caos e ordem na teoria sociológica

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    chocam ainda de forma no-harmnica (...)" (Durkheim, 1988:480). E em outro contexto: "A Anomia um mal porque a sociedade sofre por sua causa. A sociedade no pode viver sem conexo e regras."(Durkheim, 1988:45). Durkheim, entendendo a anomia como um estado patolgico, no chega a

    passar para uma teoria sociolgica rudimentar do caos. Interessa-se pela regra, e no pela exceo.

    Ordem e caos

    Os conceitos de ordem e caos, tanto quanto o conceito de racionalidade, no tm uma

    significao normativa. A ordem no de per si positiva e o caos no de per si negativo. Parece atque entre os dois existe uma mtua dependncia. Klaus Schulten, em seu trabalho: "Ordem do caos,razo por acaso" (Schulten, 1987), analisou a questo de como o crebro humano usa, para odirecionamento do comportamento racional, o papel construtivo do acaso. A biologia molecular, j h

    bastante tempo, usa o conceito do caos de forma heuristicamente rica (Eigen e Schuster 1978).Assim, mostraram como seres vivos geram sistematicamente o acaso e investigaram, dessa forma, omeio deles. O vo da mosca (mosca domstica) no tem direo bem definida, mas constitui umconjunto de movimentos no-ordenados, que admite que o acaso tenha um papel decisivo nadeterminao da trajetria. O movimento do vo acidental est sendo criado no sistema nervoso motordo inseto. Podemos ento dizer que ele cria permanentemente ordem no caos, na medida em que ele

    no se perde no espao e alcana seus objetivos biologicamente definidos de alimentao ereproduo.

    O caos pode ser precisado no espao no-estruturado. Isso possvel porque o espao mesmono um lugar, mas a possibilidade de todos os lugares. O caos diferencia-se do nada, pois no temcomo anticonceito do ser, a existncia. O caos um estado especfico do ser, no em uma formaobjetivada, mas dinmica, abrindo-se a todas as possibilidades. A ordem, ao contrrio, define lugarese mostra alternativas claras para as mudanas de posio. Na forma esttica, a contradio entreordem e caos dissolvida em favor da ordem. A composio musical transforma o rumor do universona batucada do samba ou na sinfonia clssica. A grande arte, para o gosto europeu, a que deixa

    pressentir o caos sob a superfcie estruturada. Mesmo a esttica do feio no foge ordem, pois elacontinua sendo determinada pela oposio ao belo. Assim, no catica, mas altamente ordenada.

    Bifurcaes

    Prigogine integrou na fsica e na qumica uma dimenso "histrica" a partir da sua teoria dasestruturas dissipativas. Estruturas dissipativas so aquelas longe do equilbrio. Em algumas fases oselementos do sistema comportam-se de maneira determinista e em outras fases - perto das chamadas

    bifurcaes(8) - no-determinista. Ao analisarmos as reaes anteriores podemos entender como umsistema chega bifurcao. As bifurcaes so pontos de deciso nos quais surgem estruturas novasque se comportam, durante um. tempo no previsvel, novamente de maneira determinista (Prigogine,

    1978). Rupturas sociais que podem ser assistidas atualmente na Europa central e oriental so, semdvida, bifurcaes que redirecionaram as relaes polticas e econmicas. O entendimento dessesacontecimentos torna-se dependente de novas maneiras de interpretao e de teorias adequadas. Ateoria tem portanto que se adaptar realidade para no perder a relevncia. Isso significa tambm anecessidade do desenvolvimento de um entendimento do novo determinismo que delimite os

    prximos acontecimentos, aps a passagem da bifurcao, de forma relativa e temporalmentelimitada. Uma teoria sociolgica do caos seria mal entendida se ela fosse interpretada como teoria daarbitrariedade geral, da falta absoluta de regras. Exatamente a inter-relao e as contradies entreordem e caos caracterizam os sistemas vivos um entendimento desse dinamismo depende de umaaproximao, num mesmo momento, da ordem e do caos.

    No-linearidade(9)

    A sociedade um sistema dinmico que, como sistema crescente, um sistemainterreferencial.(10) Sistemas dinmicos inter-referenciais podem perder as estruturas ordenadas e

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    criar um comportamento catico. A dinmica do crescimento, que caracterizada pelo capitalismoindustrial, gera caos nos nveis mais diferentes. Agitada pela "valorizao do valor", queespontaneamente tende ao mximo, ela aumenta a desordem no mundo material e social. Ocrescimento da populao nas regies caotizadas promete, fortalecido pelo efeito da interferncia,criar nelas ainda mais caos, e integrar, alm disso, as "metrpoles" nas migraes caticas. Por outrolado, os centros hiper-racionais tentam a criao, a sua semelhana, de estruturas scio-econmicasnas regies semi-racionais. Prognsticos sobre o resultado desses processos so quase impossveis,mas existem sinais que mostram que a globalizao do modelo fordista e ocidental se confrontar com

    maiores dificuldades e se tornar de aplicao pouco provvel. A guerra no Golfo Prsico foi umatentativa clssica de introduo da ordem ocidental no Oriente Mdio, semi-racionalizado. A teoriasociolgica do caos interpreta esse conflito como interferncia de pelo menos duas ordens diferentesque, no processo de superposio, criam turbulncias. Isso torna a previso do resultado final doconflito impossvel e deixa crer que a implantao da ordem ocidental ser bastante improvvel. Almdisso, evidente que o bombardeamento e a queima das fontes de petrleo significa um grande passona direo da aplicao da lei da entropia.(11) Assim, aumenta-se tambm no mundo material adesordem: o caos.

    A interpretao de sistemas sociais como sistemas dinmicos parte da convico de que as

    sociedades, encontrando-se em tempos diferentes apesar de estados idnticos, podem mostrar grausmodificados de estabilidade. De repente, o sistema auto-semelhante pode ruir porque se deslocou deum estado estvel para um instvel. No estado instvel, impulsos fracos podem provocar efeitos deinterferncia que desestruturam o sistema. Pouco se tem pesquisado sobre como os sistemas sedeslocam do estado estvel para o estado instvel. A surpresa geral que provocou o colapso dosocialismo real na Alemanha oriental, e as dificuldades que os cientistas sociais tinham e tm com ainterpretao da reestruturao na Alemanha Federal, mostram que a sociologia no dispe de umateoria das mudanas sociais no-lineares.

    Reduo de complexidade

    A comunicao com os outros, tanto quanto a comunicao consigo mesmo, depende dacodificao. Codificao a cifra das impresses que os fenmenos externos provocam no indivduoobservante, no grupo, ou em formaes sociais mais complexas. Toda percepo, bem como suaavaliao, depende tambm da codificao. esta que torna o meio pensvel e comunicvel.Fenmenos no-codificados, fora do sistema comunicativo, no podem ser percebidos de modo quefaa sentido. Dependendo da inteligncia do sistema e de sua capacidade de adaptar-se aos cdigosdesconhecidos, as informaes no-codificadas ou codificveis podero ser as mesmas, percebidascomo parasitas ou como "rumores".

