cap 2 – a análise institucional de georges lapassade

Upload: arlan-pinto

Post on 14-Jan-2016

406 views

Category:

Documents


22 download

DESCRIPTION

Análise Institucional de Georges Lapassade

TRANSCRIPT

RESUMO PSICOLOGIA INSTITUCIONAL, CAP. 2 A ANLISE INSTITUCIONAL DE GEORGES LAPASSADEO termo Psicologia Institucional o nome utilizado por Jos Bleger para falar da atuao do psiclogo nas instituies. Outro termo utilizado para falar da pratica do psiclogo nesse mesmo contexto a Anlise Institucional, assim denominada por Georges Lapassade; porm, trata-se de um discurso diferente de J. Bleger, assim como sua proposta de ao. Com uma abordagem predominantemente sociolgica e poltica ao trabalho institucional, o autor situa sua teoria sobre as instituies, os grupos e as organizaes, buscando retomar as outras teorias a respeito e critica-las. O ponto de partida para a crtica a condio que estas teorias apresentam para que se questione o institudo, constituinte da vida dos grupos no cotidiano. Com base nisto, Lapassade formula a proposta de interveno por meio da autogesto. A configura o campo poltico da Analise Institucional. Mais ainda: em meio a todo esse movimento do pensamento e da ao, questiona o que ele mesmo prope, at no mais permitir que esta Anlise Institucional se sustente como proposta terica e de atuao. Isso se d da seguinte forma: a realidade social considerada, pela Anlise Institucional, como acontecendo em trs nveis o do grupo, o da organizao e o da instituio onde toda relao social se faz, sempre, nos grupos. Estes por sua vez, podem vir a configurar organizaes e so ambos, sobredeterminados pelas instituies. Isto redefiniu o conceito de instituio, bem como identificou o que instituio e o que institudo. Instituio, nesta abordagem, o conjunto do que est institudo e, como jurisdio e poltica, pauta toda e qualquer relao. Lapassade atribui ao termo instituio um sentido especifico e o distingue de organizao, que seria uma forma singular de instituio. Distingue tambm os termos institudo e instituinte, em que o primeiro o que j est estabelecido; o carter de fixidez e cristalizao das formas de relao. E o segundo significa o movimento de criao; a capacidade de inventar novas formas de relao. O instituinte tambm um movimento da instituio; ele que garante, em ultima instancia, a possibilidade de mudana. Lapassade afirma que a instituio no um nvel ou uma manifestao de formao social, mas a mesma maneira como a realidade social se organiza, sobredeterminada como est pela mediao do Estado. Alm disso, quando se admitem os movimentos do institudo e do instituinte, o conceito de instituio se transforma e passa a ser um importante instrumento de analise das contradies sociais. Esse esforo de eliminao de certas ambiguidades do conceito a preocupao central deste autor; isto para que se possam usar, com algum rigor, palavras e termos que permitem definir com maior clareza o que o objeto de interveno na Analise Institucional. Porm, antes de compreender o que este mtodo de analise, convm entender outros conceitos presentes na formulao lapassadiana do Sistema Social, como: ideologia, Estado e burocracia. Lapassade considera o Estado instituio primeira, aquela que legitima toda e qualquer outra instituio. Em sua condio de instrumento privilegiado das classes dominantes a lei, e por ela, a represso. esse mecanismo coletivo de represso, determinante do desconhecimento social, que a ideologia: um desconhecimento do sentido estrutural de seus atos, do que determina suas opes, suas preferncias, rejeies, opinies e aspiraes, pela ao do Estado, atravs das mediaes institucionais que penetram em toda a sociedade. A concepo de burocracia que anima essa proposta. Em poucas palavras, a novidade que esse autor nos apresenta a de que burocracia , em princpio, uma questo de poder. Uma questo de diviso no poder, entre grupos de deciso e grupos de execuo do fazer institucional, sendo que os primeiros decidem no apenas o que, mas tambm, o como fazer. A normatizao e a comunicao vm de cima para baixo, e no h previso de canais legais ou legtimos para que essa relao se inverta. A regra de ouro a obedincia e a organizao acaba sendo um fim em si mesma. Indivduos e grupos acabam se munindo de um radar que possa sondar as necessidades e interesses que no os prprios. a heteronomia de grupos e sujeitos, que corre em sentido oposto ao da autonomia. Sobretudo com essa concepo de burocracia, Lapassade faz um mapeamento das relaes institucionais, trazendo para elas a organizao da separao, pelo poder de deciso, e a produo de sujeitos sem autonomia, alienados e alienadores da palavra social. As relaes de poder e a ideologia tm, assim, seu contexto constituinte.REFERNCIA:

GUIRADO, Marlene. Psicologia Institucional. 2. ed. rev. e ampl. So Paulo: EPU, 2004.