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ii UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL CAPACIDADE DE COLONIZAÇÃO E EXPRESSÃO IMUNOMODULADORA DE Salmonella Heidelberg E Salmonella Typhimurium EM POEDEIRAS LIVRES DE PATÓGENOS ESPECÍFICOS Ursula Nunes Rauecker Orientadora: Profa. Dra. Cíntia S. Minafra e Rezende GOIÂNIA 2019

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Page 1: CAPACIDADE DE COLONIZAÇÃO E EXPRESSÃO ...“Não nascemos prontos. E talvez, nunca estaremos. Somos construção. ” Mario Sergio Cortella x SUMÁRIO CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

CAPACIDADE DE COLONIZAÇÃO E EXPRESSÃO IMUNOMODULADORA DE

Salmonella Heidelberg E Salmonella Typhimurium EM POEDEIRAS LIVRES DE

PATÓGENOS ESPECÍFICOS

Ursula Nunes Rauecker

Orientadora: Profa. Dra. Cíntia S. Minafra e Rezende

GOIÂNIA

2019

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URSULA NUNES RAUECKER

CAPACIDADE DE COLONIZAÇÃO E EXPRESSÃO IMUNOMODULADORA DE

Salmonella Heidelberg E Salmonella Typhimurium EM POEDEIRAS LIVRES DE

PATÓGENOS ESPECÍFICOS

Tese apresentada ao curso de

Doutorado em Ciência Animal

da Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás

Área de Concentração:

Saúde animal, Tecnologia e Segurança de alimentos

Linha de Pesquisa:

Epidemiologia, diagnóstico e controle de doenças infecciosas

Orientador:

Profa. Dra. Cíntia S. Minafra e Rezende

Comitê de Orientação:

Profa. Dra. Maria Auxiliadora Andrade – EVZ/UFG

Dra. Sabrina Castilho Duarte – CNPSA Embrapa

GOIÂNIA

2019

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À Deus

Aos meus pais, Idiana e José Carlos

Aos meus irmãos, Karolyne e José Carlos

Aos meus sobrinhos, Carlos Eduardo e Lívia

Dedico

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viii

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus. Obrigado, meu Deus, por me dar muito mais do

que eu preciso e por me abençoar muito mais do que eu mereço!

À Universidade Federal de Goiás, em especial ao Programa de Pós-Graduação em

Ciência Animal, por permitir esta valiosa experiência e à CAPES e CNPq pela concessão de

bolsa de doutorado no período de março de 2015 a fevereiro de 2019.

À Profª. Drª. Cíntia Silva Minafra e Rezende, minha orientadora, pela

compreensão, confiança, paciência, sabedoria e amizade.

À Dra. Sabrina Castilho Duarte, pela amizade, confiança e apoio durante o

desenvolvimento do presente trabalho. Sem você nada disso seria possível.

Aos professores da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG. Em especial à

Profa. Dra. Maria Auxiliadora Andrade, minha coorientadora, Profa. Dra. Iolanda A. Nunes e

prof. Dra. Valéria de Sá Jayme, trio que me ensinou que lugar de mulher também é na ciência.

Aos pesquisadores, técnicos e estagiários do Núcleo Temático de Sanidade de

Aves e Núcleo Temático de Produção de Aves da Embrapa Suínos e Aves, que tornaram a

execução do experimento possível: Dra. Monica Corrêa Ledur, Dra. Fatima Regina Ferreira

Jaenisch, Dra. Jane de Oliveira Peixoto, Dr. Maurício Cantão, Dr. Francisco Noé Fonseca,

Dra. Adriana M. Guaratini Ibelli, Germana Vizzotto Osowski e Lana Flávia Baron.

Aos diretores, cordenadores de curso, colegas de trabalho e alunos da UEG - São

Luís de Montes Belos. Agradeço a compreensão e suporte. Agradeço especialmente Gabriella

Riad Iskandar e sua família pela amizade, carinho e hospitalidade.

Aos amigos do Centro em Pesquisa em Alimentos CPA/EVZ/UFG: Aline Pedrosa

Oliveira, Fernanda Antunha de Freitas, Janaína Feistel, Julierme Oliveira, Marília Cristina

Sola, Cristyene G. Benício, Camila S. de Carvalho Costa, Ervaldo L. Souza Sena, Hudson

Ferraz, Bianca dos Santos e José Carlos Lopes. Obrigada por todos os momentos e boas

risadas. Aos amigos e colegas de Pós-graduação, obrigada pela convivência e amizade.

Aos amigos Ana Helena Vilela Resende, Marcele Tadaieski Arruda, Vanessa

Silvestre Ferreira de Oliveira, Alexsander Augusto da Silveira, Júlia de Miranda Moraes, José

Gabriel Amoril, Khawaja Naveed Shaukat, Leandro do Prado Assunção e Sergio Wilians de

Oliveira Rodrigues, pelo apoio, gentileza e sensibilidade.

A todos aqueles que fizeram e fazem parte de minha existência.

Gratidão!

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“Não nascemos prontos.

E talvez, nunca estaremos.

Somos construção. ”

Mario Sergio Cortella

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x

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................. 1

CAPÍTULO 2 – DISSEMINAÇÃO EM ORGÃOS, CONTAMINAÇÃO DE

OVOS E EXCREÇÃO FECAL DE Salmonella Heidelberg e Salmonella

Typhimurium EM POEDEIRAS INOCULADAS

EXPERIMENTALMENTE................................................................................. 33

Introdução........................................................................................................... 35

Material e Métodos.............................................................................................. 36

Resultados............................................................................................................ 39

Discussão............................................................................................................. 44

Conclusões........................................................................................................... 50

Referências.......................................................................................................... 50

CAPÍTULO 3 - EXPRESSÃO DE TLR-4, IL1β, IL6 E IL10 EM BAÇO,

MAGNO E ÚTERO DE POEDEIRAS INFECTADAS COM Salmonella

Heidelberg E Salmonella Typhimurium............................................................. 55

Introdução............................................................................................................ 57

Material e Métodos............................................................................................. 58

Resultados........................................................................................................... 62

Discussão............................................................................................................ 70

Conclusões........................................................................................................... 71

Referências.......................................................................................................... 72

CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................... 76

ANEXO 1............................................................................................................ 78

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1

FIGURA 1 Elementos de T3SS (flagelo, T1 e T2) destacando seus

respectivos componentes homólogos como estrutura basal,

extensões para o espaço extracelular e translocon associado à

membrana da célula hospedeira...................................................... 04

FIGURA 2 Dinâmica de infecção por Salmonella enterica, destacando a

expressão de SPI-1, SPI-2 durante a invasão do epitélio intestinal

e sobrevivência intrafagocitária...................................................... 06

FIGURA 3 Interação entre hospedeiro, enteropatógeno e microbiota

simbiótica intestinal. Fonte: Adaptado de Leslie & Young18......... 08

FIGURA 4 Reconhecimento antigênico por meio da interação PAMP-PRR.

Fonte: Adaptado de Tizzard 26........................................................ 10

FIGURA 5 Mecanismos de invasão e colonização de células epiteliais do

oviduto de galinhas envolvendo a expressão de genes contidos

em SPI-1 e SPI-2 de Salmonella sp. Fonte: Adaptado de

Raspoet36........................................................................................ 15

FIGURA 6 Formação do ovo no trato reprodutivo de poedeiras e

contaminação de diferentes componentes por Salmonella sp. de

acordo com o segmento colonizado Fonte: Adaptado de Gantois

et al.8............................................................................................... 17

FIGURA 7 Contaminação de ovos por Salmonella sp., incluindo adesão

fimbrial ao oviduto e secreções e mecanismos de sobrevivência

ao ambiente hostil do oviduto do hospedeiro e ovo. Fonte:

Adaptado de Raspoet36.................................................................... 20

Capítulo 2

FIGURA 1 Distribuição de Salmonella Heidelberg (A) e Salmonella

Typhimurium (B) por segmento de trato reprodutor e por

poedeira infectada, sete DPI........................................................... 41

Capítulo 3

FIGURA 1 Associação entre os quatro genes avaliados. Círculos

representam genes e linhas de conexão representam interações

entre genes. (A) Linhas mais grossas representam associações

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xii

fortes. (B). As cores diferentes das linhas mostram os modos de

ação. (C). As cores das linhas representam associações de acordo

com diferentes tipos de evidências.................................................

64

FIGURA 2 Associação preditiva entre os quatro genes avaliados e cinco

genes parceiros funcionais de resposta imune. (A) Linhas mais

grossas representam associações fortes. (B). As cores diferentes

das linhas mostram os modos de ação. (C). As cores das linhas

representam associações de acordo com diferentes tipos de

evidências...................................................................................... 65

FIGURA 3 Modificações na expressão relativa em amostras de baço, magno

e útero de poedeiras experimentalmente infectadas Salmonella

Typhimurium e Salmonella Heidelberg. (A) mRNA do gene

TLR4, 7 DPI. (B) mRNA do gene TLR4,14 DPI. (C) mRNA do

gene IL1β, 7 DPI. (D) mRNA do gene IL1β,14 DPI. (E) mRNA

do gene IL6, 7 DPI. (F) mRNA do gene IL6, 14 DPI. (G) mRNA

do gene IL10,7 DPI. (H) RNAm mRNA do gene IL10, 14

DPI.................................................................................................. 69

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LISTA DE QUADROS

Capítulo 3

QUADRO 1 Iniciadores, tamanho do amplicons e número de acesso no

Genbank, utilizados para análise de expressão gênica em Gallus

gallus infectados experimentalmente por Salmonella

Typhimurium e Salmonella Heidelberg.......................................... 61

QUADRO 2 Descrição dos genes parceiros funcionais em resposta imune de

Gallus gallus................................................................................... 63

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LISTA DE TABELAS

Capítulo 2

TABELA 1 Excreção fecal de Salmonella Heidelberg e Salmonella

Typhimurium em poedeiras em diferentes períodos pós

inoculação oral................................................................................ 39

TABELA 2 Recuperação de Salmonella Heidelberg e Salmonella

Typhimurium de órgãos de poedeiras em diferentes períodos pós

inoculação oral................................................................................ 40

TABELA 3 Detecção de Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium

em pool de casca e pool de gemas de ovos obtidos de poedeiras

em diferentes períodos pós inoculação oral.................................... 42

Capítulo 3

TABELA 1 Resultados de qPCR para baço, magno e útero por gene

constitutivo e entre grupos experimentais...................................... 66

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LISTA DE ABREVIATURAS

APC – célula apresentadora de antígenos

AvBD – beta defensina aviária

CAMP – peptídeo de ação antimicrobina

CD11/CD18 – proteína de superfície celular para reconhecimento de receptor de células T

cDNA – DNA complementar

Células NK – células natural killer

Ct – ciclo limiar

DPI – dias pós inoculação

GALT – tecido linfoide associado ao intestino

GAPDH – gliceraldeído fosfato desidrogenase

IFN-γ – Interferon gama

Ig - imunoglobulina

IgA – Imunoglobulina A

IgE – Imunoglobulina E

IgG – Imunoglobulina G

IL – interleucina

IL- 2 – interleucina 2

IL- 4 - interleucina 4

IL- 5 – interleucina 5

IL- 8 ou CXCL8 – interleucina 8

IL-10 – interleucina 10

IL-12 – interleucina 12

IL-13 – interleucina 13

INF - interferon

LB – linfócito B

LPS – Lipopolissacarídeos

LT – linfócito T

MALT – tecido linfoide associado à mucosas

MHC – complexo de histocompatibilidade principal

mRNA – RNA mensageiro

OTAP-92 – peptídeo antimicrobiano 92

OVAX – proteína X

OVAY – proteína Y

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PAMPS – padrão molecular associado ao patógeno

pb – pares de bases

PMN - polimorfonuclear

qPCR – reação em cadeia da polimerase quantitativa

RI – resposta imune

RIA – resposta imune adaptativa

RII – resposta imune inata

rpm – rotações por minuto

RRP – receptor de reconhecimento de padrão

SPI – ilha de patogenicidade de Salmonella

T3SS – Sistema de Secreção tipo três

TCR1 – receptor 1 de células T

TE – Tris-EDTA

Th1 – Células T auxiliar tipo 1

Th2 – Células T auxiliar tipo 2

TLR – receptor do tipo toll

TNF- α – fator de necrose tumoral alfa

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RESUMO

As aves de postura e corte constam como possíveis reservatórios para Salmonella enterica e o

caráter zoonótico compõe estudos preditivos quanto aos atributos para infecção e

multiplicação em plantéis e, por consequência, contaminação dos alimentos. Objetivou-se

avaliar o potencial de colonização de orgãos, excreção fecal e contaminação de ovos por

Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium, assim como avaliar a influência da

infecção pelos sorovares Heidelberg e Typhimurium na expressão de TLR-4, IL1β, IL6 e

IL10 em baço, magno e útero de poedeiras inoculadas experimentalmente. Foram

selecionadas 45 poedeiras White Leghorn com 28 semanas de idade, livres de patógenos

específicos, foram divididas em três grupos mantidos em unidades isoladoras. No primeiro

grupo, SH, inoculou-se em cada ave, via oral, 1,2 x 107 UFC de Salmonella Heidelberg, no

segundo grupo, ST, 1,0 x 107 UFC de Salmonella Typhimurium. No grupo controle, as aves

receberam igual volume de solução salina esterilizada. Aos sete, 14 e 21 dias pós inoculação,

cinco poedeiras/grupo foram submetidas à eutanásia e necropsia. Baço, fígado, ovários,

magno, istmo, útero, intestino delgado e ceco foram colhidos e destinados aos ensaios

histopatológicos e bacteriológicos. Ovos foram colhidos diariamente e excretas a cada três

dias, antes e durante o período de realização do experimento e analisados. Foi realizado qPCR

para análise de expressão dos genes TLR-4, IL6, IL10 e IL1B em baço, magno e útero. Os

resultados obtidos foram normalizados, utilizando os genes constitutivos RPLP-1 e β-actina e

a expressão foi calculada pela razão entre as diferenças de média do grupo controle e grupos

desafio dos genes alvo. Nenhumas das poedeiras apresentou sinais clínicos após a inoculação.

A excreção fecal foi intermitente e durou 12 dias para ambos sorovares. O sorovar Heidelberg

foi identificado em todos os tecidos avaliados sete DPI, assim como Salmonella

Typhimurium, identificada em todos os tecidos avaliados, exceto ovário, sete DPI. Salmonella

Heidelberg persistiu no ceco e baço, de forma viável, 14 DPI, enquanto que o sorovar

Typhimurium não foi identificado em nenhum tecido, considerando o mesmo período. A

inoculação experimental gerou infecção com resolução em 14 DPI em poedeiras ST e 21 DPI

para poedeiras SH. Salmonella Heidelberg permaneceu por mais tempo no hospedeiro, com

isolamento microbiológico persistente em ceco e baço associado a pouca indução de resposta

inflamatória nos órgãos avaliados. Os dois sorovares foram capazes de contaminar os ovos

produzidos no período pós inoculação, sendo isolados em casca a partir de três DPI e gema

até 12 DPI. As alterações histopatológicas encontradas foram de escore discreto, sem

alterações em baço. Existem interações fortes entre os genes TLR4, IL1B, IL6 e IL10, sendo

evidenciada a presença de cinco genes parceiros funcionais STAT3, IL10RA, TRAF6,

TICAM1 e LY96. Os resultados evidenciam diferença do reconhecimento antigênico e

resposta imune determinada pela expressão de mRNA dos genes TLR-4, IL1B, Il6 e IL10 nas

poedeiras infectadas por Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium.

Palavras-chave: infecção paratífica, postura, resposta imune

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ABSTRACT

Laying hens and broilers are potential reservoirs for Salmonella enterica and the zoonotic risk

composes predictive analyses, regarding the attributes for infection and multiplication in

poultry flocks and, consequently, food contamination. The aim of this study was to evaluate

the potential of internal organ colonization, fecal shedding patterns and egg contamination by

Salmonella Heidelberg and Salmonella Typhimurium, and evaluate the influence of infection

by Heidelberg and Typhimurium serovars on TLR-4, IL1β, IL6 and IL10 expression in

spleen, magnus and uterus of experimentally inoculated layers. 28-week-old White Leghorn

laying hens were selected, free of specific pathogens, divided into three groups kept in

isolation units. In the first group, SH, 1.2 x 107 CFU of Salmonella Heidelberg was inoculated

orally in each bird, in the second group, ST, 1.0 x 107 CFU of Salmonella Typhimurium. In

the control group, birds received equal volume of sterile saline solution. At seven, 14 and 21

days after inoculation, five layers / group were euthanized and necropsied. Spleen, liver,

ovaries, magnum, isthmus, uterus, small intestine and caecum were collected and destined for

histopathological and bacteriological tests. Eggs were collected daily and excreted every three

days, before and during the period of the experiment and analyzed. qPCR was performed for

expression analysis of TLR-4, IL6, IL10 and IL1B genes in spleen, magnus and uterus.