    A codificao de informaes dentro de processos comunicativos ou reflexivos depende da

    regra especfica da codificao. Uma das mais comuns a binria, que pode ser chamada regra deduplicao polar. O fenmeno (A) duplica-se assim em (A), mas isso de forma exatamente oposta. Ooposto exato de (A) no (B) ou (C), mas o no(A). O oposto do ser no um outro ser mas o nada.Seguindo o cdigo binrio duplica-se a existncia na no-existncia, o impulso na falta de umimpulso. Este ltimo princpio, utilizado com sucesso pelo computador, permite a impressionantevelocidade com que trabalha, respondendo, conforme uma programao especfica, sim ou no.

    A codificao binria exclui um terceiro elemento. Ela se libera da insegurana que caracterizaconstelaes trplices. A complexidade catica de relaes trplices foi analisada no nvel da teoriasocial de Sartre (1967), e vem sendo tematizada, na teoria fsica do caos, como problema dos trs

    corpos. O cdigo binrio traz como vantagem a reduo das informaes complexas a um graumnimo de complexidade, possibilita a criao de regras claras de reflexo e elimina, dentro dacomunicao codificada, qualquer dvida. Se algum no agiu certo, agiu errado. O que no est atrsest na frente. O que da esquerda no da direita. O mundo complexo divide-se assim em Leste e'Oeste ou em Norte e Sul, em livre e no-livre, em pobre e rico. O que para uns a burguesia e o

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    proletariado, para outros homem e mulher. Quem foge de tudo isso tem pelo menos uma certeza:uma teoria racional ou irracional. A reflexo, em opostos desse tipo, trabalha com o cdigo binrio

    para ordenar os sinais caticos que assaltam o perceptor ou o sistema comunicativo. O esquemabinrio dissolve em tempo mnimo, o mximo de fenmenos complexos em duplicaes polares.Alm disso ele , como regra de comunicao, fcil de entender, fortalecendo, por causa da suaestrutura simples, a capacidade de agir e de decidir. E nisto que se baseia o seu sucesso, se medirmosesse sucesso com o critrio da eliminao. Ele tambm responsvel pela prpria incapacidade deentender fenmenos e sistemas que no tenham uma estrutura binria.

    Aqum de dois

    Ultrapassar o cdigo binrio parece to difcil como no alcanar o seu grau de diferenciao.O pensamento racional do tipo ocidental parece sofrer paralisao, ou tornar-se impossvel abaixo da

    polarizao. A reflexo necessita do outro para desdobrar-se num movimento permanente deidentificao e distino. O pensamento em Um (Denken in Eins) existe sim, porm no como

    pensamento analtico, mas como filosofia da contemplao interior (Sichversenkens) e identificao(Einswerdens). A dissoluo do Ego no nirvana e a busca para alcanar o estado espiritual deidentidade universal constituem exemplos de tentativas de pensar abaixo da dualidade (Zweilzeit)se

    que podemos ainda chamar a atividade no-racional do esprito humano de "pensar", no sentidoeuropeu da palavra. Nietzsche tem uma posio produtiva, todavia marginal, dentro da filosofiaalem, certamente por causa do jogo que faz com figuras no-racionais do pensamento. Sua colocaono Zaratustra de que se precisa de caos dentro de si para poder parir uma estrela danante (Nietzsche,1923:19) nasce da maneira de pensar, que tira a sua fora da revalorizao (Umwertung) dos padrestradicionais e se ope codificao binria que reduz o sentido e a complexidade. A ao no podeser orientada pelas filosofias de identidade. O futuro no existe mais a ao presente perde adimenso do tempo. Tudo o que era, volta sempre novamente. Filosofias do progresso como a deHegel ou Marx, que necessitam ser impelidas de uma coisa para alcanar a outra e respectivamente amelhor, no podem progredir dessa maneira. Elementos da filosofia de identidade entraram na

    filosofia europia sem entretanto ganhar a disputa com as cincias analticas.Alm de dois

    To difcil como o pensamento aqum o pensamento alm de Dois. A imaginao humana

    pode, em tenros aproximados e dependendo da capacidade individual, imaginar de doze pontosdiferentes. No entanto, j na imaginao de doze pontos diferentes formamos espontaneamente

    padres para apoiar nossa capacidade de imaginar. Semelhante ordem dos pontos de um dado,formamos subgrupos de pontos e preferimos, normalmente, o subgrupo de dois ou trs, que podemosimaginar sem maiores esforos. Doze pontos viram assim quatro subgrupos com trs pontos. Aimaginao de um nmero de pontos que ultrapasse o nmero de dedos das nossas mos trabalha com

    uma forma rudimentar de multiplicao. As ligaes entre doze elementos correspondem frmula(N2-N) 2 = 66. Se j temos dificuldades com a imaginao de doze elementos estticos, as possveisinterligaes entre eles ultrapassariam a nossa capacidade imaginativa. Somos portanto dependentesde ajuda, como a frmula usada, ou ento criamos outras formas de abstrao.

    Na teologia crist, por exemplo, um dos dogmas mais complexos o dogma da trindade. Opai, o filho e o esprito santo so trs entidades separadas numa forma clara e distinta. O monotesmo,que parte da convico da existncia de um s Deus, une pai, filho e esprito num Deus nico. Ocdigo binrio a est sendo duas vezes ultrapassado: uma vez na imaginao da unidade, e outra vezna imaginao da trindade. A provocao intelectual do dogma da trindade tem sua base no desvio da

    estruturao binria. Comentrio parte: a crena popular tende a simplificar a imaginao datrindade "esquecendo" o esprito santo.

    A histria do pensamento ocidental a histria da luta pelo entendimento de estruturascomplexas. As perspectivas religiosas entram parcialmente nas cincias exatas ou ambas tocam-se nos

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    nveis mais abstratos. Um exemplo o conceito do infinito da matemtica, no qual se refletemaspectos do conceito cristo de Deus. Na medida em que a filosofia se liberou da teologia, tentoudesenvolver um conceito adequado do profano. Na cincia moderna da natureza triunfou o cdigo

    binrio. Entretanto, podemos constatar tambm desenvolvimentos tericos que o ultrapassam,tornando-se, em conseqncia, mais difceis de serem entendidos.

    Dialtica

    As filosofias dialticas fazem, desde a antiguidade grega, a tentativa de "contar at trs". Nodiscurso filosfico ope-se a tese anttese. Os dois sofrem no processo discursivo uma deformao

    produtiva que resulta numa sntese da tese e da anttese. Hegel fez da dialtica um mtodo universalde pensar. Partiu da convico de que cada posio se define na sua oposio, uma perspectiva quenos conhecida na codificao binria. Contudo, Hegel a ultrapassa quando pensa que todas ascontradies esto integradas em um ser abrangente que as conserva e as transforma. A identidadeentre conservao e transformao (Aufhebung) significa a eliminao da contradio, mantendo osdois momentos num processo de elevao para um grau mais alto do desenvolvimento dialtico(Hegel, 1955).

