cap vi sistemas de producao em piscicultura
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6. Sistemas de produção em piscicultura;
A piscicultura é praticada em alguns modelos de produção de maior ou
menor grau de tecnologia. O desenvolvimento destes modelos fez com que
diversas instalações fossem desenvolvidas para piscicultura.
Podemos criar peixes em represas, em tanques de terra, em tanques de
alvenaria, tanques de plástico ou fibra, e até mesmo em aquários. Estas
estruturas podem, inclusive, estar dentro de estufas. Não podemos esquecer
dos tanques-rede, dos raceway e das instalações de recirculação de água.
Na maioria das pisciculturas, poderemos observar o uso de diferentes
instalações, conforme a especificidade de cada fase de cultivo.
É importante ressaltar que as instalações representam um investimento
elevado e que elas devem ser dimensionadas por um zootecnista, ou outro
profissional especializado em aqüicultura.
Na maioria dos casos de instalações dimensionadas por pessoas com
boa vontade, mas pouca experiência, o custo foi maior do que o necessário e
uma parte das instalações acabou por se mostrar inadequada.
Existem diversos modelos de cultivo de peixes, que são classificados de
acordo com a demanda de tecnologia requerida e agrupados em sistemas
extensivos, semi-intensivos, intensivos e super-intensivos.
Mas também, pode-se observar que alguns modelos possuem
peculiaridades em relação ao número de espécies criadas conjuntamente. A
associação da criação de peixes com outras culturas geralmente é implantada
para reduzir custos de alimentação, ou para aproveitar a eventual oferta de
efluentes da piscicultura. Um exemplo é a rizipiscicultura, que é o consórcio de
peixes com a cultura de arroz, ou a Aquapoinia, que é o consórcio de peixes
com hortaliças hidropônicas.
SISTEMA EXTENSIVO
O sistema extensivo possui como principais características a pouca
interferência humana no processo de produção. Neste sistema, os peixes são
estocados em baixa densidade e o alimento para estes é composto por
organismos autóctones (plâncton, bentos etc.) cuja riqueza está relacionada
intimamente à produtividade primária do corpo d’água.
Neste sistema, são utilizadas grandes áreas como represas e lagos
artificiais.
Em alguns casos, é feita uma periódica adubação da água para aumento
da produtividade primária e, ainda, fornece-se aos peixes subprodutos
agrícolas, quando há disponibilidade destes.
Quando a represa é recente, ou foi recentemente esvaziada, o
peixamento pode ser feito com alevinos. Mas no caso de represas que não são
totalmente esvaziadas, o peixamento terá de ser feito com juvenis de peso
acima de 50 g para minimizar a predação por traíras, que certamente estarão
presentes.
A espécie a ser adotada neste sistema deverá ser capaz de filtrar
plâncton e aproveitar ao máximo os alimentos naturais. A produtividade
esperada varia de 500 a 2.000 Kg de peixes, por hectare ao ano.
No caso do uso de peixes carnívoros, o cultivo extensivo é feito com uso
de uma espécie forrageira que deve ser prolífera e de fácil captura pela espécie
alvo, no caso o carnívoro.
No sistema extensivo, a qualidade da água, em geral, não é monitorada,
pois não se pretende realizar intervenções periódicas.
Em função desta simplicidade, o manejo é muito reduzido e o custo com
mão-de-obra acaba sendo muito baixo. No final, obtêmse peixes com baixo
custo de produção.
Alguns autores não consideram o cultivo extensivo como sendo parte da
aqüicultura e da piscicultura, e sim como sendo manejo de fauna.
SISTEMA SEMI-INTENSIVO
O sistema semi-intensivo caracteriza-se por uma certa intervenção do
produtor na correção de alguns parâmetros de qualidade da água e do uso de
ração para suplementar a alimentação natural, cuja produção é mantida
elevada com uso de adubações periódicas.
Este sistema é o mais adotado no Brasil para produção de peixes de
corte e mesmo de peixes ornamentais. Em geral, utilizam-se tanques
escavados cuja área é inferior a um hectare.
Os tanques são preparados para o peixamento com uma calagem e uma
adubação inicial. As adubações periódicas serão realizadas conforme a
necessidade.