Results were normalized using constitutive genes RPLP-1 and β-actin and expression was

calculated by the ratio of the mean differences between the control group and the target gene

in challenge groups. None of the layers showed clinical signs after oral inoculation. Fecal

excretion was intermittent and lasted 12 days for both serovars. Heidelberg serovar was

identified in all tissues evaluated seven DPI, as well as Salmonella Typhimurium, identified in

all tissues evaluated, except ovary, seven DPI. Salmonella Heidelberg persisted 14 DPI in the

cecum and spleen, while Typhimurium serovar was not identified in any tissue over the same

period. Experimental inoculation generated infection with 14 DPI resolution in ST layers and

21 DPI in SH layers. Salmonella Heidelberg persisted longer in the host, with microbiological

isolation in the caecum and spleen associated with discrete induction of inflammatory

response in the evaluated organs. Both serovars were able to contaminate the eggs produced

in the post inoculation period, being isolated in shell from three DPI and yolk up to 12 DPI.

The histopathological alterations found were of discrete score, without alterations in the

spleen. There are interactions between the TLR4, IL1B, IL6 and IL10 genes, evidencing the

presence of five functional partner genes STAT3, IL10RA, TRAF6, TICAM1 and LY96. The

results show differences in antigen recognition and immune response determined by mRNA

expression of TLR-4, IL1B, Il6 and IL10 genes in laying hens infected with Salmonella

Heidelberg and Salmonella Typhimurium.

Palavras-chave: egg laying, immune response, paratyphoid infection

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1

CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1. Introdução

A grande capacidade de manutenção e disseminação no meio ambiente

são grandes desafios para o controle de Salmonella sp. na cadeia de produção

avícola1. Bactérias do gênero Salmonella continua sendo uma das causas mais

comuns de doença bacteriana veiculada por alimentos, principalmente em associação

com o consumo de ovos crus ou alimentos contendo ovos mal cozidos2,3. A

contaminação de ovos por Salmonella sp. pode ocorrer através de mecanismos

verticais e horizontais. A transmissão vertical é primariamente associada à

Salmonella Enteritidis e ocorre quando a bactéria infecta o oviduto da poedeira,

contaminando o conteúdo interno dos ovos durante o desenvolvimento4. A

transmissão vertical de outros sorovares paratíficos, incluindo Salmonella

Typhimurium foi documentada, mas em muito menor extensão do que Salmonella

Enteritidis2,5,6. A contaminação horizontal ocorre quando um ovo entra em contato

com um ambiente contaminado4. As bactérias podem aderir à superfície do ovo e

migrar através dos poros da casca do ovo4 ou formar biofilmes na superfície da

casca7, representando um risco de contaminação cruzada de itens alimentares.

Estudos recentes alertam sobre o predomínio de Salmonella Heidelberg em algumas

regiões do Brasil, destacanto suas características de resistência e manutenção no

ambiente1.

A transmissão de Salmonella paratífica para aves normalmente ocorre

por via fecal-oral, causando gastroenterite e disseminação sistêmica em aves jovens,

com idade inferior a duas semanas de idade, com mortalidade que varia de acordo

com a linhagem infectada2. Algumas aves podem sofrer colonização persistente por

Salmonella no intestino e/ou trato reprodutor, podendo eliminar o agente nas

excretas, produzir ovos contaminados e contribuir para a contaminação ambiental6,8.

Diferente dos mamíferos, os embriões das aves não se desenvolvem em

ambiente seguro como o útero, protegido pelo sistema imunológico da mãe. A

estrutura dos ovos possui diversos mecanismos de proteção incluindo barreiras

físicas inespecíficas e substâncias de ação antimicrobiana também presentes em sua

formação no oviduto4. A grande habilidade de alguns sorovares de Salmonella em

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2

colonizar o trato reprodutor das aves, contaminar ovos e sobreviver no seu interior,

virulência e capacidade de disseminação na cadeia de produção de alimentos,

evidenciam sua importância em saúde pública9,10.

No controle de salmonelose humana e em animais, diversas pesquisas

foram desenvolvidas tendo como principal alvo Salmonella enterica. Entretanto, a

competência imunológica desempenha papel primordial na produção animal, visto

que animais infectados pela mesma dose e cepa de Salmonella podem tanto morrer,

eliminar totalmente o agente ou podem tornar-se portadores assintomáticos11.

Avaliar nas aves, características de imunocompetência, em especial os

mecanismos de defesa do trato reprodutor sobre a patogenicidade relacionada a

infecções por sorovares de Salmonella é elemento chave para o controle do agente

nos plantéis comerciais de produção de ovos. Com o intuito de melhor compreender

a dinâmica de infecção em poedeiras, este trabalho foi desenvolvido objetivando

avaliar o potencial de invasão, colonização de orgãos internos e contaminação de

ovos, além de caracterizar o perfil de expressão de genes de resposta imune em

diferentes orgãos de poedeiras submetidas à infecção por Salmonella Heidelberg e

Salmonella Typhimurium.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Salmonella enterica: colonização intestinal e infecção sistêmica em poedeiras

Em aves, as infecções sistêmicas por Salmonella sp. podem ser divididas

em fase de invasão, envolvendo o trato intestinal, estabelecimento de infecção

sistêmica e resolução. A interação do agente com elementos da resposta imunológica

do hospedeiro determina se o indivíduo infectado será capaz de sobreviver, eliminar

totalmente o agente ou se tornará portador inaparente10,12.

A contaminação do trato reprodutor de poedeiras por Salmonella sp.

ocorrerá em animais que sofreram infeção sistêmica, após colonização do trato

gastrointestinal e que se tornaram portadores inaparentes, com a persistência do

agente no organismo da ave10. Após a ingestão, o alimento contaminado permanece

no inglúvio em pH 4-5, desencadeando mecanismos de resposta ao estresse ácido em

Salmonella sp. que auxiliam em sua sobrevivência durante a passagem pelo

proventrículo e ventrículo do animal12.

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3

Durante o curso da salmonelose em aves, a interação inicial entre o

agente e o hospedeiro ocorre no epitélio intestinal. A progressão da infecção e a

resposta imunológica são relacionadas ao sorovar e às características genéticas do

hospedeiro. Alguns sorovares de Salmonella frequentemente são invasivos em aves,

determinando infecção sistêmica e resposta imune associada às mucosas. Em animais

imunocompetentes, a infecção é transitória e o agente é totalmente eliminado pela

resposta imune10.

A interação entre o agente e macrófagos no foco da infecção e em orgãos

linfoides secundários é a chave para a progressão de infecção sistêmica em

mamíferos e aves13, facilitando a disseminação do agente para orgãos como fígado e

trato reprodutor14. Salmonella enterica possui mecanismos de sobrevivência

intrafagocitária, associados a Ilha de Patogenicidade de Salmonella 2 (SPI-2) que

codifica genes de expressão do Sistema de Secreção tipo 3 (T3SS)15. As ilhas de

patogenicidade não se apresentam como segmentos homogêneos de DNA e sim

como estrutura semelhante a um mosaico, sugerindo aquisições a partir de diferentes

doadores16.

O termo ilhas de patogenicidade foi usado pela primeira vez em 1994 por

Jörg Hacker para descrever um segmento do cromossomo que quando removida,

determinava a expressão de fenótipo não virulento de Escherichia coli17.

Frequentemente essas regiões cromossômicas acomodam genes que contribuem para

a expressão de um fenótipo virulento, que se apresenta durante um período específico

no processo infeccioso. Para muitas enterobactérias, uma única ilha de

patogenicidade pode converter um microrganismo normalmente benigno em um

patógeno, contribuindo para a emergência de novos agentes infecciosos18. Porém, é

importante destacar que a aquisição de uma ilha de patogenicidade nem sempre

garante a transformação da bactéria em patógeno, visto que a expressão genes de

virulência e patogenicidade depende muito da interação entre microrganismo e

hospedeiro19.

No gênero Salmonella, existem 17 SPI descritas e sua presença no

cromossomo varia de acordo com o sorovar considerado20. As mais conhecidas são

SPI-1, SPI-2, SPI-3, SPI-4 e SPI-5 que desempenham funções distintas durante a

progressão da infecção21.

A SPI-1 foi a primeira a ser descrita no gênero Salmonella19 relacionada

com a invasão de células não fagocitárias, como as do epitélio intestinal, importante

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nos estágios iniciais da doença. Não parece estar envolvida em estágios mais tardios

e sistêmicos, como a SPI-2, necessária para sobrevivência do agente no interior de

fagócitos e disseminação no hospedeiro19,22.

A habilidade de alguns sorovares de Salmonella em sobreviver no

interior de células, incluindo macrófagos, é fator determinante de patogenicidade. Os

macrófagos além de produzirem compostos reativos de oxigênio como o óxido

nítrico, com atividade antimicrobiana, produzem citocinas e atuam como células

apresentadoras de antígenos (APCs), sendo importantes elementos de ativação de

linfócitos T23.

Considerando a patogenicidade de Salmonella Heidelberg e

Typhimurium em poedeiras, destaca-se as SPI-1 e SPI-2, cada uma composta por

40kb21,24. Juntas. codificam elementos do Sistema de Secreção Tipo 3 (T3SS),

representados na Figura 1, envolvendo proteínas efetoras e reguladores

transcricionais responsáveis25,26. O T3SS (Figura 1) é um sistema formado por mais

de 20 proteínas, abrange a membrana interna e externa da célula bacteriana, capaz de

promover motilidade por meio da síntese de flagelina e de liberar proteínas efetoras

no citosol da célula hospedeira, pela formação de uma estrutura em agulha ou

“microseringa”, possibilitando a internalização da bactéria nas células hospedeiras24.

FIGURA 1 – Elementos de T3SS (flagelo, T1 e T2) destacando

seus respectivos componentes homólogos como

estrutura basal, extensões para o espaço

extracelular e translocon associado à membrana

da célula hospedeira. Fonte: Arquivo pessoal,

2019.

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Quando ocorre a aderência de Salmonella sp. ao intestino da poedeira,

mecanismos relacionados ao T3SS são desencadeados, tais como a produção de

flagelina e ativação de T127. Usando este sistema de secreção, a bactéria adere-se a

superfície da célula epitelial por meio do translocon que possui afinidade com o

colesterol28. Esse contato permite a translocação de proteínas bacterianas SipB, SipC,

e SipD, no citosol de células do hospedeiro19 e posteriormente proteínas efetoras,

como SptP, SopE e SopE2, capazes de alterar as funções celulares e induzir rearranjo

do citoesqueleto da célula do hospedeiro, produzindo ondulações na superfície da

membrana celular e facilitando a internalização de bactérias21,24,29.

Outras proteínas efetoras de SPI-1, como SopA, Sopb e SopD,

translocadas pelo sistema TSS3, foram associadas com disrupções das tight junctions

e alterações nos canais de cloro, desencadeando perda de eletrólitos e

extravasamento de fluidos para o lúmen intestinal provocando diarreia30. A invasina

SipB codificads por SPI-1 também pode induzir a apoptose em fagócitos, resultando

na liberação de citocinas como IL-8 e alteração no processo inflamatório31.

De modo geral, Salmonella, patógeno intracelular facultativo, consegue

entrar em células não fagocitárias por dois mecanismos, diferenciados de acordo com

a forma de remodelamento da membrana celular do hospedeiro32. O mecanismo de

invasão descrito anteriormente é conhecido como Trigger e envolve reorganizações

drásticas no citoesqueleto, semelhantes a ondas ou pregas promovida pela

translocação de proteínas efetoras bacterianas pelo TSS3. Já no mecanismo Zipper,

ou entrada mediada por receptores, a invasão bacteriana é facilitada pela forte adesão

à superfície da membrana por meio da interação de proteínas bacterianas (invasinas)

com receptores localizados na superfície celular, com pequeno rearranjo do

citoesqueleto33.

Bactérias do gênero Salmonella são capazes de internalizar em células

não fagocíticas utilizando os dois mecanismos33. Dessa forma, a invasão de células

do hospedeiro (Figura 2) não é determinada unicamente pelo T3SS determinado por

SPI-1 e pode envolver a síntese de adesinas, invasinas e hemolisinas34. Infecções

experimentais conduzidas com mutantes ΔSPI-1 de Salmonella Enteritidis em aves

demonstraram que a ausência da expressão de TSS3 não impediu a invasão do

epitélio intestinal mas comprometeu a disseminação e colonização do agente em

orgãos internos35.

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FIGURA 2 – Dinâmica de infecção por Salmonella enterica,

destacando a expressão de SPI-1, SPI-2 durante a

invasão do epitélio intestinal e sobrevivência

intrafagocitária. Fonte: Arquivo pessoal, 2019.

Após a invasão do epitélio intestinal, as bactérias podem ser encontradas

no interior de células fagocitárias, em vesículas, submetidas à diminuição da oferta

de nutrientes, redução de pH e expostas a estresse oxidativo27. Esse novo ambiente

determina a expressão de um novo perfil, inibição de SPI-1 e indução da ativação da

SPI-2, que altera o transporte de substâncias entre citosol e interior do vacúolo. A

função de SPI-2 é proteger o patógeno contra os mecanismos da imunidade inata do

hospedeiro, prevenindo a concentração de oxido nítrico e outros intermediários de

oxigênio e nitrogênio reativos no interior das vesículas que contém Salmonella. SPI-

2 favorece a multiplicação intracelular da bactéria e resultam na persistência da

infecção36.

Em camundongos, a virulência de Salmonella Enteriditis é totalmente

dependente de SPI-2, porém que sua função varia de acordo com o modelo animal

estudado, visto que em aves e bovinos sua deleção determinou apenas atenuação do

agente37. A presença de SPI-2, detectada apenas em Salmonella enterica é

considerada um passo evolucionário recente que facilita a disseminação do agente

em hospedeiros de sangue quente18,38.

Observa-se que a expressão de SPI-1 e SPI-2 de Salmonella sp. é

regulada de forma diferenciada, considerando induções in vivo e in vitro. In vivo, os

genes SPI-1 são expressos principalmente quando presente no lúmen intestinal,

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associada à celulas epiteliais ou enterócitos39, considerando a participação das

proteínas codificadas em SPI-1 para a invasão do epitélio intestinal, colonização

intestinal e consequente inflamação40.

Os genes SPI-2, in vivo, associam-se com a sobrevivência e replicação

dentro de células fagocitárias, contribuindo para a disseminação e determinação de

um quadro sistêmico41,42. São expressos principalmente quando as bactérias são

encontradas no interior das células epiteliais ou macrófagos, no interior de vacúolos,

no lúmen intestinal, lâmina própria ou na mucosa subjacente39.

In vitro, os genes contidos em SPI-1 e SPI-2 são expressos quando

Salmonella é cultivada em meios ricos em nutrientes, embora sejam diferencialmente

regulados nas fases de crescimento exponencial e estacionária. Entretanto, a

expressão dos genes SPI-2 é incrementada quando Salmonella é cultivada em

ambiente nutricionalmente pobre, com pH ácido, contendo baixas concentrações de

fosfato, cálcio, e magnésio43. A SPI-1 é controlada por um conjunto de genes

reguladores internos de transcrição Hild, HILA e invF que induzem a expressão dos

genes dentro desta ilha em forma de cascata41,44.

A persistência do agente, determinando estado de portador

inaparente, pode ocorrer, com a manutenção do agente em baixas concentrações

ao longo da vida da ave, podendo ocorrer recrudescência da infecção. A

capacidade do agente de sobreviver em ambiente intracelular associado a TSS3,

é um dos elementos envolvidos em sua manutenção no hospedeiro10,15.

Além da interação entre hospedeiro e agente infeccioso, nas

salmoneloses paratíficas, deve-se considerar a presença da microbiota simbiótica do

trato gastrointestinal do indivíduo e o seu papel na determinação de sensibilidade ou

resistência do animal45 (Figura 3). Nesse contexto, observa-se que a microbiota

simbiótica desenvolve interações metabólicas com o hospedeiro46 e possui atividades

imunomoduladoras, sendo capazes de gerar estímulos para a resposta imunológica47.

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FIGURA 3 – Interação entre hospedeiro, enteropatógeno e microbiota

simbiótica intestinal. Fonte: Adaptado de Leslie &

Young45.

A microbiota simbiótica também interage com o patógeno, seja por meio

de inibição direta, pela produção de bacteriocinas48 ou por meio da competição por

nutrientes49. Sabe-se que alterações nas populações que colonizam o trato

gastrointestinal, como nas antibioticoterapias, podem tornar o indivíduo mais

sensível a infecções45.

2.2 Interação de Salmonella sp. e resposta imune em aves

2.2.1 Componentes da resposta imune

Em mamíferos e aves, a resposta contra a infecção microbiana é mediada

pelas reações precoces da imunidade inata (RII) e respostas da imunidade adaptativa

(RIA) ou específica. Apesar da semelhança com alguns mecanismos do sistema

imunológico de mamíferos, as aves apresentam algumas particularidades associadas

à anatomia, diferenciação e função dos órgãos e células da resposta imune50,51.