    Karl Marx pensou poder verificar a dinmica da polarizao e sintetizao na histria real.Toda histria seria, segundo ele, a histria das lutas de classes, nas quais se confrontam sempre duasclasses principais que se diferenciam no que diz respeito ao controle sobre os meios de produo.Uma classe seria a que dispe dos meios de produo, e a outra, a que produz os valores econmicos.A fora produtiva do trabalho desenvolve-se e destri as relaes tradicionais de classe, gerandonovas. A polarizao leva ruptura com o modo de produo que estruturou a poca, mas noconsegue manobrar a sociedade no caos no-estruturado, pois a empurra na direo de uma forma deorganizao mais adequada aos meios de produo. A ordem burguesa foi para Marx a sintetizao detodas as contradies sociais e econmicas antecedentes, uma sintetizao alm da harmonizao e daeliminao das contradies:Aufhebung, no sentido de Hegel. Atrs da ordem burguesa escondia-se a

    crise da acumulao capitalista que no tinha, numa perspectiva histrica, capacidade de impedir aformao de uma nova ordem scio-econmica. A ao poltica do trabalho vivo deveria preparar ocaminho para uma outra sintetizao, considerada melhor pelo critrio da emancipao.

    A dialtica hegeliana e marxista, uma vez na forma ideal e outra na forma material, por umlado dificulta o pensamento estruturado de forma binria e por outro leva-o a um novo extremo. Oquestionamento da codificao binria, fundamentado na sintetizao contraditria, perdeu-se quasecompletamente na formao terica psmarxista. O nrainstream do pensamento ps-marxista pregou

    bastante entusiasmado a teoria da contradio, que foi usada como esquema para a explicao da tesee anttese em todos os tipos de conflitos sociais e econmicos. Entretanto, ficou esquecido o terceiromomento no processo dialtico, que no nem a tese nem a anttese, mas a preservao e a destruio

    (Aufhebung). Opensamento sinttico comea alm da codificao binria e est fora do seu alcancerefletivo.

    Confrontando-nos com as conseqncias polticas da utilizao da dialtica hegeliana comobase para uma teoria da interpretao da histria e da orientao da ao humana, por Marx,poderamos dizer hoje - um sculo e meio depois - que existe um desentendimento terico da tese deMarx, que a dialtica pode ser tambm verificada em processos scio-econmicos. Na verdade, ahistria real da teoria dialtica dentro do pensamento partidrio marxista bastante desastrosa. JEduard Bernstein afirmou, e com razo, que o "marxista" partiria sempre para a dialtica quandosentisse falta de argumentos. Bernstein escreveu em 1899: "Todas as vezes que observarmos o

    ensinamento que parte da economia como fundamento do desenvolvimento da sociedade capitularante a teoria que conduz o culto da violncia ao pice, ento estaremos diante de um princpiohegeliano. Talvez apenas como analogia, o que seria ainda pior. O grande engano da dialticahegeliana que nunca est completamente errada. Ela cobia a verdade como a luz errante cobia ailuminao. Ela no se contradiz, porque depois dela cada coisa porta consigo mesmo a sua

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    contradio. Existe uma contradio em colocar a violncia onde ainda h pouco se encontrava aeconomia? Oh, no! Pois a violncia por si s uma potncia econmica." (Bernstein, 1973:21).

    A mutilao do pensamento dialtico, na tradio terica ps-Marx encontrou em FriedrichEngels o primeiro grande protagonista. Engels no queria aceitar que a dialtica s valeria na histria,em terreno feito pelo homem. Ele props - e elaborou alguns escritos sobre o tema - ampliar avalidade da dialtica tambm sobre a natureza. Na crtica da razo dialtica Jean-Paul Sartremenciona: "O resultado dessa tentativa gloriosa paradoxal: Engels acusa Hegel de impor natureza

    as leis do pensamento. Contudo, termina fazendo exatamente a mesma coisa, forando as cinciasexatas a verificarem uma razo dialtica, que Engels descobriu na sociedade. No mundo da histria eda sociedade trata-se, sim, (...) de uma razo dialtica. Pois Engels elimina a racionalidade dela,transplantando para a natureza e enxertando-a com fora." (Sartre, 1967:33).

    A imploso do socialismo real deixou os ensinamentos derivados da dialtica da natureza deEngels para a "crtica roedora dos ratos" (Marx). Para a histria das idias eles devem ser aindainteressantes. Todavia, para o pensamento produtivo, que procura se situar alm do cdigo binrio,tem pouca importncia. Abstemos-nos, aqui, de uma avaliao das posies que tratam a tradiodialtica dentro da filosofia ocidental (inclusive Hegel) como "um co morto" (Marx). Uma

    interpretao desembaraada da tradio dialtica dentro das teorias dos movimentos sociais dossculos XIX e XX, que pode ser colocada em ligao direta com a teoria sociolgica do caos, aindafalta. Sartre foi quem provavelmente apresentou a tentativa terica mais abrangente. No entanto,surpreendentemente, encontrou pouca ressonncia, provavelmente devido mais uma vez dificuldadede contar at trs.

    Multidimensionalidade

    Niclas Luhmann opina que todos os sistemas comunicativos da sociedade estruturam suacomunicao com o apoio do cdigo binrio (Luhmann, 1990). Assim, trabalha o sistema jurdico

    com o cdigo justia e injustia, a economia, referindo-se a propriedade, com o cdigo possuir e no-possuir etc. Os sistemas funcionais da sociedade tm ao prpria, segundo uma programaoespecfica, e sua capacidade de perceber e agir limitada. Por causa disso problemas centrais, como aquesto ecolgica, no so comunicveis. O cdigo binrio uma forma especfica de simplificar areflexo e a comunicao humana. A dominncia desse cdigo sobre outras formas do pensamento eda comunicao um produto histrico.

    Como produto humano, a codificao depende do homem e pode ser feita desta ou daquelamaneira. O entendimento de todas as dimenses do ser material e ideal um projeto ainda inacabadodo iluminismo. Esse projeto vem sendo ameaado pelas diferentes tentativas de reduo das estruturascomplexas s menos complexas. Isso vale tanto para o mundo do homem, com os seus diferentes

    aspectos ideais e institucionais, como para a esfera biofsica. A complexidade do mundo biofsico estsendo destruda pelas atividades industriais-capitalistas, executando a lei da entropia. A ordem

    biolgica est sendo transformada na desordem de elementos distribudos no espao. O conceito docaos tem, no contexto da economia da transformao de matria e valores (Altvater, 1987 e 1991),uma funo crtica. Isto diferencia nitidamente sua aplicao nas cincias sociais, em relao scincias exatas, que tm no caos um acesso meramente analtico.

    A reduo da complexidade dos processos refletivos e comunicativos a uma srie infinita deduplicaes polares arma a razo humana de forma instrumental para adapt-la s exignciasestereotipadas da economia industrial. O pensamento em duas dimenses renuncia possibilidade de

    entendimento mais abrangente do mundo e das possibilidades nele ainda no realizadas (Bloch, 1959).O pensamento emancipativo comea com a integrao de uma terceira dimenso. A constatao deLuhmann quanto dominncia do cdigo binrio nos sistemas funcionais da sociedade certa, massegue, sem necessidade, o poder dos fatos. O exagero no uso do conceito de sistema leva a umasubestimao da dinmica social, que aponta para o novo e o no-acabado. A totalidade social est em

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    movimento e ela , se tambm entendida como sistema, um sistema fluente. No processo datotalizao visvel: tanto o mundo biofsico quanto a razo emancipativa so pelo menostridimensionais.

