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Enfoque: Reflexão Contábil ISSN: 1517-9087 [email protected] Universidade Estadual de Maringá Brasil Nunes Torejani, Hiolanda; Panosso, Alceu APURAÇÃO DOS CUSTOS EM UM PET SHOP PELO MÉTODO DE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES Enfoque: Reflexão Contábil, vol. 27, núm. 2, mayo-agosto, 2008, pp. 21-38 Universidade Estadual de Maringá Paraná, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=307124260002 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Enfoque: Reflexão Contábil

ISSN: 1517-9087

[email protected]

Universidade Estadual de Maringá

Brasil

Nunes Torejani, Hiolanda; Panosso, Alceu

APURAÇÃO DOS CUSTOS EM UM PET SHOP PELO MÉTODO DE CUSTEIO BASEADO EM

ATIVIDADES

Enfoque: Reflexão Contábil, vol. 27, núm. 2, mayo-agosto, 2008, pp. 21-38

Universidade Estadual de Maringá

Paraná, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=307124260002

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UEM-Paraná maio / agosto 2008v. 27 n. 2Enf.: Ref. Cont.

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APURAÇÃO DOS CUSTOS EM UM PET SHOP PELO MÉTODODE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES

Hiolanda Nunes TorejaniGraduada em Ciências Contábeis pela

Universidade Estadual de Maringá[email protected]

Alceu PanossoPós-Graduado em Ciências Contábeis pela

Universidade Estadual de MaringáProfessor Auxiliar da Universidade Estadual de Maringá

[email protected]

p. 21 - 38

RESUMOAtualmente as empresas estão cada vez mais competitivas devido às grandes transformações mundiais e aconsumidores mais exigentes, por isso elas buscam diminuir os custos de produção para ofertar bens eserviços com qualidade e baixo custo. Para atingir esse objetivo surgiram novos sistemas que auxiliam noprocesso administrativo visando eficiência e eficácia dentro das organizações. No entanto, a Contabilidade,para não ficar atrás dos avanços ocorridos nas empresas, tem aplicado vários conceitos, técnicas e métodosde gestão estratégica de custo, e um dos métodos é o Custeio Baseado em Atividades, que visa custear seusprodutos (bens ou serviços) através das atividades desenvolvidas no processo de produção. Portanto, estetrabalho, que se trata de um estudo de caso, tem por objetivo apurar os custos do salão de beleza de um petshop por meio do método de Custeio Baseado em Atividades, para auxiliar o empresário na tomada dedecisão. Após efetuar a revisão literária sobre custos e os principais aspectos do Custeio Baseado em Atividades,apresenta-se o estudo efetuado que se inicia com o levantamento dos dados e a partir daí efetua-se oscálculos dos custos distribuindo-os para as atividades consumidas pela prestação de serviços conforme ométodo em questão. Por fim, são mencionadas as informações mais relevantes que foram obtidas pelo usodessa forma de custeio.

Palavras-chave: Custos, Custeio Baseado em Atividades, Tomada de Decisão.

ABSTRACT

Businesses have become increasingly competitive due to the major global transformations and more demand-ing customers; as a result, companies have sought to lower production costs in order to offer quality goods andservices at a lower cost. In order to reach that objective, new systems have been developed to aid in theadministrative process, aiming for efficiency and efficacy within organizations. To avoid lagging behind theseadvances in business, however, the field of Accounting has applied several concepts, techniques and methodsof strategic cost management. One of these methods is Activity-Based Costing, which aims to cost its prod-ucts (goods or services) through the activities developed in the production process. Therefore, this work, whichis a case study, has as its objective to assess the costs of the grooming salon of a pet shop by using theActivity-Based Costing method, in order to aid the owner in his decision-making. After conducting a literaryreview on costs and the main aspects of Activity-Based Costing, the performed study is presented, beginningwith data assessment; cost calculations are then performed and distributed to the activities consumed by theservice provided, according to the method given. Lastly, the most relevant data obtained from the use of thiscosting method are mentioned.

Keywords: Costs, Activity-Based Costing, Decision-Making.

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HIOLANDA NUNES TOREJANI • ALCEU PANOSSO

1 INTRODUÇÃO

Com a globalização, a constante inovação tecnológicae a evolução econômica mundial, as empresas devemficar atentas e dispostas a competir com outras, poiscom essas mudanças surge um consumidor muitomais exigente a procura de produtos e serviçosdiferenciados, aumentando, assim, a concorrência edeixando em vantagem somente àquelas empresasque ofertam seus bens e serviços com qualidade ecustos mais baixos.

A concorrência faz com que os empresários dêemmaior importância aos gastos que têm, uma vez quequanto menor o custo, menor, também, será o preçode venda dos seus produtos e serviços. Assim, oconhecimento profundo sobre controle e cálculo decustos é imprescindível devido a essa competitividadeenfrentada por muitas empresas, pois é preciso buscarestratégias para competir no mercado com outrasempresas, uma vez que em época de crise énecessário estar atento, enxergar e aproveitar asoportunidades que surgem.

Prado (2001) afirma que a apuração de custos surgiupara atender às necessidades administrativas nasorganizações, e vem sendo aperfeiçoada desde aépoca da Revolução Industrial como parte do sistemade informação gerencial das empresas. Não importao segmento da empresa, o que realmente importa éfazer ela se destacar no mercado trazendo resultadospositivos, e a escolha do método de custeio adequado,que vai depender muito do tipo de negócio de cadaempresa, do seu perfil de administração e,principalmente, do seu plano estratégico, pode fazera diferença.

Os sistemas de custos são de suma importância emqualquer empresa, pois ajudam no controle de gastos,facilitando a tomada de decisão por parte do gestorda organização, mas é preciso considerar a qualidadeda informação de custo, pois uma informação commá qualidade poderá prejudicar a decisão do gestor.

Há muitos métodos de custeio que podem seraplicados em uma empresa, e um deles é o CusteioBaseado em Atividades (ABC), que, segundoNakagawa (1994), é um elemento-chave na gestãopor atividades e tem chamado a atenção deprofissionais em vários países por ser capaz de mediro consumo de atividades por produtos. Por se tratarde um método desenvolvido para facilitar a análiseestratégica de custos relacionados com as atividadesque mais consomem os recursos de uma empresade produção, a aplicação do ABC foi estendida,

também, para as atividades comerciais e para ossistemas de serviços, pois é um dado que poderátransformar-se numa poderosa ferramenta no processode mudanças de uma empresa.

Kaplan e Cooper (1998) afirmam que, embora o ABCtenha surgido para calcular os custos fabris,atualmente há muitas empresas de serviços fazendoo uso dessa abordagem e obtendo grandes benefícios.Percebe-se, então, que o método, quando bemaplicado e utilizado de forma correta com informaçõesqualificadas, trará para a empresa os resultados queseus gestores esperam alcançar.