A espécie a ser adotada deve ser capaz de capturar a ração e de filtrar
um pouco do plâncton, além de alimentar-se de bentos, como é o caso de
muitos peixes onívoros, como o tambaqui, a tilápia e a carpa.
A alimentação suplementar deve ser feita com rações com alta energia e
com proteína abaixo da exigência da espécie, uma vez que os alimentos
naturais são muito ricos em proteínas.
Neste sistema, a densidade pode ser muito variável e nos casos onde a
densidade final for acima de 800 g por m2, é preferível alimentar os peixes de
forma suplementar, com rações completas, ou seja, com rações feitas para
atender as exigências nutricionais da espécie, uma vez que o alimento natural
estará contribuindo com menos de 25% dos nutrientes necessários aos peixes.
O sistema semi-intensivo pode comportar densidades de 1 até 5 peixes
por metro quadrado, dependendo do tamanho de abate, significando que a
produtividade pode variar desde 4 até 15 toneladas por hectare ao ano.
Para que se possa alcançar produtividade mais elevada, é importante o
uso de aeradores, pois quando a biomassa é muito elevada e existe boa
produção de plâncton, o oxigênio da água pode chegar a valores muito
próximos de zero, durante o período noturno. Nestes momentos, o uso de tais
equipamentos é fundamental para evitar mortalidade.
Além de monitorar a concentração de oxigênio, é importante a
monitorização e correção do pH. A temperatura deve ser monitorada para
estabelecimento da quantidade de ração a ser fornecida, conforme vimos na
aula anterior.
SISTEMA INTENSIVO
O sistema intensivo é caracterizado por um maior controle sobre as
características da água de cultivo, e pelo fato de os peixes dependerem
exclusivamente da ração como fonte de nutrientes.
Neste sistema, os peixes são estocados em altas densidades, em alguns
casos com mais de 40 peixes em cada metro cúbico. Por isso, a taxa de
renovação da água é muito grande, caso contrário os peixes morreriam por
falta de oxigênio.
Em alguns modelos o volume total de água do tanque é renovado mais
de seis vezes em um dia. Esta renovação é contínua e pode ser feita com água
“nova” ou pela recirculação da água do tanque, desde que esta seja filtrada
para a retirada de impurezas e de substâncias tóxicas como a amônia, esses
sistemas são conhecidos como sistemas de Recirculação de Água.
A filtração é feita por processos mecânicos, que eliminam as partículas
sólidas, e por processo biológico, no qual a amônia é transformada em nitrato
(nitrificação).
Associados à renovação de água, pode-se utilizar injetores de oxigênio
ou de ar comprimido. Para facilitar a circulação da água e evitar cantos mortos,
os tanques são compridos e sextavados nas extremidades, ou
preferencialmente circulares.
As correntes formadas em decorrência da renovação da água,
destruiriam a parede dos tanques, caso estes fossem de terra escavada. Por
isso, neste sistema, os tanques são protegidos com manta vinílica ou feitos em
concreto ou de fibra de vidro.
A ração para peixes em sistema intensivo de produção deve atender a
todas as exigências nutricionais. A alimentação é realizada diversas vezes ao
dia e é comum a utilização de comedores automáticos.
A monitorização das características da água deve ser feita diversas
vezes ao dia, em alguns casos é feita automaticamente por aparelhos
conectados ao computador.
Em alguns modelos de sistema intensivo, o cultivo é “in door”, ou seja, é
feito em galpões ou estufas. Com isso existe a possibilidade de controle da
temperatura.
A produtividade deste sistema para peixes de corte é bastante elevada,
mas o custo de implantação e os custos operacionais também são.
Normalmente, não falamos em produção por hectare, pois a maioria dos
modelos são feitos em áreas relativamente pequenas, então, a produtividade é
dada em Kg / m3. A produtividade varia com o modelo, a densidade e a
espécie adotada, em geral temos observado resultados superiores a 40 Kg/m3.
Este sistema ainda não é muito adotado no Brasil, para produção de
peixes de corte, mas já existem diversos empreendimentos bem sucedidos. Ele
pode parecer muito complexo, mas o controle sobre a alimentação e a
qualidade da água permitem prever com antecedência a produção e reduz o
risco da atividade.
Os produtores de peixes ornamentais utilizam esta tecnologia, senão
para a totalidade da produção, para a reprodução e o cultivo inicial dos peixes
mais valorizados e sensíveis.