    O espao de fases do desenvolvimento global

    "O espao de fases(l2)tem tantas dimenses ou variveis quantas precisam os cientistas para adescrio das movimentaes de um sistema." (Briggs e Peat, 1990:42). No espao de fases do

    desenvolvimento global ser possvel um nmero variado de diferentes tipos de dimenses. O critriopara a escolha das dimenses fractais heurstico. O objetivo alcanar o mximo de informaessobre a dinmica bsica da sociedade industrial-capitalista, com um mnimo de esforo conceitual. Ointeresse que motiva a reflexo a contribuio para a soluo de problemas atuais. do ponto devista do ser humano que os problemas so definidos como tal. Isso significa que o espao de fases dodesenvolvimento global necessariamente estruturado de forma antropocntrica, o que no significaque dimenses puramente sociais bastem para a explicao de fenmenos sociais. O social nasociedade industrial desdobrada no pode mais - e diga-se, em oposio a Durlclleim - ser explicados pelo social. Isso vale tambm para a poltica que se quiser ser mais do que um sistema de normasque se baseia em si mesmo: ela tem que ser auto-esclarecida sobre os padres que segue na teoria e na

    praxis, tendo tambm que levarem conta a existncia da lgica especfica do mundo biofsico e daeconomia humana. Existem pelo menos trs dimenses, que seguem lgicas especficas fazendo delasdimenses "fractais"(13), que so relevantes ao desenvolvimento de concepes polticas e tentativada realizao das mesmas.

    As trs dimenses relevantes para a sociologia da sociedade industrial-capitalista, que sedesdobram no tempo e espao, so: a) a lgica biofsica b) a lgica do clculo econmico c) a lgicascio-poltica. Cada uma das trs dimenses se estrutura por lgica especfica que interfere nas outrasdimenses. Dependendo do tipo e do tempo da interferncia surge uma ordem especfica na relaodas trs dimenses. A dominao de uma dimenso sobre as outras durante uma certa fase, ou de duas

    sobre a terceira, provoca desequilbrios e instabilidades que levam tanto o mundo biofsico quanto omundo scio-econmico a pontos de bifurcao. Estes geram turbulncias caticas. Desenvolvimentosdentro de uma dimenso, que fogem da determinao vlida at aqui, podem gerar o caos que, seencontrar ressonncia, estrutura uma nova ordem e produz assim efeitos no-lineares. As rupturasdentro do desenvolvimento linear estruturado e as turbulncias caticas nas relaes das trsdimenses, provocadas pelas interferncias, representam fenmenos altamente complexos. Estesforam, at o momento, somente perifericamente analisados e ultrapassam o horizonte da disciplinaespecializada. O caos, com o qual se confronta a sociologia, significa primeira vista para o cientistauma abundncia de informaes no-estruturadas. Apesar disso, parece oportuno perceber a sua tri-dimensionalidade e tentar entender a lgica especfica que estrutura a ordem dentro da dimenso e asinterferncias entre as dimenses. A lgica das determinaes pode ser suspensa. As rupturas no

    desenvolvimento ordenado s podem ser entendidas se a dinmica da ordem quebrada e quebrando forentendida. Temos que contar com os dois: com continuidade e ruptura (Rossanda, 1975).

    As dimenses fractais

    A dimenso biofsica: a poltica acontece sempre no espao fsico que, embora no adetermine, a delimita. A vida, bem como todos os fenmenos do mundo material que tmmetabolismo e por isso se distinguem das coisas mortas, ligada de forma elementar ao mundo fsico.A lgica biofsica regula o mundo energtico-material. Ela , h sculos, objeto das cincias exatas,lideradas pela fsica, qumica, biologia e disciplinas complementares. Na medida em que a poltica e a

    economia fazem parte de um processo energtico, precisamos dos conhecimentos das cincias exatasda natureza para o entendimento da dependncia que a se estabelece, ou de suas interferncias. Oprocesso da produo capitalista, a partir de Marx, entendido como unidade do processo devalorizao e produo , enquanto processo de trabalho, um processo metablico com a natureza.Como tal ele no compreensvel para as teorias econmicas tradicionais, porque foge das categorias

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    analticas usadas (Georgescu-Roegen, 1971). Nem a economia clssica nem a economia neoclssicaou a economia poltica tm mais do que uma noo superficial do processo econmico comofenmeno biofsico. Esse fato no desvaloriza sumariamente os conhecimentos oferecidos pelascincias econmicas, mas redefine o alcance das suas anlises.

    A teoria poltica e a ao poltica que dependem, por um lado, da forma especfica damanipulao humana do mundo biofsico, e por outro lado influenciam decisivamente na relao entrehomem e natureza, conscientizam-se somente de forma lenta das conseqncias eco-lgicas das

    pretenses poltico-lgicas. Submergindo no mundo biofsico, a poltica foge progressivamente daauto-regulao em si, determinada pelos critrios humanos (antropo-lgicos), e sujeita-se a uma lgicaestranha que domina o mundo energtico-material. O caos determinstico, provado como existente nomundo biofsico, tem que ser refletido nas projees polticas e econmicas e, num sentido geral, emqualquer ao planejada por causa da sua repercusso no espao econmico e social. A reflexo

    paralela sobre as conseqncias biofsicas da poltica no espao nopoltico necessria para evitarque a poltica perca seu fundamento: a existncia da sociedade humana, que depende de uma basenatural.

    A dimenso do clculo econmico: o fato de os objetos produzidos no processo de produo

    no terem s um valor de uso, mas tambm um valor que admite a troca com outros objetos comomercadoria, confirmado tanto pela experincia diria quanto pela economia. Em comparao com osconhecimentos acumulados pelas cincias exatas, os resultados da pesquisa econmica tm umaaceitao geral relativamente modesta. A razo disso que o objeto da economia - a sociedade deeconomia desdobrada - tem uma histria relativamente curta, de modo que fenmenos singularescomo a interveno estatal, desenvolvida de forma diferente em cada economia, ainda no alcanaramos limites das suas possibilidades. Alm disso, as cincias econmicas sofreram, desde o incio, um

    processo de ideologizao forte, de vez que as teorias que as conformam refletem os interessesdiferentes com as quais se confrontam os agentes econmicos no processo econmico.

    Na medida em que os interesses econmicos existem de forma conflituosa, a teoria econmicano tem garantia de que esses interesses no atrapalhem as anlises que tm como finalidade aobjetividade. Aproximando-se do mundo do homem, que no existiria sem a valorizao dessesfenmenos, corre-se o risco de construir uma interpretao subjetiva do mundo (Weltanschauung), emvez de formular frases cientficas. O processo de produo, como processo de produo de valoreseconmicos, tem como base uma nacionalidade especfica, que no determinada de formanormativa, embora ligada de forma mltipla com preferncias humanas. A economia polticainterpretou a nacionalidade da produo industrial-capitalista como o processo de acumulao docapital. Parece que a sociedade industrial corresponde forma de movimentao do valor que seexpande. No por acaso que a sociedade industrial e o capitalismo se desdobram ao mesmo tempo,dominando todos os outros modos de produo. O dinamismo da economia industrial-capitalista est

    sendo determinado pela lgica da valorizao, que s a teoria econmica capaz de mostrar.