Durante o desenvolvimento embrionário e dias após a eclosão, as aves

permanecem transitoriamente protegidas frente a toxinas, micro-organismos e

parasitas por meio de anticorpos maternos transferidos via gema. As

imunoglobulinas maternas sofrem redução progressiva em sua concentração52. As

aves desenvolvem seus mecanismos de defesa durante o período embrionário,

entretanto a imunocompetência começa a atuar uma semana após a eclosão, quando

finalizam a organização estrutural de orgãos linfoides secundários, que se tornam

capazes de produzir resposta específica51.

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Orgãos linfoides em aves

Os componentes do sistema imune das aves podem ser divididos em

órgãos linfoides centrais ou primários e órgãos linfoides secundários ou periféricos51.

A bursa de Fabricius, medula óssea e timo são órgãos linfoides primários. São locais

de maturação e diferenciação de linfócitos B e T, recebendo células imaturas

formadas no desenvolvimento embrionário53. A bursa de Fabricius é estrutura

exclusiva de aves e localiza-se na porção distal da cloaca54. Possui folículos linfoides

onde ocorre o desenvolvimento dos linfócitos B, com função semelhante à

desempenhada pela medula óssea em mamíferos51. Após o processo de maturação, os

linfócitos B se deslocam para orgãos linfoides secundários. A bursa atinge tamanho

máximo oito a dez semanas após a eclosão da ave e sofre redução significativa

quando a ave atinge maturidade sexual53.

O timo apresenta-se como órgão lobulado, na forma de dois cordões de

sete a oito lobos cada, dispostos paralelamente ao longo da veia jugular e nervo

vago51. Nesse local ocorre o desenvolvimento e diferenciação de diferentes linhagens

de linfócitos T, cada com sua função na resposta imune humoral e celular55.

Como orgãos linfoides secundários, além do baço, as aves possuem

tecido linfóide associado a mucosas (MALT), tecido linfoide associado aos

brônquios (BALT), tecido linfoide associado ao intestino (GALT), além de tecido

linfoide nos olhos e conjuntivas (glândula de Harder), genitais e pele51. Ao contrário

dos tecidos linfoides primários, não são locais de diferenciação e proliferação celular,

mas são responsivos à presença de antígenos56.

No trato gastrointestinal, primeiro local de colonização e invasão por

Salmonella sp. em infecções por via oral encontra-se o GALT, composto por tonsilas

esofagianas, tonsilas pilóricas, Placas de Peyer, divertículo de Meckel e tonsilas

cecais, além de agrupamentos linfoides e folículos distribuídos no epitélio. Nessas

regiões são encontrados linfócitos T, B, plasmócitos e macrófagos57.

As tonsilas cecais e placas de Peyer de galinhas possuem estrutura

organizada denominada de linfoepitélio, contendo células M, região sub-epitelial,

estrutura folicular e áreas entre foliculos. Os folículos associados ao epitélio são

caracterizados pela presença de linfócitos e células M, contendo linfócitos B (LB) e

linfócitos T (LT) CD8+58. A caracterização dos leucócitos intestinais de galinhas

revelou que 80% são linfócitos, 10-20% de macrófagos e menos de 1% são células

polimorfonucleares (PMN) e plasmócitos34,59.

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Reconhecimento antigênico e resposta celular da resposta imune inata

A imunidade inata, composta por barreiras físicas, químicas e celulares,

constitui a primeira linha de defesa contra agentes infecciosos. Possui componentes

celulares capazes de detectar a presença de micro-organismos53. O reconhecimento

antigênico na RII é determinado pela interação entre padrões moleculares associados

ao patógenos (PAMPs) com os receptores de reconhecimento (PRRs) localizados na

membrana de células epiteliais e de resposta imune inata10,60. Considerando

Salmonella sp., os principais PAMPs reconhecidos são componentes estruturais do

agente, como lipopolissacarídeos (LPS), peptideoglicanos, DNA sem metilação e

flagelina10,61.

Os receptores PRRs do tipo Toll (TLR), presentes na superfície de

células epiteliais de diferentes orgãos e células de resposta imune inata (Figura 4),

são determinantes de ativação e indução de cascata de sinalização associada à RII e

RIA. Em aves, são dez PRRs do tipo Toll conhecidos: TLR1-1, TLR1-2, TLR2-1,

TLR2-2, TLR-3, TLR-4, TLR-5, TLR-7, TLR-15 e TLR-2110.

FIGURA 4 – Reconhecimento antigênico por

meio da interação PAMP-PRR.

Fonte: Adaptado de Tizzard 53.

Sua distribuição no trato reprodutor de poedeiras varia de acordo com o

segmento considerado37. Sua expressão pode ser aumentada ou reduzida, sofrendo

influência da exposição antigênica e idade do animal10. O reconhecimento de

Salmonella sp. por esses receptores estimula a liberação de diversas citocinas,

quimiocinas, peptídeos catiônicos antimicrobianos (CAMPs), além do influxo de

células de defesa para o local de reconhecimento62.

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A presença de LPS no trato reprodutor de aves foi capaz de aumentar a

expressão de TLR-4 em ovário e oviduto, também induzindo a produção de IL-1, IL6

e IL-8 e estimulando atividade oxidativa e degranulação de heterófilos63.

A infecção oral por Salmonella sp. induz na ave resposta celular e

humoral61. A produção de citocinas pró-inflamatórias IL-17, IL-8, IL-1β, IL-6, IL-22

por fagócitos teciduais e células epiteliais pode ser observada nos primeiros dias pós-

infecção, relacionando-se com a atividade de células da RII11. Também nos primeiros

dias, ocorre aumento nos níveis de compostos proteicos de RII, como C3 do sistema

complemento e avidinas11. A consequência da ativação da imunidade inata é o

influxo de células PMN para o intestino. Apesar de desencadear danos associados à

inflamação, também são responsáveis por limitar a disseminação sistêmica do

agente10.

Em aves, os heterófilos são células equivalentes aos neutrófilos de

mamíferos, envolvendo-se na fagocitose de antígenos extracelulares. Apesar de

capazes de produzir compostos reativos de oxigênio, sua produção é menos

expressiva do que a observada em neutrófilos de mamíferos, não produzindo

mieloperoxidase53. Nas infecções por Salmonella sp., os heterófilos se acumulam na

lâmina própria do ceco nas primeiras 24 horas após exposição64,65 e podem ser

observados em infiltrados inflamatórios em ovário e oviduto61.

A contribuição de células da RII na resistência às infecções por

Salmonella tem sido demonstrada, visto que heterófilos de linhagens de poedeiras

mais resistentes expressam níveis mais elevados de citocinas pró-inflamatórias,

incluindo IL-6, IL-8 e IL-1, e apresentam valores mais baixos de TGF-β466,67.

Nos primeiros dias subsequentes à inoculação do agente, ocorre aumento

na expressão de elementos típicos de RII, como IL-8 e Il-17, lisozima G2 e

Interferon tipo 1 (IFIT5). Quatro dias após a infecção, ocorre elevação da expressão

de genes relacionados à resposta de heterófilos e macrófagos e proteínas de fase

aguda IRG1, SAA, ExFABP, TRAP6, MRP126, iNOS, IL1B e AVD (AH221),

assim como expressão do gene MMP7 envolvido na alteração da permeabilidade do

epitélio intestinal e diapedese11.

Linhagens de aves resistentes à infecção possuem macrófagos com maior

atividade oxidativa68 ou expressam citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias de

forma mais rápida e/ou maiores quantidades de IL-18 que aves sensíveis69. A

exposição de macrófagos de aves a PAMPs derivados de Salmonella desencadeia

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aumento na produção de óxido nítrico, expressão de IL-6, expressão de TLR e

redução na sobrevivência intracelular do agente70. Outras células da RII podem atuar

como APCs, envolvidas na ativação de LT e LB em orgãos linfoides secundários,

como células dendríticas e células M, sendo essa atividade intensa nas tonsilas

cecais71.

Defensinas

Como os heterófilos de aves não possuem mieloperoxidase e

desencadeiam reduzido efeito oxidativo durante a fagocitose, outros agentes

antimicrobianos catiônicos denominados defensinas tornam-se os principais

elementos de ação rápida frente a micro-organismos63. São conhecidas 14 beta-

defensinas aviárias (AvBD) em galinhas72.

O mecanismo de ação das defensinas associa-se à sua natureza catiônica,

interagindo de forma eletrostática com o potencial elétrico gerado na membrana

celular bacteriana, alterando sua permeabilidade e provocando a morte celular.

Quando transportados para o interior da célula bacteriana podem interferir com a

síntese de DNA, RNA e proteínas72,73. As AvBD desempenham papel primário na

eliminação de micro-organismos e possuem efeito de quimiotaxia sobre células da

RII74. São produzidas por diversas células, como células epiteliais do intestino e

oviduto75,76

Ação antibacteriana de AvBD foi demonstrada contra bactérias Gram-

positivas e negativas, incluíndo Salmonella Enteritidis e Typhimurium61. AvBD1 é

efetiva contra os sorovares Enteritidis e Typhimurium77, assim como AvBD4, 5 e 678.

Apesar de Salmonella sp. ser resistente a ação de peptídeos catiônicos ao alterar as

cargas aniônicas da parede celular, AvBD5 é capaz de interagir com a parede celular

modificada79.

A expressão de AvBD no trato gastrointestinal de aves é importante na

proteção contra patógenos entéricos durante os primeiros dias após a eclosão e sua

expressão tecidual aumenta após contato com antígenos80. Considerando os orgãos

linfoides de aves, a expressão de AvBD é maior na Bursa de Fabricius, em

comparação ao baço e timo72.

Com exceção da AvBD11, a expressão das avidinas ocorre ao longo de

todo trato digestório de aves, inclusive nas glândulas anexas72. Em aves adultas, a

expressão de avidinas é superior a de aves jovens, indicando o efeito das exposições

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a antígenos sobre a sua produção61. Na boca, esôfago e ingluvio, são produzidas

AvBD3, 5 e 978. No proventrículo e ventrículo, a produção de AvBD é baixa,

detectando-se AvBD9 e AvBD1381. As AvBD8, AvBD9 e AvBD10 foram

detectadas no fígado e vesícula biliar81,82. AvBD1 e 2 foram detectadas no ceco83,

AvBD13 no colon82 e AvBD1, 2 e 10 foram encontradas na cloaca84,85.

A distribuição das AvBD nos diferentes segmentos do trato reprodutor de

poedeiras varia de acordo com a idade, exposição a agentes infecciosos, sendo LPS

de Salmonella sp. capaz de elevar sua expressão in vivo e in vitro62. No ovário foram

detectadas AvBD1, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10 11 12 e 14. AvBD6 e 13 não foram

encontradas e AvBD2, apesar de presente, demonstrou expessão em níveis muito

baixos86. A administração oral de Salmonella sp. resultou em elevação da expressão

de AvBD4, 5, 7, 11 e 12 no ovário e elevação de AvBD5, 7, 10, 11,12 e 14 no

segmento vaginal86,87. Entretanto, a presença das AvBD no oviduto de aves com

início de produção de ovos (18 semanas) sofreu redução, indicando o envolvimento

de hormônios sexuais sobre sua expressão72.

Recentemente, uma nova família de defensina, denominada ovodefensina

foi introduzida na classificação. Sua expressão foi demonstrada no oviduto de

poedeiras, magno, istmo e útero. Foi capaz de inibir o crescimento de E. coli,

entretanto, sua ação antibacteriana sobre Salmonella Enteritidis e Typhimurium não

foi demonstrada88.

Resposta imune adaptativa em aves expostas a Salmonella sp.

Após o estabelecimento de infecção sistêmica, a eliminação do agente

depende da atuação de elementos da resposta imune adaptativa (RIA)12. Bactérias do

gênero Salmonella são consideradas patógenos intracelulares facultativos e a

imunidade mediada por células possui papel muito importante para a eliminação da

bactéria dos tecidos89.

Os componentes da RIA são capazes de reconhecer, diferenciar e reagir a

vários de antígenos, envolvendo mecanismos de resposta celular e resposta humoral,

associadas aos linfócitos T e anticorpos produzidos por LB. Sua ativação

desencadeia a diferenciação de células de memória, responsáveis por proteger o

animal em exposições subsequentes ao mesmo agente infeccioso10.

A ativação de resposta Th1 possui papel mais importante na eliminação

de Salmonella sp. em aves, do que o efeito de neutralização determinado por

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anticorpos10. Em decorrência da localização intracelular do agente, a eficiência das

vacinas depende do potencial de gerar, além da produção de anticorpos, resposta

celular12,90.

Em animais desafiados, a resposta imune adaptativa inicia-se no

intestino, principalmente na região do ceco, observa-se grande influxo de linfócitos T

e expressão de INF gama, IL-12 e IL-18, determinando ativação da resposta Th1,

considerada a mais importante na eliminação do agente após infecção

sistêmica91,92,93. Verifica-se que em aves sensíveis à infecção por Salmonella, ocorre

a produção de citocinas como IL-4, e IL-13, responsáveis por determinar resposta

Th2, frequentemente observada em animais com infecção persistente94.

No ceco, a população de LT CD8+ possui grande papel na resposta

adaptativa76. Além disso, em aves infectadas, observa-se a participação de LT de

ação reguladora, assim como a produção de IL-10, responsáveis por modular a

resposta imune, principalmente na região do ceco. Acredita-se que esse efeito

imunomodulador observado em aves é contribui para a persistência do agente nesses

animais, diferente da resposta imune observada em mamíferos10.

Em aves são encontrados três tipos de imunoglobulinas: imunoglobulina

A (IgA), imunoglobulina M (IgM) e imunoglobulina Y (IgY). As três classes podem

ser detectadas no soro, trato intestinal, oviduto e bile de aves desafiadas com

diferentes cepas de Salmonella sp. e podem ser utilizadas como parâmetro na

avaliação da resposta imune do animal95. A presença de anticorpos em aves pode ser

detectada uma semana após o contato com Salmonella sp.10.

A IgA é o principal anticorpo presente nas mucosas. Sua presença reduz

a aderência de bactérias no epitélio, prevenindo desta maneira, o desenvolvimento de

doenças. Nas aves, mais de 75% da imunoglobulina IgA que é produzida migra para

a circulação e pode ser transportada para o fígado e lançada no canículo biliar. Desta

maneira, a bile é a principal via pela qual a IgA atinge o intestino nesta espécie54. Em

animais submetidos à inoculação experimental com Salmonella sp., observou-se

expressão máxima de imunoglobulinas IgY e IgA 22 dias após o contato, tendo como

principal alvo, antígenos T-independentes como LPS encontrado na parede

celular11,96.

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15

2.3 Contaminação de ovos

2.3.1 Colonização do trato reprodutor

A persistência de Salmonella sp. na ave, por meio de mecanismos de

evasão às respostas celular e humoral pode implicar na transmissão do agente para os

ovos12. Após os estágios iniciais de infecção aguda, a presença de Salmonella sp. no

fígado e baço sofre redução gradativa após 7-14 dias, com eliminação total do agente

em 28 dias12. Em alguns animais, o agente persiste nesses orgãos por até 12 semanas

após exposição90, em ambiente intracelular. Sua sobrevivência envolve, além de

TSS3, modulação da expressão de MHC-1 nas células infectadas, reduzindo a

atividade de LT de ação citolítica/citotóxica (CD8+). Além disso, em animais com

infecção persistente, observou-se aumento na produção de citocinas reguladoras

como IL-1012.

A colonização do trato reprodutor sofre influência de fatores fisiológicos

e hormonais de efeito imunossupressor em aves que atingem maturidade

sexual10,12,95. A maturidade sexual em poedeiras exerce efeito sobre os linfócitos,

com uma redução em seu número, em particular LT CD4+ localizados no trato

reprodutor, elevando a sensibilidade ao agente ou recrudescência da infecção em

animais portadores10. A colonização do trato reprodutivo de aves por Salmonella sp.

envolve mecanismos semelhantes aos da infecção do trato digestório, de invasão e

sobrevivência intracelular determinados pelo T3SS97,98. Destaca-se a participação das

ilhas SPI-1 e SPI-2 (Figura 5).

FIGURA 5 – Mecanismos de invasão e colonização de células

epiteliais do oviduto de galinhas envolvendo a

expressão de genes contidos em SPI-1 e SPI-2 de

Salmonella sp. Fonte: Adaptado de Raspoet61.

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A SPI-1 é relacionada com a invasão de células não fagocitárias, como as

do epitélio intestinal, nos estágios iniciais da infecção e na colonização do oviduto,

em infecções persistentes. SPI-2 é necessária para sobrevivência do agente no

interior de células, importante para a disseminação e manutenção do agente no

hospedeiro99,100.

