capítulo 1 - terminologia básica dos movimentos

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  • 8/16/2019 Capítulo 1 - Terminologia Básica Dos Movimentos

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    Hamill, Joseph, 1946- - Bases biomecânicas do movimento humano . SãoPaulo: Editora Manole, 1999. Capítulo 1, p. 2-35.

    Notas prévias:Produzido pelos Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia

    da Universidade de Aveiro.Organização da paginação: topo da página, entre parêntesis retos.

    [2]

    Capítulo 1 Terminologia Básica dos MovimentosI. IntroduçãoII. Áreas Centrais de Estudo A. Biomecânica versus Cinesiologia

    B. Anatomiaversus Anatomia FuncionalC. Movimento Linearversus AngularD. Cinemática versus CinéticaE. Estática versus DinâmicaIII. Termos Anatómicos que Descrevem os Movimentos A. Nomes dos Segmentos1. cabeça, pescoço, tronco2. braço, antebraço, mão3. coxa, perna, péB. Termos Anatómicos1. posição inicial fundamentalversus anatómica2. medial versus lateral3. proximalversus distal4. superior versus inferior5. anterior versus posterior6. ventral versus dorsal7. ipsolateral versus contralateralC. Descrição dos Movimentos1. movimentos básicosa) flexão, extensãob) abdução, aduçãoc) rotação medial, lateral2. termos especializados para descrever movimentosa) flexão lateral direita/esquerdab) abdução, adução horizontalc) supinação, pronaçãod) flexão radial, ulnare) flexão plantar, dorsiflexãof) inversão, eversãog) circunduçãoIV. Sistemas de Referência A. Relativoversus AbsolutoB. Planos/Eixos1. grau de liberdadeV. Exemplos de Características do Movimento Articular

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    A. Exemplos de Movimentos Articulares Simples1. movimento passivo versus ativo2. posição versus movimento articular3. exemplo do movimento do antebraço4. exemplo do movimento do braço

    B. Exemplos de Movimentos Articulares Múltiplos1. levantamento de peso - exemplo do agachamento2. exemplo de propulsão na cadeira de rodas3. exemplo de salto carpado4. exemplo de lançamento no beisebolVI. Resumo do Capítulo

    [3]

    Objetivos do Estudante1. Definir mecânica, biomecânica e cinesiologia e diferenciar seus usos naanálise do movimento humano.2. Definir e dar exemplos de movimento linear e angular.3. Definir cinemática e cinética.4. Explicar a diferença entre um sistema de referência relativo e absoluto.5. Definir plano sagital, frontal e transverso e sua correspondência com oseixos frontal, sagital e longitudinal. Dar exemplos de movimentos humanos queocorrem em cada plano.6. Explicar "grau de liberdade" e dar exemplos de graus de liberdadeassociados com várias articulações do corpo.7. Descrever a localização de segmentos ou pontos de referência usandotermos anatómicos corretos como medial, lateral, proximal e distal.8. Identificar segmentos por seu nome correto, definir todos os termos quedescrevem o movimento dos segmentos e dar exemplos específicos no corpo.9. Descrever os movimentos segmentares que ocorrem em uma atividademultiarticular ou prática esportiva.

    IntroduçãoPara iniciar ou rever o estudo de cinesiologia e biomecânica usando este

    livro-texto é necessário ter mente aberta. Lembre-se que o movimento humanoé o tema e o enfoque do estudo tanto da biomecânica como da cinesiologia.Uma compreensão minuciosa dos vários aspectos do movimento humano

    facilitará o ensino, trará êxito ao técnico esportivo, propiciará uma terapia maisbem observada, uma prescrição de exercícios mais consciente e, talvez, novasidéias para pesquisar. O movimento é usado para interagir com o ambiente,seja simplesmente para dar uma volta no parque, fortalecer os músculos emuma mesa de musculação, competir em salto em altura nos jogos estudantis oupara alongar ou reabilitar uma articulação que foi lesada. O movimento, oumobilidade, envolve uma mudança de local, posição ou postura com relação aalgum ponto do ambiente.

    Este livro-texto enfoca o desenvolvimento de conhecimento na área demovimento humano para sentir-se confortável na observação do movimentohumano e solucionar problemas relacionados a ele. Existem muitas

    abordagens diferentes para estudar o movimento, como observar o movimentousando somente o olho humano, ou colhendo dados sobre parâmetros de

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    movimento usando equipamento de laboratório. Observadores diferentes decertas atividades têm também questões diferentes: um técnico pode estarinteressado no resultado final de um saque no jogo de ténis, enquanto umterapeuta pode estar interessado em identificar onde, durante o saque, o atletaestá sobrecarregando o cotovelo medialmente e provocando aquela tendinite.

    Algumas aplicações de biomecânica e cinesiologia somente exigirão uma visãosuperficial do movimento, como na inspeção visual da posição do antebraçonuma tacada de bilhar. Outras aplicações, como ao avaliar as forças aplicadaspela mão no basquete durante o arremesso, irão requerer algum conhecimentoavançado e uso de equipamentos e técnicas sofisticados.

    Um equipamento elaborado não é necessário para aplicar a matéria destelivro, mas será necessário para compreender e interpretar exemplos numéricoscoletados usando esses instrumentos sofisticados. Haverá exemplosqualitativos neste texto em que as características do movimento serãodescritas. Uma análise qualitativa é uma avaliação não numérica do movimentobaseada na observação direta. Esses exemplos podem ser aplicadosdiretamente em uma situação particular de movimento usando observaçãovisual ou vídeo.

    Neste livro apresentaremos também informações quantitativas. Umaanálise quantitativa é uma avaliação numérica do movimento baseada emdados coletados durante o desempenho.

    [4]

    Por exemplo, podem ser apresentadas características do movimento paradescrever as forças, ou os componentes temporais e espaciais da atividade. Aaplicação desse material na prática diária, como no ensino de uma habilidadeesportiva, é mais difícil, já que é mais abstrato e geralmente não pode serobservado visualmente. Contudo, a informação quantitativa é muito importanteporque dá embasamento ao que é observado visualmente em uma análisequalitativa. Serve também para direcionar a técnica de instrução já que umaanálise quantitativa identifica a fonte de um movimento. Por exemplo, ummortal com apoio para frente pode ser avaliado qualitativamente pelaobservação visual enfocando aspectos do tipo se as pernas estão unidas eretas, se a coluna está arqueada, se a aterrissagem é sólida e se o movimentoé rápido ou lento. Mas é por meio da análise quantitativa que a fonte demovimento, a magnitude do torque gerado sobre o solo e o centro de gravidade

    podem ser identificados. O torque não pode ser observado qualitativamente,mas saber que ele é a fonte de movimento ajudará a analisar qualitativamenteos efeitos do torque, o sucesso do mortal com apoio para frente.

    Este capítulo irá introduzir a terminologia que será usada numerosasvezes ao longo do livro. O capítulo começará definindo e introduzindo as váriasáreas de estudo para análise do movimento. Essa será a exposição inicial dasáreas que serão apresentadas com muito maior profundidade mais à frente.Em seguida, este capítulo estabelecerá um vocabulário de trabalho paradescrição dos movimentos apresentando sistemas de referência, termosdescritivos anatómicos, nomes dos segmentos e nomes para todos osmovimentos importantes do corpo. No final do capítulo, você será capaz de

    descrever um movimento ou habilidade usando terminologia e referênciasanatómicas corretas. Serão apresentados numerosos exemplos para ajudá-lo.

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    Por exemplo, uma atividade locomotora comum como o andar pode serestudada usando diferentes abordagens. Na prescrição de exercícios pode serimportante saber quando e quais músculos são usados ao andar. Podetambém ser importante compreender as mudanças no uso dos músculos queocorrem quando um indivíduo caminha subindo ou descendo uma rampa ou

    caminha com pesos nos tornozelos. Para ensinar educação física, pode serimportante compreender a sequência de movimentos articulares quecompreendem o padrão do andar de modo que este possa ser enfatizado paraos estudantes com comprometimentos no desenvolvimento. Também, asimples atividade de andar poderá ser incluída no currículo, e, então, umacompreensão minuciosa das sequências articulares será útil. Além disso,compreender os conceitos básicos de força e sua relação com a caminhada dáembasamento sobre os benefícios de usar essa atividade em vez da corrida,como atividade física, já que andar reduz pela metade as forças que podemcausar lesão. Um fisioterapeuta poderá enfocar um aspecto completamentediferente do andar, concentrando-se na articulação lesada. Por exemplo, aarticulação do quadril poderá estar criando um padrão anormal da caminhada,fazendo o indivíduo "mancar". Sabendo disso, o enfoque poderá ser mudadopara o desenvolvimento de força e flexibilidade ao redor da articulação doquadril de modo que o indivíduo possa recuperar um padrão normal dacaminhada. Por fim, um pesquisador pode interessar-se em medir o andar paraavaliar as forças sobre os pés, forças nas articulações, forças muscularesenvolvidas nos padrões de movimento da caminhada, e medir as velocidadesdo corpo e dos membros. Essas medidas de pesquisa podem servir propósitoscomo a elaboração de um novo calçado para caminhadas, avaliação de ummembro artificial ou descrição da eficiência de vários padrões da caminhada.Este livro-texto irá explorar as ferramentas que podem ser usadas paraconduzir e compreender todas essas avaliações de movimento.

    Áreas Centrais de EstudoBiomecânica versus Cinesiologia

    Entre as pessoas que estudam o movimento humano, com frequência nãohá acordo sobre o uso dos termos "cinesiologia" e "biomecânica". A palavra"cinesiologia" pode ser usada de duas maneiras. Primeiro, cinesiologia é oestudo científico do movimento humano, e pode ser um termo genérico usadopara descrever qualquer forma de avaliação anatómica, fisiológica, psicológicaou mecânica do movimento humano. Um segundo uso do termo é descrever oconteúdo de uma matéria em que o movimento humano é avaliado pelo examede sua fonte e características. Consequentemente, "cinesiologia" tem sidousada por várias disciplinas para descrever muitas áreas com conteúdosdiferentes. Alguns departamentos de educação física têm ido além, dando onome de cinesiologia ao próprio departamento. A matéria cinesiologia podeconsistir, primariamente, de anatomia funcional em uma universidade e serestritamente biomecânica em outra.