    A dimenso scio-poltica: no independente do mundo biofsico e da produo determinadapelos mecanismos da valorizao, porm claramente distinto, est o universo dos valores humanos. Osistema de normas que as sociedades humanas constrem depende da vontade humana. S o homem

    pode colocar objetivos que orientam tanto a vida individual como formam, de maneira decisiva, acoerncia do processo social. O processo de produo um processo de transformao de energia deuma forma a outra. O homem incapaz de criar energia. O que ele pode organizar a reestruturao edistribuio dela no espao. A apreciao dos fenmenos que o cercam expresso da fora criadorado homem e s ele capaz de fazer isso. A arbitrariedade na apreciao inclui o questionamento da

    mesma, da a causa da fragilidade dos sistemas culturais, os quais esto sendo permanentementereproduzidos mas tambm transformados pelos indivduos. Valores sociais de qualquer tipo - moral,esttico etc. - cobrem com dificuldade o caos do qual o homem os tirou num ato criador. Enorme porcausa disso o perigo, que pode tambm ser uma chance, de recada no caos.

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    A sociedade industrial construiu uma proteo contra o questionamento de sua nacionalidadeprodutiva, de forma que o sistema de valores (o nacionalismo ocidental) a ele inerente aparece como anica possibilidade de um sistema racional, sem qualquer outra alternativa. Os valores que no tmuma ligao direta com a produo sofrem um processo de rpida eroso. Isso leva, no nvel micro-social, e em todos os espaos sociais que no tm vnculo imediato com a produo, a movimentoscaticos no nvel macrosocial, porm, h uma blindagem nacionalista. A gaiola de ferro (Weber)abrange o bel-prazer.

    A apreciao igual e freqente dos mesmos fenmenos solidifica-se em normas duradouras. Ainterligao da apreciao de outros fenmenos dentro de um sistema de apreciaes tem comoresultado uma interpretao sistemtica do mundo (Weltanschauung). A interpretao sistemtica domundo possvel de maneira ilimitada e se desenvolve permanentemente. O nacionalismo ocidental um produto relativamente recente de entendimento do mundo de forma especfica, congruente lgica

    biofsica ao modo de produo industrial.

    No s a interpretao do mundo, mas tambm o desenvolvimento dos objetivos de suamudana, so um produto humano. A capacidade de sonhar para a frente (Ernst Bloch), a capacidadede fazer projetos futuros, nasce da incapacidade do homem de submeter-se, de forma permanente, ao

    sistema de regras, nasce da sua capacidade de transcender ordens tradicionais. A histria da sociedadehumana um processo contnuo de dissoluo de ligaes tradicionais, seja na rea da organizaosocial, seja na rea dos valores culturais. A decifrao de sistemas de valores fundados na histria difcil e muitas vezes impossvel, embora esses valores sejam um produto humano. Tambmsociedades humanas contemporneas podem desenvolver cdigos de comunicao interna todiferentes que uma sociedade pode aparecer na percepo da outra como aberrao no processo dedesenvolvimento do homem.

    O infinito da multiplicidade dos smbolos e sinais, entendvel s pelos sacerdotes ou pelosinformados que sabem transform-los em ao social coerente, leva afirmao de que a existncia de

    uma nica lgica humana parece uma simplificao. E, na verdade, espelha-se na hiptese daexistncia de uma lgica humana, inerente a todas as sociedades do globo, um ideal ariscado e nuncaverbalmente formulado. o humanismo universal que parte da convico de uma capacidade decomunicao entre todos os homens e assim afirma que, sob a multiplicidade tnica e social, existeuma estrutura comum, na qual a comunicao coletiva pode se apoiar. Toda moral universal parte danoo, a priori, de identificabilidade e da identidade bsica do homem.

    O surgimento das cincias sociais s foi possvel porque o pensamento iluminista tinhapreparado a percepo do seu objeto: a sociedade humana foi identificada como sociedade humana.Essa descoberta, que hoje parece bastante banal, foi a base da anlise dos fatos sociais que Durkheimqueria tratar e analisar como coisas, tal qual as cincias exatas trataram os respectivos objetos de

    estudo (Durkheim,1985). A afirmao de uma lgica humana (antropolgica), apesar de todadinmica imprevisvel que traz consigo, a hiptese bsica no processo do surgimento da sociologiacomo cincia. Isto parece fazer sentido porque as categorias analticas e a perspectiva especfica dascincias no tm acesso nenhum estrutura e ao movimento da sociedade.

    As tentativas de transferir a lgica biofsica para a sociedade, entendendo a mesma com baseno pensamento biolgico, como corpo com membros e funes diferentes, podem dificilmente seliberar da crtica. Porm, a mera verificao da especificidade dos fenmenos sociais no bastante

    para entender sua gnese, sua significao momentnea, sua maneira de funcionar e o seudesenvolvimento futuro. O entendimento da "lgica humana", que nas mudanas radicais do planeta

    Terra se expressa junto com a lgica da reproduo, sob a gide do valor e da lgica biofsica, parece primeira vista um projeto sem chance. Porm, qualquer tentativa prtica (poltica) de enfraquecer ospotenciais destrutivos da produo industrial que no parta de uma reflexo da dinmica prpria dosocial, irrealista.

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    Interferncias

    As idealizaes de transformao da sociedade, que partem exclusivamente da esfera poltica(e da antropolgica que nela se expressa) e supem ser possvel manipular a sociedade conforme osideais da programtica poltica, conduzem necessariamente a erro. A natureza no se sujeita aqualquer projeto poltico ou econmico, bem como no possvel definir o clculo econmico defornia normativa. A afirmao dos polticos da segunda internacional, de que as leis particulares dodesenvolvimento do capitalismo levam necessariamente ao seu desmoronamento, queria dar ao

    projeto poltico do socialismo uma base econmica. O reconhecimento do poder da economia e oreconhecimento da dependncia da utopia social em relao a ele no levou. a uma estimativa realistados potenciais e da flexibilidade da economia industrial-capitalista. Bernstein mostrou essa

    problemtica diversas vezes e a cada vez sem repercusso relevante (Bernstein, 1973 Papcke, 1979).Tentativas de violentar a economia com objetivos que contradizem a lgica econmica no tem, alongo prazo, estabilidade. Isto mostra-se tanto nas tentativas contrariadas da lgica econmica deindustrializar regies perifricas, quanto na falncia do socialismo real, que teve que reconhecer a

    prpria irracionalidade econmica. No fundo, tratava-se da insistncia na afirmao da validade dalgica humana num campo onde outras regras dominam. O Homo faber autoconsciente tem quereconhecer no final do sculo XX que ele superestimou suas foras. S uma parte da realidade na qual

    nos movimentamos realmente controlvel pelo homem.Marx, um duro crtico da filosofia "idealista" de concepo da histria e de todas as

    concepes que suponham que o desenvolvimento histrico siga os critrios do esprito ou da idia,estava consciente disso e insistiu na existncia de leis objetivas, independentes da vontade humana. A

    poltica, a estrutura complexa da ao humana, est em Marx de forma imediata ao lado da anliseeconmica do capitalismo. Conseqentemente, ns achamos na formao terica ps-marxista umeconomicismo que construiu um mundo sem homem e um politicismo que negligenciou tanto oclculo econmico como a dimenso biofsica do mundo vivido.

