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C. Nivelamentos – Parte II
Dando prosseguimento aos estudos de nivelamentos, neste capítulo serão apresentados osconceitos relacionados ao Nivelamento Trigonométrico. Além disso, serão apresentados osequipamentos envolvidos e os cuidados necessários.
1. Equipamentos
Dentre os equipamentos necessários, os principais utilizados são: a Mira e o Teodolito.
1.1. Teodolito
Os teodolitos são equipamentos destinados à medição de ângulos, horizontais e verticais.Atualmente existem diversas marcas e modelos de teodolitos, os quais podem ser classificadospela finalidade como topográficos, geodésicos e astronômicos; quanto à forma construtiva como
óptico-mecânicos ou eletrônicos e, quanto à precisão, em baixa, média ou alta.A NBR 13133:1994 classifica os teodolitos segundo o desvio padrão de uma direção observadaem duas posições da luneta, conforme Tabela 1.
A precisão do equipamento deve ser consultada em seu manual.
Tabela 1 – Classificação dos Teodolitos
Classe de Teodolitos Desvio-padrão / Precisão angular
1 – Precisão Baixa ≤ ±30”
2 – Precisão Média ≤ ±07”
3 – Precisão Alta ≤ ±02”
Seu funcionamento e manejo são discutidos com maiores propriedades durante as aulas práticas.
Figura 1 – Exemplo de Teodolito Eletrônico Leica
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2. Nivelamento Trigonométrico
De acordo com a ABNT NBR 13133:1994, é o “nivelamento que realiza a medição da diferença
de nível entre pontos do terreno, indiretamente, a partir da determinação do ângulo vertical dadireção que os une e da distância entre estes, fundamentando-se na relação trigonométricaentre o ângulo e a distância medidos, levando em consideração a altura do centro do limbovertical do teodolito ao terreno e a altura sobre o terreno do sinal visado.”.
É amplamente aplicado nos levantamentos topográficos em função de sua simplicidade eagilidade. A representação de um levantamento pode ser vista através da Figura 2.
Figura 2 - Nivelamento Trigonométrico
2.1.
Determinação do Desnível para lances curtosConsidera-se lance curto, visadas de até 150m.
Para calcularmos o desnível entre os pontos A e B, tomemos por base a figura abaixo.
ℎ : Desnível entre A e B;
ℎ : Altura do instrumento;
ℎ : Altura lida;
: Distância inclinada;
ℎ : Distância horizontal;
: Distância vertical; : Ângulo zenital.
Assim, pode-se escrever que o desnível ℎ será:
+ ℎ = ℎ + ℎ ⇒ ℎ = ℎ − ℎ +
Calculando a distância vertical teremos:
() =ℎ
⇒ =ℎ
()= ℎ ∙ () ∴ = ℎ ∙ ()
Ou então, simplesmente:
= ∙ ()
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Substituindo as equações de na de ℎ obtém-se:
ℎ = ℎ – ℎ + ℎ ()
ouℎ = ℎ – ℎ + ()
ATENÇÃO!
Os valores de (Distância inclinada) e de ℎ (Distância horizontal) são coletados em campode forma indireta. Na seção 2.2 é mostrado como as obtemos.
2.2. Determinação das distâncias (Taqueometria ou Estadimetria)
As observações de campo são realizadas com o auxílio de teodolitos.Com o teodolito realiza-se a medição do ângulo vertical ou do ângulo zenital, o qual, em conjuntocom as leituras efetuadas, será utilizado no cálculo da distância.
LEMBRETE!
Uma distância é medida de maneira indireta, quando no campo são observadas outrasgrandezas (no nosso caso ângulos) e através delas podemos calcular a distância desejada.
Sendo assim, são necessários alguns cálculos sobre as medidas efetuadas em campo, para seobter indiretamente o valor da distância. Esse procedimento é chamado de Taqueometria ouEstadimetria.
Estádias, ou miras estadimétricas são as réguas graduadas centimetricamente queconhecemos simplesmente por Miras. Na estádia são efetuadas as leituras dos fiosestadimétricos (superior, inferior e médio). Por sua vez, os fios estadimétricos são asmarcações encontradas no retículo do teodolito.
Figura 3 – Exemplo de Estádia (ou Mira) e dos fios estadimétricos
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2.2.1. Visada Horizontal
Com os fios estadimétricos da luneta é possível efetuar leituras sobre uma mira graduada e
relacioná-las com os valores constantes do instrumento. Mediante as considerações geométricasdetermina-se com facilidade a distância horizontal aparelho-mira.
Na Figura 4, Ln é a luneta; é a distância entre os planos dos fios do retículo [Os fios do retículoe os fios estadimétricos estão todos num mesmo plano] e o foco da objetiva; é a distânciavertical entre os fios estadimétricos; é a distância aparelho-mira; = é o número
gerador obtido através da diferença de leituras sobre a mira dos fios superior e inferior .
