capitalismo e serviço social
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Capitalismo e Serviço Social: algumas notas
Discentes: André Luciano da SilvaSandra Barbosa Santana
Facilitadora: Profa. Dra. Rosa Lúcia Prédes Trindade
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFALFACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL - FSSO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL – PPGSSSERVIÇO SOCIAL E RELAÇÕES SOCIAIS
Discutir a relação entre Capitalismo e Serviço Social
em alguns teóricos fundamentais na literatura da profissão (Iamamoto, Netto e Martinelli) afim de tecer algumas notas acerca desta relação;
Para isso, partiremos da exposição das teses centrais dos autores acima buscando compreender se há congruências ou discrepâncias entre elas;
Por fim, aberto ao diálogo buscaremos ampliar a discursão.
Objetivo e metodologia
O capital é uma relação social que abarca a produção e a reprodução das forças produtivas e
espirituais (formas de consciência social; jurídica, religiosa ou filosófica); o capitalismo, por sua vez, é um modo de produção nascido da penetração do capital na esfera da produção;
A “questão social” consiste nas expressões oriundas do processo de formação e desenvolvimento do proletariado, e do seu ingresso político na sociedade que reivindicava ações para além da caridade e da repressão;
Os serviços sociais são oriundos do desenvolvimento da ideia de cidadania, que antes só compreendia os direitos individuais e os direitos políticos, além da perda da força do liberalismo e com a progressiva intervenção do Estado na sociedade civil;
Contudo, eles são nada mais que uma parcela do valor produzido pelos trabalhadores, parcelas que são apropriadas pelo Estado e que é desenvolvido a toda a sociedade sobre a forma de serviços sociais;
Assim, o Estado é o principal empregador dos assistentes sociais, pois o processo de institucionalização desta profissão encontra-se vinculado ao crescimento das grandes instituições de prestação de serviços sociais e assistenciais geridas ou subsidiarias pelo Estado.
Capitalismo e Serviço Social: Iamamoto
O Serviço Social se desenvolve como profissão com o próprio desenvolvimento
capitalista industrial, com a expansão urbana e com a constituição e expansão do proletariado e da burguesia industrial;
Ele – o Serviço Social – nasce como uma exigência social - da sociedade do capital – pois, esta cria novos impasses, os quais necessitam de profissionais qualificados;
Como uma especialização do trabalho coletivo pertence à divisão social do trabalho, dentro da sociedade industrial; assalariado e tendo o Estado como principal empregador;
A profissão age tanto pelas demandas do capital como a do trabalho, mediando o seu oposto, ou seja, participa dos mecanismos de dominação e exploração, assim como atende as necessidades de sobrevivência do trabalhador;
Essa ação profissional mediadora, ao mesmo tempo em que reproduz os antagonismos de classes, reproduz a forma social capitalista. Age como processo/instrumento de reprodução do sistema capitalista.
Capitalismo e Serviço Social: Iamamoto
O capitalismo monopolista é compreendido no último quartel do século XIX, estágio imperialista
(Lênin), período histórico em que o capitalismo concorrencial sucede ao capitalismo dos monopólios. Já Ernest Mandel entende este período entre 1890 e 1940;
Sua máxima é o acréscimo dos lucros mediante o controle dos mercados. E daí surgem duas consequências: a super-capitalização – que é a dificuldade de valorização do montante de capital – junto ao parasitismo da burguesia, e a ascensão das profissões improdutivas stricto sensus – “setor terciário”;
Neste ambiente, o Estado é tido como um mecanismo de intervenção extra econômica. Sua função essencial é garantir os superlucros dos monopólios. Ele buscará propiciar o conjunto de condições necessárias à acumulação e à valorização do capital monopolista;
E numa dessas condições está à reprodução da força de trabalho e a sua conservação física,
ameaçada pela super-exploração do capitalismo monopolista;
Daí temos as políticas sociais que surgem na sociedade burguesa com a emergência do capitalismo monopolista e do crescimento das expressões da questão social, que passam a ser administradas pelo Estado;
Obviamente, outro fator importante é que a capacidade de organização da classe operária e do conjunto dos trabalhadores foram fundamentais para a implantação das políticas sociais.
Capitalismo e Serviço Social: Netto
O estilo de pensar o social na sociedade burguesa imperialista encontra-se no positivismo, onde se entende a sociedade como um todo harmônico e que “os desvios” a essa harmonia social devem passar por uma reorganização espiritual, uma modelagem psicossocial e moral;
O Serviço Social se constitui enquanto profissão quando inserida no mercado de trabalho – o agente passa a inscrever-se numa relação de assalariamento e faz parte da divisão social e técnica do trabalho; exercendo atividades, alocados por organismos e instâncias alheios às matrizes originais das protoformas do Serviço Social (Igreja Católica);
Realiza atividades interventivas, cuja dinâmica, organização, recursos e objetivos são determinados para além destas práticas; o papel desse profissional é de executor terminal das políticas sociais;
Observa-se aí: que esta profissão não é uma continuidade das ações filantrópicas e assistenciais desenvolvidas desde a emergência da sociedade burguesa, mas sim que o fundamento que legitima a profissionalidade do Serviço Social se encontra na ruptura com essas relações;
Ao mesmo tempo o autor reitera que: a emergência do Serviço Social como profissão é indissociável do contexto da ordem monopolista que por sua vez, enfrenta a “questão social” com políticas sociais e remunera um agente social para desempenhar este serviço.
Capitalismo e Serviço Social: Netto
Capitalismo e Serviço Social: Martinelli
Capitalismo e Serviço Social: Martinelli
A questão de método adotado pelos autores para explicar a relação
entre Capitalismo e Serviço Social é o que diferencia suas teorias. Iamamoto e Netto enfatizam a economia, Martinelli a identidade.
Em Iamamoto e Netto: O Serviço Social é uma profissão atrelada ao desenvolvimento do
capitalismo na idade dos monopólios; É uma necessidade decorrente dos embates das lutas de classes
presentes neste período, e do consequente acirramento das refrações da “questão social” proporcionadas pela super-exploração da mais-valia gerada pelo operário;
Neste contexto, o assistente social tem como maior empregador o Estado, e despenha atividade remunerada, assalariada; apresentando aí uma ruptura com as ações filantrópicas e assistencialista de cunho religioso;
É um dos agentes que reproduz às condições necessárias à existência e reprodução do capitalismo, e ao mesmo tempo atenua as condições de extrema miserabilidade dos trabalhadores através dos direitos sociais.
Considerações Finais
Referências
IAMAMOTO, M. V; CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. 28 ed. São Paulo: Cortez/CELATS, 2009.
MARTINELLI, M.L. Serviço Social, identidade e alienação. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
NETTO, J.P. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2007.