    No s a particularidade da sociedade humana se choca com o biofsico como tambm oprocesso da acumulao prprio dela tem condies materiais que determinam seus limites. Estes -visveis enquanto limites do crescimento - colocam barreiras externas acumulao. A contnuareproduo do valor sempre uma transformao concomitante de matria e energia. Apenas a anlisedos problemas inerentes ao processo de valorizao no explica os transtornos que a produoindustrial causa na natureza e na sociedade humana. A anlise do valor, contudo, indispensvel parao entendimento do mpeto da economia moderna (que em ltima anlise, mesmo no seu desvio real-socialista, sempre de essncia capitalista). A anlise do valor se supera na medida em que descobreque a natureza participa da formao do valor (Immler,1985). Como objeto de trabalho (recursosnaturais) e fora de trabalho (animal, homem) ela influencia fundamentalmente a formao do valor.Tambm insistindo na afirmao de Ricardo de que s o trabalho tem o poder de criar valor,

    inevitvel reconhecer que a transformao do valor impossvel sem a transformao da matria.Esse fato Marx expressou no conceito do duplo sentido do processo de produo capitalista. Este ,segundo Marx, ao mesmo tempo processo de trabalho e processo de valorizao. Como processo detrabalho ele um processo energtico que segue os padres de objeto das cincias exatas. Utopias

    polticas, estratgias de reforma, enfim todas as tentativas de "melhorar o mundo", tm de serrefletidas no contexto das trs dimenses j mencionadas: a de acumulao, a biofsica e a poltica,que esto sendo estruturadas cada vez em uma lgica especfica. Um conceito esclarecido deemancipao social tem que abranger a co-ao do clculo econmico, do biofsico e do scio-

    poltico. De todo modo, parece dependente da reflexo dessa inter-relao qualquer projeto polticoque queira regular a sociedade de uma forma ou de outra.

    O pensamento em trs dimenses, no contexto das cincias sociais, tem funo heurstica. Ocruzamento da lgica biofsica com a lgica da acumulao leva para um entendimento do processode produo industrial-capitalista como processo de transformao de energia e valor. Tal constataoabre para a teoria econmica, independente do conceito de valor que ela empregue, o acesso s

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    questes ecolgicas. A confrontao da lgica poltica com a biofsica e a lgica da acumulao podeajudar ainda na identificao dos limites da interveno estatal e mostrar, por outro lado, anecessidade de ao do Estado em certas reas. Alm disso, trata-se da questo de como abrir maisespao para o tema da emancipao poltica no contexto das discusses sobre a relao entre ecologiae economia.

    Ordem do caos

    A economia de mercado adequou-se a princpio a criar a ordem do caos. Agentes econmicos,nada sabendo um sobre o outro, encontram-se no mercado para descobrir se o comportamentoeconmico tinha sentido ou no. (Hayek, 1968). O nexo social est sendo percebido posteriormente.Os gastos resultantes do emprego da energia que tem que ser investida nos movimentos de igualaoentre demanda e oferta so relativamente grandes. Isto se mostra no s nas despesas e no gasto detempo e energia para fins comerciais, etc., como tambm nos enormes custos de circulao quesurgem com o no-uso da distncia mais curta entre necessidades e respectivas satisfaes. Asnecessidades, somente enquanto fora de atrao da demanda solvente, determinam os caminhos decirculao das mercadorias. A soja brasileira sai de regies onde homens passam fome para seroferecida no mercado europeu, sendo transformada finalmente em rao para o gado. O alimento e a

    fome encontram-se somente se a necessidade de comer solvente. Embora essa maneira de satisfazeras necessidades bsicas seja, segundo critrios normativos (ticos), cri ticvel, a economia de mercadoest construindo sobre o mecanismo de demanda e oferta uma ordem econmica que possui umaracionalidade e estabilidade prpria. Por causa da sua estrutura prpria, o nexo scio-econmico

    produzido aposteriori- a economia de mercado est sendo ameaada permanentemente pelo caos. Sea oferta no encontra a demanda solvente ou se a demanda no-solvente ganha uma articulao

    politicamente explosiva, dissolve-se a ordem. A crise, interpretada sob o ngulo da economia polticacomo crise de acumulao ou interpretada simplesmente como crise de realizao, mostra a

    proximidade entre a ordem do mercado e o caos. Durkheim sobre isso afirma: "O produtor no podemais abranger o mercado com a vista, nem imagin-lo. No pode imaginar os limites do mercado

    porque ele praticamente sem limites. Assim, faltam na produo qualquer regra ou controle. Elavagueia cega e no decorrer das tentativas, medida que est sendo ultrapassada em um ou em outrosentido. Assim surgem as crises que perturbam periodicamente as funes econmicas." (Durkheim,1988:439). As economias modernas de mercado tentam reagir contra a tendncia da crise inerente ao

    prprio sistema. Elas no deixam o desenvolvimento da economia "nacional" na mo do capitalsingular, mas fazem a tentativa de ligar a fora estruturadora do mercado com uma estratgia queevite o caos. Os agentes econmicos (empresrios e tambm assalariados) no sabem ou no podem, a

    partir das suas posies prprias, eliminar ou pelo menos reduzir as causas que contribuem para acrise. Em conseqncia o Estado chamado para a interveno poltica. A interveno estatal naeconomia de mercado, que est sendo ideologizada e estereotipada como economia social de mercado,aumenta a inteligncia sistmica, que identifica os desenvolvimentos ameaadores da ordem scio-

    econmica e incentiva medidas que do estabilidade ao sistema. A superioridade atual da economia demercado, com interveno estatal, resultado da aceitao da imperfeio da sntese econmicaorganizada no mercado e da confiana no mecanismo de mercado como base da racionalidade da

    produo industrial-capitalista.

    A ordem industrial-capitalista, existente em no mais do que uma dzia de pases, anda demos dadas com o caos econmico e social existente em vastas regies do mundo. A intelignciasistmica do capitalismo industrial que usufru da interveno estatal tem seus limites nas fronteirasnacionais, ou nas fronteiras das comunidades econmicas, como a europia. O fato de que ocapitalismo industrial sabe estruturar de forma racional subsistemas no deve deixar esquecer que o

    sistema global no est em ordem.

    Caos e racionalidade industrial

    Seguindo esse raciocnio podemos identificar a implantao de um projeto industrial - por

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    exemplo o Projeto Ferro Carajs (PFC) na Amaznia-em uma regio no-industrializada como aintroduo ali de uma outra ordem social e econmica. A ordem industrial especfica, mostrando todasas caractersticas de um sistema industrial (Ullrich, 1980), interfere. na ordem prexistente e no-industrial da regio. Por causa da superioridade(14)da ordem industrial sobre a noindustrial, asestruturas da ordem tradicional esto sendo dissolvidas, ou pelo menos profundamente mudadas. Asestruturas quebradas somente sero integradas(15) na nova ordem, se elas tiverem, com a ordemimplantada, um mnimo de afinidade.

