capítulo 2 – da ilustração ao nascimento das ciências sociais

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  • Captulo 2 Da Ilustrao ao nascimento das cincias sociais
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  • 1. Iluminismo: a sociedade inteligvel A Ilustrao, movimento filosfico que sucedeu o Renascimento, baseava-se na firme convico da razo como fonte de conhecimento. Em relao vida social, os filsofos da Ilustrao procuraram entender a sociedade como um organismo vivo composto de partes interdependentes (relaes polticas, jurdicas e sociais). O poder passa a ser entendido como uma construo lgica e jurdica, independentemente de quem o ocupa, de forma temporria e representativa.
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  • Nos sculos XVII e XVIII a sociedade apresentava necessidades urgentes que desafiavam os cientistas. De um lado, melhores condies de vida. De outro, o desenvolvimento tecnolgico capaz de baratear os produtos. A nao deveria se orientar por uma poltica que favorecesse a prosperidade e a acumulao de riqueza e que tivesse no indivduo sua mola mestra. As ideias iluministas de progresso, contudo, conviviam com uma realidade bem menos otimista, que admitia a explorao, a escravido e at mesmo o genocdio. Nas cidades, o desenvolvimento urbano fazia surgir reas degradadas e miserveis.
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  • 2. Liberalismo: a filosofia social dos sculos XVII e XVIII A Ilustrao, tambm desenvolveu o liberalismo movimento filosfico em defesa da liberdade nos mais diversos campos da ao humana: poltico, religioso, econmico e social. O liberalismo correspondeu ao interesse burgus de emancipar-se das amarras da monarquia. Os filsofos da Ilustrao rejeitavam toda forma de controle poltico que interviesse sobre essa racionalidade natural e fsica. O princpio da liberdade admitia que o homem seria capaz de exercer sua soberania.
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  • John Locke, pensador ingls, defendeu a ideia da sociedade resultante da livre associao entre indivduos dotados de razo e vontade que tambm teria uma base contratual que regularia as formas de poder e as garantias da liberdade individual (ex. o respeito propriedade). Recomendava que tais princpios, direitos e liberdades estivessem expressos e garantidos por uma constituio. Jean-Jacques Rousseau, nascido na Suia, foi um dos mais ardorosos defensores dessa ideia. Afirmou que a base da vida social estava no interesse comum e consentimento unnime dos homens em renunciar s suas vontades particulares em favor da coletividade.
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  • Identificou no aparecimento da propriedade privada a fonte de toda diferenciao e injustia social. Tornou-se partidrio de uma sociedade que defendesse princpios igualitrios e cuja organizao poltica tivesse uma base livre e contratual, principais lemas da Revoluo Francesa, que se avizinhava. Esses filsofos entendiam a vida coletiva como a fuso de sujeitos, possibilitada pela manifestao explcita das suas vontades. As ideias de Locke e Montesquieu outro importante pensador da Ilustrao foram a base para a Constituio dos Estados Unidos de 1787 e para o modelo republicano existente at hoje.
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  • Montesquieu pregou a diviso do Estado em trs poderes autnomos o Executivo, o Legislativo e o Judicirio -, que seriam exercidos por diferentes pessoas, recurso necessrio para garantir a distribuio da autoridade em uma nao. Adam Smith foi considerado o fundador da cincia econmica. Na busca por entender a origem da riqueza das naes, Smith identificou no trabalho, ou seja, na produtividade, a grande fonte de produo de valor. O trabalho capaz de transformar matria bruta em mercadoria era responsvel pela riqueza das naes.
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  • 3. O milagre da cincia A filosofia da Ilustrao preparou o terreno para o surgimento das cincias sociais no sculo XIX, lanando as bases para a sistematizao do pensamento cientfico e espalhando otimismo em relao ao mesmo. As questes do mtodo Induo mtodo que concebia o conhecimento como resultado da experimentao contnua e do aprofundamento da manipulao emprica, defendido por Bacon.
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  • Deduo mtodo que propunha uma forma de conhecimento baseada no encadeamento lgico de hipteses elaboradas a partir da razo. Seu principal representante foi Descartes. As primeiras questes que os socilogos do sculo XIX tentam responder so relativas identificao e definio dos fatos sociais e ao mtodo mais apropriado de investigao.
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  • 4. O anticlericalismo Era professado por inmeros filsofos dessa poca, entre os quais se destacava o francs Voltaire. Ferrenho questionador da religio e da Igreja Catlica, chegou a mover aes judiciais para reviso de antigos processos de inquisio. Conseguiu comprovar a injustia de alguns veredictos eclesiais e at obteve indenizaes para as famlias dos condenados. A Igreja foi questionada como fonte de poder secular, poltico e econmico.
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  • Descrena na doutrina e na infalibilidade eclesisticas. Esse processo, denominado por alguns historiadores como laicizao da sociedade e, por outros, descristianizao, atingiu seu apogeu no sculo XIX, quando se desenvolveu o materialismo. A sociedade deixou de ser vista como criao divina e as dificuldades humanas deixaram de ser pensadas como castigo. A cincia parecia ser a nica capaz de explicar a vida, abolir e suplantar as crenas religiosas e at mesmo as discusses ticas.
