cap. vii traços de uma cultura multi-situada

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http://www.cpihts.com/PDF/Joaquim %20Silva.pdf Capítulo VII Traços de uma cultura multi-situada Índice 7.1.Introdução 7.2. Caracterização da amostra 7.3. Elementos de composição da cultura neo-residencial 1

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CAP

PAGE 112

http://www.cpihts.com/PDF/Joaquim%20Silva.pdf

Captulo VII

Traos de uma cultura multi-situadandice

7.1.Introduo

7.2. Caracterizao da amostra

7.3. Elementos de composio da cultura neo-residencial

7.3.1. As conexes com a deciso migratria

7.3.2. Projees culturais do Outro

7.3.3. Imagens e clivagens

7.4. Vantagens em viver no Algarve

7.4.1. Desvantagens

7.5. Modos de incorporao local

7.5.1. Vetores apreciativos da vivncia local

7.5.2. Vectores depreciativos da vivncia local 7.6. Modo de incorporao ao local

7.6.1 Vetores apreciativos da adaptao local

7.6.2. Vectores depreciativos da inadaptao local 7.7. Quadros inter-relacionais

7.7.1. Inter-relacionamento e estatuto econmico

7.7.2. Inter-relacionamento, sexo e idade

7.7.3. Inter-relacionamento e efeitos do lugar

7.8. Relaes espacio-temporais a partir do territrio

7.9. Formas e linguagens de apropriao turstica 7.9.1. Padres de mobilidade

7.9.2. Dinmica de permanncia

7.9.3 Entre rotas e lugares

7.9.4. Lgicas de sentido das viagens 7.10. Neo-residencialismo e mercado de bens e servios

8. Consideraes finais ............................................................................................ 7.1. Introduo

Neste derradeiro e mais acentuadamente estatstico de todos os captulos, visa-se um exerccio de anlise que permita condensar a informao exposta nos captulos precedentes e, ao mesmo tempo, esboar alguns traos mais salientes das culturas neo-residenciais. Procura-se, assim, oferecer uma viso de conjunto da pesquisa e, sobretudo, sumariar os indcios dela inferidos, que dizem respeito caracterizao dos traos mais salientes da cultura turstica dos neo-residentes. Passa-se a incorporar, neste espao, variveis que at aqui tinham permanecido arredadas da anlise e, sendo certo que uma recolha de dados em extenso pode no suportar uma desejvel profundidade analtica, tentar-se-, na medida do possvel, de elaborar atravs de uma anlise estratificada por nacionalidades observando uma outra perspectiva que se constituiu na segmentao territorial por concelhos da regio algarvia, atingir o desiderato a que a pesquisa se prope. No seio dessa amostragem, foram ouvidos 1000 (mil) indivduos neo-residentes, ao longo do ano de 2010 (vd. questionrio, anexo 1). Por razes de inacessibilidade prtica a um efectivo reportrio que inclua a totalidade dos elementos amostrais (neo-residentes), a amostra foi constituda atravs de um mtodo de amostragem no probabilstico: mtodo snowball. No entanto, suspeitando que o factor nacionalidade possa assumir um carcter diferenciador na distribuio e caracterizao da populao em estudo, procedeu-se a uma estratificao da amostra de acordo com a nacionalidade. Esta tcnica de seleco permite que a amostra, embora no probabilstica, inclua procedimentos de aproximao e representao, a escala reduzida, do universo.A base de listagem dos conglomerados constituda pelos 16 concelhos do Algarve, a saber: Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loul, Monchique, Olho, Portimo, So Braz de Alportel, Silves, Tavira e Vila do Bispo.Adicionalmente, os locais de partida de recolha de dados distriburam-se por todos os concelhos indicados tendo sido preocupao a cobertura exaustiva das regies do barlavento e do sotavento atravs de entrevistadores diferenciados e da tentativa de aleatorizao de mltiplos locais de recolha, quer no tempo quer no espao local.A operao de seleco foi feita de conformidade com as estatsticas do Servio de Estrangeiros e Fronteiras (S.E.F.) SEO3a, populao estrangeira residente em Portugal, por distrito, concelho e nacionalidade, segundo o sexo, relativos a 2008 e processados em 4-01-2010. (colocar anexos). Organizados, sistematizados, tabulados e cruzados, os dados obtidos propiciam uma explorao bastante detalhada da pertinncia relativa dos traos constitutivos de uma experincia protagonizada por todos aqueles que responderam ao questionrio, embora, como qualquer pesquisa ela encerre o problema da sua medio, resultante de uma translao metodolgica. Na verdade, tratando-se de agregar smbolos numricos e conferir-lhes magnitude no seio dos atributos dos objectos, as cincias sociais sempre se confrontam com os fundamentos dessas relaes de correspondncia. Sendo certo que estas operaes no se fazem de forma arbitrria, mas procurando os aspectos mais marcantes da composio da cultura turstica, subsiste o problema da correspondncia entre um sistema conceptual rico de axiomas e de enunciados e o quadro redutor, de smbolos cifrados.Todavia, esta ambiguidade no conducente a uma postura de rechaamento dos procedimentos matemtico-estatsticos, mas de uma explicitao das suas limitaes de sentido e, consequentemente, da sua baixa pertinncia no foro mais geral das exigncias de uma teoria da cultura.

no contexto destas limitaes que se procura ir ao encontro de um conjunto de aspectos bsicos para a compreenso do turismo residencial, fazendo residir nela o alinhamento de um conjunto de referncias que forneam elementos para a acomodao das suas lgicas internas estrutura conceptual, na base da qual possvel pensar a identidade desta estilizao cripto-turstica. 7.2. Caracterizao da amostraEm termos genricos, pode-se afirmar que na amostra (n=1000) os estrangeiros proprietrios de uma residncia no Algarve so maioritariamente ingleses, alemes, holandeses e franceses, correspondendo s nacionalidades mais representativas dos estrangeiros provindos da EU a 15, conforme quadro I.Quadro 1 Distribuio dos neo-residentes por naciona

nacionalidadeFrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidBritish57157,157,157,1

Dutch12312,312,369,4

German21021,021,090,4

French595,95,996,3

Spanish101,01,097,3

Swedish1,1,197,4

Belgian2,2,297,6

Italian7,7,798,3

Irish161,61,699,9

Luxembourgian1,1,1100,0

Total1000100,0100,0

Dos 1000 entrevistados, (51,2%) so homens e (48,8%) so mulheres. As suas idades oscilam entre as cinco classes etrias, distribudas da seguinte forma: (1,4%) com menos de 20 anos, (11,7%) entre 21 e 30 anos, (15,9%) entre 31 e 40 anos,

Quadro 6 Distribuio dos indivduos por classes de idade

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

Valid6039939,940,0100,0

Total99799,7100,0

MissingSystem3,3

Total1000100,0

(14,4%) entre 41 e 50 anos, (16,4) % entre 51 e 60 anos e (40,0) % com mais de 60 anos.

Na sua grande maioria, adultos com uma diviso quase idntica entre sexos e com uma idade mdia de 52,5 anos, detm nveis de instruo que se repartemQuadro 2 Distribuio do grau de instruo dos inquiridos

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidIletrado2,2,2,2

Ensino primrio262,62,62,8

Ensino secundrio49449,449,752,6

Ensino superior47147,147,4100,0

Total99399,3100,0

MissingSystem7,7

Total1000100,0

entre o ensino bsico (2,8 %), o ensino secundrio (49,7%) e o ensino superior (47,4 %). Comparando a distribuio das classes de idades por nveis de instruo, verifica-se que, nos inquiridos com menos de 20 anos, predomina um grau de escolaridade no mximo at ao ensino secundrio (85,7%), entre 21 e 30 anos o grau atingido mais frequente igualmente o secundrio (58,1%) comparativamente ao universitrio com (39,3%), que a classe de idade entre 31 e 40 anos detm um grau de ensino universitrio (52,6%), entre 41 e 50 anos a sua instruo encontra-se, como patamar mximo no ensino superior e (51,4%) com mais de 60 anos so possuidores de ensino secundrio (49,1%) como nvel mximo de instruo atingido.Quadro 7 Distribuio do grau de instruo por classes de idade

Classes idadeTotal

60

Grau de instruoIletradoCount0000112

% within Grau de instruo,0%,0%,0%,0%50,0%50,0%100,0%

% within class_idade,0%,0%,0%,0%,6%,3%,2%

% of Total,0%,0%,0%,0%,1%,1%,2%

Ensino primrioCount033211726

% within Grau de instruo,0%11,5%11,5%7,7%3,8%65,4%100,0%

% within class_idade,0%2,6%1,9%1,4%,6%4,3%2,6%

% of Total,0%,3%,3%,2%,1%1,7%2,6%

Ensino secundrioCount1268716879196494

% within Grau de instruo2,4%13,8%14,4%13,8%16,0%39,7%100,0%

% within class_idade85,7%58,1%45,5%47,2%48,5%49,1%49,7%

% of Total1,2%6,8%7,2%6,8%8,0%19,7%49,7%

Ensino superiorCount246827482185471

% within Grau de instruo,4%9,8%17,4%15,7%17,4%39,3%100,0%

% within class_idade14,3%39,3%52,6%51,4%50,3%46,4%47,4%

% of Total,2%4,6%8,3%7,5%8,3%18,6%47,4%

TotalCount14117156144163399993

% within Grau de instruo1,4%11,8%15,7%14,5%16,4%40,2%100,0%

% within class_idade100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%

% of Total1,4%11,8%15,7%14,5%16,4%40,2%100,0%

Os inquiridos adultos (entre 21 e 50), do sexo feminino esto ligeiramente mais representados na amostra do que os homens do mesmo grupo etrio (24% contra Quadro 8 Distribuio do sexo por classes de idade

class_idadeTotal

60

SexoMasculinoCount544697285234509

% within Sexo1,0%8,6%13,6%14,1%16,7%46,0%100,0%

% within class_idade35,7%37,6%43,9%50,0%51,8%58,6%51,2%

% of Total,5%4,4%6,9%7,2%8,5%23,5%51,2%

FemininoCount973887279165486

% within Sexo1,9%15,0%18,1%14,8%16,3%34,0%100,0%

% within class_idade64,3%62,4%56,1%50,0%48,2%41,4%48,8%

% of Total,9%7,3%8,8%7,2%7,9%16,6%48,8%

TotalCount14117157144164399995

% within Sexo1,4%11,8%15,8%14,5%16,5%40,1%100,0%

% within class_idade100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%

% of Total1,4%11,8%15,8%14,5%16,5%40,1%100,0%

19%). A relao inversa verifica-se nos grupos geracionais mais idosos (50+), onde o grupo masculino se encontra melhor representado (31,9% contra 24,4%).

Os agregados familiares so compostos por uma mdia de x indivduos por agregado (!!!! Esta questo tem que ser recodificada). Na matria que respeita aos rendimentos familiares dos inquiridos, observa-se que os valores declarados localizam-se em dois patamares expressivos. O primeiro situa-se no intervalo de 833,26 a 1.249,92 por ms, para (27,5%) dos inquiridos e, o imediatamente a seguir, no intervalo de 1.666,59 por ms ou mais para (26,9%) dos mesmos.Quadro 3 Distribuio dos rendimentos familiares sem contar com os impostos e outras dedues, no ano transato.