Os genes contidos em SPI-2 estão envolvidos no potencial de

disseminação e colonização de orgãos, incluindo o trato reprodutor de aves. Nesse

processo, reconheceu-se a participação do gene ssrA, regulador de SPI-2. Sua

deleção não determina alteração na capacidade do agente em colonizar intestino mas

reduz a colonização de orgãos internos, ovário e oviduto, resultando em lesões no

trato reprodutor menos evidentes101.

Além disso, a proteína efetora pipB, codificada por SPI-2 e liberada por

T3SS, é capaz de inibir a expressão de peptídeos de atividade antimicrobiana

produzidos por células epiteliais do oviduto, aumentando a capacidade do micro-

organismo de sobreviver em ambiente desfavorável102.

A presença de lipopolissacarídeos (LPS) na composição da parede celular

de bactérias do gênero Salmonella atua na colonização do trato reprodutor de

poedeiras62. Um de seus componentes, denominado de Antígeno-O, é composto por

subunidades e sua síntese envolve a presença de polimerase (wzy), que determina as

dimensões de suas cadeias. Bactérias contendo cadeias mais curtas de Antígeno-O

apresentaram-se menos eficientes em colonizar ovário e oviduto103. A presença de

LPS altera a carga elétrica de superfície, tornando a bactéria refratária a peptídeos

catiônicos de ação antimicrobiana, facilitando a multiplicação e persistência do

agente no trato reprodutor62.

As fímbrias, componentes celulares que participam da adesão da bactéria a

superfícies, também foram alvo de diversos estudos. Na superfície das células

epiteliais do oviduto de aves identificou-se a presença de glicoesfingolipídeos que

atuam como sítios de aderência para fímbrias do tipo 1 (SEF21) de Salmonella sp., o

que explicaria o tropismo do agente por essa região104. As fímbrias do tipo 1 também

se associam a secreções do oviduto, facilitando a incorporação do agente aos

componentes do ovo durante a sua formação105. Cepas não produtoras de fímbrias

(ΔfimD) apresentaram redução no potencial de contaminação de ovos106.

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17

Além da disseminação sistêmica, a bactéria pode alcançar o oviduto por

meio de infecção ascendente pela cloaca, sendo incorporada ao ovo durante sua

produção84,62,107.

2.3.2 Formação e contaminação de ovos

A formação do ovo em poedeiras dura cerca de 26 horas4 e envolve

sequência de eventos que ocorrem em diferentes segmentos do trato reprodutor da

ave, com produção de diversas substâncias (Figura 6).

FIGURA 6 – Formação do ovo no trato reprodutivo de

poedeiras e contaminação de diferentes

componentes por Salmonella sp. de acordo

com o segmento colonizado Fonte: Adaptado

de Gantois et al.4.

A gema, produzida nos ovários, é captada pelo infundíbulo, porção

inicial do oviduto e segue para magno, onde ocorre a síntese do albúmen. Na região

do istmo ocorre a formação da membrana da casca e no útero ou glândula da casca,

secreção dos componentes pela que darão origem à casca. A vagina da ave é

responsável pelo transporte do ovo para o meio externo (ovoposição)4.

Salmonella sp. é capaz de colonizar todos os segmentos envolvidos na

produção do ovo/postura4. Dependendo do local de instalação, pode ser incorporada

em diferentes componentes, incluindo a membrana vitelínica e gema, caso o agente

colonize o ovário e infundíbulo da poedeira, como consequência de sua

disseminação4,108,109. Entretanto, não se observa penetração do agente através da

membrana da gema à temperatura de 42ºC110, sugerindo que a contaminação ocorra

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após a postura dos ovos, em temperatura de 25-30ºC111,112, associada a alteração na

viscosidade da gema e redução da integridade da membrana da gema111.

A colonização do magno e istmo pode acontecer após disseminação

sistêmica do agente ou determinada migração de bactérias presentes no ovário4. A

presença de bactérias nessas regiões do oviduto associa-se com a contaminação do

albúmen e da membrana da casca, sendo a colonização da região do magno a mais

comum4, 107.

Não existe consenso relativo à região mais predisposta à infecção por

Salmonella sp. Alguns trabalhos apontam o magno como a região mais comumente

colonizada4,107, outros propõem o istmo92 e junção infundíbulo-magno98. Os

componentes do ovo mais propensos a apresentar contaminação são o albúmen e a

superfície da membrana vitelínica112,113.

O contato ambiental da casca com Salmonella sp. proveniente de excretas

de animais infectados pode determinar contaminação do ovo. Esta forma de

contaminação, denominada de horizontal, pode determinar a penetração do agente

através da casca e membrana de ovos já formados, permitindo a contaminação de seu

interior. O potencial de penetração de Salmonella sp. pela casca já foi avaliado em

diversos estudos114,115,116 e é mais rápida e intensa imediatamente após a postura,

quando a superfície imatura e a perda de calor entre o ovo e o ambiente favorecem a

porosidade da casca114.

A contaminação pode ocorrer durante a postura, com o contato da casca

do ovo com a cloaca contaminada do animal. Já se observou que aves que

eliminavam o agente nas excretas nem sempre produziam ovos contaminados por

Salmonella sp.117,118,119.

Em condições normais o trato reprodutor de aves é ambiente estéril,

apenas com a presença de micro-organismos do gênero Lactobacillus que podem ser

isolados do segmento vaginal120. Entretanto, no curso da infecção, Salmonella sp.

presente na região da cloaca é capaz de colonizar vagina e útero de forma

ascendente, determinando contaminação da casca ou da superfície da casca do

ovo121.

2.3.3 Sobrevivência de Salmonella sp. em ovos

Existem vários agentes antimicrobianos presentes nos ovos, responsáveis

por proteger o embrião em desenvolvimento de perigos biológicos como peroxidase,

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AvBD, ovodefensinas, imunoglobulinas, lisozima, agentes quelantes e inibidores de

protease. Foi demonstrada a presença de cinco AvBD na casca do ovo: AvBD3,

AvBD9, AvBD10, AvBD11 e AvBD1. Na gema e albúmen detectou-se AvBD9 e

AvBD11, respectivamente76,122. No albúmen, a presença de ovodefensinas também

foi evidenciada123.

A lisozima é capaz de atuar sobre peptideoglicanos da parede celular,

alterando sua integridade62. Na parede celular de bactérias Gram-negativas, sua

atividade é comprometida pela ação do LPS, localizados externamente à camada de

peptideoglicanos124. Entretanto, são formados peptídeos derivados de lisozima

capazes atravessar a parede celular de Gram-negativas, formando poros na

membrana celular125.

No ovo são encontrados agentes quelantes que se ligam a nutrientes,

dificultando sua utilização pelos micro-organismos. O elemento quelante mais

conhecido é a ovotransferrina, capaz de se ligar a íons de ferro (Fe3+), privando as

bactérias deste componente necessário para o crescimento bacteriano. Além disso,

em condições de elevação de pH e alteração do potencial de oxi-redução, a

ovotransferrina é clivada, liberando domínios funcionais de ação bactericida, como o

peptídeo antimicrobiano 92 (OTAP-92)126. Outros quelantes também podem ser

encontrados nos ovos, como a avidina, proteína de ligação à biotina (BBP), proteína

de ligação à riboflavina, proteína plasmática de ligação ao retinol e proteína de

ligação à vitamina D, responsáveis pela manutenção dos níveis de biotina,

riboflavina, retinol e vitamina D para o embrião61.

Três tipos de imunoglobulinas foram identificados na gema e albúmen,

IgA, IgM e IgY, liberadas pelo ovário e oviduto. Dos ovos produzidos por aves

infectadas por Salmonella Enteritidis, foram extraídas e purificadas imunoglobulinas

específicas, capazes de interferir na capacidade de crescimento de Salmonella

Enteritidis e Typhimurium in vitro127.

Isolados de Salmonella sp. encontrados no oviduto e interior de ovos

contaminados expressam de forma intensa genes envolvidos com a estrutura e

integridade da parede celular, tornando o agente mais resistentes à ação de

componentes antimicrobianos (Figura 7)128. A habilidade de modificar a estrutura do

LPS, reduzindo sua carga negativa, é um mecanismo que previne a adesão de

CAMPs62. Salmonella sp. sintetiza um inibidor de lisozima (PliC), mas sua

relevância na sobrevivência do agente durante a formação dos ovos ainda não foi

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definida129. O dano à parede, membrana celular e DNA bacteriano são minimizados

pela ação de enzimas de reparo yafD e exonuclease III e pela expressão dos genes de

resposta universal ao estresse uspBA62,130.

FIGURA 7 – Contaminação de ovos por Salmonella sp., incluindo adesão fimbrial ao

oviduto e secreções e mecanismos de sobrevivência ao ambiente hostil do

oviduto do hospedeiro e ovo. Fonte: Adaptado de Raspoet61.

Apesar da restrição de nutrientes como Fe3+ provocada pela ação de

agentes quelantes, Salmonella sp. possui elevada afinidade ao elemento, sendo capaz

de desenvolver mecanismos de sequestro de ferro da ovotransferrina62. Por meio da

presença de proteínas de canal na membrana externa (TolC) e bombas na membrana

interna (MDR-pumps), ocorre a secreção de sideróforos bacterianos como

enterobactina e salmoquelina para o meio externo131. TolC também se relaciona com

a ação de bombas de efluxo, conhecidas por sua atuação em mecanismos de

resistência antibióticos132 e acredita-se que também participa da remoção de avidinas

do meio intracelular61.

Diversos dão os mecanismos de defesa presentes no processo de

formação do ovo, reduzindo a contaminação e persistência de agentes infecciosos. A

presença de Salmonella viável após postura, evidencia sua capacidade do agente de

sobreviver ao ambiente hostil do oviduto e ovo em associação com a temperatura

corporal elevada do hospedeiro61. Ao contaminar os ovos e permanecer viável em

seu interior, compromete a segurança da cadeia de produção de alimentos.

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CAPÍTULO 2 –DISSEMINAÇÃO EM ORGÃOS, CONTAMINAÇÃO DE

OVOS E EXCREÇÃO FECAL DE Salmonella Heidelberg e Salmonella

Typhimurium EM POEDEIRAS INOCULADAS EXPERIMENTALMENTE

Resumo

Objetivou-se avaliar o potencial de colonização de orgãos, excreção fecal e

contaminação de ovos por Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium em

poedeiras inoculadas experimentalmente. Foram selecionadas 45 poedeiras White

Leghorn com 28 semanas de idade, livres de patógenos específicos, foram divididas

em três grupos mantidos em unidades isoladoras. No primeiro grupo, inoculou-se em

cada ave, via oral, 1,2 x 107 UFC de Salmonella Heidelberg, no segundo grupo, 1,0 x

107 UFC de Salmonella Typhimurium. No grupo controle, as aves receberam igual

volume de solução salina esterilizada. Aos sete, 14 e 21 dias pós inoculação, cinco

poedeiras/grupo foram submetidas à eutanásia e necropsia. Baço, fígado, ovários,

magno, istmo, útero, intestino delgado e ceco foram colhidos e destinados aos

ensaios histopatológicos e bacteriológicos. Ovos foram colhidos diariamente e

suabes cloacais a cada três dias, antes e durante o período de realização do

experimento e analisados. As alterações histopatológicas encontradas foram de

escore discreto e circunscritas a pequenas porções teciduais, não caracterizando

reação aguda, sendo observada presença de infiltrado leucocitário e hiperemia

discreta. O sorovar Heidelberg foi identificado em todos os tecidos avaliados sete

DPI, assim como Salmonella Typhimurium, identificada em todos os tecidos

avaliados, exceto ovário, sete DPI. Salmonella Heidelberg persistiu no ceco e baço,

de forma viável, 14 DPI, enquanto que o sorovar Typhimurium não foi identificado

em nenhum tecido, considerando o mesmo período. Os dois sorovares foram capazes

de contaminar os ovos produzidos no período pós inoculação, sendo isolados em

casca a partir de 3 DPI e gema até 12 DPI. A inoculação experimental gerou infecção

com resolução em 14 DPI em poedeiras ST e 21 DPI para poedeiras SH. Salmonella

Heidelberg permaneceu por mais tempo no hospedeiro, com isolamento

microbiológico persistente em ceco e baço associado a pouca indução de resposta

inflamatória nos órgãos avaliados, elementos chave para emergência do sorovar na

cadeia produtiva.

Palavras-chave: poedeiras, produção de ovos, salmonelose

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ORGANS DISSEMINATION, EGG CONTAMINATION AND FECAL

EXCRETION OF Salmonella Heidelberg and Salmonella Typhimurium IN

EXPERIMENTALLY INFECTED LAYING HENS

Abstract

The aim of this study was to evaluate the potential of organ colonization, fecal

excretion and eggs contamination by Salmonella Heidelberg and Salmonella

Typhimurium in experimentally infected laying hens. We selected 45 White Leghorn

hens at 28 weeks of age, free from specific pathogens, divided into three groups kept

in isolation units. In the first group, 1.2 x 107 CFU of Salmonella Heidelberg was

inoculated into each bird, in the second group, 1.0 x 107 CFU of Salmonella

Typhimurium. The birds of the control group received an equal volume of sterile

saline solution. At seven, 14 and 21 days after inoculation, five laying hens / group

were submitted to euthanasia, necropsy and spleen, liver, ovaries, magno, isthmus,

uterus, small intestine and cecum were submitted to histopathological and

bacteriological assays. Eggs were harvested daily and cloacal swabs every three

days, before and during the period of the experiment and analyzed. The

histopathological changes were discrete score and confined to small tissue portions,

not characterizing an acute reaction, with leukocyte infiltrate and discrete hyperemia.

The Heidelberg serovar was identified in all tissues evaluated seven days after

inoculation, as well as Salmonella Typhimurium, identified in all tissues, except

ovary, seven DPI. Salmonella Heidelberg persisted in the cecum and spleen, viable,

14 days after inoculation, whereas the serovar Typhimurium was not recovered from

any tissue, considering the same period. The two serovars were able to contaminate

the eggs produced in the post inoculation period, being isolated in shell from 3 days

after inoculation and yolk up to 12 days after inoculation. Experimental inoculation

generated infection with 14 days after inoculation resolution for ST animals and 21

days after inoculation for SH animals. Salmonella Heidelberg showed persistent

microbiological isolation in cecum and spleen, associated with low induction of

inflammatory response in the organs evaluated, key elements for emergence of the

serovar in the productive chain.

Key words: egg production, laying hens, reproductive organs, salmonellosis

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1. Introdução

As aves são reservatórios para Salmonella enterica e a infecção para

seres humanos é comumente associada a produtos avícolas contaminados,

especialmente ovos1,2,3. Apesar dos esforços internacionais em controlar a veiculação

alimentar de patógenos, estudos de vigilância ativa indicam que a incidência de

infecções humanas pelo gênero Salmonella continuam sendo uma preocupação

global de saúde pública4,5.

A observação de um um perfil de multi resistencia a antibióticos em

isolados de origem aviária, envolvendo especialmente os sorovares Heidelberg,

Enteritidis e Typhimurium6, associado a habilidade de alguns sorovares em colonizar

o trato reprodutor das poedeiras, contaminar ovos disseminar-se na cadeia de

produção de alimentos, evidenciam sua importância em saúde pública7,8.

A infecção do trato reprodutor de aves adultas por Salmonella sp.

ocorrerá em animais que sofreram infeção sistêmica, após colonização do trato

gastrointestinal9. Além da disseminação linfática e hematogênica, a bactéria pode

alcançar o oviduto por meio de infecção ascendente pela cloaca, sendo incorporada

ao ovo durante sua produção10,11,12. A maioria das infecções é auto limitante13,14, mas

algumas poedeiras podem apresentar infecção persistente, elevando o potencial de

contaminação horizontal e produção de ovos contaminados8,15,16. A persistência do

agente, determinando estado de portador inaparente, pode ocorrer, com a manutenção

do agente em baixas concentrações ao longo da vida da ave, podendo ocorrer

recrudescência da infecção. A capacidade do agente de sobreviver em ambiente

intracelular, é um dos elementos envolvidos em sua manutenção no hospedeiro8,17.

Salmonella enterica é capaz de colonizar todos os segmentos envolvidos

na produção do ovo e postura10. Embora a doença veiculada por ovos seja

principalmente atribuída a Salmonella Enteritidis, outros sorovares, principalmente

Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium, também foram implicados18,19.

A presença do agente viável nos ovos após postura evidencia a

capacidade do agente de sobreviver ao ambiente hostil do oviduto e ovo em

associação com a temperatura corporal elevada da ave20. Ao contaminar ovos e

permanecer viável em seu interior, comprometem a segurança da cadeia de produção

de alimentos.