Segundo Prado (2001), esse sistema de custeio estásendo apontado como um dos melhores métodos deidentificação de custos e de tomada de decisão, pois,de acordo com Martins (2003), sua utilidade não élimitada ao custeio de produtos; ele é, acima de tudo,uma poderosa ferramenta a ser utilizada na gestãode custos. A responsabilidade quanto a uma tomadade decisão é muito grande, principalmente quando serefere a uma empresa, por isso é necessário umconhecimento profundo com relação ao assuntoenvolvido para que a organização não seja prejudicadacom decisões erradas.

Este trabalho foi realizado através de estudo de casoe teve como objetivo apurar os custos do salão debeleza de um pet shop de uma empresa que atua noramo de comércio de produtos e serviços para animaisde estimação, por meio do método de CusteioBaseado em Atividades, com a finalidade de auxiliaro empresário na tomada de decisão.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Custeio Baseado em Atividades

Nos dias atuais, observa-se que o crescente avançotecnológico aumentou muito a competitividadeempresarial, surgindo a necessidade do aumento daqualidade, da economia, do tempo e da redução doscustos por parte das empresas, a fim de evitarem aperda de espaço no mercado. O consumidor tambémpassou a ser mais exigente em relação aos produtosque deseja adquirir, obrigando muitas empresas adirecionarem suas estratégias conforme a exigênciae a necessidade específica de cada cliente. Dentrodesse panorama modificado pela competitividade eincorporação de mais tecnologia, a forma de visão dagestão dos negócios também sofreu modificações,fazendo com que surgissem novos sistemas queauxiliam no processo de administração envolvendo a

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eficiência e a eficácia dentro das organizações. Noentanto, a Contabilidade, para não ficar atrás dosavanços ocorridos nas empresas na área de qualidadetotal, na busca pela competitividade e maior eficácianos negócios, tem aplicado vários conceitos, técnicase métodos de gestão estratégica de custo.

Maher (2001) afirma que com o objetivo de alcançarbons resultados, várias empresas têm implantadométodos mais sofisticados de custeio para melhorara forma como os custos indiretos estão sendorateados, tendo em vista que os métodos até entãoutilizados não são tão precisos.

Um desses métodos que vem sendo aplicado é o ABC(Activity Based Costing) ou Custeio Baseado emAtividades, que surgiu do reconhecimento de que ossistemas tradicionais de custos já não atendiam àsnecessidades dos responsáveis pelo gerenciamentoe pela tomada de decisão.

Segundo Kaplan e Cooper (1998), no início o ABC foidesenvolvido para empresas de manufatura paramelhorar a gestão de custos, mas atualmente estásendo aplicado nas empresas de serviços por seremideais ao custeio devido às suas características, ondepraticamente todos os seus custos são indiretos eaparentemente fixos.

Para Martins (2003, p. 87) o ABC "[...] é umametodologia de custeio que procura reduzirsensivelmente as distorções provocadas pelo rateioarbitrário dos custos indiretos [...]."Quando os cus-tos indiretos são rateados aos produtos através dosmétodos comuns é normal haver distorções no valor,pois os produtos nunca absorvem exatamente oquanto deveriam. Esse custeio procura reduzir essasdistorções e dá às organizações uma visão muito maisclara de todo seu processo produtivo, mostrando aosseus gestores que é possível otimizar o retornofinanceiro e o valor dos produtos através da reduçãodos custos por meio da eliminação dos desperdícioscausados pelo consumo de atividades desnecessárias.

Quanto ao surgimento do ABC, há distorção de dataspor autores. Na versão de Nakagawa (1994), háregistros literários sobre sua utilização por contadoresem 1800 e no início de 1900, bem como do seu usona década de 60. Para Kaplan e Cooper (1998, p.15)os sistemas ABC apareceram na década de 80, tendopor objetivo suprir as necessidades de informaçõesmais precisas sobre o custo de cada atividadeenvolvida nos processos produtivos e na geração deserviços. O fato é que não se sabe com exatidãoquando realmente surgiu o método ABC. Mesmo

havendo divergência quanto ao seu surgimento, o maisimportante são os benefícios que ele propicia por suautilização na gestão dos custos das empresas.Mesmo depois de muito tempo é certo que o sistemacontinua obtendo sucesso por proporcionar melhorgerenciamento dos custos para manter a empresacompetindo em um mercado cada vez mais ocupadopor concorrentes.

Nakagawa (1994, p. 17) afirma que "A competitividadede uma empresa pode ser definida, em sentido amplo,como sua capacidade de desenvolver e sustentarvantagens competitivas que lhe permitam enfrentar aconcorrência". A competitividade vai ao encontro daconcorrência, sendo que, além da qualidade, o preçoé o elemento de maior relevância, pois na maioria dasvezes é a ele que os clientes de menor poder aquisitivodão maior importância. Mesmo sabendo-se dos seuspreços e de sua qualidade, alguns gestores nãoconhecem os seus custos e estabelecem os seuspreços através de comparações com os concorrentes.Além de visão para enxergar e aproveitar asoportunidades é preciso talento e criatividade para criarvantagens duradouras com a finalidade de sempremanter a empresa no mercado competitivo.

2.1.1 Conceitos básicos para o ABC

Vários autores apresentam conceitos diferenciadospara o ABC, mas seu significado é sempre o de auxiliare melhorar a gestão das empresas. Um dos conceitospara o ABC é descrito por Maher (2001, p. 280) como"[...] um método de custeio em que os custosinicialmente são atribuídos às atividades e depois aosprodutos, com base no consumo de atividades pelosprodutos". O ABC, através do custeio das atividades,consiste em custear produtos e serviços de uma formamais apurada e proporcionar a mensuração dedesempenho de atividades e processos.

Para Kaplan e Cooper (1998, p. 94), "Um modelo ABCé um mapa econômico das despesas e dalucratividade da organização baseado nas atividadesorganizacionais". Destaca-se como vantagem do usodo ABC para os gestores a maior facilidade deencontrar os custos relevantes para a tomada dedecisões, tais como fixação de preços, administraçãodas relações com clientes, mix de produtos, projetosde produtos, melhoria de processos de produção eaquisição de tecnologias, além de proporcionarmelhores critérios para administrar as atividades quecomandam os custos diretos e indiretos.

Segundo Panosso (2003, p. 07), "O Custeio Baseadoem Atividades (ABC) é uma modalidade de custeio

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por absorção, por atribuir ao produto custos fixos evariáveis oriundos das diversas atividades quepossuem relações com sua fabricação". A importânciaque se dá à utilização do sistema de custeio ABC éem virtude de o mesmo não ser apenas um sistemaque dá valor aos estoques, mas também porproporcionar informações gerenciais que auxiliam ostomadores de decisão, como por exemplo, os custosdas atividades, que proporcionam aos gestoresatribuírem responsabilidades aos responsáveis pelasmesmas.