    Historicamente, o curso de cinesiologia tem sido parte do currículo dasfaculdades desde que tem existido programas de educação física. A matériaoriginalmente enfocava o sistema músculo-esquelético, eficiência dosmovimentos de um ponto de vista anatómico, e ações articulares e muscularesdurante movimentos simples e complexos. Uma atividade típica dos estudantesno curso de cinesiologia era identificar fases separadas em uma atividade,

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    desenvolver uma forte compreensão da anatomia regional geral de modo queem uma região específica, como o ombro, possam ser identificados os ossos, alocalização dos músculos, sua inervação, seu suprimento sanguíneo e outrasestruturas significantes, como os ligamentos. O conhecimento da anatomiapode ser de grande utilidade quando, por exemplo, tenta-se avaliar uma lesão.

    Nota do revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-1 cuja legenda é: Tipos deanálises do movimento. O movimento pode ser analisado avaliando ascontribuições anatômicas para o movimento (anatomia funcional), descrevendoas características de movimento (cinemática) ou determinando a causa domovimento (cinética).

    [6]

    Digamos que o paciente sente dor na parte interna do cotovelo. Usando umconhecimento de anatomia, o epicôndilo medial do úmero poderá seridentificado como a estrutura óssea proeminente no cotovelo medial. Deve-setambém saber que os músculos que flexionam a mão e os dedos em direçãoao antebraço inserem-se nesse epicôndilo. Assim, a familiaridade com aanatomia pode levar ao diagnóstico de epicondilite medial, possivelmentecausada por uso excessivo dos músculos flexores da mão.

    Anatomia funcional é o estudo dos componentes do corpo necessáriospara obter ou desempenhar um movimento ou função humana. Usando aanatomia funcional para analisar um levantamento de haltere lateralmente como braço, os músculos deltóide, trapézio, levantador da escápula, rombóide esupra-espinhoso são identificados como participantes da rotação para cima eelevação da cintura escapular assim como da abdução do braço. O

    conhecimento da anatomia funcional é útil em uma variedade de situações paracriar um programa de exercícios ou treino com pesos, avaliar o potencial delesão em um movimento ou atividade esportiva, ou quando são estabelecidastécnicas de treinamento e atividades para atletas. A primeira coisa a considerarsob uma perspectiva da anatomia funcional não é a localização do músculo,mas o movimento produzido pelo músculo ou grupo muscular.Movimento Linear versus Angular

    Ao observar o movimento humano ou um objeto sendo movido por um serhumano, dois tipos diferentes de movimento estão presentes. Primeiro seumovimento linear, geralmente chamado movimento de translação, que é omovimento ao longo de uma via curva ou reta. Exemplos que mostramsomente o movimento linear na atividade são o exame da velocidade de umcorredor velocista, a trajetória de uma bola de beisebol, o movimento da barra

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    em um supino ou o movimento do pé durante um "chute sem pulo" no futebolamericano. O enfoque dessas atividades é a direção, trajetória e velocidade domovimento do corpo ou objeto. A FIGURA 1-2 ilustra dois pontos focaisdiferentes para uma análise de movimento linear.

    O centro da massa do corpo, segmento ou objeto é geralmente o ponto

    monitorado em uma análise linear (veja FIGURA 1-2). O centro da massa é oponto sobre o qual a massa do objeto fica equilibrada, e representa o pontoonde o efeito total da gravidade age sobre o objeto. Contudo, qualquer pontopode ser selecionado e avaliado em relação às características de movimentoslineares. Na análise de habilidade, por exemplo, é geralmente muito útilmonitorar o movimento a partir do topo da cabeça para obter uma indicação decertos movimentos do tronco. Um exame da cabeça durante a corrida é umbom exemplo. A cabeça move-se para cima e para baixo? De um lado paraoutro? Se isso ocorre, é uma indicação que a massa central do corpo estámovendo-se também nessas direções. A trajetória da mão ou raquete é muitoimportante em esportes de lançamento ou raquete, sendo útil monitorarvisualmente o movimento linear da mão ou raquete por meio da execução dahabilidade.

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-2 cuja legenda é: Exemplosde movimento linear. Examinar o movimento do centro de gravidade ou atrajetória de um objeto projetado são exemplos de como a análise domovimento linear é aplicada.

    [7]

    Em atividades do tipo corrida de velocidade, o movimento linear do corpo comoum todo é o componente mais importante para analisar já que o objetivo dacorrida de velocidade é mover o corpo rapidamente de um ponto para outro.

    O segundo tipo de movimento é o movimento angular, que ocorre ao redorde algum ponto em que diferentes regiões do mesmo segmento corporal ou

    objeto não se movem pela mesma distância. Como está ilustrado na FIGURA1-3, balançar em uma barra é um movimento angular porque todo o corpo roda

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    ao redor do ponto de contato com a barra. Para fazer uma volta completa, ospés percorrem uma distância muito maior que os braços, pois estão maisdistantes do ponto central. É típico em biomecânica examinar as característicasde movimento linear de uma atividade e, então, fazer uma observação maisatenta dos movimentos angulares que criam e contribuem com o movimento

    linear.Todos os movimentos lineares dos seres humanos, ou objetos movidospor eles, ocorrem como conseqüência de contribuições angulares. As únicasexceções para essa regra são os movimentos como os que ocorrem no esquiaéreo ou na queda livre, onde o corpo é mantido em uma posição para deixar agravidade criar o movimento linearmente descendente, ou casos em que umatração ou empurrão externo movem o corpo ou objeto. É importante identificaros movimentos angulares e a seqüência de movimentos angulares queconstituem uma habilidade ou movimento humano, pois os movimentosangulares determinarão o sucesso ou falha do movimento linear.

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-3cuja legenda é: Exemplosde movimento angular. O movimento angular do corpo, de um objeto ousegmento pode ocorrer ao redor de um eixo que passa por uma articulação (A),pelo centro de gravidade (B) ou sobre um eixo externo (C).

    [8]

    Os movimentos angulares ocorrem ao redor de uma linha imagináriachamada eixo de rotação. O movimento angular de um segmento, como o dobraço, ocorre sobre um eixo que atravessa a articulação. Assim, abaixar ocorpo fazendo um agachamento total acarreta movimento angular da coxa aoredor da articulação do quadril, movimento angular da perna ao redor daarticulação do joelho e movimento angular do pé ao redor da articulação dotornozelo. O movimento angular pode também ocorrer ao redor de um eixo quepassa pelo centro da massa. Exemplos desse tipo de movimento angular são o

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    "salto mortal" e o giro vertical da patinação artística. Finalmente, o movimentoangular pode ocorrer ao redor de um eixo externo fixo, como balançar em umabarra, rodar sobre o pé durante uma corrida ou caminhada, ou balançar naponta da vara no salto com vara.

    Para dominar a análise do movimento humano, é importante a

    identificação das contribuições do movimento angular para o movimento lineardo corpo ou objeto. Isso fica aparente em uma atividade simples como chutaruma bola o mais distante possível. A intenção do chute é fazer sólido contatoentre a trajetória do pé, deslocado em alta velocidade linear e movido nadireção correta, e uma bola de modo a mandar a bola na direção lineardesejada. O movimento linear de interesse é o caminho real e o movimento dabola após deixar o solo. Para criar altas velocidades na direção certa, osmovimentos angulares na perna com a qual se está chutando são seqüenciaise extraem velocidade uns dos outros, de modo que a velocidade do pé édeterminada pela soma das velocidades individuais dos segmentos que seconectam. A perna que chuta move-se em uma fase preparatória e volta paratrás por movimentos angulares da coxa, perna e pé. A perna é jogada para trássob a coxa muito rapidamente à medida que a coxa começa a mover-se parafrente para iniciar o chute. Na fase de potência do chute, a coxa move-sevigorosamente para frente, e rapidamente estende a perna e o pé para frenteem velocidades angulares muito rápidas. Quando é feito o contato com a bola,o pé está se movendo muito rápido, porque as velocidades da coxa e da pernatransferiram-se para o pé. Pela observação cuidadosa do movimento humano,a relação entre movimento angular e linear, mostrada neste exemplo do chute,serve como base para as técnicas usadas para corrigir ou facilitar um padrãode movimento ou habilidade.

    Cinemática versus Cinética A análise biomecânica pode ser conduzida a partir de duas perspectivas. A primeira, cinemática, relaciona-se com as características do movimento, eexamina o movimento a partir de uma perspectiva espacial e temporal semreferência com as forças que causam o movimento. Uma análise cinemáticaenvolve a descrição do movimento para determinar qual a rapidez com que umobjeto está se movendo, qual a altura e a distância que ele atinge. Assim,posição, velocidade e aceleração são componentes de interesse na análisecinemática. Exemplos de análise cinemática linear são o exame dascaracterísticas de projeção de um saltador em altura e o estudo dodesempenho de nadadores de elite. Exemplos de análise cinemática angularsão a observação da seqüência de movimentos articulares do tenista fazendo osaque, e o exame das velocidades e acelerações segmentares em um saltovertical. A FIGURA 1-4 apresenta um exemplo angular e linear da cinemáticano balanceio do golfe. Examinando o movimento angular ou linearcinematicamente, podemos identificar segmentos de um movimento queprecisam de melhoria, podemos obter idéias e aprimoramento de técnicaobservando atletas de elite, podemos dividir uma habilidade em partesidentificáveis e aumentar nossa compreensão do movimento humano.