FrequencyPercentValid Percentrfica-se que Cumulative Percent

ValidMenos de 416,66 por ms222,22,22,2

De 416,67 a 833,25 por ms13013,013,115,4

De 833,26 a 1.249,92 por ms27527,527,843,2

De 1.249,93 a 1.666,58 por ms16616,616,860,0

De 1.666,59 por ms ou mais26926,927,287,2

NR12712,712,8100,0

Total98998,9100,0

MissingSystem111,1

Total1000100,0

Em termos profissionais, compem uma populao que, antes da sua trajetria transmigratria, se distribua entre (14,7%) de empresrios, (43,6%) de trabalhadores por conta de outrem, (28,5%) de reformados e de (13%) sem atividade.Quadro 4 Distribuio socioprofissional pr-transmigratria

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidSem actividade12912,913,013,0

Reformado28228,228,541,6

Trabalhador por conta de outrem43143,143,685,1

Empresrio14514,514,799,8

NR2,2,2100,0

Total98998,9100,0

MissinSystem111,1

Total1000100,0

Ainda no que respeita ao domnio profissional, a sua actividade atual na regio oscila entre (17,8%) de empresrios, (29,5%) de trabalhadores por conta de outrem, (43,9%) de reformados e de (8,8%) de indivduos sem atividade. Quadro 5 Distribuio da atividade socioprofissional ps-transmigratria

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidSem actividade888,88,88,8

Reformado43843,843,952,7

Trabalhador por conta de outrem29429,429,582,2

Empresrio17817,817,8100,0

Total99899,8100,0

MissingSystem2,2

Total1000100,0

Comparados os dados, no que respeita s atividades dos indivduos exercidas antes e aps a transmigrao, verifica-se que (3,1%) j abraaram a atividade empresarial depois de terem ido viver para o Algarve, o que poder significar que encontraram, na regio, oportunidades de negcios. De igual modo, o nmero de trabalhadores por conta de outrem diminuiu (14,1%) podendo significar eventuais derrames das categorias de empresrios e ou de reformados, uma vez que esta tambm aumentou (15,4%). Este aumento, com a prudncia que a falta de dados suplementares aconselha, significa que no de excluir que parte dos indivduos possa ter transmigrado numa situao de pr-reforma. Os indivduos sem atividade sofrem uma reduo de (4,2%).Finalmente, no que respeita localizao morfolgica da sua residncia, a sua distribuio sugere que (34,5%) vivem em meio rural, (31,9%) residem em meio Quadro 9 Distribuio scio-espacial da residncia

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidNo campo34534,534,534,5

Na aldeia31931,931,966,5

Na cidade33333,333,399,8

Outro2,2,2100,0

Total99999,9100,0

MissingSystem1,1

Total1000100,0

rurbano (aldeias) e (33,3%) em meio urbano.7.3. Elementos de composio da cultura neo-residencial

O percurso terico feito ao longo do trabalho tem vindo, gradualmente, a afirmar grandes topos, orientados para a percepo de que a cultura neo-residente configura um quadro hbrido no seio da experincia turstica, detendo caractersticas peculiares, semelhana de demais estilizaes tursticas. A progressiva digresso por conjuntos de representaes, valores e normas, existentes em contextos histricos e sociais diversos, foi permitindo esquadrinhar modelos atinentes ao complexo mundo da produo das vrias culturas tursticas, tentando ampliar a conscincia relativa presena alargada do imaginrio e do simblico na referida experincia. Este percurso, no seu conjunto, procurou no s tornar claro o bero cultural que constitui o horizonte insupervel no seio da qual o turismo se respalda, como tentou tambm evidenciar alguns requisitos societais inerentes emergncia do neo-residencialismo, ou turismo residencial, como se queira dominar, sempre em falha, este fenmeno recente.

Numa segunda fase, aps a caracterizao dos principais traos do neo-residencialismo procurar-se-, ainda que nos estreitos e frgeis antevistos limites de qualquer forma cultural, somados aos elementos que se dispe, orientar a construo de modelos, sem a preocupao de encerrar tipologias turstico-residenciais em categorias estreitas.

Se, em hiptese, h afinidades estreitas entre o domnio da experincia turstica em geral e a neo-residencial em particular, tomam-se como critrios fundamentais para a caracterizao da identidade turstico-residencial, alguns elementos mais centrais, tais como: a) a constituio de um grupo humano deslocado do seu contexto scio-geogrfico para um territrio estrangeiro;

b) o modo como se encaixam num estilo de vida em que prevalece uma orientao em torno de padres de lazer e de consumo, em que os imperativos de trabalho so mnimos ou inexistentes;c) o recurso ao mercado de bens e servios do espao anfitrio;

d) a exibio de diferentes padres de comportamento mvel;

e) a demonstrao de uma motivao turstica prvia, com uma base individual (satisfao na apreciao gratuita do espao e do tempo),

f) as possibilidades operacionais de mudana no fcies do territrio onde a sua presena se inscreve, alterando a identidade dos lugares e das comunidades com as quais se associa;

g) a conjugao de uma correlao entre turismo de frias de curto prazo e a sua experincia de longo prazo, evidenciando a contaminao mtua de ambos os fenmenos. Por ltimo, e como um critrio distintivo adicional da identidade turstica peculiar relativamente a demais estilizaes tursticas, importa incorporar h) a habitao como uma nova realidade na qual se inscreve uma dimenso material, mas tambm simblica da vida.

Assim, constituir um imperativo tentar caracterizar aqui essas culturas propondo a composio de um espectro de elementos tomados como pertinentes para a construo dos referidos modelos explicativos, como sejam:

- os confrontos com a deciso migratria,

- a sua dinmica de co-presena no territrio,

- o modo de adaptao,

- as variaes de apreo cultural pelos anfitries,

- as relaes espacio-temporais a partir do territrio,

- os contrafortes da sua mobilidade e, tratando-se de uma experincia de pendor consumista, a anlise de alguns contributos para a economia de trocas, designadamente atravs dos gastos com a sua estada na regio.

Da que, sem prejuzo de melhor entendimento, e porque parte dessa caracterizao por se inscrever, desde logo, no arco dos confrontos dos indivduos com a deciso migratria, far sentido abord-los neste destaque inicial.7.3.1. As conexes com a deciso migratria As conexes com a deciso migratria referem-se s sensibilidades inscritas no espao, por efeito do movimento dos corpos e dos espritos, e ao seu modo de hierarquizao configuracional de alento ao fenmeno transmigratrio. Para as transfiguraes da psico-emotividade que lhes esto subjacentes, por certo que concorreram formas de percepo que os sujeitos projectam na galvanizao de auto-representaes, ou seja, na sua reconstruo/deformao temporria, desenrolada no fluir da deciso daquele empreendimento. Quadro 10 Relao entre motivaes transmigratrias e nacionalidadesNacionalidade

BritishDutchGermanFrenchDanishSpanish

CountCountCountCountCountCount

Q9. Dimenso Relacional de Proximidade tnica Turstica,00329891473402618

1,002423463250838238,2%

Q9. Dimenso Ambiental,004791780591

1,00524114193510590990,9%

,0013940521606263

Q9. Dimenso Catrtica1,0043283158430473773,7%

,00320681153704559

Q9. Dimenso Esttica1,002515595220644144,1%

,00404781504609704

Q9. Dimenso Utilitarista da Deciso1,001674560130129629,6%

,0048611118358010875

Q9. Sentimento do expatriado1,0085122710012512,5%

,005391172014509935

Q9. Outros1,0032691401656,5%

399786114704130701000

No seu conjunto, e numa apreciao transversal s diversas nacionalidades representadas, a dimenso que maior peso parece ter no desabrochar das decises, correspondendo a (90,9%) dos respondentes , claramente, a que se deduz de um manto ambiental, onde o clima ganha um destaque particular, seja pensado na sua envolvente mais sensitiva de clima agradvel, solarengo, seja num sentido mais amplo da sua relao com a proximidade do mar como acesso a um espao de absoro de qualidades por parte dos indivduos, onde no se exclui uma perspetiva teraputica inerente ideia de que se trata de um clima bom para a sade. Nela se inscreve essa prevalncia da troca voluntria das identidades enraizadas dos indivduos e as suas ligaes fsicas a um lugar ou a um lar e uma comunidade estveis, por contrapartida de um novo comeo num lugar estranho e distante.Mas no complexo mundo decisional est imediatamente presente um registo catrtico, em que (73,7%) dos indivduos inscreve na regio uma projeo fantasista prxima da vivncia utpica de um el dorado, como espao de desejo do homem respondendo aos anseios de uma vida boa na qual pairam sombras de ideais de estilos de vida alternativos. No caso, o termo "alternativo" tende a ser conjugado com novas formas de estilos de vida, muitas vezes baseadas no liberalismo (especialmente na esfera dos estilos sociais) ou na deciso de substituir preferncias ou de no trilhar a linha de conduta e de pensamento da sociedade. Numa relao mais precisa, trata-se de operar mudanas parcelares nos padres de vida dos seus pases de origem, por contraponto a um estilo de vida mediterrnico, como expoente de uma concepo espacio-temporal mais humanizada. No seu conjunto, trata-se de um estilo de vida assente no lazer, numa vida mais relaxada, num meio ambiente natural e tranquilo, que parecem enquadrar o conceito de qualidade de vida.Pese embora as fronteiras entre a dimenso ambiental e a esttica nem sempre sejam muito claras, o facto que, para (44,1%) dos indivduos, no foi indiferente, na hora da deciso, a projeco de um atrativo esttico que sups uma relao de venerao imagtica de vrios objetos do espao, nos quais se jogou uma condensao da informao em termos de aluso beleza da regio.Por sua vez, a dimenso relacional de proximidade tnico-turstica, est presente em (38,2%) dos indivduos, o que no menosprezvel. Ela tem subjacente uma importante componente do capital cultural dos indivduos, e sugere que a experincia neo-residencial orientada para um destino no se separa de elementos precursores como sejam: fluxos tursticos pr-existentes, de curto prazo, experimentados pelos prprios nesse mesmo destino, ou por familiares ou amigos que, tendo-se antecipado nessa experincia, se constituem fontes de impulsionamento do desejo inscrito no conhecimento e na confiana necessrios para a operao da sua transferncia. No ambiente que rodeia o ingresso dos indivduos na regio, (29,6%) inscreve a sua tomada de deciso numa perspetiva utilitarista, isto , na que resulta de uma lgica aritmtica e estatstica inserta no baixo custo de vida, na propriedade mais barata, ou numa aquisio mais centrada na habitao como forma de valorizao econmica, para troca futura.Marginalmente a estes aspetos observam-se, na abertura a outros motivos, e embora com uma menor expresso estatstica, apontamentos de outras figuras motivacionais operantes, sugestivas de que a deciso dos (12,5%) de respondentes parece ter acompanhado o sentimento do expatriado. Este fenmeno no surpreende tanto mais que a amplitude atual do expatriamento tende a expandir-se com o aumento da mobilidade internacional, ocasionada pelo crescimento acelerado da internacionalizao nas ltimas dcadas. Em termos de balano, vale dizer que, por um lado, o turismo parece afetar a eleio de uma potencial escolha da condio neo-residencial, uma vez que uma sucesso de visitas pode dispor a essa translao em etapa posterior da sua vida; em segundo lugar, d a ver que as visitas tursticas so objeto de contaminao pelas comunidades neo-residentes e que o turismo pode facilitar o estabelecimento de redes de sociabilidade, promotoras de migraes posteriores.Numa circunstncia ou noutra, a deciso de operar estas translaes scio-espaciais tem, como antecedentes, experincias pr-turistas e tursticas para (95,2%) dos inquiridos, conforme se pode observar no quadro seguinte. Quadro 11 Distribuio dos motivos da primeira visita.