Nakagawa (1994, p. 40) afirma que o ABC "Trata-sede uma metodologia desenvolvida para facilitar aanálise estratégica de custos relacionados com asatividades que mais impactam o consumo de recursosde uma empresa." Portanto, o ABC não é mais umsistema de acumulação de custos utilizado paraelaborar demonstrações contábeis, mas é um novométodo de análise de custos que atende, o maispróximo possível, às expectativas das empresas queo utilizam.

Analisando-se todos esses conceitos, é possívelperceber que o método ABC não tem como foco prin-cipal apenas o custeamento dos produtos e serviçosatravés das atividades, mas é uma ferramentaimportante para a mensuração de desempenho dasatividades executadas na empresa, pois ele permitemelhor visualização dos custos através da análise dasatividades executadas dentro da empresa e suasrespectivas relações com os objetos de custos. Nele,os custos tornam-se visíveis e passam a ser alvos deprograma de redução e de aperfeiçoamento deprocessos, tornando as empresas mais lucrativas eeficientes. Assim, o custeio baseado em atividadesse apresenta como um auxílio aos gestores noprocesso de tomada de decisão como a melhoria dopreço e qualidade de produtos e serviços.

Para atingir uma gestão de custos eficiente e queacompanhe a dinâmica das mudanças dos mercadosfornecedores e consumidores, além de conhecer oscustos, é imprescindível, por parte da empresa, umabusca constante de redução e melhoria contínua doscustos. Através do ABC é possível alcançar taleficiência, pois, segundo Maher (2001, p. 281), emcomparação com os sistemas de custeio tradicionais,as informações que o ABC fornece são mais precisaspelo fato de identificar e calcular as atividadescausadoras dos custos; "[...] com isso, o sistemaidentifica mais claramente e mede com maior precisãoos custos de realização das atividades necessárias àfabricação de um produto [...]."

Mas para a utilização do ABC, é necessário, conformeAtkinson et al (2000, p. 77), "[...] pensar na empresacomo uma seqüência de atividades cujo resultado éum bem ou um serviço entregue a seu cliente." Oobjetivo das empresas é alcançar bons resultados e,conseqüentemente, permanecer no mercadooferecendo seus bens ou serviços a um consumidorcada vez mais exigente. Pensando assim, asempresas devem se atentar mais aos consumidorese procurar desenvolver suas atividades de forma aalcançar uma parcela cada vez maior em um mercadocrescente em termos de tecnologia, preço equalidade. Então, é preciso que a empresa tenhacontrole sobre as atividades desenvolvidas e saiba aquantidade de recursos que essas atividadesconsomem, pois as atividades são as unidadesprincipais para o custeio através do método ABC.

2.1.2 As atividades

No custeio ABC o foco principal são as atividadesexercidas na organização. Para a utilização dessemétodo Martins (2003) afirma que primeiramente deve-se identificar as atividades relevantes em cada setor,e para cada atividade deve-se "[...] atribuir o respectivocusto e identificar o direcionador. Assim, acontabilidade poderá identificar o custo e odesempenho de cada uma dessas atividades.Nakagawa (1995, p. 39) afirma que "[...] os recursosde uma empresa são consumidos por suas atividadese não pelos produtos que ela fabrica." Se não existiro processo de execução de atividades não há comoconsumir os recursos, pois não se produz um bemou serviço sem antes passar pelas atividades que oproduzirão. O ABC rastreia as atividades maisrelevantes da organização, identificando rotas deconsumo dos recursos para, através dessa análise,planejar o uso eficiente e eficaz dos recursos utilizadospela empresa, otimizando seus resultados.

Segundo Martins (2003, p. 93), "As atividades sãonecessárias para a concretização de um processo,que é uma cadeia de atividades correlatas, inter-relacionadas." A elaboração de um bem ou serviço sóé possível através do desenvolvimento de diversasatividades que se executa sobre ele. Portanto, "Umaatividade é uma ação que utiliza recursos humanos,materiais, tecnológicos e financeiros para seproduzirem bens ou serviços. É composta por umconjunto de tarefas necessárias ao seu desempenho"(MARTINS, 2003, p. 93). Direto ou indiretamente, todosos setores da empresa estão envolvidos, mesmo quecom uma pequena parcela de atividade, no processode produção de um bem ou execução de um serviçoque só acontece a partir do momento em que toda a

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empresa se mobiliza para tal procedimento.

Brimson (1996) afirma que a contabilidade poratividades define uma empresa em termos dedesempenho e custo de suas atividades específicas.No entanto, uma vez que uma estratégia competitivafoi definida, as atividades devem ser estruturadas paraserem tão eficazes em custo quanto possível. Oscustos incorridos em um departamento são afetadospor resultados e decisões de outros departamentos,porém, o importante é dirigir a atenção da organizaçãopara a verdadeira concorrência, ou seja, os dirigentesdevem concentrar sua atenção nos concorrentes aoinvés de competirem internamente uns com os outros.

Para Brimson (1996, p. 63) as atividades são "[...]processos que consomem recursos substanciais paragerar uma produção", descrevendo o modo como umaempresa utiliza seu tempo e seus recursos paraalcançar os seus objetivos. "A principal função de umaatividade é converter recursos (material, mão-de-obrae tecnologia) em produtos/serviços" (BRIMSON 1996,p. 27). Como exemplos de atividades numa área deserviço de um pet shop, cita-se o banho, tosa,secagem e escovação de um animal, que ao final detodo esse processo resulta sua completa higienização,obtendo-se, por fim, a produção de um serviço do salãode beleza.

Nakagawa (1994, p. 42) define atividade "[...] comoum processo que combina, de forma adequada,pessoas, tecnologias, materiais, métodos e seuambiente, tendo como objetivo a produção deprodutos". Não se deve ignorar nenhum dessesfatores, pois, dependendo do que se produz, aausência de um pode prejudicar o sucesso de suarealização. Assim, para o estudo do método ABC deve-se ponderar sobre as atividades envolvidas em cadaprocesso de produção, seja de um projeto, umamercadoria ou um serviço. É preciso gerenciaradequadamente as atividades para que se tenhainformações sobre valores, quantidades edesempenho, permitindo a identificação da eficiênciae da necessidade de uma atividade.

"O ponto inicial para gerenciar atividades é entenderos recursos corretamente atribuídos às atividades(custo da atividade), o volume de sua produção (medidada atividade) e quão bem a atividade é realizada(medida de desempenho)." (BRIMSON, 1996, p. 62).É importante considerar se a atividade adiciona ounão valor ou serviço ao produto para que se possamedir seu desempenho, pois Atkinson et al (2000)explana que uma atividade que adiciona valor é aquelaque será percebida pelo cliente se ela for eliminada.