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A interação entre poedeiras e o sorovar Enteritidis já foi bem

estabelecida18,21,22. Como resultado, foram desenvolvidas medidas de controle mais

efetivas limitando a circulação do sorovar, colonização de aves e contaminação de

ovos. Entretanto, os sorovares de Salmonella podem diferir quanto a sua capacidade

de invadir e colonizar o hospedeiro, sobreviver em oviduto e ovos23. Sorovares

distintos apresentam diferentes perfis e padrões de expressão de genes que propiciam

a colonização do hospedeiro, estimulando resposta imunológica, o aparecimento de

lesões e a definição do estado de doença. Diante destas considerações, foi proposto

para este estudo avaliar a colonização de orgãos, excreção fecal e contaminação de

ovos pelos sorovares Heidelberg e Typhimurium em poedeiras livres de patógenos

específicos (SPF).

2. Material e Métodos

2.1 Local de realização do experimento e seleção das poedeiras

Os protocolos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética da

Embrapa Suínos e Aves nº 008/2014 (Anexo 1).

O experimento foi realizado no setor de isolamento da Unidade

Experimental de Aves (UEA) e no Laboratório de Sanidade e Genética Animal

(LSGA) da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, Santa Catarina. Foram utilizadas 45

poedeiras, White Leghorn, linhagem Embrapa 011, com 28 semanas de idade

provenientes da Unidade de Produção de Aves livres de patógenos específicos (SPF)

da Embrapa Suínos e Aves.

As poedeiras foram divididas em três grupos de 15 aves/cada, mantidos

em duas unidades isoladoras para aves por grupo, com lotação de seis a sete

poedeiras por isolador, com programa de luz de 16 h luz/8 h escuro. Os isoladores

eram dotados de ninhos artificiais, bebedouros do tipo nipple com fornecimento de

água clorada e comedouros abastecidos com ração, ad libitum.

2.2 Preparação do inóculo

Os inóculos foram elaborados com cepas de campo de Salmonella

Typhimurium e Salmonella Heidelberg do Laboratório Nacional Agropecuário,

Campinas, SP (LANAGRO-SP). Os isolados foram previamente sorotipificados pelo

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Laboratório de Enterobactérias do Departamento de Bacteriologia da Fundação

Instituto Oswaldo Cruz no Estado do Rio de Janeiro (IOC/FIOCRUZ). A partir de

cultura pura plaqueada em ágar triptona de soja (TSA), colônias isoladas foram

individualmente inoculadas em 3 mL de caldo infusão de cérebro e coração (BHI) e

incubadas a 37ºC por 18 - 24 horas. A concentração do inóculo foi ajustada em

solução salina a 0,85% conforme tubo 0,5 da escala de MacFarland e diluída 1:10

para uma concentração final de aproximadamente 1,0 x 107 UFC/mL. As

concentrações foram confirmadas por meio de plaqueamento de diluições decimais

seriadas em ágar TSA, com posterior incubação a 37 ºC por 18 - 24 horas,

apresentando inóculos de 1,2 x 107 UFC/ mL para Salmonella Heidelberg e 107 UFC/

mL para Salmonella Typhimurium.

2.3 Inoculação experimental e obtenção de amostras

Em todas as poedeiras do primeiro grupo, denominado de ST,

inocularam-se, via oral, 1 mL do inóculo contendo Salmonella Typhimurium. As

aves do segundo grupo, denominado SG, receberam 1 mL do inóculo contendo

Salmonella Heidelberg enquanto que os animais do grupo controle (GC) receberam

igual volume de solução salina esterilizada.

Para a avaliação da excreção fecal de Salmonella sp., foram colhidas

individualmente amostras por meio de suabes cloacais, imediatamente antes da

inoculação, três dias pós inoculação (DPI), seis DPI, nove DPI, 12 DPI, 18 DPI e 21

DPI, totalizando sete colheitas. Ovos de cada isolador foram colhidos diariamente,

sendo que a cada três dias, um pool de dez a cinco ovos de cada grupo foi destinado

ao isolamento bacteriológico de Salmonella em casca e gema. Os ovos excedentes

foram autoclavados e descartados.

Aos sete, 14 e 21 DPI, cinco aves/ grupo foram submetidas à eutanásia

por deslocamento cervical. Após necropsia e exame macroscópico, foram colhidos

fígado, magno, istmo, útero, ovário, intestino delgado e ceco. As amostras foram

divididas em alíquotas individualizadas por orgãos e destinadas aos ensaios

histopatológicos e bacteriológicos. Os tecidos para às análises bacteriológicas foram

mantidos em caixas isotérmicas com gelo reciclado, posteriormente refrigerados e

analisados no máximo em quatro horas. Os tecidos para às análises histológicas

foram, logo após a colheita, transferidos para recipientes contendo formalina

tamponada 10%.

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2.4. Ensaios analíticos

2.4.1. Cultivo Bacteriológico

De cada poedeira, fragmentos do fígado, baço, ovário, magno, istmo,

útero e intestino delgado e ceco foram, individualmente, macerados e cerca de um

grama foi transferido para tubos de ensaio contendo água peptona a 1 % na

proporção 1:10 e incubados a 37 °C por 24 h. A cada três dias, os ovos obtidos de

cada grupo, eram submetidos à desinfecção com álcool 70 %, quebrados e porções da

casca e gemas foram separadas assepticamente e colocados em um recipiente

esterilizado. De cada grupo, foram analisadas amostras compostas por pool de 10

cascas e pool de 10 gemas. As amostras foram homogeneizadas individualmente e 25

g da casca e 25 mL da gema foram colocados em Erlenmayer contendo 225 mL de

solução peptonada a 1%. As amostras em água peptonada a 1 % foram incubadas a

37 oC/ 18 - 20h.

Após o período de incubação das amostras de orgãos e ovos, alíquotas de

1,0 mL da água peptonada a 1 % foram transferidas para 9 mL caldo selenito cistina

(CS) e 0,1 mL para 10 mL de caldo Rappaport e incubados a 37 °C por 18 - 24 h.

Posteriormente, com o auxílio de uma alça níquel-cromo, foram realizados repiques

nos ágares verde brilhante (VB) e Xylose-Lysine-Tergitol4 (XLT4) e incubadas a 37

°C por 18 - 24 h. De cada um dos meios foram selecionadas de três a cinco colônias

com características morfológicas de Salmonella e repicadas em ágar tríplice açúcar-

ferro (TSI), seguindo-se incubação a 37° C por 18 - 24 h. As culturas em TSI com

crescimento sugestivo de Salmonella foram submetidas aos testes de: produção de

indol, motilidade, urease, descarboxilação da lisina, vermelho de metila, utilização

do malonato e citrato de Simmons.

2.4.2. Análise histopatológica

Os tecidos destinados à análise histopatológica foram fixados em

formalina tamponada 10 % por 36 horas, lavados em água corrente por 24 horas e

armazenados em etanol 70 %. A seguir, foram desidratados em soluções com

concentrações crescentes de álcool, seguido pela diafanização em xilol. A inclusão

em parafina foi feita através da passagem dos tecidos em três banhos de parafina a 60

°C por uma hora cada um. O material foi colocado em caixas devidamente

identificadas com parafina líquida e posteriormente foi feita a confecção das lâminas

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39

e coloração com hematoxilina-eosina. As lâminas foram examinadas em microscópio

binocular equipado com sistema de fotomicrografia digital.

2.4.3 Análise estatística

Para os estudos de colonização intestinal de Salmonella Heidelberg e

Salmonella Typhimurium foi utilizado teste descritivo considerando a frequência

encontrada nas variáveis.

3. Resultados

3.1 Análises bacteriológicas

3.1.1 Excreção fecal

Não houve mortalidade nas poedeiras infectadas por Salmonella

Heidelberg e Salmonella Typhimurium neste experimento, assim como não foram

observadas manifestações clínicas entre as aves inoculadas. Considerando a excreção

fecal de Salmonella, nenhuma das amostras colhidas antes da inoculação das

poedeiras foi positiva para Salmonella sp., assim como todas as amostras

provenientes do grupo controle GC, durante as sete colheitas realizadas.

Considerando os dois sorovares, a excreção fecal apresentou diferentes percentuais

de recuperação nos períodos avaliados (Tabela 1).

TABELA 1 – Excreção fecal de Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium em

poedeiras em diferentes períodos pós inoculação oral.

Grupos experimentais DPI Suabes cloacais + (%)

SH 3 80 (12/15)a

6 20 (3/15)

9 80(8/10)

12 50 (5/10)

18 0 (0/5)

21 0 (0/5)

ST 3 26,7(4/15)

6 0 (0/15)

9 90 (9/10)

12 30 (3/10)

18 0 (0/5)

21 0 (0/5)

SH= S. Heidelberg; ST= S. Typhimurium

DPI= dias pós inoculação a. amostras positivas/amostras colhidas

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40

Três dias após a inoculação, 80 % (12/15) das aves SH e 26,7 % (4/15)

das aves ST apresentaram resultados positivos. Após seis dias (6 DPI), 20 % (3/15)

dos animais SH apresentaram excreção fecal do agente, enquanto que entre os

animais ST, os resultados foram negativos.

Nas amostras colhidas 9 DPI, 80% (8/10) e 90% (9/10) foram positivas,

considerando as poedeiras SH e ST, respectivamente. O percentual de excreção

fecal 12 DPI foi de 50% entre as aves inoculadas com Salmonella Heidelberg e

30% entre as aves do grupo ST. Nas amostras colhidas 18 DPI e 21 DPI,

Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium não foram isoladas das excretas.

3.1.2 Colonização de orgãos

Os resultados das análises bacteriológicas dos orgãos encontram-se

descritos na Tabela 2. As poedeiras do Grupo Controle (GC), apresentaram resultado

negativo para Salmonella durante todo o período, indicando a eficiência do sistema

de isolamento entre as unidades que separavam os grupos experimentais.

TABELA 2 - Recuperação de Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium de órgãos

de poedeiras em diferentes períodos pós inoculação oral.

Grupos DPI Número de positivas/número de aves testadas

Fígado Baço Ovario Magno Istmo Utero ID Ceco

SH 7 80 (4/5) 80 (4/5) 20 (1/5) 20 (1/5) 40 (2/5) 40 (2/5) 60 (3/5) 100 (5/5)

14 0 (0/5) 20 (1/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 20 (1/5) 60 (3/5)

21 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5)

ST 7 80 (4/5) 80 (4/5) 0 (0/5) 40 (2/5) 60 (3/5) 40 (2/5) 20 (1/5) 100 (5/5)

14 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5)

21 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5) 0 (0/5)

DPI= dias pós inoculação; SH= S. Heidelberg; ST= S. Typhimurium; ID= intestino delgado

Das 40 amostras de orgãos dos animais SH da primeira necropsia (7

DPI), identificou-se Salmonella Heidelberg em todos os tecidos avaliados, 55%

foram positivas (22/40). Na segunda necropsia, das 40 amostras colhidas, Salmonella

Heidelberg foi recuperada em cinco amostras (12,5%), sendo o ceco o segmento com

maior identificação do agente (3/5), seguido por baço e intestino delgado (1/5). Nos

animais ST, o sorovar Typhimurium foi detectado em todos os orgãos colhidos na

primeira necropsia, exceto em ovários, totalizando 21 amostras positivas (52,5 %). O

sorovar Typhimurium não foi recuperado nas amostras de orgãos colhidos a partir de

14 DPI.

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41

Avaliando-se o trato reprodutor das poedeiras, observa-se que o sorovar

Heidelberg foi o único capaz de colonizar ovário, em apenas um animal. O sorovar

Heidelberg colonizou útero e istmo de 40% das aves (2/5), sendo encontrado também

em um animal em magno. Nas poedeiras do grupo ST, observou-se que o segmento

mais colonizado foi o istmo (60%), seguido de magno e útero (40%), sete DPI.

Ambos sorovares não foram identificados nos segmentos de oviduto e ovário, 14

DPI, indicando imunocompetência das aves em eliminar os agentes. Os resultados

referentes à de colonização de trato reprodutor, por segmento e por poedeira, sete

DPI encontram-se na Figura 1.

FIGURA 1 – Distribuição de Salmonella Heidelberg (A) e

Salmonella Typhimurium (B) por segmento

de trato reprodutor e por poedeira infectada,

sete DPI.

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42

Ainda considerando a colonização de trato reprodutor, observa-se entre

as cinco poedeiras SH, sete DPI, duas não apresentaram colonização de orgãos

reprodutores pelo sorovar Heidelberg. Uma das aves apresentou colonização de

ovário e útero, simultaneamente e apenas um animal evidenciou colonização de

magno, istmo e útero simultaneamente. Em uma das aves inculadas a presença da

bactéria no trato reprodutor se restringiu ao istmo, conforme Figura 1A.

Das cinco poedeiras ST (Figura 1B), sete DPI, Salmonella Typhimurium

foi identificada em quatro. A colonização simultânea de magno, istmo e útero foi

evidenciada em apenas um animal. A colonização simultânea de istmo e útero

cocrreu em uma ave, assim como colonização simultânea de magno e istmo. A ave

que não apresentou colonização de oviduto por Salmonella Typhimurium, apresentou

resultados positivos apenas em fígado e ceco.

3.1.3 Contaminação de ovos

O Tabela 3 apresenta os resultados da identificação de Salmonella em

pool de casca e pool de gema das aves inoculadas, em diferentes períodos pós

inoculação.

Tabela 3 – Detecção de Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium em pool de casca e

pool de gemas de ovos obtidos de poedeiras em diferentes períodos pós

inoculação oral.

Grupos experimentais DPI Pool de Cascas Pool de Gemas

SH 3 Negativo Negativo

6 Positivo Negativo

9 Positivo Negativo

12 Negativo Positivo 15 Negativo Positivo 18 Negativo Negativo

21 Negativo Negativo

Total de positivos SH 28,57% (2/7) 28,57% (2/7)

ST 3 Negativo Negativo

6 Positivo Negativo

9 Positivo Negativo

12 Negativo Negativo

15 Positivo Negativo

18 Negativo Negativo

21 Negativo Negativo

Total de positivos ST 42,8% (3/7) 0 (0/7)

SH= ovos de poedeiras inoculadas com S. Heidelberg; ST= ovos de poedeiras inoculadas com

S. Typhimurium; DPI= dias pós inoculação

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43

Observou-se que tanto o sorovar Heidelberg quanto Typhimurium foram

identificados em ovos colhidos após a inoculação. Ambos os sorovares foram

identificados nas cascas dos ovos, em ovos do grupo SH colhidos seis DPI e nove

DPI, cascas de ovos do grupo ST, seis DPI, nove DPI e 15 DPI. Considerando as

amostras provenientes das poedeiras inoculadas com o Salmonella Heidelberg, a

partir do 12 DPI, o agente não foi identificado nas cascas dos ovos analisadas, apesar

das análises de intestino delgado e ceco das aves SH, indicarem colonização pelo

agente. Para o sorovar Typhimurium, resultados negativos consecutivos foram

registrados após o 18 DPI.

Apenas o sorovar Heidelberg foi identificado nas amostras de pool de

gemas dos ovos colhidos 12 e 15 DPI.

3.2 Análises histopatológicas

Em geral, as alterações histológicas descritas foram de escore discreto a

moderado, não caracterizando reação aguda. As lesões observadas nos diferentes

tecidos foram presença de infiltrado leucocitário e hiperemia. Não foram observadas

lesões microscópicas em amostras de baço, em nenhum dos grupos experimentais,

em nenhuma das colheitas.

O fígado foi o órgão que apresentou maior número de alterações. No

grupo ST, sete DPI, foram observados escores moderados de hiperemia e infiltrado

leucocitário (IL) em 60% das amostras. No mesmo período, considerando o grupo

SH, observou-se hiperemia e infiltrado leucocitário leve em 20% das amostras e

degeneração leve em 20%. Considerando os grupos inoculados, 14 DPI, em 80 % das

amostras ST observou-se discreta hiperemia e IL. Nas amostras SH, as alterações

inflamatórias foram menos frequentes, identificando-se discreta hiperemia e IL em

40 % das amostras e alterações degenerativas discretas em 20%. Nos grupos SH e

ST, 21 DPI, não foram observadas alterações microscópicas nos tecidos avaliados.

Aos sete DPI, a análise de segmento de intestinos demonstrou infiltrado

leucocitário moderado em 80% das amostras do tratamento SH. Não foram

identificadas alterações microscópicas nos tecidos do GT, no mesmo período.

Infiltrado leucocitário de escore discreto foi observado na segunda colheita (14 DPI)

em 20% das amostras do grupo SH e ST. Na colheita 21 DPI, não foram detectadas

lesões em fragmentos de intestino, em nenhum dos dois tratamentos.

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44

Considerando lesões no trato reprodutor, observou-se no útero de uma

ave, 21 DPI, hiperemia discreta. No grupo ST, 21 DPI, observou-se hiperemia

moderada, IL discreta e áreas de hemorragia discreta em 25% das amostras. No

grupo SH, sete DPI e 14 DPI, 20% dos tecidos apresentaram infiltrado heterofílico

discreto. Não foram observadas lesões no grupo SH, 21 DPI.