    Quando se empurra uma mesa, pode-se ou não conseguir movê-la,dependendo da direção e força do empurrão. Um empurrão ou tração entredois objetos que pode ou não resultar em movimento é denominado força. Acinética é a área de estudo que examina as forças que agem sobre umsistema, como o corpo humano ou qualquer objeto. A área de análise cinética

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    do movimento tenta definir as forças que provocam um movimento. A análisecinética do movimento é mais difícil que a análise cinemática, tanto paracompreensão quanto para a avaliação, já que as forças não podem ser vistas(FIGURA 1 -5). Apenas os efeitos das forças podem ser observados!

    Observe alguém levantando uma barra de 100 quilogramas em um

    agachamento. Quanta força foi aplicada? Como a força não pode ser vista, nãoexiste um meio de avaliar a força com precisão a menos que essa possa sermedida usando instrumentos de registro. Uma estimativa provável da forçaseria no mínimo 100 quilogramas, já que esse é o peso na barra. A estimativapoderá estar bastante abaixo do caso real se não se considerar o peso docorpo que foi erguido e a velocidade da barra. As forças produzidas são muitoimportantes já que são as responsáveis pela criação de todos os nossosmovimentos e pela manutenção de posições e posturas quando não hámovimento. A análise dessas forças representa o maior desafio técnico nessecampo já que requer equipamentos e conhecimentos. Assim, para o analista demovimentos novato, os conceitos relacionados com maximizar ou minimizar aprodução de forças no corpo serão mais importantes que a avaliação dasforças propriamente ditas.

    Uma análise cinética pode proporcionar ao professor, fisioterapeuta,técnico ou pesquisador informações importantes sobre como o movimento éproduzido ou como uma posição é mantida. Essa informação pode direcionar ocondicionamento e treinamento para um esporte ou movimento.

    [9]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-4 cuja legenda é: Exemplosde análise cinemática do movimento. Uma análise cinemática é aquela queenfoca a quantidade e o tipo de movimento, a direção do movimento e avelocidade ou mudança de velocidade do corpo ou de um objeto. O exemploacima, tirado do golfe, é apresentado a partir de duas dessas perspectivas: oscomponentes angulares do balanceio do golfe (no alto) e a direção linear evelocidade do taco e da bola (abaixo).

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    Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-5cuja legenda é: Exemplosde análise cinética do movimento. Uma análise cinética é aquela que enfoca acausa do movimento. O exemplo acima, tirado do levantamento de peso,mostra como essa atividade pode ser analisada observando-se as forçasverticais sobre o solo, que produzem o levantamento (linear), e os torquesproduzidos nas três articulações dos membros inferiores, que geram a forçamuscular necessária para o levantamento do peso (reproduzido de Lander,1984).

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    Por exemplo, as análises cinéticas feitas por pesquisadores têm identificadoposições fracas e fortes em vários movimentos articulares. Assim, nóssabemos que iniciar um exercício de "rosca-direta" com pesos, estando com ospesos pendurados e o antebraço estendido, é iniciar na posição mais fraca. Seo mesmo exercício for iniciado com o cotovelo levemente flexionado, mais pesopoderá ser erguido. A área da cinética também identifica as partes importantesde uma habilidade em termos de produção de movimento. Por exemplo, qual amelhor técnica para maximizar um salto vertical? Medindo as forças produzidascontra o solo que são usadas para fazer a impulsão para cima, ospesquisadores encontraram que o salto vertical incorporando uma rápida

    queda, parada e impulsão para cima produz mais forças efetivas no solo queum salto concluído lenta e profundamente.

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    Por fim, a área da cinética tem um papel crucial na identificação deaspectos de uma habilidade ou movimento que tornam o atleta propenso àlesão. Por que 43% dos participantes e 76% dos instrutores de aeróbica de altoimpacto sofrem lesão? A resposta foi claramente identificada pela análisecinética que encontrou que as forças em exercícios aeróbicos de alto impacto

    típicos eram da magnitude de 4-5 vezes o peso corporal. Para um indivíduoque pesa 667,5 newtons (68 quilogramas), a exposição repetida a forças nafaixa de 2670-3337,5 newtons (272-340 quilogramas) contribui em parte paralesão do sistema músculo-esquelético.

    Para compreender completamente todos os aspectos de um movimento,deve ser feito o exame dos componentes cinemáticos e cinéticos. É tambémimportante estudar as relações entre a cinemática e a cinética já que qualqueraceleração de um membro, objeto ou corpo humano é resultado de uma forçaaplicada em algum ponto, em um momento particular, com uma magnitudedeterminada e com uma duração particular. Apesar de haver alguma utilidadeem descrever meramente as características cinemáticas do movimento, umacompreensão minuciosa de um movimento ou habilidade também necessitaque se explore as fontes cinéticas.

    Estática v e r s u s DinâmicaExamine a postura usada para sentar à mesa e trabalhar no computador.

    Existem forças presentes? Sim, mesmo que não haja movimento, existemforças entre as costas e a cadeira, o pé e o solo, assim como forçasmusculares agindo no pescoço para contrapor a gravidade para que a cabeçaseja mantida para cima ao olhar para a tela. As forças estão presentes semmovimento e estão sendo produzidas continuamente para manter posições eposturas que não envolvem movimento. Princípios da área da estática sãousados para avaliar a postura sentada. Estática é o exame dos sistemas quenão estão se movendo ou que estão se movendo em velocidade constante aponto de considerá-los em equilíbrio. Equilíbrio é o estado em que não háaceleração porque as forças que fazem a pessoa ou objeto iniciar, acelerar oudiminuir o movimento estão neutralizadas por forças opostas que as cancelam.

    A estática é também muito útil para determinar sobrecargas sobreestruturas anatômicas do corpo, identificar a magnitude das forças muscularese identificar a magnitude de força que poderia resultar na perda de equilíbrio ecriar movimento no sistema. Quanto de força do deltóide poderia sernecessário para manter o braço levantado ao lado do corpo? Por que é mais

    fácil manter o braço ao lado do corpo se você abaixar ou levantar o braço demodo que ele não fique perpendicular ao corpo? Qual é o efeito de umacurvatura aumentada, ou uma hiperlordose, sobre as forças que agem nasvértebras lombares? Essas questões são do tipo que alguém poderiaresponder usando uma análise estática. Como o caso estático não envolvemudança na cinemática do sistema, uma análise estática é geralmente feitausando técnicas cinéticas para identificar as forças e o local das aplicações deforça responsáveis por manter uma postura, posição ou velocidade constantede um objeto. Contudo, a análise cinemática pode ser aplicada na estática paracomprovar se há equilíbrio na ausência de aceleração.

    Para sair da frente do computador e levantar-se da cadeira, as forças

    precisam ser produzidas no membro inferior e sobre o solo para produzir omovimento de levantamento. Dinâmica é a área da mecânica usada para

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    avaliar esse movimento já que ela examina os sistemas em movimentoacelerado usando tanto a abordagem cinemática quanto cinética para análisedo movimento. Uma análise dinâmica de uma atividade como correr poderiaincorporar uma análise cinemática em que o movimento linear corporal total e omovimento angular dos segmentos poderiam ser descritos e relacionados com

    a análise cinética, que descreveria as forças aplicadas ao solo e nasarticulações de modo a produzir as ações de corrida. Como este livro-textotratará com numerosos exemplos envolvendo movimento de seres humanos ouobjetos movidos por humanos, a área da dinâmica será abordada com detalhesmais à frente em capítulos específicos sobre cinemática linear e angular esobre cinética.

    Termos Anatômicos que Descrevem os MovimentosNomes dos Segmentos

    Para flexionar o braço, o levantamento é feito no cotovelo com pesos na

    mão ou todo o braço é levantado em frente de você? A interpretação dada aosegmento chamado "braço" irá determinar o tipo de movimento realizado. Éimportante identificar corretamente os nomes dos segmentos e usá-los deforma coerente quando se analisa os movimentos.

    [11]

    A interpretação correta de flexionar o braço pode ser levantar todo o braço, jáque braço refere-se ao úmero, não ao rádio e à ulna. Uma revisão dos nomesdos segmentos é indispensável no preparo para o uso mais extensivo deles noestudo da biomecânica.

    Cabeça, pescoço e tronco são segmentos que compõem a parte principaldo corpo e a porção axial do esqueleto. Esta porção do corpo é grande,constituindo mais de 50% do peso de uma pessoa, e geralmente move-semuito mais lentamente que as outras partes do corpo. Devido ao grandetamanho e baixa velocidade, o tronco é um bom segmento para observarvisualmente quando se está aprendendo a analisar o movimento ou quando sequer seguir a atividade corporal total.

    Os membros superior e inferior são denominados porção apendicular doesqueleto. Falando em termos gerais, quando alguém se move para longe dotronco, os segmentos tornam-se menores, mais rápidos, e ficam mais difíceisde serem observados devido ao tamanho e velocidade. No membro superior, oúmero é denominado braço, o rádio e a ulna constituem o antebraço, e oscarpos, metacarpos e falanges são denominados mão. Assim, no exemploacima, o movimento de flexão do braço seria um movimento de levantar omembro superior anteriormente, enquanto a flexão do antebraço descreveriaum movimento na articulação do cotovelo. Os movimentos do braço serãotipicamente descritos como se ocorressem na articulação do ombro, osmovimentos do antebraço serão descritos em relação à atividade na articulaçãodo cotovelo ou radioulnar, e os movimentos da mão serão descritos comrelação à atividade articular do punho. Veja na FIGURA 1-6 uma representaçãográfica dos segmentos

    No membro inferior, o segmento chamado coxa descreve o fêmur, pernadescreve o segmento da tíbia e fíbula, e pé descreve os tarsos, metatarsos efalanges. Adicionalmente, o movimento da coxa será tipicamente descrito como

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    ocorrendo na articulação do quadril, o movimento da perna descrito por suasações na articulação do joelho, e os movimentos do pé são determinados pelaatividade articular do tornozelo.Termos Anatômicos

    A descrição da posição de um segmento ou movimento articular étipicamente expressa com relação a uma posição inicial designada. A posiçãoanatômica é uma referência padronizada usada por muitos anos poranatomistas, biomecânicos e médicos. Nessa posição, o corpo fica ere-to coma cabeça para frente, braços ao lado do tronco e palmas das mãos para frente,e pernas unidas com os pés apontando para frente. Alguns biomecânicospreferem o uso da posição fundamental que é similar à posição anatômicaexceto pelos braços, que ficam mais relaxados ao lado do corpo com aspalmas viradas para o tronco. Seja qual for a posição inicial usada, todas asdescrições de movimento são feitas com relação à essa posição inicial. Asduas posições estão ilustradas na FIGURA 1-6.