Por exemplo, a escovação na higienização de um cãoé uma atividade que adiciona valor, pois se ela não forefetuada o cliente perceberá no seu animal que elanão ocorreu.

Quanto à atividade que não adiciona valor, Atkinsonet al (2000) a apresenta como "[...] uma oportunidadepara redução de custos sem reduzir o potencial doserviço do produto para o cliente." Caso a empresavenha a corrigir uma atividade que já foi executada, ocliente não perceberá o retrabalho, pois para ele issonão tem nenhum valor. O retrabalho ou atividades semimportância na elaboração de um produto ou serviçosomente adicionam custos para as empresas semadicionar valor para o cliente. Mas os custos poderãoser reduzidos pela empresa se não houver a execuçãodo retrabalho da atividade. Diante disso, é importanteque se identifique as atividades que não agregam valorpara que sejam eliminadas.

Para o processo de mensuração do desempenho dasatividades deve-se ter um bom conhecimento doprocesso produtivo e das atividades que sãonecessárias tanto à fabricação de um produto quantoà execução de um serviço.

Tão importante quanto à definição das atividades quecompõem o processo produtivo é determinar comodirecionar o custo dessas atividades para os produtosou serviço gerados.

2.1.3 Direcionadores de custos e funcionamentodo ABC

Muitos sistemas de contabilidade de custos atribuemos custos indiretos aos produtos através de rateio pormeio de algumas bases, tais como quantidadeproduzida, hora-MOD, hora/máquina, área ocupadaentre outras. Na concepção do custeio baseado ematividades se utiliza os direcionadores de custos, queMartins (2003, p. 96) define como "[...] o fator quedetermina o custo de uma atividade. Como asatividades exigem recursos para serem realizadas,deduz-se que o direcionador é a verdadeira causa dosseus custos." No caso do custeio de produtos, odirecionador é o fator que determina ou influencia amaneira como os produtos vão consumir ou utilizaras atividades, constituindo-se na base utilizada paraatribuir os custos das atividades aos produtos.

Quando não se pode identificar os itens de custosindiretos com as atividades, deve-se escolher odirecionador de recursos. Mas qual é o melhordirecionador? Segundo Leone (1997, p. 258), aquele"[...] que represente o mais fielmente possível o

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consumo que cada área faz dos recursos comuns."Assim, procura-se tentar alcançar os melhoresresultados, tendo em vista que é impossível encontraros custos verdadeiros dos itens rastreados para asatividades, pois há muitos fatores que colaboram paraesses custos não existirem.

Na atribuição dos custos às atividades, Martins (2003)enfatiza que é preciso fazê-lo de forma criteriosa,seguindo uma ordem de prioridade, conforme segue:

- Alocação direta: é feita quando se sabeclaramente o quanto cada atividade consome decustos de certos itens;

- Rastreamento: é usado quando se quer atribuiros custos dos recursos para as atividades. Paraisso deve-se identificar a relação existente entre aatividade e os recursos, pois estes serão atribuídosàs atividades através dos direcionadores com maiorgrau de correlação.

- Rateio: é usado quando não houver possibilidadede se utilizar a alocação direta e nem orastreamento, mas não deve ser feito para finsgerenciais.

Portanto, para cada atividade deve-se atribuir seurespectivo custo e identificar, através do direcionador,a forma como ele será atribuído.

Conforme Atkinson et al (2000), o custeio baseadoem atividades é um método que se apóia na idéia deque os direcionadores de custos podem vincular,diretamente, as atividades executadas aos produtosfabricados.

O direcionador de custos não pode ser escolhidoaleatoriamente; para a escolha, Santos (1998) afirmaque é preciso haver uma correlação do direcionadorcom os recursos consumidos para que sejamdirecionados tanto às atividades quanto aos produtosou serviços da melhor maneira possível. Comoexemplos de direcionadores de custos, podem sercitados: unidades produzidas, hora-MOD, hora-máquina, área ocupada, nº de empregados entreoutros.

Segundo Martins (2003, p. 96), existem dois tipos dedirecionadores de custos: os direcionadores de cus-tos de recursos e os direcionadores de custos deatividades. Os direcionadores de recursos identificamcomo os recursos são consumidos pelas atividadese servem para custeá-las. Seguindo a idéia de Mar-tins (2003), segue exemplo: Se em um salão de belezade pet shop existem três atividades que utilizam orecurso energia elétrica, esse recurso será rastreado

às atividades através do direcionador de recursos"tempo", que é o tempo que cada atividade consomena produção, pois o tempo foi o recurso de maiorcorrelação com a atividade. O valor do recurso serádistribuído para cada atividade de acordo com o tempoque cada uma utilizou na execução da tarefa. Se ovalor total do recurso (energia) foi de R$ 100,00 e cadaatividade consumiu tempo equivalente a 33,33% dotempo total, então, cada atividade receberá 33,33%do recurso, ou seja, R$ 33,33.

Quanto aos direcionadores de custos de atividades,sua função é identificar como os produtos consomematividades e servem para custear os produtos. Quandoas atividades já estiverem custeadas, os custos queelas receberam deverão ser atribuídos aos produtospor meio dos direcionadores de atividades, ou seja,os produtos deverão absorver todos os custos dasatividades pelas quais eles passaram. Aindabaseando-se na idéia de Martins (2003), pode-seexemplificar o seguinte: suponha-se que o salão debeleza de um pet shop atende 60 cães por mês ecada um consome diferente quantidade de tempo naatividade banho. O setor possui as atividades de banho,secagem, tosa e escovação, e foram atribuídosigualmente a elas R$ 110,00 de custos de recursos.Como os recursos já foram direcionados para asatividades, resta, agora, distribuir o custo das atividadespara cada animal através de um direcionador de custo.Para isso, deve-se considerar aquele de maiorcorrelação com a atividade, e o tempo gasto no banhode cada animal é o direcionador mais ideal. Então,primeiro deve-se encontrar o tempo total consumidopelos cães nessa atividade, somando-se a quantidadede tempo de cada um. Após, divide-se o valor total decada atividade pela quantidade total do tempo gastopara banhar os 60 cães - considera-se que o tempototal da atividade banho foi de 15 horas = 900 minutos.(R$ 150,00 / 900 min = R$ 0,17/min) e multiplica-se oresultado pelo tempo consumido em cada animal (R$0,17 x 20 min = R$ 3,40). Portanto, o custo de umanimal que consome 20 minutos na atividade banho éde R$ 3,40. Deve-se calcular os custos das outrasatividades e somando-se os resultados de todas,encontra-se o custo para executar o serviço completoem cada animal.

Tendo em vista a grande quantidade de animaisatendidos, o consumo diferenciado de tempo entreeles e que uns consomem o mesmo tempo que outros,é preciso dividir os animais em grupos para que sepossa calcular o custo para todos os animais semmuito trabalho e perda de tempo.