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidFrias95295,295,295,2

Trabalho202,02,097,2

Outro282,82,8100,0

Total1000100,0100,0

Alm do mais, vale dizer que, as categorias que parecem ter-se constitudo elementos de atraco mais preponderantes, como sejam: a ambiental, a catrtica e a esttica incorporam-se num plano iconogrfico prevalecente, num quadro de motivaes iniciais que sugerem uma apreciao espacio-temporal gratuita, e respondem pelo paralelismo ou similitude com os elementos genericamente encontrados em boa parte das decises de fazer turismo na contemporaneidade. Isto pe em relevo um vnculo estreito entre o turismo de frias de curta durao e a experincia neo-residencialista, como prtica de um tipo particular de estruturao da espacialidade social. Dicionrio - Ver dicionrio detalhado7.3.2. Projees culturais do OutroDesde o seu incio que este projeto teve como objetivo explorar a natureza da interao quotidiana entre dois grupos aparentemente diversos de moradores que habitam um espao comum no qual o turismo residencial tem lugar. Trata-se de trazer colao um objetivo que no parece acidental se, porventura, da natureza dessa interao se depreenderem relaes sociais, organizao social e sistemas de comunicao, ou seja, espaos que enformam profundas mudanas operadas na sociedade contempornea.Se um dado que a multiplicidade de culturas que se encontram num mundo onde as distncias so cada vez menores traz assim o desafio da convivncia entre os diferentes modos de vida, desse encontro depreende-se um contexto propcio abertura de uma srie de questes, a saber: como se relacionam os turistas residenciais com os autctones? Como que os primeiros avaliam os segundos? Que elementos avaliativos ganham maior centralidade? Que imagens nutrem a seu respeito? Como varia a relao de apreo dos neo-residentes pelos anfitries?Alm das diferenas bvias a nvel lingustico, tnico e cultural existentes entre esses grupos residenciais, elas podero ocorrer tambm pelo vis das disparidades socioeconmicas e por uma diversidade de padres sociais e estilos de vida. A somar a estas consideraes, outras sobreviro, afinadas pelo diapaso de uma coexistncia residencial mais ntima, na qual se torna mais evidente que esta co-presena incorpora potenciais distintos para o desenvolvimento de conflitos de classe e culturais. Todavia, este contexto dinmico e inovador da coexistncia residencial tambm apresenta possibilidades lubrificadoras de intercmbio cultural positivo, de modernizao produtiva e de desenvolvimento, e a criao de uma comunidade cosmopolita com uma impressionante variedade de origens, gostos e tradies. Que contornos tm, ento, os contextos da vida quotidiana e de socializao nesses lugares dinmicos, onde o turismo residencial marca presena? Por certo que, por entre as experincias multiformes, em que os neo-residentes ocupam uma posio elstica e fluida no espao social, havia que traar uma agenda na pesquisa, marcada por um caminho que ajudasse a iluminar as suas identidades individuais e sociais, pelo que se arrolou um conjunto de questes que vertessem as percepes de si e do seu mundo circundante. Como forma de dar sentido ou interpretar fenmenos no que respeita a lgicas de sentido que os indivduos tomam para si, colocou-se um conjunto de questes que procurassem explorar valores entrincheirados em quadros de um foro mais psico-social, passando pelas relaes sociais, as relaes familiares, as relaes com o trabalho, enfim, a dimenso cultural das suas vidas, quer por referncia ao seu grupo social de origem, quer por referncia aos atributos projetados na populao anfitri.A questo de saber como classificariam os portugueses e os indivduos da sua nacionalidade, tendo como pano de fundo a apreciao da produo de universos simblicos especficos, ao mesmo tempo que se do a ver zonas de edificao de fronteiras ou de derrube entre os seus espaos sociais, foi conducente verificao dos elementos constantes do quadro 12.Quadro 12 Avaliao dos portugueses e dos co-nacionais pelos neo-residentes

Da sua leitura, depreende-se que, nas questes mais orientadas para o foro psico-social, como sejam: as emoes, a razo, a alegria ou a vivacidade, independentemente das suas nacionalidades, e embora com diferentes intensidades nos indicadores de apreciao, os neo-residentes tomam os portugueses por indivduos mais emocionais que racionais, mais alegres e cheios de vivacidade que os indivduos da sua nacionalidade. De igual modo, no negligencivel a forma como vem os portugueses, do ponto de vista da amizade e da hospitalidade. Neste campo, os valores situam-se prximos da concordncia total, com uma intensidade mdia de (4,15) num intervalo escalar de 1 a 5 pontos. Esta resposta parece coerente com a avaliao da eventual no retribuio de interesse pelos estrangeiros que obtm a discordncia escalar de (2,77), valor apesar de tudo ligeiramente inferior ao verificado para a hospitalidade em termos de concordncia.J a ideia de que os portugueses no preservam os costumes e tradies prprias objecto de discordncia, com um valor mdio de (2,37).

Em termos de uma relao comparada, no que respeita avaliao de sub-mundos culturais atravs da questo de saber se os portugueses tm um complexo de inferioridade em relao aos indivduos das demais nacionalidades, verifica-se uma discordncia de certo modo frouxa, muito prxima de uma avaliao neutra, isto no concordo nem deixo de concordar.

Relativamente esfera organizacional, verifica-se que questo de se saber como avaliam a afirmao de que os portugueses so pouco organizados, dado observar um valor de (3,47), que oscila entre a indiferena e a concordncia, podendo significar, em certa medida, uma resposta que aflora um tendencial politicamente correto, na medida em que a ideia de que os portugueses so desorganizados est presente de forma bem mais incisiva quando se trata de avaliar uma outra questo presente no perscrutar as desvantagens de viver no Algarve. Caracterizao dos modelos interrelacionais

Para se observar as representaes sociais dos indivduos, analisados luz de um quadro de classificao dos portugueses e o modo como se distribuem as notaes relativas aos principais traos de um complexo mundo interrelacional, avanou-se para a construo de modelos. por entre uma carga de ambiguidades e de sentidos discrepantes que se procura esquadrinhar as diferenas culturais no seio de cada modelo, avanando com alguns elementos certificadores de alguns eixos de fora mais expressivos.

Trata-se, assim, de observar filtros e distores recorrentes que, no raro, esto na origem de incompreenses, mal-entendidos. Por um lado, eles sempre implicam elementos de ordem cognitiva e afectiva, a saber: as representaes, os esteretipos, os a- priori que envolvem os indivduos relativamente a um outro grupo tnico, a um pas, a uma regio, e que se situam no plano das representaes interiorizadas, pela histria e cultura; por outro os de ordem pessoal e ou institucional, enquanto representaes advindas dos modelos elaborados de motus individualis, depois do crivo da socializao, e dos prprios modelos imanados pelas Instituies onde os indivduos exercem actividade profissional.Dir-se-ia que, no modelo etnocntrico, o Outro diferente devido ao seu estado de desenvolvimento (cognitivo e cultural) fundado na conscincia civilizacional novecentista do Ocidente, que tem como pano de fundo alguns traos subtis da influncia do darwinismo social. No olhar o Outro pelo olhar da sua prpria cultura, a alteridade no s julgada a partir dos cnones estabelecidos como normais, como esta normalidade se torna normativa, isto , a forma de pensar, de viver e de organizar a vida da sua sociedade postulada como superior das outras sociedades e culturas. Nesta perspectiva, o grupo do eu faz da sua vida a nica possvel ou mais discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa, enquanto o grupo do outro fica, numa lgica do engraado, do absurdo, do anormal ou mesmo do ininteligvel

A histria converte-se, assim, num juzo civilizacional feito a partir do protagonismo, da supervalorizao da cultura do prprio em detrimento das demais.

Este cenrio interrelacional, assente em nveis comunicacionais/relacionais desnivelados, hermticos (muitas vezes de modo no perceptvel) originando filtros culturais, pauta-se por uma tentativa de manter um certo afastamento ou a criao de obstculos aos intercmbios culturais. Modelo da tolerncia:Neste modelo, o Outro permanece diferente, mas a sua diferena lida atravs de um padro que reconhece essa diferena como legtima (a ser tolerada).Os outros so identificados no nosso seio e fora de ns. J no sendo susceptveis de ser colonial e exoticamente colocados fora do nosso convvio, urgia que lhes fosse atribudo um lugar. A cultura da tolerncia surge como a aco daquele que tolera sobre aquele que tolerado, portanto, objecto da aco moral e poltica que o coloca entre Ns. A inspirao crist e humanista no chega para esconder a arrogncia tica e epistemolgica daquele que diz que tolera.

Modelo da generosidade:

Neste caso, o outro diferente e essa desconformidade assumida como uma construo do prprio Ocidente Fundado na m conscincia do Ocidente enquanto paradigma social. O mundo confortvel que construmos, entre muros, faz-nos sentir culpados pela vida desolada dos outros. A culpa, pela auto-crtica que lhe subjaz, torna-se em programa poltico: cuidar do Outro. O problema do outro tambm em boa parte o nosso problema, dado que historicamente este foi continuamente menorizado. Supe-se que a sua emancipao a nossa emancipao. So os sem voz que tm que falar, mesmo que no queiram.