Figura 4 - Determinação da distância com visadas horizontal
Da semelhança entre os triângulos e , extrai-se a seguinte relação:
ℎ
=
Conforme dito acima,
= − =
=
Substituindo na primeira equação, pode-se escrever:
ℎ
=
⇒ ℎ =
∙
Os valores e são invariáveis, isto é, são constantes para cada instrumento. A relação
= ,
é a constante estadimétrica do instrumento. Para facilidade de operação os fabricantescostumam fazer = 100. Assim, a determinação da distância depende única eexclusivamente do número gerador que, como já se sabe, é obtido pela diferença de leiturassobre a mira, dos fios estadimétricos superior e inferior.
Com isso, a equação anterior reveste-se da seguinte forma:ℎ = ∙
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ATENÇÃO!
A fórmula = ∙ é válida SOMENTE para medidas efetuadas com NÍVEIS ou teodolitoscom a luneta a 90°! (Visadas HORIZONTAIS)
2.2.1.1. Visada Inclinada
Na dedução da fórmula para o cálculo da distância utilizando uma visada inclinada, tome porbase a figura a seguir.
Figura 5 - Determinação da distância com visadas inclinadas
Adotaremos as seguintes convenções:
Ângulo Zenital: ;
Ângulo Vertical: ;
Distância Horizontal: ℎ;
Distância Inclinada: ;
Número Gerador da Mira Real: ( = − );
Número Gerador da Mira Fictícia: ′ (′ = ′ − ′).
Sabemos que o seno de um ângulo é dado por:
=
ℎ
Da Figura 5 obtém-se:
=’2
2
=′
⇒ ’ = ∙
=ℎ
⇒ ℎ = ∙
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Sabendo-se que para obter a distância utiliza-se a fórmula:
= ’ ∙ ⇒ = ∙ ∙ Onde é a constante estadimétrica do instrumento, definida pelo fabricante e geralmente iguala 100.
Substituindo em ℎ temos
ℎ = ∙ ∙ ∙ ⇒ ℎ = ∙ ∙ Seguindo o mesmo raciocínio para o ângulo vertical, chega-se a:
ℎ = ∙ ∙ Exercícios
1) Supondo-se que a cota de um ponto = 12,72 e a de um ponto = 33,92. Estandoo instrumento instalado em ; ℎ = 1,47, = 1,780 e = 88,15. Calculeo valor do ângulo zenital.
2) Com os elementos dados na planilha abaixo, calcule as distâncias horizontais, diferenças denível e cotas dos pontos. A cota do ponto A=50,000m e PH=1,75m.
EST PV Z FS FM FI (FS-FI) DH Δh COTA
A
1 97°47’ 2,390 1,745 1,100
2 101°25’ 2,480 1,740 1,000
3 81°27’ 2,530 1,615 0,700
4 84°23’ 2,610 1,805 1,000
3) Com os elementos dados na planilha abaixo, calcule as distâncias horizontais, diferenças denível e cotas dos pontos. A cota do ponto 00=50,000m e hi00=1,57m; hi01=1,48m;hi02=1,55m; hi03=1,60m.
EST PV Z FS FM FI (FS-FI) DH h Cota00 01 91°22'32" 2014 1757 150000 d00 76°28'51" 2180 1940 1700
01 02 95°06'44" 2670 1935 120002 03 79°43'00" 2430 1815 120003 d02 88°35'12" 2390 2295 2200
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3. Erro Altimétrico
Em se tratando de uma poligonal fechada, a soma algébrica das diferenças de nível parciais deve
ser nula. Ou seja, ao se fechar a poligonal, a cota ou altitude calculada para o ponto de partidadeve ser igual à cota a ele atribuída no início das operações de campo.
Assim, o Erro altimétrico () é dado por:
= ∑∆h −
Onde: : Desnível entre o ponto de partida e o de chegada. Para poligonais fechadas,é igual à zero.
∑ ∆h: Somatório das diferenças de nível parciais.
3.1. Avaliação do Erro Altimétrico
A tolerância altimétrica () é definida por:
= ± 2 ∙ ∙ √
Onde: : Erro médio admissível por quilômetro.
: Número de quilômetros nivelados (perímetro da poligonal).
O limite de tolerância varia de acordo com a precisão exigida pelas firmas que contratam ostrabalhos topográficos, ficando assim, devidamente especificados, em normas ou cadastros por
elas expedidos.
EXEMPLO
Se for adotado o limite de 5,0 / para o erro, calcule o erro máximo permitido em 16,0 nivelados.
= 2 ∙ 5
16,0 = 10
∙ 4 = 40 . Portanto, se o erro encontrado for maior do que o valor estipulado pelo limite de tolerância, ésinal de que houve qualquer descuido no trabalho e, nestas condições, o nivelamento deverá ser
realizado novamente.
3.2. Distribuição do Erro Altimétrico
O erro altimétrico deve ser distribuído para todos os alinhamentos da poligonal cadastrada,sendo assim temos:
=−
Onde: : Número total de pontos da poligonal
: Erro altimétrico
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CURIOSIDADE A NBR 13133:1994 define quatro classes de nivelamento de linhas ou circuitos e seções.