Não se pode afirmar que determinado direcionador seja

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melhor e mais eficiente que outro pelo fato de quecada um funciona de acordo com os recursos ou asatividades que vai rastrear. Se determinado direcionadoré eficiente em uma empresa, não quer dizer que eleserá na outra, pois, conforme (MARTINS, 2003, p.96) "os direcionadores variam de empresa paraempresa, dependendo de como e por que as atividadessão executadas.". Cada empresa tem suasparticularidades, no entanto o que é bom para umapode não ser para a outra, tendo em vista fatoresrelevantes como sua área de atuação, quantidadeproduzida e outros.

2.1.4 Implantação do sistema ABC

Conforme já mencionado, o ABC trata-se de um métododesenvolvido para facilitar a análise estratégica decustos relacionados com as atividades que maisconsomem recursos de uma empresa. (NAKAGAWA,1994). O método permite determinar quais os custosindiretos deve-se atribuir a um produto ou serviço, alémde fornecer informações mais precisas, porém, emrelação aos métodos tradicionais, exige-se maistrabalho administrativo por ter que rastrear os custosexistentes em cada atividade da empresa.

Para Brimson (1996, p. 28):

O custo de uma atividade inclui todosos fatores de produção empregadospara desempenhá-la. Os fatores deprodução consistem em pessoas,máquinas, viagens, suprimentos,sistemas de informações e outrosrecursos que são normalmentedenominados de elementos de custodentro de um plano de contas . Cadafator de produção significativo eidentificável é incluído no custo de umaatividade.

Portanto, a administração da empresa deve decidirse estas informações mais precisas, que serãogeradas através do ABC, compensam o trabalho aser desenvolvido para a implantação do método.

Maher (2001) afirma que para se implantar o métodode custeio ABC é necessário que todos da empresacolaborem ativamente, pois o trabalho em equipe éde fundamental importância para o sucesso dométodo. Mesmo com tanto trabalho, exigências erecomendações, o ABC vem se tornando cada vezmais popular no cenário atual.

Brimson (1996) afirma que a contabilidade poratividades é normalmente implantada para apoiardiversos tipos de decisões, tais como o custo dos

produtos, gerenciamento de caixa e liquidez, controlede custos e apoio às decisões. Para se implantar oABC, uma cuidadosa análise do sistema de controleinterno da entidade deve ser requerida, pois sem esseprocedimento torna-se inviável a aplicação do ABC deforma eficiente e eficaz.

Panosso (2003, p. 07) afirma:

A empresa que pretende utilizar essecritério deve possuir uma estruturaorganizada, cujos integrantes devemaceitar as mudanças que foremnecessárias. Condição importantepara a aplicação desse método é quea entidade esteja preparada para elee, preferencialmente, já possua osistema de custos tradicional emfuncionamento, para, assim,diminuírem as dificuldades ao seintroduzirem as mudanças, queenvolverão diversas atividades dentroda organização.

Para colocar o método em funcionamento a empresadeverá ser toda mobilizada para que nenhum de seusintegrantes fique alheio ao uso do método, pois suaaplicabilidade envolverá todos os setores existentes.Se a empresa já possui um sistema de custotradicional é melhor ainda, assim não haverá tantasdificuldades quanto às mudanças.

A forma de coleta de dados é outro passo muitoimportante na implantação e na implementação, sefor o caso, do ABC. Pelo fato de também ser um siste-ma de gestão de custos, o ABC poderá ser implantadocom maior ou menor grau de detalhamento conformeas necessidades de informações gerenciais, depen-dendo do ramo de atividade e do porte da empresa.

A trajetória estratégica escolhida pela empresainfluenciará decisivamente na definição edesenvolvimento do sistema de custos a serimplantado. A forma como a empresa está estruturadaquanto à sua organização e o nível tecnológico erecursos de informática utilizados pela empresaconstituem-se também num fator favorável ou não àinteração dos setores, refletindo no sucesso ouineficiência do sistema de custos.

Há de se lembrar também que para a estratégia deimplantação do sistema de custeio, existem outrosfatores que devem ser levados em consideração,como os fatores humanos e comportamentais numaorganização, que devem ser avaliadoscuidadosamente ao se implantar qualquer tipo desistema.

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2.1.5 Vantagens do custeio ABC

De acordo com estudos realizados, o custeio ABCapresenta inegáveis vantagens sobre os critérios maistradicionais de custos, bem como consegue atribuiros custos indiretos aos produtos de forma a espelhara utilização de capacidade por parte dos produtos demaneira muito melhor do que o tradicional rateio decustos indiretos calculados numa base de volume deatividade único, mesmo que utilizando várias taxasdepartamentais.

Conforme descreve Crozatti (1998, p. 52):

As vantagens do ABC em relação aocusteio tradicional ou VBC estão emque para se chegar ao custo pelo ABChouve a necessidade de estudo detodas as atividades executadas noprocesso, podendo ser analisadasquais delas devem ser excluídas porautomatização de processos bemcomo qual seu custo para acomparação no caso da automati-zação. Este fato por si só já éexpressivo a favor do ABC. Aconteceque, como subjacente ao cálculo docusto com base em atividades, o valorresultante é muito mais expressivo darealidade operacional da fábrica do queo custo tradicional.

Hoje, com a competição mais acirrada, é necessárioum sistema de custeio que relate a realidade do custodo serviço, pois a transparência nos custos servirápara, dentre outras vantagens, o controle daorganização e a conquista do melhor preço.

Segundo Nakagawa (1994), o ABC consegueidentificar, nos números gerados pelo sistema, osatributos que lhe asseguram a segurança necessáriaao gerenciamento baseado na atividade. Os atributosrevelados pela análise das atividades acabamrevelando detalhes importantes que antespermaneciam na penumbra dos números gerados pelosistema tradicional. Por ser uma ferramenta projetadaessencialmente para análise estratégica de custos,outra vantagem é que o ABC fornece uma visão denegócios, processos e atividades que são de inter-esse direto e imediato para a competitividade dasempresas, revelando oportunidades de se otimizaremretornos estratégicos que o consumo adequado derecursos possa proporcionar.

Para Panosso (2003, p. 07):

A grande vantagem do modelo ABC,com relação ao sistema tradicionalque distribui os custos com basenos volumes produzidos, é que oABC não sobrecarrega determinadoproduto quando este apresenta umvolume grande de produçãorelativamente aos demais produtos.Podem ocorrer situações em queum produto apresente um volumebem maior de produção e recebauma parcela menor de trabalho dedeterminada atividade. Nesse caso,se o rateio dos custos destaat iv idade for fe i to pelo s istemaconvencional, com base no volumeproduzido, certamente o custo desteproduto ficará elevado; mas se adistribuição for efetuada pelo ABC,os custos serão alocados de formacoerente, pois, por exemplo, poderáser feito com base no tempo em querealmente esta atividade dedicouseus serviços a este produto.