Modelo relacional:

O outro diferente e ns tambm somos! A diferena est na relao entre diferentes. Recusa da boa e da m conscincia prisioneiras do jogo de soma zero: quem que foi o mais oprimido e quem foi o mais opressor, h como que uma permanente construo e reconstruo do pathos e do ethos dos indivduos, atravs da integrao de novos elementos, ou inputs culturais, oriundos da uso da Lngua, dos costumes, tradies e culturas que interagem no seu seio, ou pelos prprios mdia, que introduzem no seio das comunidades, escolas, famlias, padres hiper mundiais, formatados para caber em todas as culturas. Nessa recusa de serem outsiders culturais combina-se a prpria essncia da existncia de uns com a de outros. Ns e Eles constitumos partes de uma relao, o que torna a nossa posio mais frgil, j que o Ns que tem a legitimidade universal de determinar quem so os Eles. Mas, ao assumirmos que a diferena tambm somos ns (e o ns transforma-se em eles), a nossa prpria alteridade que se expe na relao. H como que uma recusa da aco unilateral, por mais generosa que seja, sobre a alteridade, como se esta tivesse como natureza ser por ns cuidada e agida, na condio de libertos para a possibilidade de compreender o outro, enquanto sujeito outro, sem medo, sem receios ou inseguranas.Operacionalizao dos modelos

Mau grado a falibilidade da translao do domnio terico para frmulas cifradas, a construo dos respectivos ndices, necessariamente toscos e aproximativos, enquanto representao de modelos teoricamente estruturados, foi feita com base na agregao de 5 variveis com pertinncia para a construo dos modelos.A progressiva digresso por conjuntos de representaes, valores e normas existentes em contextos histricos e sociais diversos, foi permitindo esquadrinhar modelos atinentes ao complexo mundo interrelacional dos indivduos. Este percurso procurou, no seu conjunto, tornar claro que a cultura constitui o horizonte insupervel no seio da qual se respaldam as lgicas interrelacionais, como tambm funciona como uma fina e estreita pelcula, sobre o amplo conceito de mobilidade, em que se pode fundir o entendimento de algumas dinmicas que se investem nesse continuum entre turismo e migraes na contemporaneidade.

Uma pesquisa orientada por uma preocupao de no encerrar tipologias interrelacionais em categorias estreitas justifica agora a pertinncia da separao analtica dos modelos, bem como o desenvolvimento operativo dos suportes culturais que informam cada um. Na medida em que possvel destrinar nos significados, valores e atitudes dos indivduos perante o Outro, o desenvolvimento de culturas diferenciadas, avanou-se para a construo dos modelos baseados em dimenses culturais consideradas molares para a sua caracterizao, a saber:A dimenso da psicoemotividade tomada pelo ndice indivduos mais emocionais que racionais, constante do questionrio anexo, alis como todos constam.A dimenso afetiva tomada pela amizade e a hospitalidade.A dimenso diferena cultural espcie de complexo de inferioridade cultural em relao aos indivduos das demais nacionalidades. Um sentimento de inferioridade secundrio relaciona-se s experincias de um adulto em atingir um objetivo final inconsciente, fictcio, de segurana e sucesso subjetivos para compensar-se por sentimentos de inferioridade. A distncia percebida daquele objetivo levar a um sentimento "negativo" que pode ento instigar o sentimento de inferioridade original; este composto de sentimentos de inferioridade pode ser experimentado como acabrunhante.A dimenso reciprocidade relacional - no retribuio de interesse pelos estrangeirosA dimenso comportamental so pouco organizados,A dimenso cognitiva tm pouca cultura geral. A construo dos respectivos ndices foi feita com base na contabilizao de respostas vlidas, reduzidas escala (5-25), correspondendo o valor mais baixo contestao geral de diferenas e que aqui se designa de Modelo relacional:

Quanto aos modelos intercalares, toma-se o modelo da tolerncia pelas possibilidades de respostas que somem 15 ou mais pontos, at 20 pontos?, enquanto o modelo da generosidade se situa entre os 15 e menos at aos 10 pontos.J o Modelo etnocntrico corresponder s possibilidades de respostas vlidas que, no seu conjunto, perfaam o topo mximo da escala, ou seja, 25 pontos (vd. anexo - tabela de construo de cada ndice).P,409 teseQuadro 3 - Comparao dos Modelos por grau de insero

Graus de inseroModelo

EtnocntricoModelo daTolernciaModelo da

GenerosidadeModelo

Relacional

Fraco60%59%63%52%

Mdio3%15%12%8%

Forte----5%7%0,7%

Desinseridos37%21%19%39%

Mau grado a falibilidade da translao do domnio terico para frmulas cifradas, os resultados permitem, no seu conjunto, confirmar a ausncia de um modelo forte, claramente hegemnico em relao a todos os outros.

preciso ver bem isto1 Como o caso de algum multiculturalismo que, na nsia de sublinhar as diferenas culturais, erradica o

carcter relacional destas, como se um cigano nascido e criado em Portugal tivesse mais em comum com um

Seria interessante observar oscilaes, nesta escala, da P. 15 em funo da p.26 (idade), da p.27 (sexo), p.30 (grau de instruo), p.14 (competncia lngua) p.31. (rendimentos), p.8 (local residncia) e p. 25.1. (setor de atividade).7.4. Imagens e clivagensMas, o modo como esta co-presena ganha contornos mais precisos, evidenciando a relevncia e a amplitude das diferenas culturais e os elementos de fundo que as destrinam, continua a sua construo nos juzos constantes dos atributos positivos e negativos da vivncia dos indivduos na regio.

No fundo, tais construes, que projetam aproximaes e distncias, mais no fazem que revelar a trama da existncia humana desenrolada em jogos de contrrios.7.4.1 Vantagens em viver no AlgarveAnalisada a lgica discursiva dos indivduos pelo crivo das principais vantagens em viver no Algarve, verifica-se que ela se focaliza, predominantemente, em torno de algumas polarizaes categoriais, nas quais se vertem os elementos associados a um foro esttico-ambientalista, ao domnio ldico-hedonista e a um quadro sociocultural presente quer nas referncias mais genricas cultura do outro, quer em referncias deduzidas de cenrios predominantemente relacionais que avivam traos de sentido da sua prpria identidade.Assim, e tendo em ateno os aspetos catalizadores da vida coletiva na regio, (49,7%)Quadro 12 Avaliao pelos neo-residentes das principais vantagens em viver no Algarve

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidEstticas212,12,12,1

Ambientais47647,647,649,7

Hedonistas30830,830,880,5

Ldicas272,72,783,2

Utilitaristas343,43,486,6

Securitrios292,92,989,5

Escapistas292,92,992,4

Relacionais333,33,395,7

Culturais181,81,897,5

Proximidade familiar e tnica181,81,899,3

Outras1,1,199,4

NR5,5,599,9

33,001,1,1100,0

Total1000100,0100,0

alude dimenso esttico-ambientalista, repartindo-se as respostas entre (21%) que privilegia a beleza da regio, e (47,6%) que agrega ao contentamento das suas vidas a dominante climtica, a qual vai da sua dimenso mais fisicalista (de clima temperado, de ar puro, sem poluio, dimenso teraputica (um clima que faz bem sade), social (no sentido de clima propcio construo de uma boa vida social, de extroverso, de sociabilidades festivas).

O domnio ldico-hedonista assumido por (33,5%), repartindo-se as respostas entre (30,8%) que privilegia os prazeres de viver na regio, entre os quais destaca um estilo de vida calmo e pacato, e a boa gastronomia, enquanto (2,7 %) expressa a vertente hedonista na sua satisfao com as diverses, as festas, os jogos, com especial destaque para o golfe. A dimenso utilitarista das vantagens de viver na regio est presente em (3,4 %) dos indivduos que refere o custo de vida, os preos baixos, ou a vantagens em ter negcios na regio, como elementos preponderantes na apreciao da mesma.Na dominante sociocultural, os resultados obtidos so claros: do a ver que (3,3%) dos indivduos atribui uma importncia primordial ao carter hospitaleiro do povo portugus e dominante sociolingustica, com particular destaque para as potencialidades bilingues dos portugueses, ou seja, a sua facilidade em adicionam uma outra lngua aos seus repertrios, nomeadamente a inglesa, independentemente dos diferentes nveis de desempenho possudos. Numa apreciao mais genrica e imprecisa, (1,8 %) confere apreo cultura dos portugueses, e ao convvio fcil entre culturas.Os motivos securitrios e escapistas (em referncia a uma vida livre) colhem valores idnticos, na ordem dos (2,9%) e, por fim, com uma expresso to residual quanto o apreo pela cultura portuguesa, (1,8 %) referencia a proximidade de familiares e conterrneos como um dos vetores apreciativos da sua permanncia no Algarve.Seria interessante observar a distribuio dos vectores apreciativos P. 10r em funo da p.26 (idade), da p.27 (sexo), p.30 (grau de instruo), p.14 (competncia lngua) p.31. (rendimentos), p.8 (local residncia) e p. 25.1. (setor de atividade).7.4.2. DesvantagensAnalisada a lgica discursiva dos indivduos pelo crivo das principais desvantagens em viver no Algarve (vide quadro 13), verifica-se que ela deambula, de modo preponderante, em torno de 3 grandes eixos: os elementos que se cruzam com uma esfera de natureza mais instrumental e que se refletem na depreciao dos seus negcios ou, ainda, de um modo mais genrico, no aumento do custo de vida local e, bem assim, nos apontamentos crticos associados cultura poltica e organizacional do pas, com particular referncia para os de ndole infra-estrutural e logstica. Salientam-se, por fim, os que se referem ao universo de representao da cultura portuguesa (ou de ndole mais local) ou, mais exatamente, os que respeitam a uma seleo especfica de valores culturais dos autctones que, todavia, se associam vida social como um todo. No que respeita ao universo de representao da cultura portuguesa optou-se por destacar a categoria comportamentos dos portugueses relativamente dimenso cultura, embora nela estejam inscritos, por se considerarem pertinentes estas representaes de formas mais operativas do universo simblico dos neo-residentes. Na verdade, a separao da cultura das formas de comportamento no procura contrariar a afirmao de Sapir de que a cultura define-se em termos de comportamento, e o contedo da cultura feito dessas formas, das quais h inmeros exemplos. Nesta perspetiva, trata-se apenas de conferir um espao prprio a indicadores que refletem juzos mais direccionados para a conduta social, que adquire o seu significado num sistema de prticas e discursos tornados mais significativos numa situao de relao comunicacional. Nesta vertente, a ideia de cultura cai no reduto de formas de expresso de condutas inaptas, prprias de um grupo tnico especfico. Aqui, a cultura e as depreciaes culturais que a enformam aflorada na aceo de modos de ser, de sistema educativo, que congregam um princpio de unidade social.A anlise do corpus concreto de conhecimentos ou de prticas, sugestivos das incomodidades da vida no Algarve, d a observar que, para (15,6%) dos indivduos, a principal desvantagem radica no plano instrumental associado ao valor relativo a um conjunto de itens considerados necessrios para a manuteno da vida. Com efeito, se o custo de vida pode ter sido um dos aspetos porventura perifrico na deciso dos indivduos residirem no Algarve, parece agora que, no decorrer do tempo, ele ter ganho uma justificada centralidade. Com efeito, a questo no menosprezvel na medida em que o custo de vida em Portugal ganhou uma relevncia que j ningum contesta, pela sua crescente deteriorao.Imediatamente a seguir, nesta escala de desconforto, surge a burocracia como apontamento crtico no domnio da cultura poltica e organizacional do pas. Quadro 13 Avaliao pelos neo-residentes das principais desvantagens em viver no Algarve

Quadro n - Desvantagens de vIver em PortugalQuadro 10 equivale a P11.r

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidBurocracia14614,614,614,6

Cultura portuguesa191,91,916,5

Escassez de eventos313,13,119,6

Custo de vida15615,615,635,3

Criminalidade/falta de segurana/corrupo525,25,240,5

Lngua portuguesa393,93,944,4

Comportamentos dos portugueses353,53,547,9

Infra-estruturas rodovirias767,67,655,5

Servios de sade e de transportes pblicos494,94,960,4

Servios pblicos242,42,462,8

Nostalgia familiar838,38,371,1

Bulcio turstico (vero)10010,010,081,2

Fraca gratificao da vida social7,7,781,9

Periferia do espao191,91,983,8

Ambientais222,22,286,0

Utilitaristas151,51,587,5

Outras232,32,389,8

No v desvantagens747,47,497,2

NR272,72,799,9

111,001,1,1100,0

Total99899,8100,0

MissingSystem2,2

Total1000100,0

Na verdade, cerca de (14,6 %) dos respondentes apontaram a burocracia como causa significativa de incomodidade da sua vivncia no pas, como se ela constitusse um elemento catalizador de referncia da sociedade portuguesa. como se o pas fosse dominado por um campo de referncia transversalmente disseminador de uma chaga social.