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-6cuja legenda é: Posiçãoinicial anatômica versus fundamental. As posições anatômica e fundamentalservem como ponto de referência para a descrição dos movimentos articulares.

    A posição inicial é também chamada de posição zero, ou origem, paradescrição da maioria dos movimentos articulares. Por exemplo, em pé ocorremovimento zero na articulação do quadril. Se a coxa é levantada ou rodadapara dentro ou para fora, a quantidade de movimento é descrita com relação àposição inicial fundamental ou anatômica. A maioria das posições zeroparecem ser bastante óbvias, pois existe, geralmente, uma linha reta entre osdois segmentos de modo que nenhum ângulo relativo é formado entre eles. Umângulo relativo é o ângulo formado entre os dois segmentos. A posição zero notronco ocorre quando ele está na vertical e alinhado com o membro inferior. Aposição zero no joelho é encontrada na postura em pé, sem formar ânguloentre a coxa e a perna. Uma posição zero não tão óbvia é a da articulação dotornozelo, assumida no apoio com o pé em ângulo reto com a perna.

    A descrição do movimento ou localização anatômica pode ser melhorapresentada usando terminologia universalmente aceita e compreendida. Ostermos sobre os movimentos devem se tornar parte de um vocabulário detrabalho, independente do nível de aplicação de cinesiologia requerido. Odesenvolvimento de um conhecimento sólido das características de movimento

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    termo ipsolateral. Ações, posições ou pontos de referência no lado opostopodem ser denominados com o termo contralateral. Assim, quando umapessoa levanta sua perna direita para frente, ocorre atividade muscularextensora no músculo iliopsoas da mesma perna, a perna ipsolateral, e ocorretambém atividade extensora no glúteo médio da perna contralateral para

    manter o equilíbrio e suporte. Na caminhada, enquanto o membro inferioripsolateral desloca-se para frente, o outro membro, o contralateral, estáempurrando o solo para impulsionar a pessoa para frente.Descrição dos Movimentos

    Movimentos Básicos Existem seis movimentos básicos que ocorrem emcombinações variáveis nas articulações do corpo. Os dois primeirosmovimentos, flexão e extensão, são encontrados em quase todas asarticulações sinoviais, ou completamente móveis, do corpo, incluindo osartelhos, tornozelo, joelho, quadril, tronco, ombro, cotovelo, punho e dedos. Aflexão é o movimento de curvar-se em que o ângulo relativo entre dois

    segmentos adjacentes diminui. Extensão é o movimento de endireitamento emque o ângulo relativo entre dois segmentos adjacentes aumenta à medida quea articulação retorna para a posição zero, anatômica. Na FIGURA 1-7 existemvários exemplos de flexão e extensão. Uma pessoa pode também fazerhiperflexão se o movimento de flexão for além dos 180 graus ou além dametade de um círculo. Isso pode somente acontecer quando o braço move-separa frente e para cima em flexão de 180 graus até ficar ao lado da cabeça, e,então, faz uma hiperflexão quando continua a mover-se além da cabeça emdireção às costas. A hiperextensão pode ocorrer em muitas articulaçõesdiferentes à medida que o movimento de extensão continua além da posiçãozero original. É comum ver movimentos de hiperextensão no tronco, braço,

    coxa e mão.No movimento de tocar os dedos do pé com as mãos, ocorre flexão nasarticulações vertebrais, nos ombros e quadris. O retorno à posição eretaenvolve movimentos opostos de extensão vertebral, extensão de quadril eextensão de ombro. A fase de potência de um "jump" no basquetebol éproduzida pela cadência homogênea dos movimentos dos membros inferioresde extensão do quadril, extensão de joelho e extensão de tornozelocoordenados com os movimentos de flexão de ombro, extensão de cotovelo eflexão de punho no membro que está fazendo o arremesso. Este exemploilustra a importância dos movimentos de extensão dos membros inferiores naprodução de potência.

    [13]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-7 cuja legenda é: Movimentos de flexão e extensão. Os movimentos de flexão e extensãoocorrem em muitas articulações do corpo incluindo: as vertebrais, as do ombro,as do cotovelo, as do punho, as metacarpofalângicas, as interfalângicas, as doquadril, as do joelho e as metatarsofalângicas.

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    As extensões dos membros inferiores geralmente servem para produzirimpulsão para cima, trabalhando contra a tração da gravidade. É oposta naarticulação do ombro em que os movimentos de flexão são usadosprimariamente para desenvolver impulsão para cima contra a gravidade demodo a levantar o membro.

    O segundo par de movimentos, abdução e adução, não são tão comunsquanto a flexão e extensão, e ocorrem somente nas articulaçõesmetatarsofalângicas. do quadril, do ombro, do punho e metacarpofalângicas.Vários desses movimentos estão representados na FIGURA 1-8. Abdução é o

    movimento para longe da linha média do corpo ou do segmento. Um exemplo élevantar o braço ou perna para o lado ou separar os dedos da mão ou pé. Ahiptrabdução pode ocorrer na articulação do ombro quando o braço move-sealém de 180 graus lateralmente ultrapassando a cabeça. Adução é omovimento de retorno do segmento para a linha média do corpo ou dosegmento. Conseqüentemente, trazer os braços de volta para o lado do tronco,unir as pernas ou unir os dedos e artelhos são exemplos de adução. Ahiperadução ocorre freqüentemente no braço e coxa quando a adução continuaalém da posição zero, de modo que o membro cruza o corpo. Essesmovimentos de um lado para outro são usados comumente para manter oequilíbrio e estabilidade em habilidades esportivas que utilizam membrosinferior e superior. O controle ou impedimento de movimentos de abdução eadução da coxa são especialmente cruciais para a manutenção da estabilidadepélvica e dos membros durante a caminhada e a corrida.

    Os dois últimos movimentos básicos são as rotações, ilustradas naFIGURA 1-9. As rotações podem ser tanto mediais, também chamadas deinternas, quanto laterais, também chamadas de externas. As rotações sãodenominadas para a direita e para a esquerda somente para cabeça e tronco.Quando se parte da posição fundamental inicial, a rotação medial ou internarefere-se ao movimento de um segmento ao redor do eixo vertical que passapelo segmento de modo que a superfície anterior do segmento move-se emdireção à linha média do corpo enquanto a superfície posterior move-se paralonge da linha média.

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    [14]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-8 cuja legenda é:Movimentos de abdução e adução. Os movimentos de abdução e aduçãoocorrem nas articulações esternoclavicular, do ombro, do punho,

    metacarpofalângicas, do quadril, intertársicas e metatarsofalângicas.

    [15]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-9 cuja legenda é:Movimentos de rotação. A rotação ocorre nas articulações vertebrais, doombro, do quadril e do joelho.

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    Rotação lateral ou externa é o movimento oposto; a superfície anterior move-separa longe da linha média, e a superfície posterior do segmento move-se emdireção à linha média. Como a linha média atravessa os segmentos do tronco eda cabeça, as rotações nesses segmentos são descritas para a esquerda oudireita a partir da perspectiva de quem as realiza. A rotação para a direita é omovimento da parte anterior do tronco de modo que ele fique para a direita,enquanto a parte posterior fica para a esquerda, e a rotação esquerda é omovimento oposto, em que a parte anterior do tronco volta-se para a esquerdae a posterior para a direita. As rotações ocorrem nas articulações dasvértebras, ombro, quadril e joelho. As rotações são muito importantes para osesportes que mexem com o tronco, braço ou coxa. Para o arremesso, o braçoque faz o arremesso gira lateralmente na fase preparatória e gira medialmentenas fases de potência e na de seguimento. O tronco complementa a ação dobraço com rotação direita na fase preparatória (arremesso com a mão direita) erotação esquerda na fase de potência e de seguimento. Do mesmo modo, acoxa direita gira lateralmente na fase preparatória e gira medialmente até quesaia do solo na fase de potência.

    [16]

    Termos Especializados para Descrever MovimentosExistem nomes especializados que se referem a vários movimentos

    segmentares (FIGURA 1-10). Apesar de a maioria desses movimentos

    segmentares estar tecnicamente entre os seis movimentos básicos descritosacima, o nome especializado do movimento é o termo comumente usado pelos

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    profissionais. Flexão lateral direita e esquerda é um nome de movimento quese aplica somente ao movimento da cabeça ou tronco. Quando o tronco ou acabeça inclinam-se para o lado, o movimento é denominado flexão lateral. Se olado direito do tronco ou cabeça move-se de modo que aponte para baixo, omovimento é chamado flexão lateral direita, e vice-versa.

    A cintura escapular tem nomes de movimentos especializados que podemser descritos observando-se os movimentos da escápula. O levantamento daescápula, quando se sobe os ombros, é denominado elevação, enquanto omovimento oposto é denominado depressão. Se as duas escápulas se movemafastando-se uma da outra, como ocorre quando os ombros são rodados, omovimento é denominado protração ou abdução. O movimento de retorno dasescápulas uma em direção à outra com os ombros para trás é chamadoretração ou adução. Finalmente, as escápulas podem fazer um movimento debalanceio de modo que a base da escápula move-se afastando-se do tronco ea ponta superior move-se aproximando-se do tronco. Esse movimento échamado rotação para cima, e o movimento de retorno, quando a escápulavolta à posição de repouso, é denominado rotação para baixo.