O ABC trata de forma diferente os custos porque partedo princípio de que nem todos podem ser relacionadoscom o volume de produção ou com o volume deutilização dos recursos diretos (materiais, mão de obradireta, etc.). O ABC baseia-se, portanto, num conjuntode princípios relativamente simples, mas a utilizaçãode modelos de custos ABC pode traduzir-se emdiversas vantagens para a tomada de decisão.

Sobre o assunto, Padoveze (1999) afirma que asvantagens do custeamento por atividade como métodopara proceder a uma distribuição dos custos indiretosde fabricação aos produtos de forma mais acuradaparecem claras, pois permitem apurar custos de formamais precisa ao mesmo tempo em que auxiliam noprocesso de controle dos custos das atividades.

Constata-se, portanto, que o método ABC representaum avanço em relação às práticas tradicionais decusteio, para obtenção de custos indiretos dosprodutos de forma mais precisa, uma vez que identificaas atividades a ele associado.

A seguir apresenta-se o levantamento de custosefetuado na empresa alvo da pesquisa e as atribuiçõesdos mesmos às atividades e posteriormente aosserviços.

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3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 Apuração dos Custos

Apuração dos custos dos serviços prestados no salão

Quadro 1 - Materiais e serviços consumidos no salão de beleza

de beleza da empresa, no período de um mês,utilizando-se o custeio por atividades.

Quadro 2 - Bens utilizados no salão de beleza

Os quadros 1 e 2 referem-se aos materiais e serviçosconsumidos e aos bens utilizados no salão de belezapara a higiene dos animais no mês estudado.

No quadro 1, os materiais e serviços consumidos,as quantidades utilizadas e os valores totais fo-

ram extraídos do controle que a empresa mantémdiariamente, mas o valor unitário de cada mate-rial, exceto o da água e o da energia, foi calculadodividindo-se o valor total pela quantidadeconsumida. Exemplo do quadro 1: Xampu = 193,00/ 50 = 3,86.

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Quadro 3 - Custos aplicados no salão de beleza

O quadro 3 apresenta os custos de todos os itensutilizados no mês analisado no salão de beleza edemonstra as devidas classificações para os custose em qual atividade se utilizou cada um deles. Osvalores desse quadro foram extraídos dos quadros 1e 2, porém, os custos unitários dos itens: afiação de

lâminas e de tesouras, bonificação e vale transportepara funcionários e salários foram informados pelaempresa. Os custos do mês para esses itens foramcalculados conforme segue: custo unitário xquantidade = custo/mês. Exemplo: salários = R$410,00 x 3 = R$ 1.230,00.

Quadro 4 - Tempo gasto na higiene dos animais por atividade (em minutos)

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O quadro 4 apresenta, conforme dados fornecidos pelaempresa, o tempo utilizado em cada atividade dehigiene dos animais e o tempo total para a completahigiene de cada um. Tendo em vista a impossibilidadede calcular os custos dos serviços prestados sobre360 animais, para a realização desse trabalho foramselecionados três cães das raças Poodle, Chow Chowe Golden Retriever por possuírem característicasfísicas bastante distintas uma da outra. No cálculoda porcentagem procedeu-se o seguinte: Total daatividade / total geral = porcentagem da atividade,onde:

Banho: 125 / 270 = 0,46 ou 46%Secagem: 67 / 270 = 0,25 ou 25%Tosa: 60 / 270 = 0,22 ou 22%Escovação: 18 / 270 = 0,07 ou 7%

Para a completa higiene dos três animais consome-se 270 minutos, ou seja, quatro horas e meia, sendoque o Poodle consome uma hora, o Chow Chowconsome uma hora e meia e o Golden Retrieverconsome duas horas. Dos 270 minutos, sãoconsumidos 125 (46%) no banho, 67 (25%) na tosa,60 (22%) na escovação e 18 (7%) na secagem.

Quadro 5 - Tempo gasto na higiene dos animais por atividade (em %)

As porcentagens apresentadas em cada raça poratividade foram calculadas a partir dos dados doquadro 4, onde, Atividade / Total geral = %, porexemplo:

Banho: Poodle = 25 / 60 = 0,42 ou 42%Chow Chow = 40 / 90 = 0,44 ou 44%Golden = 60 / 120 = 0,50 ou 50%

E assim, sucessivamente, para as outras atividadespara cada animal.

Quadro 6 - Remuneração dos funcionários dosalão de beleza

O quadro 6 apresenta os dados relacionados aosfuncionários. A empresa informou que o setor possuitrês funcionários e cada um recebe R$ 360, 00 desalário mais R$ 50,00 de insalubridade, totalizandoR$ 410,00 de remuneração mensal para cada um. Ainsalubridade se justifica pelo fato de os funcionáriostrabalharem com animais, correndo-se o risco deataque pelo animal que estão atendendo oucontaminação por algum vírus que o animal possater.

Quadro 7 - Quantidade de horas trabalhadas nomês e custo/hora

Para se chegar à quantidade de horas trabalhadas nomês foi necessário encontrar a quantidade (26) dedias úteis através de um calendário do ano em curso.Lembrando que os funcionários trabalham oito horaspor dia de segunda-feira a sábado, tem-se 26 diasúteis multiplicados por 8 horas de trabalho/dia = 208horas/mês por funcionário. O custo/hora porfuncionários foi encontrado dividindo-se a remuneraçãototal do quadro 6 pela quantidade de horas trabalhadasdo quadro 18. Exemplo: Funcionário A: R$ 410,00 /208 = R$ 1,97.

Quadro 8 - Dados para o cálculo daremuneração anual (por funcionário)

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De acordo com o próprio título do quadro 8, suafinalidade é para se calcular a remuneração anualde cada funcionário. Para encontrar o númerode horas em cada um dos itens do quadro 8utilizou-se um calendário do ano em curso paraencontrar a quantidade de dias e procedeu-seda seguinte forma: nº de dias x 8 horas/dia =horas/ano, onde

- Repouso semanal (domingos): 49 dias/ano x 8horas/dia = 392 horas/ano;

- Férias: 30 dias (considerando-se o calendárioanual de 360 dias, ou seja, 360 / 12 = 30 dias) x 8horas/dia = 240 horas/ano;

- 13º salário: 360 dias / 12 meses x 8 horas/dia =240 horas

- Feriados: 12 dias x 8 horas/dia = 96 horas/ano.

Quadro 9 - Cálculo da mão-de-obra direta - Anual

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Para o cálculo do custo da MOD, conforme o quadro9, houve a necessidade de se calcular a quantidadede horas em que o trabalhador encontra-se àdisposição do empregador, a remuneração anual por

funcionário e as contribuições (encargos), e as horasque os funcionários não estão a disposição paratrabalho, conforme quadro 8. Assim, os cálculos fo-ram efetuados baseando-se em (Martins, 2003).