De modo surpreendente, os registos da pesquisa vo confrontar-se com o facto de (10%) dos indivduos chamarem a si o paradoxo da atraco/segregao turstica. Se o desaparecimento do vero traz de retorno a falta de vida social, como se ver mais adiante, pensar que o bulcio turstico seria acalentador da ultrapassagem desse desnimo um engano. Se, para (7,4 %) dos indivduos, os sentimentos prevalecentes no aludem a esse aspecto, nada registando de desagradvel, a (10 %) molesta-os a confuso gerada pela enchente de pessoas. Na verdade, dificilmente aceitam o fervilhar da vida turstica no vero, que reputam de caos. como se resistissem a uma tal situao massificada, recusando vinculaes que os impedem de serem eles mesmos, reivindicando um espao prprio que os liberte dessa forte densidade, do cansao dos contactos episdicos e superficiais em que se convertem as relaes sociais tursticas.

Na verdade, na forma subtil de recusa de um certo caos balnear, oculta-se uma espcie de falta de identificao com o modelo de turismo prevalecente. Dir-se-ia que o modelo hegemnico de turismo constitui o espelho dessa confuso gerada pela enchente de pessoas, na base da qual se inscreve a crtica e a recusa do carter histrinico da vida social no vero.No que respeita aos elementos de ndole infra-estrutural e logstica, (7,6%) dos indivduos desabona as infra-estruturas rodovirias, aludindo nuns casos sua carncia e, noutros, ao seu estado degradado, ou mesmo sua inexistncia, como uma espcie de segregao que remete para a acentuao da sua geografia vivencial como um espao perifrico. Na matria que respeita ao edifcio social do Estado-providncia portugus, (4,9%) manifesta o seu desapontamento pela privao do seu bem-estar, deduzida de uma fruio insatisfeita ou frustrada com a categoria mais abrangente de servios pblicos, que faz com que se posicionem de forma crtica relativamente aos servios de sade e de transportes pblicos. Trata-se de um desabono que indicia, com bastante pertinncia, o seu divrcio relativamente aos processos racionais que enformam a gesto dos mesmos, acalentando um quadro de descrdito nos ditos e nas leis que os subjazem.

Na verdade, caracterizam os servios de sade e de transportes como deficitrios, face manifesta ineficcia como se produzem os acessos aos mesmos. Da sua crtica sempre se deduz a conscincia de uma cultura do Outro, sujeita a um sentido depreciativo trespassado por uma lgica de clara inrcia social. A minar o campo das repulses soma-se ainda, para (5%) dos indivduos, a criminalidade, a falta de segurana e a corrupo. Como nota de realce de um desconforto que no se prende diretamente com o territrio de permanncia dos indivduos (8,6%) alude a um estado nostlgico que remete para as saudades da terra de origem e das amizades que se estruturaram em torno das suas razes. Os apontamentos que se referem ao universo de representao da cultura portuguesa (ou de ndole mais local) ou, mais exatamente, os que respeitam a uma seleo especfica de valores culturais dos autctones, encontram expresso na aceo de vida social como um todo. Prosseguindo na anlise das vertentes mais significativas desse erguer de barreiras que justificam distncias e fundamentam uma aproximao inaceitvel, encontra-se o idioma. Com efeito, a diferena idiomtica poder explicar, em certa medida, a natureza dos contactos destes cidados estrangeiros com a populao residente.De facto, (3,9 %) refere-se lngua portuguesa como uma desvantagem da sua vivncia no Algarve.A par disso, a categorizao da realidade passa, no seio das diferenas culturais, pela cultura portuguesa, na aceo de vida social como um todo, como estilo de vida dos portugueses.

De algum modo, tambm os comportamentos dos portugueses se configuram definidores das relaes inter-sociais e interpessoais. Relaes culturais adversas so as que se podem deduzir de representaes sociais negativas como as que se deduzem de notas salientes como sejam: a arrogncia, a falta aos compromissos assumidos, a indiferena, a desorganizao, as mentes fechadas dos portugueses, expressas por (3,5%) dos indivduos.Analisando os trs principais itens de desconforto em viver no Algarve, a saber: o custo de vida, a burocracia e o bulcio turstico, seria de todo desejvel compreender o seu modo de distribuio.

Assim, no que respeita idade dos indivduos, verifica-se que (42,3%) dos indivduos, com mais de 60 anos, apontam a burocracia como elemento de desconforto principal. Na classe mais jovem, apenas (24,4%) refere este item como desvantagem. Embora haja alguma estabilizao nos grupos compreendidos entre os 31 e os 40 anos, com (32,4%) e os 41 e 50 com (36,4%), verifica-se um crescendo de desconforto relativamente burocracia medida que se sobe na idade.

Quadro Distribuio das 3 principais desvantagens de viver no Algarve, pelas classes etrias

Classes de idadeTotal

60

Quais so principais desvantagens de viver no Algarve?BurocraciaCount01022202866146

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?,0%6,8%15,1%13,7%19,2%45,2%100,0%

% within class_idade,0%24,4%32,4%36,4%35,9%42,3%36,3%

Custo de vidaCount42436213338156

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?2,6%15,4%23,1%13,5%21,2%24,4%100,0%

% within class_idade100,0%58,5%52,9%38,2%42,3%24,4%38,8%

Bulcio turstico (vero)Count0710141752100

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?,0%7,0%10,0%14,0%17,0%52,0%100,0%

% within class_idade,0%17,1%14,7%25,5%21,8%33,3%24,9%

TotalCount441685578156402

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?1,0%10,2%16,9%13,7%19,4%38,8%100,0%

% within class_idade100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%100,0%

Enquanto nesta classe, a burocracia ocupa o primeiro plano das desvantagens, com (42%), o bulcio turstico constitui a sua segunda causa de desconforto (33,3%), e o custo de vida surge como desconforto menor (24,4%).J a classe de 20-30 anos (58,5%) aponta como principal desvantagem o custo de vida, a que se segue a burocracia com (24,4%), enquanto a confuso turstica sugerida pelo vero apenas afeta 17,1%. interessante observar que a crtica ao bulcio turstico ganha tanto maior centralidade quanto mais se sobe na pirmide etria, significando com isso que na reactividade aos espaos superpovoados, cheios, os mais idosos suplantam, de modo significativo, os mais jovens nas exigncias de sossego e privacidade.No que respeita ao modo como as desvantagens se distribuem em funo do sexo, Quadro Distribuio das 3 principais desvantagens de viver no Algarve, em funo do sexo

SexoTotal

MasculinoFeminino

Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?BurocraciaCount8957146

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?61,0%39,0%100,0%

% within Sexo42,4%29,7%36,3%

Custo de vidaCount7086156

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?44,9%55,1%100,0%

% within Sexo33,3%44,8%38,8%

Bulcio turstico (vero)Count5149100

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?51,0%49,0%100,0%

% within Sexo24,3%25,5%24,9%

TotalCount210192402

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?52,2%47,8%100,0%

% within Sexo100,0%100,0%100,0%

observa-se que a relao do desconforto com o custo de vida faz-se sentir preponderantemente nas mulheres (44,8%), enquanto os homens conferem um maior enfoque burocracia.

J o bulcio turstico tem um efeito residual quer para homens quer para mulheres, no seio deste grupo de desvantagens.Tentando observar virtuais nveis de diferenciao de posies dos indivduos pelo sexo, face aos trs principais quadros de desconforto, possvel fazer o entendimento de que os diferentes nveis de ensino no sugerem uma diferenciao clara.Se, para os detentores de um grau de ensino superior, (38,8) o custo de vida figura como principal elemento desvantajoso, tambm os de ensino secundrio apontam nesse sentido com (37,5%) a fazerem idntica meno.

Quadro Distribuio das 3 principais desvantagens de viver no Algarve, pelo grau de instruo

Grau de instruoTotal

IletradoEnsino primrioEnsino secundrioEnsino superior

Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?BurocraciaCount117767146

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?,7%,7%52,7%45,9%100,0%

% within Grau de instruo50,0%10,0%38,5%35,6%36,5%

Custo de vidaCount167573155

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?,6%3,9%48,4%47,1%100,0%

% within Grau de instruo50,0%60,0%37,5%38,8%38,8%

Bulcio turstico (vero)Count03484899

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?,0%3,0%48,5%48,5%100,0%

% within Grau de instruo,0%30,0%24,0%25,5%24,8%

TotalCount210200188400

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?,5%2,5%50,0%47,0%100,0%

% within Grau de instruo100,0%1,0E2%100,0%1,0E2%100,0%

O bulcio turstico surge, mais uma vez, como a terceira causa de desconforto.Relacionando as desvantagens com os elementos do foro lingustico, designadamente o domnio da lngua portuguesa, verifica-se a existncia de uma relao inversamente proporcional entre a progresso dos indivduos este domnio e a eleio a burocracia como elemento desvantajoso.

Quadro Distribuio das 3 principais desvantagens de viver no Algarve, pela competncia na lngua portuguesa.

Como avalia a sua competncia na lngua portuguesa?Total

NulaDomnio de poucas palavrasConhecimentos bsicosFluenteMuito fluente

Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?BurocraciaCount15069188146

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?,7%34,2%47,3%12,3%5,5%100,0%

% within Como avalia a sua competncia na lngua portuguesa?20,0%40,3%39,0%26,5%28,6%36,3%

Custo de vidaCount342673014156

% within Quais so as 3 principais desvantagens de viver no Algarve?1,9%26,9%42,9%19,2%9,0%100,0%

% within Como avalia a sua competncia na lngua portuguesa?60,0%33,9%37,9%44,1%50,0%38,8%

Bulcio turstico (vero)Count13241206100

% within Quais so as 3 principais desvantagens de viver no Algarve?1,0%32,0%41,0%20,0%6,0%100,0%

% within Como avalia a sua competncia na lngua portuguesa?20,0%25,8%23,2%29,4%21,4%24,9%

TotalCount51241776828402

% within Quais so as 3 principais desvantagens de viver no Algarve?1,2%30,8%44,0%16,9%7,0%100,0%

% within Como avalia a sua competncia na lngua portuguesa?100,0%1,0E2%100,0%100,0%100,0%100,0%

Dir-se-ia que a malha de aperto da burocracia afrouxa de importncia em funo da fluncia da lngua. Com efeito, enquanto a barreira burocrtica sentida por (26,5%) de indivduos com fluncia lingustica, o mesmo fenmeno aflorado por 40,3% dos indivduos que dominam poucos termos. Tambm se observa que, medida que aumenta a fluncia da lngua, tambm aumenta a percentagem de indivduos que elege o custo de vida como elemento dotado de maior centralidade. Enquanto (33,9%) dos que dominam poucos termos, apontam o custo de vida como causa de desconforto, os muito fluentes que elegem este elemento como principal preocupao atinge os (50%) dos indivduos.Fazendo trespassar o domnio da lngua pelo bulcio turstico, verifica-se que se mantm estvel, no havendo, assim qualquer afetao em funo do mesmo.