    No braço e na coxa, a combinação de flexão e adução é denominadaadução horizontal, e uma combinação de extensão e abdução é denominadaabdução horizontal. A adução horizontal, às vezes chamada de flexãohorizontal, é o movimento do braço ou coxa pelo corpo em direção à linhamédia, usando um movimento horizontal ao solo. Abdução horizontal, ouextensão horizontal, é o movimento do braço ou coxa afastando-se da linhamédia do corpo na direção horizontal.

    Nota de rodapé: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-10 e cuja legenda é: Exemplos de movimentos especializados. Alguns movimentos articulares são designados por nomes de movimentosespecializados, embora possam, tecnicamente, ser um dos seis movimentosbásicos.

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    [17]

    Esses movimentos estão presentes em uma grande variedade de habilidadesesportivas. A ação do braço no lançamento de disco é um bom exemplo do uso

    da abdução horizontal na fase preparatória e da adução horizontal do braço nafase de potência e de seguimento. Muitas jogadas do futebol utilizam aduçãohorizontal da coxa para trazer a perna para cima e cruzar o corpo para umchute ou passe.

    No antebraço, os movimentos de pronação e supinação ocorrem namedida em que a ponta distal do rádio roda por cima e para trás da ulna naarticulação radioulnar. A supinação é o movimento do antebraço no qual apalma roda até ficar voltada para frente, à partir da posição fundamental inicial. A pronação é o movimento no qual a palma vira-se para trás. Os movimentosarticulares de supinação e pronação são também chamados de rotação externae interna, respectivamente. À medida que o antebraço move-se de umaposição supinada para pronada, ele passa pela posição semipronada em que apalma vira-se para a linha média do corpo com os polegares para frente. Asações de pronação e supinação do antebraço são usadas com movimentos derotação do braço para aumentar a amplitude de movimento, acrescentar giro.aumentar a potência e mudar a direção durante as fases de aplicação de forçaem esportes com raquete, voleibol e lançamentos.

    Na articulação do punho, o movimento da mão em direção ao polegar échamado de flexão radial, enquanto o movimento oposto da mão em direção aodedo mínimo é chamado de flexão ulnar. Esses nomes de movimentosespecializados são fáceis de lembrar, pois não dependem da posição doantebraço ou braço, como para interpretar a abdução e adução. e podem serfacilmente interpretados quando é conhecida a localização do rádio (lado dopolegar) e da ulna (lado do dedo mínimo). A flexão ulnar e radial sãomovimentos importantes em esportes com raquete para controle eestabilização da raquete. Também no voleibol, o movimento de flexão ulnar éum componente de valor no passe de antebraço na medida em que ajuda amanter a posição estendida do braço e aumenta e área de contato doantebraço.

    No pé, os movimentos de flexão plantar e dorsiflexão são nomesespecializados para extensão e flexão do pé, respectivamente. A flexão plantaré o movimento em que a base do pé move-se para baixo e o ângulo formado

    entre o pé e a perna aumenta. Esse movimento pode ser criado levantando ocalcanhar de modo que o peso é transferido para cima dos artelhos, oucolocando o pé aplanado sobre o solo em frente e movendo a perna para trásde modo que o peso corporal fique atrás do pé. A dorsiflexão é o movimento dopé para cima em direção à perna que diminui o ângulo relativo entre a perna eo pé. Esse movimento pode ser criado colocando o peso sobre os calcanharese levantando os artelhos, ou mantendo o pé aplanado sobre o chão eabaixando o peso centrado sobre o pé. Qualquer ângulo pé-perna maior que 90graus é denominado de posição plantar flexionada, enquanto qualquer ângulopé-perna menor que 90 graus é denominado dorsiflexão.

    O pé tem outro grupo de movimentos especializados chamado inversão e

    eversão que ocorrem nas articulações intertársicas e metatársicas. A inversãodo pé ocorre quando a borda medial do pé levanta de modo que a sola do pé

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    vira-se para dentro em direção ao outro pé. Eversão é o movimento oposto dopé quando a parte lateral do pé levanta de modo que a sola do pé virá parafora, para o lado oposto do outro pé.

    Geralmente existe confusão quanto ao uso dos termos inversão e eversãoe o uso popularizado de pronação e supinação como termos que descrevem

    movimentos do pé. Os movimentos de inversão e eversão não são os mesmosque pronação e supinação: de fato. eles são somente uma parte dosmovimentos de pronação e supinação. A pronação do pé é, na verdade, umacombinação de movimentos que consistem em dorsiflexão na articulação dotornozelo, eversão nos társicos e abdução do antepé. A supinação é criadapela flexão plantar, inversão dos társicos e adução do antepé. É importanteobservar que pronação e supinação são movimentos dinâmicos do pé e dotornozelo quando o pé está sobre o solo durante uma corrida ou o andar. Essesdois movimentos são determinados pela estrutura e folga do pé, pelo pesocorporal e pelas superfícies de apoio e calçados.

    O último movimento especializado, a circundução, é um movimento quepode ser criado por qualquer articulação ou segmento que tenha o potencial demover-se em duas direções, de modo que o segmento possa ser movido demodo cônico na medida em que a ponta do segmento faz um trajeto circular.Um exemplo de circundução seria colocar o braço à frente e escrever um "O"imaginário no ar. A circundução não é simplesmente uma rotação, mas umacombinação de quatro movimentos criados em combinação seqüencial. Omovimento do braço para criar o "O" imaginário é, na verdade, umacombinação da ação de flexão, adução, extensão e abdução do braço. Osmovimentos de circundução são também possíveis no pé, coxa, tronco, cabeçae mão. Os movimentos de todos os segmentos principais estão revistos naTABELA 1-1.

    Sistemas de ReferênciaRelativo v e r s u s Absoluto

    Para observar e descrever qualquer tipo de movimento com precisão, épreciso estabelecer primeiramente um sistema de referência. O uso demovimentos articulares em relação à posição inicial fundamental ou anatômicaé um exemplo de um sistema de referência simples, já usado neste capítulopara descrever o movimento dos segmentos. Para melhorar a precisão de umaanálise de movimento, um movimento pode ser avaliado a partir de diferentespontos ou posições iniciais.

    [18]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma tabela constituída por 4 colunas e14 linhas que corresponde à TABELA 1-1 e cuja legenda é: Revisão dosMovimentos.Segmento Articulação Gl MovimentosCabeça Intervertebral 3 Flexão, extensão,

    hiperextensão, flexão lateralD/E, rotação D/E,circundução

    Atlantoaxial (3articulações)

    1 cada Rotação D/E

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    Tronco Intervertebral 3 Flexão, extensão,hiperextensão, rotação D/E,flexão lateral D/E,circundução

    Braço Ombro 3 Flexão, extensão,hiperextensão, abdução,adução, hiperabdução,hiperadução, abduçãohorizontal, adução horizontal,rotação mediai/lateral,circundução

    Braço/Cintura Esternoclavicular 3 Elevação, depressãoEscapular Acromioclavicular 3 abdução, adução (protração,

    retração), rotação paracima/para baixo

    Antebraço Cotovelo 1 Flexão, extensão,hiperextensão

    Radioulnar 1 Pronação, supinaçãoMão Punho 2 Flexão, extensão,

    hiperextensão, flexão radial,flexão ulnar, circundução

    Dedos Metacarpofalângica 2 Flexão, extensão,hiperextensão, abdução,adução, circundução

    Interfalângica 1 Flexão, extensão,hiperextensão

    Polegar Carpometacárpica 2 Flexão, extensão, abdução,adução, oposição,circundução

    Metacarpofalângica 1 Flexão, extensãoInterfalângica 1 [sem informação]

    Coxa Quadril 3 Flexão, extensão,hiperextensão, abdução,adução, hiperadução, aduçãohorizontal, abduçãohorizontal, rotaçãomediai/lateral, circundução

    Perna Joelho 2 Flexão, extensão,hiperextensão, rotaçãomediai/lateral

    Pé Tornozelo 1 Flexão plantar, dorsiflexãoIntertársica 3 Inversão, eversão

    Artelhos Metatarsofalângica 2 Flexão, extensão, abdução,adução, circundução

    Interfalângica 1 Flexão, extensãoUm sistema de referência é necessário para especificar a posição do

    corpo, de um segmento ou um objeto para descrever um movimento ouidentificar se ocorreu qualquer movimento. A estrutura ou sistema de referênciaé estabelecida arbitrariamente, e pode estar localizada dentro ou fora do corpo. A estrutura de referência é colocada em um lugar determinado e geralmente

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    consiste de duas a três linhas imaginárias chamadas eixos que seinterseccionam em ângulos retos em um ponto comum denominado origem.Qualquer posição pode ser descrita identificando a distância entre o objeto ecada um dos três eixos. É muito importante identificar a estrutura de referênciausada na descrição do movimento.

    Um exemplo de sistema de referência colocado fora do corpo é a linha desaída em uma corrida de 100 metros. O centro de uma articulação anatômicacomo o ombro pode ser usado como sistema de referência dentro do corpo. Obraço pode ser descrito como movendo-se por um ângulo de 90 graus quandoé abduzido até que fique em ângulo reto com o tronco. Contudo, se o solo éusado como estrutura de referência, o mesmo movimento de abdução do braçopode ser descrito em relação ao solo. como um movimento até a altura de 1,6metro do solo.

    Quando o movimento angular é descrito, as posições articulares.velocidades e acelerações podem ser descritas usando uma estrutura dereferência absoluta ou relativa. Uma estrutura de referência absoluta é aquelaem que os três eixos interseccionam-se no centro da articulação e o movimentodo segmento é descrito em relação àquela articulação. O posicionamentoabsoluto de um braço abduzido perpendicular ao tronco é 0 ou 360 grausdescrito com relação aos eixos que atravessam a articulação do ombro. Umaestrutura de referência relativa é aquela em que o movimento de um segmentoé descrito com relação ao segmento adjacente. Veja na FIGURA 1-11 umexemplo de sistema de referência absoluto e relativo aplicado ao membroinferior. No mesmo exemplo do braço em abdução perpendicular ao tronco, oposicionamento relativo do braço em relação ao tronco é 90 graus. A estruturade referência deve ser claramente identificada de modo que os resultadospossam ser interpretados coerentemente, e como diferentes sistemas dereferência são usados por pesquisadores diferentes, o sistema de referência eo ponto de referência precisam ser identificados antes de comparar econtrastar resultados entre estudos. Por exemplo, alguns pesquisadoresdenominam um antebraço completamente estendido como posição de 180graus, e outros denominam essa posição de zero graus.