Quanto às lesões observadas em segmentos de magno e istmo, verificou-

se equivalência entre a presença, distribuição e severidade das lesões encontradas

nos grupos ST e SH, com discreta hiperemia e infiltrado leucocitário nas amostras

colhidas sete DPI e infiltrado leucocitário discreto nas amostras obtidas 14 DPI.

4. Discussão

No presente estudo, não ocorreu mortalidade, sinais clínicos ou redução

na produção de ovos entre as poedeiras infectadas. Entretanto, McWhorter &

Chousalkar19, em trabalho desenvolvido com poedeiras SPF de 18 semanas de idade

que receberam por via oral inóculo contendo 1,0 × 109 UFC de Salmonella

Typhimurium, relataram que 24 horas após a inoculação, observou-se excreção de

fezes mucóides e com sangue entre os animais do grupo desafiado, retornando à

normalidade quatro DPI, observando-se alimentação, consumo de água e produção

de ovos normais pelas aves. Tal diferença pode ser associada à linhagem utilizada,

idade das aves, características da cepa utilizada, assim como concentração do

inóculo.

Considerando a cepa inoculada, quando avaliada a dinâmica da

multiplicação de diferentes sorovares de Salmonella enterica em diferentes espécies

animais, pode-se supor que o ambiente em que os animais estão expostos, nutrição,

bem como perfil imunitário são fatores que se associam e determinam a dinâmica da

replicação do patógenos em indivíduos contaminados por via oral e menor

permanência da Salmonella no trato intestinal, pelas limitações de multiplicação o

que pode ter ocorrido na presente pesquisa em similaridade ao identificado por

Kuźmińska-Bajor et al.24. Definem também sua manutenção e multiplicação nos

nichos iniciais de invasão, que por consequência culminam nas manifestações

clínicas esperadas. Por outro lado, o comportamento do sorovar no animal definirá o

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45

tempo em que haverá excreção e disseminação no ambiente, sem que

necessariamente observe-se doença instalada.

Sabe-se que aves adultas infectadas pelos sorovares paratíficos

apresentam-se normalmente assintomáticas13,14. Entretanto, a ausência de sinais

clínicos em animais infectados por salmonelas paratíficas, permite a circulação dos

agentes entre os animais e amplifica sua disseminação ambiental, aumentando o risco

de infecção humana5.

A redução na excreção fecal de Salmonella entre os dias três e seis DPI

pode ser determinada pela eliminação mecânica de bactérias do trato intestinal, assim

como envolvimento de mecanismos de competição da microbiota normalmente

encontrada no intestino delgado e ceco dos animais. Observa-se também, que a

eliminação fecal de Salmonella sp. apresenta perfil intermitente em aves infectadas e

mesmo animais que apresentam colonização intestinal podem não eliminar o agente

nas excretas.

McWhorter & Chousalkar19 registraram redução de excreção do agente,

em poedeiras adultas inoculadas com o sorovar Typhimurium, registrando

percentual de recuperação do agente inferior a 40 %, 12 DPI.

Não se identificou Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium

nas excretas a partir de 18 DPI. Em decorrência do período de tempo de 21 dias de

realização de análises, não se pode utilizar resultados negativos de análises

bacteriológicas como indicativo de eliminação total do agente pelas aves.

McWhorter & Chousalkar19 monitoraram a excreção intermitente de ST por

poedeiras durante 60 semanas pós inoculação, onde resultados semanais negativos

consecutivos de análises bacteriológicas e por PCR precederam resultados

positivos.

É importante ressaltar que o presente estudo foi conduzido utilizando

poedeiras adultas de linhagem da Embrapa. Trabalhos anteriores demonstraram

diferenças entre a a excreção fecal do sorovar Enteritidis entre diferentes linhagens

de aves adultas, atribuídas à seleção genética de características de resistência à

Salmonella sp 25,26.

Devido ao comportamento identificado para ambos sorovares, pode-se

considerar que a eliminação fecal das bactérias sugere que há escape de seu nicho

intracelular de volta ao lúmen intestinal como parte de seu ciclo infeccioso.

Knodler et al.27 discorreram sobre este fenômeno, em que Salmonella sai do epitélio

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46

polarizado cooptando um mecanismo normalmente usado pelo hospedeiro para

remover células senescentes do epitélio da mucosa.

Outro elemento de interesse que corrobora para a suposição de

resistência do hospedeiro ao patógeno é reforçado pelo fato de que o aparato

genômico para virulência de Salmonella Typhimurium tem ação de excelência com

ativação de ilhas de patogenicidade específicas, plasmídeos de patogenicidade,

adesinas, flagelos e proteínas codificadoras de formação de biofilme28. No entanto,

alguns mecanismos regulatórios do hospedeiro são acionados e estranhamente

observa-se limitação do patógeno que parece tornar-se menos efetivo, buscando

outras rotas de disseminação para sua perpetuação em outros órgãos.

Gast et al.16 apontaram que a seleção de resistência entre diferentes

linhagens de poedeiras se manifesta proeminentemente na colonização do trato

intestinal, sem impacto relevante sobre a disseminação do agente em outros orgãos.

Estudos de inoculação feitos em camundongos24 com diferentes

sorovares Salmonella enterica demonstraram que a divergência entre a disseminação

intestinal, diminuída e a disseminação sistêmica, amplamente acentuada. Isto, pela

rápida resposta inflamatória intestinal, dependente do sorovar. Ou seja, a infecção

intestinal foi debelada. Ainda, identificaram que a resposta foi ampliada em virtude

da indução de ativação imunológica para produção de interleucinas, desencadeada

pelo estímulo de fímbrias que desempenham relevante função na patogenicidade de

Salmonella24.

No presente estudo, Salmonella Heidelberg colonizou todos os tecidos

avaliados e o sorovar Typhimurium foi detectado em todos os orgãos, exceto em

ovários. Nair et al.29 discorreram sobre a habilidade de colonização e disseminação

de S. Heidelberg em perus adultos, fato similar os achados deste estudo. Os autores

demonstraram que a taxa de recuperação foi mais alta no ceco, seguida de baço e

fígado. As aves, embora positivas para o patógeno no ceco, responderam bem contra

a disseminação de S. Heidelberg no fígado e no baço29.

Os resultados indicam a capacidade dos dois sorovares de invadir e

colonizar enterócitos, ultrapassando as barreiras intestinais em poedeiras adultas.

Porém, observa-se diferenças entre a capacidade dos dois sorovares de colonizar

determinados orgãos, fato evidenciado ao se comparar os resultados obtidos em

amostras de ovário.

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47

O sorovar Heidelberg foi o único capaz de colonizar ovário, em apenas

um animal infectado. Sabe-se que resultados de estudos que avaliaram a capacidade

de colonização em ovário são controversos. Alguns apontam o sorovar Enteritidis

com maior potencial de colonização do ovário enquanto que outros demonstram

colonização equivalente pelos sorovares Enteritidis e Typhimurium30. Essas

diferenças podem ser atribuídas por variações metodológicas, tais como cepa e

concentração do inoculo utilizado, método de inoculação e linhagens de poedeiras

utilizadas16.

A presença de Salmonella no oviduto das aves, pode ser consequência da

infecção sistêmica, ou determinada por contaminação ascendente pela cloaca, visto

que a presença dos agentes foi evidenciada no intestino10,11,12.

Não há consenso relativo segmento do trato reprodutor mais predisposto

à infecção por Salmonella enterica. Alguns trabalhos apontam o magno como a

região mais comumente colonizada10,12, outros propõem o istmo31 e junção

infundíbulo-magno13. Os componentes do ovo mais propensos a apresentar

contaminação são o albúmen e a superfície da membrana vitelínica que recobre a

gema13,32. Além disso, sabe-se que os ciclos de postura são associados à flutuação

hormonal, capaz de gerar efeito imunossupressor8,33,34, sendo potencial gerador de

variabilidade na colonização do trato reprodutor das poedeiras avaliadas no presente

estudo, mesmo considerando idade e genótipo semelhantes.

Os resultados obtidos sugerem maior capacidade do sorovar Heidelberg

em persistir nos animais infectados, em comparação com Salmonella Typhimurium.

Tal informação pode ser relacionada com os resultados obtidos por Moraes et al35,

avaliando poedeiras de descarte, em final de ciclo produtivo, com mais de 76

semanas de idade. Salmonella Heidelberg foi um dos sorovares mais identificado nas

poedeiras assintomáticas.

Os resultados obtidos indicam a ocorrência de contaminação de

superfície da casca dos ovos pelos dois sorovares. Tal fato indica que, mesmo em

animais adultos, a exposição aos sorovares permite a produção de ovos

contaminados, evidenciando a importância da adoção de práticas adequadas de

manipulação de ovos dentro ou fora das granjas para reduzir o risco de contaminação

cruzada.

A ausência de Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium nas

cascas de alguns ovos avaliados, apesar da sua presença em intestino e oviduto pode

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ser explicada pela variação na carga microbiana presente nos dias subsequentes a

inoculação experimental, excreção bacteriana intermitente, assim como pela

interação das bactérias com substâncias de atividade antimicrobiana presentes na

casca. Além disso, em trabalhos anteriores, já se observou ausência de contaminação

em ovos produzidos por animais que eliminavam o agente nas excretas22,29,30.

Chousalkar et al.36, afirmaram em alguns países, apesar da prevalência de Salmonella

sp. em poedeiras ser alta, registram-se frequências baixas de ovos positivos para o

agente.

O sorovar Heidelberg foi o único identificado nas amostras de pool de

gemas dos ovos colhidos. Considerando que a contaminação da gema pode ser

relacionada à colonização de ovários e infundíbulo, observa-se no presente

experimento que, considerando a colonização de orgãos, o sorovar Heidelberg foi o

único sorovar capaz de colonizar ovário. A presença do agente incorporado à

membrana vitelínica e gema é indicativa de colonização de ovário e

infundíbulo10,37,38, caracterizando contaminação vertical, apesar da penetração após a

postura dos ovos ser possível13,39, influenciada pela alteração na temperatura,

viscosidade da gema e redução da integridade da membrana da gema39. A presença

de excretas no ambiente dos isoladores também pode ser associada à contaminação

horizontal dos ovos.

Deve-se notar que, no presente estudo, nenhum conteúdo interno do ovo

foi positivo para Salmonella Typhimurium, apesar da presença do sorovar

Typhimurium em magno, istmo e útero ter sido evidenciada entre as poedeiras

inoculadas. Este resultado é consistente com os resultados descritos por Pande et al.40

e McWhorter & Chousalkar19, em ovos de poedeiras inoculadas com sorovar

Typhimurium, onde não se recuperou o agente da gema.

Alguns trabalhos relatam a incapacidade de alguns sorovares em

sobreviver no interior do ovo. Em infecções experimentais feitas em poedeiras com

Salmonella enterica serovar Oranienburg, o agente foi isolado de baço (86.9 %),

ovários (31.6 %) e oviduto (15.8 %) de poedeiras, entretanto não foi verificada sua

presença no interior de ovos, apenas na superfície de ovos com indícios de

contaminação fecal41.

Em estudo comparativo conduzido por Gast et al.42, empregando

Salmonella Enteritidis, Salmonella Heidelberg e Salmonella Hadar em infecções

experimentais, não existiu diferença significativa dos sorovares na colonização de

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ovário e oviduto de poedeiras. Entretanto, foi verificada contaminação interna apenas

nos ovos produzidos pelas aves infectadas com os sorovares Enteritidis e

Heidelberg42.

A abordagem de disseminação e multiplicação de Salmonella enterica

tem grande amplitude de ação. Dentro do que foi descrito anteriormente,

acrescentam-se elementos que cabem destaque. Estas abordagens forneceram

informações mais detalhadas sobre os eventos subjacentes à dinâmica de replicação,

disseminação e eliminação de Salmonella nos órgãos e tecidos do hospedeiro.

Watson & Holden43 contrastando seus resultados com de outros pesquisadores

abordaram um fator de grande importância para os estágios de multiplicação de

Salmonella. Eles descreveram que altas taxas de replicação ocorrem ao atingir órgãos

sistêmicos, apesar do início da morte bacteriana. Em seguida, ocorre uma segunda

fase, caracterizada por declínio populacional atribuído a uma mudança no papel do

estresse oxidativo de ação bactericida para ação bacteriostática43.

Nas análises de histopatológico, observou-se presença de infiltrado

leucocitário, com predominância de heterófilos, relaciona-se ao início da resposta

imunológica, seguido do aumento de linfócitos e demais células plasmáticas44. Ao

relacionar os resultados das análises bacteriológicas com as histopatológicas,

verifica-se que nem sempre a presença e persistência da bactéria nos orgãos foi

acompanhada de reação inflamatória ou lesão. Tal condição foi evidenciada nas

amostras baço sete DPI dos animais ST e SH, sem alterações microscópicas

observadas, mas com isolamento bacteriológico em 80% nos animais.

A inoculação dos dois sorovares de Salmonella permitiu a colonização de

orgãos das poedeiras, mas não foram observados sinais de lesão macroscópica ou

microscópica sugestiva de inflamação, o que indica que a presença dos agentes nos

órgãos internos não resulta, necessariamente, no aparecimento de sinais clínicos. O

intestino seria principal região de ativação da imunidade inata e influxo de células

de defesa. Considerando infecções de rota fecal-oral, danos associados à inflamação

são responsáveis por limitar a disseminação do agente8. Agentes de atividade

imunogênica mais discreta, tais como as salmonelas paratíficas, apresentam maior

potencial de sobrevivência intracelular e persistência no organismo45.

Poedeiras submetidas à inoculação apresentam infecção sistêmica

transitória, com eliminação dos dois sorovares8. Entretanto, os dois sorovares

apresentaram diferente perfil de colonização e excreção fecal, o que determina

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50

impacto sobre o potencial de contaminação ambiental e contaminação de ovos.

Salmonelas paratíficas tendem a causar pouca ou nenhuma alteração no

desempenho das poedeiras infectadas46, o que pode justificar as alterações discretas

observadas nas análises histológicas. A ausência de reação inflamatória aguda

também pode ser associada ao fato de bactérias do gênero Salmonella serem

consideradas patógenos intracelulares facultativos. Sua interação com as células do

hospedeiro pode resultar em redução de estímulos antigênicos capazes de

desencadear resposta inflamatória e recrutamento leucocitário33.

5. Conclusões

Observa-se diferença entre os sorovares Heidelberg e Typhimurium na

colonização de orgãos e excreção fecal de poedeiras, apesar de Salmonella

Typhimurium não mostrar tropismo pelo ovário. Aves infectadas pelos sorovares

Heidelberg e Typhimurium produzem ovos com bactérias viáveis na casca e o

sorovar Heidelberg contamina e sobrevive no interior dos ovos. A infecção

experimental por via oral gerou infecção auto limitante, provocando inflamação

discreta e moderada, circunscrita a algumas regiões dos orgãos avaliados.

REFERÊNCIAS

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55

CAPÍTULO 3 – EXPRESSÃO DE TLR-4, IL1β, IL6 E IL10 EM BAÇO,

MAGNO E ÚTERO DE POEDEIRAS INFECTADAS COM Salmonella

Heidelberg E Salmonella Typhimurium

Resumo

Objetivou-se com este estudo, avaliar a influência da infecção por Salmonella

Heidelberg e Salmonella Typhimurium na expressão de TLR-4, IL1β, IL6 e IL10 em

baço, magno e útero de poedeiras. Foram utilizadas 45 poedeiras com 28 semanas de

idade provenientes da Unidade de Produção de Aves SPF, divididas em três grupos e

mantidas em isoladores. No primeiro grupo, inoculou-se, via oral, 1 x 107 UFC de

Salmonella Typhimurium e no segundo, 1,2 x 107 UFC de Salmonella Heidelberg.

Poedeiras do grupo controle receberam igual volume de solução salina esterilizada.

Aos sete, 14 e 21 dias pós infecção, cinco poedeiras/grupo foram submetidas à

eutanásia e necropsia. Baço, magno e útero foram colhidos, congelados em

nitrogênio líquido e destinados à ensaios de biologia molecular. Após extração de

RNA e síntese de cDNA, foi realizado qPCR para análise de expressão dos genes

TLR-4, IL1β, IL6 e IL10. Os resultados de Ct obtidos foram normalizados,

utilizando os genes constitutivos RPLP-1 e β-actina e a expressão foi calculada pela

razão entre as diferenças de média do grupo controle e grupos desafio dos genes

alvo. Existem interações fortes entre os genes TLR4, IL1B, IL6 e IL10, sendo

evidenciada a presença de cinco genes parceiros funcionais STAT3, IL10RA,

TRAF6, TICAM1 e LY96. Os resultados evidenciam diferença do reconhecimento

antigênico e resposta imune determinada pela expressão de mRNA dos genes TLR-4,

IL1B, Il6 e IL10 nas poedeiras infectadas por Salmonella Heidelberg e Salmonella

Typhimurium.