Quadro 10 - Custos dos materiais diretos utilizados no salão de beleza (por atividade)

No quadro 10 é apresentado o custo dos materiaisdiretos utilizados em cada atividade no mês. Porserem diretos e pelo fato de a empresa saberexatamente quanto se gasta em cada atividade,não há necessidade de rastreamento, a alocação

para cada atividade é feita diretamente. Para ahigiene de 360 animais no mês foram consumidosR$ 913,00 de materiais diretos, sendo R$ 193,00de xampu no banho e R$ 720,00 de enfeites naescovação.

Quadro 11 - Distribuição dos custos indiretos de produção (por atividade)

Conforme o quadro 11, os custos de certos recursosforam alocados diretamente às atividades, pois era

sabido que aquele recurso foi consumido somentenaquela atividade. Quanto aos outros recursos, seus

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custos foram atribuídos para cada atividade atravésdo rastreamento utilizando-se um direcionador derecursos, e o tempo consumido na higiene do animalem cada atividade foi o direcionador de maior corre-lação entre as atividades e os recursos consumidos.

Assim, os recursos foram direcionados conforme oexemplo de cálculo a seguir:

- A energia foi consumida nas atividades de banho,secagem e tosa, portanto, seus custos foramdirecionados somente para essas três atividades, quesomaram ao todo 252 minutos (quadro 4) de tempoconsumido para se executá-las. Então, para saber ocusto da energia em cada atividade, dividiu-se o tempoconsumido em cada atividade pelo tempo total (252

minutos) em que as três atividades consumiram jun-tas, achando-se uma taxa de porcentagem que foiaplicada no valor total da energia.

Banho: 125 min = 50% = 120,00Secagem: 67 min = 26% = 62,40Tosa: 60 min = 24% = 57,60Total: 252 min = 100% = 240,00

Assim, o total dos custos da energia elétrica (R$240,00 - quadro 1) foi multiplicado pela taxa de cadaatividade, encontrando-se o custo com energia elétricade cada uma.

Os demais recursos foram atribuídos seguindo osdirecionadores apresentados no quadro 11.

Quadro 12 - Distribuição do custo da mão-de-obra direta (por atividade)

Conforme o quadro 12, o custo total da MOD foiencontrado multiplicando-se 624 horas (quantidadetotal de horas trabalhada no mês - quadro 7) por R$4,00 (custo da MOD por hora - quadro 9). A suadistribuição para cada atividade foi feita multiplicandoseu valor (R$ 2.496,00) pela porcentagem de tempo(quadro 4), tendo em vista ser esse o de maiorcorrelação com as atividades.

Banho: 2.496,00 x 46% = 1.148,16Secagem: 2.496,00 x 25% = 624,00Tosa: 2.496,00 x 22% = 549,12Escovação: 2.496,00 x 7% = 174,72Total: 100% = 2.496,00

Portanto, o custo da MOD consumida em cadaatividade na higiene foi de R$ 1.148,16 no banho, R$624,00 na secagem, R$ 594,12 na tosa e R$ 174,72na escovação.

Quadro 13 - Custo dos materiais diretos (por animal)

O quadro 13 apresenta a quantidade e o custo unitáriodos materiais diretos consumidos por animal. As

quantidades foram fornecidas pela empresa, mas ocusto unitário de cada item foi extraído do quadro 3.

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Quadro 14 - Resumo dos custos das atividades (por animal)

Conforme o quadro 14, os custos com MD, CIP eMOD foram distribuídos às atividades por animal.Quanto aos valores dos MD nas atividades por ani-mal, foram extraídos, do custo total do quadro 13 queapontou o quanto cada animal consumiu na suahigienização.

Os custos indiretos de produção das atividades queprestaram serviços para cada animal foramencontrados dividindo-se o valor total de cada atividade- banho, secagem, tosa e escovação - (quadro 11)pelo total de horas disponíveis no mês (quadro 7) emultiplicou-se pela porcentagem do tempo utilizadopara cada atividade (quadro 5), pois o "tempo gastona higiene de cada animal" foi o direcionador de custoescolhido para a distribuição do CIP em cada atividade,conforme se pode perceber no cálculo efetuado parao animal Poodle:

CIP do Poodle:Banho: 594,32 / 624 horas/mês = 0,95 x 42% = 0,40Secagem: 188,96 / 624 horas/mês = 0,30 x 8% = 0,02Tosa: 229,18 / 624 horas/mês = 0,37 x 45% = 0,17Escovação: 39,20 / 624 horas/mês = 0,06 x 5% = 0,00Total 100% 0,59

Os cálculos para os outros dois animais seguiram omesmo raciocínio.

No caso da MOD, tendo em vista que para a higiene

completa do Poodle se gasta 1 hora, do Chow Chowse gasta 1,5 horas e do Golden Retriever se gasta 2horas, houve a necessidade de primeiro multiplicar-se o custo da MOD/hora (quadro n° 9) pela quantidadede tempo utilizada na higiene total de cada animal,conforme dados acima; o resultado obtido foimultiplicado pela % de tempo utilizada em cadaatividade (quadro nº 5) para cada um dos animais,conforme demonstração de cálculo para o animalPoodle:

MOD do Poodle:Banho: 4,00 x 1 x 42% = 1,68Secagem: 4,00 x 1 x 8% = 0,32Tosa: 4,00 x 1 x 45% = 1,80Escovação: 4,00 x 1 x 5% = 0,20Total: 100% 4,00

O cálculo para os outros animais seguiram o mesmocritério adotado para o Poodle.

Efetuando a somatória dos custos de MD, CIP e MODpor animal, chega-se ao custo para executar o serviçode higiene completa, asssim a empresa teve um custode R$ 7,75 no Poodle, R$ 12,46 no Chow Chow e R$14,47 no Golden Retriever.

Conforme os preços cobrados pelo serviço de cadaanimal, apresenta-se o resultado obtido através daconfrontação entre a receita com os serviços prestadose o custo para prestação desses serviços.:

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Quadro 15 - Valor do serviço prestado (poranimal)

Os valores apresentados no quadro 15 foramfornecidos pela empresa e correspondem aos preçosque a empresa cobra na prestação de serviço decada animal.

Quadro 16 - Comparação do custo (por animal)

Assim, o resultado obtido representa o quanto ahigienização de cada animal contribui para que aempresa possa cobrir as demais despesas e obtençãoda margem de lucro.

3.2 Análise dos Resultados

A pesquisa realizada neste trabalho iniciou-se com arevisão literária, que abordou vários tópicos sobre cus-tos com relação ao método de custeio ABC, basefundamental para a apuração dos custos do setor deserviço.