    [19]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-11 e cuja legenda é: Estrutura de referência absoluta versus

    relativa. É importante designar a estrutura de referência que você está usandona descrição do movimento. Uma estrutura de referência absoluta mede oângulo segmentar em relação à articulação distal. Uma estrutura de referênciarelativa mede o ângulo formado pelos dois segmentos.

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    Após 30 graus de flexão na articulação do cotovelo, a posição final será 150graus ou 30 graus, respectivamente, de acordo com os dois sistemas descritosacima. Pode haver bastante confusão quando se tenta interpretar um artigousando um sistema de referência diferente daquele do autor.Planos/Eixos

    O método universalmente usado para descrever os movimentos humanosem três dimensões baseia-se em um sistema de planos e eixos. Três planosimaginários são posicionados pelo corpo em ângulos retos de modo que façamintersecção no centro de massa do corpo. O movimento é dito como ocorrendoem um plano específico se estiver ao longo desse plano ou paralelo a ele. Omovimento em um plano sempre ocorre sobre um eixo que corre perpendicularao plano. Veja a ilustração apresentada na FIGURA 1-12. Espete um alfineteem um pedaço de papelão e gire o papelão ao redor do alfinete. O movimentodo papelão ocorre no plano, e o alfinete representa o eixo de rotação. Opapelão pode girar ao redor do alfinete seguro horizontalmente, verticalmente

    ou lateralmente, representando o movimento do papelão nos três planosexistentes. Esse exemplo pode ser aplicado para descrever linhas imagináriaspassando pela articulação do quadril nas mesmas três direções do alfinete,representando flexão da coxa sobre uma linha imaginária que corre de um ladopara outro, abdução sobre uma linha imaginária que corre de frente para trás,rotação sobre uma linha imaginária que corre de cima para baixo.

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àimagem FIGURA 1-12 e cuja legenda é: Plano e eixo. O movimento ocorre emum plano sobre um eixo que corre perpendicular ao plano.

    Esses planos permitem que possamos descrever completamente ummovimento e contrastar um movimento de braço diretamente à frente do corpocom um movimento de braço diretamente ao lado do corpo. Os planos e eixoscolocados sobre o corpo humano para as descrições de movimento estãoapresentados na FIGURA 1-13.

    O plano sagital bissecciona o corpo nas metades direita e esquerda. Osmovimentos no plano sagital ocorrem sobre um eixo frontal ou "z" que vai deum lado para outro. Esses movimentos podem ocorrer sobre um eixo que

    atravessa uma articulação, pelo centro do corpo no centro de massa, ou porum ponto de contato externo, como uma barra fixa. A FIGURA 1-14 exemplifica

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    esses movimentos. A maior parte das análises em duas dimensões dabiomecânica são feitas com movimentos no plano sagital. Exemplos demovimentos no plano sagital ao redor de uma articulação podem ser dadosfazendo movimentos de flexão e extensão, como elevar o braço à frente,inclinar o tronco para frente e para trás, levantar e abaixar uma perna à frente,

    e levantar-se sobre os artelhos. Os movimentos no plano sagital envolvendotodo o corpo rodando ao redor do centro de massa incluem "saltos mortais"sem apoio, "saltos mortais" com apoio e a posição carpada no saltoornamental. Os movimentos do corpo no plano sagital sobre um suporteexterno incluem plantar o pé e girar o corpo sobre o pé, e girar sobre as mãosapoiadas ao saltar um obstáculo. Para obter a vista mais acurada de qualquermovimento em um plano, é preferível uma posição perpendicular ao plano demovimento que permita visualizar o eixo de rotação. Assim, todas as atividadesoferecidas como exemplos de movimentos no plano sagital são melhorvisualizadas estando lateralmente ao corpo para permitir enfoque no eixofrontal de rotação.

    [20]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-13 e cuja legenda é: Planos e eixos no corpo humano. Os trêsplanos cardinais que se originam no centro de gravidade são o plano sagital,que divide o corpo em direita e esquerda, o plano frontal, que divide o corpo emfrente e trás, e o plano transverso, que divide o corpo em parte superior einferior. O movimento ocorre no plano ou paralelo a ele sobre um eixomediolateral (plano sagital), um eixo ântero-posterior (plano frontal) ou eixolongitudinal (plano transverso).

    O plano frontal ou coronário bissecciona o corpo nas metades da frente ede trás. O eixo sobre o qual ocorrem os movimentos no plano frontal é o eixosagital ou "x" que corre anterior e posterior ao plano. Como os movimentos noplano sagital, os movimentos no plano frontal podem ocorrer sobre uma

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    articulação, sobre o centro de massa do corpo, ou sobre um ponto de contatoexterno (FIGURA 1-15). Movimentos articulares característicos no plano frontalincluem abdução/adução de coxa. flexão lateral de cabeça e tronco, e inversãoe eversão do pé. Os movimentos no plano frontal de todo o corpo sobre ocentro de massa não são tão comuns quanto os movimentos nos outros

    planos, mas podemos exemplificá-los com os movimentos aéreos. Omovimento no plano frontal sobre um ponto externo de contato pode ser vistocom freqüência na dança e balé, especialmente quando os dançarinos movem-se lateralmente a partir de um ponto pivô, ou na ginástica em que o corpo giralateralmente sobre a mão, como na "roda". Para visualizar os movimentos noplano frontal, enfocando a articulação ou o ponto sobre o qual todo o corpoestá girando, a melhor posição é na frente ou atrás do corpo.

    O plano transverso ou horizontal bissecciona o corpo em partes superior einferior. Os movimentos que ocorrem nesse plano são primariamente rotaçõessobre um eixo longitudinal, vertical ou "y". Exemplos de movimentos queocorrem no plano transverso sobre os eixos verticais das articulações são asrotações nas articulações vertebrais, do ombro e do quadril. A pronação esupinação do antebraço nas articulações radioulnares são também ummovimento no plano transverso. O eixo para todos esses movimentos é umalinha imaginária que corre verticalmente descendo pelas articulaçõesvertebrais, do ombro, radioulnar ou do quadril. Um exemplo de plano demovimento transverso sobre o centro de massa do corpo seria girarverticalmente ao redor do corpo no ar (FIGURA 1-16). Esse é um movimentomuito comum na ginástica, dança e patinação no gelo. Existem tambéminúmeros exemplos na dança, patinação ou ginástica em que o atleta fazmovimentos no plano transverso sobre um eixo externo que passa por umponto pivô entre o pé e o solo. Todos os movimentos de giro que fazem o corpogirar sobre o solo ou sobre o gelo são exemplos. Apesar de os movimentos noplano transverso serem aspectos muito vitais da maioria das habilidadesesportivas de sucesso, esses movimentos são difíceis de acompanharvisualmente já que o melhor posicionamento para vê-los é por cima ou porbaixo do movimento para ficar perpendicular ao plano de movimento.Conseqüentemente, os movimentos de rotação são avaliados seguindo omovimento linear de algum ponto sobre o corpo caso não seja possível oposicionamento vertical.

    A maioria dos movimentos humanos ocorre em dois ou mais planos nasvárias articulações. Na corrida, por exemplo, o membro inferior parece mover-

    se predominantemente no plano sagital à medida que o membro inferiorbalança para frente e para trás no ciclo. Quando se examina com cuidado osmembros e articulações, encontra-se movimentos em todos os planos. Naarticulação do quadril, por exemplo, a coxa faz flexão e extensão no planosagital. abduz e aduz no plano frontal, e gira interna e externamente no planotransverso. Se os movimentos humanos fossem confinados a um único planode movimento, pareceríamos robôs quando desempenhássemos nossashabilidades ou movimentos articulares. Examine o movimento em trêsdimensões de um lançamento sobre o ombro apresentado na FIGURA 1-17.Observe o posicionamento para visualizar o movimento em cada um dos trêsplanos.

    [21]

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    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-14 e cuja legenda é: Movimentos no plano sagital. Os movimentosno plano sagital são tipicamente flexões e extensões, ou algum exercício demortal para frente ou para trás. Os movimentos podem ocorrer sobre um eixo

    articular, sobre o centro de gravidade ou sobre um eixo externo.

    O movimento em um plano pode também ser descrito como um grau deliberdade (gl) único. Essa terminologia é usada geralmente para descrever otipo e quantidade de movimento permitidos estruturalmente pelas articulaçõesanatômicas. Um gl 1 para uma articulação indica que a articulação permite queo segmento se mova por um plano de movimento. Uma articulação com gl 1 étambém denominada uniaxial, já que há um eixo, perpendicular ao plano demovimento, sobre o qual ocorre o movimento. Uma articulação com gl 1, ocotovelo, somente permite flexão e extensão no plano sagital.

    Convencionalmente, a maioria das articulações é considerada como tendograu 1, 2 ou 3 de liberdade oferecendo movimento potencialmente uniaxial,biaxial ou triaxial, respectivamente. O ombro é um exemplo de articulação comgl 3 porque permite que o braço se movimente no plano frontal pela abdução eadução, no plano sagital pela flexão e extensão, e no plano transverso pelarotação.

    Articulações com gl 3 no corpo incluem as articulações vertebrais, as doombro e as do quadril; articulações com gl 2 incluem joelho,metacarpofalângicas. punho e carpometacárpicas do polegar; articulações comgl 1 incluem atlantoaxial, interfalângicas, cotovelo, radioulnar e tornozelo. O gl 3nem sempre implica maior mobilidade, mas indica que a articulação permitemovimento nos três planos. O ombro é muito mais móvel que o quadril, emboraambos sejam articulações triaxiais e capazes de realizar os mesmosmovimentos. Os movimentos de tronco, embora classificados como tendo gl 3,são bastante restritos quando se avalia o movimento no nível de uma únicavértebra. Por exemplo, as áreas lombar e cervical das vértebras permitem que

    o tronco flexione e estenda, mas esse plano de movimento é limitado na porçãotorácica média das vértebras. Do mesmo modo, as ações de rotação do tronco

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    ocorrem primariamente nas regiões torácica e cervical já que a região lombarapresenta potencial limitado no plano horizontal. Somente a combinação detodos os segmentos vertebrais permite o movimento com gl 3 produzido nacoluna.