A anlise das clivagens associadas ao estatuto econmico d a observar uma relao diretamente proporcional entre o mesmo e o desconforto relativo burocracia. interessante constatar que, enquanto no seio dos indivduos com rendimentos familiares compreendidos no intervalo de 416,67 a 833,25 a burocracia colhe o posicionamento crtico de (12,8%) dos indivduos, nos rendimentos constantes dos intervalos de 1.249.93 a , 1.666.58 e de 1.666,59 por ms ou mais, o desconforto relativo burocracia assumido por (45,7%) e (46,5%) respetivamente. Enquanto isso, ao passo que no seio das classes de menores rendimentos, ou seja, os que se encontram compreendidos nos intervalos de 416,67 a 833,25 e de 833,26 a 1249,92 por ms, (61,7%) dos indivduos e (37,0%) respetivamente, esto mais preocupados com o custo de vida, os indivduos de rendimentos mais elevados so mais sensveis burocracia. Quadro Distribuio das 3 principais desvantagens de viver no Algarve, pelo rendimento familiar, sem contar com os impostos e outras dedues, no ano transacto.

Rendimento familiar, sem contar com os impostos e outras dedues, no ano passadoTotal

Menos de 416,66 por msDe 416,67 a 833,25 por msDe 833,26 a 1.249,92 por msDe 1.249,93 a 1.666,58 por msDe 1.666,59 por ms ou maisNR

Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?BurocraciaCount0634375316146

% within Quais so as 3 principais desvantagens de viver no Algarve?,0%4,1%23,3%25,3%36,3%11,0%100,0%

% within Rendimento familiar, sem contar com os impostos e outras decues, no ano passado,0%12,8%34,0%45,7%46,5%30,2%36,6%

Custo de vidaCount42937243725156

% within Quais so as 3 principais desvantagens de viver no Algarve?2,6%18,6%23,7%15,4%23,7%16,0%100,0%

% within Rendimento familiar, sem contar com os impostos e outras decues, no ano passado1,0E2%61,7%37,0%29,6%32,5%47,2%39,1%

Bulcio turstico (vero)Count0122920241297

% within Quais so as 3 principais desvantagens de viver no Algarve?,0%12,4%29,9%20,6%24,7%12,4%100,0%

% within Rendimento familiar, sem contar com os impostos e outras dedues, no ano passado,0%25,5%29,0%24,7%21,1%22,6%24,3%

TotalCount4471008111453399

% within Quais so as 3 principais desvantagens de viver no Algarve?1,0%11,8%25,1%20,3%28,6%13,3%100,0%

% within Rendimento familiar, sem contar com os impostos e outras dedues, no ano passado1,0E2%1,0E2%1,0E2%1,0E2%100,0%1,0E2%100,0%

J no que respeita ao confronto interclassista face ao bulcio turstico, dita a estabilidade do item que ele no sofre afetao expressiva em funo das classes de rendimentos.

Por fim, numa tentativa de relacionamento dos referidos itens com o local de residncia, interessante verificar que os nveis de desconforto com a burocracia acompanham a trajetria de contratao entre o campo, a aldeia e a cidade. Com efeito, os indivduos que apontam a burocracia como principal alvo desvantajoso so os da cidade (42,1%), seguidos dos que vivem nas aldeias (34,1%) e dos que habitam no campo (31,8%).Quadro Distribuio das 3 principais desvantagens de viver no Algarve, pelo espao residencial.

A sua residncia insere-se:Total

No campoNa aldeiaNa cidade

Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?BurocraciaCount424459145

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?29,0%30,3%40,7%100,0%

% within A sua residncia insere-se:31,8%34,1%42,1%36,2%

Custo de vidaCount445755156

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?28,2%36,5%35,3%100,0%

% within A sua residncia insere-se:33,3%44,2%39,3%38,9%

Bulcio turstico (vero)Count462826100

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?46,0%28,0%26,0%100,0%

% within A sua residncia insere-se:34,8%21,7%18,6%24,9%

TotalCount132129140401

% within Quais so as 3 principais desantagens de viver no Algarve?32,9%32,2%34,9%100,0%

% within A sua residncia insere-se:100,0%100,0%100,0%100,0%

No seio dos que vivem em meio urbano a segunda maior apontamento desabonatrio vai para o custo de vida (39,3%) e, por ltimo, para o bulcio (18,6%). Esta ordem de importncia das desvantagens comparativas sofre alterao na translao do olhar para os que vivem no campo. Na verdade, enquanto o bulcio turstico aparece dotado de centralidade para 34,8%, o custo de vida ocupa o segundo lugar com (33,3%) e s depois figura a burocracia com (31,8%). Assim, na matria que respeita graduao das desvantagens observadas de viver no Algarve, no alheio o facto de se viver em meio urbano ou em meio rural., P. 11 Custo de vida (15,6%) Burocracia (14,6%), e bulcio turstico (10%), cada um per si, como se cruzam (ou como dependem) das:, p.5 (mdia de residncia), p.17 (uso da net), p.17.1 (frequncia de uso da net), p.18 mobilidade turstica. interessante observar como vivem de modo desvantajoso aquilo que parece ser o contraste marcante entre a turbulncia, o caos do bulcio turstico e o que designam de falta de vida social no inverno. De algum modo, (7%?) das proposies associadas a uma fraca gratificao da vida social no inverno, acusam uma certa ideia de desagregao dos suportes de um estilo de vida sempre desejado, uma propenso labilidade emocional, com a chegada do inverno. Um longo perodo que surge como que um espao vazio, onde ecoa o desejo de reencontro com os grandes smbolos perdidos do Algarve, normalmente atravs do retorno festa, vontade de celebrao da vida sob todas as suas modalidades sociais, enfim o regresso a formas de ritualizao turstica. sabido como componente essencial deste ethos cultural do turismo algarvio radica essencialmente na componente ldica, nos divertimentos correntes que so proporcionados e a que vo aderindo mais em funo do existente, do que em resultado de uma predisposio de partida, de uma programao antecipadamente integradora das componentes culturais ou educativas como parte integrante da experincia. Dir-se-ia que a necessidade de participao em acontecimentos culturais repartidos entre concertos e outros espectculos musicais, cinema e animao nocturna, objeto de aluso no que respeita a escassez de eventos, por parte de (3,1 %) dos indivduos. Se se articularem os que lamentam a escassez de eventos com a fraca gratificao da vida social, vai-se ao encontro da expresso de (3,1% + 0,7%?) dos indivduos que evidenciam, ainda que de forma subtil, a crtica a uma cultura situacionalmente construda face s visitas, transfigurada pela ndole do turismo, que a faz valer pelo espectculo, pelas emoes que desperta, pelas evocaes que transporta e no por um significado de que possa ser portadora.

Os indivduos que acusam a escassez de eventos culturais so, p.26 (nos de idade mais avanada?), p.30 (os que tm maior grau de instruo?) da p.31 (da classe de rendimento), da p.8, (local de residncia), p.25 (do tipo de atividade na regio?) p.5 (da mdia de tempo de residncia), p.18 da mobilidade turstica?.

(Texto provisrio) Os indivduos que manifestam necessidade de participao em acontecimentos culturais so, sobretudo, os do ensino secundrio (x%) e superior (x%)?. Correlacionadas as necessidades de participao em acontecimentos culturais pelo vis dos rendimentos, verifica-se que elas se independentizam dos mesmos. Isto , essas necessidades tanto so requeridas por indivduos de mais baixos rendimentos (53% e 44%), quanto o so pelas restantes franjas da populao neo-residente que detm rendimentos mais elevados ( %).

Analisadas idnticas necessidades em funo das classes de idade, constata-se que aqueles que as manifestam mais so, sobretudo, os idosos em %, seguidos dos adolescentes % e dos adultos %? Dos dados importa no deduzir interpretaes lineares ou superficiais, e menos reduzir a recepo da cultura na experincia do residencialismo turstico a manifestaes recolhidas ou confinadas a espaos possudos de valor cannico. Se certo que h um tipo de recepo que no se dissocia dos esteretipos socialmente forjados e legitimados pelo modelo turstico dominante, que na poca estival leva aos recintos pblicos das cidades do litoral os espectculos musicais prprios do lazer distrado de massas, com excepes pontuais para espectculos de msica erudita, noutros locais mais selectivos, tal no invalida, fugindo dicotomia alta cultura cultura popular, que a distraco no possa como alis Benjamin refere a propsito da experincia de registo cinematogrfico. A recepo na diverso, cada vez mais perceptvel em todos os domnios da arte, e que sintoma das mais profundas alteraes na apercepo, tem no cinema o seu verdadeiro instrumento de exerccio.

facto que o modelo de experincia tpica dessa cultura-diverso tem remetido, na sua essncia, para um gozo prprio de um espao desorganizado como destino cultural, em que o trabalho dos agentes tursticos se tem bastado nas fases mais elementares da cultura, fazendo convergir as prticas na centralidade do consumo associado diverso e ao entretenimento como corte com o tdio da vida quotidiana, de tal forma que a utilidade da experincia parece residir precisamente na capacidade de nada dever fazer de til durante algum tempo.

Por outro lado, se isso pode suscitar a percepo de um vazio alienante dos dispositivos culturais em relao aos dispositivos sensoriais, por outro, esta ausncia de necessidade de participao em eventos culturais pode significar um desligamento dos indivduos relativamente a instituies estandardizadas que, no dizer de Elias,

canalizam com grande regularidade muitas exigncias de lazer das pessoas. Neste caso, em contraste com as instituies mimticas de lazer, as pessoas renem-se [...] s para desfrutarem a companhia uns dos outros, para terem prazer, isto , um nvel mais elevado de calor emocional, de integrao social e de estimulao atravs da presena de outros - uma estimulao divertida, sem obrigaes srias e os riscos inerentes a elas - do que aquele que possvel experimentar em qualquer outra esfera da vida.