Classe IN - Nivelamento geométrico para implantação de referências de nível (RN) deapoio altimétrico;
Classe IIN - Nivelamento geométrico para determinação de altitudes ou cotas em pontosde segurança (PS) e vértices de poligonais para levantamentos topográficos destinados aprojetos básicos, executivos, como executado ( ), e obras de engenharia;
Classe IIIN - Nivelamento trigonométrico para determinação de altitudes ou cotas empoligonais de levantamento, levantamento de perfis para estudos preliminares e/ou de
viabilidade em projetos; Classe IVN - Nivelamento taqueométrico destinado a levantamento de perfis para estudos
expeditos.
Para estas classes, a norma define:
Classe Método LinhaExtensãoMáxima
LanceMáximo
LanceMínimo
N°. Máx.de
Lances
Tolerânciasfechamento
IN (1) - 10 km 80 m 15 m - 12 ∙ √
IIN (2) - 10 km 80 m 15 m - 20 ∙ √
IIIN (3) Principal 10 km 500 m 40 m 40 0,15 ∙ √ Secundária 5 km 300 m 30 m 20 0,20 ∙ √
IVN (4)Principal 5 km 150 m 30 m 40 0,30 ∙ √
Secundária 2 km 150 m 30 m 20 0,40 ∙ √ (1) Nivelamento geométrico a ser executado com nível classe 3, utilizando miras dobráveis, centimétricas, devidamente aferidas, providas deprumo esférico, leitura a ré e vante dos três fios, visadas equidistantes com diferença máxima de 10 m, ida e volta em horários distintos ecom Ponto de Segurança (PS) a cada km, no máximo.(2) Nivelamento geométrico a ser executado com nível classe 2, utilizando miras dobráveis, centimétricas, devidamente aferidas, providas deprumo esférico, leitura do fio médio, ida e volta ou circuito fechado, com Ponto de Segurança (PS) a cada dois km, no máximo.(3) Nivelamento trigonométrico a ser realizado através de medidas de distâncias executadas com medidor eletrônico de distância (MED) classe1, leituras recíprocas (vante e ré) em uma única série, ou medidas de distâncias executadas à trena de aço devidamente aferida, com controleestadimétrico de erro grosseiro, leituras do ângulo vertical conjugadas, direta e inversa, em uma série direta e inversa, com teodolito classe2 ou estação total classe 2.
(4) Nivelamento taqueométrico a ser realizado através de leitura dos três fios sobre miras centimétricas, devidamente aferidas, providas deprumo esférico, leitura vante e ré, leitura do ângulo vertical simples, com correção de PZ (ponto zenital) ou de índice obtida no início e no fimda jornada de trabalho, por leituras conjugadas, direta e inversa, com teodolito classe 1.
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Exercícios
4) Com uma estação total montada numa estação de cota 200,00m, visou-se um ponto P,
registrando as seguintes leituras:
Ângulo Zenital = 82,0503°
Distância Inclinada = 123,16
Altura do Aparelho ℎ = 1,45
Altura da Visada ℎ = 1,775
a. Calcule a distância horizontal ao ponto P e a respectiva cota
b. Da mesma estação, substituímos a estação total por um teodolito e, utilizando os fiosestadimétricos, visou-se uma mira colocada no ponto Q, tendo-se obtido os seguintesvalores:
= 1136 = 2864 = 92,8467°
Calcule a cota do ponto Q.
c. Explique, sem realizar cálculos, como é que poderia concluir que a cota de P é a superiorà de Q.
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5) Você foi contratado para determinar o desnível entre dois pontos de um lote situadopróximo a um marco geodésico. A altitude desse marco é Z=925,36m. Qual será o desnível
entre os pontos, sabendo que os dados obtidos em campo com o aparelho situado no marcoZ foram:
Ponto 01: Ponto 02:
Ângulo vertical com o Zênite = 90°35’38” Ângulo vertical com o Zênite = 78°46’45” Distância horizontal Z-01 = 285,56m Distância inclinada Z-02 = 161,43mAltura do aparelho = 1,68m Altura do aparelho = 1,68mAltura do prisma = 1,55m Altura do prisma = 1,55m
6) Na figura abaixo podemos observar os desníveis entre os vértices do polígono. Conhecendoesses desníveis, calcule a cota de cada vértice (colocar os valores na tabela) e calcule o
desnível entre os pontos 4 e 5 (h4-5).
Obs.: Fique atento no sentido do desnível.
Vértice Cota (metros)1 756,128
2
3
4
5
6
h4-5.=____________
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7) Com os elementos dados na planilha abaixo, verifique o erro altimétrico, distribua o erro ecalcule as novas cotas sabendo que a cota do MP = 100,000m.
EST PV h Correção hcorrigido Cota (metros)MP 01 0,16201 02 0,66401 D20 1,25301 D25 0,23602 03 0,55603 04 -1,11904 05 -0,30205 06 -0,52206 MP 0,492