    Os elementos no-integrados formam urna estrutura residual da ordem tradicional degradada,ou retiram-se da ordem econmica e social. O projeto industrial torna-se processo de destruio e deno-integrao da ordem amiba, ou seja, um enclave industrial que deixa ao seu arredor as estruturasdesarticuladas da ordem scio-econmica em decadncia. Estas estruturas quebradas perdem o graude complexidade e no se comportam mais segundo as regras tradicionais. Porm ainda existemregras gerais que mostram todavia um efeito apenas parcial e de um elevado grau deimprevisibilidade. Se um sistema scio-econmico interfere no outro, que tem um grausignificativamente distinto de ordem, surge o caos. A racionalidade industrial, que estrutura a ordemindustrial, absorve no seu processo de auto-organizao elementos estruturais que correspondem a elae repele outros. O processo de racionalizao industrial de uma regio no-industrializada significa

    ento a criao de uma nova estrutura racional (ordem) e por outro lado a criao de uma zonacatica, que no possui uma ordem estvel. A mo-de-obra no-qualificada, atrada durante a fase deconstruo dos grandes projetos, , cumprindo sua funo, um elemento racional no processo daindustrializao. Mas o afastamento dessa mo-de-obra dos seus papis sociais pr-existentes leva desestabilizao dos contextos scioeconmicos tradicionais e causa a incapacidade de reintegrar a"mo-de-obra" e os representantes de papis sociais abandonados. Tambm, muitos migrantes perdema motivao e a capacidade de voltar depois de anos de ausncia. A mo-de-obra de que no mais senecessita estabelece-se ao redor dos grandes projetos e improvisa a sobrevivncia. A coexistncia decomplexos industriais hiper-racionais e de massas humanas vivendo no caos desenvolve uma dupladinmica. Por um lado, o complexo industrial concentra, seguindo a lgica industrial-capitalista,

    poder determinante sobre a estruturao scio-econmica da regio e racionaliza essas estruturasatravs de uma amplificao permanente do espao de validade da lgica de valorizao. Issoacontece de forma sincrnica com a criao de uma infra-estrutura material, da qual o processoindustrial, como processo material de trabalho, precisa para seu funcionamento. Por outro lado, aracionalizao industrial-capitalista significa em relao totalidade das dimenses econmicas,sociais e ecolgicas somente uma racionalizao parcial. Os espaos, sendo influenciados e destrudos

    pela racionalizao, mas no racionalizados no sentido de uma reestruturao global, significam oaumento e a expanso do caos.

    Partindo de um conceito do "desenvolvimento global", o fator tempo no processo deindustrializao de alta importncia na relao entre ordem e caos. Ordem e caos comportam-se

    diferentemente no tempo (Brsekc, 1991: 147). Isso implica, por exemplo, no fato de que aconstruo de ordem custa mais tempo do que a produo de caos. Stephen Bunker mostrou que aestruturao do espao no-estruturado significa concentrao de energia (Bunker,1985). E a issoadicionamos que a estruturao do espao custa mais tempo do que a desestruturao do espao. Essesconceitos abstratos mostram sua relevncia dentro do processo do desenvolvimento industrial, quando

    podemos constatar que nas regies no-industrializadas submetidas industrializao, o caos crescemais rpido do que a ordem. Isto significa que tanto o setor industrial como toda a sociedadeindustrial absorvem cada vez mais homens e concentram cada vez mais energia nas prpriasestruturas. Porm o setor social, que nasceu alm da ordem tradicional e industrial, desenvolve-semais rapidamente em relao ao crescimento do setor industrial. Indcios disso podem ser encontrados

    no fato de que, no Brasil, cresce o nmero dos alfabetizados. Mas o nmero dos analfabetos cresceainda mais rpido. O consumo de energia, um indicador geral do "desenvolvimento", cresce. Mas onmero das casas sem energia eltrica cresce mais rpido. O nnuero das crianas na rua, crianas quevivem em cidades grandes, sem base familiar ou institucional, foi estimado em 1990 emaproximadamente 8 milhes (Isto , 10.10.90) e o nmero de analfabetos em aproximadamente 20

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    milhes -- um nmero at ento no alcanado. Estes nmeros indicam o caos social e seucrescimento. Seria possvel, como vem sendo feito normalmente, chamar esses fenmenos de pobrezae dizer, que "a pobreza no Terceiro Mundo est crescendo", mas o conceito pobreza esconde, apesardo conceito "Terceiro Mundo" sugerir que esses fenmenos esto acontecendo num outro planeta, aagressividade desse desenvolvimento.

    Uma sociedade que se dissolve no caos no mais, em sentido estrito, uma sociedade. Mas,para evitar dicotomia improdutiva, melhor falar de sociedades de um alto grau de ordem e de

    sociedades de um baixo grau de ordem, correspondentes respectivamente a sociedades com muitos ecom poucos elementos caticos. A sociedade inteiramente industrializada, cujas relaes internasesto completamente submetidas racionalidade de fins, mostra um grau extremamente alto deordem. Tambm as sociedades pr-industriais podem ter um grau elevado de ordem, que se baseia nasnormas tradicionais. As ordens pr-racionais, to freqentes e diferentes como as formaes antes daRevoluo Industrial, possuem muitos elementos estticos. Aqui a ordem econmica est sendomontada essencialmente por circuitos internos que s admitem um crescimento mnimo do produtosocial. Esse princpio de ordem realizado de forma ntida nas economias de subsistncia, quecriaram uma ordem econmica e social desconhecendo a dinmica do crescimento (Groh, 1987).

    A sociedade industrial-capitalista mostra tambm um elevado grau de ordem. Porm ela sedistingue da sociedade pr-industrial por causa da sua dinmica social e econmica. Essa dinmicatem como princpio motor a racionalidade de fins, que direciona totalmente a produo material para avalorizao do valor econmico. A fora inerente, a forma capitalista de produo industrial para aampliao permanente da produo de mais valia relativa, exige da ordem industriai umaautomudana contnua e pressiona-a na confrontao com ordens estranhas. A industrializao totaldo mundo no traz consigo a paralisao dessa dinmica. Dentro do sistema global industrial formam-se centros hiper-racionais e superiores que relativizam e irracionalizam a racionalidade dos processosde industrializao tardia (como o da Amaznia). Nas regies em processo de industrializao tardiacrescem - no apesar, mas exatamente por causa da industrializao projetada - os elementos caticos.

    Se essas regies ainda dispem de restos da ordem tradicional, ou se j conseguiram construir deforma rudimentar uma ordem racional de fins, elas ainda tm a capacidade de agir. Essa capacidade deagir pode orientasse de forma construtiva para a soluo de problemas, ou de forma destrutiva contraos centros racionais, cujas aes esto sendo interpretadas como causa da marginalizao da prpriaregio. Alm disso, esto sendo construdos, nos pases com muitos elementos caticos, enclavesracionais que fazem do sistema global dicotmico um modelo para a prpria ordem social eeconmica.

    O sistema industrial desenvolvido mostra, no nvel global, um elevado grau de fragilidadecatica, que busca compensar pelo desenvolvimento de mais ordem. Isto pode acontecer pela prpriaexpanso da ordem industrial-capitalista, ou pela marginalizao das ordens no-racionais, para barrar

    as interferncias caticas para dentro da ordem industrial. As tentativas de regular o caosautoproduzido no tm que ter necessariamente sucesso. Quanto mais o caos nas regies marginaiscresce, tanto mais esto sendo atrados os elementos energticos e de valor (Wertfrmig) pelosatratores metropolitanos e esto sendo integrados em processos que no podem mais ser direcionados

    pelas regies marginais.

