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3 Domingo, 20 de agosto de 2017 Capa Folclore resgata histórias espalhadas pelo Brasil No dia 22 de agosto, come- mora-se o Dia do Folclore. Com o intuito de valorizar as diversas manifestações culturais, a data relata conhecimentos, costumes, crenças, lendas, contos, mitos, adivinhas, músicas, danças e festas populares de uma cultura em determinada região do País. Criado pelo arqueólogo inglês William John Thoms, a palavra “folklore” vem da junção de “folk” (povo, popular) com “lore” (cultura, saber) com o objetivo de definir os fenômenos típicos de cada local. Cultura popular De acordo com o historiador Glauco Ricciele, o folclore é uma das formas de se trabalhar puramente a cultura das raízes de um País. Para ele, a principal importância de tra- balhar esse assunto nas sa- las de aula é a possibilidade de resgatar histórias locais, para que, então, as crianças conheçam o passado e valo- rizem o futuro. “O termo mais correto para nos referirmos ao folclore é Mitologia Bra- sileira, que representa as inter- pretações do povo acerca da ori- gem de histórias transmitidas no cotidiano” , explica. Segundo o historiador, o fol- clore era muito utilizado no fim século XIX para ensinar crianças a escrever. Também envolvia histórias con- tadas por mães para colocar limites a filhos desobe- dientes. “Além disso, as histórias eram uma maneira de explicar a origem e os porquês dos fatos” , completa. Lá vem história Todos já devem ter ouvido pelo menos uma lenda, como a do Saci Pererê, Iara, Curupira, Mula sem Cabeça e Negri- nho do Pastoreio, entretanto, todas as cidades possuem as suas histórias. E, no Alto Tietê, não poderia ser diferen- te. Em Mogi das Cruzes, por exemplo, existe a lenda do Negro Sebastião, um escravo que desrespeitou o seu patrão e foi mandado para a forca. A história conta que, no momento em que Sebastião estava à beira da morte, a corda estourou. Porém, um tropeiro ofereceu a corda de seu cavalo para que então o negro fosse enforcado, o que de fato aconteceu. O que ninguém poderia imaginar é que, mais tarde, o sujeito seria encontrado morto e, tam- bém, com uma corda em seu pescoço. Outra lenda conhecida é a da Menina da Pipoca, que conta a história da garota Benedita, que foi proibida pelos pais de acompanhar a procissão de São Benedito. Para distraí-la, eles lhe deram um saco de pipoca, mas ela engasgou e morreu. Em 1891, foi erguido, em Mogi, um túmulo em sua homenagem. Muitos dizem que as flores que lá estão parecem pipocas.

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  • 3Domingo, 20 de agosto de 2017

    Capa

    Folclore resgata histórias espalhadas pelo Brasilespalhadas pelo Brasilespalhadas pelo Brasil

    No dia 22 de agosto, come-mora-se o Dia do Folclore. Com o intuito de valorizar as diversas

    manifestações culturais, a data relata conhecimentos, costumes, crenças, lendas, contos, mitos, adivinhas, músicas, danças e

    festas populares de uma cultura em determinada região do País. Criado pelo arqueólogo inglês William John Thoms, a palavra “folklore” vem da junção de “folk” (povo, popular) com “lore” (cultura, saber) com o objetivo de de� nir os fenômenos típicos de cada local.

    Cultura popularDe acordo com o historiador Glauco

    Ricciele, o folclore é uma das formas de se trabalhar puramente a cultura

    das raízes de um País. Para ele, a principal importância de tra-balhar esse assunto nas sa-las de aula é a possibilidade de resgatar histórias locais, para que, então, as crianças

    conheçam o passado e valo-rizem o futuro. “O termo mais correto para nos referirmos ao folclore é Mitologia Bra-

    sileira, que representa as inter-pretações do povo acerca da ori-gem de histórias transmitidas no cotidiano”, explica.

    Segundo o historiador, o fol-clore era muito utilizado no � m século XIX para ensinar crianças a escrever. Também

    envolvia histórias con-tadas por mães

    para colocar limites a � lhos desobe-dientes. “Além disso, as histórias eram uma maneira de explicar a origem e os porquês dos fatos”, completa.

    Lá vem históriaTodos já devem ter ouvido pelo menos

    uma lenda, como a do Saci Pererê, Iara, Curupira, Mula sem Cabeça e Negri-nho do Pastoreio, entretanto, todas as cidades possuem as suas histórias. E, no Alto Tietê, não poderia ser diferen-te. Em Mogi das Cruzes, por exemplo, existe a lenda do Negro Sebastião, um escravo que desrespeitou o seu patrão e foi mandado para a forca.

    A história conta que, no momento em que Sebastião estava à beira da morte, a corda estourou. Porém, um tropeiro ofereceu a corda de seu cavalo para que então o negro fosse enforcado, o que de fato aconteceu. O que ninguém poderia imaginar é que, mais tarde, o sujeito seria encontrado morto e, tam-bém, com uma corda em seu pescoço.

    Outra lenda conhecida é a da Menina da Pipoca, que conta a história da garota Benedita, que foi proibida pelos pais de acompanhar a procissão de São Benedito. Para distraí-la, eles lhe deram um saco de pipoca, mas ela engasgou e morreu. Em 1891, foi erguido, em Mogi, um túmulo em sua homenagem. Muitos dizem que as � ores que lá estão parecem pipocas.