Se porventura se confrontar as principais desvantagens de viver na regio, nas respostas em que patente a edificao de barreiras culturais, (p.11 pela p.15) no que respeita classificao comparada dos portugueses com os indivduos das nacionalidades a que os neo-residentes pertencem, verifica-se que as respostas apontam, no seu conjunto, para um esbatimento, em discurso, de tais barreiras. Essa discrepncia faz sentido se se admitir o modo mais direto como a questo formulada, podendo sugerir com maior preponderncia, respostas politicamente corretas.Questo n - Distribuio dos aspetos facilitadores dessa adaptaoP12.1r. Indique 3 aspectos facilitadores dessa adaptao

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidAmizade com os autctones595,922,722,7

Hospitalidade dos locais484,818,541,2

Amizade intra-tnica101,03,845,0

Relaes familiares171,76,551,5

Ligaes amorosas inter-tnicas121,24,656,2

Filiaes associativas9,93,559,6

Bilinguismo prprio505,019,278,8

Bilinguismo dos autctones161,66,285,0

Culturais5,51,986,9

Cosmopolitismo local1,1,487,3

Laborais2,2,888,1

Ldicos8,83,191,2

Estilo de vida1,1,491,5

Gastronmicos7,72,794,2

Ambientais5,51,996,2

Utilitaristas6,62,398,5

NR4,41,5100,0

Total26026,0100,0

MissingSystem74074,0

Total1000100,0

A moldura geral dos vetores apreciativos seria ainda objeto de uma outra interlocuo atravs da meno, por parte dos indivduos, da aspetos facilitadores da sua estada na regio.

H questo de saber quais esses aspetosModo de incorporao comunidade local 7.4.3. Inter-relacionamento e estatuto econmico

Nesta linha de trabalho ainda possvel pensar que o apreo dos neo-residentes pelos portugueses no varia em funo do seu status econmico (p.15 pela p.31), consolidando a hiptese de que as atitudes e opinies, relativamente aos autctones, dependem antes de tudo do capital cultural (p.30), relevando uma apreciao mais orientada por uma lgica de status e dos respetivos estilos de vida, que por uma lgica de classes sociais propriamente dita.

7.4.4. Inter-relacionamento, sexo e idade Se o estatuto econmico pode redundar em varivel espria, no que respeita ao sexo e idade nem sequer se vislumbra uma ligao direta. A oscilao do apreo dos neo-residentes aparenta ser claramente independente destas duas coordenadas. No que se refere ao sexo, (p.27) o valor mdio.. nos homens de (x) e nas mulheres de (x) e esvanece-se ainda mais com a introduo da escolaridade (p.30)?Do modo como varia a relao de apreo dos neo-residentes pelos anfitries tambm no ser de excluir uma lgica prpria dos efeitos do lugar.7.4.5. Inter-relacionamento e efeitos do lugar

O trato dos efeitos do lugar nas relaes interpessoais tem subjacente o pressuposto de que quando a vida dos indivduos se torna mais urbanizada e a presena humana mais mecanizada, sobrevm-lhes um decrscimo do apetite pela presena humana ou pelos seus sinais, podendo mesmo inscrever-se em cenrios em que o desejo de paisagens vazias se intensifica com os ativismos da vida urbana. No caso, uma vida rural idilizada construda em torno de noes mais orientadas por cenas campestres, naturais, pequenas e tranquilas comunidades que ornam paisagens simpticas com pastores, casas de campo ou campos de cultivo.

No deixa de ser curioso que, a representao urbana quase inumana desta paisagem, to utpica quanto inocente da histria e do seu significado poltico constitua uma construo profundamente humana. neste contexto que ganha fora a ideia de que (p.15 pela p.8) entre os elementos que de forma mais significativa podem interferir (interferem) na avaliao dos autctones pelos neo-residentes encontram-se como apreciveis os efeitos do lugar. De uma forma geral o apreo pelos autctones tende a diminuir (aumentar) consoante se transita de uma residncia no campo (p.8.1) para uma residncia na aldeia (p.8.2) ou uma residncia na cidade (p.8.3).

A p.8 que relao com a p.11, (p.11 nem tanto, antes a p.12.) (17 bulcio do vero?)

Uma outra questo, dotada de alguma pertinncia, a de saber se h alguma relao na variao de apreo cultural por parte dos neo-residentes relativamente aos autctones (escala que vai do etnocentrismo cultural ao universalismo cultural. (P.15) em funo da sua actividade na regio p.25 e nvel de ensino (p.30)?

A destrina e avalizao das influncias respectivas da profisso e do nvel de ensino depara-se, quase sempre como um desafio de resoluo difcil. O recurso anlise multivariada parecer abrir um caminho para o seu equacionamento.

Como se pode averiguar pelos ndices de contingncia, tanto a profisso como o nvel de ensino exibem (no exibem) isoladamente ligaes bastante fortes com as opinies respeitantes aos portugueses.

No que respeita profisso, constata-se, numa primeira leitura, uma ligao direta (a ausncia de uma ligao direta) forte e significativa, com o ndice de apreo pelos portugueses. Registam-se, (no se registam) diferenas notveis entre os 3 grupos de actividade. Fissuras pronunciadas separam (no separam) os sem actividade + reformados, dos trabalhadores por conta de outrem e ambos da profisso empresarial (p.25)Depois da elucidao dos efeitos ao nvel do estatuto econmico, sexo e idade e, bem assim, os efeitos do lugar, resta ainda contemplar a nacionalidade como elemento tambm determinante (possivelmente), mas em menor grau, no apreo dos neo-residentes pelos autctones.

A este respeito verifica-se p.15 (inter-relacionamento), oscila em funo da p.8 (local residncia)?Do quadro interpretativo resultante desta viso do lugar, importa ressalvar todavia, que o mesmo no um espao constante em todas as situaes, apresentando um conjunto de subtilezas e significados to grandes quanto a variedade de experincias e intencionalidades humanas.

7.5. Modos de incorporao localProsseguindo nesta linha de investigao importa observar que a partilha de um local de residncia, ou o modo como cada grupo vive as suas experincias dirias, no se dissocia da relao identitria da pessoa com esse lugar, em particular se se tiver em conta as relaes de fronteira. Na verdade, segundo Relph is not just the identity of place that is important, but also the identity that a person or group has with that place, in particular whether they are experiencing it as an insider or as an outsider .

Neste contexto, faz sentido investigar, ainda que apenas se explore a dimenso sincrnica da experincia, as relaes dos neo-residentes com o seu local de residncia, deduzindo da a explorao do modo como ele partilhado entre autctones e estrangeiros. Para tanto, importa questionar o modo como estes consideram a sua adaptao ao modo de vida dos portugueses p.15r pela (p.12). E como quem classifica classifica-se, ao mesmo tempo que se posicionam face aos anfitries, os neo-residentes tomam eles prprios posio no campo da classificao social.7.5.1. Vetores apreciativos da vivncia local

A resposta a esta questo (p.15. x p.12), somada indicao dos aspectos facilitadores da adaptao (p.12.1), bem como os aspectos que a dificultam (p.12.2), por certo que poder configurar uma tendncia do que est a ser criado e do que est a ser destrudo no processo contemporneo de edificao do turismo residencial.

Por certo que, no decurso da sua vivncia, os traos do espao anfitrio foram confluindo em figuras resultantes dos mltiplos usos, dos recursos, interesses e estratgias operantes na luta quotidiana. Assim, faz sentido questionar quais os significados prevalecentes que o local mantm para cada grupo social. (p.10 e p.11) Quadro n - P10r. Quais so as 3 principais vantagens de viver no Algarve?

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidEstticas212,12,12,1

Ambientais47647,647,649,7

Hedonistas30830,830,880,5

Ldicas272,72,783,2

Utilitaristas343,43,486,6

Securitrias292,92,989,5

Escapistas292,92,992,4

Relacionais333,33,395,7

Culturais181,81,897,5

Proximidade familiar e tnica181,81,899,3

Outras1,1,199,4

NR5,5,599,9

33,001,1,1100,0

Total1000100,0100,0

Aqui possvel distinguir dois grandes eixos de atributos: os atributos de tipo ambiental prefigurados no clima (47,6 %), roando uma viso naturista da regio como local propcio a um modo de vida baseado no retorno natureza, no qual se reflecte um intimismo naturalista a que comparecem atributos como pas lindo e encantador, prximo da noo de autenticidade suscitada por MacCannell, como algo primitivo, natural, que ainda est intocado pela modernidade.. Aqui, ganha particular destaque a paisagem e os atractivos naturais, designadamente um clima quente e solarengo, os ares mais puros e a pouca poluio, numa conjuno que favorece uma vida social mais activa.

Um segundo eixo, bem expressivo, envolve atributos de natureza sociocultural, designadamente os de carter hedonista (30,8 %), no que esta categoria incorpora registos que se desvelam em estados de prazer, de sensualidade, de qualidade de vida, associados a uma vida mais informal, calma, ociosa e evasiva, relacionada com o estilo de vida portugus. Os demais elementos no parecem concorrer com os dois eixos referidos, na medida em que se seguemos utilitaristas com 3,4%, e as demais categorias: estticas, relacionais (tomadas pelas sociabilidades locais), ldicas, securitrias e escapistas dispersam-se, com valores pouco expressivos.Analisar os 2 principais itens de maior conforto, (p.10.r ambientais e p.10.r hedonistas), dependem como das: p.1 (nacionalidade), p.5 (tempo mdio residncia no Algarve), com a p.26 (idade), da p.27 (sexo), p.30 (grau de instruo), p.14 (competncia lngua), p.17 (uso da net), p.31. (rendimentos), p.8 (local residncia) e p. 25.1. (setor de atividade), p.18 mobilidade turstica, p.16 (associativismo), p.19 (significado das viagens) p.20 (o que d mais prazer quando viaja?)Colocada a questo de saber quais os aspetos facilitadores da adaptao p12.1Analisar os 2 principais itens facilitadores da adaptao, (p.12.1 ambientais e p.10.r hedonistas), dependem como das: p.1 (nacionalidade), p.5 (tempo mdio residncia no Algarve), com a p.26 (idade), da p.27 (sexo), p.30 (grau de instruo), p.14 (competncia lngua), p.17 (uso da net), p.31. (rendimentos), p.8 (local residncia) e p. 25.1. (setor de atividade), p.18 mobilidade turstica, p.16 (associativismo), p.19 (significado das viagens) p.20 (o que d mais prazer quando viaja?)

interessante observar como vivem de modo desvantajoso o que parece ser o contraste marcante entre a turbulncia, o caos do bulcio turstico e o que designam de falta de vida social no inverno. De algum modo, x% das proposies acusam uma certa ideia de desagregao dos suportes de um estilo de vida sempre desejado, uma propenso labilidade emocional, com a chegada do inverno. Um longo perodo que surge como que um espao vazio, onde ecoa o desejo de reencontro com os grandes smbolos perdidos do Algarve, normalmente atravs do retorno festa, vontade de celebrao da vida sob todas as suas modalidades sociais, enfim o regresso a formas de ritualizao turstica. sabido como componente essencial deste ethos cultural do turismo algarvio radica essencialmente na componente ldica, nos divertimentos correntes que so proporcionados e a que vo aderindo mais em funo do existente, do que em resultado de uma predisposio de partida, de uma programao antecipadamente integradora das componentes culturais ou educativas como parte integrante da experincia.

