um curso de e-learning, foi analisada, entre muitos outros autores, por Dias (2001) e Duggleby (2002). A tabela seguinte (Figura 2 Tarefas dos e-formadores) reproduz as tarefas que estas autoras recensearam.

Dias (2001)o o o Acolhimento (warm-up) Encorajar e motivar Promover a interaco, o o o o

Duggleby (2002)Acolher os alunos Encorajar e motivar Controlar os progressos obtidos Assegurar-se que os alunos esto a trabalhar ao ritmo certo o Fornecer informao, desenvolver, clarificar, explicar o Fornecer comentrios aos

participao e orientao o Fornecer (feedback) rpido o o Criar e animar grupos Promover a colaborao entre os participantes retorno/resposta

trabalhos dos alunos

o o o o

Facilitar as discusses Monitorar o progresso Controlar o ritmo Dar informao e acrescentar

o

Certificar-se que os alunos esto altura dos padres requeridos

o

Garantir conferncias

o

sucesso

das

conhecimento o o Definir trabalhos e tarefas Assegurar que os objectivos do curso so atingidos o o Avaliar os participantes Avaliar o curso

o

Tornar-se

facilitador

de

uma

comunidade de aprendizagem o o Fornecer conselhos e apoio tcnico Concluir o curso

Figura 2 Tarefas dos e-formadores O acolhimento dos formandos e o incio do curso so um momento fundamental para o sucesso (ou insucesso) de um curso. Isso tanto mais verdade, quanto um nmero ainda considervel de formandos estar a frequentar um curso em regime de e-learning pela primeira vez.

Sempre que possvel, o processo de acolhimento deve iniciar-se antes do curso comear. Uma boa prtica ser enviar uma mensagem de boas-vindas, em tom amistoso e encorajador (se possvel personalizada), contendo toda a informao necessria para o incio do curso: endereo do curso, forma de registo ou login e password, outros contactos relevantes (suporte tcnico, etc.), datas relevantes para o curso, guias e ajudas sobre a plataforma de e-learning (envio ou referncia sua localizao), etc. No caso de ser realizar uma sesso presencial inicial, parte desta informao poder ser veiculada nessa sesso.

De acordo com Duggleby (2002), no incio do curso aconselha-se ainda a distribuio (na plataforma do curso, por correio electrnico ou na sesso presencial, se existir) de um Guia do Curso, contendo os seguintes elementos: Objectivos e resultados de aprendizagem Informaes sobre os contedos do curso Software necessrio Conselhos para os alunos Mtodos de avaliao

-

Requisitos para obter qualificao ou crditos

A fase de acolhimento e de incio do curso, corresponde aos dois primeiros estdios (acesso e motivao e socializao online) do modelo de Salmon (2000). Durante esta fase, que dever ter uma durao adequada (se possvel de alguns dias ou semanas, de acordo com a durao global do curso), os formandos devero ser encorajados e motivados a usar e testar as diferentes funcionalidades e ferramentas que iro utilizar ao longo do curso, a apresentar-se, conhecer e interagir com os restantes membros da turma e desenvolver actividades iniciais de aquecimento.

A motivao e encorajamento dos formandos devem continuar no centro das atenes dos e-formadores at ao final do curso. Mas aps a fase de acolhimento os aspectos relacionados com a orientao dos formandos, monitorizao e avaliao do seu progresso assumiro um peso crescente na actividade dos e-formadores.

Para manter a motivao dos formandos, aconselhvel o estabelecimento de um calendrio com mltiplas actividades e exerccios, que mantenha os formandos envolvidos e atentos ao curso, e promova a comunicao entre os formandos e o(s) formador(es). Mas necessrio que essas actividades e exerccios sejam de facto relevantes e adequados para os objectivos do curso, porque esperar ou exigir que os formandos acedam plataforma, ou realizem uma actividade, apenas para promover a participao, ser contraproducente.

muito importante que os e-formadores monitorizem permanentemente, mas com especial cuidado na fase inicial, a participao dos formandos. No caso de existirem alguns que no participem no incio do curso, ou deixem de participar em determinado momento, devem ser contactados directamente pelo formador, por correio electrnico ou qualquer outro meio (como o telefone), para conhecer as razes dessa ausncia e ajudar a resolver eventuais problemas que a expliquem.

Finalmente, importa referir o aspecto que, de acordo com vrios estudos referidos na literatura especializada e com a minha prpria experincia, o mais valorizado pelos formandos de aces de formao em regime de e-learning: o feedback, ou seja a disponibilidade, resposta e comentrio, dos e-formadores.

Um primeiro aspecto, o tempo de resposta. fundamental que os e-formadores estabeleam, e assumam perante os formandos, um tempo de resposta mximo. Esse tempo deve ser estabelecido com realismo, de forma a nunca ser ultrapassado, mas deve ser to curto quanto possvel (desejavelmente, no mais de 24 ou 48 horas).

Para alm do tempo, a questo da qualidade da resposta e da participao do e-formador determinante para o sucesso dos cursos. As mensagens do(s) e-formador(es), quer as de anncio ou de orientao tcnica, quer as de lanamento, ou ponto de situao e sumrio das discusses e debates nos fruns, devem ser redigidas cuidadosamente, garantindo a correco do contedo e da forma.

Ao mesmo tempo, as respostas, comentrios ou avaliaes s mensagens, actividades e trabalhos dos formandos devem ser relevantes e fundamentadas. Respostas ou comentrios como Bom trabalho, Concordo, A sua questo tem resposta em..., so claramente insuficientes, e podem dar origem sensao (talvez correcta) de que o(s) formador(es) no do importncia e no prestam suficiente ateno ao acompanhamento dos formandos. E no h nada pior para um formando em regime de e-learning, do que sentir-se perdido e desacompanhado no ciberespao...

REFERNCIAS

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