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  • 5. Iluminismo no Brasil O Iluminismo desenvolveu-se numa poca em que o Brasil era apenas uma colnia submetida s diretrizes do Imprio Portugus e impossibilitada de ter imprensa, livros e universidades. No entanto, com o desembarque de alguns portugueses e com o retorno de colonos que haviam estudado na Europa, o vigor das ideias iluministas chegou at o Brasil.
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  • 6. Da filosofia social sociologia Apesar de cientfico, o estudo da sociedade estava impregnado de valores como a crena na superioridade europeia sobre as demais culturas e o anseio pelo pleno desenvolvimento do capitalismo e sua expanso pelo mundo. Os primeiros sistematizadores do pensamento sociolgico se preocuparam em justificar as diferenas e desigualdades sociais e em estudar a ordem e o progresso.
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  • O processo de transformao social estimulado pelo avano da cincia, da racionalidade e da tecnologia favoreceu no apenas o desenvolvimento manufatureiro como tambm a mecanizao da agricultura, o que acelerou o processo de desenraizamento dos camponeses e o xodo rural. Todas essas transformaes radicais colocavam a sociedade em estado de ateno, exigindo dos governantes e filsofos sociais o desenvolvimento de explicaes racionais para os problemas que surgiam.
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  • O positivismo foi o primeiro a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigao e a definir a especificidade do estudo cientfico da sociedade. Seu principal representante e sistematizador foi o pensador francs Augusto Comte. O nome positivismo tem sua origem no adjetivo positivo, que significa certo, seguro, definitivo. Derivou do cientificismo crena no poder dominante e absoluto da razo humana.
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  • Comte, antes de criar o termo sociologia, chamou suas anlises da sociedade de fsica social. A filosofia social positivista se inspirava no mtodo de investigao das cincias da natureza. A prpria sociedade foi concebida como um organismo constitudo de partes integradas e coesas. O positivismo foi tambm chamado de organicismo.
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  • 7. O darwinismo social Buscava explicar a transformao das sociedades, a revoluo tecnolgica e a industrializao e justificar as diferenas entre as culturas e as relaes intertnicas e internacionais. Essa corrente aplicava s diferentes sociedades as leis de evoluo das espcies biolgicas propostas por Charles Darwin.
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  • No sculo XIX, o capitalismo buscava ultrapassar os limites do continente europeu. O colonialismo foi a sada para a sua expanso, dominando terras e populaes e submetendo-as aos seus interesses. Povos foram dizimados, culturas originais foram reprimidas e o capitalismo espalhou-se pelo mundo. Tornava-se necessrio organizar essas colnias sob novos moldes societrios. A conquista europeia revestiu-se de uma aparncia que ocultava a violncia da ao colonizadora.
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  • Era a misso civilizadora tentando mold-los para se assemelharem sociedade capitalista industrial europeia do sculo XIX. Essa forma de pensar baseava-se na interpretao deturpada das ideias do bilogo Charles Darwin em sua obra A origem das espcies, na qual propunha que as variaes de todas as espcies, inclusive o homem, eram resultado da seleo natural e da adaptao ao meio em que vivem. Tal hiptese resultou numa viso equivocada e evolucionista.
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  • Transposto para a anlise da sociedade, esse princpio resultou no chamado darwinismo social segundo o qual as sociedades se modificam e se desenvolvem, passando de um estgio inferior para outro superior, tornando o organismo social mais evoludo, mais adaptado e mais complexo.
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  • Uma viso crtica do darwinismo social ontem e hoje As transposies de conceitos fsicos e biolgicos para o estudo das sociedades e do comportamento humano promoveu desvios interpretativos graves, que legitimaram aes guiadas por preconceito e interesses particulares. Se o homem constitui biologicamente uma nica espcie, o mesmo no se pode dizer das diferentes culturas que ele desenvolveu. Os princpios de seleo natural so aplicveis quelas espcies incapazes de transformar o ambiente em favor da sua adaptao e sobrevivncia.
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  • Ordem e progresso Augusto Comte foi um dos autores que defendeu a existncia de dois movimentos vitais em uma sociedade: chamou de dinmico o que representava a passagem para formas mais complexas de existncia, como a industrializao; e de esttico o responsvel pela preservao dos elementos permanentes de toda organizao social.
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  • A famlia, a religio, a propriedade, a linguagem e o direito seriam as instituies responsveis por esse movimento esttico de coeso social. Por esse motivo, os movimentos reivindicatrios, os conflitos e as revoltas deveriam ser contidos sempre que pusessem em risco a ordem estabelecida ou o funcionamento da sociedade, ou, ainda, quando inibissem o progresso. Justificava-se a interveno na sociedade sempre que fosse necessrio.
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  • Essas ideias tiveram plena aceitao no sculo XIX, poca de expanso europeia sobre o mundo, mas permanecem vivas e atuantes ainda hoje.