    [22]Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-15 e cuja legenda é: Movimentos no plano frontal. Os movimentossegmentares no plano frontal sobre eixos articulares ântero-posteriores sãoabdução e adução, ou algum movimento especializado no sentido lateral. Osmovimentos no plano frontal sobre o centro de gravidade ou sobre um pontoexterno envolvem movimentos laterais do corpo, que são mais difíceis que osmovimentos ântero-posteriores.

    Existem também movimentos adicionais de deslizamento que ocorrempelas superfícies articulares e podem ser interpretados como acrescentandomais graus de liberdade àqueles definidos na literatura. Por exemplo, aarticulação do joelho é considerada com tendo gl 2 devido aos movimentos deflexão/extensão no plano sagital e rotações no plano transverso. Contudo, aarticulação do joelho também apresenta translação linear e sabe-se bem queexiste movimento na articulação no plano frontal quando as superfíciesarticulares deslizam uma sobre a outra para criar movimentos de translação deum lado para outro. Apesar desses movimentos terem sido medidos e seremrazoavelmente significantes, eles não têm sido reconhecidos como um grau deliberdade adicional para a articulação. Os graus de liberdade para a maioria

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    das articulações do corpo estão incluídos no gráfico de revisão dosmovimentos apresentado na TABELA 1-1.

    Uma cadeia cinemática deriva da combinação de graus de liberdade nasvárias articulações para produzir uma habilidade ou movimento. A cadeia é asoma dos graus de liberdade em articulações adjacentes e identifica os graus

    totais de liberdade disponíveis ou necessários para o desempenho de ummovimento. Por exemplo, chutar uma bola envolveria um sistema de elos comgl 11 em relação ao tronco, já que gl 3 poderia ser usado para o quadril, gl 2para o joelho, gl 1 para o tornozelo, gl 3 nos társicos e gl 2 nos artelhos.

    [23]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à FIGURA 1-16 e cuja legenda é: Movimentos no plano transverso. Osmovimentos no plano transverso são geralmente rotações que ocorrem sobreum eixo longitudinal que passa através de uma articulação, do centro degravidade ou de um ponto de contato externo.

    Exemplos de Características do Movimento Articular

    Exemplos de Movimentos Articulares SimplesO conhecimento das características de movimento de uma articulaçãoespecífica é valioso na implementação de um programa de alongamento,fortalecimento ou reabilitação. O método mais seguro de alongar ou fortalecer amusculatura de um segmento é mover o membro pela amplitude de movimentodo segmento em um plano de movimento usando somente gl 1 na articulação.Enquanto os movimentos planares simples não são transferidos diretamentepara padrões complicados em uma habilidade esportiva que utiliza tipicamentepadrões diagonais por dois ou três planos, o movimento uniaxial é aabordagem comumente usada para condicionamento e reabilitação. Isso ocorreporque o movimento por um plano permite melhor isolamento dos gruposmusculares que estão arranjados em compartimentos funcionais nasarticulações da frente, de trás e dos lados. É também mais seguro, já que o

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    movimento por mais de um plano pode criar sobrecarga na articulação emusculatura adjacente.

    Apresentamos aqui dois segmentos e suas características de movimento.Uma apresentação mais detalhada de todos os segmentos pode serencontrada nos capítulos sobre componentes músculo-esqueléticos dos

    segmentos e articulações do corpo. As características de mobilidade ativa decada articulação serão examinadas. A amplitude de movimento produzidaativamente indica a mobilidade articular associada a uma contração muscularvoluntária. Outra técnica comum, a amplitude de movimento passiva, é medidamovendo o membro por uma amplitude de movimento com força externaproveniente do fisioterapeuta, em vez de um esforço muscular do participante.Esta técnica analisa o potencial de movimento na articulação. Outra discussãoimportante é a diferença entre posição segmentar e movimento. Por exemplo,quando se inclina para frente dobrando a cintura e mantém-se a posição, tantoesse movimento como a posição final quanto a própria posição sãodenominados flexão de tronco. O retorno à posição inicial, porém parandoantes de atingir a posição ereta, seria ainda uma posição de flexão de tronco,mas o movimento para chegar a essa posição seria a extensão do tronco. Asposições são apresentadas em análises estáticas para determinar, porexemplo, as forças sobre as articulações, enquanto os movimentos são usadosnas análises dinâmicas para interpretar componentes cinéticos e cinemáticosdo movimento.

    [24]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-17e cuja legenda é: Movimentos nos três planos. A maioria dosmovimentos humanos emprega movimentos nos três planos. A fase deliberação no lançamento alto mostrado acima ilustra movimentos que ocorremnos três planos. Observe que os movimentos no plano sagital são visualizadospelo lado, os movimentos no plano frontal são visualizados por trás, e osmovimentos no plano transverso são visualizados por cima.No PLANO SAGITAL são representados os movimentos de flexão e extensão;no PLANO FRONTAL são representados os movimentos de abdução, aduçãoe flexão lateral do tronco; no PLANO TRANSVERSO é representado omovimento de rotação.

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    O primeiro exemplo de segmento que apresentaremos é o antebraço. um

    segmento que fica confinado ao movimento em dois planos com respeito àposição anatômica. Apresentaremos uma descrição cinemática dosmovimentos do antebraço usando a informação sobre a estrutura de referênciada posição anatômica, o movimento angular relativo a essa posição,terminologia do movimento articular, e os três planos de movimento. Osmovimentos de flexão e extensão no plano sagital que ocorrem na articulaçãodo cotovelo têm gl 1 (FIGURA 1-18).

    [25]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-18 e cuja legenda é: Movimento articular simples: o antebraço. Aflexão e extensão do antebraço ocorre no plano sagital sobre um eixomediolateral que atravessa a articulação do cotovelo. A pronação e supinaçãodo antebraço ocorre no plano transverso sobre um eixo longitudinal que passapelas articulações radioulnares.

    O antebraço pode ser flexionado cerca de 140 a 160 graus antes que sejaimpedido por resistência considerável dos tecidos moles. O segmento estende-

    se voltando para a posição anatômica e. para alguns indivíduos, pode ir alémda posição anatômica em hiperextensão (5 a 10 graus) se as características

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    estruturais posteriores da articulação permitirem. O antebraço pode tambémmover-se no plano transverso por movimentos de pronação e supinação quesão produzidos nas articulações radioulnar superior e inferior (gl 1). Oantebraço pode ser pronado ou supinado de modo que a mão gire em 180graus a partir da posição anatômica. Os movimentos do antebraço são

    componentes importantes para muitas habilidades esportivas envolvendo omembro superior. No padrão típico de lançamento sobre o ombro, o antebraçoflexiona e faz pronação na fase preparatória e estende-se, às vezes, com aindamais pronação nas fases de potência e de seguimento. O movimento deextensão do antebraço é um componente significante da fase de aplicação deforça de muitas atividades esportivas. O movimento de pronação do antebraçoé importante tanto na aplicação de força quanto na aquisição da direção oucolocação correta da mão ou raquete.

    Enquanto os movimentos do antebraço são contidos dentro de dois planosprimários, o sagital e o transverso, o antebraço pode ser orientadotridimensional mente no espaço pelo braço de modo que o segmentopropriamente dito possa mover-se por qualquer um dos três planos oudiagonalmente pelos dois planos com referência ao corpo como um todo. Esseé um bom exemplo de cadeia cinemática, ilustrando a contribuição daarticulação tridimensional do ombro com os movimentos do antebraço. Émelhor identificar primeiro os planos e graus de liberdade do antebraço comrespeito à posição anatômica antes de tentar descrever as características doantebraço quando está posicionado no espaço pelo braço.

    As características de movimento do segmento mais móvel do corpo, obraço, são complexas. O braço move-se na articulação do ombro em trêsplanos de ação diferentes (gl 3). A partir da posição fundamental, o braçoeleva-se para frente em flexão no plano sagital subindo até completar 180graus encontrando-se ao lado da cabeça. Na verdade, o segmento podemover-se por somente aproximadamente 150 a 160 graus de movimento antesque sejam necessários movimentos auxiliares como extensão de tronco ouinclinação lateral para atingir os últimos graus (FIGURA 1-19). Qualquerhiperflexão visualmente aparente quando o braço vai além dos 180 graus demovimento não é resultado de um movimento puro do braço e, sim, ummovimento criado nas articulações adjacentes. O braço estende-se voltandopara a posição inicial e pode continuar até aproximadamente 50 a 60 graus dehiperextensão.

    No plano frontal, o braço pode abduzir 160 a 170 graus para os lados

    antes que os movimentos de tronco assistam para trazer o braço para cima até180 graus ou mais em hiperabdução. No movimento de volta, o braço pode seraduzido em 50 a 75 graus de hiperadução. No plano transverso, o braço podegirar externamente aproximadamente 90 graus e girar internamente cerca de90 graus.

    [26]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-19 e cuja legenda é: Movimento articular simples: o braço. A flexãoe extensão do braço ocorre no plano sagital sobre um eixo mediolateral que

    atravessa a articulação, e é melhor visualizado pelos lados. A abdução eadução ocorrem no plano frontal sobre um eixo ântero-posterior, fazendo com

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    que a melhor visualização seja pela frente ou por trás. As rotações ocorrem noplano transverso sobre o eixo longitudinal e são melhor visualizadas por cima.