O pet shop não possui nenhum sistema de custeiopara apuração de custos, portanto foi proposto ométodo ABC, tendo em vista que a empresa atua, emmaior parte, na prestação de serviços.

Para os cálculos dos custos usou-se como referênciadados referente a um mês, no qual foram atendidos360 animais no salão de beleza, e para talprocedimento foi necessário coletar algumasinformações importantes na empresa para que fossemutilizadas de acordo com o que se pretendia conhecer(quantidade, valor unitário, valor total, tempo, entreoutros). Assim como a revisão da literatura, essasinformações foram essenciais para se alcançar oobjetivo proposto. Porém, devido à grande quantidadede animais atendidos nesse período, ao pouco tempopara a realização da pesquisa e à falta de um controleadequado dos gastos por parte da organização, aapuração dos custos teve que se restringir apenas atrês exemplares de cães de raças distintas (Poodle,Chow Chow e Golden Retriever) para que a conclusãodo trabalho fosse possível.

Com todas as informações necessárias, o cálculo doscustos dos serviços prestados pelo salão de belezafoi efetuado com base no método de custeio poratividade.

Em primeiro momento, utilizando-se de umdirecionador, foram distribuídos os custos indiretospara cada atividade, conforme o quadro 11. A MODtambém foi distribuída por atividades através de umdirecionador (quadro 12). Conforme o quadro 13apurou-se o custo dos materiais diretos por animal.Com os resultados obtidos, realizou-se um resumodos custos das atividades por animal, chegando-se,assim, ao custo consumido por animal em cadaatividade e também o custo total por animal/raça(quadro 14), sendo: Poodle = R$ 7,75, ChowChow =R$ 12,46 e Golden Retriever = R$ 14,47.

Analisando o quadro 16, nota-se que a empresa tevemaior resultado com o Golden Retriever, mas naverdade o cão que que apresentou maior lucratividadefoi o Poodle, pois a diferença entre o preço cobradopelo serviço prestado e o custo é grande, onde o custorepresenta apenas 35,23% de R$ 22,00 que aempresa cobra pela prestação de serviço, ou seja, adiferença é de 64,77% sobre essa taxa.

Em segundo lugar, o Golden Retriever foi o animalque trouxe um retorno considerável para a empresa,pois o custo da prestação de serviço representa45,22% sobre R$ 32,00 de taxa cobrada, e a diferençaentre o preço cobrado e o custo é de R$ 17,53 quecorresponde a 54,78% sobre a taxa.

Por último está o Chow Chow, que tem uma taxa de

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R$ 24,00 pela prestação de serviço e um custo de51,92% sobre essa taxa. Percebe-se, portanto, queo custo da prestação de serviço desse cão representamais da metade da taxa cobrada, e a diferença é desomente 48,08% sobre a taxa. Mesmo com umamargem um pouco abaixo da metade, é compensadorpara a empresa trabalhar com essa raça de animal,pois ela sempre compensa o resultado menor quandopresta serviço em outro animal da mesma raça e quenão necessita, por exemplo, ser completamentetosado. Nesse caso os custos serão menores, poisas atividades consumirão menos recursos, e o preçocobrado pelo serviço prestado é o mesmo.

Dessa forma, são atendidos todos os tamanhos decães, independente da raça, e há raças menores queo Poodle, que o consumo de recursos e tempo é menore, no entanto, cobra-se a mesma taxa de R$ 22,00pela prestação de serviço, podendo apresentar aindauma maior lucratividade. Porém, há de se considerarque a diferença entre a taxa cobrada e o custo poranimal não é lucro líquido, pois ainda existem osimpostos incidentes na aquisição dos materiais eoutras despesas consumidas que não foram levadosem consideração na apuração do custo e os impostossobre as receitas também foram desconsideradosnesse processo.

4 CONCLUSÃO

Em um mercado globalizado e com as exigênciasimpostas por consumidores e pela competitividade,as empresas devem implantar um sistema de custeioque atenda suas exigências reduzindo os custos deprodução que, conseqüentemente, trazem melhoresresultados relacionados à qualidade, preço esatisfação do cliente. O ABC é um desses métodos,pois ele traz o custo de produção o mais próximopossível da realidade, através da distribuição por meiode um direcionador para cada atividade desenvolvidae, em seguida, para os produtos, que podem ser bensou serviços.

O conhecimento dos custos e seu controle sãonecessários às empresas para que seus gestorestomem decisões estratégicas e usem melhor osrecursos organizacionais que a cada dia se tornammais limitados.

Como proposto neste trabalho, o objetivo geralconsistiu em apurar os custos do salão de beleza deum pet shop, por meio do método de Custeio Baseadoem Atividades, com vistas a auxiliar o empresário natomada de decisão. No entanto, para alcançar o

objetivo geral, foi necessário realizar uma revisãoliterária para apresentação dos conceitos básicos decustos do método ABC. Em seguida, através de umestudo de caso, foram levantados os dados para arealização dos devidos cálculos de custos, chegando-se, porém, a verificação do resultado para os três cãesanalisados.

Quanto à revisão da literatura, notou-se que foi defundamental importância para a realização destetrabalho, pois, através da mesma pôde se ter maiorconhecimento do significado de custos, atividades eaplicação de custos. Além disso, colaborou para oentendimento de como se calcula os custos atravésdo método ABC. Após o levantamento bibliográfico eo levantamento dos dados na empresa, foramidentificadas todas as atividades utilizadas na higienedos animais. Em seguida os recursos foramdistribuídos diretamente, ou através de direcionadoresde custos, para as atividades correspondentes e, naseqüência, para o serviço prestado em cada animal,chegando-se ao resultado final.

Os cálculos realizados pelo método ABC servirampara se conhecer o custo do serviço prestado poranimal e, também, o quanto cada atividade consomede recurso utilizado. Além disso, os resultados obtidosforam importantes para apresentar ao empresário oquanto cada animal atendido contribui para a obtençãode lucro da empresa. Isso ajuda na gestão da empresa,pois o empresário poderá tomar decisões futurasbaseando-se nos resultados finais.

Portanto, pode-se dizer que os resultados obtidos fo-ram satisfatórios, pois através dos mesmos concluiu-se qual animal, dentre os analisados, traz maiorrentabilidade à empresa. Dessa forma, afirma-se queo objetivo do trabalho foi alcançado, tendo em vistaque o custeio ABC permitiu mensurar com maiorprecisão a quantidade de recursos consumidos porserviço prestado.

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APURAÇÃO DOS CUSTOS EM UM PET SHOP PELOMÉTODO DE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES

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Endereço dos autores:

Universidade Estadual de MaringáDepartamento de Ciências ContábeisAv. Colombo, 5790 - Jardim UniversitárioBloco C-23, Sala 224Maringá, PR - Brasil87.020-900

HIOLANDA NUNES TOREJANI • ALCEU PANOSSO

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