TANQUE-REDE
A produção de peixes em tanques-rede possibilita o aproveitamento dos
rios, dos grandes reservatórios, dos estuários, dos lagos naturais e dos açudes
espalhados por diversas propriedades rurais por todo o país.
O cultivo em tanques-rede é um sistema de produção intensiva no qual
os peixes são confinados sob altas densidades, dentro de estruturas que
permitem grande troca de água com o ambiente e onde os peixes recebem
ração nutricionalmente completa e balanceada.
Os tanques rede, ou gaiolas, devem ser colocados em locais onde existe
uma pequena correnteza, para promover a renovação da água, permitindo
cultivar os peixes em alta densidade. Estes tanques podem ter volume bastante
variado. Em geral, nos tanques de maior volume (10 a 20 m3), pode-se estocar
até 40 Kg de peixes por m3, enquanto nos tanques pequenos (1m3), a
capacidade de estocagem pode chegar a 120 Kg / m3.
Em função dessa densidade, o consumo de oxigênio e a produção de
amônia é muito elevada e por isso a renovação de água é fundamental. Mas é
importante que a água seja rica em oxigênio, o que não ocorre em lagos
eutrofizados.
Caso a profundidade seja pequena, as fezes se acumulam abaixo das
gaiolas e haverá produção de gases tóxicos, o que resultará em elevada
mortalidade.
A produção de uma grande biomassa de peixes por unidade de volume
(30 a 250 kg/m³) é possível devido à alta taxa de renovação da água dentro
das unidades, que supre a demanda de oxigênio dos peixes e remove os
dejetos e metabolitos produzidos. Além da qualidade do ambiente aquático
onde estão instalados os TR, o desempenho do cultivo depende da qualidade
dos insumos (alevinos e rações), das técnicas de manejo da produção e,
sobretudo, da dedicação e capacidade técnica e gerencial do produtor.
Tanque-Rede
RACEWAYS
Os raceways nada mais são do que tanques compridos em que a
renovação da água é contínua e permite o acúmulo de uma grande biomassa
de peixes.
Este sistema é semelhante ao adotado pelos truticultores brasileiros.
O raceway consiste em uma série de tanques de alvenaria ou concreto,
paralelos, e interligados, com largura entre 1,5 e 4,5 m, e comprimento variável,
permitindo a criação de peixes em altas densidades de estocagem em função
do elevado fluxo de abastecimento dos tanques. Ele promove a troca de
oxigênio e a remoção de amônia e de sobras de alimentos.
AQUAPONIA
Aquaponia é a produção de pescado associada à produção de vegetais,
principalmente verduras e legumes, ocorrendo uma verdadeira simbiose entre
as espécies.
Aquaponia é o sistema de produção de peixes integrado ao de vegetais
de forma que haja benefícios para ambos. O princípio é de que os peixes
criados com ração geram dejetos que são aproveitados pelas plantas
cultivadas em sistema hidropônico. O substrato das plantas funciona como filtro
biológico transformando a matéria orgânica em sais que são absorvidos pelos
vegetais, e então a água retorna ao viveiro de peixes com qualidade para o seu
reuso.
Ou seja, os peixes fornecem os nutrientes responsáveis pelo
desenvolvimento das plantas e as plantas purificam a água para retornar aos
peixes.
Este sistema enquadra-se perfeitamente aos preceitos da aquicultura
moderna, agregando sustentabilidade ao cultivo, que além de reduzir os
impactos ao meio ambiente agregar valor com o sub-produto e reduz custos de
produção.
http://www.fao.org/docrep/field/003/AB486P/AB486P08.htm
http://www.cbra.org.br/pages/publicacoes/rbra/download/RB065%20Crepaldi%20%20(sistemas
%20de%20producao)%20pag%2086-99.pdf
http://www.emater.mg.gov.br/doc/site/serevicoseprodutos/livraria/Psicultura/Cria%C3%A7%C3
%A3o%20de%20peixes.pdf
http://www.abrappesq.com.br/materia3.htm
http://www.abhorticultura.com.br/biblioteca/arquivos/Download/Biblioteca/cpfg2025c.pdf
http://www.youtube.com/watch?v=_dItFxepwWc