Dir-se-ia que a necessidade de participao dos indivduos em acontecimentos culturais se situa na ordem dos x %, repartindo-se entre concertos e outros espectculos musicais, cinema e animao nocturna.

Quadro 54 Necessidade participao acontecimentos culturais e nvel de instruo

Os indivduos que manifestam necessidade de participao em acontecimentos culturais so, sobretudo, os do ensino secundrio (x%) e superior (x%)?. Correlacionadas as necessidades de participao em acontecimentos culturais pelo vis dos rendimentos, verifica-se que elas se independentizam dos mesmos. Isto , essas necessidades tanto so requeridas por indivduos de mais baixos rendimentos (53% e 44%), quanto o so pelas restantes franjas da populao neo-residente que detm rendimentos mais elevados ( %).

Analisadas idnticas necessidades em funo das classes de idade, constata-se que aqueles que as manifestam mais so, sobretudo, os idosos em %, seguidos dos adolescentes % e dos adultos %? Importa no deduzir dos dados interpretaes lineares ou superficiais e menos reduzir a recepo da cultura na experincia do residencialismo turstico a manifestaes recolhidas ou confinadas a espaos possudos de valor cannico. Se certo que h um tipo de recepo que no se dissocia dos esteretipos socialmente forjados e legitimados pelo modelo turstico dominante, que na poca estival leva aos recintos pblicos das cidades do litoral os espectculos musicais prprios do lazer distrado de massas, com excepes pontuais para espectculos de msica erudita, noutros locais mais selectivos, tal no invalida, fugindo dicotomia alta cultura cultura popular, que a distraco no possa como alis Benjamin refere a propsito da experincia de registo cinematogrfico. A recepo na diverso, cada vez mais perceptvel em todos os domnios da arte, e que sintoma das mais profundas alteraes na apercepo, tem no cinema o seu verdadeiro instrumento de exerccio.

facto que o modelo de experincia tpico dessa culturadiverso tem remetido, na sua essncia, para um gozo prprio de um espao desorganizado como destino cultural, em que o trabalho dos agentes tursticos se tem bastado nas fases mais elementares da cultura, fazendo convergir as prticas na centralidade do consumo associado diverso e ao entretenimento como corte com o tdio da vida quotidiana, de tal forma que a utilidade da experincia parece residir precisamente na capacidade de nada dever fazer de til durante algum tempo.

Por outro lado, se isso pode suscitar a percepo de um vazio alienante dos dispositivos culturais em relao aos dispositivos sensoriais, por outro, esta ausncia de necessidade de participao em eventos culturais pode significar um desligamento dos indivduos relativamente a instituies estandardizadas que, no dizer de Elias,

canalizam com grande regularidade muitas exigncias de lazer das pessoas. Neste caso, em contraste com as instituies mimticas de lazer, as pessoas renem-se [...] s para desfrutarem a companhia uns dos outros, para terem prazer, isto , um nvel mais elevado de calor emocional, de integrao social e de estimulao atravs da presena de outros - uma estimulao divertida, sem obrigaes srias e os riscos inerentes a elas - do que aquele que possvel experimentar em qualquer outra esfera da vida.

Se o desaparecimento do vero traz de retorno a falta de vida social pensar que o bulcio turstico seria acalentador da ultrapassagem desse desnimo um engano.

Tampouco aceitam o fervilhar da vida turstica no vero, que reputam de caos. Com efeito, se para 18% dos indivduos os sentimentos prevalecentes so de satisfao, nada havendo a registar de desagradvel, a x % molesta-os a confuso gerada pela enchente de pessoas. como se resistissem a uma tal situao massificada, recusando vinculaes que os impedem de serem eles mesmos, reivindicando um espao prprio que os liberte dessa forte densidade, do cansao dos contactos episdicos e superficiais em que se convertem as relaes sociais tursticas. A minar o campo das repulses somam-se ainda a elevao do custo de vida (x%), a insegurana (x%), a falta de Infra-estruturas rodovirias, (x%), Servios de sade e de transportes deficitrios(x%),, Servios pblicos ineficientes e ineficazes (x%), sempre a deduzir a conscincia de uma cultura do outro sujeita, como est, a um sentido depreciativo trespassado por uma lgica de clara inrcia social. Nesta forma subtil de recusa desse caos oculta-se uma espcie de falta de identificao com os turistas. Essa confuso gerada pela enchente de pessoas

7.6. Modos de incorporao localNa sociedade portuguesa, como em qualquer sociedade recetora, importa questionar como se relacionam hspedes e hospedeiros. Que imagens partilham a seu respeito e a respeito dos outros. Em que medidas se produzem oscilaes e porqu? Dependendo das prticas e das representaes sociais desenvolvidas pelos neo-residentes acerca dos locais, melhor se compreender a sua dinmica, ou seja as lgicas sociais de crucial importncia para a compreenso do seu campo de luta quotidiana. Dir-se-ia, em sntese, que neste quadro interrelacional que melhor se apreende o campo da luta quotidiana e simblica de classificao social que atravessa e caracteriza este campo.Vale, assim, num primeiro momento, apreciar os traos mais ou menos ntidos envolvidos ou implicados com a incorporao dos indivduos na sociedade local. 7.6.1 Vetores apreciativos da adaptao local

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkQuadro N Distribuio dos elementos facilitadores da incorporao ao local

P12.1r. Indique 3 aspectos facilitadores dessa adaptao

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidAmizade com os autctones595,922,722,7

Hospitalidade dos locais484,818,541,2

Amizade intra-tnica101,03,845,0

Relaes familiares171,76,551,5

Ligaes amorosas inter-tnicas121,24,656,2

Filiaes associativas9,93,559,6

Bilinguismo prprio505,019,278,8

Bilinguismo dos autctones161,66,285,0

Culturais5,51,986,9

Cosmopolitismo local1,1,487,3

Laborais2,2,888,1

Ldicos8,83,191,2

Estilo de vida1,1,491,5

Gastronmicos7,72,794,2

Ambientais5,51,996,2

Utilitaristas6,62,398,5

NR4,41,5100,0

Total26026,0100,0

MissingSystem74074,0

Total1000100,0

7.6.2. Vectores depreciativos da inadaptao local p.12.1Num virar de pgina para a qualificao dos atributos que contituem barreira ou dificuldade sua incorporao, observam-se efeitos cruzados dos vetores depreciativos que se nutrem do espao fsico e de um quadro relacional sociocultural, com uma preponderncia demarcada deste ltimo.

Quadro N Distribuio dos elementos facilitadores da incorporao ao localP12.2r. Indique 3 aspectos que dificultam essa adaptao

FrequencyPercentValid PercentCumulative Percent

ValidBurocracia14314,314,314,3

Cultura portuguesa888,88,823,1

Lngua portuguesa45445,445,468,5

Escassez de eventos culturais111,11,169,6

Comportamentos dos portugueses282,82,872,4

Servios de sade e de transportes deficitrios272,72,775,1

Confinamento intra-tnico565,65,680,7

Nostalgia141,41,482,1

Falta de segurana171,71,783,8

Sem dificuldades919,19,192,9

NR717,17,1100,0

Total1000100,0100,0

No mbito dos atributos socioculturais ganha uma evidncia determinante a lngua, constituindo um obstculo de difcil transposio para 45,4% dos indivduos.

A burocracia, transversalmente disseminada como uma chaga pela organizao social, volta a ser mencionada como um quebra-cabeas para 14,3% dos indivduos, como se a sociedade portuguesa fosse dominada por um nico campo de referncia.

Tambm determinante, mas em menor grau, a cultura portuguesa constitui uma adversidade sria no que respeita incorporao na sociedade portuguesa, para (8,8%) dos indivduos. Fiquei aqui

No , de facto, exatamente a cultura, mas uma seleo especfica de valores culturais que est aqui em causa. Ela aponta para prticas que prefiguram indivduos pouco engenhosos, desorganizados, sem capacidades criativas. Mentes fechadas a prticas sociais mais benignas que neles se conhecem, como a prestao de servios e cuidados esto implcitas na prpria existncia de injustia. Como se alguma cultura pudesse ser totalmente negativa. A ideia de cultura como uma forma de expresso de condutas inaptas, prprias de um grupo tnico especfico. Aqui a cultura e as depreciaes culturais que a enformam aflorada na aceo de lngua comum, tradio, sistema educativo, valores partilhados que congregam o princpio de unidade social. Os indivduos so vistos como uma espcie de resduos do passado no presente, ou como diria Eagleton seres pitorescamente arcaicos que emergem como falhas temporais no contemporneo.

A separao da cultura das formas de comportamento no procura contrariar a afirmao de Sapir de que a cultura define-se em termos de comportamento, e o contedo da cultura feito dessas formas, das quais h inmeros exemplos.

Segue-se um elemento do foro mais interpessoal como o confinamento intra-tnico. Assim, no que respeita aos atributos negativos de natureza infra-estrutural, x% conferem um particular destaque falta de .. tambm sero possveis questes de natureza fisicalista? Ex: falta de respeito pela natureza, pelos animais etc

De ordem infra-estrutural falta de transportes, falta de equipamentos de sade.

De ordem relacional (sociabilidade) os portugueses no so hospitaleiros/nem todos os portugueses so hospitaleirosDe ordem instrumental subida do custo de vida, vida cara, burocracia, outrosDe ordem iconogrfica depreciao da imagem da paisagem a qualquer ttulo (construo densa, etc.)

De ordem cultural depreciao dos costumes dos portugueses, portugueses tem costumes

brbaros, so agressivos na conduo, no do o valor devido aos

animais, dificuldades de adaptao por diferena culturalDe ordem organizacional incompetncia e desorganizao.7.6. Relaes espacio-temporais a partir do territrio

7.9.1. Dinmicas de permanncia 7.9.2. Padres de mobilidade 7.9.3 Entre rotas e lugares

7.9.4. Lgicas de sentido das viagens 7.10. Neo-residencialismo e mercado de bens e servios

7.9. Formas e linguagens de apropriao tursticaDe uma forma ou de outra, o pressuposto de que a mobilidade geogrfica internacional constituiria um dos rasgos mais destacados na caracterizao da cultura turstica dos neo-residentes, conduziria ao imperativo de uma caracterizao centrada nas viagens.

Para o efeito, tentou-se indagar a intensidade anual das mesmas para outros pases, perscrutou-se alguns elementos caracterizadores dos padres de mobilidade dos indivduos, do significado das frias para os mesmos, o tipo de alojamento utilizado, bem como os pressupostos hedonistas em que elas tm lugar e a natureza das ocupaes a que os indivduos dedicam a maior parte do seu tempo livre (p.18, p.19, p.21, p.20).

7.9.1. Dinmicas de permannciaA mobilidade dos neo-residentes , talvez, das questes mais controversas desta anlise. Na verdade, pensar que este fenmeno pode percorrer todo o espectro da mobilidade um equvoco sobretudo se se permanecer sob a influncia da dimenso temporal conv