    Por causa da separao de processos produtivos interligados, o sistema industrial precisa decentrais coordenadoras, que podem ser organizadas de forma privada ou estatal. Se as centrais nogarantem mais o nexo do processo social de trabalho, surge o caos. Esse problema, que significa adestruio de elementos produtivos em massa por causa da sua distribuio sem sentido no espao,

    aparece como problema da burocracia. Os resultados concretos do no-funcionamento das funescoordenadoras no sistema industrial podem ser estudados no exemplo da Unio Sovitica ou deixam-se constatarem quase todos os chamados pases em desenvolvimento.

    Potencialmente, o homem , em todos os sistemas sociais, um fator de distrbio, porque ele

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    pode decidir ultrapassar as regras do sistema. No sistema industrial-capitalista, uma parte das deciseslivres do homem pode ser reintegrada conforme as regras do mercado. Isto aparece no nvel dosistema como impulso de inovao e percebido no nvel individual como espao livre. O homem tambm fator de distrbio no sistema industrial na medida em que ele est ainda enraizado em normasresiduais pr-industriais. Resistncia em massa contra as exigncias industriais-capitalistas pode levara grandes defeitos no funcionamento do sistema. Tomando como exemplo novamente os pases em"desenvolvimento", isso leva para a desestruturao do sistema, tanto do tradicional como do novoimplantado.

    Os atratores que determinam durante um tempo o objeto sociolgico nas suas movimentaes

    caticas so numerosos e estranhos. A descoberta destes deve tornar-se a condio para ainterpretao da sociedade humana.

    Notas

    1. A causalidade designa uma relao entre fenmenos ou acontecimentos na qual um complexo (de fenmenos ouacontecimentos) est sendo entendido como causa do outro. O princpio da causalidade define: no existe efeito semcausa. Alm disso, parte, o pensamento causal, do pressuposto de que causas iguais tm sempre efeitos iguais.2. Um sistema linear se ele reage, depois da mudana de um parmetro, de forma proporcional direta.3. O determinismo parte da convico. de que conhecendo-se as "leis da natureza" e o estado de um sistema, odesenvolvimento do ltimo torna-se calculvel para todos os tempos. O determinismo ganhou fora com a mecnica de

    Newton, que impressionou nos sculos XVIII e XIX pelos seus sucessos iniciais.4. Sistemas possuem uma complexidade fundamental caso eles, apesar de partirem de condies determinadas, tmresultados no-determinsticos. A complexidade fundamental impossibilita qualquer prognstico. Todos os sistemasvivos so "fundamentais-complexos".5. Caos determinado ou caos determinstico a denominao do comportamento irregular de um sistema dinmico no-linear, cujo desenvolvimento, no tempo, determinado por equaes matemticas. Apesar do fato de sofrer

    determinaes, o futuro desenvolvimento desse sistema imprevisvel.6. Um atrator uma figura geomtrica no "espao de fases", contendo todos os estados que um sistema dinmico alcana alongo prazo. A dimenso geomtrica do atrator sempre menor do que a dimenso do espao de fases. Cada atrator estligado a uma rea maior do que ele mesmo. Todos os estados iniciais do sistema dinmico direcionam-se dessa rea aoatrator no decorrer do tempo.7. O Conceito "anomia", empregado por Durkheim, designa um estado social semt~egras e normas. Principalmente emtempos de transio com um crescimento acelerado da diviso do trabalho, falta uma interligao estvel entre osindivduos dificultando o desenvolvimento e funcionamento de regras gerais. Tambm a expanso ilimitada dasnecessidades do homem pode levar anomia. Ela acontece com freqncia, em conseqncia de depresso ou

    prosperidade econmica que trazem consigo (segundo Durkheim) um elevado grau de desvios do comportamento

    humano.8. Uma bifurcao um "ponto de deciso" entre vrias alternativas de desenvolvimento de um sistema. Passado esse

    ponto no existe mais a possibilidade de retorno. O sistema perde a "lembrana" do seu estado anterior.9. No-linearidade: Um sistema no-linear quando no reage, depois da mudana de um parmetro, de forma

    proporcional direta.10. Um sistema interreferencial ligado consigo mesmo. Uma interreferncia , por exemplo, o feedback.11. A lei da entropia foi formulada por Clausius em 1867 como segunda lei da termodinmica. As duas leis da

    termodinmica dizem o seguinte: 1. a energia no universo constante 2. a entropia no universo tende ao mximo. Naperspectiva da termodinmica diminui-se permanentemente a ordem, que se expressa em diferenciais energticos, eaumenta-se a desordem. O processo da transformao de energia, de uma forma outra, aumenta permanentemente aenergia fora do nosso alcance, ou seja, tambm as atividades produtivas do homem aumentam o caos distribuindo matriae energia no espao.

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    12. As coordenadas do "espao de fases do desenvolvimento global" no so coordenadas de lugar (Ortskoordinaten) etambm as coordenadas do tempo no so idnticas s coordenadas do "espao de fases em 6n-dimenses" de ManfredEigen (Eigen, 1989: 41pp.), que esto sendo construdas na base do tempo linear. Todavia usamos por enquanto modelosda biologia molecular, que tambm tem sistemas vivos como objeto de estudo, para facilitar a anlise e a imaginao de

    processos altamente complexos dentro e na "beira" da sociedade industrial.13. A dimenso geomtrica (D) de uma estrutura indica quantos fatores so necessrios para caracterizar completamente a

    estrutura. Para medir o tamanho dessa estrutura usamos cm1 (estrutura com uma dimenso linha), cm2(estrutura com duas

    dimenses superfcie), cm3(estrutura com trs dimenses cubo). Comprimento, superfcie e volume podem ser expressoscomo o mltiplo de uma unidade na respectiva dimenso (D). O tamanho dos objetos cresce com o expoente da dimenso

    (D). Por exemplo: duplicamos o comprimento de trs objetos de uma (1 cm = 1 cm2), duas (1 cm vezes 1 cm = 1 cm2) e

    trs (1 cm vezes 1 cm vezes 1 cm = 1 cm3) dimenses resultam uma linha de 2 cm, uma superfcie de 4 cm2, e um cubo de8 cm3. O tamanho dos objetos cresce com o valor da dimenso no expoente. Esse comportamento pode ser generalizadotambm em relao aos expoentes no inteiros. Estruturas cujo tamanho aparece em escala com um expoente no inteiro(fractal), tem uma dimenso fractal. Assim a "curva de Koch" tem uma dimenso fractal D=1,2618... e o Lorenz- AtratorD=2,06... O surgimento do caos ligado de forma direta com a existncia de dimenses fractais.14. A superioridade mede-se com o critrio da eliminao, isto , pela noo de que uma ordem superior a outra se ela capaz de liquid-la.

    15. A integrabilidade mede-se com o critrio da afinidade. No geral vale: quanto maior a afinidade entre ordens sociais,tanto maior a probabilidade de sua integraao.

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