Palavras-chave: expressão gênica, infeccção inaparente, resposta imune

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56

Abstract

TLR-4, IL1β, IL6 AND IL10 EXPRESSION IN SPLEEN, MAGNUS AND

UTERUS OF EXPERIMENTALLY INFECTED LAYING HENS BY

Salmonella Heidelberg AND Salmonella Typhimurium

The aims of this study were to evaluate the characterize the expression profile of

immune system genes in laying hens infected with Salmonella Heildelberg and

Salmonella Typhimurium. Thirty 28 weeks old White Leghorn SPF (Free of Specific

Pathogen Free) laying hens were selected and distributed evenly between three

groups (ST, SH and GC) and kept in a disease-containment facility. In the ST group,

1 x 107 CFU of Salmonella Typhimurium was inoculated oral, in SH group, 1,2 x 107

UFC of Salmonella Heidelberg were inoculated. GC birds received an equal volume

of sterile saline solution. On seven, 14 and 21 days post infection, five birds per

group were submitted to euthanasia, necropsy and samples of the cecum, spleen,

liver, magno and uterus were collected, frozen in liquid nitrogen and assigned to

molecular biology assays. qPCR was performed for expression analysis of the TLR-

4, IL6, IL10 and IL1B genes. The obtained Ct results were normalized using the

constitutive genes RPLP-1 and B-actin and the expression was calculated by the ratio

between the mean differences of the control group and challenge groups of the target

genes and the constitutive genes. There are strong interactions between the TLR4,

IL1B, IL6 and IL10 genes, with the presence of five functional partners genes

STAT3, IL10RA, TRAF6, TICAM1 and LY96. Quantitative real-time PCR analysis

revealed a difference in the antigenic recognition and immune response determined

by mRNA expression of the TLR-4, IL1B, IL6 and IL10 genes in laying hens

infected with Salmonella Heidelberg and Salmonella Typhimurium.

Key-words: gene expression, immune response, inapparent infection

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1 – Introdução

A resposta imune inata (RII), constitui a primeira linha de defesa contra

Salmonella sp., apresentando combinação de barreiras físicas, químicas e

componentes celulares capazes de detectar a presença do agente1. A presença de

Salmonella determina interação entre padrões moleculares associados aos patógenos

(PAMPs) com os receptores de reconhecimento (PRRs) localizados na membrana de

células epiteliais e de resposta imune inata2,3. Considerando Salmonella enterica, os

principais PAMPs reconhecidos são componentes estruturais do agente, como

lipopolissacarídeos (LPS), peptideoglicanos, DNA sem metilação e flagelina3,4,5,

Os receptores PRRs do tipo Toll (TLR), presentes na superfície de

células epiteliais de diferentes orgãos e células de resposta imune inata, são os

principais PRR determinantes de ativação e indução de cascata de sinalização

associada à RII e resposta imune adaptativa (RIA)6,7. Em poedeiras, destaca-se TLR-

4 como o principal receptor envolvido no reconhecimento antigênico de LPS,

presente na parede celular de Salmonella sp.3,8.

A distribuição de TLR-4 nos tecidos sofre influência da exposição

antigênica, sexo e idade do animal9,10. O reconhecimento de Salmonella sp. estimula

a liberação de diversas citocinas, quimiocinas, peptídeos catiônicos antimicrobianos,

além do influxo de células de defesa para o local de reconhecimento11. LPS

bacterianos, presentes nos envelopes celulares de Salmonella são potentes

estimulantes do sistema imune inato e indutores de inflamação12. O contato com LPS

normalmente é capaz de aumentar a expressão de TLR-413, induzindo a produção de

IL1, IL6 e IL8, atividade oxidativa e degranulação de heterófilos14,15.

Apesar de existir uma uma visão dominante de que, em comparação com

os mamíferos, as aves são mais resistentes a LPS, sabe-se que existem algumas

semelhanças na resposta, sendo usado em estudos e modelos de infecção bacteriana

com Gallus gallus como estimulador imunológico e indutor da resposta de fase

aguda16,17. Estudos prévios revelaram algumas diferenças na resposta induzida pelo

LPS, especialmente entre as citocinas imunomoduladoras como IL1018.

A infecção oral por Salmonella sp. induz na ave resposta celular e

humoral4. A produção de citocinas como IL1β, IL6 e IL10 por fagócitos teciduais e

células epiteliais pode ser observada nos primeiros dias pós-infecção, relacionando-

se com a atividade de células da RII19. A consequência da ativação da imunidade

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58

inata é o influxo de células PMN para o intestino. Apesar de desencadear danos

associados à inflamação, também são responsáveis por limitar a disseminação

sistêmica do agente9.

A contribuição a longo prazo de células da RII na resistência às infecções

por Salmonella tem sido demonstrada, visto que heterófilos de linhagens de

poedeiras mais resistentes expressam níveis mais elevados e rápidos de citocinas pró-

inflamatórias, incluindo IL-6, IL-8 e IL-1β20,21. Descreve-se macrófagos de linhagens

de poedeiras resistentes com maior atividade oxidativa que aves sensíveis22,23. Outras

células da RII podem atuar como APCs, envolvidas na ativação de LT e LB em

orgãos linfoides secundários, tais como células dendríticas, sendo essa atividade

intensa nas tonsilas cecais24.

Em poedeiras infectadas, observa-se a participação de LT de ação

reguladora, assim como a produção de IL-10, responsáveis por modular a resposta

imune, principalmente na região do baço. Acredita-se que esse efeito

imunomodulador observado em poedeiras contribui para a persistência do agente

nesses animais, diferente da resposta imune observada em mamíferos9,25.

Entender as mudanças determinadas pela infecção bacteriana na

expressão dos genes hospedeiro ajudará a elucidar a base do controle genético

molecular da resistência a doenças. Objetivou-se com o presente estudo, no aspecto

geral, avaliar a influência da infecção por Salmonella Heidelberg e Salmonella

Typhimurium na expressão de TLR-4, IL1β, IL6 e IL10 em baço, magno e útero de

poedeiras. Nos aspectos específicos, verificar se os genes constitutivos β-actina e

RPLP1 são estáveis em animais infectados por Salmonella sp., quais são as

interações entre os genes TLR-4, IL1β, IL6 e IL10, se a exposição ao agente é capaz

determinar respostas diferentes, em baço, magno e útero, além de identificar se

variações na expressão de genes de resposta imune em orgãos pode se relacionar com

maior colonização pelos agentes.

2. Material e Métodos

2.1 Seleção de animais, infecção experimental e obtenção de baço, magno e útero

Os protocolos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética da

Embrapa Suínos e Aves (nº 008/2014). O experimento foi realizado no setor de

isolamento da Unidade Experimental de Aves (UEA) e no Laboratório de Sanidade e

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Genética Animal (LSGA) da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, Santa Catarina.

Foram utilizadas 30 poedeiras, White Leghorn linhagem Embrapa 011, com 28

semanas de idade provenientes da Unidade de Produção de Aves livres de patógenos

específicos (SPF) da Embrapa Suínos e Aves.

As poedeiras foram divididas em três grupos de 10 aves/cada, mantidos

em duas unidades isoladoras para aves por grupo, com lotação de seis a sete

poedeiras por isolador, com programa de luz de 16 h luz/8 h escuro. Os isoladores

eram dotados de ninhos artificiais, bebedouros do tipo nipple com fornecimento de

água clorada e comedouros abastecidos com ração, ad libitum.

Em todas as poedeiras do primeiro grupo, denominado de ST,

inocularam-se, via oral, 1,0 x 107 UFC de Salmonella Typhimurium. As aves do

segundo grupo, denominado SG, receberam 1,2 x 107 UFC de Salmonella Heidelberg

enquanto que os animais do grupo controle (GC) receberam igual volume de solução

salina esterilizada. Nos dias 7 e 14 pós infecção, cinco poedeiras/grupo foram

submetidas à eutanásia. Após necropsia, baço, magno e útero foram colhidos,

acondicionados em tubos criogênicos identificados, imediatamente congelados em

nitrogênio líquido e armazenados em ultrafreezer (-80 ºC) até o momento da

extração de RNA.

2.2 Seleção dos genes constitutivos e de resposta imune

Uma vez que são escassos os trabalhos que envolvem a identificação de

genes constitutivos estáveis à infecção por Salmonella sp. em baço, magno e istmo

de poedeiras, foi necessário verificar se os genes selecionados possuíam variação na

expressão, independente do estado fisiológico do animal. Para selecionar genes

constitutivos com menor variação de expressão, considerando os diferentes tecidos

avaliados, foram testados dois genes referência, sendo eles: β-actina (Beta actin),

com iniciadores B-Actin F 5' -CAACACAGTGCTGTCTGGTGGTA-3 e B-Actin R

5' -ATCGTACTCCTGCTTGCTGATCC-3', já descritos na literatura26 e RPLP1

(Ribosomal Protein Lateral Stalk Subunit P1), avaliado neste estudo.

Após a obtenção dos valores de Ct (crossing threshold) de cada gene

para cada grupo experimental e tecido, foi feita a análise estatística descritiva, para

obtenção de médias, desvio padrão e erro padrão. O programa normFinder de

normalização foi utilizado para verificar qual o gene constitutivo com menor

variação na quantificação relativa.

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60

Para avaliação da resposta imune das poedeiras, foram selecionadas proteínas

que possuem participação no reconhecimento antigênico de bactérias Gram-

negativas, atividades pró-inflamatória e moduladora da resposta imune. A análise de

interação entre os genes que codificam as proteínas selecionados, TLR4, IL1B, IL6 e

IL10 foi conduzida in silico, utilizando o banco de dados STRING (http://string-

db.org/). Esse banco de dados possui ferramentas de bioinformática que permitem a

identificação das interações proteína-proteína, considerando associações físicas e

funcionais.

2.3 Ensaios analíticos

2.3.1 Extração de RNA

A extração de RNA total dos tecidos foi feita utilizando-se combinação

entre reagente TRIzol® (Invitrogen) na etapa de lise e o Kit RNAeasy® (Qiagen®),

nas etapas de purificação e eluição. Os tecidos mantidos em ultrafreezer a -80 ºC

foram triturados, sem descongelamento, em nitrogênio líquido com o auxílio de

almofariz e pistilo, devidamente tratados para uso com RNA. Para cada 50 a 100 mg

de tecido adicionou-se 1 mL do reagente TRIzol®, seguido por homogeneização e

incubação por 5 minutos a temperatura ambiente (25 ºC). A seguir, acrescentou- se

200 μL de clorofórmio, agitando-se por inversão por 15 segundos. Centrifugou-se a

12.000 rpm (rotações por minuto) a 4 ºC/15 minutos.

Após a centrifugação, aproximadamente 500 μL da fase superior aquosa

foi removida para um tubo de polipropileno esterilizado, adicionando-se igual

volume de etanol 70%. O tubo foi homogeneizado por inversão e o conteúdo

transferido para microtubos contendo coluna de purificação proveniente do Kit

RNAeasy®. As etapas posteriores seguiram as recomendações do fabricante. O RNA

extraído e purificado foi submetido à eluição em água ultrapura e os tubos mantidos

em gelo triturado, até a realização da avaliação de integridade e quantificação.

2.3.2 Quantificação e avaliação da qualidade do RNA

A integridade do RNA extraído foi avaliada por comparação de

intensidade luminosa das bandas em gel de agarose 1,5% corado com brometo de

etídio (20 µg/mL). A corrida eletroforética foi de 90 minutos a 60 V com tampão

TBE 1X (Tris-HCl, ácido bórico, EDTA) e a visualização das bandas feita em

transluminador UV.

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61

A concentração de RNA nas amostras foi determinada por

espectrofotometria utilizando-se alíquotas de amostra da solução de RNA e o

equipamento Biodrop (Isogen Life Science™). O grau de pureza do RNA foi

estimado pela razão entre as absorbâncias medidas a 260 e 280 nm, que deve ser

igual ou superior a 1,9 e inferior a 2,1 para uma amostra de RNA pura, sem

contaminação por proteínas ou fenol27.

O RNA obtido de todas as amostras, após quantificação, foi diluído em

água ultrapura, obtendo-se uma concentração final de 200 ng/μL. Após a diluição, o

material foi armazenado em ultrafreezer a -80º C.

2.3.3 Síntese de DNA complementar

A síntese de DNA complementar (cDNA) foi feita a partir de RNA total

utilizando o Kit High Capacity cDNA Reverse Transcription Kit (Applied

Biosystems™) e iniciador Oligo (dT)12-18 (Invitrogen™), de acordo com as

instruções do fabricante, em um volume final de 10µL. A síntese foi feita em placas

MicroAmp™ Fast 96-Well Reaction Plate (Applied Biosystems), em termociclador

GeneAmp® PCR System 9700 (Applied Biosystems), nas seguintes condições:

25°C, por 10 min, 37°C por 120 min e 4°C (conservação do cDNA).

2.3.4 Expressão gênica e RT-PCR

Na reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real foram

utilizados os iniciadores apresentados no Quadro 1. Todas as análises moleculares

foram realizadas em duplicata. Para a amplificação do fragmento alvo, foram

utilizados os componentes contidos no QuantiFast® SYBR® Green PCR Kit

(Qiagen®), nas concentrações recomendadas pelo fabricante e volume final de 25 µL.

QUADRO 1 – Iniciadores, tamanho do amplicons e número de acesso no Genbank, utilizados para

análise de expressão gênica em Gallus gallus infectados experimentalmente por

Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium.

Gene Primers 5’-3’ Amplicon

(pb)

Número

de acesso

Anelamento

(T ºC)

TLR-4 F: 5' -TGCCATCCCAACCCAACCACAG-3'

R: 5' -ACACCCACTGAGCAGCACCAA-3' 126

AY064697 59

IL1β F: 5' -GTGAGGCTCAACATTGCGCTGTA-3'

R:5' -TGTCCAGGCGGTAGAAGATGAAG-3' 214

HQ008778 56

IL6 F: 5' -CGTGTGCGAGAACAGCATGGAGA-3'

R: 5' -TCAGGCATTTCTCCTCGTCGAAGC-3' 110

HM17964

0

59

IL10 F: 5' -AGCAGATCAAGGAGACGTTC-3'

R: 5' -ATCAGCAGGTACTCCTCGAT-3' 330

AJ621614 52

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62

Foram utilizadas placas MicroAmp® Optical 386-Well Reaction Plate

(Applied Biosystems®) na cor branca e vedação com adesivo MicroAmp® Optical

Adhesive Film (Applied Biosystems®), em todos os ensaios de qPCR. A

amplificação e análise dos dados foram realizadas no equipamento de qPCR em

tempo real QuantStudio 6 Flex Real-Time PCR System (Applied Biosystems®).

As condições de amplificação compreenderam a etapa de ativação

enzimática (HotStarTaq Plus DNA Polymerase) a 95 °C/5 min, seguida de 40 ciclos

de desnaturação a 95 °C/ 10 seg., anelamento a 52 - 60 °C (de acordo com os pares

de iniciadores) por 5 seg.e extensão 72 °C/10 seg. As análises das curvas de melting

foram obtidas por meio do aquecimento a 95 °C/15’, 60 ºC for 1 min, seguida de

aquecimento a 95 ◦C/15’.

2.4.5 Análise estatística para PCR tempo real

Para análise dos resultados obtidos pela técnica de qPCR em tempo real e

quantificação relativa foi escolhido o método do Ct comparativo (ΔΔCt). Para isto,

foi utilizado o software REST 2005 BETA v.1.9.12 (Relative Expression Software

Tool). O modelo matemático utilizado para obtenção das expressões relativas baseia-

se nas eficiências obtidas nas PCRs e nas variações obtidas entre as amostras do

grupo controle e grupos SH e ST, após normalização de dados empregando os dois

genes constitutivos. A expressão foi calculada pela razão entre as diferenças de

média do grupo controle e grupos desafio dos genes alvo e dos genes constitutivos

utilizados, ou R=2-(Ct amostra- Ctcontrole) ou R= 2-ΔΔCt. Os dados de razão de expressão

foram submetidos a ANOVA para obtenção dos níveis de significância.

3. Resultados

3.1 Associação entre genes

Interações fortes foram observadas entre todos os genes selecionados no

presente estudo: TLR-4, IL1β, IL6 e IL10 (Figura 1A). As funções biológicas

registradas entre eles foram de ativação (TLR4 sobre IL10, IL1β sobre IL6), inibição

(IL10 sobre TLR4, IL1β e IL6), regulação transcricional (TLR4 sobre IL6). Apesar

da interação entre TLR4 e IL1β não ter sido ainda especificada em aves, existem

registros de coexpressão de genes homólogos em outras espécies (Figura 1B). As

associações identificadas foram classificadas de acordo com diferentes tipos de

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63

evidências (Figura 1C). A associação entre os genes IL10 e TLR4 foi determinada

experimentalmente e por meio de textmining. As associações entre os demais genes

foram baseadas em registros de co-expressão existentes no banco de dados.