    Em muitas atividades esportivas, o braço irá mover-se por dois ou trêsplanos de movimento durante desempenhos habilidosos. Por exemplo,enquanto um rebatetor de beisebol faz o balanceio com a mão direita, o braçoesquerdo abduz horizontalmente e possivelmente gira externamente para longedo corpo enquanto o braço direito faz adução horizontal e possivelmenterotação interna em direção ao corpo. Para o padrão de lançamento por cima doombro visto no beisebol e em muitos esportes com raquete, o braço que lançairá mover-se por múltiplos planos de movimento, exibindo abdução, abduçãohorizontal e rotação externa no preparo fazendo balanceio para trás; extensãoou adução, adução horizontal e rotação interna na fase de aplicação de força; eextensão ou adução e rotação interna na fase de seguimento. Como o braço écapaz de gl 3. essa é uma articulação complexa em termos de movimentopotencial e características. O que aumenta a complexidade é o fato de quetodos os movimentos de braço são assistidos por movimentos na cinturaescapular; conseqüentemente, os movimentos do braço não podem serinterpretados isoladamente. A relação entre os movimentos do braço e dacintura escapular ficará mais clara em um capítulo à frente.Exemplos de Movimentos Articulares Múltiplos

    A maior parte dos movimentos humanos ou habilidades esportivas sãodifíceis de observar ou analisar porque englobam múltiplos segmentos que semovem individualmente usando gl 1 ou 2. A contribuição e envolvimentos dos

    segmentos adjacentes é muito importante; por exemplo, um chute de futebolnão pode ser analisado apenas monitorando o movimento do pé. A perna,coxa, tronco e mesmo os braços precisam também ser analisados quanto asua influência no movimento e posicionamento do pé. As seções seguintesapresentarão características de movimento corporal total para uma variedadede habilidades esportivas desde atividades simples envolvendo um númerolimitado de segmentos e movimentos predominantemente em um plano atéatividades complexas envolvendo múltiplos segmentos e múltiplos planos demovimento. Todos os exemplos serão analisados com respeito à posiçãoanatômica inicial.

    O agachamento é uma atividade simples que envolve posicionamento dosmembros superiores, leve movimento de tronco e movimento significante dostrês segmentos inferiores: coxa, perna e pé. As fases diferentes do exercício de

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    agachamento estão representadas na FIGURA 1-20. Observe essa figura paraacompanhar a descrição dos movimentos dada a seguir. Com a pessoa em péereta e uma barra nos ombros, o tronco é mantido em posição neutra oumovido em leve flexão, a cabeça é hiperestendida ou mantida em posiçãoneutra, os braços são abduzidos ou rodados externamente, as cinturas

    escapulares são elevadas e rodadas para cima, o antebraço faz flexão epronação, a mão é mantida em posição neutra e os dedos são flexionados aoredor da barra. Antes de iniciar a descida, os segmentos do membro inferiorficam todos em posição neutra, exceto a coxa, que é levemente abduzida paraseparar os pés na distância que há entre os ombros, propiciando estabilidade.Na descida, o membro superior e o tronco são mantidos na posição inicial omáximo possível. O tronco terá tendência de flexionar-se, e esse movimentodeverá ser controlado para que haja pouca sobrecarga na coluna lombar. Omembro inferior progride lentamente com flexão crescente de coxa. flexão deperna e dorsiflexão até que seja atingida a posição mais baixa. O movimentode retorno constitui-se no reverso dos movimentos, fazendo extensão de coxa,extensão de perna e flexão plantar até que a posição neutra inicial ou eretaseja alcançada.

    A propulsão na cadeira de rodas é uma atividade exatamente oposta aoagachamento, usando o membro superior, especificamente cintura escapular,braço, antebraço e mão. para gerar os movimentos que impulsionam a cadeirade rodas. Esse movimento em uma cadeira de rodas comum é diferente defazer o mesmo com uma cadeira de corrida ou cadeira esportiva, devido àsdiferenças no design. As cadeiras de rodas comuns têm a distância entre oseixos mais estreita e a roda fica alinhada verticalmente. A força aplicada ao aroé vertical. Em uma cadeira de corrida, a distância entre os eixos é muito maislarga e a roda inclina-se medialmente, tornando a largura de cima muito menorque a da base.

    [27]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-20 e cuja legenda é: Movimento em múltiplas articulações: oagachamento. O desempenho do exercício de agachamento utiliza múltiplasarticulações no corpo. Embora as articulações dos membros inferiores sejamprimariamente responsáveis pelo movimento, o membro superior e troncoestão envolvidos na estabilização. O levantamento começa com a barra

    apoiada na parte superior das costas (#1 acima), a pessoa lentamente abaixa-se em flexão (descendente - #1-3), e então estende-se de volta à posiçãoinicial (ascendente #3-5).

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    Trazendo a parte de cima mais próxima ao membro superior, o impulso é feitodiagonalmente, sendo muito mais eficiente. O assento em uma cadeira decorrida é geralmente mais alto na frente, colocando os joelhos para cima. Issofacilita a flexão de tronco, dá uma posição mais aerodinâmica, e coloca osbraços em uma posição mais eficiente para empurrar. Para ver mais de pertoos movimentos que são gerados com a propulsão de uma cadeira de rodas decorrida, observe a FIGURA 1-21.

    A propulsão da cadeira vem da tração gerada no membro superior. Oimpulso começa com o membro superior posicionado atrás do corpo com umaadução e elevação da cintura escapular. hiperextensão de braço, flexão doantebraço e flexão radial da mão. O tronco é também flexionado permitindo queos braços hiperestendam ainda mais. A cabeça é hiperestendida para olhar nadireção do percurso. O impulso é iniciado a partir dessa posição pelosmovimentos de abdução da cintura escapular. flexão do braço, extensão doantebraço e flexão ulnar da mão. A força da mão sobre o aro é aplicada poraproximadamente 200 graus para corrida. (O impulso para saídas curtas emuma cadeira de rodas comum será para a menor distância, entre 90 e 110graus.) Quando o impulso estiver completo, o membro superior estará próximoda posição anatômica, com somente leve hiperex-tensão de braço, leve flexãodo antebraço e flexão ulnar da mão.

    A fase seguinte é a fase de recuperação, em que o braço é trazido de

    volta para o início da fase de impulsão deslizando a mão ao longo do aro. Osmovimentos aqui são adução e elevação da cintura escapular, hiperextensãodo braço, flexão de antebraço e flexão radial da mão. O tronco pode tambémassistir nesse movimento estendendo-se levemente.

    Uma atividade que envolve todo o corpo é o mergulho vertical notrampolim, ilustrado na FIGURA 1-22. Essa habilidade é primariamenteconfinada ao movimento em um plano, mas envolve mais fases e segmentosna atividade. Iniciando com a fase de contato do pé antes da largada, 0trampolim sofre uma deflexão para baixo enquanto o tronco flexiona-selevemente com a cabeça na posição neutra, os braços hiperestendidos, ascinturas escapulares aduzidas, o antebraço mantido na posição semipronada e

    as mãos permanecendo em posição neutra. O membro inferior move-se emflexão de quadril, flexão de joelho e dorsiflexão.

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    [28]

    Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde àFIGURA 1-21 e cuja legenda é: Movimento articular múltiplo: propulsão da

    cadeira de rodas. A propulsão da cadeira de rodas requer coordenação dosmovimentos no membro superior. As mãos ficam apoiadas no aro e empurrampara frente por 120-220 graus na fase de potência. Ocorre uma rápidarecuperação à medida que a mão é trazida de volta para iniciar a fase deimpulso novamente.

    Antes que o trampolim atinja o máximo de deflexão, o movimento do corpopara cima inicia-se à medida que o tronco se estende, os braços começam aflexionar para frente, as cinturas escapulares seguem com rotação para cima,elevação e abdução, os antebraços flexionam e as mãos são mantidas namesma posição. Os braços continuam a flexionar, giram internamente, osantebraços estendem-se e começam a pronar até que os braços fiquem acima

    da cabeça e o mergulhador deixe o trampolim. A parte inferior do corpoimpulsiona-se sobre o trampolim com extensão de quadril, extensão de joelho eflexão plantar que são iniciadas antes da deflexão máxima e continuam até queo saltador deixe o trampolim.

    Uma vez no ar, o saltador mantém o braço na posição de largada jádescrita ao lado da cabeça, enquanto o tronco e a coxa flexionam para assumira posição de ponta. Na posição de ponta, os joelhos são mantidos em posiçãoneutra e os tornozelos flexionam plantarmente. Na preparação para entrar naágua, todas as posições articulares são mantidas, exceto a extensão da coxa edo tronco que voltam para a posição neutra. Embora um mergulho envolvamuitos segmentos do corpo, é ainda simples de ser analisado porque o

    movimento ocorre primariamente em um plano, e os membros superiores einferiores realizam os mesmos movimentos ao mesmo tempo no evento.O exemplo final de movimento, o lançamento no beisebol, é uma atividade

    complexa para analisar porque envolve numerosos segmentos, múltiplosplanos de atividades, múltiplas fases e os membros direito e esquerdo nãoapresentam as mesmas características de movimento. Novamente, existemmuitas variações individuais na habilidade de lançamento do beisebol. Umavariação comum será apresentada neste exemplo de um lançador destro(FIGURA 1-23).

    Na fase preparatória quando o arremessador faz o windup(balanceio paratrás e para cima) e cocking (posicionamento ereto pronto para lançar) do braço,o movimento inicia-se quando a perna da frente, ou a que dá a passada, fazimpulsão no solo usando os movimentos de extensão de coxa, extensão de

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    perna e flexão plantar. A mesma perna é então rapidamente levantada emovida em direção ao corpo pela flexão de coxa, adução horizontal da coxa erotação interna da coxa. Os outros segmentos do membro são movimentadospara uma posição de flexão de perna e posição neutra do pé. À medida que opeso é transferido para trás ou para o membro de apoio, a coxa gira

    externamente e flexiona levemente, a perna flexiona levemente, e o pé fazdorsiflexão. O tronco gira aproximadamente 90 graus para a direita enquanto acabeça mantém a posiç