A associação preditiva entre os genes avaliados foi realizada, sendo

identificados cinco genes parceiros funcionais de resposta imune: STAT3, IL10RA,

TRAF6, TICAM1 e LY96. Interações fortes foram identificadas entre os genes IL6,

TLR4, IL1β, IL10, STAT3, IL10RA, TRAF6, TICAM1 e LY96 (Figura 2A).

Inúmeras ligações funcionais foram registradas entre os genes, principalmente de

ativação, inibição, catálise, ligação, determinação de fenótipo, regulação

transcricional e modificação pós-traducional, conforme expresso na Figura 2B.

As funções biológicas dos genes parceiros funcionais identificados pela

análise de STRING encontram-se descritas no Quadro 2.

QUADRO 2 – Descrição dos genes parceiros funcionais de resposta imune de Gallus

gallus.

Gene/proteína Função Biológica

STAT3 Transdutor de sinal e ativador de transcrição 3. Se liga aos

elementos responsivos à IL-6

IL10RA Receptor de IL10 de Gallus gallus

TRAF 6 Fator receptor 6 de TNF

TICAM1 Molécula adaptadora 1 de receptor toll-like de Gallus gallus

LY96 Antígeno linfocitário 96. A proteína codificada por este gene está

envolvida na ligação do lipopolissacarídeo com TLR4

As associações entre os genes avaliados e genes parceiros funcionais

(Figura 2C) foram obtidas a partir de interações conhecidas, registradas em banco de

dados com curadoria, determinadas experimentalmente ou por meio de registro de

co-expressão e metanalise.

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64

FIGURA 1- Associação entre os quatro genes avaliados. Círculos representam genes e linhas de conexão representam interações entre genes. (A)

Linhas representam nível de associação entre genes. (B). As cores diferentes das linhas mostram os modos de ação. (C). As cores das

linhas representam associações de acordo com diferentes tipos de evidências utilizadas na associação.

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FIGURA 2- Associação preditiva entre os quatro genes avaliados e cinco genes parceiros funcionais de resposta imune. Círculos representam genes e

linhas de conexão representam interações entre genes. (A) Linhas mais grossas representam associações fortes. (B). As cores diferentes

das linhas mostram os modos de ação. (C). As cores das linhas representam associações de acordo com diferentes tipos de evidências.

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66

3.2 Extração e Quantificação do RNA

As frações 28S, 18S e 5S do RNA ribossômico foram visualizadas como

paramêtro para avaliação de ocorrência de degradação do RNA obtido. Além da

avaliação em gel de agarose, foi feita a quantificação em espectrofotômetro para

verificar a concentração e pureza do RNA. Neste trabalho, para os RNAs extraídos a

partir de baço, magno e útero, a média das razões de absorbância A260/280 foi de

2,0 indicando alta qualidade e pureza dos RNAs obtidos.

O rendimento de RNA a partir de 100 mg de tecido teve média de 25,17

μg em extrações a partir de magno, 22,5 μg em extrações a partir de baço e 22,0 μg

em amostras de útero. As concentrações de RNA foram normalizadas para uma

concentração final de 200 ng/μL.

3.3 Avaliação de genes constitutivos

Os resultados da avaliação da estabilidade de expressão dos dois genes

constitutivos β-actina e RPLP-1, encontram-se descritos na Tabelas 1.

TABELA 1- Resultados de qPCR para baço, magno e útero por gene constitutivo e entre grupos

experimentais

Gene Grupo n Média Ct SD SE Ct Máx Ct Mín

Baç

o

β-actina ST 10 16.127A 1.02 0.416 17.96 15.10

SH 10 15.896A 0.741 0.262 17.36 15.01

GC 10 15.602A 0.329 0.109 16.34 15.18

RPLP1 ST 10 17.372B 0.823 0.823 24.62 15.55

SH 10 15.875B 0.160 0.160 16.71 15.25

GC 10 16.142B 0.206 0.206 17.43 15.30

Mag

no

β-actina ST 10 19.380C 1.387 0.462 22.26 17.93

SH 10 20.653C 2.986 0.995 28.55 18.98

GC 10 19.305C 0.950 0.359 20.25 17.61

RPLP1 ST 10 18.350D 0.921 0.291 20.77 17.56

SH 10 19.102D 2.912 0.921 27.37 17.89

GC 10 18.385D 0.273 0.086 18.75 17.83

Ute

ro

β-actina ST 10 17.427E 0.493 0.164 18.23 16.66

SH 10 21.307E 6.896 2.606 34.6 17.17

GC 10 17.266E 0.714 0.226 18.05 15.91

RPLP1 ST 10 16.540F 0.355 0.112 17.35 16.23

SH 10 17.810F 3.045 1.015 25.84 16.12

GC 10 17.071F 0.515 0.163 17.98 16.05

SH= Infectadas por Salmonella Heidelberg; ST= Infectadas por Salmonella Typhimurium; GC=

Grupo controle negativo; Ct= ciclo limiar; SD= desvio padrão; SE = erro padrão. ALetras iguais na

mesma coluna indicam ausência de diferença estatística (p>0,05).

Considerando os dados brutos, β-actina foi o gene constitutivo que

apresentou maior variação de Cts, desvio e erro padrão, para os tecidos avaliados.

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Este gene codifica uma proteína estrutural do citoesqueleto e é um dos genes mais

usados para normalização em experimentos de expressão gênica.

Não foi observada diferença estatística (p>0,05) entre os resultados das

amostras GC, ST e SH, considerando os dois genes constitutivos testados, em cada

tecido. A infecção não provocou variação significativa na expressão dos genes β-

actina e RPLP1, permitindo a utilização de ambos na normalização de dados para

análise de expressão relativa.

3.4 Análise de expressão gênica

Os resultados da expressão relativa dos genes de TLR-4, IL1B, 1L6 e

1L10 em diferentes tecidos, 7 DPI e 14 DPI encontram-se na Figura 3. Considerando

o gene para TLR-4, 7 DPI (Figura 3A), observa-se que a infecção experimental tanto

por Salmonella Heidelberg quanto Salmonella Typhimurium determinou supressão

na expressão do receptor em baço. Em magno, não foi observada diferença estatística

(p>0,05) na expressão, considerando os animais GC, SH e ST. Em útero, a expressão

de TLR-4 foi superior aos animais do grupo controle, tanto nos animais SH quanto

ST.

Nas amostras 14 DPI (Figura 3B), observa-se que em baço ocorreu

elevação da expressão de TLR-4, tanto nos animais SH quanto ST. O aumento se

apresentou mais intenso entre os animais inoculados com Salmonella Typhimurium

que Salmonella Heidelberg. Em magno, observou-se aumento na expressão de IL10

apenas entre os animais ST, 7DPI. Após 14 DPI, observou-se supressão na expressão

de IL1β, IL6 e IL10 neste tecido (Figuras 3D, 3F e 3H), provavelmente determinada

pela eliminação do agente. Em útero, a expressão de TLR-4 foi superior ao

observado no GC e mais intensa entre animais SH que ST, semelhante ao observado

sete DPI.

Para IL1β e IL6 (Figuras 3C e 3E), observa-se que não existiu diferença

estatística (p>0,05) na sua expressão relativa em baço, sete DPI, enquanto que no

mesmo período, a expressão de IL10 sofreu supressão (Figura 3G). De forma

semelhante a TLR-4, o aumento na expressão de IL1β, IL6 e IL10 ocorreu

tardiamente em baço. Em magno, o aumento expressão relativa de IL1β e IL6, sete

DPI foi observado, tanto em animais SH quanto ST (Figura 3C e 3E). Após 14 DPI,

observou-se supressão na expressão de IL1β, IL6 e IL10 neste tecido (Figuras 3D, 3F

e 3H).

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Em útero, observou-se elevação na expressão de mRNA de IL1β entre os

animais SH e ST (Figura 3C), sete DPI. Entretanto, ocorreu elevação de expressão de

forma mais tardia entre os animais ST, 14 DPI (Figura 3D). A expressão de IL-6 foi

suprimida em SH e ST, tanto nas amostras sete DPI quanto 14 DPI (Figura 3E e 3F).

A elevação da expressão de IL10 foi observada entre os animais SH e ST, de forma

mais intensa nas amostras colhidas sete DPI (Figura 3G), com subsequente redução

14 DPI (Figura 3H).

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FIGURA 3 – Modificações na expressão relativa em amostras de baço, magno e útero de

poedeiras experimentalmente infectadas Salmonella Typhimurium e

Salmonella Heidelberg. (A) mRNA do gene TLR4, 7 DPI. (B) mRNA do

gene TLR4,14 DPI. (C) mRNA do gene IL1β, 7 DPI. (D) mRNA do gene

IL1β,14 DPI. (E) mRNA do gene IL6, 7 DPI. (F) mRNA do gene IL6, 14

DPI. (G) mRNA do gene IL10,7 DPI. (H) RNAm mRNA do gene IL10, 14

DPI.

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70

4. Discussão

Para as análises de expressão gênica, considerando o gene TLR-4, a

supressão na expressão do receptor em baço foi observada tando em animais SH

quanto ST, o que poderia determinar impacto no reconhecimento e eliminação da

bactéria. Efeito semelhante na expressão de TLR-4 foi observado em trabalho

publicado por Liermann et al.29, em poedeiras inoculadas com LPS de Escherichia

coli, relatando-se redução na expressão de TLR4 em fígado e baço após a inoculação

e em estudo desenvolvido por Marin et al.30, em células intestinais.

A expressão de TLR-4 em útero das aves infectadas foi superior aos

animais do grupo controle, o que sugere que este segmento do trato reprodutor de

poedeiras reconhece componentes estruturais de bactérias de forma mais intensa que

outros órgãos, o dificultaria sua colonização por Salmonella Heidelberg e Salmonella

Typhimurium. Segundo Rickel et al.31, a expressão precoce de TLR-4 ocorre em aves

resistentes à infecção por Salmonella sp., sendo fator considerado nos programas de

controle genético da infecção por Salmonella. Considerando unicamente a expressão

de TLR-4 em oviduto, Zhang et al.32, observaram maior expressão de TLR-4 em

trato reprodutor de patos resistentes à infecção por Salmonella Enteritidis.

A resposta tardia observada de expressão de TLR-4 em baço pode ser

associada ao fato de ser órgão linfóide secundário, mais predisposto ao contato de

bactérias Gram-negativas que integram a microbiota do trato gastrintestinal. Já foi

demonstrado que a estimulação sequencial de macrófagos murinos com LPS pode

resultar numa redução transitória na expressão de mRNA do gene TLR433. Além

disso, a diminuição da expressão de TLR4 pode ser uma indicação do

desenvolvimento da tolerância ao LPS, já demonstrada após repetidas exposições a

de LPS em aves33,34. Macrófagos murinos pré-tratados com LPS também

apresentaram uma diminuição na expressão de mRNA de TLR433. O

desenvolvimento da tolerância ao LPS também pode ser uma explicação adicional

para a falta de uma resposta febril, que foi observada em aves após exposição a

sorovares paratíficos de Salmonella sp34.

O aumento de TLR-4 em baço, tanto em animais SH quanto ST foi

observado tardiamente, 14 DPI. O aumento se apresentou mais intenso entre os

animais inoculados com Salmonella Typhimurium que Salmonella Heidelberg.

Aumento tardio na expressão de TLR4 em fígado, baço e tonsilas cecais de poedeiras

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já foi relatado por Liermann et al.29 e Tan et al35. Em magno, o aumento da expressão

de TLR-4 só ocorreu de forma significativa em relação aos animais GC para o

sorovar Typhimurium.

Em magno, o aumento expressão relativa de IL1β e IL6, tanto em

animais SH quanto ST pode ser relacionado com a ocorrência de reconhecimento

antigênico, desencadeando ativação celular e liberação de citocinas. O aumento da

expressão de IL1β foi associado por Bai et al.36, à efetividade na eliminação de

Salmonella Typhimurium. Após 14 DPI, observou-se supressão na expressão de

IL1β, IL6 e IL10 neste tecido, provavelmente determinada pela eliminação do

agente.

Os dados apresentados indicam a existência de mecanismos de

reconhecimento antigênico, ativação celular e modulação da resposta imune distintos

entre os orgãos avaliados, considerando os dois sorovares. Além disso, sugere-se que

a diferença no reconhecimento antigênico entre sorovares possa se relacionar com

maior susceptibilidade e persistência de Salmonella sp. em baço e magno,

especialmente ao sorovar Heidelberg e menor susceptibilidade de útero à

colonização.

5. Conclusões

Existem interações fortes entre a expressão dos genes TLR4, IL1β, IL6 e

IL10;

Os genes parceiros funcionais de TLR4, IL1β, IL6 e IL10 em Gallus gallus

são STAT3, IL10RA, TRAF6, TICAM1 e LY96;

A expressão de mRNA dos genes β-actina e RPLP1 é estável em Gallus

gallus infectados por Salmonella sp;

Existe diferença no reconhecimento antigênico e produção de citocinas das

poedeiras infectadas por Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium.

Baço apresenta expressão tardia de TLR-4, IL1β, IL6 e IL10;

Existe diferença na expressão de TLR-4, IL1β, IL6 e IL10 em magno e útero.

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(2015) Effect of dietary nonphytate phosphorus content on ileal lymphocyte

subpopulations and cytokine expression in the cecal tonsils and spleen of laying

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hens that were or were not orally inoculated with Salmonella Typhimurium. Am

J Vet Res 76:710–718

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CAPÍTULO 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca por melhores ferramentas de controle das salmoneloses é uma

constante na avicultura industrial devido a preocupação com saúde pública e os

problemas relacionados a comercialização de produtos contaminados com este

patógeno. Os mecanismos de regulação do sistema imunológico de aves e sua

interação com Salmonella sp. têm sido alvo de diversos estudos nos últimos anos,

incluindo abordagens genômicas e transcriptômicas. Entretanto, os mecanismos

envolvidos na persistência do agente de forma específica no trato gastrointestinal e

reprodutor de aves ou mesmo dos fatores responsáveis pela eliminação total do

agente em animais infectados sistemicamente ainda não foram totalmente elucidados.

O presente estudo sugere que Salmonella Heidelberg e Salmonella Typhimurium

determinam interações distintas com poedeiras, e que a colonização de sistemas sofre

a influência das características dos orgãos avaliados, principalmente ao considerar

mecanismos de reconhecimento antigênico determinado por TLR-4.

A compreensão da interação do agente com os diferentes componentes da

resposta imunológica das aves é fundamental para a adoção de critérios de seleção de

linhagens de poedeiras que incluam características de resistência à infecção por

sorovares emergentes. Os resultados obtidos neste trabalho evidenciam que aves

resistentes à sorovares mais prevalentes, como Enteritidis e Typhimurium podem

apresentar maior sensibilidade a infecções por Salmonella Heidelberg.

As condições de produção de ovos deverão ser revistas nos próximos

anos, considerando critérios de bem-estar animal, impacto sobre a imunocompetência

das aves e a manutenção de fatores de risco associados à disseminação de doenças

infecciosas presentes no modelo atual.

Características como precocidade de maturação de orgãos linfoides

secundários, maior expressão de receptores de reconhecimento antigênico e

velocidade de resposta de componentes de resposta imune inata devem ser

considerados, avaliando componentes de trato gastrintestinal, orgãos linfoides e trato

reprodutor. Além disso, a seleção genética pode buscar poedeiras capazes de

produzir ovos com concentrações mais elevadas de componentes de ação

antimicrobiana no albúmen, inviabilizando a sobrevivência de Salmonella

Heidelberg e Salmonella Typhimurium no seu interior.

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Além dos componentes da resposta imune, a compreensão sobre o

impacto da composição da microbiota natural do intestino de aves sobre a capacidade

de colonização do trato gastrointestinal por Salmonella Heidelberg e Salmonella

Typhimurium pode constituir grande avanço na adoção de medidas de controle do

agente em plantéis comerciais que sejam sorovar-específicas. Atualmente, pouco se

sabe sobre o microbioma intestinal de aves e o seu efeito sobre parâmetros

produtivos, resistência a doenças e saúde geral.

A compreensão de fatores que predispõem à contaminação vertical de

ovos por Salmonella sp. é crucial para o desenvolvimento de programas dinâmicos

de seleção de linhagens mais resistentes. Deve-se considerar informações de

monitoramento e vigilância epidemiológica, avaliando modificações na distribuição

espacial e temporal de sorovares em plantéis, alimentos e amostras clínicas. Frente a

isso, recomenda-se que constante estudo sobre mecanismos de invasão e virulência,

assim como monitoramento e vigilância que envolvam avaliação preditiva da

variação de sorovares, especialmente emergentes e reemergentes, determinando

maior segurança na cadeia de produção de alimentos.

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ANEXO 1